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Direitos e Garantias Fundamentais

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Direitos e Garantias Fundamentais
Prof. Kaio Marcellus
Mestrando em Direito Constitucional – UnB
Especialista em Direito Constitucional – UCAM
Especialista em Direito Empresarial – FGV
Formando em Direito - UDF
Localização
A CF/88 classifica o gênero direitos e garantias fundamentais em importantes grupos:
Direitos e deveres individuais e coletivos;
Direitos sociais;
Direitos da nacionalidade;
Direitos políticos;
Partidos políticos
De acordo com o Supremo Tribunal Federal, os direitos e deveres individuais e coletivos não se restringem ao art. 5º da CF/88, podendo ser encontrados ao longo do texto constitucional, decorrentes de princípios ou de tratados ou convenções internacionais que o Brasil faça parte.
Evolução dos Direitos Fundamentais 
(Gerações ou Dimensões de Direitos) 
Em um primeiro momento, partindo dos lemas da Revolução Francesa liberdade, Igualdade e Fraternidade, anunciavam-se os direitos de 1ª, 2ª e 3ª dimensão, que iriam evoluir segundo a doutrina para uma 4ª e 5ª dimensão.
Direitos Fundamentais de 1ª Dimensão
Marcam a passagem de um Estado Autoritário para um Estado de Direito e, nesse contexto, o respeito às liberdades individuais, em uma verdadeira perspectiva de absenteísmo estatal.
Fruto do pensamento liberal-burguês, tais direitos dizem respeito às liberdades públicas e aos direitos políticos, ou seja, direitos civis e políticos a traduzir o valor liberdade.
Titularidade: Indivíduos, são oponíveis ao Estado. Traduzem faculdades ou atributos da pessoa. São direitos de resistência ou de oposição ao Estado. 
Alguns documentos históricos são marcantes para os direitos de 1ª Geração:
Magna Carta de 1215 assinada por João sem Terra
Paz de Westfália (1648)
Habeas Corpus act (1679)
Bill of Rights (1688)
Declarações americana (1776) e Francesa (1789)
Direitos Fundamentais de 2ª Dimensão
O fato histórico que inspira e impulsiona os direitos humanos de 2ª dimensão é a Revolução Industrial Europeia a partir do Século XIX.
Movimento como o Cartista na Inglaterra, entre as décadas de 30 e 40 do Séc. XIX: O nome do movimento tem sua origem na carta escrita pelo radical William Lovett, em maio de 1838, a chamada Carta do Povo, na qual estavam registradas todas as reivindicações que os participantes do movimento desejavam ver implementadas. Após o fim do movimento, diversas leis trabalhistas foram criadas no intuito de combater a exploração da força de trabalho e mediar as relações entre os operários e a burguesia industrial.
Movimento como a Comuna de Paris (1848)
O início do Séc. XX é marcado pela Primeira Grande Guerra e pela fixação de direitos sociais. Essa perspectiva de evidenciação dos direitos sociais, culturais e econômicos, como dos direitos coletivos ou de coletividade, correspondendo aos direitos de igualdade (substancial, real e material, e não meramente formal), mostra-se marcante em alguns documentos: Constituição do México de 1917, Constituição de Weimar de 1919 na Alemanha, Tratado de Versalhes 1919, Constituição do Brasil de 1934.
Quando falamos na segunda dimensão estamos versando sobre o dever constitucional (entenda como humanístico, também) de prestações estatais com intuito de equilibrar as relações intersubjetivas (indivíduo e Estado; indivíduo e indivíduo) para consagração da almejada justiça social.
Direitos Fundamentais de 3ª Dimensão
São marcados pela alteração da sociedade por profundas mudanças na comunidade internacional (sociedade de massa, crescente desenvolvimento tecnológico e científico), identificando-se profundas alterações nas relações econômico-sociais. O Ser humano é inserido em uma coletividade e passa a ter direitos de solidariedade ou fraternidade. Exemplos:
Direito ao desenvolvimento;
Direito a paz;
Direito ao meio-ambiente;
Direito de propriedade sobre o patrimônio comum da humanidade;
Direito de comunicação
Direitos Fundamentais da 4ª Dimensão
Segundo Noberto Bobbio, essa dimensão de direitos decorreria de avanços no campo da engenharia genética, ao colocarem em risco a própria existência humana em razão da manipulação do patrimônio genético. Para o mestre italiano: Já se apresentam novas exigências que só poderiam chamar-se de direitos de quarta geração, referentes aos efeitos de cada vez mais traumáticos da pesquisa biológica, que permitirá manipulações do patrimônio genético de cada indivíduo. 
