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1 _____________________ ¹ Artigo apresentado a Universidade Potiguar – UnP, como parte dos requisitos para obtenção do título de Bacharel em Enfermagem ² Graduanda em Enfermagem pela Universidade Potiguar – camilah@unp.br ³ Graduando em Enfermagem pela Universidade Potiguar – diegocosta.1@unp.br 4 Orientador. Mestre em Saúde Coletiva (PPgSCol – UFRN). Especialista em Enfermagem Obstétrica (UFRN) e Docente da Universidade Potiguar – dannyenf@unp.br ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA GESTAÇÃO PROLONGADA¹ Camila da Silva Clementino² Diego Oliveira da Costa³ Dannielly Azevedo de Oliveira4 RESUMO A gestação prolongada (GP) é aquela que ultrapassa 42 semanas ou 294 dias calculados a partir do primeiro dia da última menstruação (DUM). Objetiva-se neste artigo identificar os fatores que estão relacionados ao diagnóstico de GP, assim também os cuidados de enfermagem que devem ser prestados. Foi realizado através de pesquisas bibliográficas e em base de dados, tais como: Biblioteca Virtual em Saúde – BVS, Scientific Eletronic Library Online – Scielo, protocolos assistenciais do Ministério da Saúde e livros didáticos relacionados ao tema, onde foram pesquisados os termos “gestação prolongada” e “pós-datismo” relacionado à Enfermagem. Os critérios utilizados foram artigos em português e inglês, com texto completo, publicados no período de 2002 a 2014. Mesmo com a escassez na literatura foi possível obter êxitos relacionados aos objetivos propostos, conseguindo reunir informações importantes para o aprendizado necessário. A partir da análise do conteúdo foi possível perceber a importância da Equipe Multidisciplinar na assistência à mulher com GP e do profissional Enfermeiro, pois através da interação do cuidado com a paciente, que a assistência é prestada de forma eficaz e coesa. Palavras-chave: Gestação Prolongada. Enfermagem. Assistência. 1 INTRODUÇÃO O número de gestantes no Brasil no ano de 2012 foi de aproximadamente 3.000.000, dentre elas houveram 105.361 diagnósticos de GP, representando 3,5% do total de gestações. Levando em consideração que a GP pode ser detectada e possivelmente prevenida ainda na baixa complexidade, considera-se que estes 2 dados são relativamente alarmantes. Para que esses dados venham a amenizar é necessário que os serviços de saúde estejam mais informados e atentos para as demandas recebidas. Na Estratégia de Saúde da Família (ESF) o enfermeiro como membro da equipe multidisciplinar, executa um papel importante, no acompanhamento do período de pré-natal e o pós-parto, ajudando e auxiliando nas orientações necessárias. No âmbito da média e alta complexidade o mesmo age de tal modo, a ser um dos profissionais necessários para uma boa sistematização na avaliação e direcionamento da gestante. Através disto, o mesmo torna-se salutar no processo, onde busca prevenir e até mesmo detectar as complicações maternas e fetais. Um destes casos que chama atenção e vem preocupando a enfermagem é a GP. Segundo Vercoustre e Nizard (2008 apud ACCETTA; JIMENEZ; WENDER, 2011, p. 123) a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Colégio Americano de Ginecologia e Obstetrícia e a Federação Internacional de Ginecologistas e Obstetras (FIGO) definem a GP como aquela que ultrapassa 42 semanas ou 294 dias calculados a partir do primeiro dia da última menstruação (DUM). Vercoustre e Nizard (2008 apud ACCETTA, JIMENEZ e WENDER, 2011) relatam também quanto à Incidência, que a mesma varia entre 4% a 14% e tem variabilidade de acordo com a definição e percentual dos pacientes com erros referentes à Idade Gestacional. Segundo Myers, Blumrick e Christian (2002), antes da disponibilidade de ultrassom na década de 1980, a estimativa da idade gestacional baseada em datas menstruais só foi muitas vezes imprecisas. Por exemplo, as mulheres que concebeu logo após parar os contraceptivos orais foram mais propensas a