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DISCIPLINA: DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO Autoria: Maxwilian Novais Oliveira Nova Venécia/ES, 2016 Diretor Executivo: Tadeu Antônio de Oliveira Penina Diretora Acadêmica: Eliene Maria Gava Ferrão Diretor Administrativo Financeiro: Fernando Bom Costalonga 2 Direito Internacional Público AD – Núcleo de Educação à Distância GESTÃO ACADÊMICA - Coord. Didático Pedagógico GESTÃO ACADÊMICA - Coord. Didático Semipresencial GESTÃO DE MATERIAIS PEDAGÓGICOS E METODOLOGIA Coord. Geral de EAD BIBLIOTECA MULTIVIX (Dados de publicação na fonte) Disciplina: Direito Eleitoral Autoria: Leonardo Moreira Guimarães Primeira Edição: 2016 3 Direito Internacional Público SUMÁRIO 1º BIMESTRE 1 UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO AO DIREITO ELEITORAL 1.1 CONCEITOS………………………………………………………………………… 7 1.2 FONTES DO DIREITO ELEITORAL……………………………………………... 7 1.3 DIREITOS POLÍTICOS, SUFRÁGIO E SOBERANIA POPULAR…………….. 8 2 UNIDADE 2 – EXERCÍCIO DOS DIREITOS POLÍTICOS 2.1 EXERCÍCIO DOS DIREITOS POLÍTICOS ATIVOS…………………………….. 12 2.2 EXERCÍCIO DOS DIREITOS POLÍTICOS PASSIVOS..……………………….. 12 2.3 CONDIÇÕES DE ELEGIBILIDADE……………………………………………..... 12 2.4 CAUSAS DE INELEGIBILIDADE……………………………………………........ 13 2.5 AQUISIÇÃO, SUSPENSÃO E PERDA DOS DIREITOS POLÍTICOS………... 15 3 UNIDADE 3 – PRINCÍPIOS DO DIREITO ELEITORAL …………. 18 4 UNIDADE 4 – EVOLUÇÃO DO DIREITO ELEITORAL ………….. 24 5 UNIDADE 5 – JUSTIÇA ELEITORAL 5.1 SISTEMAS DE CONTROLE ELEITORAL……………………………………….. 27 5.2 ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA ELEITORAL…………....……………………….. 27 5.3 COMPETÊNCIAS DA JUSTIÇA ELEITORAL…..……………………………..... 29 5.4 FUNÇÕES DA JUSTIÇA ELEITORAL…...…………………………………........ 31 5.5 CIRCUNSCRIÇÕES DA JUSTIÇA ELEITORAL………………………………... 32 5.6 JURISDIÇÃO ELEITORAL…………………………………………………….…... 32 6 UNIDADE 6 – MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL …………….. 33 7 UNIDADE 7 – PROCESSO ELEITORAL 7.1 INTRODUÇÃO...…………………………………………………………………… 35 7.2 ALISTAMENTO ELEITORAL…………………………………………... 35 7.3 TRANSFERÊNCIA DE DOMICÍLIO ELEITORAL………………...…………….. 36 7.4 REVISÃO DO CADASTRO ELEITORAL………………….……………………... 37 7.5 CANCELAMENTO DA INSCRIÇÃO ELEITORAL………………………………. 37 7.6 REVISÃO DO ELEITORADO (RECADASTRAMENTO ELEITORAL)……….. 38 7.7 CONVENÇÕES PARTIDÁRIAS E REGISTRO DE CANDIDATURAS………. 38 7.8 PROPAGANDA ELEITORAL ………………………………………..……………. 40 50 7.9 7.10 FINANCIAMENTO DE CAMPANHA……………………………………………… ELEIÇÕES E MANDATOS ELETIVOS............................................................ 55 4 Direito Internacional Público 2º BIMESTRE 8 UNIDADE 8 – CONDUTAS VEDADAS, ABUSO DE PODER E CAPTAÇÃO ILÍTICA DE SUFRAGIO 8.1 CONDUTAS VEDADAS.................................................................................... 66 8.2 ABUSO DE PODER......................................................................................... 68 8.3 CAPTAÇÃO ILÍCITA DE SUFRÁGIO – COMPRA DE VOTOS ....................... 71 9 UNIDADE 9 – CONTENCIOSO ELEITORAL 9.1 AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE REGISTRO DE CANDIDATURA…..…………. 73 9.2 AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL …………………….…….. 74 9.3 AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DO MANDATO ELETIVO …………………………. 76 9.4 RECURSO CONTRA A DIPLOMAÇÃO………………………………...……….. 77 9.5 REPRESENTAÇÕES DA LEI N. 9.504/97………………………………………. 79 9.6 UTILIZAÇÃO SUBSIDIÁRIA DO CPC………………….................................... 80 10 UNIDADE 10 – CRIMES ELEITORAIS E PROCESSO PENAL ELEITORAL ...................…………………………………………………......... 90 11 REFERÊNCIAS............................................................................................ 96 5 Direito Internacional Público DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO 6 Direito Internacional Público 1º Bimestre 7 Direito Internacional Público 1 INTRODUÇÃO E EVOLUÇÃO HISTÓRICA A facilidade de comunicação estreitou as relações internacionais entre Estados, e com o passar dos tempos, após a sua criação, com as organizações internacionais, onde todos hoje fazemos parte da sociedade internacional, ou também denominada de Comunidade Internacional. Não se sabe ao certo quando surgiu o Direito Internacional, mas através de estudos, fica comprovado que, desde que as pessoas começaram a viver em comunidade mais organizadas, denominada de civilizações antigas, já havia alguns acordos com civilizações diferentes. Nessas civilizações antigas temos conhecimento de um acordo concluído no III milênio antes de Cristo realizado entre o Rei de Elba e o Rei da Assíria estabelecendo relações de amizade e de um comércio mais livre, fixando ainda sanções a serem aplicadas pelos delitos cometidos pelos súditos dos dois reinos. Outro exemplo é o tratado de paz de Kaddesh realizado em 1258 a.C., entre o Faraó Ramses II do Egito e Hattusili III da civilização Hititas. Na Grécia Antiga os instrumentos de diplomacia utilizado eram o chamado testemunho formal de Tucídides e os tratados. Já no império Romano, também foi encontrado vestígios da existência de um Direito Internacional, nomeado na constituição da Liga Latina e pela submissão dos povos estrangeiros em relação as regras jurídicas romanas. No fim da Idade Média e com o reconhecimento da Soberania e do Estado de Direito, três direitos dos Estados passaram a existir: O Jus tractum que é o Direito de celebrar tratados, o Jus legationis que é o Direito de enviar e receber representantes diplomáticos e o Jus belli que é o Direito de fazer guerra. Para os doutrinadores clássicos, o Direito Internacional surgiu com a implantação dos sistemas europeus de Estados datados nos séculos XVI e XVII, cujo marco histórico e o tratado de Paz de Vestefália em 1648. BRAGA (2010, p. 10) relata a importância 8 Direito Internacional Público desse tratado: Destarte, pode-se dizer que a paz de Vestefália foi determinante para o Direito Internacional, porquanto, ao construir os elementos do Estado moderno e consagrar a igualdade soberana, alterou profundamente a sociedade internacional, colocando o Estado na qualidade de seu principal ator. E é a partir dessa realidade que o Direito Internacional passou a ser desenvolvido, visto que, até os dias atuais, não obstante outros atores internacionais terem tido sua importância ampliada, O Estado permanece como elemento central da sociedade internacional. Os tratados internacionais, tem sua base firmada na Convenção de Viena de 1969 que tem como objeto o Direito dos Tratados, baseado nos princípios do livre consentimento, boa-fé e pacta sunt servanda que estão inseridos no preâmbulo da Convenção de Viena que assim diz: “um acordo internacional concluído por escrito entre Estados e regidos pelo Direito Internacional, que esteja consignado num instrumento único, quer dois ou mais instrumentos conexos, e qualquer que seja a sua denominação particular”. Tal conceito não corresponde mais a prática, uma vez que em 1986 a Convenção de Viena foi concluída incorporando nos Direitos dos Tratados as Organizações Internacionais, ou seja, os tratados podem ser entre Estados, entre Estadose Organizações Internacionais ou entre Organizações Internacionais. Diante dessa confirmação da Convenção de Viena BRAGA (2009, p. 34) conceitua tratado internacional como “um acordo formal de vontades de dois ou mais sujeitos de Direito Internacional com capacidade específica para tratar, regulado pelo Direito Internacional e concluído por escrito entre as partes com a finalidade de produzir efeitos jurídicos no plano internacional”. 9 Direito Internacional Público 2 FONTES DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO O art. 38 da Corte Internacional de Justiça traz a baila pontos importantes referente às fontes do Direito Internacional Público. A doutrina divide as fontes em primárias e secundárias. As fontes primárias são as convenções Internacionais, ou seja, os tratados, o costume internacional e os princípios gerais do direito. As convenções internacionais segundo BRAGA (2009, p. 24) “[...] são considerados a fonte mais importante do Direito Internacional, não apenas por força da sua multiplicidade, mas também porque, em regra, os assuntos mais importantes da ordem jurídica internacional são por eles regulados.” O costume internacional é outra fonte primária do direito internacional público, aliás, é a fonte mais utilizada pela comunidade internacional, principalmente até a segunda guerra mundial. Apesar de hoje não ter a mesma eficácia e aplicabilidade do anteriormente, ele ainda é fonte de extrema importância, isto porque, muitos tratados possuem origem no Direito consuetudinário. A terceira fonte primária são os princípios gerais do direito. Segundo BRAGA (2009, p.27), São considerados princípios gerais do Direito Internacional aqueles que se encontram positivados em grande parte dos ordenamentos jurídicos internos dos Estados, não sendo necessária a sua positivação na totalidade dos ordenamentos estatais. Assim, são considerados princípios gerais do Direito a boa-fé, a coisa julgada, contraditório, o direito adquirido e o pacta sunt servanda, entre outros. Além das fontes primárias temos as fontes secundárias que são a Doutrina, a Jurisprudência, a equidade, as decisões judiciais. 