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288101491 Caderno de Exercicios Psicopatologia

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1 
Caso 1 – JULIANO 
 
 
 
Leia o caso e preencha a tabela com os sintomas, funções e áreas do ego 
e a tabela do diagnóstico multiaxial: 
 
 
 Juliano Moreira, 25 anos, é modelo e veio para consulta psicológica após alguns 
dias de internação em uma clínica particular. Havia passado mal depois de um desfile. 
Mostrava-se bem vestido e penteado, um comportamento sedutor em relação à 
terapeuta, colaborativo. Veio acompanhado da namorada. A família mora em uma 
cidade do interior. 
 Seguem fragmentos da entrevista com o paciente. 
 
 História Pregressa: 
 
 - Me conta um pouco sobre a tua vida? 
 - Eu sempre fui sem problemas. Agora é que aconteceu isso, acho que foi uma 
bobagem, sem maiores problemas, mas como o pessoal da agência que eu trabalho quis 
eu vim. Eu sou de uma cidade do interior, perto de Caxias. Sou filho de italiano e 
sempre fui bonito. Minha mãe dizia que eu era a criança mais linda do berçário. 
Comecei a fazer uns trabalhos de modelo quando eu tinha uns 7 anos. Minha primeira 
foto foi rindo e sem dente, pra ti ver que até desdentado eu sou lindo! (risos). Depois os 
trabalhos foram aumentando, quando eu tinha 14 anos eu mudei pra Santa Maria e 
depois com 18 eu fui para São Paulo, fiz Japão e França e Alemanha. Agora, eu tava 
aqui por uns 3 meses pra ver a família e fazer uns exames. A agência tem uma filial aqui 
e a promoter tá me monitorando. Fiz uns trabalhos, mas devo voltar mesmo no mês que 
vêm. 
 (...) 
Sobre o meu trabalho? Sim, gosto muito. Gosto que as pessoas me olhem e me 
achem bonito. Gosto de ver um monte de mulher babando por mim. Quando eu tinha 
uns 18 anos eu saia e ficava testando quantas eu conseguia pegar num dia. Ia no 
shopping, parava, perguntava uma informação boba ou falava uma bobagem para uma 
mulher bonita e dava em cima, só pra ver se elas iam no papo. Ficava com ela e depois 
fazia de novo. Meu recorde foram 23 em 5 horas. E olha que eu só gosto de mulher 
bonita... 
(...) 
- Se eu tenho manias? Sim, tenho mania de ficar arrumando as coisas em casa. 
Principalmente, meu material de trabalho. As roupas são todas colocadas por cor e por 
estação dentro do guarda-roupa. Os produtos de beleza que eu tenho, guardo em caixas 
separadas. Ninguém pode mexer. Parece estranho, mas se alguém coloca a mão, já 
tenho que limpar com álcool. (1) Aliás, sempre, e é sempre mesmo, limpo o banheiro 
com álcool antes de tomas banho ou de fazer as necessidades.(2) Minha cabeça fica 
cheia de pensamentos estranhos e nojentos, ficam se repetindo dentro da cabeça até eu 
fazer essas coisas de limpar. Parece que tá cheio de germes e se pego algum deles, pode 
estragar minha pele, ou uma micose nas unhas.. 
 (...) 
 Não relata nada mais significativo sobre sua adolescência ou entrada na vida 
adulta. 
 
 
2 
 
 História Atual: 
 (...) 
 - O que aconteceu foi o seguinte... (suspira) Eu estava no Japão há uns 10 meses. 
Foi muito ruim. (3) (começa a falar muito rápido) A gente ganha grana, mas não fala 
nada, só com o pessoal da agência. Não dá pra sair muito.. E o povo que tava comigo lá 
era muito ruim, tudo uns egoístas. Fui ficando meio mal, meio pra baixo. Às vezes não 
dormia, Acordava com pesadelos no meio da noite. Sentia um aperto no peito. (4) 
Comecei a ficar meio irritado com tudo. Tava com saudades de casa, do sol do Brasil, 
das mulheres, de tudo. Comecei a comer muito. Ficava triste e ia ao MacDonalds. Uma 
vez comi 06 Bigmac, 08 refri grandes e 4 tortas de maçã. Passei mal. Vomitei tudo, um 
horror. O pessoal da agência me chamou, foi um saco. Depois disso, comecei a fazer o 
seguinte. Comia muito, mas muito mesmo, e, discretamente, ia para o banheiro e 
“devolvia” tudo. Malhava bastante pra compensar. Sentava num restaurante, qualquer 
um, porque a agência era que pagava, lotava o prato, comia correndo e fazia tudo de 
novo. Acho que eu tava com um ódio deles e não sabia o que fazer, fazia isso. Eu comia 
de tudo, almoço e janta a mesma coisa. Foi isso uns 06 meses. A agência fingia que não 
sabia e eu fazia. Tinha medo de engordar, mas queria comer e não queria engordar. Foi 
um ciclo. Um dia desmaiei e me hospitalizaram, era anemia profunda. Fui mandado de 
volta pra o Brasil. Pra piorar quando eu cheguei aqui para um check-up, encontraram 
um nódulo no testículo. Foi por isso que eu voltei para SM. (fala mais rápido ainda) O 
pior aconteceu foi há 10 dias. Foi onde começou tudo. Eu fui transar com a minha 
namorada e o “negócio” não subiu. Comecei a achar que eu tava tomado de câncer. Fiz 
um monte de coisa. Tentei sair de noite. Fui pro Eventual, queria ficar com todo mundo. 
Uma hora eu tava me achando o gostoso, tava com duas ao mesmo tempo. Fiquei 
virando o fim-de-semana todo, sem dormir. Saía da casa de uma e já ía pra casa da 
outra. Chegava, agarrava a mulher e transava sem parar. Parecia que eu ia morrer ou que 
o câncer ia me comer por dentro e eu não ia mais transar. Teve uma louca que eu agarrei 
num elevador, quando vi tavam abrindo a porta e eu com a calça arriada. Já não transava 
nem por prazer, (5) era porque eu não coordenava mais as idéias, meu pensamentos 
tavam confuso, não tinham lógica nenhuma...Tudo me irritava...se elas diziam não, saía 
batendo a porta... Eu não sou assim.. mas sei lá, acabei ficando... Fui pra clínica.. Ainda 
tô assim..acho que eu não to mais porque tô medicado... Foi o pessoal de casa e a minha 
namorada que me levaram lá pra clínica. Eles falavam que eu não tava normal, que eu 
tava pirando. Acharam melhor eu ser internado antes de fazer umas bobagens maiores. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
Caso 2 – ARIOVALDO 
 
 
 
Leia o caso e preencha a tabela com os sintomas, funções e áreas do ego 
e a tabela do diagnóstico multiaxial: 
 
 Ariovaldo, 32 anos, separado, classe média baixa, desempregado atualmente, 
está internado no setor psiquiátrico do Hospital regional e veio para a consulta por 
indicação psiquiátrica. Veste-se com roupas muito coloridas, mostra-se inquieto e 
movimentando-se sempre. 
 
Relato da sessão: 
 
- Muito bem, Ariovaldo, me diga o que está acontecendo? 
- Eu não sei bem porque que eu tô aqui... na verdade, minha irmã e a minha 
ex-mulher é que me trouxeram. Eu tava um pouco mais agitado, mas 
acontece que eu tô com uns planos aí e elas não compreendem muito bem... 
- Quem sabe tu me contas como foram esses teus dias e que planos são esses? 
- Vou contar porque tu é doutor, mas não conta para elas, tá bem? O que 
aconteceu foi o seguinte: eu comecei a receber umas mensagens. Umas 
mensagens de uns homenzinhos, bem pequenininhos... Eles vinham pela 
tomada da luz. Vou te contar como começou... (pensa um pouco) (1) Eu tava 
em casa ontem, ( o paciente está internado há 2 semanas) e comecei a ver 
que a tomada da luz ficava diferente. (2) Foi ficando de uma cor verde e 
depois foi aumentando de tamanho, até ficar assim, ó (mostra uma altura de 
uns 50 centímetros). Era a tomada da luz só que tava bem grande, bem 
diferente, um tomadão... Depois disso (3) eu vi que tinha uns homenzinhos 
ali, ele eram bem pequenininhos, do tamanho da palma da mão. No início 
eles me olhavam, pareciam meio brabos, mas ficavam me olhando.. fiquei 
com medo... depois eles sumiram... mas foi bem pouco tempo...depois eles 
voltaram e eu vi eles dizendo pra mim que eu tinha que fazer umas coisas... 
(4) diziam que eu tinha que quebrar todos os copos da casa e enterrar lá no 
fundo da casa... que se eu fizesse isso, eu ia ficar mais poderoso, mais forte, 
que eu ia virar o super homem, de tão forte...eu ouvi, fiquei com medo e fui 
lá e fiz... (5)Vou lhe dizer que eu fiz, naverdade eu sentia uma vontade louca 
de fazer isso, não tava conseguindo me controlar... eu ficava com uma 
vontade louca de quebrar qualquer coisa que tava em volta de mim...só 
queria quebrar, quebrar... os homenzinhos tavam lá, parecia que me 
perseguindo e dizendo que eu tava fazendo tudo certo...(6) foi aí que eu 
comecei a sentir uma coisa estranha, tava sentindo o meu corpo ficar 
diferente, senti que eu tava voando, que eu tava subindo, como se o meu 
corpo fosse ficando mais leve, como o do super homem... 
- E o que foi que aconteceu então? 
- (7) Não me lembro... Eu lembro só dos homenzinhos, de quebrar os copos e 
depois quando eu vi, eu tava aqui no hospital. Nem sei quem me trouxe nem 
nada. 
- E o que mais que aconteceu? 
 
 
4 
- Sabe, hoje quando eu acordei, aconteceu uma coisa estranha, eu tava 
tentando falar mas não conseguia.(8) Parecia que as minhas idéias tavam 
tudo atrapalhadas. Eu pensava as coisas e não me lembrava de dizer e 
quando eu dizia ninguém me entendia. A Enfermeira ficava me olhando com 
uma cara estranha, de quem não compreendia o que eu tava falando... isso foi 
de manhã. Eu tava na cama e me veio a lembrança da minha ex-mulher. Ex-
nada, ela ainda é minha.. sabe, ela me deixou por causa de um vizinho, quase 
matei os dois. Foi por um triz que eu não fiz isso. Me pegaram na hora. (9) 
Eu amo ela, mas eu quero matar ela, ela me traiu, mas eu também não 
consigo viver sem ela.... 
- Bem, estamos no final da consulta. Amanhã continuarem a conversar.. 
- Tá bom doutor, eu vou, mas amanhã eu volto. 
O paciente, levanta-se da cadeira e acaba caindo.(10) As pernas ficaram 
repentinamente sem movimento, ocasionado o tombo. Não foi diagnosticado 
causa orgânica ou medicamentosa para o evento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
Caso 3 - HELENA 
 
 
Leia o caso e preencha a tabela com os sintomas, funções e áreas do ego 
e a tabela do diagnóstico multiaxial: 
 
 Helena, 35 anos, advogada, casada, sem filhos, veio para consulta psicológica 
encaminhada pelo setor de psiquiatria do hospital da Ulbra. Veio acompanhada do 
marido, mas preferiu fazer a entrevista sozinha. Mostra-se ativa, um pouco agitada e 
com movimentos rápidos. 
 