ter gestações prolongadas em uma série, por isso o número de gestações era alto. Através da Política Nacional de Atenção Integral a Saúde da Mulher, o Ministério da Saúde (BRASIL, 2004) preconiza em seus vários eixos que a assistência dada a gestante deve ser integral seja no âmbito da baixa, média e alta complexidade, buscando o bem-estar materno e fetal. Buscando fornecer uma maior autonomia no controle a saúde da gestante em todas as fases. E ainda deixa bem claro que a assistência é uma prioridade do programa, visando em uma das suas vertentes a melhoria da atenção obstétrica a priori no momento do parto fazendo com que a saúde da parturiente e de seu recém-nascido seja preservada ao máximo. 3 Como citado por Ricci (2008), mesmo a etiologia sendo desconhecida, existem alguns fatores de risco que predispõem e podem ocasionar a complicação em questão. Maia Filho, Mathias e Suzano (2007), citam como fatores relacionados à DUM imprecisa ou desconhecida, ovulação irregular, variação no comprimento da fase folicular do ciclo, uso de anticoncepcionais hormonais, situação socioeconômica desfavorável acompanhada frequentemente de ausência ou início tardio da assistência pré-natal e a não realização de Ultrassonografia (USG) precoce. Ademais se considera também como fator de risco o histórico pregresso de GP. Ricci (2008) ressalta que uma vez identificado o risco de GP ou até mesmo dado o diagnóstico, vários são os métodos avaliativos que o profissional enfermeiro pode estar se atentando juntamente com a equipe multidisciplinar. Para tanto é necessário que antes da resolução do caso seja definido os cuidados a fim de prevenir complicações maternas e fetais. Accetta, Jimenez e Wender, (2011) descrevem que se após avaliação e exames complementares for diagnosticado algum dos tipos de complicação materna e/ou fetal deve-se escolher uma sequencia assistencial desde que por fim esteja à indução do parto e/ou interrupção da gestação, que será executado após avaliação de alguns critérios importantes, em destaque a maturidade do colo, o peso, maturidade fetal e a possibilidade de malformação, para que só assim possa escolher qual o próximo passo a ser tomado. Para tanto, é crucialmente importante que a equipe esteja preparada para toda e qualquer tipo de eventualidade. Portanto, a partir da abordagem surgem os questionamentos dos pesquisadores: Quais fatores estão relacionados ao diagnóstico de GP? Quais cuidados de enfermagem devem ser prestados na GP? Diante disso são buscados os seguintes objetivos: Identificar os fatores que estão relacionados ao diagnóstico de gestação prolongada; Identificar os cuidados de enfermagem que devem ser prestados na Gestação Prolongada; A GP não é algo tão abordado na vida acadêmica da enfermagem e isso talvez tenha contribuído para os diagnósticos mal sucedidos e sistematizações falhas, levando aos acometimentos de complicações maternas e fetais. 4 Considerando os dados epidemiológicos, confrontando com a abordagem dada na literatura e apresentada aos acadêmicos, foi o ápice para despertar a busca por mais conhecimento sobre o tema. No âmbito da Universidade, será o primeiro trabalho acadêmico direcionado para a assistência de Enfermagem, com foco na GP. Para se ter o diagnóstico fidedigno e uma sistematização com o menor número de falhas é, indubitavelmente necessário que se conheça o processo e suas complicações. Então, é importante que os profissionais dos serviços especializados estejam habilitados para todo e qualquer tipo de acontecimentos e não só, por vezes, aqueles que mais coincidem entre si. Para tanto, é salutar que cada vez mais as academias dêem ênfase ao tipo deacometimento, para que com isso o conhecimento faça-se presente ao deparar-se com o tipo de eventualidade. Assim, com o desenvolvimento de novas vertentes para a assistência de enfermagem neste âmbito, estaremos contribuindo diretamente para a abertura de novos horizontes para a