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Características anatômo-fisiológicas do RN a termo O RN apresenta uma mobilidade incoordenada: move todos os braços e pernas, vira-se, torce-se e treme. No sono, cessam todos esses movimentos. Chora ativamente quando está com fome e na presença de estímulos externos. Cabeça: a) Volume: o crânio do RN se destaca por suas proporções em relação ao restante do corpo. O perímetro cefálico mede mais ou menos 35cm e é 2cm maior do que o perímetro torácico (fórmula para avaliação do perímetro cefálico: metade do comprimento + 10). b) Forma: é bastante comum a forma ovóide. Sua morfologia sofre alterações ao passar pelo canal cervical, provocando acavalgamento das tábuas ósseas. São observados três tipos de sutura na junção desses ossos: frontoparietais, biparietais ou mediana e occiptoparietais. Ainda pode-se constatar a presença de Bossa Serossanguinolenta, que se apresenta como uma bolsa de secreção serosa que se forma sob o couro cabeludo do feto, em conseqüência do atrito com estruturas ósseas maternas durante o parto. c) Fontanelas ou Moleiras: são localizadas na cabeça do RN, através da palpação. As principais são em número de duas: anterior ou bregmática (aberta até os 18 meses) e posterior ou lambidóide (aberta até os 3 meses). São conceituadas como espaços cartilaginosos entre as tábuas ósseas, que facilita o trabalho de parto, permitindo o amoldamento do crânio, conforme o canal vaginal, protegendo também o cérebro do RN e permitindo o crescimento acentuado do cérebro no período fetal até a pós-natal. Pele Existem particularidades na pele do RN que identificam este período: Vernix Caseosa: produto de secreção da pele durante a vida intra-uterina, recobre e protege a pele contra a maceração pelo líquido amniótico. Favorece o deslizamento do corpo na hora do parto e mantém a temperatura corporal da criança após o nascimento. Alguns autores descrevem como sendo constituída de glicerina, gorduras, matérias protéicas e colesterina, pêlos e resíduos epidérmicos. A película lipóide é reabsorvida nas primeiras horas de vida. Cor: a coloração da pele do RN é variável. Quando nasce, este apresenta uma cor fracamente avermelhada (Eritrodermia Neonatal). Essa coloração se dá devido ao número excessivo de glóbulos vermelhos na circulação e tende a diminuir esta coloração, devido a má circulação periférica em conseqüência da diminuição do retorno venoso; apresentam cianose transitória que desaparecem com o aquecimento. Manchas: Pode apresentar manchas diversas: As equimoses são freqüentes e a localização depende da apresentação na hora do parto. Ectasias venosas ou nevos maternos: são avermelhadas disseminadas, não salientes. Principalmente na fronte, pálpebras, lábios e nuca. Mancha mongólica: azul-arroxeada, que se localiza na região sacrolombar. Millium Sebáceo: pequenos pontos brancos, ligeiramente salientes localizados na asa do nariz. Eritema tóxico: pequenas lesões eritematopapulosas esparsas, disseminadas no tronco e abdome. Descamação Fisiológica: Ocorre nos primeiros 15 dias de vida. Pode estender-se até o final do primeiro mês. É a descamação da pele em pequeninas lâminas, enroladas e orientadas no sentido do eixo longitudinal do corpo, ora em verdadeira poeira furfurácea. É encontrada geralmente no abdômen, tórax, pés e mãos. Lanugem: Pelugem fina e longa que aparece com freqüência em RN à termo e mais ainda em prematuros. Encontrada no dorso, face e orelhas. Icterícia fisiológica: No recém-nascido, o aumento da taxa de bilirrubina é frequente e na maioria dos casos benigna. Se o aumento for à custa de bilirrubina indireta, exige tratamento precoce e o resultado é satisfatório. Entretanto quando a taxa e muito alta proveniente de bilirrubina direta, costuma prenunciar enfermidade mais grave. Em 60% das crianças, observamos algum grau de icterícia na primeira semana de vida. Quando em prematuras o aparecimento de icterícia chega a 80%. No primeiro mês de vida, há uma destruição maior ou menor de glóbulos vermelhos, que serão responsáveis pela liberação de ferro