 Relato da Entrevista: 
 
- Oi, Helena, me conta por que é que te encaminharam para o atendimento? 
- Na verdade, não sei. Por mim nem estava aqui...mas já que todo mundo 
insiste, eu vim para provar que eu não sou louca.. Pois tô aqui... (silêncio). 
Aconteceram umas coisas estranhas, eu não nego, mas nada assim tão 
gritante que não possa acontecer com qualquer um... 
- Quem sabe tu me contas o que aconteceu? 
- O negócio é o seguinte: começou faz umas duas semanas, (1) eu comecei a 
sentir umas coisas estranhas no gosto das coisas.. para falar a verdade, eu 
sentia que o gosto ficava mais intenso, mais forte.. se tinha sal, eu sentia que 
tava chupando uma pedra de sal, se era açúcar, parecia que eu tava comendo 
mel, todos os gostos estavam muito fortes, nunca tinha sentido isso antes... 
Depois disso, tu sabe que começaram a acontecer umas coisas estranhas. 
Teve um dia que eu cheguei na cozinha e enxerguei uma coisa grande, no 
início estranhei,(2) mas parecia um rato, uma coisa peluda, fiquei olhando, 
mas o bicho não se movimentava, achei estranho, peguei uma vassoura e fui 
andando, cheguei bem perto – e olha que eu enxergo muito bem! – dei uma 
vassourada e quando eu vi era um Kiwi. Imagina que eu enxerguei um rato, 
era de verdade, tinha horas que o bicho até balançava o rabo . Até aí, tudo 
bem, mas depois... uns dois dias depois eu comecei a ouvir o telefone tocar, 
fui atender e enxerguei a minha avó.(3) Ela tava sentada no sofá de casa, 
bem do jeitinho que ela sempre ficava, com as pernas cruzadas. Ela me olhou 
e riu, parecia que ela queria me dizer alguma coisa. Não fiquei com medo, 
mas eu sei o que ela queria me dizer, mas não disse. Não sei se tu como 
psicóloga vai acreditar, mas eu sou espírita e sei que as vezes os espíritos 
mandam mensagens de várias formas.(4) Depois que ela apareceu eu tava 
vendo televisão, o programa da Ana Maria Braga e tu sabe que eu vi ela 
falando comigo. Isso, sim, foi estranho. Eu sei que a televisão não é 
individual, nem que a Ana fala só pra mim, mas ela tava falando sim.! Me 
dizia que eu tinha que sair, tinha que fazer umas coisas, senão eu ia me 
ferrar. É louco, eu sei... Eu tenho curso superior, sei que os aparelhos não 
falam com a gente, mas a TV falou comigo. E, depois disso, eu (5) (fica 
subitamente em silêncio por uns 4 minutos)...me desculpa, mas do que era 
mesmo que eu tava falando, não consigo me lembrar... 
- Você me havia contado da tv e ia comentar algo mais... 
- Hã, sim... Tu sabes que depois disso eu comecei a sentir umas coisas 
diferentes com a tv. Eu tenho até medo de passar por essas coisas eletrônicas. 
 
 
6 
De celular, não consigo nem chegar perto. (6) Tenho a impressão que o 
celular vai captar as minhas ondas mentais, que vão conseguir mudar os 
meus pensamentos com isso. Sei de gente que foi controlada por uns micro-
chips que inseriram na cabeça e que controlam o comportamento das 
pessoas. Eu, depois dessa da tv, acabei acreditando nisso. Tem dias que olho 
o meu marido e sei que ele leu o meu pensamento. Tenho certeza. Acho que 
ele arranjou alguma maneira de pegar meu pensamento por meio do celular. 
O meu era um Nokia novinho, tinha ganho de Páscoa...Joguei fora, não 
quero mais saber. Esse aparelho é só pra me controlar, tenho certeza. (muda 
a expressão facial e começa a falar em tom mais alto): (7) Buceta, caralho, 
cocô cabeludo!! (repete a frase três vezes durante a entrevista) 
- O que você disse? 
- Eu não sei, só que eu preciso dizer essas palavras, preciso descarregar a raiva 
e aí eu acabo falando isso. Já aconteceram várias vezes, eu fico repetindo, 
mesmo sem sentido. Eu fico com vergonha, mas eu digo...(8) é que se eu não 
digo, eu fico pensando nisso o tempo todo, é como se o meu pensamento 
ficasse inundado disso. O pensamento fica se repetindo o tempo todo, vai e 
volta, mas nunca para. 
- (9) (Começa a rir de maneira descontrolada) É que eu acho muito engraçado 
isso...(ri novamente). (A expressão começa a mudar e subitamente começa a 
chorar. Chora durante uns 10 minutos)... Eu estou assim agora. Fico 
chorando e rindo, não consigo me controlar. 
- Bem, estamos no fim da sessão, poderemos nos ver amanhã de novo... 
- (10) É sempre assim, de uns dias pra cá, eu sinto em tudo o que tudo que eu 
faço que o tempo voa, não dá mais tempo pra nada. Não consigo mais 
controlar o tempo como antes... Fico muito angustiada com isso. Parece que 
o tempo ficou mais rápido, é uma sensação muito estranha e ruim... Será que 
a minha vida vai ficar voando sempre assim? Amanhã nos vemos de novo... 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
Caso 4 – MARIA 
 
 
Leia o caso e preencha a tabela com os sintomas, funções e áreas do ego 
e a tabela do diagnóstico multiaxial: 
 
 
Maria é uma mulher de 53 anos, magra, estatura mediana, solteira, mora com 02 
sobrinhos que ajudou a criar. Veio para consulta por apresentar um comportamento 
depressivo. 
 Segundo o relato de um dos sobrinhos acompanhantes, Maria sempre foi muito 
ligada à igreja católica, freqüentando a missa quase diariamente e grupos de oração e 
trabalho de catecismo. Maria é a filha mais nova de 04 irmãs, sendo a única que nunca 
se casou. Cuidou dos pais até sua morte. O pai faleceu há04 anos e a mãe à 02 anos 
aproximadamente. A mãe teve uma doença degenerativa e nos últimos tempos ficava 
permanentemente na cama e inspirava cuidados constantes. Maria a cuidava, limpava e 
aplicava injeções de morfina. 
 Por ocasião da morte da mãe, os sobrinhos não relatam maiores anomalias no 
comportamento da tia, nada além do luto esperado. Após esse período, Maria ficou mais 
religiosa e mostrava-se consolada com a perda dos pais. Sua atividade diária foi 
retomada e voltou-se mais para os sobrinhos. 
 A mudança de comportamento iniciou há um ano, no período em que o sobrinho 
mais novo ingressou no quartel e passou a ficar mais tempo fora de casa. O mais velho, 
passa grande parte do tempo no trabalho e na casa da noiva. Inicialmente, mostrava-se 
mais abatida, dormindo bastante além do normal. Depois começou a negar-se a comer, 
alegando falta de apetite e a ficar na cama sem vontade de executar qualquer atividade. 
 
Entrevista com a paciente: 
 
 Quando questionada sobre a sua situação atual e como isso estava acontecendo, 
após alguns minutos de hesitação, iniciou o relato a seguir: 
 
 - Sabe, doutor, fiquei meio assim desde que minha mãezinha morreu. Era eu que 
cuidava dela. Foi uma tristeza só. Ela ali definhando e eu não podia fazer nada. Foi 
morrendo, se apagando. Eu sempre fiz tudo para ela, tudo mesmo e não pude ajudar no 
sofrimento dela; Não sei porque que Deus fez isso comigo... 
 Sabe, eu já rezei muito, já sofri muito. Um dia eu tive uma visão. Não sei o 
senhor vai acreditar, mas vou contar. (1) Eu tava na igreja rezando, tava rezando muito, 
muito concentrada aí eu senti uma coisa quente, um clarão e eu olhei para a imagem do 
Jesus Cristo e vi ele me dizendo que eu não me preocupasse que eu ia logo também, 
que Ele ia me buscar para eu ficar junto dos meus pais. Eu vi ele falando, via a boca se 
mexendo. Sabe, aquilo me deu um alívio tão grande fiquei tão aliviada que parecia que 
nada de ruim tinha me acontecido. O clarão sumiu e eu fiquei rezando mais ainda, até de 
noite. 
 Depois eu levantei e como já era inverno, tava escuro eu fui pra casa. Na hora 
que eu botei o pé pra fora da Igreja, me bateu um vento no rosto e eu fiquei meio tonta, 
tentei me agarrar na parede e quase caí. E sabe que eu não conseguia quase andar, fiquei 
parada, fiquei assim sem saber o que fazer. (2) Eu olhava para a rua, para a Igreja e não 
sabia onde eu tava. Eu não sabia para que lado era a minha casa – e olha que eu moro 
 
 
8 
bem pertinho dali, conheço todas as ruas, todo mundo. Mas fiquei ali parada, sem me 
mexer. Achei que era Jesus que vinha me buscar. Achei que eu tava morrendo e que na 
morte a gente esquecia tudo. Eu olhava para as casa, para as pessoas e não lembrava de 
nada. (3) Sabe, na hora eu só me enxergava como quando eu era uma criança, com um 
vestido cor de rosa que eu tinha e pensava na minha mãe. Eu lembrava da minha casa, 
de quando eu era guria, lembrava da cerca, dos bichos, da porta de madeira pintada. Era 
em outra cidade isso, faz mais de 30 anos que eu vim para cá... (fica em silêncio) 
 Depois, sem saber o que fazer, fiquei ali parada até que uma colega de grupo de 
oração veio falar comigo.(4) Eu olhava para ela e não reconhecia. (5)Ela falava comigo, 
me chamava de Maria, mas eu não sabia que era eu, não lembrava que o meu nome era 
Maria. Acho que ela ficou assuntada e chamou mais alguém... Só lembro que acordei 
aqui no pronto-socorro. Tava deitada com soro e os meus sobrinhos em volta. 
Devagarinho eu fui lembrando das coisas. Não falei nada pra ninguém. Depois me 
levaram para casa. 
 (6)Eu fiquei sem vontade de fazer nada. Ficava lembrando da promessa de Jesus. 
Ficava em casa deitada, sem fome. A casa suja, as roupas por lavar e eu não tinha 
forças. Só ficava mais triste. Ficava esperando que Jesus me levasse. Teve uma dia de 
muita chuva que eu achei que ia ser o meu dia. (7)O vento batia na janela, bem forte e 
eu ouvia, mas ouvia mesmo, bem nítido, como se fosse uma voz num rádio “hoje é o 
dia‟. Eu tava com medo ,mas tava feliz que essa coisa ruim que eu tenho ia passar. 
(8)Chorava e ria ao mesmo tempo, Chorava pensando nos meninos e quem ia ficar 
cuidando deles, mas ria porque eu ai ficar junto da minha mãezinha. Eu acho que os 
meninos se viram sozinhos, já tão grandes, um tá no quartel, o outro quase casado, eles 
vão ficar bem se eu me for. (silêncio...chora). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
Caso 5 – SUZANA 
 