ciência. Acog, 2004 apud, Ricci (2010) analisa que os estudos realizados no âmbito das complicações maternas é de pouca notoriedade, os dados estatísticos sobre a GP não são tão positivos e a taxa de mortalidade perinatal após 42 semanas de gestação é duas vezes maior do que a mortalidade a termo, e aumenta seis vezes ou mais com 43 semanas de gestação ou mais. Ademais, está o comprometimento materno que trás consigo aumento da morbidade, hemorragias, trabalho de parto prolongado, e ainda, se não mais importante, um estado emocional prejudicado e ansiedade exacerbante. Através do estudo a enfermagem trará grande benefício à comunidade, onde a partir da prevenção de agravos e orientação mediante a confirmação do diagnóstico, pode-se prestar uma assistência com maior qualidade, tendo a paciente como parte de um tudo, mas que não exime a singularidade. Mediante esta assistência com base nos protocolos assistenciais em saúde e de enfermagem, os dados relacionados à taxa de mortalidade irão reduzir. Ao contrario da vida acadêmica, a vida profissional traz consigo números alarmantes de casos de GP, daí a importância do assunto ser visto na academia, visto que não se aprende detalhadamente na universidade, o que dificultará a associação da teoria com a prática quanto aos profissionais atuantes nos serviços. 5 Este trabalho foi desenvolvido através de uma pesquisa de natureza qualitativa, revisão de literatura, onde foram pesquisados os termos “pós-datismo”, “pós-termo” e “gestação prolongada” nas bases de dados da Biblioteca Virtual em Saúde – BVS, protocolos assistenciais do Ministério da Saúde e livros didáticos relacionados ao tema. Os critérios utilizados foram artigos em português e inglês, com texto completo, publicados no período de 2002 a 2014, todos estes visando à busca por protocolos assistenciais de saúde, que abrangem a atenção integral à mulher tendo como foco a GP. A coleta de dados nas bases ocorreu entre fevereiro e novembro de 2014. Tendo em vista a escassez de literatura sobre a temática em questão, resultou em 18 artigos científicos e literaturas da área. Com isso, após a análise do conteúdo, foram extraído os fatores relacionados e atuação do profissional Enfermeiro e da equipe de saúde, frente à assistência prestada à mulher com GP. 2 RESULTADOS E DISCURSÃO Segundo Accetta; Jimenez; Wender (2011) a GP é conceituada como aquela que ultrapassa 42 semanas ou 294 dias calculados a partir do primeiro dia da última menstruação (DUM). É nesta que a taxa de mortabilidade perinatal aumenta significativamente. Maia Filho, Mathias e Suzano (2007) retratam em números as complicações fetais da GP, onde existe um alto índice de mortalidade perinatal na 42ª semana, quando comparados a 40ª semana. Na 43ª esse valor duplica e na 44ª semana quintuplica o índice de mortalidade perinatal. Esses números tendem a aumentar à medida que a gestação se prolonga. Associado a estes números, pode ser observado algumas especificações que são pertinentes ressaltar, tais como: a mortalidade intraparto, que é quatro vezes maior que no período gestacional. Já a mortalidade neonatal é três vezes mais frequente e a mortalidade perinatal é quatro vezes se associada a outras patologias. Matthes (2010) relata que a Incidência varia de acordo com os critérios utilizados pelos profissionais. Se a duração da gestação for contada a partir da DUM esta ocorre em 10% dos casos. Há uma queda de 1-2% quando é datada pela USG e principalmente ser for de primeiro trimestre. E ainda que, existe uma variação entre 3-14% referente ao número total das gestações. Nos Estados Unidos (EUA) 18% dos casos nos EUA ultrapassam 41 semanas e 7% se prolongam das 42 semanas. 