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Scheila Maria 2016 1 CARDIO – PERICARDIOPATIAS INTRODUÇÃO Pericárdio: é uma estrutura que envolve o coração, fibrosa, composta por duas camadas: a camada visceral que é aderida ao epicárdio (colada no coração) e o parietal (epicárdio reflete sobre si mesmo no nível da base para formá-lo). É mais espesso, pois é formado por tecido conjuntivo denso e fibras elásticas. Líquido pericárdico (transudato): entre esses dois folhetos, possui 20-50mL, sendo produzido e reabsorvido o tempo inteiro, é pouco distensível e lubrifica as camadas parietal e visceral (função primordial) para evitar atritos. O folheto parietal tem pouquíssima tolerância a distensibilidade, possui terminações nociceptivas e se o volume pericárdico for aumentado rapidamente, isso vai ser traduzido em aumento de pressão dentro do saco pericárdico, pressão essa que vai comprimir o coração. Funções: proteção e sustentação. Mantém o coração firme e impede a dilatação rápida das paredes cardíacas. O pericárdio possui vários pontos de fixação, vários ligamentos: está fixado no esterno, coluna vertebral, diafragma, entre outros. Devido a isso o coração NÃO faz grandes movimentos dentro da caixa torácica. Além disso, o pericárdio é ricamente inervado, possuindo muitas terminações nervosas livres, por isso é uma estrutura altamente sensível a dor. Uma característica é que temos os nervos frênicos passando de um lado e de outro pelo pericárdio. Doenças pericárdicas que irritam os frênicos podem se manifestar, por exemplo, como soluço. Pericardiopatia acaba sendo, então, diagnóstico diferencial de soluço. Apesar de toda essa complexidade, o pericárdio não é uma estrutura vital para sobrevivência. Indivíduos que passam por uma pericardiectomia vivem bem, sem repercussões hemodinâmicas. Algumas pessoas nascem sem pericárdio e possuem as câmeras cardíacas com volumes maiores, pois não tem nenhum folheto para sustentação, mas não há repercussão hemodinâmica. ETIOLOGIAS Idiopática: é a maioria, a causa fica indefinida. Infecciosa: estima-se que boa parte dessas sejam infecciosas, principalmente virais, [mas não se faz uma busca direta de vírus porque isso não muda nada no tratamento diante de uma pericardite aguda]. Infecções bacterianas raramente são primárias, geralmente vem por continuidade dos pulmões, devido a uma pneumonia ou qualquer outro comprometimento pulmonar. Pode acontecer em indivíduos imunossuprimidos. Tuberculose: mais comum em imunossuprimidos também. Trauma: Fechado, aberto ou cirúrgico. É comum pericardite pós-cirurgia cardíaca: abre-se o pericárdio e após a cirurgia pode ter inflamação, inclusive com derrame. Esse tipo não estaria relacionado ao trauma em si, mas sim a resposta autoimune da exposição dos Scheila Maria 2016 2 antígenos pericárdicos no momento que está sendo manipulado . Pode levar a derrames pericárdicos importantes. Doenças do colágeno: lúpus, artrite reumatoide, doenças autoimunes Neoplasias: é mais comum que as metástases causem pericardite, mas pode ser no próprio pericárdio [MUITO raro]. Infarto Agudo do Miocárdio: a própria inflamação que ocorre em decorrência da injúria isquêmica lesiona muito o epicárdio que está bem próximo ao pericárdio, levando a uma pericardite aguda relacionada ao infarto, ou em alguns casos, que é bem mais raro, causar um tipo de pericardite mais tardia que é a Síndrome de Dresler: é uma pericardite e uma serosite que ocorre dias após o IAM, podendo se manifestar como derrame pericárdico, derrame pleural, dor relacionada a pericardite e que tem uma característica auto imune. É uma síndrome que é mais comum em infartos extensos, tento uma exposição antigênica muito maior, e nos infartos que NÃO foi feita a reperfusão. Não sendo reperfundido, aquele miocárdio necrótico irá liberar antígenos circulatórios que no final pode desencadear a síndrome de Dresler. Depois que a terapia de reperfusão tornou-se normal, essa síndrome diminuiu. Uremia: Pacientes com insuficiência renal crônica que são acompanhados com quadro de uremia podem ter pericardite. O mecanismo ainda não é muito conhecido, mas acredita-se que sejam moléculas inflamatórias que não são depuradas