Leia o caso e preencha a tabela com os sintomas, funções e áreas do ego 
e a tabela do diagnóstico multiaxial: 
 
Suzana é uma jovem de 19 anos, diabética, filha única, mora com a mãe e a avó.
 Veio encaminhada para o serviço de triagem pelo clínico que a atendeu em casa, 
em situação de emergência. 
 Durante a consulta foi solícita, porém mostrava-se ansiosa, falando rápido: 
 
 Entrevista com a paciente: 
 
- Conta-me o que foi que aconteceu contigo... 
- Sabe, eu tava tri bem, não tinha nada..até acontecer aquilo..ai, só de me lembrar 
eu fico furiosa, fico com vontade de matar ele, o Rafael. O Rafael é o meu namorado, 
Era!! Era!!! ..Que ódio! (as mãos tremem, ela começa a chorar, mas não para de falar...) 
Eu tava no cursinho, eu faço cursinho de manhã, ali no centro. Eu sempre saio ao meio-
dia e o Rafael vai lá me buscar, sai do serviço e vai lá. Só que ontem, eu não tive o 
último período e fiquei esperando ali na praça, num banco no meio do caminho que eu 
sei que ele sempre passa pra ir me buscar. Fiquei ali parada... Quando foi quase meio-
dia eu vi ele vindo. Desgraçado! Tava ele ali vindo, todo sorridente – e eu achando que 
era pra mim – só que ele tava de papo com uma vagabunda, uma idiota que eu odeio... 
Dei um passo pra trás e ele não me viu. Ele tava falando com ela, teve uma hora que eu 
até vi ele falando bem perto do ouvido dela. Aquela vagabunda, eu sei quem ela é. Ela 
mora perto da casa dele e já tentou ficar com ele, mas ele disse que nunca ficou. Eu até 
acreditei, mas agora não sei mais... Eu segui ele.. Eles foram para o cursinho, mas 
quando ele chegou na esquina, deu três beijinhos nela e ela foi embora. Tenho certeza 
que eu a vi rindo, provavelmente rindo da minha cara, imaginando que eu sou uma 
idiota. E ele foi até o cursinho, vi quando ele entrou e depois saiu. Tava com um ódio. 
Não atendi o toque dele... Nenhuma vez... Ele tocou umas dez vezes. Comecei a chorar. 
(1)Não me saia da cabeça ela rindo. Rindo de mim, tenho certeza. (baixa a cabeça...) 
Fiquei com nojo... Fiquei o resto do tempo imaginando ele de beijo e agarrado com 
aquela guria, uma VADIA! Fiquei com nojo dele, imaginando ele me tocando com 
aquela mão suja daquela xexelenta... E ela rindo. O rosto dela rindo não me saía da 
cabeça...Eu chorava, ela ria da minha cara. (2) Eu amo ele, ele é tudo pra mim, mas eu 
tenho vontade de matar ele. Me traindo... (3) Perdi a noção de tudo, fiquei parada num 
muro perto do cursinho. As pessoas passavam, me olhavam chorando e eu sem saber 
mais nada. Só enxergava ele beijando ela e o rosto dela rindo. Foi ficando escuro, eu só 
vi isso. Quando vi tava escuro. Aí eu fui pra casa... Comecei a ficar com raiva dele, 
dela, de mim por ser tão boba. Fui pra casa e não tinha ninguém ainda. Minha vó tava 
na minha tia e minha mãe tinha ido no centro espírita. (4)Fui na geladeira e peguei um 
pote de sorvete e sentei na sala, comi um pote de 2 litros quase todo. Chorei muito, não 
queria falar com ninguém... quando a minha mãe chegou eu tava passando mal, tonta, 
não conseguia nem falar direito...Aí ela me levou no P.A. e depois eu acabei vindo 
aqui... Não me saida cabeça aqueles dois... Não consigo nem ouvir a voz dele... Ele 
nem sabe que eu tô aqui... Acho que eu tô ficando louca. 
 
 
 
 
 
10 
Caso 6 – REGINALDO 
 
 
Leia o caso e preencha a tabela com os sintomas, funções e áreas do ego 
e a tabela do diagnóstico multiaxial: 
 
 
Reginaldo, 37 anos, casado há 15 anos, um casal de filhos, alcoolista em 
recidiva, veio para atendimento no ambulatório do Hospital da Ulbra acompanhado pela 
esposa. 
 O paciente apresentava-se abatido, ombros caídos e uma constante ansiedade. A 
mão direita apresentava um corte com uma atadura, feita pelo serviço de emergência do 
hospital. Solicitou para falar a sós com o psicólogo da triagem. 
- E então, Reginaldo, o que aconteceu? 
- Não sei bem doutor. Foi uma coisa estranha. Fiquei meio agitado sabe, umas 
coisinhas aí.. não sei direito.... 
- Que coisinhas, Reginaldo? 
- Umas idéias meio estranhas sabe. Eu tava bem, mas aconteceu de repente... 
- E você pode me contar que idéias são essas? 
- Olha...vou contar porque o senhor é doutor....Foi assim... eu tava em casa, 
tinha chegado do trabalho mais cedo.. larguei a bicicleta no pátio e fui pra 
frente esperar a minha mulher. Fiquei esperando ali no pátio. (1) De repente 
começou a me passar umas coisas na cabeça... fiquei pensando que o meu 
vizinho tava de olho na minha casa... o meu vizinho é meu primo, nós nos 
criamos juntos, ele até ajuda a minha mulher quando eu tenho uns problemas 
outros aí.... Mas eu comecei a pensar nisso, que ele tava querendo me 
derrubá pra ficar com a minha casa. No início, tentei tirar esses 
pensamentos, mas não saía, fiquei pensando e parecia que o pensamento 
ficava mais forte,. Fiz tudo, sacudi a cabeça, molhei no chuveiro, até dei uns 
tapas para o pensamento sair, mas continuava. Foi ficando forte... Aí eu fui 
para a janela... e comecei a olhar para a casa dele... Comecei a sentir umas 
coisas por dentro, parecia um comichão... Aí eu fui beber um pouco sabe, pra 
dar uma aliviada... Fui no mercado e voltei com uma pinguinha pra relaxar... 
Pra beber só um pouco....E sabe que foi aliviando mesmo... fui ficando 
calmo... 
- Sim, mas na sua ficha diz que houve uma agressão... como foi isso? 
- È que depois eu fui ficando meio alto, sabe... tava sozinho, a minha mulher 
tava fora, trabalhando....Eu fui ficando mais ruim, fui ficando com mais 
necessidade, a pinga tava acabando...eu bebi meia garrafa de álcool.. 
Desespero, né, doutor... Eu peguei a garrafa e misturei com Tang... fazia um 
tempo que eu não botava uma gota na boca, mas não deu mais...Mas vou 
jurar para o senhor que é só dessa vez.... Bebi tudo... Foi aí que começou a 
acontecer.. (olha para baixo, envergonhado. Fica hesitante em falar) Eu 
comecei a sentir umas coisas estranhas.. Tava ficando meio escuro, eu tava 
sozinho. Fiquei pensando no meu primo, nele rido de mim e ficando com a 
minha casa. Me chamando de maricas – Ele fazia isso quando a gente era 
pequeno – e fui ficando com raiva... (2) Mas fiquei sentindo uma coisa 
estranha no meu corpo, como se o meu corpo fosse ficando de mulher, como 
o meu peito ficasse como umas tetas de mulher...( fica envergonhado). Eu 
me apalpava mas não conseguia tirar essa idéia. Como se eu fosse ficando 
 
 
11 
uma mulher mesmo. Comecei a gritar, a dizer que eu ia matar ele.(3) Joguei 
uma cadeira na parede. Eu tava com raiva mesmo. (4) Sabe eu botei as mãos 
no meu saco, queria sentir as bolas e não sentia nada. Botei a mão por dentro 
da calça e puxei, eu não enxergava nada, não sentia nada. Fui no espelho e 
não enxerguei nada, só enxergava o meu corpo mudado... (5)Foi ai que eu 
dei um soco no espelho... Cortei a mão... Saltou sangue para tudo quanto é 
lado, mas eu continuava não sentindo nada na mão... depois disso eu 
apaguei... eu não lembro de nada... nada mesmo... 
- Não lembra nada? Você sabe como chegou aqui? 
- (6) Me lembro só um pouco... Me lembro que eu tava na rua, caminhando, 
perdido. Eu queria voltar para a minha casa, mas não queria aquela. Parecia 
que aquela não era mais minha...Eu nem sabia muito onde eu tava, só via as 
pessoas... uma vizinha, que mora do outro lado da rua falou comigo, mas eu 
nem sabia que era ela. Foi ela que ligou para a minha mulher... disse pra ela 
que eu tava estranho, que não tinha reconhecido ela e que tava todo 
ensangüentado...(7) Na hora, nem reconheci a minha mulher...eu só deixei 
ela ficar perto porque ela disse que ia cuidar do meu corte, mas eu não 
lembrava que ela era ela mesmo... vê só, doutor.. casado há tanto tempo e 
não lembrar da mulher.. foi aí que ela me trouxe pra cá... as enfermeiras me 
costuraram a mão e o outro doutor me deu um remédio, mas mandaram que 
eu viesse aqui pra falar com o senhor... 
 
 
 
Monte o quadro das funções do ego e responda as perguntas: 
 
 
1 – Em “recidiva” significa que ele não ingere álcool há quanto tempo? 
 
 
2 – Cite alguns sintomas emergentes importantes para a compreensão do quadro 
psicológico do paciente; 
 
 
3 – Qual o grau de AGF do paciente? Justifique. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
Caso 7 - GERALDO 
 
 
 Geraldo, 35 anos, estudante de psicologia procurou a Clínica da Ulbra para 
acompanhamento psicológico. Veio encaminhado pelo clínico que o avaliou no Pronto 
Atendimento, duas semanas antes. 
 