para ser armazenado no fígado, onde serão reutilizados para produção de novas hemácias e a globina que se transforma em bilirrubina indireta. Essa bilirrubina indireta vai ser conjugada no fígado transformando- se em bilirrubina direta que é excretada com a bile. Entretanto, se houver uma destruição muito grande de glóbulos vermelhos, haverá concomitante uma taxa muito grande de bilirrubina indireta e o fígado pode não ser capaz de transformar toda essa bilirrubina indireta em direta e tenderá a excretá-la através da pele, mucosas, fezes e bile, surgindo assim a icterícia fisiológica nessa fase da vida. É uma circunstância normal, apresentando- se de forma leve na maioria das vezes e que regride espontaneamente. Para tratamento nos casos simples de icterícia fisiológica, basta amamentar a criança com leite materno, que nessa fase, tem efeito laxativo permitindo a eliminação do excesso de bilirrubina e banhos de sol matinal ou fototerapia. Icterícia patológica: Ocorre quando a mãe apresenta o fator ABO incompatível como o do feto. Caso a mãe apresente fator Rh negativa e tem um filho positivo, os anticorpos do sangue da mãe atingem o feto e este nasce apresentando hemólise muito acentuada, precisando em alguns casos de transfusão sangüínea e tratamento médico imediato. Tórax: É simétrico, e de forma cilíndrica, largo na sua base, com as costelas em posição próxima à horizontalidade. Pode ser visualizado tumefação das glândulas mamárias, podendo persistir por algum tempo devido a alteração hormonal. O perímetro torácico mede aproximadamente 34 cm. Peso: O RN a termo pesa, em geral, entre 3000 e 3500g. • Perda de peso - 5% a 8% do peso ao nascer de vida: perda de líquidos pela diurese intensa, Pouca ingestão de leite materno • Fatores que influenciam o peso ao nascer: raça, idade, alimentação materna; ordem de nascimento; doença materna (ex. diabetes); Acesso a serviços de saúde de qualidade Comprimento: Em geral, o comprimento do RN se aproxima de 48-50 cm. Características fisiológicas Sistema nervoso: O cérebro do recém-nascido acha-se em um período de crescimento rápido por ocasião do nascimento. As células nervosas, denominadas neurônios, são formadas entre 10 a 18 semanas de gestação. Nas semanas e meses imediatamente após o nascimento, o cérebro cresce rapidamente e ocorrem muitos processos funcionalmente importantes. À medida que prossegue o desenvolvimento neuro- motor, movimentos generalizados são substituídos por respostas individuais específicas. Reflexos: O bebê nasce com certos reflexos que devem ser avaliados como evidência do desenvolvimento normal. Sua presença ou ausência e o período em que aparecem ou desaparecem são indicativos de progresso. A maneira como se expressam fornece evidências sobre o funcionamento do SN. Por exemplo, um reflexo fraco ou ausente pode indicar a presença de lesão do sistema nervoso central. Reflexo de Moro ou do abraço: O reflexo de Moro é um reflexo vestibular que demonstra uma consciência de equilíbrio do RN. Considerado como um reflexo de defesa deve ser testado com o bebê deitado e calmo. Um estímulo súbito, provoca a resposta imediata. O bebê enrijece o corpo, ergue as pernas, levanta e abre os braços, trazendo-as depois para a frente como em uma posição de abraço. Além disso, pode-se observar, que ele também flexiona o polegar e o indicador de cada mão, formando um C, e estende os dedos restantes. O bebê freqüentemente chora após esse gesto de abraço.O reflexo de Moro normalmente modifica-sedo 3º ao 4º mês, e desaparece a partir do 6º meses de vida. Reflexo do pescoço: O reflexo tônico do pescoço é um reflexo postural no qual o bebê assume uma posição defensiva. Se esse reflexo estiver presente, notaremos que, quando o bebê, deitado de costas, vira a cabeça para um lado, o seu braço e a perna do mesmo lado para onde voltou a cabeça são parcial ou completamente estendidos, e que o braço e a perna opostos se flexionam. O reflexo tônico do pescoço desenvolve-se no feto por volta de 28 semanas e desaparece no neonato em torno de dois ou três meses. Reflexo de rotação da