adequadamente pelo rim e podem provocar um processo inflamatório do pericárdio levando a pericardite aguda, derrame pericárdico e etc. Radiação: pacientes submetidos à radioterapia, a radiação intensa pode dar pericardite aguda que pode cronificar e se transformar em uma pericardite constritiva. Endocrinopatias: São várias, mas a de maior importância é o hipotireoidismo, não se sabe como isso acontece. O hipotireoidismo é uma causa de derrame pericárdio. Mais de 30% e 40% dos derrames pericárdicos idiopáticos que chegam para investigação acabam sem diagnóstico etiológico. Isso é um percentual alto. Muitos descobrem “sem querer” quando vão fazer um eco porque não possuem nenhuma manifestação. PERICARDITE AGUDA Diagnóstico diferencial de dor torácica. Processo inflamatório altamente doloroso com fácies de sofrimento. Quadro do paciente na urgência: Dor torácica [pode se assemelhar à do infarto], dispneia, quadro gripal prévio e atrito pericárdio (85%, patognomônico, variante) A dor é precordial ou retroesternal, contínua, de longa duração, pleurítica, tipo pontada, perfurante ou em opressão. Pode ter irradiação pra o trapézio, ou irritar o diafragma causando soluço associado. É ventilatório dependente, piora com a respiração, tosse e espirro (isso já é diagnóstico diferencial com dor isquêmica) e ao decúbito dorsal, Scheila Maria 2016 3 modifica-se de acordo com a posição do paciente, a dor costuma aliviar quando o paciente inclina o tórax para frente. OBS: Investigar sobre virose a alguns dias antes do ocorrido. Todo paciente com dor torácica deve-se pedir um ECG por mais atípica que seja a dor. Exame físico: atrito pericárdico, o qual, não é encontrado em todas as posições, por isso movimentar o paciente durante o exame físico é tão importante. Esse atrito pericárdico tem 3 componentes: 1 componente da sístole ventricular, outro da diástole ventricular e outro da sístole atrial. Mas na prática clínica nós auscultamos, no geral, um componente ou com sorte, dois. O atrito pericárdico é o pericárdico inflamado gerando um barulho parecido de punho de rede balançando. Não estará presente em todas as posições. OBS: Paciente com IAM costuma ter sensação de aflição de morte iminente. Enquanto quem tem uma doença mais benigna como pericardite, não tem isso não. Diagnóstico: O primeiro exame que você faz com um paciente na urgência é Rx de Tórax para avaliar aorta, dissecção de aorta, pneumotórax, sugestão de embolia pulmonar, entre outros. Tem que fazer ECG, ele é bem característico na pericardite, tem um supradesnível de ST da mesma forma que no IAM, mas é um supradesnível diferente. Enquanto que no IAM nós temos um supra de ST convexo, com S e T deformadas, na pericardite ele é côncavo, continua com o mesmo formato dele normal, porém supradesnivelado. Enquanto o supradesnível de ST do infarto respeita a parede, infartada, o supradesnível de ST da pericardite não localiza parede. Então ele é difuso, estando em várias derivações, sendo mais difuso. [ECG da pericardite] OU SEJA: supra de ST sem surgimento de onda Q, com onda R preservada e com ST supradesnivelado sem deformar e sem respeitar parede, é pericardite aguda! OBS: Fazer os eletros sequenciais, pois na pericardite o ECG apresenta fases. Na fase I ocorre o supra, em várias derivações e com T apiculada. Na fase II o supra baixa, volta a linhade base, pode ser questão horas ou dias. Na fase III ocorre inversão da onda t, e por fim, a normalização do ECG (fase IV). As vezes, essa onda t invertida, que aparece depois que o supra baixo pode persistir depois de semanas. Outro exame é o marcador inflamatório: PTN C reativa! Ela aumenta bastante e tem relação com a resposta, paciente melhora, ela melhora. Marcador de injúria miocárdica: troponina. Você não pode liberar seu paciente sem pedir: marcador, radiografia e eletro! Essas três coisas são essenciais. Marcador pode estar ou não alterado. Geralmente está alterado se a inflamação epicárdica está exagerada, pode acometer também o miocárdio. Nesses casos o ecocardiograma irá ser essencial, pois no IAM terá alteração segmentar de contratilidade. A área infartada vai bater menos que as demais. Tudo isso é visto no exame, já na pericardite, o