Por outro lado, Bonavides afirma que a globalização política na esfera de normatividade jurídica introduz os direitos de quarta dimensão que aliás correspondem à derradeira fase de institucionalização do Estado Social, destacando-se os direitos a:
Democracia (direta)
Informação
Pluralismo
Direitos Fundamentais de 5ª dimensão 
Registre que já existem autores defendendo a existência dos direitos de quinta geração ou dimensão, sendo que entre eles podemos citar o próprio Paulo Bonavides, aonde o mesmo vem afirmando nas últimas edições de seu livro, que a Paz seria um direito de quinta geração.
BONAVIDES fez expressa menção à possibilidade concreta de se falar, atualmente, em uma quinta geração de direitos fundamentais, onde, em face dos últimos acontecimentos (como, por exemplo, o atentado terrorista de “11 de Setembro”, em solo norte-americano), exsurgiria legítimo falar de um direito à paz. Embora em sua doutrina esse direito tenha sido alojado na esfera dos direitos de terceira dimensão, o ilustre jurista, frente ao insistente rumor de guerra que assola a humanidade, decidiu dar lugar de destaque à paz no âmbito da proteção dos direitos fundamentais.”
Diferenciação entre Direitos e Garantais Fundamentais
O art. 5º trata dos direitos e deveres individuais e coletivos, espécie do gênero direitos e garantias fundamentais. 
Os Direitos são bens e vantagens prescritos na norma constitucional.
Enquanto as Garantias são instrumentos através dos quais se assegura o exercícios dos aludidos direitos (preventivamente) ou prontamente os repara, caso violados. 
Já a diferença entre garantias fundamentais e remédios constitucionais é que estes últimos são espécie do gênero garantia. Isso porque, uma vez consagrado o direito, a sua garantia nem sempre estará nas regras definidas constitucionalmente como remédios constitucionais. Em determinadas situações, a garantia poderá estar na própria norma que assegura o direito.
Exemplo: É inviolável a liberdade consciência e de crença, sendo assegurado o livre-exercício dos cultos religiosos (art. 5º, VI, Direito) garantindo-se na forma da lei a proteção aos locais de culto e suas liturgias (garantia)
Características dos Direitos e Garantias Fundamentais
Historicidade: possuem caráter histórico, nascendo com o Cristianismo, passando pelas diversas revoluções e chegando aos dias atuais. Jesus.
Universalidade: Destinam-se de modo indiscriminado a todos os seres humanos. 
Limitabilidade: os direitos fundamentais não são absolutos (relatividade) havendo muitas vezes conflitos entre os direitos fundamentais, fazendo com que o magistrado leve em consideração a máxima observância dos direitos fundamentais envolvidos conjugando-a com a mínima restrição
Concorrência: podem ser exercidos cumulativamente quando por exemplo um jornalista transmite uma notícia (direito de informação) e ao mesmo tempo emite uma opinião (direito de opinião)
Irrenunciabilidade: o que pode ocorrer é o seu não exercício, mas nunca sua renunciabilidade.
Inalienabilidade: como são conferidos a todos, são indisponíveis, não se pode aliená-los por não terem conteúdo econômico-patrimonial
Imprescritibilidade: a prescrição é um instituto jurídico que somente atinge a exigibilidade de direitos patrimoniais, não a exigibilidade de direitos personalíssimos. São sempre exercíveis, não havendo intercorrência temporal de não exercício que fundamente a perda da exigibilidade.
Abrangência dos direitos e garantias fundamentais 
O Art. 5º da CF/88 prevê aplicação dos direitos fundamentais aos brasileiros e estrangeiros residentes no país. 
Contudo o STF tem entendido
que as normas do art. 5º também se aplicam aos estrangeiros não residentes.
Eficácia dos Direitos Fundamentais
Eficácia vertical é a aplicação dos direitos fundamentais nas relações entre particular e o Poder Público.