cabeça: Se a cabeça de um bebê saudável a termo for voltada para um lado, o tronco a acompanhará. Os receptores do reflexo de rotação da cabeça estão localizados nos músculos e articulações do pescoço. O reflexo acha-se presente ao nascimento e é mais acentuado por volta dos três meses. É o primeiro dos vários reflexos que irá auxiliar o bebê a restaurar a posição normal da cabeça e do tronco. Reflexo de preensão: O reflexo de preensão acha-se presente em ambas as mãos e pés. O bebê segurará um objeto colocado em suas mãos, mantendo-se firme por um curto período de tempo, e então o largará. É mais acentuado em bebês a termo, diminui por volta dos dois meses e geralmente desaparece aos três meses. Reflexo de tração: O reflexo de tração pode ser facilmente testado ao mesmo tempo que o de preensão. Após o bebê ter segurado os dedos do examinador com ambas as mãos, ele é gentilmente puxado para uma posição sentada. O examinador utiliza seus outros dedos para auxiliar a preensão do bebê. Um bebê vigoroso, demonstrará possuir tônus de flexão nos braços flexionando os cotovelos, e ter certa capacidade de sustentação da cabeça não a deixando pender completamente; segurará firmemente o dedo do examinador. Reflexo de fuga ou Babinsky: E considerado um reflexo de fuga (a estímulos desagradáveis) acha-se bem desenvolvido em todo bebê saudável, a termo ou prematuro. Está presente em todos os pontos da pele, mas é mais facilmente verificado por estimulação nos pés. Reflexos de rastejamento e da marcha automática: Para verificação deste reflexo, o bebê é erguido por ambas as mãos do examinador, colocadas sob seus braços e em torno do tórax. O bebê a termo alerta, fará o movimento de rastejamento quando colocado sobre o abdômen e movimentos de marcha quando mantido em uma posição ereta, curva-se levemente para a frente, com os pés tocando a superfície de uma mesa. Estes reflexos também estão presentes no prematuro, mas são fracos, e o bebê anda na ponta dos pés. Este reflexo desaparece por volta de 3 a 4 semanas de idade. Reflexos alimentares: Reflexo perioral ou dos pontos cardeais – este reflexo é observado quando o bebê procura o alimento, sendo estimulado sempre que a bochecha é tocada com a mão, o mamilo da mãe ou outro objeto podendo ser verificado uma mudança na posição da boca do RN em direção ao estimulo. Reflexos de sucção, deglutição e faríngeo: Os reflexos de sucção, deglutição e faríngeo, responsáveis pela chegada do alimento ao estômago, estão ativos em todos os bebês a termo mas podem ser facilmente ou descoordenados em bebês prematuros. Fezes: ao nascer, o intestino do RN contém de 60 e 200g de material viscoso, verde-escuro quase negro, em cuja composição entram mucopolissacarídeos, poucos lipídeos e substâncias nitrogenadas não-protéicas, chamada mecônio. Em geral, nas primeiras 24 horas de vida, certa quantidade é eliminada e, após quatro e cinco dias, as eliminações tornam-se um tanto liqüefeitas e heterogêneas, designadas fezes de transição, para em seguida assumirem o aspecto pastoso e coloração amareladas, consideradas normais para o lactente. Sistema endócrino: No período de ajustamento à via extra-uterina, o RN apresenta uma série de distúrbios endócrinos funcionais, entre eles, destaca-se a crise puberal do neonato. Caracteriza-se pela tumefação das mamas, que se tornam duras e dolorosas, podendo em alguns casos aparecer um líquido branco-amarelado espesso em ambos os sexos. Alguns autores acreditam que esta crise seja desencadeada pela passagem de hormônios estrogênios para o organismo do RN. Em alguns casos, ocorre ainda a edema escrotal no sexo masculino e hiperpigmentação dos genitais em ambos os sexos. Crescimento e Desenvolvimento na Infância 1. INTRODUÇÃO Crescimento e desenvolvimento são processos dinâmicos e contínuos que inicia com a fecundação e através de sucessivas divisões celulares são capazes de diferenciar células, estruturas e sistemas, durante todo o ciclo vital humano. Fisiologicamente considera-se crescimento e desenvolvimento como processos diferentes, porém, paralelos em seu curso