 Relato da História: 
 
 - Oi, eu vim aqui porque o Doutor do P.A. me encaminhou. Ele disse que eu tava 
precisando. A minha mãe e a minha namorada também acham que sim. Eu não sei, mas 
resolvi vir para elas pararem de incomodar. Aconteceram umas coisas aí... Umas 
bobagens. Coisa de estudante, mas elas estão preocupadas. 
 T: - Você pode me relatar o que aconteceu, desde o início? 
 - Ta bem! Tudo começou faz um mês, mais ou menos. (1) Teve um dia que eu 
fiquei meio estranho, fiquei me sentindo meio no ar... Pareci que eu não tava nem 
acordado, nem dormindo. Não conseguia saber bem onde eu tava, não entendia direito o 
que estava acontecendo. Parecia meio dormindo, meio acordado. Via as pessoas e não 
conseguia interagir com elas, parecia que tava meio de porre, só que eu não tinha 
bebido... Depois passou. Isso foi durante um dia todo. Depois desse dia começaram a 
acontecer coisas um pouco diferentes. Vou contar pra ti, mas só para ti. (2)Eu fiquei 
muito poderoso! Uma sensação muito estranha, muito diferente. Era uma sensação de 
muita alegria, de muita felicidade. Parecia que eu podia tudo, que eu era o cara mais 
poderoso do mundo . (3) Sabe, se eu tinha que fazer uma coisa, eu fazia. Eu ficava 
super-ligado, parecia que eu só enxergava aquilo no mundo. Eu lembro que fiz um 
trabalho e a sensação que eu tinha era que só existia eu e o computador. Não tirava o 
olho dele, podiam falar comigo que eu nem percebia. Mas daí aconteceu algo estranho, 
muito estranho mesmo. (4) Eu comecei a olhar pra mim e parecia que não era eu. Eu 
olhava para as minhas mãos e pareciam que elas não eram minhas, parecia que elas 
funcionavam sozinhas. Parecia que eu era um filme de mim mesmo. Um dia me olhei 
no espelho e achei que o reflexo era de outra pessoa, que aquela não era a minha cara. 
Eu sei que parece uma coisa de louco, mas isso passou, isso foi durante um tempo, só. 
 T: - E hoje, como você se sente? 
 - Vou falar pra ti... Depois disso aconteceu mais uma coisa. Não sei se o senhor 
viu na ficha, mas eu sou técnico de eletrônica. Eu trabalho fazendo uns consertos de 
máquinas. (5) Depois desse dia, eu me esqueci de tudo... tudo não, só não lembro de 
nada no meu trabalho. Eu olho aqueles fios, olhos as máquinas e não sei mais nada. 
Lembro de todo o resto, mas me esqueci de tudoque é do meu trabalho. Vou te contar 
uma coisa. Eu sei que os outros iam achar estranho, mas como o senhor é doutor e 
estuda ciência, vou contar... (6) Eu fui abduzido! Fui, enquanto eu dormia, dominado 
por extra-terrestres. Eu tenho certeza que eles colocaram alguma coisa na minha cabeça, 
um chip, uma coisa assim, pra eu esquecer esse meu trabalho e eu poder fazer o que eles 
mandam. Sim, porque eles sabem que eu sei mexer no computador e posso modificar e 
mandar mensagens malignas para outros. Assim, eles tiram o que eu sei e depois eles 
vão me mandar fazer o que eles querem.Eu agora tenho medo que eles comecem a me 
mandar fazer coisas, acho até que isso pode estar já acontecendo... (7) Eu sei disso 
porque eu agora tenho muita, muita vontade de comer. Como tudo o que aparece na 
frente, nem fome eu tenho, mas fico comento muito, não consigo me controlar. Isso 
deve ser desse chip... (8) outra coisa que eu tenho é muito sono... Durmo muito. Há dias 
 
 
13 
eu só durmo, chego a dormir umas 14 horas por dia. Acho que dormindo eles 
recarregam o chip... Eu não sou de dormir muito, mas tem acontecido... 
 (O terapeuta, durante essa última parte da fala observa que Geraldo, (9) além de 
intensificar o ritmo da fala, falando muito mais rápido que no início da conversa (10) 
apresenta uma exagerada forma de expressão facial e na mímica corporal. Exagera na 
gesticulação e na manifestação e intensidade das suas expressões .) 
 - Sabe, eu ainda tenho umas coisas que me incomodam. Eu tenho (11) o hábito 
de roer as unhas, isso é desde que eu era novo. Só que agora ta mais forte. Tem dias que 
eu até tiro sangue, de tanto que eu rôo. E tem uma outra coisa que eu também quero 
falar que é (12) (o paciente interrompe a fala). Eu esqueci, não consigo me lembrar, to 
fazendo força mas não consigo... Isso acontece com freqüência... Pois é, acho que vou 
ter que voltar para continuar a consultar, acho que estou precisando. Podemos nos 
encontrar na próxima semana? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
Caso 8 - MARGARIDA 
 
 
 
 Partindo de uma notícia veiculada na internet, foi construída uma versão de 
uma entrevista psicológica. Você deve analisar os sintomas marcados e preencher a 
tabela em anexo. 
 
 A babá Maria Margarida, 44 anos, confessou na manhã desta segunda-feira o 
assassinato de um bebê de um ano e oito meses ocorrido em 20 de fevereiro deste ano, 
na região de Sapopemba, zona leste de São Paulo. Segundo a Secretaria de Segurança 
Pública, ela sufocou Giovanna ainda no chiqueirinho e depois a jogou numa banheira 
para simular um acidente. Os vizinhos tentaram ressuscitar a menina, em vão. Apesar 
da versão oficial de que a criança havia sido encontrada morta na banheira, a polícia 
continuou investigando. Hoje, enquanto era realizada a reconstituição dos fatos, Maria 
não agüentou a confessou o crime. A acusada alegou que ouvia vozes que a mandavam 
matar o bebê. (Redação Terra) 
 
 
 Margarida foi encaminhada para avaliação das funções mentais. Durante a 
entrevista, relatou os seguintes fatos: 
 
 Psicóloga: - Margarida, você pode me contar o que aconteceu naquele período? 
 Margarida: - Eu estou um pouco nervosa, algumas coisas eu não me lembro, 
mas eu vou contar o que eu lembro... Eu gostava muito da Giovana, muito mesmo, ela 
era como uma filha pra mim...até que aconteceu aquela coisa horrorosa. Eu cuidei dela 
desde que ela chegou do hospital. Ajudava no banho, dava papinha, segurava na mão 
para ela caminhar. Eu vivia na casa da família. Eles me tratavam bem. Em julho do ano 
passado eu arranjei um namorado, ele era evangélico. Ele era bom comigo, ele me 
visitava todo fim de semana. Acabei me convertendo. (5) Ssssshhhhh (faz um pequeno 
chiado constante). Eu já tinha tido um marido que me batia muito e minha mãe também, 
era uma pessoa muito má, me deixava sem comer e me obrigava a fazer de tudo na casa. 
O Adelmo, meu namorado era muito bom pra mim. Desde que eu me converti, minha 
vida mudou. Eu vi os demônios da minha vida, vi que o diabo controlava o que eu fazia. 
(1) Lembro de uma vez que eu tava dormindo e senti que o demônio estava por perto, 
senti que ele vinha na minha cabeça e que ele colocava uma coisa lá dentro.Eu não 
conseguia me mexer com aquilo. Fiquei paralisada, o corpo todo. Era como se eu 
tivesse dentro de mim um controle remoto do mal. Como se todos os botões das coisas 
ruins se ligassem e eu tivesse que fazer uma coisa ruim. O Adelmo me levou para a 
Igreja, o Pastor me fez um exorcismo. Ele lutou contra o Diabo e venceu. Fiquei como 
que curada. (5) Ssssshhhhh (faz um pequeno chiado constante). Depois disso, o diabo 
voltou outras vezes, ele nunca se cansava. (2) Eu vi ele na casa duas vezes. Vi o chifre e 
o rabo atrás da porta. (3) Quando eu não via, sentia o cheiro de enxofre por perto. Era 
sinal de que ele estava lá. Eu corria e protegia a Giovana. Uma vez até pedi para o 
pastor aparecer quando os meus patrões não estavam lá. (4) Outro sinal de que o diabo 
estava lá, é que eu sentia um aperto no peito, uma coisa estranha. Nunca tinha sentido 
esse sentimento, não sei explicar o que era, era algo muito diferente de todos os 
sentimentos que eu já tive na vida. (5) Ssssshhhhh (faz um pequeno chiado constante). 
Teve um dia que eu olhei para mim e senti que eu não era eu. (6) Olhei para mim e 
 
 
15 
parecia que era um corpo estranho. Não era deformado, mas parecia que eu não me 
sentia eu.Eu sabia o meu nome, sabia tudo da minha história, onde eu tava, só que não 
era eu... Nesse período eu fiquei sem vontade de fazer nada, eu só caminhava de um 
lado para outro. (7) Ficava caminhando sem rumo, sem paradeiro. Um dia saí de casa e 
caminhei por seis horas. Quando eu vi, estava do outro lado da cidade. (5) Ssssshhhhh 
(faz um pequeno chiado constante). Foi quando eu voltei que aconteceu essa coisa 
horrível... Eu cheguei em casa e a Giovana estava no berço, dormindo, como sempre. 
Era hora do banho. Preparei o banho e comecei a vestir ela. Foi quando eu senti o 
cheiro. O cheiro estava na Giovana. Tava saindo da boca da criança. Eu sabia que o 
diabo estava dentro dela. Eu vi os olhos dela. Vi os olhos ficarem vermelhos, Vi o nariz 
crescer. Eu lutei contra o demônio. Coloquei ela no chiqueirinho para ligar para o 
Pastor, para ele me ajudar. (8) Foi quando eu ouvi ela chorando, mas de dentro da boca 
saíam palavras do demônio. Ele me ofendia, queria se apossar de mim. Falava coisas 
ruins. (9) A última coisa que eu me lembro foi de ter tentado calar a boca do diabo com 
o travesseiro.Só lembro de mim na porta da casa, sem saber porquê ao certo. Depois eu 
me lembro que eu gritei e tinha umas pessoas estranhas na volta, acho que eram da 
vizinhança. Eu corri. Depois não lembro de nada, só que eu fiquei numa praça, sentada, 
parece que fiquei dias assim. (10) Eu não conseguia caminhar. Parecia que eu não 
coordenava as minhas pernas. Era como se tivesse atrofiado, mas não tava. Eu não 
conseguia me levantar, nem colocar um pé na frente do outro. Eu sentia as pernas, os 
músculos, mas não caminhava... Eu não quero mais falar disso agora... a gente continua 
amanhã. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Caso 9 – ALICE 
 
Leia o caso e preencha a tabela com os sintomas, funções e áreas do ego 
e a tabela do diagnóstico multiaxial: 
 
Alice é uma jovem de 24 anos, casada há 02 anos, com um filho de 08 meses. 
Veio ao consultório após sucessivas crises de choro e dificuldadespara o trabalho e 
cuidar do filho pequeno. O relacionamento com o marido por vezes mostra-se difícil, 
com brigas sem um motivo definido ou específico, segundo ele “por pequenas coisas, 
até por uma toalha pendurada nós já brigamos”. 
 