10 Direito Internacional Público 3 TRATADOS Tratado é um acordo formal concluído entre sujeitos do direito Internacional Público e destinado a produzir efeitos jurídicos existem várias terminologias para o tratado internacional tais como convenção, declaração, ato, pacto, estatuto, protocolo, acordo, concordata, compromisso, troca de notas, carta, convênio, etc. 3.1 ATORES DOS TRATADOS Necessariamente os atores dos tratados internacionais são pessoas jurídicas do Direito Internacional Público, ou seja, os Estados soberanos, as organizações internacionais e a Santa Sé. Assim, empresas privadas não possuem personalidade jurídica de realizar tratados 3.2 EFEITOS JURÍDICOS DOS TRATADOS Para um tratado internacional produzir os respectivos efeitos jurídicos é necessário a ratificação do mesmo. Todavia nem toda manifestação de vontade produzirá efeitos jurídicos é o caso do denominado gentlemen’s agreement, ou seja, o acordo de cavalheiros. Esse acordo não produz efeitos jurídicos tendo em vista ser um compromisso moral entre as partes. Esse tipo de acordo é comum nos Estados anglo- saxões. 3.3 CLASSIFICAÇÃO DOS TRATADOS Existem vários critérios para classificação dos tratados internacionais, vamos através deste breve estudo, tratar apenas dos mais conhecidos e importantes. O primeiro modo de classificação diz respeito ao número de partes contratantes. Nessa classificação os tratados podem ser bilaterais ou multilaterais. Os tratados bilaterais são aqueles compostos de apenas duas partes e os multilaterais ou também denominados de coletivos possuem três ou mais participantes. É necessário mencionar que nos tratados multilaterais, em regra, possui cláusula de adesão que 11 Direito Internacional Público permite a vinculação de outros sujeitos que não participaram da conclusão do tratado. O segundo é quanto ao procedimento dos tratados internacionais. Nesta classificação o que importa é se no processo de conclusão do tratado ele exige apenas uma fase ou duas. Se exigir duas fases o procedimento será bifásico, isto é, exige a assinatura e a ratificação. Quando for apenas uma fase, o procedimento será unifásico, sendo a única exigência a assinatura. Outro modo de classificação dos tratados é quanto a sua natureza jurídica. Nesta classificação os tratados podem ser contratuais ou normativos. Quando ele é celebrado entre várias partes com o objetivo de fixar normas internacionais entre os participantes a sua natureza será normativa. Quando procura regular interesses recíprocos entre os sujeitos será contratual. Quanto à Execução no tempo os tratados podem ser permanentes ou transitórios. O primeiro são aqueles que possuem uma execução sucessiva, sem prazo de término, isto é, se prolongando no decurso do tempo. Já os transitórios possuem um lapso temporal determinado, devem ser executados de pronto. Além da execução no tempo os tratados ainda se classificam quanto à sua execução no espaço. Essa classificação se aplica de modo amplo ou restrito. O tratado amplo se estende por todo território do Estado Soberano. Já o tratado restrito sua execução será apenas em uma determinada área do território. É o caso, por exemplo, do Tratado de Cooperação Amazônica firmando no ano de 1978 entre os Estados que possuem a floresta. Esse tratado é aplicado no Brasil apenas na região onde se encontra a Bacia Amazônica. Por fim, os tratados ainda podem se classificar quanto à abertura a terceiros sujeitos. Nesta classificação os tratados podem ser abertos, semifechados ou fechados. Os tratados abertos são aqueles que não impõem limites à participação de terceiros caso não tenham participado das negociações que determinaram a conclusão do mesmo. Os semifechados permite a participação de terceiros desde que o mesmo preencha alguns requisitos exigidos em sua conclusão, esses requisitos podem ser geográficos, 12 Direito Internacional Público econômicos, políticos, etc. e os fechados proíbe na sua essência a adesão de terceiros, geralmente são os tratados bilaterais. 3.4 NATUREZA JURÍDICA Quanto a natureza jurídica dos tratados internacionais temos que observar duas situações, como já exposto na classificação dos tratados. A primeira delas é que o tratado possui natureza jurídica contratual e a segunda é denominada de tratado normativo ou tratado lei. O tratado normativo é aquele que tem o objetivo de fixar normas de Direito Internacional Público é o caso, por exemplo, da Convenção de Viena que é uma fonte normativa do Direito Internacional Público. Temos ainda como exemplo a criação de uniões internacionais com foco administrativo, como a OMS (Organização Mundial da Saúde), entre outros. A segunda forma é o denominado tratado contrato, ou seja, o tratado ele pode ter natureza contratual. Geralmente os contratos bilaterais possuem este foco privado, como por exemplo, o chamado de tratado de fronteira, onde os Estados vizinhos de modo particular podem estabelecer critérios contratuais sobre as fronteiras. É o que ocorre também nos tratados de comércio e os tratados de cessão de permissão dentro de território. 3.5 CONDIÇÕES DE VALIDADE DOS TRATADOS INTERNACIONAIS Para um tratado internacional ter a devida validade no mundo jurídico é necessário o cumprimento de alguns requisitos, quaissejam capacidade das partes, agentes habilitados, consentimento mútuo e a licitude e possibilidade de seu objeto. Vamos nesse momento falar sobre cada um deles. 3.5.1 PARTES CAPAZES Sobre as Partes capazes o art. 6º da Convenção de Viena dispõe que “ todo Estado 13 Direito Internacional Público tem capacidade para concluir tratados” existem alguns Estado soberanos que concedem aos seus Estados federados esse direito, todavia, o Estado Brasileiro não se responsabiliza caso um estado-membro venha firmar acordo internacional sem a prévia do Poder Executivo Federal e aprovação do Senado Federal. Além dos Estados, as Organizações Internacionais também possuem capacidade reconhecida para celebrarem tratados, é o caso também do Estado da Santa Sé e dos beligerantes. 3.5.2 AGENTES HABILITADOS Está habilitação para agir em nome das Pessoas Jurídicas de Direito Internacional Público é manifestada com a carta de plenos poderes. Quando falamos em agentes habilitados, estamos falando da competência para representar as Pessoas Jurídicas de Direito Internacional Público. A doutrina traz quatro formas desses agentes habilitados. A primeira delas é o Chefe de Estado que é o representante do Estado nas relações internacionais. O segundo é o Chefe de Governo que represente o Estado, em regra, internamente, mas em regimes parlamentaristas pode vir a representar em órgãos internacionais. Além das figuras de Chefe de Estado e Chefe de Governo, existem os órgãos plenipotenciários que são os denominados terceiros signatários e que possui essa qualidade representativa manifestada pela Carta de Plenos Poderes e por esta razão são denominados de plenipotenciários. O Ministro das Relações Exteriores, O Ministro de Estado, o Chefe de missão Diplomática (embaixador ou cônsul), são exemplos de órgãos plenipotenciários. No caso do Ministro de Estado não precisa da Carta de Pleno Poderes, pois o seu poder é amplo. 3.5.3 CONSENTIMENTO MÚTUO O consentimento pode ser manifestado pela assinatura, pela troca de instrumentos constitutivos de um tratado, pela ratificação, pela aceitação, pela aprovação ou pela 14 Direito Internacional Público adesão, vai depender da estrutura legislativa de cada Estado a respeito desse tema. Claro está que este consentimento não pode sofrer qualquer tipo de vício, ou seja, não pode sofrer erro, dolo coação, corrupção etc. No caso dos tratados multilaterais é necessário que esse consentimento seja efetuado pela maioria de 2/3 dos presentes e votantes (Convenção de Viena), além de promover o depósito da Carta de ratificação. Quando bilateral, com a simples troca da carta de ratificação. 3.5.4 OBJETO LÍCITO E POSSÍVEL O tratado deve ter o seu objeto respaldado na licitude e possibilidade, ou seja, assim como no direito interno, o Direito Internacional só se deve visar coisa materialmente possível e permitida pelo direito e pela moral. 3.6 EFEITOS DOS TRATADOS SOBRE TERCEIROS A priori os efeitos produzidos pelos tratados são apenas entre as partes contratantes possuindo vínculo jurídico e, portanto, cumprimento obrigatório, bastando apenas a sua entrada em vigor. Todavia, um tratado pode produzir efeitos perante terceiros é o caso de contrato bilateral com cláusula da Nação mais favorecida. Por exemplo, um determinado Estado diminui a alíquota de importação sobre bens e serviços em benefício de outro Estado, porém, existindo nesse contrato a Cláusula da nação mais favorecida, ele pode passar os efeitos desse contrato para um terceiro Estado. 