e interligados em seu significado, sendo considerado dois fenômenos em um só. O crescimento refere-se ao aumento do tamanho (hipertrofia) e de numero de células (hiperplasia), relacionado ao aumento das proporções corporais (peso, altura e aumento das vísceras) e decorrente da diferenciação celular, enquanto que, desenvolvimento refere-se às aquisições neuropsíquicas, capaz de determinar a maturação de órgãos e sistemas de forma a desempenharem habilidades novas e cada vez mais complexas. O desenvolvimento depende da integridade do sistema nervoso central, sistema neuro-muscular e estimulação psicossocial, decorrente da interação do ser humano com seu potencial genético e o meio ao qual está inserido. O crescimento é considerado como um dos melhores indicadores de saúde da criança e de adolescentes, em razão da estreita dependência com os fatores ambientais, refletindo as condições de vida no passado e presente, cabendo ao profissional de saúde observar através de varias dimensões, desde os aspectos biológicos (peso e estatura), até a dimensão psicossocial. Durante o ciclo vital, o crescimento e o desenvolvimento humano são assinalados por períodos distintos e bem definidos em nascimento, infância, adolescência, maturidade e senilidade. A infância e a adolescência são períodos marcados por intenso processo de crescimento e desenvolvimento físico e psicossocial que possibilitam a aquisição de funções motoras, intelectuais e sensoriais, essenciais à maturidade física e psicológica. Esta etapa apresenta também de peculiar a grande vulnerabilidade aos agravos ambientais que, ao longo prazo, podem comprometer o desempenho de habilidades e de potenciais, essenciais à inserção social na fase adulta. 2. FATORES DE CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO Os fatores de crescimento e desenvolvimento estão divididos em dois grandes grupos: fatores intrínsecos – ligados às causas orgânicas e individuais, como os fatores genético, e metabólico que podem influenciar na higidez do sistema neuro endócrino, sistema ósseo e celular, dos órgãos efetores, capazes de afetar o crescimento; esses fatores não têm a propriedade de atingir populações. fatores extrínsecos – ligados ás causas ambientais, psicossociais, nutricionais e atividade física , acesso á saúde, habitação e saneamento básico, dentre outros; como provem do meio ambiente esses fatores têm a propriedade de afetar populações. 2.1 Herança A herança é a capacidade de transmitir aos descendentes as características da espécie e da raça através dos genes contidos nos cromossomos das células reprodutivas. Os atributos individuais dos fatores genéticos são expressos pelo genótipo que representa a constituição individual e que comanda o padrão de crescimento e desenvolvimento, reparando e adaptando o organismo em sucessivas gerações. A associaçãodo genótipo com o meio ambiente constitui o fenótipo. Um bom exemplo da interferência do fator genético é o ritmo de crescimento, que depende de fatores constitucionais individuais, com influência do padrão de crescimento da família e da estimulação ambiental, quanto aos cuidados de saúde, nutrição e estimulação psicossocial dispensados. O tipo morfológico é outro fator constitucional a ser considerado O tipo normossômico é o tipo constitucional médio onde peso e estatura estão em harmonia; no hipossômico, peso e estatura estão abaixo do padrão normal e no hiperssômico há desenvolvimento excessivo de peso e estatura. Longilíneo é o tipo com desarmonia entre peso e estatura havendo e redução dos diâmetros transversos; e no brevilíneo, a criança tem estatura média ou inferior e aumento dos diâmetros transversos.Variações constitucionais herdadas de peso e altura, isoladamente ou em conjunto, determinam uma grande variedade de tipos morfológicos. 