 Relato de Alice: 
 
- Sabe, eu vim procurar porque ninguém me agüenta, nem eu mesma me 
agüento... Foi depois que o meu filho nasceu.. Antes era tudo bem, eu tava 
sempre bem, difícil ficar chateada ou irritada, mas agora... tudo me irrita...O 
meu médico ginecologista me perguntou se não era o meu filho, se eu 
realmente queria ser mãe? Eu disse que sim, que queria, foi uma decisão 
nossa, mais minha do que do meu marido.. Eu até tirei o DIU para poder 
engravidar... (suspira). 
- E quando começou isso? 
- Faz uns 06, 07 meses... Eu tenho essa sensação só às vezes, em alguns dias 
do mês, mais perto da menstruação... Eu fico uma fera! Começa a me doer o 
corpo, a cabeça vai latejando e começa a ficar pior com o passar dos dias, 
três dias antes de menstruar, parece que a cabeça – a cabeça só não – parece 
que eu vou explodir inteira. O meu peito incha, fica dolorido e só de pensar 
que eu tenho que dar de mamar 4 vezes ao dia eu tenho vontade de chorar. 
Eu amo meu filho, mas eu morro de ódio só de pensar que ele vai ficar ali 
chupando, mamando em mim. A dor é quase insuportável, fico rezando para 
parar logo. 
- E é só com o seu filho que você fica irritada? 
- Não, eu voltei a trabalhar depois da licença e tem dias que eu tô bem.. Eu 
sou vendedora de uma loja. Tem dias que eu vendo que é uma beleza, tenho 
paciência, faço tudo que precisa, mas nesses dias que eu tô assim, eu fico 
azeda. Minhas colegas já perceberam... Elas dizem que eu fico com uma 
cara, que nem as freguesas chegam perto de mim. Teve um dia, no mês 
passado que eu briguei com uma cliente por uma bobagem... Ela queria uma 
coisa que não tinha na loja e eu perdi a cabeça e destratei a mulher... Só não 
fui despedida porque a dona da loja me conhece há muito tempo. Disse que 
eu tinha que melhorar, procurar ajuda. Aí eu procurei esse serviço aqui. 
- E o que mais de sintomas você percebe nesse período? 
- Eu choro muito, por qualquer coisa. Eu também tenho muita fome, fome de 
chocolate e vontade de ficar sozinha. Não gosto nem que o meu marido me 
toque. Depois passa, em geral, vem a menstruação e passa. Mas não posso 
ficar sempre assim, né? Tenho que ficar boa logo, voltar a ser o que era 
antes. Já mudei até o anticoncepcional, mas não adiantou. 
 
 
 
 
 
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Caso 10 – ROSA 
 
Leia o caso e preencha a tabela com os sintomas, funções e áreas do ego 
e a tabela do diagnóstico multiaxial: 
 
Rosa, viúva, 52 anos, vem encaminhada para o Serviço de Saúde Mental da 
Clínica da ULBRA pelo médico psiquiatra. 
 Na entrevista inicial, comparecem junto com a paciente, a filha e a irmã. 
 Segundo dados colhidos junto com os familiares, a história pregressa de Rosa, 
relata os fatos a seguir: 
 
 História Pregressa: 
 
 Rosa é a segunda filha, caçula da família. Os pais moravam no interior de santa 
Maria, até a idade de 10 anos da filha, depois se mudaram para a cidade para que as 
filhas pudessem estudar. Rosa, segundo a irmã “sempre foi uma menina quieta. 
Brincava com algumas bonecas, sempre em casa, com poucos amigos. Dificilmente 
saía de perto da mãe e sempre parecia que tua a assustava. Quando entrou na escola, 
teve dificuldades, principalmente porque não queria ficar sozinha. A mãe acompanhou 
a Rosa em sala de aula até quase as férias de julho. No ano seguinte foi tudo de novo 
.Foi assim por uns 3 anos”. 
 Na adolescência, Rosa fez novos amigos. Mudou de escola, estudou em uma 
escola secundária, no curso de magistério. Sempre foi mais reservada, tinha poucas 
amigas. Preferia ficar em casa, saía acompanhada principalmente da mãe, em geral para 
ir ao centro para fazer compras. Do pai, tinha um medo “enorme”, dizia que ele era 
muito brabo e que ela tinha medo de apanhar. Mesmo com medo, tinha certa devoção, 
atendendo aos pedidos do pai e mostrando-se sempre disponível para ajudá-lo. Nunca 
deixou a irmã mais velha reclamar do pai retrucando que ele era muito bom para elas e 
que dava o necessário para todos viver. 
 Aos 18 anos, em uma festa, Rosa conheceu Carlos, seu primeiro namorado. 
Ficou apaixonada, segundo a irmã. Temendo represálias do pai, começou a encontrar-se 
as escondidas com o rapaz. Ele a buscava na saída da escola e a acompanhava até em 
casa. Nos fins-de-semana, em companhia da irmã, iam ao centro onde o rapaz a 
esperava. Os pais não sabiam de nada. Rosa segredava o namoro com medo das 
represálias parentais. 
 A irmã, em algumas ocasiões convidava Rosa para ir aos bailes. Depois do início 
do romance, Rosa começou a ir, com o intuito de ver Carlos. Em um desses bailes, 
tendo decidido de última hora, encontrou Carlos conversando com outra moça. Chorou, 
correu para casa e terminou o romance. Segundo a irmã, “foi aí que as coisas 
começaram a modificar. Rosa ficou muito tempo em casa. Não queria ir para a aula, 
não queria sair pra nada. Ficou em casa. Emagreceu. Parecia um zumbi. A mãe 
desconfiou que era alguma coisa e pressionou a Rosa e ela contou. Chorou muito. O 
pai nunca ficou sabendo. Depois disso, nunca mais foi a mesma.” 
 Rosa ficava em casa, saindo apenas para poucas atividades de rotina como 
mercado, farmácia e médico. Nesse período tentou vestibular, mas foi reprovada. 
 Aos 24 anos, conheceu Jorge, seu marido. Era um colega do pai, 15 anos mais 
velho que Rosa. Jorge freqüentava a casa com regularidade e acabou se afeiçoando a 
Rosa. Pediu ao pai para namorar com a filha e Rosa acabou por aceitar. A irmã relata: 
“Ela gostava dele, mas só gostava. Paixão, paixão, não era. Acho que ela era magoada 
com o Carlos. Mas acabou por gostar do Jorge. Viviam bem. Tiveram filhos. A Rosa 
 
 
18 
cuidava da casa e em outro turno, dava aula na escola do município. Não sei se ela era 
feliz, feliz, mas nunca eu vi ela reclamando do Jorge. Uma vez me disse: - Ele é um 
homem bom, cuida de nós, da casa, não tem vícios. Eu acabei por gostar e me 
acostumar com ele. Para mim, tá mais que bom.” Tiveram 2 filhos, moravam em uma 
residência nos fundos da casa dos pais. 
 Os problemas começaram há aproximadamente 2 anos, quando o pai de Rosa 
teve problema de saúde, ficando internado 1 mês e depois ficando na cama até a morte. 
A doença degenerativa atingiu várias áreas e Rosa cuidava do pai, junto com a mãe. 
 Segundo relato da filha: “A minha avó tá muito velhinha. A mãe é que acabava 
fazendo tudo. Comida, limpeza, banho, remédio. Acho que ela pegou uma estafa. 
Começou a esquecer das coisas, a ficar muito irritada. Qualquer coisa que a gente 
fazia ela já gritava. Meu pai as vezes chegava perto e ela já mandava ele sair, que 
parasse de se roçar nela. Nem com a gente ela tinha paciência. As vezes ela ficava na 
sala acordada, olhando para a TV. A gente via que ela não via nada, mas ficava lá, 
sozinha. Foi um sacrifício. Ela pediu licença na escola e quase não saía de casa. Eu e o 
meu irmão que fazíamos as coisas da rua. Banco, mercado, farmácia essas coisas. Ela 
só ficava em casa e piorava de humor. Tentamos tirar ela de casa várias vezes, mas ela 
dizia que não. Foi ai que aconteceu o pior de tudo. O meu avô morreu. E ela afundou 
de vez” 
 Com a morte do pai, Rosa acentuou seu retraimento. Não comia, não dormia 
direito, ficava parada em um canto da casa, na cozinha ou no quarto. Deixou de 
acompanhar os filhos em atividades escolares ou sociais. Chorava muito no início, mas 
depois de algum tempo, começou a chorar escondido, frente às reclamações dos demais 
pelo seu estado. Jorge, preocupado, levou Rosa para um atendimentomédico. Rosa foi 
medicada com anti-depressivos e ansiolíticos. Apresentou um melhora nas atividades 
sociais, voltou a lecionar, mas segundo a filha “Não tinha uma vontade de viver. Tava 
indo, mas assim, assim...”. 
 No ano seguinte, Jorge ficou doente. Teve câncer de intestino e após uma 
cirurgia e tratamento de quimioterapia, acabou por falecer. Rosa teve uma piora no seu 
estado mental, culpando-se pela morte do marido. Dizia: “se eu tivesse cuidado dele, 
nada disso teria acontecido. Fiquei muito descuidada dele, ele ficou muito abandonado 
e acabou por pegar essa doença. Dizem que se a pessoa fica deprimida ela acaba por 
ter câncer. Foi isso, foi desleixo meu ...(sic)” 
 A irmã acabou ficando mais próxima nesse período, cuidando dos sobrinhos. 
Rosa voltou ao comportamento de descuido da casa, dos filhos e de si mesma. A irmã 
resolveu levar a outro médico, um psiquiatra que acabou por indicar o acompanhamento 
psicológico. 
 Viúva há um ano, Rosa agravou sintomas nos últimos 6 meses 
aproximadamente. Em entrevista com a paciente, ela relata seu sofrimento e descreve 
sua percepção sobre a situação atual. 
 
 
 Entrevista com a paciente: 
 
 No dia da consulta, Rosa compareceu vestida de preto, com mangas compridas, 
apesar do calor. Cabelo preso, parecia abatida. Olheiras, olhos sempre voltados para o 
chão, ombros curvados. Mostrou-se colaborativa durante toda a consulta, apesar de 
parecer não se importar muito com sua situação. Recordava de datas mais recente, as 
vez com pequenas confusões que foram verificadas junto à família. 
 