6 A incidência de GP no país é alarmante. Porém, podemos observar um decréscimo deste índice quando se trata de Rio Grande do Norte e Cidade do Natal. Tabela – Número de Gestações com duração de 42 semanas ou mais no Rio Grande do Norte e na Cidade do Natal ANO RN NATAL % Natal 2009 385 113 29,35 2010 570 200 35,09 2011 2.473 539 21,80 2012 2.190 517 23,61 Fonte: DATASUS Quando se trata da parte fisiológica da GP, afirma-se que: A etiologia exata da gestação pós-termo não é conhecida porque o mecanismo para a iniciação do trabalho de parto não é completamente entendido. Teorias sugerem que pode haver deficiência de estrogênio e secreção continuada de progesterona, as quais proíbem o útero de se contrair, mas não há evidências que comprovem isso (RICCI 2008, p.526) Considerando o autor anterior, dentre as causas para a GP, Mathes (2010) mostra que dentre os fatores mais conhecidos associados à GP estão à anencefalia, a primiparidade, as anomalias fetais, a hipoplasia suprarrenal e a deficiência de sulfatase placentária. Entre outras causas da GP, estão a não modificação do colo uterino em decorrência da produção em excesso de progesterona, a idade da mãe (jovem demais ou em idade avançada), a multiparidade e a gestação múltipla, além da duração longa do ciclo menstrual, varias afecções (lúpus, diabetes, obesidade, epilepsia, alcoolismo) e outros distúrbios neurovegetativos. E também tão importante quanto, o histórico pregresso de GP anterior. Segundo Jetti, Poovali e Stanley (2008 apud ACCETTA; JIMENEZ; WENDER, 2011, p. 124) o diagnóstico da GP é calculado pela DUM e a partir desta estimasse a data provável do parto (DPP). No entanto, a variação no período de ovulação pode levar a uma estimativa falsa da DPP. Brasil (2010), traz que a USG realizada entre 9 e 12 semanas é o método mais fidedigno para a avaliação da idade gestacional (IG), principalmente nas gestantes com dúvidas sobre a DUM, auxiliando na prevenção de falsos diagnósticos de GP. Já o exame do segundo trimestre não é tão conciso, mas se houver uma diferença maior que 10 dias entre a DPP e a DUM, deve ser considerado o resultado da USG. 7 Conforme os dados relatados por Matthes (2010), a USG é alternativa mais eficaz em datar a IG, pois a do primeiro trimestre sofre variação de mais ou menos uma semana, a do segundo trimestre varia em torno de 2 semanas e a do terceiro trimestre em volta de três semanas. Segundo Henriksen (1995 apud COURA FILHO, 2010, p. 511) diante do exposto pelo exame de USG do primeiro trimestre que avalia a mensuração do comprimento cabeça-nádega do concepto (CCN), onde o erro na estimativa da IG é no máximo 5 dias. A partir do segundo trimestre a IG pode ser estimada pela mensuração do diâmetro biparietal (DPB) dos ossos longos do feto, em especial do comprimento do fêmur (CF). O erro a partir desta metodologia aumenta de acordo com o nível da gestação variando em média de 7 dias. Quanto mais se dá o avanço da gestação, a utilização do CF é o mais indicado. Caso seja utilizado concomitantemente com o DBP, a margem de erro decresce em relação à estimativa da IG. Ademais o exame traz como benefício à quantidade de líquido amniótico (LA), podendo ser observado se o mesmo está com a quantidade diminuída, resultando no diagnóstico de Oligoidramnia. Accetta; Jimenez; Wender (2011) informa que, a partir do diagnóstico se devem traçar objetivos a fim de prevenir fatores agravantes como hipoglicemia, convulsão, insuficiência placentária e respiratória, aspiração meconial, infecção intrauterina, compressão funicular, e até morte fetal. Assim também como trabalhode parto prolongado, trauma no assoalho pélvico, hemorragias perineal, além do mais a ansiedade relacionada à IG materna. Para tanto é necessário que a indução do parto seja a medida eletiva, mas anteriormente é necessário que seja realizado uma série de cuidados na conduta que vão caracterizar o método de escolha para o parto. Brasil (2010) identifica que dentre as avaliações mais relevantes do exame físico que deverá ser realizado a parturiente, estão à medição da altura uterina, palpação obstétrica, avaliação da dinâmica uterina, ausculta cardiofetal, e por fim o toque vaginal. Esses são peculiares, e