2.2 Mecanismo Neuroendócrino O mecanismo neuroendócrino esta relacionado com as diversas funções metabólicas do corpo, controlando a velocidade das reações químicas nas células ou outros aspectos do metabolismo celular, indispensável ao crescimento corporal. O hipotálamo funciona como um centro regulador que controla a secreção dos hormônios hipofisários relacionados ao metabolismo geral e ao crescimento. Os fatores de liberação hipotalâmicos são capazes de estimular ou inibir a síntese de hormônios hipofisários, que ao atuarem nas glândulas alvo, regulam o hipotálamo por mecanismo de retro alimentação, controlando as funções metabólicas e influindo no crescimento físico. São hormônios hipofisários (HGH,TSH,ACTH,FSH, LH) e glandulares (T3, T4, estrógenos, testosterona) e fatores séricos como as somatomedinas ( IGF I e IGF II ). Especial atenção vem sendo dada a neurônios hipotalâmicos que contém aminas biogênicas como a dopamina, norepinefrina e serotonina, neuro transmissores cerebrais de grande importância na regulação neuro endócrina. O hormônio de crescimento (HGH) é um polipeptídio gigante, com 190 aminoácidos, produzido na adeno hipófise, não atua especificamente em uma única glândula, sendo tipicamente anabolizante, lipolítico e hiperglicemiante, possui ritmo de secreção circadiano (ciclico) é considerado um dos principais responsáveis pelo crescimento linear, embora sua atuação a nível das cartilagens de crescimento ocorra através das somatomedinas. O HGH estimula o fígado e rins a produzir polipeptídeos conhecidos por somatomedinas (Sm), IgF I e IgF II, fatores que estimulam a incorporação de substancias promotoras do crescimento ao metabolismo ósseo e síntese de DNA, efetivando o crescimento linear nos espaços cartilaginosos dos ossos longos. As somatomedinas possuem ação sinérgica com o hormônio de crescimento, tireoidiano, gonadais e esteroides supra renais. Tanto o HGH como as somatomedinas, principalmente a IGF I, tem relação direta com o estado nutricional, massa corporal e idade cronológica. O hormônio tireotrófico (TSH) tem ação sincronizada com os hormônios tireoidianos ( T3 e T4 ), os quais participam ativamente do processo de crescimento físico e desenvolvimento cerebral pré e pós natal. O controle da secreção do TSH, T3 e T4 como de outros hormônios se faz assim por mecanismo de retroalimentação ou feedback. O hormônio corticotrófico ( ACTH) regula a secreção de glicocorticóides, a função da supra renal, as gonadotrofinas ( LH e FSH) e a síntese de hormônios gonadais ( estrógenos e testosterona), responsáveis pelo crescimento puberal. No período intra- uterino, o crescimento somático está diretamente relacionado á ação da insulina, juntamente com os hormônios tireoidianos (T3 e T4 ), os quais atuam decisivamente no desenvolvimento cerebral. Da mesma forma as somatomedinas IGF I e IGF II parecem interferir no crescimento cerebral fetal, através da síntese de DNA. Durante a infância, os hormônios que regulam o crescimento e o desenvolvimento são os hormônios do crescimento e as somatomedinas, a tireotrofina e os hormônios tireoidianos. Na pré- puberdade e puberdade, os hormônios supra renais- deidroepiandrosterona, sulfato de deidroepiandrosterona e androstenodiona, e as gonadotrofinas hipofisárias-FSH e LH e os hormônios gonadais- estrógenos e testosterona são mobilizados, sendo responsáveis pelas puberais. 2.3 Fatores ambientais Os fatores ambientais refletem a interação entre o homem e o meio ambiente desde a vida intra – uterina até a idade adulta. Em condições normais, um ambiente saudável favorece o potencial genético de crescimento e desenvolvimento, permitindo que o indivíduo cresça e se desenvolva de forma plena á fase adulta. Como exemplo de fatores que favorecem o crescimento, podem ser citados atividade física, alimentação adequada, integração familiar, suporte emocional, acesso ao sistema de saúde, dentre outras necessidades básicas. Algumas circunstancias podem interferir na manifestação do plano genético preestabelecido, como as infecções congênitas e as síndromes, além dos fatores sócio –econômicos e familiares, como extrema pobreza e desagregação familiar, os quais podem comprometer o pleno crescimento e desenvolvimento de crianças e adolescentes. Na fase intra uterina, o desenvolvimento fetal depende diretamente dos cuidados de saúde que são dispensados á