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Penal II Prova 1 Resumo Mariana

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Penal II 
Concurso de pessoas:
Os tipos contidos na parte especial do código penal referem-se a fatos realizáveis por uma única pessoa. Contudo, o fato punível pode ser obra de um ou de vários agentes. Os motivos que levam o individuo a realização de uma empresa criminosa pode ser as mais variadas: assegurar o êxito empreendimento delituoso, garantir os intimpunidade, possibilitar o proveito coletivo do resultado do crime ou simplesmente safisfazer outros interesses pessoais.
A cooperação na realização d fato típico pode ocorrer desde a elaboração intelectual até a consumação do delito. Respondem “pelo ilícito o que ajudou a planeja-lo, o que forneceu os meios materiais para a execução, o que intervem na execução e mesmo os que colaboram na consumação do ilícito”. 
Essas dificuldades só se apresentam no chamado concurso eventual de pessoas, que pode receber a contribuição de terceiros até o momento de consumação do crime. Cabe advertir, por outro lado, que não entram no âmbito da codelinquência as condutas praticadas após a consumação do crime. Em nosso direito pátrio esse comportamento configurará crime autônomo, podendo tipificar receptação, favorecimento real, favorecimento pessoal, etc. Somente as condutas realizadas ao longo do inter crimis até a consumação são consideradas como formas de intervenção no delito. 
Deve-se ter presente que o chamado concurso necessário, na hipótese dos crimes plurissubjetivos, que só podem ser cometidos por duas ou mais pessoas, como bigamia, rixa, etc. O concurso de pessoas em outros termos é a consciente e volutaria participação de duas ou mais pessoas. 
Teorias do concurso de pessoas:
Como deve ser valorado o fenômeno delitivo quando participam vários indivíduos. Existem algumas teorias para isso: pluralística, dualística e monistica. 
Pluralística: cada participante corresponde uma conduta própria um elemento psicológico próprio e um resultado igualmente particular. Corresponde a pluralidade de crimes. Existem tantos crimes quantos forem os participantes do fato delituoso. As condutas praticadas em concurso de agentes dirigem-se a realização de um mesmo crime, mantendo-se a unidade de imputação para todos aqueles que nele participam. Ex: a pratica do crime de roubo quando quatro pessoas entram em acordo para subtrair o dinheiro de um banco, com grave ameaça ao gerente. Não estamos diante de quatro crimes de roubo, ou do “crime de concurso”, mas sim, de um único crime que para a sua execução contou com a intervenção de quatro agentes. O resultado produzido é um só. 
Dualistica: há dois crimes, um para os autores, que realizam a atividade principal, a conduta típica emoldurada no ordenamento positivo, e outro para os participes, aqueles que desenvolvem uma atividade secundaria, que não realizam a conduta nuclear descrita no tipo penal. Os autores realizam a conduta principal, durante a fase executória, constitutiva do tipo de autoria (ou de coautoria), enquanto os participes integram-se ao plano criminoso, colaborando na fase preparatória ou mesmo na fase executória contribuindo com conduta secundaria, de menor importância, e realizam o tipo de participação. Não estamos diante da pratica de dois crimes distintos, a ação daquele que realiza a atividade típica (o executor) é tão importante quanto a do participe que atua no planejamento da ação executória que é levada a cabo pelos demais. 