 
 
19 
Segue o relato: 
 
- Rosa, conversei com a sua filha e com sua irmã e elas me contaram que você 
não está muito bem....Poderia me contar o que está acontecendo? 
- Pois é... Tenho andado meio triste, meio abatida. Eu até tendo ficar melhor, 
mas não consigo. Foi muita coisa para uma pessoa só. Morreu o meu pai, 
depois o meu marido. Fiquei só eu com as crianças. Eles são uns moços, mas 
sabe como é mãe, né...são sempre crianças pra gente. (silêncio). Eu não 
queria dar trabalho pra ninguém , mas tô assim. Sem vontade de nada. 
(lágrimas correm pelo rosto). Eu não queria, mas sinto muita falta deles. As 
vezes eu acho que eu deveria Ter feito mais, ter feito alguma coisa para que 
eles não morressem. Eu cheguei a falar com ele, com o Jorge. Tinha umas 
visões que eu pedia desculpa. 
- Você pode me explicar melhor essas visões? 
- Depois que o meu pai morreu eu sonhava muito com ele. Até que um dia eu 
ouvi ele me chamar. Virei e não tinha ninguém, mas eu ouvi ele me chamar. 
Passou uns dias e eu tava na sala de casa e ouvi ele me chamar de novo, virei 
e nada. Depois eu ouvi ele dizer “porque você não me ajudou minha filha, 
agora eu estou aqui sozinho”. Eu ouvi. Era a voz dele. Chorei muito. Depois 
eu ouvi outras coisas, mas não lembro bem o que foi. Na época não contei 
para o Jorge nem para minha mãe. Rezei muito, mas eu sempre me lembrava. 
(silêncio). Eu acabei por esquecer o dia do velório e do meu pai naquele dia. 
Lembra de antes e depois, mas apaguei o dia do enterro. Acho que foi o 
calmante que me deram. Depois foi o Jorge. Ele urrava de dor pela doença. 
Quando ele morreu, aconteceu a mesma coisa. Depois de uma semana ele 
apareceu pra mim. Eu tava sozinha e ele apareceu de pé do meu lado, 
levantou a mão, acenou e foi desaparecendo. Eu comecei a gritar para ele 
voltar...chorei. ele apareceu pra mim mais umas 4 vezes. Na última vez eu 
tava na cama e ele apareceu nos pés da cama. Eu pedi que ele me ajudasse, 
que eu não ia conseguir sozinha. Ele falou que ia dar tudo certo, que no 
aniversário da minha filha, que foi um mês depois da morte dele, ele 
voltava. (silêncio) No dia do aniversário, eu tava na cozinha e ouvi a voz 
dele, dizendo que ia embora pra sempre que eu cuidasse das crianças. Eu 
juro que ouvi a voz dele. Depois disso, nunca mais... mas eu não consigo 
fazer nada. Prometi para o Jorge e não consigo cumprir a promessa. Eu não 
como, não durmo direito, não tenho vontade de fazer nada. Tô de laudo da 
escola, não posso nem pensar em voltar para lá. Meus filhos estão 
abandonados, mas eu não faço nada. Faz mais de dois meses que eu tô assim. 
Eu tomo remédio, mas não tá adiantando. Cheguei a pensar em me matar, 
peguei a faca, mas na hora eu pensei nos meus filhos, na minha mãe que 
mora comigo. Pensei que eles iriam sofrer muito, por isso não fiz. (silêncio) 
Sabe, teve um período, logo depois que morreu o Jorge que eu fiquei muito 
mal...não falava coisa com coisa...parecia que as palavras ficavam perdidas, 
não juntava uma idéia com outra. Eu tentava falar uma coisa e não 
conseguia, parecia que o meu pensamento tava todo fora de ordem. Acho que 
o remédio ajudou e também as conversas com o padre que teve lá em casa. 
Mas mesmo assim, o resto ficou igual. Eu acho que vou ficar assim pra 
sempre... (chora)... 
 
 
 
 
20 
Caso 11 – RITA (A) 
 
Leia o caso e preencha a tabela com os sintomas, funções e áreas do ego 
e a tabela do diagnóstico multiaxial: 
 
Relato de Caso: 
 
 Rita, 20 anos, filha adotiva de um casal classe média. O pai é professor da 
UFSM e a mãe farmacêutica. A menina foi adotada aos 3 meses e ficou sabendo da 
adoção aos 10 anos. Segundo a mãe, „foi aí que começaram os problemas”. 
 A paciente veio encaminhada para a avaliação diagnostica. 
 
Entrevista com Rita – 1ª consulta ( fragmentos) 
 
- Rita, nós estamos aqui para fazer uma avaliação diagnóstica. Eu sei que você 
teve alguns problemas, será que você poderia me contar o que está 
acontecendo? 
 
- Umas histórias aí... Tá bom, vou te contar.. Parece que tu é bem legal, que 
vai me ajudar...Vou contar do início, tá bom? Foi assim... (pensa um pouco). 
Eu sempre quis saber da minha mãe verdadeira, sempre quis e nunca me 
deixaram procurar direito... Bom, eu tive que arranjar um meio de me 
encontrarem com a minha história, eu precisava saber... O meu pai e a minha 
mãe sempre foram contra, acho que eles tinham medo... Desde que eu fiquei 
sabendo eu queria ir atrás disso... Ficava imaginando como era essa minha 
outra família, se eram parecidos comigo.. Tem horas que eu fico imaginando 
que a minha família me doou porque não podia me criar, que eram pobres... 
Sei lá.. mas eu fico pensando também que eu acho que eles não me quiseram, 
que me botaram no lixo e essa família me pegou... quando eu tô triste eu 
penso que se eu tivesse lá, mesmo que fossem mais pobres, sem condições 
eu tava com eles... A minha mãe adotiva briga muito comigo, diz que eu não 
faço nada, diz que eu sou um estorvo, que só dou incomodo para o meu pai... 
(suspira) eu fico com um vazio aqui no peito, fico angustiada, me dá uma 
vontade de quebrar tudo... uma vez eu quebrei uma estante do meu quarto de 
tanta porrada e chutes... Eu briguei com a minha mãe nesse dia e ela disse 
que não era para eu sair, daí fui para o quarto e quebrei tudo... fiquei com 
uma raiva, um ódio...quase quebrei o meu pé chutando...Fico pensando que 
ninguém me quer nessa vida... que uma mãe não quis e a outra também não 
quer.. fica uma sensação de que ninguém gosta de mim... Já aconteceu muito 
disso lá em casa... fico com raiva e quebro uma coisa... já quebrei uma dúzia 
de copos só de raiva... Às vezes eu já nem sei mais quem eu sou... fico me 
perguntando, fico me olhando no espelho e parece que não reconheço aquela 
que tá lá refletida... a minha mãe diz que eu sou louca e as vezes eu acho que 
eu tô ficando mesmo... (olha para o lado...) sabe, eu tinha umas amigas 
quando eu era pequena, mas depois elas foram me abandonando... É sempre 
assim, eu começo a ficar bem amiga delas – vou na casa, durmo na casa 
delas, as vezes a gentese empresta roupa, fico adorando essa amiga, até que 
depois ela vai sumindo... todo mundo me abandona.. primeiro fica bem 
amigo, a gente se adorando e depois elas vão embora, me abandonam. Teve 
uma amiga que eu ia lá, telefonava, mandava mensagem, mas ela, 
 
 
21 
simplesmente, me abandonou. Comecei a odiar ela também. Todo mundo é 
assim comigo... Começa bem, eu gostando um monte e depois acabam se 
mostrando o inverso, umas cobras, que não estão nem aí pra mim... 
- Estou percebendo umas marcas nos teus braços. O que são? 
- É que as vezes eu ficava com tanta raiva que eu acabava me ferindo, até 
sangrar. Sentir o sangue escorrendo, me acalma. Ele é tão quentinho, parece 
que ele vai escorrendo e em acariciando ao mesmo tempo. No início eu fazia 
aqui nas coxas, mas depois foi ficando em outras partes do corpo também... 
sabe essa angústia é terrível... tem dias que eu tenho que fazer alguma coisa.. 
parece que é uma vontade sem fim....Já teve vezes que eu fiz coisas muito 
loucas por causa disso.. Lembro que quando eu era pequena eu tinha que 
ficar pulando ou me sacudindo pra passar... Ninguém entendia isso... Depois 
foi ficando mais forte e eu ia fazendo coisas diferentes... Uma vez eu ganhei 
uns duzentos reais de presente de aniversário de 15 anos... Tive essa vontade 
e comecei a gastar em bobagem... Entrei numa loja de chocolate e comprei 
50 barras de chocolate e balas. Sentei e comi tudo... Fiquei vomitando uns 
dois dias...Quando passou o vômito, fui lá e fiz isso de novo.... Depois foi 
com meu namorado...a gente briga muito, sou muuito ciumenta! Teve uma 
vez, uma vez não.. mais de uma vez... que eu não conseguia parar de transar 
com ele... o guri tava podre e eu queria mais.. não era que eu queria mais, 
mas é que parecia que só isso ia acalmar...parece que quando eu tenho isso 
eu tenho que fazer muito alguma coisa...comprar, gastar, transar, tudo em 
muita quantidade...parece que eu não me controlo...Mas aí, vem esse troço, 
eu me desespero, faço alguma coisa para acabar com isso e isso some... 
desde que eu me conheço por gente é assim... 
- E agora, como estão as coisas? 
- De uns tempos pra cá, tipo um mês eu tô meio pra baixo. Foi por isso que 
eles me trouxeram aqui... Fico trancada em casa, sem vontade de fazer nada, 
me corpo parece que tá um chumbo, só quero dormir...parece que a minha 
vida parou...fico pensando que eu não presto para nada, que eu nunca vou ser 
nada, porque se nem a minha mãe me quis, imagina o resto...Fico com uma 
vontade de morrer, de que me esqueçam... Não sou mais a Rita de antes, mas 
também não quero ser mais nada, nada mesmo.... 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 
Caso 12 – RITA (B) 
 
Leia o caso e preencha a tabela com os sintomas, funções e áreas do ego 
e a tabela do diagnóstico multiaxial: 
 
Relato de caso: 
 
 Rita, 20 anos, filha adotiva de um casal classe média. O pai é professor da 
UFSM e a mãe farmacêutica. A menina foi adotada aos 3 meses e ficou sabendo da 
adoção aos 10 anos. Segundo a mãe, „foi aí que começaram os problemas”. 
 A paciente veio encaminhada para a avaliação diagnostica. Parece ansiosa e 
agitada. Veio conduzida pelos pais que acham seu comportamento atual muito diferente 
dos anteriores. Relatam tê-la encontrado na rua após 3 dias sumida. Não relatam 
comportamento similar antes. 
 
