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ROTEIRO DE ESTUDO – SEMINÁRIO DE NEOPLASIAS (dias 15 e 16.08) 1. Terminologia: Neoplasia, Tumor, Câncer, Blastoma, lesões pré-neoplásicas, CA in situ. (Ariele) Neoplasia: Lesão tecidual caracterizada por alteração celular proliferativa que poderá ser maligna, benigna, indeterminada ou borderline. Câncer: Neoplasia maligna; Tumor maligno. Doença com características malignas devido ao crescimento desordenado de células que podem invadir tecidos e órgãos adjacentes e/ou espalhar-se para outras regiões do corpo Tumor: Aumento de volume tecidual em qualquer parte do corpo. Blastoma: Termo em desuso. O blasto é célula precursora, histologicamente indiferenciada, que apresenta rápida proliferação. Lesões pré -neoplásicas: Tecido benigno, morfologicamente alterado, que apresenta risco maior do que o normal de transformação maligna. CA in situ: lesões em que células displásicas ocupam a espessura total do epitélio, sem ruptura da membrana basal. 2. Principais características de uma célula neoplásica. (Jéssica Cunha) No organismo taxa de multiplicação celular é controlada dentro de certos limites para manter a população celular a níveis homeostáticos. Células neoplásicas são células que se reproduzem de forma atípica e possuem como características: Proliferação celular exacerbada, descontrolada e autônoma; perda da diferenciação celular e proliferação constitutiva (na qual essas células sofrem alterações no seu mecanismo regulatório de proliferação, conseguindo, então, burlar os mecanismos de apoptose e adquirindo uma proliferação autônoma.). É importante ressaltar que quanto mais avançado é o grau de diferenciação, menor é a taxa de proliferação celular. Tal fato explica o motivo das células neoplásicas se proliferarem de forma descontrolada devido a sua perda na capacidade de diferenciação celular. Bogliolo 7ª Edição 3. Características Macroscópicas dos tumores benignos e malignos conforme visto em aula prática. (Thâmara) CARACTERÍSTICAS ANATOMICAS MACROSCÓPICAS: ● Neoplasia benigna: – velocidade e crescimento: lento – forma de crescimento: expansivo – crescimento à distância (mestástases): ausente ● Neoplasia maligna: – velocidade e crescimento: rápido – forma de crescimento: expansivo e infiltrativo – crescimento à distância (mestástases): presente 4.Nomenclatura dos tumores: exemplificar, nomeando benignos (e seus respectivos correspondentes malignos) que se originam: (Bruna) a) do mesênquima; b) de epitélios; c) originários em mais de um folheto embrionário. Neoplasia significa “Novo Crescimento”, e um novo crescimento é denominado neoplasma. Diz-se que uma neoplasia é benigna quando suas características micro e macroscópicas são consideradas relativamente inocentes, significando que ele permanece localizado, não consegue se disseminar para outros sítios e geralmente pode ser removido por cirurgia local; tendo um bom prognóstico. Porém, tumores benignos podem produzir mais do que nódulos localizados, podem produzir doenças graves também. As neoplasias malignas são referidas como cânceres, pois se aderem a qualquer região em que estejam. O termo maligno, quando aplicado às neoplasias, significa que a lesão pode invadir e destruir as estruturas adjacentes e se disseminar para sítios distantes (metastatizar), levando à morte. Todos os tumores, benignos e malignos possuem características básicas: (1) Células neoplásicas clonais que constituem seu parênquima e (2) estroma reativo feito de tecido conjuntivo, vasos sanguíneos e quantidade variável de macrófagos e linfócitos. A nomenclatura dos tumores e seu comportamento biológico são baseados primariamente em seu componente parenquimatoso. Tumores Benignos. Em geral, tumores benignos são designados pela ligação do sufixo –oma à célula de origem. Os tumores de células mesenquimais geralmente seguem a regra. Por exemplo, um tumor benigno que surge nos tecidos fibrosos é denominado fibroma, enquanto um tumor cartilaginoso benigno é denominado condroma. Por outro lado, a nomenclatura dos tumores epiteliais benignos é mais complexa. Eles são classificados de forma diversificada, alguns com base em suas próprias células de origem, outros no padrão microscópico, e ainda outros, na sua arquitetura macroscópica. O termo adenoma é aplicado a um neoplasma epitelial benigno derivado de glândulas, apesar de poderem ou não formar estruturas glandulares. As neoplasias epiteliais benignas que produzem micro e macroscopicamente projeções visíveis, semelhantes a dedos ou verrucosas, que surgem a partir das superfícies epiteliais, são referidas como papilomas. Aquelas que formam grandes massas císticas são chamadas de cistadenomas. Tumores Malignos. A nomenclatura dos tumores malignos segue essencialmente o mesmo esquema usado nas neoplasias benignas, mas agora com algumas expressões. Os tumores malignos que surgem do tecido mesenquimal geralmente são denominados de sarcomas, pois eles apresentam pouco estroma de tecido conjuntivo e, portanto, são carnosos. Ex. fibrossarcoma, condrossarcoma, leiomiossarcoma e rabdomiossarcoma. Os neoplasmas malignos de origem de células nas células epiteliais, derivados de qualquer uma das três camadas germinativas, são denominadas carcinomas. 