Estado
X
Particular
Presunção de inocência 
Eficácia horizontal é a aplicação dos direitos fundamentais nas relações entre particulares.
Particular
X
Particular
Vamos refletir
Pode o empregador deixar de contratar alguém por sua convicção política ou crença religiosa?
Pode o senhorio utilizar da própria força para despejar um inquilino que não paga o aluguel, quando permite que outro deixe de pagar?
Pode o empregador realizar revista íntima nos empregados de uma fábrica de lingerie?
Temos 2 teorias para a eficácia horizontal:
	Teoria da eficácia indireta (mediata) ou direta (imediata)
Eficácia Indireta ou Mediata
Dimensão Proibitiva 
Dimensão Positiva 
Eficácia Direta ou Imediata
Eficácia indireta ou mediata: os direitos fundamentais são aplicados de maneira reflexa, tanto em uma dimensão proibitiva e voltada para o legislador, que não poderá editar lei que viole direitos fundamentais, como ainda, positiva, voltada para que o legislador implemente os direitos fundamentais, ponderando quais devam aplicar-se às relações privadas.
Eficácia direta ou imediata: Alguns direitos fundamentais podem ser aplicados às relações privadas sem que haja necessidade de intermediação legislativa para sua concretização.
Tendência
No julgamento do RE 201.819, o Supremo Tribunal Federal entendeu que a exclusão de membro de sociedade sem a possibilidade de defesa viola o princípio do devido processo legal, contraditório e ampla defesa
Então a tendência é considerar a teoria da eficácia direta e imediata
Deveres Fundamentais
Dimitri Dimoulis classifica os deveres fundamentais da seguinte forma:
Dever de efetivação dos direitos fundamentais: Necessidade de atuação positiva do Estado, Estado prestacionista
Deveres específicos do Estado diante dos indivíduos: O dever de indenizar o condenado por erro judiciário
Deveres de criminalização do Estado: (art. 5º, XLIII) dever do Estado normatizar o crime de tortura.
Deveres dos cidadãos e da sociedade: dever do serviço militar obrigatório, a educação é dever do Estado e da família
Dever de exercício do direito de forma solidária e levando em consideração os interesses da sociedade: o direito de propriedade deve ser exercido conforme a sua função social (art. 5º, XXIII)
Direito à vida (art. 5º, caput)
Abrange tanto o direito de não ser morto, como de ter uma vida digna
Em decorrência de seu 1º desdobramento encontramos a proibição da pena de morte, salvo em caso de guerra declarada (art. 84, XIX)
A pena de morte pode ser ampliada no Brasil?
Não! Até por emenda constitucional é vedado a supressão de direitos fundamentais. (art. 60, §4º)
Ainda que se criasse outra Constituição (Poder Constituinte originário) não poderia ampliar a pena de morte, em razão do princípio da continuidade e proibição do retrocesso. 
Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948)
Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos (1966)
Segundo Protocolo Facultativo ao Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos com vista à abolição da pena de morte (1989)
O 2º desdobramento do direito à uma vida digna garante as necessidades vitais básicas do ser humano, e proíbe qualquer tratamento indigno como tortura, penas de caráter perpétuo, trabalhos forçados, cruéis. 
As pesquisas com células-tronco embrionárias violam o direito á vida?
As células pluripotentes, ou embrionárias, são assim chamadas por possuir a capacidade de se transformar em qualquer tipo de célula adulta. Elas são encontradas no embrião, apenas quando este se encontra no estágio de blastocisto (4 a 5 dias após a fecundação). 
Em uma fase posterior ao embrião de 5 dias, ele já apresenta estruturas mais complexas como coração e sistema nervoso em desenvolvimento, ou seja, as suas células já se especializaram e não podem mais ser consideradas células-troncos.
 
O corpo humano possui, aproximadamente, 216 tipos diferentes de células e as células-tronco embrionárias podem se transformar em qualquer uma delas. 
 
 Quando começa e termina a vida?
Segundo o relator Carlos Ayres Brito a vida começa:
Com o surgimento do cérebro, que por sua vez só apareceria depois de introduzido o embrião no útero da mulher. Assim, antes da introdução no útero não se teria cérebro e, portanto, sem cérebro, não haveria vida.