3.7 ESTRUTURA DOS TRATADOS Não existe uma forma preestabelecida de como um tratado deve ser estruturado, mas 15 Direito Internacional Público é plenamente possível constatar uma estrutura padrão, não de modo taxativo. Em regra os tratados possuem um título que deve indicar o assunto do mesmo, o preâmbulo que promove a indicação das partes contratantes e as suas respectivas credenciais, os considerados (considerações) que informam as verdadeiras intenções do tratado, isto é, o motivo, as circunstancias e a finalidade em sua constituição, o dispositivo que é a regra estabelecida bem como tudo sobre as questões de ratificação, adesão, entrada em vigor, possibilidade de denúncia, reserva, ou seja, é a parte mais importante do tratado. Além disso, o tratado ainda possui o fecho que é a designação do local e data da celebração do tratado internacional, bem como, a designação do idioma adotado, as assinaturas que é efetuada pelo representante de cada sujeito participante e o selo de lacre que é o local destinado aos participantes a incluir as armas das altas partes contratantes devidamente selado para selar o compromisso entre elas. 3.8 ASSINATURA, RATIFICAÇÃO, ADESÃO E ACEITAÇÃO DOS TRATADOS Segundo o art. 11 da Convenção sobre o Direito dos Tratados “o consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado pode manifestar-se pela assinatura, troca de instrumento constitutivo do tratado, ratificação, aceitação, aprovação ou adesão, ou por qualquer outros meios, se assim for acordado. Assinatura é o ato de autenticação do texto do tratado, isto porque ele atesta que os negociadores concordam com o texto produzido, além disso, é no ato da assinatura que começa a contar para a troca ou o depósito dos instrumentos de ratificação. Cabe salientar ainda que a assinatura pode ter um valor político e pode significar que o signatário do tratado reconhece as normas costumeiras tornadas convencionais. Em regra, por si só, a assinatura não vincula as partes, uma vez que na maioria dos tratados exige-se a ratificação, todavia, nada impede que ela vincule as partes, desde que tenha convencionado isso no tratado constitutivo, bem como, a Carta de Pleno Poderes contenha disposição neste sentido ou quando, no momento da negociação as partes tenha manifestado expressamente essa possibilidade. 16 Direito Internacional Público Ratificação é o ato administrativo no qual o Chefe de Estado confirma um tratado firmado em seu nome ou em nome do Estado, declarando aceito o que foi convencionado pelo agente signatário. Alguns dizem que a assinatura do tratado perdeu a sua importância com o desenvolvimento da ratificação, porém, como supramencionado acima ela possui a sua importância tais como autenticar o texto do tratado, atestar que os negociadores concordam com o texto produzido; dar início ao prazo para troca ou depósito dos instrumentos de ratificação; etc. Uma vez assinado o tratado, em sua maioria, depende da ratificação para que vincule as partes contratantes, uma vez que ela é um ato administrativo internacional. Assim podemos dizer que a assinatura é o ato inicial que poderá ou não produzir obrigações para os sujeitos, vislumbrando a autenticidade do texto do tratado e comprovar que os sujeitos concordam com os termos do tratado, já a ratificação é o ato que determinará o vínculo jurídico entre os Estados. A ratificação, geralmente ocorre com a aprovação do parlamento, é o que ocorre no Brasil, onde a competência é do Congresso Nacional. A ratificação é um ato do Poder Executivo, que pode ou não ser precedido pelo Legislativo, conforme a regulamentação constitucional conferida por cada Estado. No Brasil, o tratado deve ser aprovado pelo Congresso Nacional através de um decreto legislativo promulgado pelo Presidente do Senado, todavia o ato de ratificação é do Chefe de Estado, no caso específico pelo Presidente da República. Ou seja, a ratificação é um atojurídico externo do governo, de cunho político e discricionário, que deve ser manifestado de forma expressa, irretroativo, irretratável e não submetido a prazos gerais. Caso o tratado já tenha cláusula prevendo a sua própria ratificação sem a necessidade desse procedimento interno não será concretizado, isto porque ele deve ser submetido às formalidades constitucionais estabelecidas para esse fim. 17 Direito Internacional Público 3.9 TROCA OU DEPÓSITO DO INSTRUMENTO DE RATIFICAÇÃO A ratificação é concedida por meio de um documento, denominado de carta de ratificação que é assinada pelo Chefe de Estado e referendado pelo Ministro das Relações Exteriores, nesta carta tem uma promessa da inviabilidade do tratado. Um tratado para entrar em vigor depende da troca da carta de ratificação com outra idêntica da outra parte contratante, ou o seu depósito em lugar indicado no tratado. Assim, temos que verificar se o tratado é bilateral ou multilateral. Se o tratado for bilateral os sujeitos promoverão a troca da carta de ratificação, porém, se for multilateral os sujeitos participantes do tratado enviarão ao governo de um Estado determinado no tratado para receber as cartas de ratificação. A ratificação só ocorre para os países que originalmente firmaram o tratado. Os Estados que posteriormente desejarem ser parte em um tratado multilateral, o recurso é a Adesão ou a Aceitação que é feita junto à organização internacional ou ao Estado Depositário. 3.10 PROMULGAÇÃO, PUBLICAÇÃO E REGISTRO A promulgação é um ato Jurídico Interno que vincula o Governo do Estado à existência de um tratado e o preenchimento de seus requisitos formais necessários à conclusão do mesmo. É através da promulgação que essa tratado passa a ter poder de execução da soberania do Estado. Os efeitos dele é interno, já que ele confere a auto- executoriedade do tratado no plano interno. Já a publicação é necessário para que os indivíduos do Estado que promulgou o tratado tomem conhecimento do mesmo. No Brasil, a publicação ocorre por Decreto Legislativo que é emitido pelo Congresso Nacional, após aprovação do mesmo e por um Decreto Executivo do Presidente da república que é a promulgação. Cabe salientar, que o texto do tratado será acompanhando com o Decreto da Promulgação. 18 Direito Internacional Público Quanto aos registro, o art. 102 da Carta das Nações Unidas diz que o tratado deve ser registrado no Secretariado da ONU e este órgão irá publicá-lo. Caso as partes não promoverem o registro na ONU não poderá ser invocado, por qualquer membro perante a qualquer órgão das Nações Unidas. Apesar do texto do art. 102, as Nações Unidas, em sua prática, tem permitido que sujeitos não-membros da ONU registrem os tratados que vierem a concluir. 3.11 PROCESSO DE INCORPORAÇÃO NO DIREITO INTERNO BRASILEIRO No Brasil, para que um tratado seja incorporado ao ordenamento jurídico interno é preciso que o Congresso Nacional aprove o texto, como determina o art. 49, I da Constituição Federal. O procedimento é da seguinte forma: O Presidente da república envia para o Congresso Nacional o inteiro teor do tratado internacional que deve estar acompanhada de motivação do Ministro das relações exteriores; a primeira casa a apreciar o tratado é a Câmara dos Deputados. Nesta casa, como determina o seu Regimento Interno, os tratados devem ser apreciados, inicialmente pela Comissão de Relações Exteriores, após essa apreciação o mesmo é enviado para a Comissão de Constituição de Justiça e Cidadania, que verificará a constitucionalidade do tratado. Passado essa fase é encaminhado para o Senado Federal que será discutido pela Comissão de Relações Exteriores do Senado e, após, pela Defesa Nacional. Independentemente da decisão o tratado é levado a votação sendo maioria relativa em caso de aprovação e maioria absoluta em caso não aprovação. Importante: sendo o Decreto Legislativo aprovado pelo Congresso Nacional caberá ao Presidente do Senado Federal providenciar a publicação no Diário Oficial da União, posteriormente, atendida a exigência do art. 49, I da CF, o Presidente da República, poderá ratificar o tratado, mediante a promulgação do Decreto Presidencial. OBS 1.: em regra os tratados internacionais incorporados ao ordenamento jurídico assumem status de lei Ordinária. 19 Direito Internacional Público OBS 2.: se a matéria do tratado refere-se a direitos humanos, os tratados serão equivalentes as emendas constitucionais, art. 5, parágrafo 3 da CF. OBS 3.: o STF em 2008, em razão da ratificação de tratados anteriores a criação do parágrafo 3 do art. 5 da CF, decidiu pela equiparação de norma supra legal. Assim, o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos e a Convenção Americana sobre Direitos Humanos – Pacto de San José da Costa Rica, ostentam caráter especial ficando abaixo da Constituição Federal, mas acima da legislação ordinária. 3.12 INTERPRETAÇÃO DOS TRATADOS O art. 31 da Convenção de Viena diz que o tratado “ deve ser interpretado de boa-fé, segundo sentido comum atribuível aos termos do tratado em seu contexto e à luz de seu objeto e finalidade”, inclusive com análises de preâmbulo, anexos, trabalhos de elaboração. Deve ser observado também a diversidade de línguas o que pode dificultar a tradução do tratado. 3.13 CESSAÇÃO DA VIGÊNCIA E EXTINÇÃO Temos como forma de cessação: a) Ab-rogação: que á a revogação total de um tratado por manifestação comum da vontade das partes obrigadas, ou seja, livre consentimento. b) Expiração do termo acordado: ocorre quando o tratado possui prazo de início e fim, ou seja, possui um prazo cronológico. c) Extinção integral de seu objeto: ocorre quando tratado alcança o seu objetivo determinado, extinguindo assim naturalmente. E como Extinção tem a Superveniência de tratado posterior que é o surgimento de outro tratado posterior que revoga o anterior, todavia é imprescindível que as mesmas partes do tratado anterior sejam as mesmas do tratado posterior. 