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JUSNATURALISMO E PENA DE MORTE 1 1 – Jus naturalismo O jusnaturalismo é uma doutrina segundo a qual existe e pode ser conhecido um “direito natural” (jus naturale), ou seja, um sistema de normas de conduta intersubjetiva diverso do sistema constituído pelas normas fixadas pelo Estado (direito positivo). O jusnaturalismo defende que o direito é independente da vontade humana, ele existe antes mesmo do homem e acima das leis do homem, para os jusnaturalistas o direito é algo natural e tem como pressupostos os valores do ser humano, e busca sempre um ideal de justiça. O direito natural é universal, imutável e inviolável, é a lei imposta pela natureza a todos aqueles que se encontram em um estado de natureza. A corrente juspositivista (juspositivismo) acredita que só pode existir o direito e consequentemente a justiça, através de normas positivas, ou seja, normas emanadas pelo Estado, com poder coercivo. Podemos então dizer que o direito positivo são todas as normas escritas, criadas pelos homens por intermédio do Estado, que impõe a coletividade, e que deve estar adaptado aos princípios fundamentais do direito natural. Veja as principais diferenças entre o jusnaturalismo e o juspositivismo: JUSNATURALISMO JUSPOSITIVISMO - Leis superiores - Leis impostas - Direito como produtos de ideias (metafísico) X - Leis como produtos de ação humana (empírico- cultural) - Pressuposto: valores - Pressuposto: o próprio ordenamento positivo - Existência de Leis Naturais - Existência de Leis Formais 1.1 – Defensores da teoria do direito natural Tomás de Aquino: o direito natural preenche o divino, existe da natureza, e sua força está em si mesmo. Thomas Hobbes: procura conceituar o direito natural concebendo-o como “a liberdade que cada homem tem de usar livremente o próprio poder para a conservação da vida e, portanto, para fazer tudo aquilo que o juízo e a razão considerem como os meios idôneos para a consecução desse fim”. Nasce a partir do momento que surge o homem, aparece portanto naturalmente para regular a vida humana em sociedade. John Locke: todos têm direito a vida, a liberdade e a propriedade. A lei natural é uma regra eterna para todos, sendo evidente e inteligível para todas as criaturas racionais. A lei natural é igual a lei da razão. JUSNATURALISMO E PENA DE MORTE 2 Santo Agostinho: via o direito natural como imutável. Tinha como base o princípio das leis, das normatividades criadas e comandadas pelo “poder” divino (Deus). Marco Túlio Cícero: humanizou o direito natural, referindo-se a ele como uma lei verdadeira, ditada pela natureza, aplicada a todos os homens, imitável e eterna. Dizia que o Estado é superior ao homem, e que não poderia criar leis contra o direito natural, o que deveria servir de fonte inspiradora do direito positivo. Aristóteles: o direito natural consiste de um sistema de normas de conduta intersubjetiva, diverso do sistema constituído pelas normas do direito positivo. Ele tem validade em si, é anterior e superior ao direito positivo e, em caso de conflito, deve prevalecer. 1.2 – Críticos da teoria do direito natural Hans Kelsen: para ele o direito não é um ato de vontade, motivo que faz com que ele seja contra as teorias positivistas tradicionais, e também as teorias jusnaturalistas. O direito para Kelsen é um conjunto de prescrições, ou seja, de comandos, por isso que ele fala de direito como ordem normativa de coação, isto é, uma ordem coercitiva que prescreve condutas aos indivíduos. George Wilhelm Friedrich Hegel: critica as categorias fundamentais da corrente jusnaturalista, mas prossegue com esforço no sentido da compreensão e justificação racional do Estado. A ideia do direito natural remota a época clássica, subsistindo na idade média e com o termo jusnaturalismo, chegou a modernidade de forma reavivada e desenvolvida. Os jusnaturalistas se limitam a uma concepção idealista do Estado, com vistas a estabelecer apenas aquilo que o estado deveria ser, negligenciando o que ele efetivamente é. 2 – Pena de Morte A pena de morte ou pena capital, é normalmente uma sentença aplicada pelo poder judiciário que consiste na execução por "de - capital" (Morte rapidamente) de um indivíduo condenado. Historicamente, a pena é utilizada em casos de assassinato, espionagem, estupro, adultério, homossexualidade, corrupção política (Apostasia), e/ou de - não seguir a religião oficial em países teocráticos. 