De acordo com a Lei de Transplante (lei 9.434/97)
O fim da vida se dá com a morte cerebral
Art. 3º A retirada post mortem de tecidos, órgãos ou partes do corpo humano destinados a transplante ou tratamento deverá ser precedida de diagnóstico de morte encefálica, constatada e registrada por dois médicos não participantes das equipes de remoção e transplante, mediante a utilização de critérios clínicos e tecnológicos definidos por resolução do Conselho Federal de Medicina.
O STF concluiu por 6x5 que as pesquisas com células-tronco embrionárias não violam o direito à vida
 O Relator entendeu que só poderia haver as pesquisas seguindo o procedimento, 
 
d) embriões inviáveis ou congelados há pelo menos 3 anos
c) apenas aquelas fertilizadas in vitro
A) pra fins de pesquisa e terapia 
b) somente em relação às células tronco embrionária
f) controle por comitê de ética em pesquisa,
g) proibição de comercialização 
e)consentimento dos genitores
A interrupção de gravidez de feto anencefálico ofende o direito à vida?
Anencefalia é uma má formação do cérebro durante a formação embrionária, que acontece entre o 16° e o 26° dia de gestação, caracterizada pela ausência total do encéfalo e da caixa craniana do feto. 
No julgamento da ADPF 54, enaltecendo o direito á dignidade da pessoa humana, à liberdade no campo sexual, à autonomia, à privacidade, à integridade física, psicológica e moral e à saúde, o aborto de feto anencefálico não é crime.
E o caso de Patrocínio Paulista, Marcela de Jesus que viveu 1 e 8 meses? 
E a Eutanásia?
Direito de Matar?
Direito de Morrer
Ortotanásia: É o desligamento de aparelhos que prolongam a vida de doentes em estágio terminal, sem diagnóstico de recuperação, a pedido dos parentes.
Eutanásia passiva é quando o paciente realiza o desligamento de aparelhos que prolongam a sua vida ou aplica medicamento para acelerar sua morte.
Eutanásia ativa: É a ação realizada pelo médico ou por outro com o propósito de causar ou acelerar a morte do paciente. Pode ser por aplicação de medicamento para evitar as dores de um tratamento. É crime no Brasil.
PRINCÍPIO DA IGUALDADE (art.5.°,caput,I)
O art. 5.°, caput, consagra serem todos iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza.
Deve-se, contudo, buscar não somente essa aparente igualdade formal, mas, principalmente, a igualdade material.
Essa busca por uma igualdade substancial, muitas vezes idealista, inspirada na lição secular de Aristóteles, devendo-se tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais na medida de suas desigualdades.
A grande dificuldade consiste em saber até que ponto a desigualdade não gera inconstitucionalidade. 
“Separate but equal” e “Treatment as na equal”
Separate but equal, consistia na separação (separate) de brancos e negros, porém, assegurando uma prestação de serviço idênticos (equal).
Essa teoria, que veio a ser superada pela do Treatment as an equal, precisou, em vários casos, das ações afirmativas para afastar o sentimento de discriminação que vigorou por muitos anos.
AÇÕES AFIRMATIVAS – Três importantes precedentes da Suprema Corte (Cotas Raciais, PROUNI e Lei Maria da Penha)
Em primeiro lugar, lembramos, em 26/04/2012, o julgamento das cotas raciais, notadamente a discussão travada na ADPF 186, que considerou constitucional a política de cotas étnico-raciais para seleção de estudantes da Universidade de Brasília
(UnB), que reserva 20% de suas vagas para estudantes negros e de um pequeno número para índios.
A Suprema Corte têm como
 propósito a correção de 
desigualdades sociais, 
historicamente determinadas. 
Em segundo lugar, o Governo Federal, através da MP n. 213 de 10/09/2004, instituiu o PROUNI – Programa Universidade para Todos, que foi regulamentado pelo Decreto n. 5.493/2005. A Medida Provisória n. 213, de 10/09/2004 e 3.330, e, posteriormente, convertida na Lei n. 11.096/2005.
Dispõe tratar-se de programa destinado à concessão de bolsas de estudos integrais e parciais de 50% ou de 25% para estudantes de cursos de graduação e sequenciais de formação específica, em instituições privadas de ensino superior, com ou sem fins lucrativos.
