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EM MEIO BRANCOS 
 (SLIDE1) A evolução de Luiz Gama dentro do dito “mundo branco letrado”, que não se restringe apenas a convenções, mas também a sua adesão a loja Maçônica América e ao Partido Republicano Paulista marca sua trajetória política e social no mundo da elite brasileira, já que estamos tratando de um ex-escravo que tinha tudo para ser, como era habitualmente naquela época, um simples negro, Luís Gama foi além, muito além do que esperavam que ele fosse, tonou-se advogado (rábula como se dizia na época), jornalista, abolicionista ativo, escritor e político partidário republicano.
 
 (SLIDE2) Dentro de um ambiente social político brasileiro nas últimas 3 décadas no século XIX (1870) cria-se uma corrente de relacionamentos que objetivava uma possível maneira de alcançar espaço e autonomia. Foi através de poesias e conferências públicas que se fecundava o relacionamento entre o mundo senhorial e o mundo letrado. Neste momento, é indicado o envolvimento de Luiz Gama com as conquistas da classe senhorial, que muitas vezes eram proprietários de escravos, que indubitavelmente já compartilhavam seu método de luta pelos seus ideais dentro de sua ideologia própria, como é expresso no texto: “Luiz Gama tinha agora outros objetivos: Propagar aos homens ‘cultos’, da mais fina flor da sociedade paulista, os princípios políticos aos quais ele e tantos outros haviam aderido.”
 Ao definir sua atuação no Partido liberal, que em fins de 1860 deu lugar ao Partido Progressista, cujo fundador foi Joaquim Nabuco, que também era abolicionista e fez parte das lutas contra o sistema escravista assim como Luiz Gama, o Partido Progressista teve uma nova cisão, onde mantinha nele os liberais moderados, ao passo que os liberais radicais uniam-se aos republicanos e um pequeno grupo mais conservador. O Partido Liberal no ano de 1870 é fundado. O que realmente importa, é que a partir de 1868 ocorreu um conflito entre o gabinete de Zacharias de Góes e D.Pedro II, quando foram discutir questões ligadas à constitucionalidade do poder moderador e a representatividade do parlamento, provocando uma cisão que seria definitiva no Partido liberal. Desta cisão formou-se o Clube Radical em várias localidades, inclusive a criação do Clube Radical Paulistano, do qual fazia parte nomes como Américo de Campos, Jorge Miranda, Rui Barbosa e outros. Estes se reuniam em um escritório para discutir seus planos. 
 Formava assim uma rede de solidariedades que ampliava para Luiz Gama o seu espaço de ação política, garantindo-lhe certa aceitação por muitos membros dessa elite, mas não impedia, por outro lado, que fosse discriminado por tantos que o viam como alguém perigoso, fora do lugar, uma vez que era um ex-escravo que advogava (com sucesso) em questões de liberdade em um espaço por definição reservado às iniciativas senhoriais. 
 
 (SLIDE 3) Luiz Gama era de uma posição mais radical ao Partido Liberal, adepto dos “Liberais Dissidentes”, sobre o qual era composto pelo grupo em que estava inserido. Em sua oposição encontrava-se o grupo da direita do Partido Liberal, estes não viam tantos problemas com o poder moderador (mais explicitamente representado na figura do Imperador), mas que também brigavam contra o princípio exercido pelo governo, só que de forma mais branda que o outro grupo, ou seja, todos tinham um inimigo em comum, o absolutismo monárquico, o que variava era a forma de combate deste sistema de governo. 
 Com os conflitos evidenciados de forma satírica no semanário Cabrião (Jornal no qual Luís Gama escrevia) entre os dois grupos que compunham o Partido Liberal, Luiz Gama expunha acusações pela realização destas alianças e de estarem abandonando seus princípios, de maneira que, ao mesmo tempo, exercia um apelo a estas lideranças em retomarem seus ideais e que não se corrompessem. 
 O Clube Radical Paulistano resolveu fundar um jornal com o objetivo de divulgar o seu programa. Em São Paulo, contrapunha-se ao grupo radical, o jornal "O Ipiranga" ligado ao Partido Liberal. A apresentação do jornal "O Radical Paulistano" propunha uma radicalidade destes liberais, maior do que a dos outros e que defendiam a libertação dos filhos de escravos nascidos a partir da data da lei de 1871 ( a lei do ventre livre) e a extinção gradual do elemento servil. A respeito do poder moderador, o Club Radical estabelecia um paralelo entre a liberdade na escravidão e o tal poder, que na opinião do grupo radical esse poder era mais nocivo que força dos senhores proprietários de escravos, por “escravizar” todo um país e não apenas uma parcela da população, e isso impedia o avanço da democratização. Logo, Luiz Gama se vê envolvido em ideais de brancos políticos tanto no Club Radical quanto em outra organização que passou a fazer parte, a Loja Maçônica América. 
 A vida de Luiz Gama foi feita de episódios marcantes, como sua demissão da Secretaria da Repartição da Polícia. O fato se deu quando Luiz Gama expediu um pedido ao juiz municipal suplente Antônio Pinto do Rego Freitas para uma petição de um escravo, o juiz negou duas vezes e Luiz Gama entendeu tratar-se de “ofensivo à lei” o posicionamento do magistrado, classificando de “estúpido emperramento” e que no seu entendimento havia falta de coragem e moralidade para não manter o caso nesta jurisdição, classificou o caso de crime contra as leis em vigor, pois: “... quando um escravo africano fugido de Minas Gerais, de nome Jacinto, o procurou para que na justiça conseguisse a sua liberdade. Jacinto alegava ter chegado ao Brasil em 1848, portanto depois da lei de 7 de novembro de 1831, proibitiva do trafico negreiro, o que o tornava ilegalmente escravizado...”. O caso teve uma repercussão enorme e foi crucial para seus inimigos. Sua demissão não tinha justificativas claras, mesmo assim ela, foi feita, sem que fossem apresentadas as razões específicas por parte do Chefe de Polícia. 
 
 
 (SLIDE 4) A dispensa de Luiz Gama de suas atividades foi marcada como o primeiro grande momento do conflito que envolvia a arena pública. Desta forma, além de criar uma grande polêmica na questão da vida pessoal de Luiz Gama, faziam-se artigos, verdadeiras lutas antiescravistas e republicanas. Através destes fatos e debates é possível conclui que as identidades construídas entre Luiz Gama e estes homens encontraram, deste modo, limites culturais e sociais claros, esbarrando em uma diferenciação forjada nas experiências de vida de diversas pessoas. Luiz Gama amplia seu circulo de relações quando ingressa no seleto mundo branco do jornalismo, da maçonaria e da vida partidária. É possível enxergar nessa época os adeptos e desafetos produzidos pela ascensão dele, cujo vivenciou tormentosos e exaltados momentos, num vaivém de “aceitação e proteção”, “repulsa e exclusão” e ergueu a causa republicana que na visão de Luiz Gama expressava uma busca pela liberdade e a igualdade.

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