2.1 – Aspectos Históricos O termo pena advém do latim – poena – e sua acepção básica quer dizer sofrimento, ou também pode significar dó, lástima. Pode a pena ser encarada JUSNATURALISMO E PENA DE MORTE 3 sob o ângulo da vingança, do castigo, da intimidação, ato que conduz o infrator ao isolamento do convívio social como meio eficaz de pôr termo às ações perniciosas deste. No passado, a pena de morte foi amplamente aplicada. Os egípcios a admitiam para todos os crimes. Os hebreus e babilônios também faziam uso dessa medida em larga escala. Beccaria foi um dos defensores do fim da pena de morte, sendo a favor da privativa de liberdade, dando como fundamento não a crueldade daquela, mas sim a rapidez com que era cumprida, não fazendo o infrator “sofrer o que devia”. O Código de Hamurabi é normalmente citado como o texto jurídico mais antigo, contém 282 artigos e data, aproximadamente, do ano 2000 a. C. nele encontra-se aplicação da pena de morte em diversos casos: Art. 3°. Se um homem, em processo, se apresenta como testemunha de acusação e não prova o que disse, se o processo importa em perda de vida, ele deverá ser morto. Art. 6°. Se um homem roubou bens de Deus ou do palácio, deverá ser morto juntamente com aquele que recebeu o objeto roubado. Art. 22°. Se um homem cometeu um assalto e foi preso, deverá ser morto, entre outros. No Império Romano a traição à Pátria era condenada com a pena capital. Também os homicídios, violação de mulheres e crianças, falso testemunho, dentre outros. Na Idade Média, os hereges eram condenados à pena capital por fogueira, conforme os Concílios de Latrão (1215) e Toulouse (1229). Na Revolução Francesa a pena de decapitação foi estabelecida contra os inimigos do regime, em 1789. No ano de 2006 uma pesquisa mostrou que apenas 25 países no mundo ainda adotavam a pena de morte. 2.2 – A Pena de Morte no Mundo Em tempos passados a pena de morte constituía-se em um castigo banal. Quase todo o mundo a utilizava como pena para diversos tipos de crime. Normalmente associamos esta prática à realidade do passado, ao período medieval, e suas práticas bárbaras; que se contrapõem aos direitos humanos e que seriam inadimissíveis nos dias atuais. Contudo, em pleno século XXI, a pena de morte está prevista nas leis de mais de metade dos países do Mundo. Apesar dos avanços ocorridos percebemos que a maior parte da população mundial está sujeita a esta punição irreversível. Nos EUA, o país da «liberdade», foram executadas 53 pessoas durante o ano passado. Se formos contar a partir de 1976 ultrapassariamos o expressivo número de 1000 execuções (1057). Dados de Outubro de 2006 indicavam que existiam 3344 pessoas nos corredores da morte, sendo que, numa população JUSNATURALISMO E PENA DE MORTE 4 maioritariamente branca, apenas 45,1% dos condenados eram brancos (os afro- amamericanos são 42% dos condenados constituindo apenas 12% do total da população dos EUA). A pena de morte é aplicada em 38 dos 50 Estados americanos, bem como pelo próprio Governo Federal. Porém é a China que detem o recorde de execuções, calculando-seque este país seja responsável por 80% das mesmas a nível mundial (número aproximado, visto o Governo recusar publicar as estatísticas completas). Neste país uma pessoa pode ser sentenciada e executada por mais de 68 ofensas criminais, incluindo crimes não violentos como a fraude fiscal, peculato ou crimes relacionados com droga. Outros países recorrem igualmente com frequência à pena capital. Na Arábia Saudita, as pessoas são retiradas das suas celas e executadas sem terem conhecimento de que foram sentenciadas à morte. O Irã foi o único país que executou menores em 2005 e no Japão várias pessoas foram condenadas à morte após tortura e "confissões forçadas" por crimes que não cometeram. A pena de morte é também uma realidade em Cuba, Coreia do Norte, Coreia do Sul, Iraque, Índia, Paquistão e na maior parte dos países africanos. 