Finalmente, destacamos decisão do STF pela qual se adotaram interpretações mais protetivas às mulheres em relação a dispositivos da Lei n. 11.340/2006 (Lei Maria da Penha), em nítidas ações afirmativas com o objetivo de intimidar a prática de violência doméstica.
O Tribunal, por unanimidade e nos termos do voto do Relator, em 09/02/2012, julgou procedente a ADC 19, tendo por fundamento o princípio da igualdade, bem com o combate ao desprezo às famílias, sendo considerada a mulher a sua célula básica.
AÇÕES AFIRMATIVAS – indicação de Ministro para o STF
Temos, ainda, 2 exemplos de ações afirmativas, quais sejam, a indicação de uma mulher e de um negro para o STF, isso depois de quase 200 anos.
Ellen Gracie Northfleet foi a primeira mulher a integrar o STF.
Em relação à indicação de um Ministro negro. Essa pretensão de
 Presidente Lula, foi confirmada pela indicação do Ministro Joaquin
 Barbosa, que, juntamente com Cezar Peluso e Carlos Britto, tomou
 posse no STF em 25/06/2003.
 
 PRINCÍPIO DA CONGENERIDADE
O art. 49 da Lei n. 9.394/96 (que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional) prescreve que as instituições de educação superior aceitarão transferência de alunos regulares, para cursos afins, na hipótese de existência de vagas e mediante processo seletivo.
O parágrafo único do aludido dispositivo, por seu turno, prescreve que as transferências ex officio dar-se-ão na forma da lei.
A Lei 9.536/37 regulamenta o assunto. 
FORO DA RESIDÊNCIA DA MULHER
Finalmente, em interessante decisão, o STF entendeu que a regra do art. 100, I, do CPC, que determina ser competente o foro da residência da mulher para a ação de separação dos cônjuges e a conversão desta em divórcio, e para a anulação de casamento,não afronta o princípio da igualdade entre homens e mulheres (art. 5.°, I, CF/88), nem mesmo a isonomia entre os cônjuges (art. 226, § 5.°, da CF/88).
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE (art. 5.°, II)
O princípio da legalidade surgiu com o Estado de Direito, opondo-se a toda e qualquer forma de poder autoritário, antidemocrático.
No direito brasileiro vem contemplado nos arts. 5.°, II; 37; e 84, IV, da CF/88.
Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude da lei. (art. 5.°, II)
Mencionado princípio deve ser lido de forma diferente para o particular e para a administração. 
PROIBIÇÃO DA TORTURA (art. 5.°,III)
Ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante, sendo que a lei considerará crime inafiançável a prática da tortura (art. 5.°, XLIII, CF/88).
A Lei n. 9.455/97 integrou a referida norma constitucional, definindo os crimes de tortura.
LIBERDADE DA MANIFESTAÇÃO DE PENSAMENTO (art. 5.°, IV e V)
A Constituição assegurou a liberdade de manifestação do pensamento, vedando o anonimato. Caso durante a manifestação do pensamento se cause dano material, moral ou à imagem, assegura-se o direito de resposta, proporcional ao agravo, além de indenização.
Delação Anônima
Em interessante julgado, o Min. Celso de Mello aduziu não ser possível a utilização de denúncia anônima, pura e simples, para a instauração de procedimento investigatório, por violar a vedação ao anonimato, prevista no art. 5.°, IV. 
“Marcha da maconha”
O STF, em 15.06.2011, por 8 x 0, no julgamento da ADPF 187, considerou legítimo o movimento, encontrando respaldo nos direitos fundamentais de livre manifestação do pensamento (art. 5.°, IV) e de reunião (art. 5.°, XVI), assegurando, inclusive, o direitos das minorias, no sentido de se evidenciar a função contramajoritária da Corte. 
LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA, CRENÇA E CULTO ( art. 5.°, VI a VIII)
Assegura-se a inviolabilidade da liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre-exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias.
Ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei.
Ensinos religiosos nas escolas
O art. 210, § 1.°, estabelece que o ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental.
FERIADOS RELIGIOSOS
 
CASAMENTO PERANTE AUTORIDADES RELIGIOSAS
O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei (art. 226, § 2.°).