20 Direito Internacional Público 4. SUJEITOS DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO O Direito Internacional Público é aplicado à sociedade internacional, todavia devemos verificar quem é essa sociedade internacional que receberá as normas internacionais. Assim, podemos dizer que o sujeito do direito internacional é uma entidade que goza de direitos e de deveres previstos pelo Direito Internacional e que tem capacidade de atuar na esfera internacional para exercê-los, ou seja, são todos aqueles entes ou entidades cujas condutas estão diretamente previstas pelo Direito Internacional Público e que tem possibilidade de atuar, direta ou indiretamente, no âmbito internacional. Entretanto podemos considerar que existem dois tipos de sujeitos no Direito Internacional Público, quais sejam o sujeito ativo e o sujeito passivo. O sujeito ativo é aquele que tem capacidade para atuar no plano internacional e o sujeito passivo é aquele que é destinatário da norma do Direito Internacional Público. Cabe salientar que é do sujeito ativo que nasce o conceito de personalidade jurídica no plano internacional, que é a capacidade para agir internacionalmente. O fato de não ter capacidade para participar do processo de formação de normas de Direito Internacional Público não retira a personalidade jurídica internacional de um ente, mas apenas limita sua atuação, como acontecem com nós indivíduos. 4.1 CLASSIFICAÇÃO DOS SUJEITOS DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO 4.1.1 ESTADOSAté o início do século XX só existia o Estado como sujeito do direito internacional público. A doutrina o denomina como sujeito originário ou sujeito primário da sociedade internacional. Temos ainda o Estado da Santa Sé que é considerada como um sujeito primário, pois figura como Estado, porém, ainda com uma autonomia religiosa. Tal organização possui personalidade jurídica internacional por meio do Tratado de Latrão que foi 21 Direito Internacional Público celebrado em 1929 na Itália. O Estado da Santa Sé é representado pela cidade do vaticano que passou a ser considerada como Estado. O papa é o Chefe de Estado e da própria Igreja Católica. A priori ele não é membro de nenhuma organização internacional, mas mantém uma missão permanente de observação na ONU. O Estado não pode ser confundido com Nação, já que esta necessitada da unidade pelos mesmos elementos o que não é exigido na formação do Estado. 4.1.2 COLETIVIDADE INTERESTATAIS OU ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS A coletividades interestatal é formada pelas Organizações internacionais que são criadas por acordos constitutivos e que tem personalidade jurídica distinta dos seus membros. Segundo a doutrina as Organizações Interestatais são entidades jurídicas constituídas por um acordo firmando entre os Estados e que possui personalidade jurídica própria. Elas são denominadas de sujeito secundária ou mediatas. Temos como exemplo de Organizações Internacionais a ONU, OIT, OEA, EU, MERCOSUL, etc. 4.1.3 INSURGENTES, BELIGERANTES E MOVIMENTOS DE LIBERTAÇÃO NACIONAL A coletividade não estatal se classifica em beligerantes, insurgentes e movimentos de libertação Nacional. Beligerantes são movimentos armados da população politicamente organizada, que utiliza a luta armada para fins políticos. Os insurgentes são grupos subelevados dentro do Estado que visam a tomada de poder, eles não podem constituir Guerra Civil ou Zona Livre. Para BRAGA (2009, p. 80) a beligerância se assimila à insurgência, mas dela difere na medida que os beligerantes devem apresentar capacidade suficiente para exercer poderes 22 Direito Internacional Público semelhante ao do Estado que confrontam. Essa capacidade decorre de o grupo subelevado demonstrar suficientemente forte para possuir e exercer poderes similares ao do governo, manter autoridade sobre parte do território do Estado e possuir força armada organizada submetida à disciplina militar. Ademais, o conflito armado assume proporções que lhe permitem ser classificado com uma guerra civil. Os movimentos de libertação Nacional visam a independência dos povos que está respaldado no direito à autodeterminação dos povos previsto na Carta das Nações Unidas. Essa coletividade não estatal está respaldada pelos direitos humanos, direito dos tratados e mantém relações internacionais. Exemplo de Movimento de Libertação nacional temos a OLP (Organização para a Libertação da Palestina) cujo objetivo é estabelecer um Estado palestino na Cisjordânia e na Faixa de Gaza. A Cruz Vermelha e a Ordem de Malta também são conhecidas como organizações não estatais. 4.1.4 INDIVÍDUOS O indivíduo também é considerado como sujeito do direito internacional público isso porque, sempre na história da humanidade, ocorreram violações irremediáveis aos direitos humanos, comumente na segunda guerra mundial. Em virtude disso o indivíduo passou a ser destinatário de várias normas do Direito Internacional que visa proteger os mais elementares direitos da pessoa humana, lhe permitindo gozar de uma vida respaldada no princípio da igualdade e da dignidade. 4.1.5 ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS As Organizações não Governamentais, também conhecidas com “Ongs”, são atores internacionais, todavia, com personalidade jurídica de direito interno do Estado. Geralmente possui finalidade política, social ou técnica e sempre participam ativamente na sociedade internacional com questões referentes a Direitos Humanos e ao Meio Ambiente, como pro exemplo o Greenpeace. 23 Direito Internacional Público 5 DETALHAMENTO DO ESTADO - PRIMEIRO SUJEITO DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO 5.1 ESTADOS O Estado vem do latim status que inclusive foi utilizada pela primeira vez com o sentido de organização política na obra O Príncipe de Maquiavel. Estado é uma Organização de foco político e jurídico de uma sociedade para realizar o bem público, com governo próprio e território determinado. 5.2 ELEMENTOS CONSTITUTIVOS a) Povo: é o agrupamento de nacionais natos e naturalizados ainda que residentes na exterior. Aliás esse elemento não pode ser confundido com população e nação, pois o primeiro refere-se ao quantitativo dos indivíduos de modo permanente no território, incluindo os estrangeiros e a segunda refere-se a pessoas que possuem os mesmos laços culturais, étnicos, raciais, ou seja, um povo é composto de vários tipos de nações. b) Território: é a base física definida do Estado sobre o qual o seu povo encontra- se estabelecido. É nesse espaço que o Estado exerce sua soberania mesmo que não tenha suas fronteiras totalmente definidas. O território não abrange apenas a área terrestre do Estado, mas também os rios, mares, lagos, lagoas, o espaço aéreo, as águas interiores e o mar territorial. O território pode ser adquirido originariamente ou derivadamente. O modo de aquisição originário pode ocorrer de duas formas pela ocupação ou pela acessão e o derivado se dá pela aquisição de um território que está submetido a outro poder Estatal, ela poderá ser concretizada pela conquista ou pela cessão c) Governo: é o conjunto de pessoas que exercem o poder político e que determinada a orientação política de um determinada sociedade. d) Soberania: é o poder que o Estado tem de impor a ordem no plano interno, no limite do seu território, assim como na capacidade que ele tem de manter 24 Direito Internacional Público relações internacionais, em pé de igualdade, com os demais membros da sociedade internacional. 5.3 CLASSIFICAÇÃO DO ESTADO Para o Direito Internacional os Estados se classificam em simples e composto. Simples ou também denominado de unitário, é aquele que possui uma soberania plena nas relações exteriores, mas internamente não há divisão na autonomia interna, são dos casos de Portugal, Espanha, França, China, Japão e Chile. Estado composto surge através da união pessoal, união real, confederação e federação. A união pessoal se dá pela união acidental e temporária de dois ou mais Estados independentes, que em razão da união torna uma única autoridade soberana comum, ocorre nos casos de Monarquia, mas não possui exemplo. A união real resulta pela união de dois ou mais Estados que conservam sua autonomia, mas delegam a um único monarca ou Chefe de Estado os poderes de representação internacional, foi o que ocorreu em 1918 a 1944 entre o reino da Dinamarca e o reino da Islândia. Confederação de Estados ocorre na associação de vários Estados soberanos que mantém sua autonomia e pessoalidade internacional, com a finalidade de manter a paz entre os Estados Confederados e proteger e defender dos inimigos comuns, por exemplo, a ex – URSS. Federação de Estados se dá pelo agrupamento permanente de Estados que renunciam à capacidade internacional em favor de um órgão central para representá-lo internacionalmente, apesar de manter sua autonomia interna, são dos casos da República Federativa do Brasil e os Estados Unidos da América. 5.4 SURGIMENTO DE ESTADO Atualmenteentende-se que um Estado por surgir de três modos: 1 – pela força através de uma guerra, separação de parte da população ou separação de território; 2 – pela dissolução total do Estado, ou seja, o Estado anterior deixa de existir; e 3 – pela fusão de dois ou mais Estado criando um novo Estado de direito. 