Entrevista com Rita – 1ª consulta ( fragmentos) 
 
- Rita, nós estamos aqui para fazer uma avaliação diagnóstica. Eu sei que 
você teve alguns problemas, será que você poderia me contar o que está 
acontecendo? 
 
- Umas histórias aí... Tá bom, vou te contar.. parece que tu é bem legal, que 
vai me ajudar...Vou contar do início, tá bom? Foi assim... (pensa um pouco). 
Eu sempre quis saber da minha mãe verdadeira, sempre quis e nunca me 
deixaram procurar direito... Bom, eu tive que arranjar um meio de me 
encontrarem com a minha história, eu precisava saber...O meu pai e a minha 
mãe sempre foram contra, acho que eles tinham medo... desde que eu fiquei 
sabendo eu queria ir atrás disso... Ficava imaginando como era essa minha 
outra família, se eram parecidos comigo.. Tem horas que eu fico imaginando 
que a minha família me doou porque não podia me criar, que eram 
pobres...sei lá.. mas eu fico pensando também que eu acho que eles não me 
quiseram, que me botaram no lixo e essa família me pegou... quando eu tô 
triste eu penso que se eu tivesse lá, mesmo que fossem mais pobres, sem 
condições eu tava com eles... A minha mãe adotiva briga muito comigo, diz 
que eu não faço nada, diz que eu sou um estorvo, que só dou incomodo para 
o meu pai... (suspira) eu fico com um vazio aqui no peito, fico angustiada, 
me dá uma vontade de quebrar tudo... Uma vez eu quebrei uma estante do 
meu quarto de tanta porrada e chutes... Eu briguei com a minha mãe nesse 
dia e ela disse que não era para eu sair, daí fui para o quarto e quebrei tudo... 
fiquei com uma raiva, um ódio...quase quebrei o meu pé chutando...Fico 
pensando que ninguém me quer nessa vida... que uma mãe não quis e a outra 
também não quer.. fica uma sensação de que ninguém gosta de mim... Já 
aconteceu muito disso lá em casa... Fico com raiva e quebro uma coisa... já 
quebrei uma dúzia de copos só de raiva... Às vezes eu já nem sei mais quem 
eu sou...fico me perguntando, fico me olhando no espelho e parece que não 
reconheço aquela que tá lá refletida... a minha mãe diz que eu sou louca e as 
vezes eu acho que eu tô ficando mesmo... (olha para o lado..) sabe, eu tinha 
umas amigas quando eu era pequena, mas depois elas foram me 
abandonando... é sempre assim, eu começo a ficar bem amiga delas – vou na 
casa, durmo na casa delas, as vezes a gente se empresta roupa, fico adorando 
 
 
23 
essa amiga, até que depois ela vai sumindo... todo mundo me abandona.. 
primeiro fica bem amigo, a gente se adorando e depois elas vão embora, me 
abandonam. Teve uma amiga que eu ia lá, telefonava, mandava mensagem, 
mas ela, simplesmente, me abandonou. Comecei a odiar ela também. Todo 
mundo é assim comigo... Começa bem, eu gostando um monte e depois 
acabam se mostrando o inverso, umas cobras, que não estão nem aí pra 
mim... (fica agitada, levanta-se e anda pela sala, parece ansiosa) 
- Estou percebendo umas marcas nos teus braços. O que são? 
- É que as vezes eu ficava com tanta raiva que eu acabava me ferindo, até 
sangrar. Sentir o sangue escorrendo, me acalma. Ele é tão quentinho, parece 
que ele vai escorrendo e em acariciando ao mesmo tempo. No início eu fazia 
aqui nas coxas, mas depois foi ficando em outras partes do corpo também... 
sabe essa angústia é terrível... tem dias que eu tenho que fazer alguma coisa.. 
parece que é uma vontade sem fim....Já teve vezes que eu fiz coisas muito 
loucas por causa disso.. Lembro que quando eu era pequena eu tinha que 
ficar pulando ou me sacudindo pra passar.. ninguém entendia isso... depois 
foi ficando mais forte e eu ia fazendo coisas diferentes... Uma vez eu ganhei 
uns duzentos reais de presente de aniversário de 15 anos... Tive essa vontade 
e comecei a gastar em bobagem... Entrei numa loja de chocolate e comprei 
50 barras de chocolate e balas. Sentei e comi tudo... Fiquei vomitando uns 
dois dias...Quando passou o vômito, fui lá e fiz isso de novo.... Depois foi 
com meu namorado...a gente briga muito, sou muuito ciumenta! Teve uma 
vez, uma vez não.. mais de uma vez... que eu não conseguia parar de transar 
com ele... o guri tava podre e eu queria mais.. não era que eu queria mais, 
mas é que parecia que só isso ia acalmar...parece que quando eu tenho isso 
eu tenho que fazer muito alguma coisa...comprar, gastar, transar, tudo emmuita quantidade...parece que eu não me controlo...Mas aí, vem esse troço, 
eu me desespero, faço alguma coisa para acabar com isso e isso some... 
desde que eu me conheço por gente é assim... (levanta-se da cadeira) 
- E agora, como estão as coisas? 
- Agora estão diferentes... na verdade, os outros é que dizem que estão 
diferentes...eu tô bem...tô ótima pra dizer a verdade...sinto que eu posso 
conquistar o mundo... Na verdade, aconteceram umas coisas, acabei por 
estourar o limite do cartão do meu pai..ele ficou uma fera! (risos 
exagerados). É que eu só quero fazer festa... Faz 4 dias que eu emendo uma 
festa na outra.. acho até que é por isso que eu tô meio distraída assim sabe... 
começo a falar e me esqueço, parece que os meus pensamentos vão correndo 
mais que eu (risos)...Parece comigo, ontem até peguei o carro e viajei para a 
praia pra tomar banho de mar.. fui e voltei voando, voando mesmo.. 
(risos)..mas tô ótima...É como se eu fosse a rainha do mundo... 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
Caso 13 – LUCIANO 
 
Leia o caso e preencha a tabela com os sintomas, funções e áreas do ego 
e a tabela do diagnóstico multiaxial: 
 
 
 
Homem confessa assassinato da esposa em Blumenau 
Claudete Apolinário foi esfaqueada na frente da filha do casal, de seis anos. 
 
 
Luciano Antunes, de 32 anos, confessou na terça, dia 19, o assassinato da ex-mulher, 
Claudete Apolinário, na quinta-feira, em Blumenau. A filha do casal, de seis anos, 
presenciou o crime. A confissão foi feita à delegada da Criança, Mulher e Adolescente, 
Adriana Brunato de Souza. 
Antunes estava foragido desde a madrugada do crime e, no sábado, deu entrada no 
Hospital Santa Isabel com ferimentos provocados por uma tentativa de suicídio. Ele 
teve alta na terça e foi logo encaminhado para a delegacia. 
Após uma hora de conversa com a policial, sem a presença de nenhum advogado, ele 
foi encaminhado para o Presídio Regional de Blumenau por 30 dias. 
A operária Claudete Apolinário, de 36 anos, morreu com 23 facadas, a maioria nas 
costas e peito desferidos pelo ex-companheiro. Ela e Antunes estavam separados. No 
dia do crime, Claudete foi surpreendida pelo ex-marido quando tomava café. Segundo 
testemunhas, o homem carregou a mulher pelos cabelos para fora da casa e a matou. 
Com informações do Jornal de Santa Catarina. 
 Notícia retirada do site www. Clicrbs.com.br em 29.10.04 
 
 
 ATIVIDADE: 
 
 O advogado de defesa de Luciano Antunes lhe procura e pede para fazer uma 
avaliação psicológica judicial, alegando insanidade mental do réu. Partindo de uma 
entrevista fictícia do réu, na qual ele relata os momentos que antecederam o acontecido, 
você deve fazer um diagnóstico multiaxial, justificando os critérios apontados no 
diagnóstico principal, os mecanismos de defesa do eixo II, eixo III, IV e V quando 
possível, o prognóstico e uma indicação terapêutica. 
 Em anexo, um relato de entrevista com o réu e elementos para a confirmação da 
entrevista. 
 
 
 Relato da Entrevista: 
 
 - Luciano, estou aqui para fazer uma avaliação diagnóstica para o seu processo. 
Vou precisar da sua colaboração. Preciso saber o que estava acontecendo antes do 
ocorrido. Você pode me contar? 
 
 - Posso sim. Meu advogado disse que eu devo contar tudo para o senhor. Eu tava 
louco... para fazer aquilo só tando louco... Vou contar tudo para o senhor ver como é 
que foi... Foi uma calamidade, se ela tivesse feito diferente, nós tavamos junto ainda.... 
(silêncio).. Eu conheci a Claudete quando eu era um guri. Ela morava no fim da minha 
 