coração ta batendo normal, vejo miocárdio espessado e vejo derrame pericárdico, se tiver. Scheila Maria 2016 4 O tratamento da pericardite aguda é repouso e internação + anti-inflamatório, os pacientes costumam responder muito bem a anti-inflamatórios não hormonais, o que a gente usa na prática do dia a dia é o ibuprofeno, tem um perfil de tolerância e de segurança bom e os pacientes costumam responder muito! A gente faz 600 mg de 8/8hs de ibuprofeno, se o paciente não responder adequadamente as diretrizes sugerem você associar colchicina, que é um outro anti-inflamatório. Geralmente o paciente responde, alivia a dor. Mantém a terapia durante 5 a 10 dias. Se fizer colcichina as diretrizes recomendam manter pelos 3 meses, porque diminui o risco de reincidência, de voltar a pericardite. Por que o que pode acontecer? Em até 20% dos casos a pericardite recidiva. ObS: anticoagulante é contra indicado em todos os casos de pericardite aguda, pelo menos em sua fase sintomática devido ao risco de tamponamento por hemopericardio. Na pericardite piogênica: geralmente complicação de infeção bacteriana torácica ou abdominal alta. O quadro inclui febre alta, calafrios, sudorese, dispneia, prostração. O eco é de extrema importância para avaliar derrame pericárdico (comum nesses casos e geralmente levam a tamponamento em 40% dos casos). O ttt inclui a drenagem imediata e antibioticoterapia (oxacilina e gentamicina). Fazer coleta de líquido para cultura e GRAM. A pericardite aguda pode ser fatal? Dificilmente, geralmente ela é pericardite aguda idiopática viral adquirida. DERRAME PERICÁRDICO Aumento do volume do pericárdio. E geralmente é quando há aumento de volume que pode ser detectado pelo ecocardiograma no qual não se consegue ver os 50 ml de líquido pericárdico que existem normalmente. Quando há aumento > 100 ml, ocorre afastamento do pericárdio parietal do visceral e é possível detectar. Quadro: geralmente assintomático, porém nos casos moderados a grave pode ocorrer dor precordial leve e sintomas decorrentes da compressão de estruturas adjacentes: disfagia, soluço, rouquidão, dispneia. Podem ser pequenos ou grandes, volumosos, como acontece por exemplo na tuberculose e nas neoplasias. Para que eles possam se acomodar no pericárdio sem causar tamponamento cardíaco precisam de uma instalação lenta, gradativa. Se o derrame se instalar de forma rápida > 100 ml já começa a ocasionar problema, 200 ml já consegue tamponar o coração. Mas se for se instalando de uma forma lenta, gradativa, ao longo de meses, pode ocorrer até 2L de líquido dentro do pericárdio, numa situação de tuberculose ou tumor, por exemplo, sem causar tamponamento. ECG: o eletrocardiograma nessa situação tem primeiro diminuição da amplitude, da voltagem. A voltagem é pequena porque o potencial tem que atravessar todo o líquido + o Scheila Maria 2016 5 pericárdio + a parede até chegar no eletrodo explorador. Ocorre também a alternância elétrica. Alternância elétrica é o aparecimento de complexos QRS de tamanhos variáveis, grandes e pequenos. Isso se explica pelo balanço do coração, que está livre, boiando dentro do líquido, então em um momento ele vai estar mais próximo do eletrodo em outro momento ele vai estar mais afastado. OU SEJA: são 2 características eletrocardiográficas de grandes derrames pericárdicos: redução da amplitude dos complexos e alternância elétrica. TAMPONAMENTO CARDÍACO Líquido que se acumulou rapidamente e comprime de uma maneira uniforme o coração. Há um aumento importante da pressão intrapericárdica. Quais as câmaras que são mais comprimidas? Direitas! Por que? Porque a pressão que se contrapõe a isso, que vai resistir a compressão extrínseca é a pressão dentro das cavidades! Quanto maior for a pressão dentro das cavidades, maior a resistência à compressão extrínseca. As câmaras direitas são câmaras de baixa pressão ao contrário das câmaras esquerdas. Então as câmaras direitas são as primeiras a sofrer, geralmente elas são colapsadas, no momento da diástole. Fisiopatologia: aumento das pressões de enchimento congestão; redução dos volumes de enchimento baixo DC hipotensão. Como mecanismos compensatórios ocorrem taquicardia e vasoconstrição periférica. No