25 Direito Internacional Público 5.5 RECONHECIMENTO DE ESTADO E RECONHECIMENTO DE GOVERNO O Reconhecimento de Estado é um ato jurídico pelo qual um governo de um Estado preexistente aceita (reconhece) outro como tal. Para identificarmos um Estado como pessoa jurídica de Direito Internacional precisamos apenas identificar os elementos do Estado, quais sejam, povo, território, governo e soberania, mas para que o mesmo seja considerado sujeito do Direito Internacional, é necessário que outro ente assim o reconhece, é o que chamamos de reconhecimento de Estado. Esse reconhecimento é um direito do Estado. Já o reconhecimento de Governo vai depender de como esse Governo surgiu. Um Governo pode ser de Direito ou de Fato. O Governo de Direito surge pela forma prevista na Constituição do Estado, isto é, através de sua Ordem Constitucional. Aqui no Brasil a renovação do Governo de 4 em 4 anos através de eleições é uma forma de Governo de Direito, pois essa renovação está prevista na Constituição Federal. Já o Governo de Fato ocorre quando o novo governo assume o poder de outra forma a não ser a prevista na Ordem Constitucional, isto é, através da força de revolução ou de um golpe de Estado. Neste caso o novo Governo deve ser reconhecido pela Comunidade Internacional. Esse reconhecimento é muito importante, pois é necessário saber quem vai representar esse Estado nas relações Internacionais. 5.6 ÓRGÃOS DO ESTADO NAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS a) Chefe de Estado; b) Chefe de Governo; c) Ministro das Relações Exteriores; d) Missões diplomáticas. Na República Federativa do Brasil o Presidente da República ocupa as funções de Chefe de Governo (internamente) e Chefe de Estado (internacionalmente – art. 84, VII da CF), neste último caso o Chefe de Estado gozará de certas prerrogativas e imunidades, tais como o da inviolabilidade pessoal e de imunidade jurisdicional. 26 Direito Internacional Público Em alguns sistemas de governo parlamentarista quem vai representar o Estado nas relações Internacionais é o Chefe de Governo, isto porque a Constituição dessa república parlamentarista oferta essa condição ao Chefe de Governo e não ao Chefe de Estado. Ele também, quando atua na esfera internacional, gozará de algumas prerrogativas e privilégios. 5.7 EXTINÇÃO E SUCESSÃO DE ESTADO Um Estado surge quando possui os elementos do Estado, e consequentemente ele desaparece quando falta alguns de seus elementos. Quando um dos elementos do Estado desaparece é o que chamamos de extinção total, isto porque, ele perde a sua personalidade jurídica internacional, por exemplo, que um tsunami violento destrói o território de um Estado ou extinção de todo povo, ocorreu uma extinção total de um Estado em razão da ausência de território e povo. Ocorre que a extinção também pode ser parcial, é que chamamos de transformação. Temos 3 formas de extinção parcial (transformação) de um Estado: anexação, desmembramento e fusão. A anexação pode ser total ou parcial. A anexação total ocorre quando um Estado é inteiramente absorvido por outro, perdendo sua personalidade jurídica internacional. A anexação se dá quando apenas parte do território anexa a outro, exemplo, quando o estado do Acre anexou-se ao território brasileiro – ele pertencia a Bolívia, neste caso ocorreu uma anexação parcial onde a Bolívia teve uma diminuição em seu território, povo e soberania, mas não deixou de existir, ela diminuiu a sua personalidade internacional e o Brasil passou a ter mais povo, território e soberania, pois ocorreu um acréscimo nos mesmo. O desmembramento ocorre quando o território de um Estado é repartido entre dois ou mais Estados ou quando um Estado se desmembra em duas ou mais partes, dando origem a dois ou mais Novos Estados, isto é, o Estado originário deixa de existir perdendo sua personalidade internacional, temos como exemplo a República Tchecoslováquia que se dividiu em dois novos Estados, República Tcheca e República 27 Direito Internacional Público Eslováquia. A fusão é a união de dois ou mais Estados, ocasionando a perda da personalidade internacional dos Estados Originários em favor de um Novo Estado, é caso das duas Alemanha a Ocidental e a Oriental, onde no final da década de 80 elas se fundiram em uma única Alemanha. Quanto a sucessão a mesma deve ser observada nos casos dos Tratados Internacionais. Caso um Estado tenha feito um tratado internacional e posteriormente venha a ser extinto, esse tratado terá continuidade pelo Novo Estado ou ele também será Extinto. Temos duas teorias, a Teoria da Sucessão automática dos Tratados e a Teoria da Tábula rasa. A primeira teoria defende que os tratados ratificados pelo Estado predecessor, isto é, o Estado que foi Extinto, passam a valer de forma automática para o novo Estado. Já a segunda teoria entende que o Estado sucessor, ou seja, o Novo Estado, não fica obrigado a aplicar os tratados que se encontravam em vigor no território do Estado predecessor. A Convenção de Viena não explica nada a respeito dessa questão, mas parece ter consagrado a Teoria da Tábula Rasa, pois entende-se que os tratados internacionais devem ser extintos por força da sucessão de Estados. 5.8 DIREITOS E DEVERES DOS ESTADOS a) Direito à igualdade: não importa o poder econômico, a extensão territorial, a forma de governo, para a Ordem internacional todos os Estados são iguais. b) Direito à liberdade: esse princípio está respaldado na soberania que o Estado possui em se relacionar com os demais Estados ou não. c) Direito ao respeito mútuo: os Estados precisam se respeitar. d) Direito de Defesa e conservação: o Estado tem o direito de se defender e de conservar através de treinamento de suas forças armadas, edificações de fortificações em suas fronteiras, a expulsão de estrangeiro, a proibição de trânsito em território nacional, a compra de material bélico, etc. e) Direito ao Comércio Internacional. f) Existem dois tipos de deveres. Temos o Dever Moral e o Dever Jurídico. O Dever 28 Direito Internacional Público Moral consiste na obrigação que o Estado possui de ofertar assistência mútua, isto é, de ajudar um ao outro em situações de catástrofes naturais, tais como, Tsunami e Terremoto, em naufrágios ou em questões humanitárias. O Dever Moral está embasado no princípio da solidariedade. O Dever Jurídico consiste no cumprimento dos tratados ratificados pelos Estados, ou seja, o dever jurídico é decorrente dos Tratados Internacionais, eles devem cumprir o que foi pactuado. Além disso, o dever jurídico do Estado deve ser observado nos princípios gerais do Direito de cunho internacional, na boa-fé nas relações internacionais, no dever da não intervenção, etc. 5.9 INTERVENÇÃO Intervenção é a ingerência de um Estado nos assuntos peculiares internos ou externos de outro Estado Soberano com o objetivo de impor a este sua vontade. A intervenção é uma violação do Direito Internacional. O ato de intervir somente se caracteriza quando reunir os seguintes pressupostos: estado de paz; ingerência nos assuntos internos e/ou externos; que o ato seja praticado de modo compulsório; que a finalidade do Estado que pratique o ato seja impor a sua vontade exclusiva e a ausênciade consentimento do Estado que sofre a intervenção. A intervenção pode ser diplomática que é aquela efetuada através de representações verbais ou escritas; armada que ocorre quando for apoiada pelas forças armadas; individual quando feito por um único Estado ou coletiva quando feita por dois ou mais Estados; direta quando ocorre um ataque, ou seja, uma ingerência efetiva ou indireta quando o Estado repele a intervenção Estatal; aberta que é aquela feita a “olhos nu” ou oculta que é feita de modo dissimulado. Cabe salientar que qual seja o modo de intervenção, tal procedimento deve ser sempre adotado com razoabilidade e proporcionalidade. 29 Direito Internacional Público 5.10 IMUNIDADES Outro ponto importante dentro do primeiro sujeito do direito internacional público, qual seja, o Estado são as imunidades. Temos dois tipos de imunidades a primeira é de jurisdição e a segunda é de execução. A imunidade de jurisdição ocorre quando em certas ocasiões a possibilidade de um Estado ser submetido à jurisdição interna de outro Estado. Há tempos atrás existia a denominada concepção absolutista da imunidade da jurisdição que prega que um Estado jamais poderia ser demandado em outro território. Todavia essa teoria sofreu flexibilidade com o passar dos tempos com o surgimento de duas situações. Caso o ato dentro de território de determinado Estado seja referente a ato de império (jure imperii), vai manter a concepção absolutista da imunidade uma vez que se trata de questão de ordem pública, ficando ressaltada a soberania nacional. Porém, se o assunto diz respeito a atos de gestão (jure gestionis), onde verifica-se um caráter totalmente privado, entende-se que o Estado não faz jus a imunidade de jurisdição e pode ser demandado em local estrangeiro. 