2.3 – Os Tipos mais comuns de Pena de Morte ao longo da História Ao longo da história as formas mais usuais de pena de morte aplicadas no mundo são: Morte pela Fogueira – Esta prática de disseminou no século XIII a partir da criação dos tribunais de inquisição. Eram usados para punir crimes religiosos (fogo purificador). Na Idade Média era usado para punir crimes de heresia e bruxaria. A personagem mais conhecida, morta pela fogueira, foi Joana D’Arc. Nestes rituais, se algo saísse errado (a fogueira não acendesse), isto era visto como uma intervenção divina e a pessoa não poderia mais ser executada. Enforcamento – Neste tipo de execução o indivíduo é colocado sobre um cadafalso e tem uma corda amarrada em seu pescoço, quando o cadafalso se abre ele fica suspenso até morrer. Esta prática ainda está em uso em países como Afeganistão, Bangladesh, Cingapura, Irã, Iraque, Japão, etc. Guilhotina – Criada por Joseph Guillotin, tinha como propósito ser um instrumento capaz de matar de forma mais rápida, indolor e “humanitária”. Porém ela foi um símbolo de terror, principalmente durante a Revolução Francesa (1789-1799), onde milhares de pessoas foram mortas com o uso desta máquina. Dentre os personagens mais famosos da história que foram guilhotinados estão o rei d França Luiz XVI e sua esposa Maria Antonieta, após a abolição da monarquia em 1792. Decapitação – Durante a Idade Média a decapitação tinha um caráter político: era utilizada para os líderes de rebeliões. A decapitação foi praticada na Europa até o fim o antigo regime. A prática consiste no corte da cabeça do condenado, na maioria das vezes com um machado empunhado por um carrasco. A decapitação ainda é praticada atualmente. A Anistia Internacional registra que entre os anos de 2010 e JUSNATURALISMO E PENA DE MORTE 5 2011 várias pessoas foram executadas por este método na Arábia Saudita, que é realizada com o uso da espada. Crucificação – A crucificação foi introduzida como tortura pelos persas, e foi também adotada pelos germânicos e pelos britânicos. Porém foram os romanos que a utilizou de forma mais notável. Na crucificação, o indivíduo tinha os pés e as mãos pregados na cruz. Foi abolida por Constantino, imperador romano, em 337 d.C., sendo substituída pela forca, que era considerada um “método mais humano” de execução. A crucificação, ao longo dos séculos, foi praticada em vários países do oriente, hoje em dia, alguns códigos penais ainda preveem a crucificação como punição, como é o caso do Irã. Roda – Utilizada entre os séculos XIV e XV, era um instrumento de tortura que também provocava a morte do condenado. Era mais um dos métodos praticados pela Inquisição. Na prática, o indivíduo era colocado sobre a roda, com a barriga virada para cima e os membros estendidos e amarrados a estacas ou argolas, para impedir movimentos ou tentativas de fuga. Apedrejamento – É uma prática prevista na lei de Moisés (Lei Mosaica), sendo aceita por judeus e cristãos. Apesar de não constar no Corão, também é praticada pela lei islâmica. Neste método de execução, o condenado é enterrado no chão, os homens da cintura para cima e as mulheres do peito para cima; sendo então alvo de pedras. Este tipo de pena, hoje em dia, ainda é praticado em países como Afeganistão, Sudão, Irã e Nigéria, principalmente para as penas contra homossexualismo e adultério. A Anistia Internacional verificou que a última morte por apedrejamento ocorreu em 2009. Porém o Irã tem pelo menos 15 pessoas condenada e que estão sem data para serem executadas. Morte por elefante – Esta prática ficou muito conhecida principalmente no sudeste da Ásia. Por exemplo, na Índia tanto os governantes hindus como os mulçumanos executavam os devedores de impostos, rebeldes e soldados inimigos sob os pés dos elefantes. Além destas existe um cem número de outras formas de se executar a pena de morte, como empalamento, carrote, fuzilamento, câmara de gás, enterrar a pessoa viva, afogamento, etc. 2.4 – Pena de Morte no Mundo - Hoje Como qualquer tipo de tema que envolva a vida humana (ex: a eutanásia e o aborto), a pena de morte é motivo de muita discussão. A Pena de Morte ou Pena Capital é aplicada em muitos países, inclusive em nações consideradas desenvolvidas. Estes países não encontraram outra forma de punir os delitos praticados pelos seus cidadão de forma menos cruel e desumana. No final de 2011, 18.750 pessoas estavam no corredor da morte em todo o mundo. No ano passado 680 prisioneiros foram executados, e neste mesmo ano 1.923 pessoas foram condenados à pena de morte em 63 países. De acordo com a Anistia Internacional o aumento em relação a 2010 se deu porque países como o Irã, por exemplo, é responsável por 278 mortes. JUSNATURALISMO E PENA DE MORTE 6 Entretanto, este número pode ser bem