mãe no período de gestação, que vão desde uma alimentação adequada, prevenção de doenças infectocontagiosas ( rubéola, sarampo, citomrgalovirus, toxoplasmose, siflis, entre outras) controle de doenças metabolicas, cardiovasculares como diabetes e hipertenção arterial, uso de fumo e outras drogas que comprometem a viabilidade fetal, assim como as anormalidades géneticas, que se traduzem em síndromes, que também podem comprometer o crescimento e desenvolvimento fetal. Entre os fatores ambientais que interferem no crescimento e no desenvolvimento fetal destacam-se o estado de nutrição da gestante e o ganho de peso gestacional diagnósticado pelo baixo peso da gestante e pela altura uterina. Estudos têm comprovado que a desnutrição durante a gestação não altera apenas o peso fetal, possibilita também alterações na divisão e na multiplicação dos neurônios, com comprometimento posterior da função cerebral, cuja gravidade depende da intensidade e duração do agravo. A desnutrição parece ser o fator não genético que mais influencia o desenvolvimento do sistema nervoso central; podendo comprometer as funções intelectuais, motoras e cognitivas do indivíduo, s não forem incrementadas medidas precoces de estimulação psicossocial. Nos países do terceiro mundo, como o Brasil, onde a maior parte da população pertence á categoria de baixa renda, a desnutrição durante a gestação( por perda ou ganho insuficiente de peso) é considerada a principal causa de retardo do crescimento intra – uterino e de recém nascidos de baixo peso( < 2.500g). Apesar de toda criança com peso de nascimento inferior a 2.500g ser considerada como de risco, bebês prematuros ( nascidos com menos de 37 semanas) cujo peso está adequado para á idade gestacional, têm melhor prognostico, especialmente aqueles que vivem em condições ambientais favoráveis por apresentarem crescimento compensatório pós–natal, chegando ao peso ideal para idade durante o primeiro ano de vida. Em termos de Saúde Publica, recomenda-se a intervenção com o objetivo de se fazer a prevenção do baixo peso ao nascer, investindo numa cobertura e atenção pré- natal. No contexto sócio cultural atual, cabe uma ressalva ás gestantes adolescentes, principalmente aquelas com menos que 16 anos, consideradasde risco biopsicossocial para agravos maternos e fetais A maior parte dos problemas relacionados á gestação da adolescência resultam de fatores emocionais e psicossociais em decorrência da gestação não ter sido planejada, situação muito verificada entre adolescentes muito jovens. A dificuldade de assumir a gravidez, assim como a falta de apoio dos parceiros ( muitas vezes também adolescente) e / ou da família cursa com estresse, ansiedade e depressão favorecendo atitudes de riscos como uso indiscriminado de medicamentos, excesso de exercícios físicos, tentativas de aborto, entre outras situações que pedem comprometer o estado de saúde da gestante e do feto. A ausência ou ineficácia da assistência pré natal é considerada um dos principais agravantes do estado de saúde das gestantes em todas as faixas etárias. Na adolescência, os cuidados pré natais assumem papel relevante, pois, além de interferir na situação de saúde, previnem agravos muito freqüentes como negligencia com a saúde, acometimento por doenças, anorexia, perda de peso, desnutrição e comprometimento da evolução gestacional e desenvolvimento fetal. Quanto ás adolescentes muito jovens, que além dos problemas psicossociais relatados, apresentam baixo peso, desnutrição ou ainda não completaram seu crescimento físico( baixo peso e altura,pouca musculatura e tecido subcutâneo), fica ressaltada a necessidade de controlo de saúde, que inclui orientação e controle alimentar rigoroso que lhes permitam ganho ponderal satisfatório e aporte adequado de nutrientes e ferro, prevenindo assim o risco biológico. No período pós natal, entre os fatores ambientais relacionados ao crescimento, destaca- se a renda familiar como principal determinante sócio – econômico das condições de moradia,saneamento e nutrição. A renda familiar facilita ou dificulta o acesso