devem ser relacionados a outros, tornando-se indispensável na avaliação e resolução do caso. Brasil (2008) relata que a palpação obstétrica, se dará através das manobras de Leopold, e procura-se identificar os polos cefálico, pélvico e o dorso fetal. Pode- se, ainda, estimar a quantidade de líquido amniótico. A situação transversa e a apresentação pélvica do feto podem significar risco no momento do parto, sugerindo 8 o parto cesáreo a fim de prevenir distorcia. Já a Altura Uterina (AU) a partir da 20ª semana existe uma relação aproximada entre as semanas da gestação e a medida da altura uterina. Porém, esse parâmetro torna-se menos fiel, à medida que se aproxima o termo. À medida que a AU for menor que a compatível para IG deve-se pensar na possibilidade de feto morto, oligoâmnio ou retardo de crescimento Intrauterino. E se o valor for maior que o de referência pensa-se em macrossomia fetal. Em ambos os casos há uma indicação de parto cesáreo. Brasil (2008) declarar que a dinâmica uterina é avaliada de acordo com o número das contrações em dez minutos, assim também como a sua duração em segundos. Deve-se observar também, o tônus uterino no intervalo das contrações, ou seja, no período de relaxamento. Esses são importantes marcadores avaliativos para o diagnóstico de trabalho de parto, onde a ausência das contrações poderá indicar juntamente com os outros achados que a mulher ainda não entrou em trabalho de parto. Calibe, Lago e Lavras (2010) traz uma visão objetiva quanto à ausculta cardio fetal, onde a mesma objetiva-se analisar o bem estar fetal caracterizando o ritmo, a frequência e a normalidade dos batimentos cardíacos na Ausculta Cardiofetal (ACF). Caso em sua realização identifique-se taquicardia ou bradicardia fetal deve-se suspeitar de hipóxia e consequentemente sofrimento fetal levando assim a indicação de cesariana de emergência a fim de prevenir complicações maternas e/ou fetais. Vieira (2010) esclarece que é esperado no toque vaginal analisar apagamento e dilatação do colo cervical, apresentação e altura da apresentação, posição, variedade, flexões, deflexões, assinclitismo e bolsas se íntegras ou não. E a partir deles, deve-se ter o diagnóstico de trabalho de parto. Se após analises não houver sinais clínicos favoráveis para início de trabalho de parto deve-se iniciar o protocolo de indução do parto, levando em consideração as características da gestação, para com isso escolher o método de interrupção da GP, ou seja, parto vaginal ou cesáreo. Brasil (20--), trás que se na realização do toque vaginal for detectado colo maduro deve-se analisar o ILA e CTG, se esses estiverem normais, induz-se o parto vaginal com o auxilio de ocitocina. Já se o colo encontrar-se imaturo, o ILA e CTG 9 normais, deve-se anteriormente a ocitocina amadurecer o colo com o auxilio de prostaglandinas como é o caso do misoprostol assim também como o descolamento de membranas. E se, em ambos os casos for detectado anormalidades nos exames, indicativos de sofrimento fetal a cesareana é a única escolha a ser adotada. Freitas (2011) relata que é importante ainda nesse período a realização do exame ultrasonográfico, onde, nesse, buscará informações sobre as condições fetais e uteroplacentária, como o tamanho do feto e oligoidramnia. Uma vez identificado o diagnostico de oligoidramnia é de extrema importância que sejam adotadas medidas emergenciais para a atenuação de agravos, como é o caso do parto cesáreo. Freitas (2011) destaca que a quantidade de LA pode ser mensurada por meio da medida do índice de líquido amniótico (ILA), esse é realizado com a gestante em decúbito dorsal horizontal e o abdome materno é dividido em quatro quadrantes, a linha nigra é utilizada como eixo longitudinal, e a cicatriz umbilical estabelecem o eixo transverso. O ILA é determinado pelo somatório dos diâmetros verticais (em centímetros) do maior bolsão de LA verificado em cada quadrante. O transdutor deve ser