Monistica ou unitária: o fenômeno da codeliquencia deve ser valorado como constitutivo de um único crime, para o qual converge todo aquele que voluntariamente adere a pratica da mesma infração penal. No concurso de pessoas todos os intervenientes do fato respondem pelo mesmo crime. Essa visão unitária do fenômeno criminoso, que é a resposta mais adequada a primeira questão formulada a pergunta a cerca de como deve ser valorado o fenômeno delitivo quando participam vários agentes, não deve confundir com como deve ser valorada a conduta individual daqueles que participam no mesmo crime. Há duas possibilidades, a de considerar todos os intervenientes no mesmo crime como autroes de uma mesma obra comum, sem fazer qualquer distinção de qualidade entre as condutas praticadas (sistema unitário) ou considerar o crime praticado como o resultado da atuação de sujeitos principais e de sujeitoss acessórios ou secundários que realizam condutas qualitativas dinstintas (sistema diferenciador)
No sistema unitário clássico todo aquele que concorre para o crime causa-o em sua totalidade e por ele responde integralmente. Embora o crime seja praticado por diversas pessoas que colaboram de maneira distinta, todos respondem na qualidade de autor, o resultado da conduta de cada um e de todos, indistintamente. O fundamento maior dessa teoria é o político-criminal, que prefere punir igualmente a todos os participantes de uma mesma infração penal. 
O legislador da reforma penal procurou distinguir com precisão a punibilidade de autoria de participação. Alguns princípios disciplinando determinados graus de participação que permitem a interpretação da atual normativa acerca do concurso de pessoas no sentido do sistema diferenciador.
O CP adotou a teoria monistica, quanto a valoração das condutas daqueles que nele participam, adotou um sistema diferenciador distinguindo a atuação de autores e participes, permitindo uma adequada dosagem de pena de acordo com a efetiva participação e eficácia causal da conduta de cada participante, na medida da culpabilidade, individualizada. 
Art. 29 – Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade.
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço. 
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave.
Causalidade física e psíquica: 
Causalidade tem uma exagerada influencia na solução do problema da “codeliquencia”, esquecendo-se de que a causalidade é apenas um elemento material, objetivo do concurso. O elemento subjetivo, a vontade e consciência de participar da obra comum. É indispensável a consciência e vontade de participar. A consciência de colaborar na realização de uma conduta delituosa pode faltar no verdadeiro autor, que pode até desconhece-la, ou não deseja-la, bastando que o outro autor agente deseje aderir a empresa criminosa. Adesão consciente e voluntaria, não só na ação comum, mas também no resultado pretendido pelo autor principal. 
Exige também o liame subjetivo para completar-se. Ex: alguem querendo contribuir com a pratica de um homicídio, empresta uma arma, não é utilizada na execução do crime, não influi na forma alguam no animo do autor ou então criado que por imprudência ou negligencia, deixa aberta a porta da casa durante a noite favorencendo a pratica de um furto. No primeiro caso, não houve eficácia causal da participação, no segundo faltou elemento subjetivo. 
Quem deve responder na qualidade de participe secundário. Isso porque através da teoria da equivalência das condições, somente indentificamos a ação a ação e a omissão que pode ser considerada como causa, mas dela não podemos deduzir qual é a conduta mais relevante para efeitos de autoria, nem qual é a conduta secundaria, para efeitos de participação. 
 Requisitos do concurso de pessoas:
É indispensável a presença de elementos de natureza objetiva e subjetiva. Porém outros requisitos devem somar-se aqueles. 
Pluralidade de participantes de condutas: esse é o requisito básico do concurso eventual de pessoas: a concorrência de mais de uma pessoa na execução de uma infração penal. Todos os participantes desejem contribuir com sua ação na realização de uma conduta punível, não o fazem, necessariamente, da mesma forma e nas mesmas condições. Alguns praticam o fato material típico, representado pelo verbo núcleo do tipo, outros se limitam a instigar, induzir, auxiliar moral ou materialmente o executor ou executorespraticando atos, que em si mesmos, seriam atípicos. A participação de cada um e de todos contribui para o desdobramento causal do evento e respondem todos pelo fato típico em razão da norma de extensão do concurso. 
Relevância causal de cada conduta: a conduta típica ou atípica de cada participante deve integrar-se à corrente causal determinante do resultado. Nem todo comportamento constitui “participação”, pois precisa ter “eficácia causal”, provocando, facilitando ou ao menos estimulando a realização da conduta principal. Ex: daquele que querendo participar de um homicídio, empresta uma arma de fogo ao executor, que não a utiliza e tampouco se sente estimulado ou encorajado com tal empréstimo a executar o delito. Aquele que não pode ser tido como participe pela simples e singela razão que de que o seu comportamento foi irrelevante, isto é, sem qualquer eficácia causal. 