5.10.1 CASOS QUE NÃO POSSUEM IMUNIDADES Segue abaixo alguns casos que não ocorrerá a imunidade de jurisdição: a) quando o Estado atua como particular em atividades industriais, comerciais, financeiros ou de prestação de serviço; b) em litígios relativos a contratos de trabalho ou de prestação de serviço celebrado com indivíduos nacionais ou residentes no Estado do foro, desde que o trabalho ou serviço seja executado nele; c) em ações de indenização por danos causados a pessoas ou bens no território do Estado do foro, caso seja apurada a responsabilidade do Estado Estrangeiro; d) em processo que envolvem direitos reais; e) ao participar de uma sociedade comercial ou outro ente com personalidade jurídica que tenha sede, filial ou agência no Estado do foro, em conflitos relativos ao relacionamento do Estado com a própria Sociedade. 30 Direito Internacional Público Assim, caso um Estado possua um consulado em outro território se os atos executados no consulado forem de gestão haverá imunidade de jurisdição tendo em vista que é assunto de ordem pública, porém se o ato for de gestão poderá ser demandado em território estrangeiro Por fim, existem situações que mesmo sendo ato de jure imperii é possível a exclusão da imunidade jurisdicional, quando ocorre violação a regras internacionais de Direitos Humanos. 31 Direito Internacional Público 2º Bimestre 32 Direito Internacional Público 6 ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS As Organizações Internacionais teve seu ápice com o fim da Segunda Guerra Mundial. Obviamente que o fenômeno da relações internacionais, a criação delas de deu bem antes todavia, sem muito destaque. Não podemos afirmar que antes da segunda Guerra mundial não existiam Organizações Internacionais até por que a própria História derrubaria essa tese. Há quem defenda que foi na Grécia Antiga que surgiu as Organizações Internacionais, isto em razão da Anfictionias, ou seja, Ligas da Grécia Antiga, sendo esta a antepassada das Organizações Internacionais. Vale ressaltar ainda que antes da 2ª Guerra Mundial existiam algumas Organizações Internacionais. O período entre o Congresso de Viena (1815) e a 1ª Guerra Mundial, existia a Comissão Fluvial do Reno (1831), a Comissão Européia do Danúbio (1856), a União Telegráfica universal (1865), o Bureau Internacional de Pesos e Medidas (1875), a União Postal (1878) e a União para Proteção de Obras Literárias e Artísticas (1883). A OIT (Organização Internacional do trabalho) foi criada em 1919 após a 1ª Guerra Mundial.´ Com o fim da 1ª Guerra Mundial, verificou-se a necessidade de criar uma Organização para a proteção da Paz Mundial, foi dado início a Sociedade das nações, ou também denominada de Liga das Nações, mas não tem muito êxito, todavia, os Estados perceberam que não conseguiriam resolver os problemas sem esses organismos. De fato, foi no ano de 1945, com o fim da 2ª Guerra Mundial surgiu a principal Organização Internacional a denominada ONU (Organização das Nações unidas), que representa o crescimento e a valoração das Organizações Internacionais. Atualmente as Organizações Internacionais são essenciais para a sociedade internacional e passam a ser consideradas como sujeitos secundários das sociedades internacionais. 6.1 CONCEITO E CARACTERÍSTICAS DAS ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS. Como as Organizações Internacionais são consideradas sujeitos secundários das do Direito Internacional Público, podemos conceitua que Organização Internacional é uma associação de sujeitos de Direito Internacional (primários ou secundários), 33 Direito Internacional Público constituída por tratado internacional, dotada de uma constituição e de órgãos que são considerados comuns, possuindo personalidade jurídica internacional de cunho próprio. Assim, diante do conceito, encontramos as seguintes características: associação de sujeitos do Direito Internacional (Estados e Organizações Internacionais); criada por tratado (como trata-se da criação de uma organização esse tratado será multilateral); tem finalidade internacional relevante; duração indeterminada ou pelo menos longa; possui órgãos próprios; possui personalidade jurídica; e tem capacidade correspondente aos objetivos traçados no tratado constitutivo. 6.2 TRATADO CONSTITUTIVO DA ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL Como as Organizações Internacionais são sujeitos secundários, podeis dependem dos Estados para sua existência, ela depende de um Tratado Constitutivo para sua existência. Esse tratado constitutivo possui algumas características próprias em comparação com os outros tratados internacionais considerados gerais, tais como: tem privilégio com relação aos outros tratados na conclusão pelos Estados ou pela própria Organização, ou seja, em um processo de ratificação de tratado internacional, o tratado constitutivo tem privilégio sobre os demais; o Tratado constitutivo da Organização Internacional DEVE ser aceito integralmente pelos signatários do Tratado, isto é, não cabe o instituto da reserva nos tratados constitutivos das Organizações Internacionais; os tratados constitutivos devem impor problemas específicos de interpretação; a revisão do tratado constitutivo em regra deve ser de modo unânime, mas nem sempre, podendo ser levada por maioria qualificada; não tem prazo determinado; e deve impor uma finalidade, uma estrutura e as competências da organização. 6.3 CLASSIFICAÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS As organizações são classificadas de várias formas, todavia, vamos expor as mais importantes. 34Direito Internacional Público Classificação quanto a finalidade: quanto a finalidade as organizações podem ter fins gerais ou específicos. Terá fins gerais quando desempenham suas atividades nos mais diversos assuntos internacionalmente relevantes, por exemplo a ONU e a União Africana. A ONU desempenha sua função com a Manutenção da Paz e Segurança Internacional e a União Africana desenvolve projetos e missões para a promoção da democracia, do desenvolvimento e do respeito dos direitos humanos na África, isto é, fins gerais. Quanto aos fins específicos se dá quando a Organização é constituída para cooperar em matérias razoavelmente delimitada é o caso, por exemplo, da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura, da Organização Internacional do trabalho, da Organização Mundial da Saúde, da Organização Mundial do Comércio e da Organização da Aviação Civil Internacional. Classificação quanto ao âmbito de Atuação: quando ao âmbito de atuação as Organizações Internacionais podem ser universais ou regionais. Será universal quando o seu alcance for a todos que a ingressam, ou seja, quando admite o ingresso de qualquer Estado, independente de sua localização geográfica, de critérios políticos ou culturais, por exemplo a ONU. Por outro lado, será regional quando permite o ingresso apenas de alguns Estados, isto porque, foi estabelecido critérios para participação tais como geográficos, políticos ou culturais, por exemplo a União Africana, o Nafta, o Mercosul a União Européia, etc. Classidicação quanto à participação de Estados: as Organizações Internacionais quanto a participação dos Estados podem ser abertas ilimitadamente, abertas limitadamente e fechadas. Será aberta ilimitadamente quando permite a adesão de qualquer Estado; será aberta limitadamente quando possui critérios para a admissão, por exemplo, CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), só pode fazer parte da Organização os países que falam o português como língua oficial. E será fechada quando não permite o ingresso de qualquer outro membro, senão aqueles que participaram originariamente da criação da Organização. 6.4 COMPOSIÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS As Organizações são compostas por membros originários e membros admitidos. Será 35 Direito Internacional Público originário quando participou do tratado constitutivo da Organização Internacional. Será admitido quando o ingressa na Organização Internacional ocorreu após a sua Criação. 7 ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS – ONU 7.1 HISTÓRIA E TRAÇOS GERAIS Analisando as diretrizes gerais da ONU, as suas principais diretrizes teve surgimento na Sociedade das Nações, isto é, Liga das Nações após a 1ª Guerra Mundial, todavia mesmo baseada na preservação da paz, o ex – presidente norte americano Woodrow Wilson não conseguiu colocar em frente o plano, mas deu início com a criação das Sociedade das nações determinando 14 pontos para manter o equilíbrio da segurança coletiva na Europa. Ela não teve muito sucesso em razão da falta de adesão de vários Estados importantes. Ocorre que essa tentativa não se tornou inútil, pois desencadeou na criação de várias outras organizações com fins específicos e permitiu a experiência de analisar os motivos desse fracasso. Com a eclosão da 2 Guerra Mundial verificou-se a necessidade de manter a paz mundial e a segurança internacional, não apenas da Europa, mas de todos os continentes. Com o fim da 2ª Guerra Mundial em 1945, foi criada a Carta de São Francisco em 26.06.1945, com 111 artigos, além do Estatuto do Tribunal Internacional de Justiça. Participaram originariamente da ONU apenas 51 Estados que deveria ter como pressuposto ser amante da paz, hoje a ONU possui 193 membros. O Brasil foi um desses Estados, sendo beneficiado como o País convidado a fazer o discurso de aberto na Assembleia Geral. O principal Objetivo da ONU é manter a Paz e a Segurança Internacional, todavia cabe a ela outros objetivos tais como: desenvolver relações de amizade entre as nações baseadas no respeito do princípio da igualdade de direitos e da autodeterminação dos povos; realizar a cooperação internacional, resolvendo os problemas internacionais de caráter econômico, social, cultural ou humanitário; e ser um centro destinado a harmonizar a ação das nações para a consecução desses objetivos comuns. 