entanto, vai chegar um momento em que esse aumento da FC não é satisfatório e até o estiramento do pericárdio reflexamente ele induz bradicardia, que acelera o processo de descompensação. Então há uma descompensação, o coração é comprimido ativamente e ele tem aquele seu volume mais ou menos fixo. O quadro clínico do tamponamento cardíaco clássico é a chamada tríade Beck: hipotensão, turgência jugular, bulhas hipofonéticas. Quadro: Paciente que está com sensação de morte eminente, pálido, taquipneico, taquicárdico, geralmente dispneico, por aumento da pressão venocapilar pulmonar (embora frequentemente não ocorre edema de pulmão porque o débito do VD está comprometido), Porém ocorre sensação de dispneia, baixo débito, hipotensão, jugulares túrgidas, na ausculta bulhas abafadas (tríade de Beck). Outro sinal é o pulso paradoxal. OBS: Na inspiração o que é que acontece? Diminuição da pressão sistólica maior ou igual a 10 mmHg. Quando você tem um pulso paradoxal muito significativo, você consegue detectar na palpação, na expiração há o pulso, na inspiração o pulso some. O mecanismo básico é o seguinte, o volume cardíaco ele está fixo, Quando você inspira tende a ter aumento do retorno venoso para o coração direito, tende a ter um aumento do volume das câmaras direitas. Porém o coração não consigue ter esse volume sem tirar de outro canto. Ocorre uma interdependência dos ventrículos porque eles partilham o septo intraventricular. Quando eu inspiro e o volume de sangue aumenta o que acontece? O volume do ventrículo direito aumenta colapsando o ventrículo esquerdo do outro lado. Então, colapsou o ventrículo esquerdo eu não vou ter volume pra ser ejetado na aorta. O Scheila Maria 2016 6 volume do coração como um todo é comprometido, quando eu inspiro o septo ventricular direito vai lá pro lado esquerdo, aí esmaga o ventrículo esquerdo e eu tenho o pulso paradoxal. Uma coisa interessante que acontece é o seguinte, se um paciente tiver insuficiência aórtica ela pode evitar o pulso paradoxal. Então o paciente as vezes mesmo com tamponamento cardíaco se ele tiver insuficiência aórtica concomitante o pulso paradoxal não acontece. Por que? Porque é o ventrículo empurrando o septo pra um lado e do outro lado a regurgitação que está ali na aorta empurra o septo pro outro lado, aí você tem mais ou menos um equilíbrio ali e você não consegue detectar tanto. As pressões diastólicas dos ventrículos direito e esquerdo no tamponamentocardíaco são iguais. Isso é uma característica hemodinâmica do tamponamento cardíaco. Outra característica hemodinâmica é que no tamponamento cardíaco o descenso Y desaparece. Ocorre a manutenção do descenso X, porque o descenso X acontece durante a sístole ventricular, na qual ocorre a queda da pressão atrial, facilitando seu enchimento. Já o descenso Y seria a queda da pressão atrial decorrente da abertura das válvulas AV. No entanto nesse momento não há sangue saindo do coração e, portanto não há redução da pressão, inclusive no átrio. O diagnóstico do tamponamento é muito simples, você tem que ter o diagnóstico assim: o eletrocardiograma, a radiografia do tórax e ecocardiograma. A radiografia do tórax pode não dizer muita coisa (pode ocorrer um tamponamento, com um volume que se instalou rapidamente e não deu tempo nem de ter um aumento da área cardíaca). O eletrocardiograma pode ser inespecífico, mas o exame que vai lhe dar o diagnóstico e ajudar na terapêutica específica é o ecocardiograma. Então, suspeitou de tamponamento cardíaco, tem que correr atrás de um eco. O eco vai mostrar tudo, o volume pericárdico aumentado, a mudança do fluxo de via de saída respiratória, você tem uma documentação Doppler cardiográfico de pulso paradoxal e ele vai mostrar o colapso diastólico das paredes de câmara direita. Tratamento: O procedimento é simples, na beira do leito você vai introduzir uma agulha e esvaziar o pericárdio do paciente, ocorre melhora instantânea. Após isso deve-se buscar a etiologia {porque pode ser um derrame que possa coletar, você vai ver o aspecto do liquido, um liquido celular pode ser de um tumor, por exemplo, sangue vivo pode vir de um poli traumatizado com turgência jugular). Em casos de