 
25 
rua, tinha o cabelo comprido e era muito direita. Acho que me apaixonei porque ela era 
diferente, não era dada que nem as outras... Sempre foi decente. Naquela época, não 
dava confiança pra ninguém... Eu era amigo do primo dela e foi num aniversário que 
nós falamos pela primeira vez. Tinha um sorriso lindo. Levei quase uns dois anos para 
chegar nela. Fui para o quartel e quando eu voltava, se ela me via, me abanava. 
Ficamos de conversa um ano. Depois fui na casa pedir ela em namoro para o pai dela. 
Só podia namorar em casa, com a mãe junto. Se saía, a irmã ia junto ou as tias. 
Acabamos nos casando há uns 8 anos. Ia fazer 8 anos, agora em dezembro. (fica um 
pouco abatido...) mas aconteceu essas coisas... 
 (Levanta e caminha pela sala. Volta para a cadeira) 
 - Eu sempre trabalhei num hospital. Fazia plantão por escala, eu era serviços 
gerais. Sempre gostei do trabalho, faço tudo certo. Meu patrão até veio me visitar, disse 
que não podia acreditar que eu tinha feito aquilo...Eu tava possuído, só pode.... 
(silêncio)... Bom, as coisas começaram já faz um tempo. Eu sempre fui meio ciumento, 
a Claudete até achava bom no início, dizia que era “amor‟. Depois ela começou a 
reclamar, a ficar chateada, mas é que eu não tava conseguindo controlar. Depois da 
nossa filha, eu fiquei menos ciumento dela e mais da menina. Sempre foi uma doçura de 
menina... (silêncio)... Depois, as coisas começaram a apertar, o dinheiro ficou curto, a 
menina tava indo para a escola e não tava mais dando, né? Foi aí que a Claudete 
resolveu que ia trabalhar... Botou essa droga de idéia na cabeça e não tirava mais... dizia 
que ia ser diarista, que a tia ia conseguir um emprego para ela, que tava tudo certo... Eu 
disse que não, que ela não ia ficar andando pela rua para os outros ficarem mexendo 
com ela, que eu trabalhava e ela ficava em casa. Começamos a brigar mais e mais. Eu 
falava e ela não me obedecia... Um dia dei um tapa.. foi fraquinho, mas ela ficou muito 
magoada. Pedi desculpa, disse que ela era o que mais importava, que eu fazia tudo 
aquilo porque eu amava ela. E como eu amava – e amo – ela... Pra sempre... (chora)... 
Mas ela ficou mais braba e aí começou a me desafiar... Comecei a ficar desconfiado... 
Comecei a ficar de olho nas roupas dela.. Queria saber onde ela tava, que horas ela ia e 
vinha... Ela começou a ficar irritada, brigava comigo o tempo todo.. Não percebia que 
eu fazia isso porque amava ela... depois disso começou a ficar amiga de uma vizinha.. 
Foi uma influência terrível para ela... Não fazia as coisas da casa, nem cuidava da 
menina direito... Comecei a desconfiar que ela tava tendo um outro cara... Mulher não 
vira a cabeça sozinha... Acho que ela tava me corneando... Não sou homem de levar 
chifre, né? Fui atrás... Vi ela conversando com um cara do mercado. Na hora me caiu a 
ficha. O cara todo sorridente, falando com ela, maior intimidade... Ela até riu para ele. 
Me subiu o sangue... Peguei o cara e dei umas porradas, dentro do mercado. Os outros 
apartaram, mas eu prometi que ia acabar com os dois. Ficava imaginando ela rindo pra 
ele... (contrai-se todo, como se sentisse dor) ... Foi muito ruim... Fiquei odiando eles, 
mas amava ela ... Não queria que ela fosse embora, mas ela chegou em casa, disse que 
bastava e foi para casa da mãe dela... Eu resolvi que não ia ficar na casa...Não podia, 
ficava imaginando ela com outro cara, talvez até na minha cama... Fui morar na casa do 
meu tio... Mas eu fiquei cuidando ela... Entre essas coisas dela querer trabalhar e o 
ocorrido foi pouco tempo... Foi depois do aniversario dela, faz uns 3 meses... Como é 
que alguém pode mudar tanto em tão pouco tempo...Uma mulher decente, me fazendo 
aquilo... Teve um dia que eu até senti o cheiro do maldito no corpo dela. O cheiro 
entranhou em mim...Não conseguia afastar de mim... (fica em silêncio). 
 Depois que eu saí de casa, ela voltou com a menina. Eu fiquei cuidando, umas 
vezes até bati na porta, quebrei o vidro.. queria ver quem era o safado que tava com ela.. 
nuncapeguei, mas tenho certeza que era o safado do mercado... 
 Só que depois aconteceu o ocorrido... (fica em silencio, constrangido) 
 
 
26 
 Eu vi, juro que vi... tava na rua e vi um cara na janela do quarto... O safado tava 
lá...Perdi a cabeça... Entrei em casa, uma fúria... A Claudete tava na cozinha, de costas... 
Agarrei ela pelos cabelos e levei ela pela casa, arrastada.. Ela gritava.. A menina 
acordou e começou a gritar também...Eu tava cego, tava cego.. Como eu não encontrei 
o safado, achei que ele tinha fugido para o fundo do pátio... Ameacei ela, que ela tinha 
que contar...ela gritava que não tinha ninguém...mas eu sentia que tinha, que ela tava 
mentindo... Foi aí que eu perdi o controle... (chora intensamente)... se ela não tivesse 
feito aquilo, se ela não tivesse se oferecido, nós íamos ser uma família decente... Porque 
ela fez isso comigo, hein? 
 Depois eu acabei me escondendo, sabe... Me dei conta que fiz uma bobagem 
com ela.. Nem sei se anossa filha vai nos perdoar nunca... tentei me matar, mas me 
encontraram e me levaram para o hospital e agora eu tô aqui... 
 
 
 
 Entrevistas Complementares (trecho): 
 
 
 A mãe relata que a filha teve um casamento bom, até que o marido começou a 
ficar muito desconfiado, principalmente, nos últimos meses. Ficava dizendo que ela 
tinha outro, que ela tava ficando muito leviana, implicava com a roupa... Disse que uma 
vez ele havia perguntado se a filha era dele mesmo.. Ela estava muito magoada e depois 
de uma violenta briga, foi ficar uns dias com a mãe. A mãe relata que a filha nunca teve 
envolvimento nenhum, fora o marido. 
 
 A vizinha confirma as afirmações da mãe e diz que o marido ficou mais violento 
e agressivo nos últimos meses. Ela ouvia os gritos e as brigas do casal nesse período. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27 
Caso 14 – ALINE 
 
Leia o caso e complete a tabela com o diagnóstico multiaxial: 
 
 
 Aline, 27 anos, estudante de Psicologia da Ulbra, vem ao serviço por 
encaminhamento do clínico geral. Segue relato da entrevista e da História Pregressa, 
colhida junto da paciente e de seus familiares. 
 
 
História Pregressa: 
 
 
Segundo relato da mãe, Aline sempre foi uma criança de muitos “dotes”. Sempre 
gostou de “fazer teatrinho, de brincar e cantar na frente do outros”. Desde muito 
pequena, dançava e cantava quando as visitas chegavam e, quando contrariada, chorava 
muito. A família acabou por se acostumar com os seus comportamentos. Tinha ciúmes 
da irmã, pois achava que ela era mais bonita e acabavam convidando ela mais para fazer 
coisas do que ela (Aline). Na adolescência, sempre preferiu o estilo “exagerado, com 
roupas justas e cores fortes. Nunca estava simplinha, parecia que ela sempre precisava 
mostrar que estava lá, que havia chegado” (relato da mãe). Relata ainda que sempre 
“estava falando de como estava bem, de como os meninos a queriam ficar com ela e 
acabavam correndo atrás dela. Ela dizia que isso incomodava, mas no fundo todo 
mundo sabia – inclusive ela – que ela adorava isso”. Segundo a irmã, “as coisas 
começaram a piorar quando ela começou a namorar o Fábio. Ela tinha uns 20 e ele tinha 
uns 17. Ele era um malandro, maconheiro, sem-vergonha, que ficava dando voltas pela 
quadra. Ela no início achava ridículo, mas acho que ela acabou gostando dele. Ele 
sumiu. Pouco tempo depois ela viu ele de amasso com outra, se sentiu trocada e aí 
começou tudo”. 
Relato da mãe: “ Ela começou a exagerar mais ainda. Botava umas roupas muito 
provocantes, muito justas. No casamento da prima, usou uma lingerie e por cima um 
vestido todo transparente. Parecia que se não olhassem para ela, se não a achassem ela a 
mais gostosa de todas as mulheres, ela não tava satisfeita. As vezes, quando os outros 
olhavam muito, com olhar de reprovação ela ficava abalada. Corria para o banheiro e 
chorava. Parecia que ela fazia para chamar a atenção e os outros tinham que aplaudir, 
mas se alguma coisa desse errado ela sentia como se fosse o fim do mundo”. A mãe 
ainda relata: “Teve um tempo que teve uma amiga tão louca quanto ela. A amiga falava 
e a Aline fazia tudo. A outra tinha uma influência sobre ela, como se ela fosse 
comandada pela opinião da outra. Quando era pequena e na adolescência isso acontecia 
também, mas com essa amiga era mais ainda”. Completa ainda: “Ficava amiga de todo 
mundo. Parecia que todo mundo era amigo. Falava dois minutos e já tava íntima. 
Emprestava coisas, levava pra casa. Nem sabia quem era e parecia que era amiga desde 
criancinha”. 
 
História Atual: 
 
 Aline relata em sua entrevista: 
 
- Fiquei muito estranha de uns tempos pra cá. Eu tenho motivo, é claro. Há uns 2 
meses eu tava na rua, voltando pra casa e um cara veio por trás de mim e me agarrou, 
 
 
28 
me arrastou para o pátio de uma casa e tava tentando me violentar. Me rasgou a blusa e 
me botou a mão por dentro do top que eu usava. Com a outra mão ele tapava a minha 
boca. Eu fiquei desesperada, sem ter o que fazer. Ele era muito grande e forte. Achei 
que ele ia me matar. Tava escuro, muito escuro. Só sei que uma hora ele foi abrir a calça 
dele e a mão dele que tava na minha boca ficou mais afastada. Dei uma mordida. Mordi 
com força, com tanta força que acho até que sangrou. Fiquei com gosto de sangue na 
boca, não sei se dele ou se da minha boca machucada. Consegui sair e gritar. Um carro 
parou e eu fui pra polícia. Pegaram o cara umas 2 semanas depois, mas eu fiquei muito 
estranha. Fica toda hora aquilo passando na minha cabeça. Cada coisa que eu vou fazer 
na rua, tá sempre aquela imagem lá. Não passo mais por aquela rua, não tava mais nem 
querendo ir pra Universidade. Eu caminho na rua e parece que vai acontecer. Tô toda 
hora me assustando com alguma coisa, um vulto, uma pessoa, até um som mais alto me 
deixa assim. Tenho pesadelos todas as noites, nem consigo dormir direito por causa 
disso. Acabei por me afastar dos meus amigos, fico envergonhada parece que fui eu a 
culpada. Não saio mais, não quero estudar, não quero nem ficar perto de ninguém. 
Nunca mais fui à festas, nada, nunca mais. Tem outra coisa também, depois dessa 
situação eu comecei a fazer algo terrível, mas que eu não consigo parar. Quando eu 
como, principalmente, carne ou outra coisa que tem que mastigar, eu mastigo mas tenho 
que cuspir fora. Só consigo comer sopas ou cremes. Líquidos também. Perdi peso, tô 
ficando fraca, mas não consigo engolir, tranca tudo. Tenho medo de acabar doente por 
causa disso, mas não sei como fazer. Tô disposta a me tratar, a tomar remédio. Só 
passando por essa situação é que a gente sabe como se sofre, como é quase impossível 
sair disso. Será que tem como eu sair dessa? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Caso 15 – LUCIANA (A) 
 
Leia o caso e classifique o diagnóstico multiaxial: 
 
 Luciana, 28 anos, irmã mais velha de três filhos, veio para atendimento 
encaminhada pelo HUSM. Apresentava um comportamento resistente e negativista, 
num primeiro momento. Veio acompanhada pela mãe e pelo pai. Junto aos pais, foram 
colhidas informações da história pregressa da paciente. 
 
História Pregressa: 
 
 Segue relato da mãe: 
 - A Luciana sempre foi um bebê meio rebelde. No início não queria mamar no 
peito, depois aceitou, mas eu sempre tinha a sensação que era meio forçada. Ela 
mamava porque precisava. Sempre inquieta. Parecia que não gostava de ficar perto da 
gente. Depois, quando cresceu isso foi mudando. Ficava perto, às vezes até grudava 
demais. Tinha um ciúme dos outros filhos.

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