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PROCESSOS DE APRENDIZAGEM E PROCESSOS DE ENSINO Metodologia do Ensino Marcílio Jr. Resumo: Visto que temos algumas influências de pensadores como Comênio e Rousseau ainda presentes nas nossas percepções de didática e de pedagogia, devemos começar a especificar alguns conceitos que estão precisamente ligados a essas tradições do pensamento filosófico e da educação. Entre eles destacamos processo de aprendizagem e o de ensino. Algumas considerações iniciais: A concepção de pedagogia tradicional, segundo José Carlos Libâneo, está precisamente defendendo a idéia de que o processo de aprendizagem deve estabelecer uma hierarquia rígida entre professor e aluno; o aluno estaria em uma condição meramente passiva no processo de aprendizagem - apenas recebendo informações – e o professor seria uma espécie de agente supremo da construção do saber. Veremos adiante, como o processo de aprendizagem ativa – concepção bastante influenciada pelas idéias de Rousseau e pelas perspectivas de pedagogia renovada de Dewey estabelece a participação ativa do aluno no desenvolvimento de sua educação. Não significa, porém, que todas as perspectivas apontadas por pensadores como Comênio ao qual ele define como membro da pedagogia tradicional, sejam de todo deixadas de lado. A aceitação do fator idade para a educação e como se deve ensinar para crianças para posteriormente se ensinar para jovens de forma mais intelectualizada ganha bastante força nos tempos atuais. Algumas Definições Ensino: Atividade do professor de organização, seleção, e explicação dos conteúdos. Aprendizagem: É a atividade do aluno de assimilação de conhecimentos e habilidades. Podemos dividir aprendizagem como sendo de dois tipos: Aprendizagem casual, e aprendizagem organizada. Modelos de processo de ensino: Devemos estabelecer como se dá esse conceito nas duas tendências dominantes na pedagogia. Na pedagogia tradicional: Podemos dizer que na pedagogia tradicional temos a ideia de que o professor é o agente máximo da educação. É seu capital cultural condensado em uma didática específica que irá gerar um processo de aprendizagem eficaz. Além disso, observamos uma tendência para o ensino predominantemente transmissivo: o professor difunde o conhecimento para os seus alunos no decorrer da aula. Na pedagogia renovada: Na pedagogia renovada temos a ideia de que o ensino deve considerar a perspectiva do aluno. Ou seja, é este o verdadeiro agente da educação. A didática visa promover a assimilação ativa do aluno, ou seja, a busca do mesmo em apreender o conteúdo por meios voluntários próprios. Para isso o conteúdo transmitido pelo professor precisa ser assimilável. Posto no campo de perspectiva e interesses do aluno. Esse trabalho consiste em considerar níveis e tipos específicos de aprendizagem a fim de desenvolver a melhor relação e técnica de diálogo possível entre professor e aluno a fim de gerar um aprendizado efetivo. Importância das capacidades cognitivas: Se almejamos uma didática que possa de forma eficiente colocar os conteúdos na perspectiva de interesse dos alunos para que esses possam ser bem assimilados, devemos considerar as capacidades cognitivas. Essas consistem em todas as potencialidades da inteligência humana, toda a energia mental que é liberada no processo de pensamento, raciocínio, criação, associação, reflexão, de um aluno enquanto este está aprendendo. A capacidade de armazenar conhecimento no estoque de memória é diferenciada para diversas pessoas. Aqui vemos a importância de todas as teorias pedagógicas que existiram desde Comênio até os tempos recentes. O respeito ao desenvolvimento natural que é base para a classificação dos tipos e dos níveis de aprendizagem. Classificação das formas de aprendizagem por nível: Para que tenhamos um aprendizado mais eficaz, com conteúdo assimilável que seja apreendido ativamente pelo aluno, podemos pensar que na construção da didática temos alguns níveis importantes a serem considerados. Fase de aprendizado pelo reflexo: Temos no inicio da vida, não o aprendizado pelo raciocínio, mas o aprendizado pelas experiências sensíveis. Reações imediatas com experiências absorvidas, adicionadas com o sentido atribuído pela criança. A reação corporal com cada experiência gera uma reação que irá ser incorporada em aprendizado e em hábitos. Essa fase de aprendizado remente muito a ideia de Comênio de aprendizado pelas “coisas”, sobretudo por que trata da fase inicial da vida. Fase de aprendizado por meios cognitivos: Comênio e Herbart