posicionado perpendicularmente ao solo. Os valores de normalidades são preservados quando o valor fica entre 8 - 18, reduzido quando entre 5 - 8, quando o valor é igual a 8 já se considera oligodramnio e quando menor ou igual a 3 fecha-se o diagnóstico de oligodramnio grave. Conforme descrito por Brasil (2010), o exame complementar, pode ser citado a Cardiotocografia, pois ela possibilita a avaliação da integridade dos mecanismos do sistema nervoso central envolvido no controle da freqüência cardíaca e da cinética fetal. Ribeiro e Souza (2014) definem a Cardiotocografia, como aquela que faz o registro de uma forma contínua e simultânea da freqüência cardíaca fetal (FCF), a contratilidade uterina e por fim, os movimentos fetais. Esta avaliação dar-se-á no período anteparto ou intraparto, assim é imprescindível que a importância da cardiotografia seja divulgada, pois existem vários benefícios, podendo citar a análise imediata, simplicidade e facilidade de repetição. 10 Ricci (2008) afirma que ao analisar este monitoramento fetal contínuo, o enfermeiro deve conhecer bem os valores expressos no traçado, pois a eficácia da cardiotografia dar-se-á através de uma interpretação bem apurada. Para tanto é necessário entender a sistemática do processo de avaliação. Tratando-se dos padrões de avaliação da FCF e sua classificação, vale ressaltar que: Os parâmetros de avaliação da FCF são classificados como frequência basal, variabilidade basal (a longo e a curto prazos) e alterações periódicas na frequência (acelerações e desacelerações). A Enfermeira tem de ser capaz de interpretar os diferentes paramentos de FCF para determinar se o padrão é tranquilizador (o que indica bem-estar fetal) ou de alerta (que indica problemas fetais) para assistir a mulher efetivamente durante o trabalho de parto e o parto (RICCI, 2008, p. 298). Nas avaliações, segundo Ricci (2008) pode ocorrer algumas alterações de traçado. Para tanto é importante conhecer os valores basais, aonde vai de 110 a 160 bpm. As alterações basais periódicas são recorrentes temporárias, geralmente ocorre devido a uma contração (estímulo). Assim, a FCF pode ser observada e ocorrer desvios de padrões, com aceleração e desaceleração. As acelerações fetais são associadas ao sistema nervoso simpático, podendo ser visualmente aparente, pois há elevações na FCF de 15 bpm acima dos valores basais e geralmente se sustém até 15 s e no máximo 2 min. Caso isso aconteça, é sinal de bem estar fetal, assim não exige nenhuma intervenção, esta é à base da Cardiotocografia. Quando acontece uma desaceleração traduz que houve uma queda transitória da FCF, associada a sistema nervoso parassimpático. Estas são descritas a associação com contrações uterinas, e pode ser classificada em precoce, tardia, variável e prolongada. A Precoce se apresenta com uma diminuição da FCF, onde o ponto mais baixo acontece no pico da contração. Geralmente são observadas durante o estágio ativo de trabalho de parto normal. Na Tardia ocorre baixas transitórias da FCF que ocorrem após o inícioda contração e não retorna aos níveis basais na continuidade de contração. As Variáveis são imprevisíveis no traçado, estas possivelmente não se relaciona as contrações uterinas. Geralmente estas são apresentadas no traçado no formato semelhantes as letras “U”, “V” ou “W", é sinal de alerta quando a diminuição chega a 60 bpm. Já as Prolongadas se relacionam diretamente com declínios abruptos que chegam à diminuição de 15 bpm de até 2 11 min, porém até 10 min. Nas observações foi constatado que em geral cai os bpm até 90 bpm. Ricci (2008) continua ressaltando que ao receber a gestante no serviço de urgência, o Enfermeiro deverá agir de maneira ética e profissional para com a mesma, tendo em vista que pode caracterizar um quadro ansiedade na paciente. Sendo assim, é responsabilidade da Enfermagem realizar a anamnese, coletar as informações necessárias para a definição da melhor assistência e caso seja viável, realizar a Cardiotocografia, para esta deve ser necessário o conhecimento nos padrões de normalidade e alterações para que haja intervenção imediata. 