aos bens de consumo e serviços, perpetua o ciclo da pobreza- desnutrição- doença, interferindo decisivamente nas condições de saúde, responsabilidades e crescimento de crianças de adolescentes. Fatores Nutricionais- O processo de crescimento é acompanhado do intenso consumo de energia. Na ordem de 40% das calorias fornecidas á criança no primeiro ano de vida são destinadas as necessidades calóricas, conforme a idade, sexo, atividade física. A principal fonte de energia é oferecido pelos carboidratos, lipídios, proteínas, por isso, a dieta deve ser sempre equilibrada em suas proporções qualitativas e quantitativas além das vitaminas e minerais para que se estabeleça o crescimento adequado. O estado nutricional de crianças e adolescentes representa um importante indicador das condições de vida de uma população. Nos paises onde prevalecem a desnutrição crônica, como o Brasil, o déficit nutricional é conseqüência da insuficiente ingestão de calorias ( déficit quantitativo), pelo baixo poder de compra de alimentos. A deficiência protéica decorre do desvio de proteínas para sustentar o metabolismo energético basal, na tentativa de preservar funções vitais, prejudicando assim a síntese de tecidos e crescimento. A deficiência crônica de nutrientes, além de determinar o déficit de crescimento( cerca de 10 a 20 cm de déficit estatural ), altera as funções cognitivas e intelectuais e as crianças e adolescentes são as maiores vitimas deste processo. A desnutrição crônica determina atraso da idade óssea, crescimento estatural, desenvolvimento físico e , conseqüentemente, dos eventos puberais, podendo comprometer a estatura final do individuo. Atividade física atua no crescimento através da ação intermitente da contratura muscular e ligamentos sobre os ossos, condição indispensável para o crescimento ósseo. Entretanto, o exercício físico excessivo pode acelerar o desenvolvimento dos ossos e da idade óssea. Os micro traumas, decorrentes da fricção continua das cartilagens de crescimento podem precipitar lesões dos centro s epifisários e tração de tendões e ligamentos. A atividade física deve ser compreendida sob dois aspectos; primeiramente á atividade física não programada, própria de crianças saudáveis, muito comum em crianças principalmente entre pré escolares e a programada ou também chamada de prática esportiva que diz respeito a todas as idades. De modo geral a atividade física contribui para o aprimoramento do crescimento e desenvolvimento no que diz respeito às qualidades morfofisiopsicologicos, podendo aperfeiçoar o que foi transmitido por herança conduzindo o individuo para a exploração de sua capacidade máxima como força, flexibilidade, resistência, equilíbrio, velocidade, coordenação motora e qualidades psicossociais como força de vontade, disciplina, domínio de si mesmo, coragem, confiança, solidariedade e respeito ás normas de conduta, podendo ser encarado como um auxiliar para o crescimento e desenvolvimento de crianças e adolescentes A idade óssea tem sido muito estudada entre adolescentes que praticam esportes, por apresentarem avanço da idade óssea em relação à idade cronológica, por isso crianças devem praticar atividades física de média intensidade e longa duração; a pratica de esportes competitivo podem causar danos físicos irreversíveis, como hipertrofia cardíaca,pseudonefrite, enfisema e lesões músculo esqueléticas de origem traumática. Estimulação psicossocial são considerados de grande importância no desenvolvimento, neuropsicomotor e intelectual de crianças e adolescentes. Crianças institucionalizadas têm dificuldade de liberar o hormônio de crescimento e apresentam com mais freqüência déficits motores e sensitivos em relação ás estimuladas. Da mesma forma que crianças que não recebem a afeto e amor materno, também chamado síndrome de deprivação materna podem apresentar parada do ganho de peso e estatural e alterações na estrutura da personalidade infantil, que podem estar relacionadas á baixa estimulação cortical, de natureza psicossocioafetiva determinando alterações hipotalâmicas caracterizadas por