maior pois presos executados na China não entram nas estatísticas, uma vez que este governo não divulgam informações oficiais a estes respeito. Além da China, países como a Bielorrúsia, Mongólia, Vietnã também não revelam informações sobre isto. A tendência, hoje, é a da abolição deste tipo de pena. Portugal foi o primeiro país europeu a abolir sua utilização. Segundo a Anistia Internacional, cerca de 778 pessoas foram executadas em 22 países no ano de 2013. Em 2012, pelo menos 682 prisioneiros foram executados em 21 países. E a maioria destas execuções foram realizadas em países como a China, Irã, Iraque, Arábia Saudita, EUA e Somália, nesta ordem. No Oriente Médio a pena de morte mais utilizada são o enforcamento e o apedrejamento; já nos países asiáticos é mais comum serem utilizados a decapitação e o fuzilamento; no entanto, nas Américas a maioria dos condenados são executados através da injeção letal e da eletrocussão. 2.5 – Violação dos Direitos Humanos A Anistia Internacional defende a abolição da pena capital: “A pena de morte é a maior negação dos direitos humanos. É o assassinato premeditado, a sangue frio, de um ser humano pelo Estado. Esta cruel, desumana e degradante é feita em nome da justiça. Ela viola o direito à vida como proclamado pela Declaração Universal dos Direitos do Humanos” A Anistia Internacional se opõe à pena de morte em todos os casos, sem exceção, independente da natureza do crime, das características do agressor e do método usado para matar o prisioneiro. 3 – Histórico da Pena de Morte no Brasil Até o fim do Império, a pena de morte derramou muito sangue no Brasil. Durante mais de 300 anos, índios, rebeldes e escravos, entre outros, morreram pelas mãos do Estado. 3.1 – Brasil Colônia A pena capital chegou ao Brasil pouco depois de Cabral. Naquela época não existiam julgamentos: as execuções, geralmente, eram sumárias. Em 1530, ano da chegada da primeira expedição de ocupação vinda de Portugal, liderada por Martim Afonso de Souza, começaram os assassinatos feitos em nome do Estado. A partir do século XVIII, Portugalcomeçou a intervir mais na política da colônia. O principal foco de fiscalização era Minas Gerais, por causa dos metais preciosos descobertos por lá. As revoltas eram quase sempre punidas exemplarmente, como o caso de Tiradentes, não bastava para as autoridades que o réu fosse enforcado e esquartejado. A sentença do inconfidente foi a de “morte para sempre”, o que significava matar também sua memória: derrubar sua casa, salgar o terreno para que nada mais crescesse por lá e declarar infames todos os seus descendentes. JUSNATURALISMO E PENA DE MORTE 7 Após a Independência, em 1822, a tortura do réu e a mutilação do cadáver passaram a ser vistas como barbárie. Em 1830, surgiu o Código Criminal do Império. O texto manteve a pena de morte, mas o fez apenas para homicídios e revoltas escravas. Todas as mortes tinham que ser pela forca. Foram banidas a tortura, o esquartejamento e a exposição de corpos. O Imperador D. Pedro II tinha muita aversão as execuções por pena de morte, e a partir de 1854, em todas as sentenças de pena de morte a última palavra sobre a execução caberia a ele. O monarca revertia as penas de morte em penas de prisão perpetua, inclusive para os escravos. O último homem livre a ser executado foi Antônio José das Virgens em 1861 na Paraíba por enforcamento. Desta forma, ainda que continuasse a existir legalmente, ela foi desaparecendo na prática. 3.2 – Três séculos de morte As leis do Império Português instituíram as execuções violentas no Brasil 1500-1521 As leis na colônia são as mesmas de Portugal, seguindo as Ordenações Afonsinas, criadas em 1446 pelo rei Afonso V. Diversos crimes são punidos com mortes cruéis. 1521-1603 Durante o reinado do português Manuel I, as Ordenações Manuelinas substituem as Afonsinas. Em relação à pena de morte, pouco muda. 1603-1830 Com Filipe II, surgem as Ordenações Filipinas, criadas por Filipe I. A pena de morte podia ser acompanhada por tortura, decepamento de membros e esquartejamento. 1830 Entra em vigor o Código Criminal do Império. A pena de morte é mantida, mas só pela forca, sem tortura ou exposição dos cadáveres. Na justiça militar, vale o fuzilamento. 