TRANSFUSÃO DE SANGUE NAS TESTEMUNHAS DE JEOVÁ
Não deve ser reconhecido o crime de constrangimento ilegal (art. 146, § 3.°,I, do CP) na hipótese das testemunhas de Jeová se estiver o médico diante de urgência ou perigo iminente, ou se o paciente for menor de idade, pois, fazendo uma ponderação de interesses, não pode o direito à vida ser suplantado diante da liberdade de crença, até porque a Constituição não ampara ou incentiva atos contrários à vida.
 CAURANDEIRISMO 
O art. 284 do Código Penal tipifica o exercício do curandeirismo, que é crime contra a saúde pública:
 prescrevendo,ministrando ou aplicando, habitualmente, qualquer substância;
 usando gestos, palavras ou qualquer outro meio;
 fazendo diagnósticos. 
CRUCIFIXOS EM REPARTIÇÕES PÚBLICAS
Vem sedo adotada por algumas decisões (cf. Pedidos de Providência ns. 1.344, 1.345, 1.346 e 1.362/CNJ, no âmbito do Judiciário, j. 29.05.2007), é a ideia de se tratar de símbolo cultural, e não religioso.
IMUNIDADE RELIGIOSA 
Contempla o art. 150, VI, “b”, a denominada imunidade religiosa ao estabelecer, sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, a vedação à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios de instituir impostos sobre templos de qualquer culto.
GUARDA SABÁTICA 
Outro ponto polêmico é a obrigatoriedade ou não de o Estado ter de designar data alternativa para realização de concursos públicos quando a data da prova tiver sido fixada em dias que devam ser guardados, como acontece com as Adventistas do Sétimo Dia (sábado – dia de repouso e de culto) e com os Judeus (Shabat – do pôr do sol da sexta-feira até o pôr do sol do sábado).
A EXPRESSÃO “DEUS SEJA LOUVADO” NAS CÉDULAS DE REAL
LIBERDADE DE ATIVIDADE INTELECTUAL, ARTÍSTICA CIENTÍFICA OU DE COMUNICAÇÃO. INDENIZAÇÃO EM CASO DE DANO (art. 5.°, IX e X)
É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença.
Veda-se a censura de natureza política, ideológica e artística (art. 220, § 2.°), porém, apesar da liberdade de expressão acima garantida, lei federal deverá regular as diversões e os espetáculos públicos, cabendo ao Poder Público informar sobre a natureza deles, as faixas etárias a que não se recomendem, locais e horários em que sua apresentação se mostre inadequada. Sendo assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de violação (art. 5.°, X).
INTIMIDADE E VIDA PRIVADA E O SIGILO BANCÁRIO (art. 5.°, X)
De acordo com o art. 5.°, X, são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurando o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.
O STF determinou a necessidade de autorização judicial para a queda do sigilo bancário no julgamento do RE 389.808.
INVIOLABILIDADE DOMICILIAR (art. 5.°, XI)
A casa é asilo inviolável do indivíduo, sem o consentimento do morador só poderá nela penetrar:
 por determinação judicial: somente durante o dia.
 em caso de flagrante delito, desastre, ou para prestar socorro: poderá penetrar sem o consentimento do morador, durante o dia ou à noite, não necessitando de determinação legal. 
SIGILO DE CORRESPONDÊNCIA E COMUNICAÇÕES (art. 5.°, XII)
É inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal.
LIBERDADE DE PROFISSÃO (art. 5.°, XIII)
A Constituição assegura a liberdade de exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer. Trata-se, portanto, de norma constitucional de eficácia contida, podendo lei infraconstitucional limitar o seu alcance, fixando condições ou requisitos para o pleno exercício da profissão. 
EX:. Exame de Ordem
LIBERDADE DE INFORMAÇÃO (art. 5.°, XIV e XXXIII)
É assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional. Trata-se do direito de informar e de ser informado.
Contemplando tal direito fundamental, o art. 5.°, XXXIII, estatui que todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado.
LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO (art. 5.°, XV e LXI)
A locomoção no território nacional em tempo de paz é livre, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens. Nesse sentido, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei, ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente (art. 5.°, LXI).
Esse direito poderá ser restringido na vigência de estado de defesa (art. 136, § 3.°, I)
Também ocorrerá restrição a liberdade de locomoção na vigência do estado de sítio. 
DIREITO DE REUNIÃO (art. 5.°, XVI)
Garante-se o direito d e reunião

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