diriam que esta é a fase de amadurecimento da inteligência. O que temos aqui é a capacidade de raciocínio e de associação plenamente desenvolvidas na vida de uma pessoa adulta. A didática não precisa mais do uso de figuras no processo de ensino que busquem associação, por que a mente de uma pessoa no auge de seu desenvolvimento já é capaz de realizar essas associações. Tipos de aprendizagem: Sendo aprendizagem por reflexo, associação, objetos ou por capacidades cognitivas, devemos pensar que existem agentes externos que ajudam a conduzir ou mediar esse processo de aprendizado. Vejamos alguns tipos de aprendizagem segundo a natureza do processo de ensino-aprendizagem. Aprendizagem Casual: consiste na aprendizagem involuntária que obtemos no dia-dia, em contato com outras pessoas em nosso convívio social. Não possui finalidades específicas e é espontânea. Ex: Nosso aprendizado acerca de coisas relacionadas a entretenimento, como se portar em grupos de amigos, informações acerca de cultura popular etc. Não faz parte do ensino dirigido e das instruções básicas da escola e precisamente se dá por meio de nossas experiências cotidianas. Aprendizagem organizada: é aquela forma de aprendizagem que necessariamente possui um fim conectado para o desenvolvimento de habilidades a serem utilizadas na vida social. Ocorre em especial, dentro da instituição escolar. Ex: a aprendizagem que obtemos na escola basicamente. É dirigida e possui objetivos, conteúdo específico – com funcionalidades direcionadas ao nosso desenvolvimento pessoal, intelectual, moral e cívico – e é transmitida a partir de métodos testados. Ensino: Atividade do professor de organização, seleção, e explicação dos conteúdos. Essas duas definições de aprendizado colocadas acima, parecem encaixar perfeitamente na definição dada anteriormente sobre os papeis de professor e aluno aonde um detém o saber e o segundo apenas a capacidade de absorver informações. Veremos no entanto que a posição do aluno é menos passiva do que a que está sugerida nessas descrições simples. O movimento denominado pedagogia renovada, reconhece que o aprendizado do aluno se passa por um processo de assimilação ativa. Vamos ver o que esse conceito significa: Processo de assimilação ativa: Processo de assimilação ativa consiste na apropriação de conhecimentos e habilidades, reflexão, compreensão, que se desenvolve por meios intelectuais, atitudinais e motivacionais do aluno. Isso significa que temos aqui e percepção de aprendizado que remete nitidamente a idéia de Dewey de reflexividade. A consciência do aluno no processo de aprender necessariamente possui um movimento ativo e outro passivo; a sua mente se dirige ativamente e voluntariamente ao objeto do conhecimento, ao passo que simultaneamente sua mente tem um movimento passivo ao absorver o conhecimento. Consequências da noção de assimilação ativa: A assimilação ativa transforma a ideia de conteúda da didática. Se no ensino tradicional pensamos no conteúdo como algo plenamente sobo domínio do professor, reconhecemos, por outro lado, o conteúdo como conceito a ser completado apenas com a assimilação do aluno. Apenas quando temos a assimilação concreta, ativa e voluntária do conhecimento, o conteúdo se completa. Ele precisa ser condensado em ações em práticas cotidianas, em suma na transformação das ações do aluno, para ser completo uma vez que a construção do conteúdo passa por uma ação intelectual e atitudinal que também é praticada pelo mesmo e não apenas pelo professor. O papel do professor na atividade de ensino: estimular o gosto pelo conhecimento a fim de que os alunos possam dar início a esse processo de assimilação. Assim como Comênio afirmava que a princípio as crianças deveriam aprender com coisas, o aprendizado deve ter uma natureza acessível nos primeiros passos a fim de que seja estimulado o aprendizado ativo. “Os problemas, e os conteúdos devem ser colocados no horizonte interrogativo dos alunos” diz José Carlos Libâneo. Isso é começar a passá-los de uma forma que eles saibam associar o objeto do ensino com partes de seu cotidiano, além do reconhecimento da capacidade de aprender dos mesmos alunos. Unidade entre ensino e aprendizagem: Dessa forma podemos dizer que existe uma unidade entre ensino e aprendizagem. Os dois processos se complementam na produção da assimilação do conhecimento em sala de aula. O método de ensino do professor, deve estar conectado com a capacidade inata dos alunos em aprenderem ativamente em sala de aula.
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