2.1 ATUAÇÃO DA ENFERMAGEM Segundo Brasil (2008) é de extrema responsabilidade da enfermagem a realização do exame físico, a fim de analisar a altura uterina, palpação obstétrica (manobras de Leopold), avaliar a dinâmica uterina, com ajuda do sonar e por fim verificar a dilatação do colo uterino com a realização do toque vaginal. O Enfermeiro durante e após a avaliação, deverá intervir para que o bem estar, materno e fetal seja preservado. Os cuidados de Enfermagem não são muito diferentes da gestação a termo para a prolongada, porém existem algumas intervenções que são importantes. Com isso, Ricci (2008) traz a conduta de Enfermagem de forma clara e coesa. Assim, podemos citar algumas orientações, tais como: Orientar a família sobre o propósito e os achados de cada exame; Preparar a cliente para a possibilidade de indução, se o trabalho de parto não for espontâneo, ou de um parto cirúrgico; Discutir os métodos de amadurecimento de cérvice juntamente com a equipe; Deixar a cliente informada sobre as possíveis complicações fetais resultantes da GP; Proporcionar um ambiente agradável para que a gestante externe seus sentimentos; Providenciar a monitorização fetal eletrônica contínua (cardiotografia); Através destas intervenções, o Enfermeiro estará contribuindo de forma decisiva no processo de assistência a mulher com GP. No caso de monitoramento contínuo, Ricci (2008) analisa e cita algumas intervenções de Enfermagem, em caso de alterações no traçado da cardiotografia, podemos citar no caso das desacelerações inquietantes, tais como: Avisar ao médico sobre o padrão e obter prescrições adicionais, certificando-se de registrar 12 todas as intervenções e seus efeitos sobre o padrão de FCF; Reduzir ou suspender a ocitocina conforme orientado pelo protocolo que a instituição utiliza, caso esteja sendo administrada; Tranquilizar a gestante e informar que as intervenções que estão sendo realizadas para efetuar uma manutenção do padrão da FCF. Em casos de desacelerações tardias, Ricci (2008) sugere intervenções específicas, tais como: Colocar a paciente em decúbito lateral esquerdo pode aumentar a perfusão placentária; Administrar oxigênio para aumentar a oxigenação fetal; Aumentar a velocidade da infusão da IV para melhorar o volume intravascular. Para que a assistência seja efetiva, as instituições de saúde utilizam o Procedimento Operacional Padrão (POP) para garantir que os procedimentos ocorram de forma padrão efetiva. O POP é a descrição sistematizada e padronizada de uma atividade técnica-assistencial, com o intuito de garantir/atingir o resultado esperado por ocasião de sua realização, livre de variações indesejáveis. O procedimento Operacional Padrão (POP), descreve cada passo crítico e sequencial. (ROCHA, 2012) Assim relacionado à GP, a Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal utiliza o protocolo a seguir: Fluxograma 01: Protocolo de Gestação Prolongada Fonte: Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal - SES 13 Apesar da etiologia da GP ser desconhecida, através da revisão bibliográfica pode-se perceber a relação direta entre os fatores de risco e o diagnóstico. Podemos citar a DUM imprecisa, histórico pregresso de GP, alteração hormonal, dentre outros. Estes por sua vez, aumentam a probabilidade da ocorrência da complicação em questão. O enfermeiro entra no cenário como um dos responsáveis pelas intervenções assistências a gestante. Para isso é necessário que seu conhecimento seja amplo no âmbito e que tenha a habilidade de pô-lo em pratica. Assim, são fatores de extrema relevância o cálculo da idade gestacional através da DUM e a ultrassonografia para o diagnóstico de GP, para a determinação da assistência prestada. As intervenções essenciais são executadas visando o bem estar