36 Direito Internacional Público São os órgãos que compõem a ONU: a Assembleia Geral, o Conselho de Segurança, o Secretariado; o Conselho Econômico Social; o Conselho de Tutela; e o Tribunal Internacional de Justiça. 7.2 ASSEMBLEIA GERAL A assembléia Geral é o principal órgão deliberativo da ONU, isto porque ele é constituído por todos os membros. Cada membro tem direito de um voto de cunho igualitário, podendo um membro está representado por até 5 representantes, no caso do Brasil pode representar o Presidente e Vice-Presidente da República, o Ministro da Relações Exteriores, Embaixadores e Cônsul. A Assembleia se reúne anualmente em sessões ordinárias. Essas sessões tem início do mês de setembro na terceira terça-feira e término às vésperas de natal. Também existe a possibilidade de se reunir em sessões extraordinárias. Essas sessões são constituídas através de convocação do Secretário Geral da ONU, através de duas formas, ou por pedido do Conselho de Segurança que encaminhará o pedido para o Secretário-Geral ou a pedido da Maioria dos Membros da ONU. São atribuições da Assembleia Geral: Discutir meios e formas para melhorar as condições de vida das crianças, dos jovens e das mulheres; Assuntos ligados ao desenvolvimento sustentável, meio ambiente e direitos humanos; Deliberar sobre as contribuições dos Estados-membros e como essas contribuições devem ser gastas; Eleger os novos Secretários – Gerais; Examinar relatórios anuais do Conselho de Segurança e dos outros órgãos das Nações Unidas; e Chamar a atenção do Conselho de Segurança para situações que possam constituir ameaça à paz e à segurança internacionais. 37 Direito Internacional Público 7.3 CONSELHO DE SEGURANÇA O Conselho de Segurança é o Principal Órgão da ONU, isto porque cabe a ele executar o principal objetivo da ONU que é Manter a Paz Mundial e a Segurança Internacional. Por mais que a Assembleia Geral tenha que discutir sobre a matéria, a Carta das Nações Unidas conferem ao Conselho de Segurança a principal responsabilidade na manutenção da paz e da segurança internacionais. Além disso, o Conselho de Segurança é o único órgão com poderes decisórios sobre o assunto. O Conselho de Segurança é composto por 15 membros devidamente constituídos. Desses 15 membros 05 são permanentes e 10 não permanentes. Os 05 membros permanentes são China, Reino Unido, EUA, França e Rússia. Os 10 membros não permanentes são eleitos por um período de 2 anos, sendo vedada e reeleição para o período subseqüente. Esses membros devem ser distribuídos de maneira geograficamente quantitativa, devendo ser da seguinte forma: 5 membros do continente Africano/Asiático; 2 da América Latina; 2 da Europa Ocidental; e 1 membro da Europa Oriental (Leste Europeu). Os membros do Conselho de Segurança se reúne periodicamente, podendo reunir fora de sua sede que fica em Nova Iorque. O quórum deliberativo do Conselho de Segurança são tomados através de 9 votos afirmativos dos 15 membros. Existem 2 tipos de assuntos decididos pelo Conselho de Segurança que são os assuntos não-procedimentos que são os assuntos mais importantes e os assuntos procedimentais.Quando as decisões versarem sobre assuntos não-procedimentais necessitam e 9 votos favorável, incluindo os votos de todos os membros permanentes do Conselho de Segurança. Caso um deles deixa de votar favorável em algum caso de assuntos não-procedimentais ele está exercendo o seu Direito de VETO. É nisto que consiste o Direito de VETO, ou seja, quando um dos membros permanentes do Conselho de Segurança deixa de votar a favor de uma questão não procedimental, exerce o seu direito de veto. Aliás, somente os membros permanentes possuem o poder de veto. Já nas questões procedimentais não cabe 38 Direito Internacional Público Veto. O problema é que a Carta das Nações Unidas não determina o que vem a ser assunto procedimental ou não-procedimental. Por esta razão, quando a situação não é clara, cabe ao próprio Conselho de Segurança definir a importância do assunto. Caso um membro permanente entende que o assunto é procedimental, mas todos os outros entendem como não-procedimental, o assunto vai ser considerado como não- procedimental, mas neste caso não cabe veto. Porém, no momento de definir o voto afirmativo, se todos votarem a favor, e somente um votar contra, e este único é membro permanente do Conselho de Segurança, o assunto estará vetado. Quando isso ocorre é o chamado duplo veto. São atribuições do Conselho de Segurança: adotar medidas destinadas à Manutenção da paz e da Segurança Internacional, como por exemplo, criar Missões de Paz e investigar as situações que possam transformar em conflitos internacionais; recomendar a Assembleia Geral a suspensão de direitos ou a expulsão de Membros das Nações Unidas; recomendar à Assembleia a admissão de novos membros; e recomendar e eleição do Secretário-Geral. 7.4 SECRETARIADO NA ONU O Secretariado é o principal órgão administrativo por excelência da ONU. Este órgão é composto pelo Secretário-Geral e pelo pessoal exigido pela sua organização. O Secretário-Geral é escolhido pela Assembleia Geral, mediante recomendação do Conselho de Segurança. Ele é o principal funcionário administrativo da ONU, possuindo um Mandato de 5 anos, renovável por mais 5 anos. Hoje, o Secretário-Geral da ONU é o sul coreano Ban-kim-Moon. Ele atua nesta qualidade em todas as reuniões da Assembleia Geral, do Conselho de Segurança, do Conselho Econômico Social e do Conselho de Tutela. Além disso, ele pode chamar a atenção do Conselho de Segurança para qualquer assunto que entenda por ameaçar o principal objetivo das Nações Unidas. 39 Direito Internacional Público Todos os tratados internacionais, após a sua conclusão, devem ser registrados e publicados no secretariado da ONU. Cabe salientar que além das funções administrativas do Secretário-Geral, ele também exerce relevante papel político, atuando muitas vezes como gestor de crises internacionais, exercendo a sua diplomacia preventiva. 7.5 CONSELHO ECONÔMICO E SOCIAL O Conselho Econômico e Social é composto por 54 membros em sua Organização administrativa. Todos eles são eleitos pela Assembleia Geral por um período de 3 anos, permitida neste caso a reeleição. Cabe ressaltar que a renovação desses membros é anual. Em toda sessão ordinária da Assembleia Geral 1/3 dos membros é renovada. As decisões do Conselho Econômico e Social serão tomadas por maioria dos membros presentes e votantes. As suas reuniões serão de acordo com a necessidade, mediante convocação de maioria dos seus membros. São atribuições do Conselho Econômico e Social: realizar estudos e emitir relatórios de assuntos internacionais de caráter econômico, social, cultural, educacional, saúde e assuntos conexos. Além disso, cabe a ele formular recomendações referente ao desenvolvimento e industrialização, comércio internacional, à ciência e a tecnologia, ao bem-estar social. Por esta razão várias organizações estão interligadas ao Conselho Econômico e Social, tais como a UNESCO, FAO, OMC, OMS, OIT, etc. 7.6 TRIBUNAL INTERNACIONAL DE JUSTIÇA O Tribunal Internacional de Justiça é o principal órgão julgador da ONU. Ele começou a funcionar no ano de 1946 em Haia, Países Baixos. O Tribunal Internacional de Justiça é composto por 15 juízes, que são eleitos pela 40 Direito Internacional Público Assembleia Geral e pelo Conselho de Segurança para um mandato de nove anos, renovável por mais nove anos. A cada 3 anos ocorre a renovação de 1/3 dos seus membros. Para ser Juiz do tribunal internacional de Justiça é necessário ter uma nacionalidade, devendo gozar de uma reputação ilibada e possuir condições exigidas nos seus respectivos Estados para o desempenho da mais alta função judicial ou que tenha um reconhecimento internacional como consultor. Cabe ressaltar, que não pode ter mais de um nacional investido no tribunal Internacional de Justiça. Para efeito de curiosidade segue nome de Juízes Brasileiros que ocuparam uma das cadeiras na Corte Internacional de Justiça: José Philadelpho Barros e Azevedo (1946- 1951); Levi Fernandes Carneiro (1951-1955); José sette Camara (1979 – 1988) e José Francisco Rezek (1996 – 2006). A competência do Tribunal pode ser contenciosa ou consultiva. Será contenciosa quando apenas os Estados soberanos podem ser sujeitos em causas internacionais, isto é, apenas em questões entre Estados pode ser objeto de litígio no Tribunal Internacional. Essa competência não é obrigatória, é necessário que os Estados litigantes aceitem a jurisdição. Essa aceitação pode ser tácita ou expressa. A aceitação tácita ocorrerá quando um Estado ajuíza uma ação no Tribunal Internacional de Justiça e o Estado demandado contesta o mérito, sem rejeitar o for. A aceitação expressa ocorre quando o Estado demandado manifesta expressamente ou inequivocadamente o seu desejo. A competência consultiva emana da elaboração de pareceres consultivos sobre qualquer questão jurídica a pedido da Assembleia Geral ou do Conselho de Segurança. Esses pareceres são extremamente importantes enquanto fontes do Direito internacional.. 