hipotensão, fazer a reposição volêmica e suporte inotrópico além da drenagem do líquido. PERICARDITE CONSTRICTIVA É uma situação mais crônica. Etiologia: pode acontecer em decorrência de radiação, de pericardites de repetição, tuberculose ou, após um hemopericárdio [paciente com derrame sanguinolento por trauma, por exemplo e que foi esvaziado mas permaneceu sangue no local, daí esse sangue pode sofrer transformação e virar tecido fibroso causando a pericardite constritiva]. Scheila Maria 2016 7 O pericárdio se transforma em uma carapaça fibrosa, endurecida e às vezes calcificada. No caso específico da tuberculose existe uma deposição de cálcio tão importante que não é incomum na radiografia do tórax aparecer o coração parecendo um ovo, o desenho do cálcio ao redor do coração. Ocorre então limitação ao enchimento ventricular diastólico. Não é um quadro agudo, como é a do tamponamento, é um quadro crônico que vai se instalando gradualmente. No tamponamento além de ser uma situação aguda, há uma compressão ativa do coração, liquido comprimindo o coração. Na pericardite constritiva há uma carapaça envolvendo-o, não está comprimindo, porém impede a expansão. Portanto existe uma redução dos volumes diastólicos ventriculares, principalmente, levando a congestão. Ocorre aumento gradativo dos átrios, principalmente o átrio direito, aumento de pressões venosas e predisposição a desenvolver fibrilação atrial em algum momento de sua evolução. Clínica: semelhante a insuficiência cardíaca direita. Edema de membros inferiores, hepatomegalia, turgência jugular, ascite. Pela redução crônica do debito cardíaco costumam manter o quadro de consumo sistêmico que leva a caquexia cardíaca (perda de massa muscular). Ocorre ainda pulso paradoxal (como a carapaça está sustentando, quando ocorrer aumento de retorno venoso à direita o VD não consegue expandir a parede livre e empurra o septo). Outro sinal (não existente no tamponamento é o sinal de Kussmaul (ocorre a turgência jugular quando o paciente inspira pois há restrição ao retorno venoso) . Curva de pressão atrial: no tamponamento o descenso y desaparece, já aqui ele é pronunciado e desaparece rapidamente. Então, na pericardite constritiva há o chamado sinal do “M”, ele é mais profundo e mais rápido. O que é que acontece? Ele é mais profundo porque como eu tenho um aumento da pressão atrial, no momento em que a válvula tricúspide se abre eu tenho um fluxo muito rápido (VRUM) através dela, só que rapidamente preenche o ventrículo direito e ocorre um “breque” diastólico limitando o restante do enchimento devido à constricção pericárdica. Na curva de pressão ventricular: ocorre o sinal da raiz quadrada que reflete a rápida queda inicial seguida do abrupto aumento pressórico, formando um platô nos dois terços finais da diástole. A curva da raiz quadrada é também encontrada na miocardiopatia restritiva. O melhor exame para você ver o pericárdio, que ajuda muito no seu diagnóstico, é a ressonância nuclear magnética. Se apesar do ECO tiver suspeita forte de pericardite constritiva peça uma ressonância, que ela vê bem o pericárdio, dá a espessura, as características, e muitas vezes você consegue bater o diagnóstico com isso aí. Tratamento: pericardiectomia, que nem sempre é simples, porque às vezes o pericárdio está tão aderido que praticamente se funde com o miocárdio do paciente. Retirar o pericárdio com cuidado para não lesar principalmente os frênicos, porque em caso de lesão pode ocorrer paralisia diafragmática Pode encontrar ruído na ausculta (Knock pericárdico), é um ruído mesodiastólico no momento que o fluxo sanguíneo entra no ventrículo e o ventrículo para rapidamente de se expandir porque encontra o pericárdio endurecido. Scheila Maria 2016 8 Nesse caso, não tem atrito pericárdico porque não tem nem espaço virtual, o pericárdio parietal e visceral se fundem e formam uma massa de tecido rígido. ECG: costuma ser inespecífico então, pode ocorrer fibrilação atrial e alterações de repolarização ventricular inespecíficas. Se for a carapaça muito espessa pode ter redução da voltagem, da amplitude do QRS, mas não é uma coisa que chama muito a atenção.
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