inibição dos fatores de crescimento e, conseqüentemente, baixa liberação hipofisária dos hormônios. Dinâmica familiar, seja pelas dificuldades sócio-econômicas, como pelas relações conflitivas, efetivamente deficitárias, depreciativas e hostis podem comprometer o desenvolvimento de crianças e adolescentes. Estudos realizados com crianças de áreas marginais, de alto risco, detectaram que o modelo de identificação inadequado propicia-lhes a autodepreciação e sentimentos de fracasso irremediável. Tamanho da família pode ser analisado sob dois aspectos: quanto maior o número de pessoas, mantida a mesma renda familiar, pior é o estado nutricional; por outro lado, poderá significar mais força de trabalho e melhora na condição de vida. Escolaridade dos pais pode estar associada à maior facilidade para adquirir conhecimentos sobre nutrição e prevenção de agravos em saúde, assim como maior oportunidade frente ao mercado de trabalho. Acesso ao sistema de saúde interfere favoravelmente na condição de saúde e no crescimento de crianças e adolescentes. A priorização de ações de promoção à saúde, tais como incentivo ao aleitamento materno, vacinação, monitorar estado de crescimento e desenvolvimento, programa de saúde reprodutiva, planejamento familiar e pré- natal para grupos de riscos podem contribuir para melhorar o nível de informação, acesso e condições de saúde de crianças e adolescentes. Higiene - A higiene adequada da criança, dos alimentos e do ambiente em que vive, são fatores essenciais para seu pleno crescimento e desenvolvimento. Isso implica na disponibilidade de água tratada, saneamento básico, destinação do lixo e em conhecimentos, atitudes e praticascorretas sobre o manuseio da alimentação, da higiene corporal e do meio ambiente. Processos mórbidos- Muitas patologias podem influir no crescimento e desenvolvimento de crianças e adolescentes. Algumas doenças determinam alterações em parte do organismo, outras no processo de crescimento propriamente dito. Nas doenças agudas pode haver temporariamente parada de crescimento, seguida por compensação do crescimento. Nas doenças crônicas o déficit e mais evidente, dependendo da duração da patologia, pelo fato do organismo canalizar as reservas protéicas e energéticas ao combate de doenças. Desaparecido o processo mórbido a criança ou adolescente apresenta um período de crescimento acelerado, a fim de retomar seu padrão anterior; a essa propriedade de retomar seus padrões normais de crescimento dá-se o nome de homeorrese. 6. PERÍODOS DO CRESCIMENTO 6.1 Período pré natal A fase pré-natal do desenvolvimento está dividida em embrionária e fetal. O período embrionário (primeiro trimestre) é responsável pela diferenciação de órgãos e sofre interferência de diferentes fatores ambientais como viroses, radiações, deficiência de iodo da dieta materna( bócio), uso de medicamentos, entre outros. 6.2 Período pós natal Compreende os primeiros vinte oito a trinta dias após o nascimento (período neonatal). Está fase é caracterizada pela grande adaptabilidade do recém-nascido à condição extra-uterina, que inclui controle térmico (gordura subcutânea, gordura marrom e produção de calor); capacidade de manter a função digestiva e absortiva ( sucção, deglutição, absorção do alimento e eliminação das escórias); capacidade de adaptação ao novo padrão de circulação extra-uterina( predomínio da circulação sistêmica em relação à pulmonar) e desenvolvimento da capacidade respiratória. A antropometria ( peso e comprimento) do recém –nascido guarda relação direta com as medidas antropométricas e estado nutricional materno e pode sofrer influências ambientais durante a gestação. Os parâmetros antropométricos considerados adequados para o recém-nascido de termo podem ser assim relacionados: peso adequado - 3.000g; peso insuficiente-2,501-3000g e baixo peso - <.500g; comprimento adequado - 48 a 52cm; perímetro cefálico adequado-34 a36cm; perímetro torácico adequado- 32 a34cm; Acréscimos: ao final do primeiro mês, 700 a 1200 g e 4 cm de comprimento.
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