Vinculo subjetivo entre os participantes: consciência de que participam de uma obra comum. A ausência desse elemento psicológico desnatura o concurso eventual de pessoas, transformando-o em condutas isoladas e autônomas. “somente a adesão voluntaria, objetiva (nexo causal) e subjetiva (nexo psicológico), a atividade criminosa de outrem, visando a realização do fim comum, cria o vinculo do concurso de pessoas e sujeita os agentes a responsabilidades pelas conseqüências da ação. O simples conhecimento da realização de uma infraçãoi penal ou mesmo concordância psicológica caracterizam só conivência, que não é punível, a titulo de participação, se não constituir, pelo menos, alguma forma de contribuição causal, ou, então, constituir, por sim mesma, uma infração típica. Será responsabilizado como paticipe quem, tendo ciência da realização de um delito, não denuncia as autoridades. 
Identidade de infração penal: para que o resultado da ação de vários participantes possa ser atribuído a todos, “tem que consistir em algo juridicamente unitário. Ex: alguém planeja uma a realização da conduta típica, ao executá-la, enquanto um desvia a atenção da vitima, outro lhe subtrai os pertences e ainda um terceiro encarrega-se de evadir-se do local com um produto do furto, isso caracteriza a divisão do trabalho constituída de atividades dispares, convergentes a um mesmo objetivo típico: subtrais de coisa alheia móvel. 
Autoria:
Um sistema diferenciador caracteriza pela adoção do principio de acessoriedade da participação, pois é através deste principio que podemos entender a participação, pois é através deste principio que podemos entender a participação como uma intervenção secundaria, cuja punibilidade se estabelece em função de determinados atributos da conduta do autor. Tem a necessidade de estabelecer critérios de distinção entre as condutas de autoria e as condutas de participação. É possível igualmente que mais de uma pessoa pratique a mesma infração penal, ignorando que colabora na ação de outrem (autoria colateral), ou então, consciente e voluntariamente, coopere no empreendimento criminoso, praticando atos de execução (coautoria).
O conceito extensivo de autor tem como fundamento dogmático a ideia da teoria da equivalência das condições, na qual causalidade não se distingue a autoria da participação. Todo aquele que contribui com alguma causa para o resultado é considerado autor. Inclusive o instigador e cúmplice seriam considerados autores, já que não se distingue a importância da contribuição causal de uns e outros. A distinção deveria ser feita em face da lei, que o reconhece, estabelecendo penas diferentes para o autor, o indutor (instigador) e o cúmplice. É autor quem realiza uma contribuição causal ao fato, seja qual for seu conteúdo, com “vontade de autor”, enquanto é participe quem, ao fazê-lo, possui unicamente “vontade de participe”. O autor quer o fato como próprio, age com o animus auctoris; o participe quer o fato como alheio, age com animus socii. A extensão do tipo penal a todas as condutas consideradas como causa seria mitigada pelo critério subjetivo. 
O conceito restritivo de autor é o entendimento de que nem todos os intervenientes no crime são autores. Preceitua que somente é autor quem realiza a conduta típica descrita na lei, apenas o autor (ou coautores) pratica(m) o verbo núcleo do tipo: mata, subtrai, falsifica etc. Ao contrario do conceito extensivo de autor, nem todo aquele que interpõe uma causa realiza o tipo penal, pois “causação não é igual a realização do delito”. De acordo com o conceito restritivo, portanto realizar a conduta típica é objetivamente distinto de favorecer a sua realização. Somente a conduta do autor pode ser considerada diretamente como típica, sendo necessária que o legislador especifique se as formas de participação são por extensão são tipicamente relevantes e puníveis.
Para distinguir o conceito de autor é necessário falar da participação acessória e suas teorias que são a teoria objetivo-formal e objetivo-material (pagina 556).