1835 Em 10 de junho, é promulgada a lei segundo a qual os escravos devem ser sempre condenados à morte se matarem seu senhor ou alguém da família dele. 1854 O imperador Pedro II estabelece que a palavra final sobre qualquer sentença de morte, inclusive as de escravos, cabe a ele. JUSNATURALISMO E PENA DE MORTE 8 1861 Última execução de um homem livre no país. Antônio José das Virgens, cúmplice de homicídio, foi enforcado em 8 de maio. 1876 No dia 28 de abril, o escravo Francisco se torna o último indivíduo a ser executado no Brasil. 1889 Chega a República. Dois anos depois, a nova Constituição brasileira é sancionada. A pena de morte deixa oficialmente de existir. 3.3 – Brasil República A pena de morte não é utilizada oficialmente desde a Proclamação da República em 1889. Historicamente, o Brasil é o segundo país das Américas a abolir a pena de morte como forma de punição para crimes comuns, precedido pela Costa Rica, que aboliu a prática em 1859. Em 1937 Getúlio Vargas outorgou, em 10 de novembro, a Constituição do Estado Novo, onde foi admitido a possibilidade de se instituir a pena de morte para outros crimes alem daqueles cometidos durante a guerra. Em 1 de outrubro de 1942, o decreto nº 4.766 estabeleceu a pena capital como pena máxima para inúmeros “crimees militares e contra a segurança do Estado”. No período do regime militar a Lei de Segurança Nacional, instaurada em 29 de setembro de 1969 (revogada em 17 de dezembro de 1978 pela nova Lei de Segurança) determinou a pena capital para diversos crimes políticos. Muitos militanes da esquerda armada foram condenados à morte, porém suas penas foram transformadas, pelo Superior Tribunal Militar, em prisão perpétua. 3.4 – Lei internacional O Brasil é membro do Protocolo da Convenção Americana de Direitos Humanos para a Abolição da Pena de Morte, que foi ratificado em 13 de agosto de 1996. De acordo com a lei internacional, a aplicação da pena de morte durante tempos de guerra é aceitável. O artigo 2, parágrafo 1 do Segundo Protocolo Opcional das Nações Unidas para o Acordo Internacional dos Direitos Civis e Políticos Objetivando a Abolição da Pena de Morte permite os membros a manter alguns tipos de exceções para a pena capital, incluindo a de utilizá-la em tempos de guerra. JUSNATURALISMO E PENA DE MORTE 9 3.5 – Nos meios de comunicação Em 2007, o caso do menino João Hélio fez os meios de comunicação reacenderem a discussão sobre a reintrodução da pena de morte. O governo brasileiro, no entanto, vêm demonstrando pouco ou nenhum interesse em reintroduzir a prática que já não é utilizada há mais de 145 anos, apesar de que o apoio popular ao uso da pena capital aumentou drasticamente no país graças à maciça divulgação do citado crime. Convém observar que todas as vezes em que há algum crime que passa a ser de comoção nacional, a população clama para que a pena de morte seja reintroduzida no Brasil. Mas, após passar alguns meses os níveis voltam ao normal; como podemos perceber em uma pesquisa mais recente do instituto Datafolha, que mostrou que o índice de aprovação à utilização da pena caiu no início de 2008, quase empatando com o de não- aprovação. Fonte: instituto Datafolha Entretanto, existe uma discussão, do ponto de vista jurídico, pois de acordo com o artigo 5º da Constituição Federal, que é uma Cláusula Pétrea, a pena de morte é proibida. Alguns legisladores acreditam que para modificar este artigo deverá ser convocado uma nova assembléia constituite, já tem outros que julgam que nem mesmo com uma nova Constituição seria possível reintroduzir a pena capital, pois isto seria uma negaçao das conquistas sociais. 3.6 – Legislação – Constituição Federal A pena de morte é proibida no Brasil, exceto em tempos de guerra, conforme a Constituição Federal, que no artigo 5, inciso XLVII, aboliu a pena de morte, "salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX". O 'artigo 84 autoriza a pena de morte nas seguintes condições: XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas condições, decretar, total ou parcialmente, a mobilização nacional; Em tempos de guerra, a pena de morte deve ser executada pelos militares, que para isto utilizam o Código Militar Penal que estabelece em seu JUSNATURALISMO E PENA DE MORTE 10 artigo 55º a pena de morte, no artigo 56º que a pena de morte deve ser executada por fuzilamento, já no artigo 57º diz que a sentença deve ser comunicada ao Presidente da República e após 7 dias do comunicado é que poderá se executada.
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