materno e fetal. Após uma avaliação de uma forma integral, com a utilização dos instrumentos, como a anamnese, exame físico e exames complementares, a assistência é definida. A partir disso, é prestada assistência objetivando a redução dos agravos e resolução do caso. Brasil (20--) ressalta que os métodos de escolha para resolução do caso dependem das condições maternas e fetais, onde as particularidades analisadas vão caracterizar as condutas a serem tomadas e a via eletiva do parto. Quanto mais tardiamente for dada a assistência preconizada mais chances da via de parto não ser a mais indicada, no caso cesáreo, assim também como uma maior probabilidade de complicações intraparto. Mesmo com a escassez na literatura foi possível revisar os procedimentos e condutas prestados a gestante com GP. Esta temática deve ser inserida cada vez mais nos âmbito acadêmico para a amortização de novos casos. 3 CONCLUSÃO No ano de 2012 foram confirmadas cerca de 105.361 casos de gestação prolongadas no Brasil. Isso se deve a não detecção dos fatores de risco, e com isso a ausência de diagnósticos de susceptibilidade. Sendo estes, imprescindíveis para a 14 prevenção de novos casos. Os conhecimentos dos fatores de risco por parte dos profissionais traz uma melhoria significativa na qualidade de vida dos usuários da rede de saúde. Uma vez que o profissional usufrua desse conhecimento muito será válido para direcionamento dos pacientes até a complexidade necessária, pra que só assim além da detecção precoce, seja prestado o suporte necessário e assistência adequada. A partir da pesquisa ora realizada foi possível perceber a importância da Equipe Multidisciplinar na assistência à mulher com GP e do profissional Enfermeiro, pois é através da interação do cuidado com a paciente que a assistência é prestada de forma eficaz e coesa. Como participante desta equipe, a Enfermagem assume uma posição chave na assistência, porque estará avaliando a gestante desde a entrada no serviço de urgência até o pós-parto, permanecendo assim por mais tempo com a gestante. Isso contribui para uma fácil detecção de fatores importantes nas condutas da equipe. NURSING CARE IN GESTATION PROLONGED ABSTRACT Prolonged pregnancy is one that exceeds 42 weeks or 294 days calculated from the first day of the last menstrual period (LMP). This article we aim to identify factors that are related to the diagnosis of prolonged pregnancy, so the nursing care to be provided. Was conducted through literature searches and database, such as: Virtual Health Library - VHL, Scientific Electronic Library Online - SciELO, care guidelines of the Ministry of Health and textbooks related to the topic, where terms were searched "long gestation" and "post-termgestation" related to Nursing. The criteria used were articles in Portuguese and English, full text, published from 2004 to 2014. Even with the scarcity in literature was possible to attain goals related to the proposed objectives, managing to gather important information necessary for learning From the content analysis, it was possible to realize the importance of the multidisciplinary team in the care of women with prolonged gestation and the nurse's professional because through interaction with patient care, that care is carried out effectively and cohesively. 15 Keywords: Prolonged Gestation. Nursing. Assistance. 16 REFERÊNCIAS ACCETTA, Solange Garcia; JIMENEZ, Mirela Foresti; WENDER, Maria Celeste Osório. Gestação Pós-termo. In: FREITAS, Fernando et al (Org.). Rotinas em Obstetrícia. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2011. Cap. 8. p. 125-130. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Gestação de Alto Risco: manual técnico. Brasília: Ministério da Saúde, 2010. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/gestacao_alto_risco.pdf>. Acesso em: 01 maio 2014. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. 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