7.7 CONSELHO DE TUTELA Esse órgão da ONU sempre batalhou em favor do Direito da autodeterminação dos povos e responsável por promover o progresso dos habitantes que estivessem em 41 Direito Internacional Público território sob a tutela da ONU. Todavia, desde 19.11.1994 as atividades do Conselho de Tutela estão suspensas. 7.8 ORGANISMOS ESPECIALIZADOS DA FAMÍLA DA ONU Como a Carta das Nações Unidas também zela pelo princípio da cooperação internacional visando a solução de questões de ordem econômica, social, cultural, sanitária e humana, várias organizações, denominadas de organismos especializados, foram criadas com uma finalidade específica. Vale lembrar que por mais que essas organizações são consideradas organismos especializados da ONU, elas não fazem parte da ONU, existe apenas uma vinculação formal, essas Organizações possuem autonomia própria e independente da ONU. Dentre os vários organismos especializados temos como destaque as seguintes Organizações Internacionais: OIT – Organização Internacional do Trabalho: A OIT foi criada após a 1ª Guerra Mundial em 1919, tendo sua sede na cidade de Genebra. Ela é fundamentada na Justiça Social; é através dela que o princípio da paz Universal e permanente pode ser concretizado. UNESCO – Organização das nações unidas para a Educação, Ciência e Cultura: a Unesco foi criada em 1945 e sua sede encontra-se em Paris. Tem como objetivo principal a erradicação do analfabetismo em todo mundo. Acredita-se queesse objetivo posso contribuir para a concretização da paz e segurança internacionais. OMS – Organização Mundial da Saúde – a OMS foi criada em 1948 e sua sede está estabelecida na cidade de Genebra. O objetivo da OMS é desenvolver ao máximo o nível de saúde de todos os povos do planeta, visando sempre o bem-estar físico, mental e social. Cabe ressaltar que ela busca a ausência de doenças, mas não como único objetivo. A OMS também auxilia os Estados em matéria de saúde, coordenando projetos para o combate de epidemias e trabalha para melhorar as questões de saneamento básico, nutrição e higiene da população mundial. 42 Direito Internacional Público FAO – Organização das Nações unidas para a Alimentação e a agricultura: foi criada em 1945 e sua sede atual é em Roma. O seu objetivo é promover a elevação dos níveis de nutrição de todos os povos, bem como promover o desenvolvimento rural. A FAO deve realizar programas para melhorar a eficiência na produção e distribuição de alimentos para a comunidade internacional. Além disso, a FAO promove ações em situações de emergência, promovendo auxílio aos povos famintos. OMC – Organização Mundial de Comércio: Foi criada em 1995 e a sede também é na cidade de Genebra. A OMC tem como foco regular o comércio internacional, incentivando os Estados a firmar acordos específicos. Além disso, ela fiscaliza e supervisiona o cumprimento de acordos. É o principal fórum para o comércio internacional. O seu princípio está baseado no livre comércio e na igualdade entre os Estados. FMI – Fundo Monetário Internacional: O FMI tem sua sede na cidade de Washington. Foi criada em 1944 juntamente com o BIRD (Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento Econômico). O FMI tem objetivo assegurar o bom funcionamento o sistema financeiro internacional, garantindo a estabilidade do cambio e do equilíbrio das balanças internacionais de pagamento. É nesta visão de equilíbrio que o FMI promove a assistência técnica e financeira aos Estados. BIRD - Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento Econômico: Foi criado junto com o FMI e, inicialmente, possui o propósito de financiar a reconstrução dos países que foram devastados pela 2ª Guerra Mundial. Hoje ele luta contra a pobreza, concedendo empréstimos aos países emergentes para realizar o projetos de desenvolvimento. Tanto o BIRD quanto o FMI compõem o Sistema de Bretton Woods. Para ser membro do FMI é necessário ser membro do BIRD e vise e versa. Cabe ressaltar que os votos em alguma decisão possui peso diferenciado com relação a economia de cada Estado que é membro das duas Organizações. 43 Direito Internacional Público 8 DOMÍNIO PÚBLICO INTERNACIONAL Esse capítulo destina-se ao Regime Jurídico dos espaços internacionais, não apenas a projeção vertical dos Estados, mas também os âmbitos de atuação de cada um deles. Os espaços destinados à soberania dos Estados são denominadas de Espaços Estaduais, já os espaços onde não existe projeção de soberania dos Estados são considerados de Espaços Internacionais. 8.1 O ÁRTICO A região do artigo não possui base territorial permanente ela está localizada no Oceano Glacial Norte, onde o mar está constantemente congelado, mas existe algumas questões jurídicas e políticas nesta região. Como essa região marítima está congelada, utiliza-se para o seu estudo a teoria dos setores. Ela é utilizada como corredor alternativo para reduzir distâncias entre a Europa e a Ásia. De acordo com o canadense Pascal Poirier em 1907 foi criado uma teoria dos setores. Essa teoria consiste em conceder a cada um dos Estados com Costa para o Oceano Glacial uma soberania sobre as terras compreendidas em um triângulo que tem como base os litorais dos Estados. De acordo com essa teoria os Estados tem soberania sobre terras e ilhas situadas no triângulo, mas não sobre as águas e gelos que igualmente se encontram nesse triângulo. No ano de 1996, alguns Estados que possuem base territorial próximo ao Oceano Ártico tais como, EUA, Canadá, Finlândia, Islândia, Noruega, Rússia e Suécia firmaram uma Declaração de Ottawa, que tem como objetivo tratar das questões sociais, econômicas e ambientais dessa região, visando o desenvolvimento sustentável. Essa Declaração é conhecida como Conselho do Ártico. Cabe ressaltar que recentemente foi descoberto na região do Ártico uma vasta reserva de petróleo e gás natural de difícil exploração em razão das questões climáticas e geográficas. 44 Direito Internacional Público 8.2 A ANTÁTICA No hemisfério sul do planeta está situado o Continente da Antártica. Diferente do Pólo Norte, a Antártica possui massa de terra em sua base. Ela ocupa cerca de 15 milhões de quilômetros quadrados. Como possui uma vasta área de terra, possui muitas riquezas naturais de interesse econômico dos Estados. Em 1959 foi firmado o Tratado da Antártica, sendo que o Brasil ratificou em 1975 por meio do Decreto 75.963 de 1975. Esse tratado determina que essa região só pode ser utilizada para fins pacíficos e proíbe a realização de qualquer atividade militar e utilização de armas nucleares. Esse tratado ainda promove a cooperação entre os Estados visando a preservação do ecossistema e autoriza a liberdade para pesquisas científicas. Essa região é considerada como patrimônio da humanidade, apesar da existência de algumas reivindicações de soberania. Por fim, resta consubstanciado que desde 1991, o Protocolo de Madri determina a preservação do continente antártico proibindo a exploração mineral na Antártica durante o prazo de 50 anos. 8.3 RIOS E CANAIS INTERNACIONAIS Rio internacional é aquele que separa dois ou mais Estados servindo de fronteira natural (rio limítrofe) ou que atravesse dois ou mais Estados (rio sucessivo). De acordo com a doutrina, existe uma carência normativa sobre o tema, existindo apenas um regime jurídico geral realizado pela Convenção de Barcelona em 1921. Dois princípios são observados o da liberdade de navegação e o da igualdade de tratamento a terceiros. Existe um regime jurídico que regula o rio amazonas que é um dos maiores do Mundo definido pela Cooperação Amazônica firmado em Brasília em 1978. São participantes desta cooperação a Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e 45 Direito Internacional Público Venezuela. Essa Cooperação entrou em vigor em 1980 e tem como objetivos o desenvolvimento e progresso na bacia amazônica de modo harmônico, conservação do meio ambiente e estimular aos estudos e pesquisas científicas na região. Além disso, os Estados signatários da Cooperação possui liberdade ampla de navegação não apenas no Rio Amazonas, mas em seus afluentes. Outro Tratado importante é o da bacia da Prata firmado ente Argentina, Brasil, Bolívia, Paraguai e Uruguai. Canais internacionais são vias artificiais de comunicação marítima e internacional que ligam os mares. Os mais conhecidos são o Canal de Suez e o Canal do Panamá. Em regra, como eles estão localizados em um território submetem-se à soberania exclusiva. Essa passagem depende de um consentimento do Estado Territorial, geralmente essa concessão é concedido por um tratado bilateral firmado entre o Estado que possui o canal e o Estado interessado em passar. Vale ressaltar que o Canal do Panamá, inicialmente estava sob a administração dos EUA, ocorre que desde 2000 o Canal do Panamá encontra-se sob a jurisdição panamenha. 8.4 DIREITO INTERNACIONAL DO MAR O Direito do Mar
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