Teoria do domínio do fato:
Elaboração superior as teorias ate então conhecidas, que distingue com clareza de autor e participe, a figura do autor mediato, além de possibilitar melhor compreensão da coautoria. Essa teoria surgiu em 1939 com o finalismo de Wezel e a tese de que nos crimes dolosos é autor quem tem o controle final do fato. Foi por Roxin que teoria do domínio do fato foi desenvolvida. A teoria do domínio do fato ganhou ao longo dos anos uma dimensão muito maior do que a simples referencia aos crimes cometidos à época do nacional-socialismo, alcançando sofisticado desenvolvimento com os trabalhos levados a efeito por Roxin. 
Nem uma teoria puramente objetiva nem outra puramente subjetiva são adequadas para fundamentar a essência da autoria e fazer, ao mesmo tempo, a delimitação correta entre autoria e participação. Teoria do domínio do fato tem a pretensão de sintetizar os aspectos objetivos e subjetivos, impondo-se como uma teoria objetivo-subjetivo. O domínio do fato suponha um controle final, aspecto subjetivo, não requer somente finalidade, mas também uma posição objetiva que determine o efetivo domínio do fato. Segundo essa teoria, é quem tem o poder de decisão sobre a realização do fato. 
A teoria do domínio do fato reconhece a figura do autor mediato, desde que a realização da figura típica apresente-se como obra de sua vontade reitora, sendo reconhecido como “o homem de trás”, e controlador do executor. Essa teoria tem as seguintes conseqüências: 1- realização pessoal e plenamente responsável de todos os elementos do tipo fundamenta sempre a autoria; 2- é autor quem executa o fato utilizando outrem como instrumento (autoria mediata); 3- é autor o coautor que realiza uma parte necessária do plano global. E pode ser exercido das seguintes formas: pelo domínio da ação, domínio da vontade e domínio funcional do fato. 
A aplicação da teoria do domínio do fato limita-se aos delitos dolosos. Pois os delitos culposos caracterizam-se exatamente pela perda desse domínio.
Autoria mediata:
É autor mediato quem realiza o tipo penal servindo-se, para a execução da ação típica, de outra pessoa como instrumento. Em muitos casos se impõe a autoria mediata, mesmo quando fosse possível, sob o ponto de vista da acessoriedade limitada, admitir participação (caso do executor inculpável), desde que o homem de trás detenha o domínio do fato. O executor, na condição de instrumento, deve encontrar-se absolutamente subordinado em relação o mandante.
Como instrumento humano que atua: 1- em virtude da situação de erro em que se encontra, devido a falsa representação da realidade (erro do tipo), ou do significado jurídico da conduta que realiza (erro de proibição) que é provocada pelo homem de trás; 2- coagido, devido a ameaça ou violência utilizada pelo homem de trás; 3- num contexto de inimputabilidade (com utilização de inimputáveis). 
Não impede possibilidade de sua ocorrência em ações justificadas do executor. Ex: o gente provoca deliberadamente uma situação de exclusão de criminalidade para aquele. 
Coautoria:
É a realização conjunta, por maisde uma pessoa, de um mesma infração penal, em ultima analise é a própria autoria. É desnecessário um acordo prévio, bastando a consciência de cooperar na ação comum. A atuação consciente de estar contribuindo na realização comum de uma infração penal. Todos participam da realização do comportamento típico, sendo desnecessário que todos pratiquem o mesmo ato executivo. Basta que cada um contribua efetivamente na realização da figura típica e que essa contribuição possa ser considerada importante no aperfeiçoamento do crime. 
Coautoria fundamenta-se no principio da divisão do trabalho, em que cada um possa ser chamado verdadeiramente de autor. Ex: no crime de estupro, enquanto um dos agentes segura a vitima, o outro a possui sexualmente. Não há relação de acessoriedade, mas a imediata imputação recíproca, cada um desempenha uma função fundamental na consecução do objetivo comum.

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