5. Fazer diferenciação entre tumor benigno e tumor maligno usando como parâmetros: (Amanda Costa) a) Diferenciação e Anaplasia O termo diferenciação refere-se ao grau em que as células neoplásicas assemelham-se às células normais. As neoplasias benignas apresentam células bem diferenciadas, ou seja, semelhantes às células do tecido de origem. As neoplasias malignas apresentam células com grau variável de diferenciação. As células indiferenciadas são também chamadas de anaplásicas. As células anaplásicas apresentam variação de tamanho e forma. As principais características das células anaplásicas são: - Pleomorfismo - Núcleo hipercromático - Relação núcleo-citoplasma aumentada - Aumento no tamanho e número dos nucléolos - Mitoses atípicas. b) Ritmo de crescimento Genericamente a maioria das neoplasias benignas cresce lentamente e as malignas crescem rapidamente. Entretanto, alguns tumores benignos podem apresentar crescimento mais rápido que tumores malignos. O ritmo de crescimento depende do tipo de tumor e de fatores relacionados ao suprimento sanguíneo e hormonal. c) Invasão local As neoplasias benignas crescem por expansão, permanecendo no local de origem, sem infiltrar ou invadir tecidos vizinhos ou provocar metástase para outros locais, são geralmente circunscritas por uma cápsula de tecido fibroso que delimita as margens do tumor. Devido à cápsula, os tumores benignos formam massas isoladas, palpáveis e móveis, passíveis de enucleação cirúrgica. Entretanto, alguns tumores benignos são localmente invasivos e recidivantes, como os ameloblastomas e mixomas. Já as neoplasias malignas são invasivas, provocando destruição dos tecidos adjacentes e podendo desenvolver metástase regional e à distância. Devido a essa característica invasiva, é necessária a ressecção cirúrgica de considerável margem de tecido aparentemente normal, conhecida como cirurgia radical. É preciso ressaltar que alguns tipos de câncer evoluem de uma lesão inicial conhecida como carcinoma in situ. Neste estágio as células tumorais estão restritas ao epitélio e não romperam a membrana basal com consequente invasão do conjuntivo. As ressecções cirúrgicas nesta fase são menores, com maior índice de cura. d) Capacidade de disseminação Os tumores benignos são geralmente bem delimitados e crescem de maneira expansiva, comprimindo as estruturas adjacentes,mas sem infiltrá-las. São, portanto, incapazes de disseminar-se. Ao contrário, a propriedade mais importante dos tumores malignos é sua capacidade de invadir localmente, ganhar uma via de disseminação (hematogênica, linfática ou transcelômica), chegar a sítios distantes e neles originar novos tumores (metástases). As metástases são o selo de malignidade do tumor e diminuem de maneira acentuada a possibilidade de cura dos pacientes. e) Aspectos anatomoclínicos As neoplasias benignas geralmente permanecem em seu sítio de origem, sem capacidade de invadir tecidos vizinhos e infiltrar-se, desenvolvem capsula fibrosa que as separa dos outros tecidos (são isoladas, facilmente palpáveis, móveis e passíveis de remoção cirúrgica). Desta forma, não são letais e não causam sérios transtornos ao hospedeiro. Já as neoplasias malignas, devido a infiltração progressiva, invasão e destruição do tecido, são geralmente pouco demarcadas, sem plano de clivagem específico e não reconhece limites anatômicos normais, tornando sua ressecção mais complicada. Frequentemente provocam perturbações homeostáticas graves, apresentando necrose, degeneração, hemorragia e ulceração. 6. Diferenças entre carcinomas e sarcomas quanto ao comportamento biológico. (Karen) Sarcoma: originados no tecido mesenquimal, apresentam pouco estroma conjuntivo e são carnosos. Podem ser encontrados no tecido fibroso (fibrossarcoma), tecido adiposo (lipossarcoma), tecido cartilaginoso (condrossarcoma) e tecido ósseo (osteossarcoma). Carcinomas: originados das células epiteliais de revestimento. Podem ser ainda mais qualificados, ex. Adenocarcinoma (padrão de crescimento glandular); carcinoma de células escamosas. Se o tecido de origem é desconhecido, designa-se apenas como tumor maligno pouco diferenciado ou indiferenciado. 7. Tecidos e órgão (topografia) onde os tumores acontecem com maior frequências. Falar as mais comuns (malignas) para o sexo feminino e para o sexo masculino (Brasil e Amazonas) (Giovana Coimbra) De acordo com o INCA, os tipos mais comuns de câncer no Brasil são: câncer da cavidade oral, de cólon e reto, de esôfago, de estômago, de mama, de pele (tanto de tipo melanoma e não melanoma), de próstata, de colo de útero, de pulmão e leucemias. Sexo feminino: Brasil: Mama feminina (57.960); cólon e reto (17.620); colo de útero (16.340); traqueia,brônquio e pulmão (10.890); estômago (7.600) Amazonas: Colo de útero (680); mama feminina (440); cólon e reto (130); estômago (130); traqueia, brônquio e pulmão (120) Sexo masculino: Brasil: Próstata (61.200); traqueia, brônquio e pulmão (17.330); cólon e reto (16.660); estômago (12.920); cavidade oral (11.120) Amazonas: Próstata (520); estômago (270); traqueia, brônquio e pulmão (180); cólon e reto (100); laringe (80) 8. O que são proto-oncogenes; oncogenes e anti-oncogenes? Citar exemplos de oncogenes, seu modo de ação e tumores associados. (Nathana) Proto-oncogenes são genes que normalmente ajudam as células a crescer; codificam proteínas que ajudam a regular o crescimento e a diferenciação celular. Eles estão frequentemente envolvidos com a transdução de sinal e com a execução de sinais mitóticos, geralmente através de seus produtos proteicos, possibilitando o crescimento das células. Com sua ativação, um proto-oncogene (ou seu produto) se transforma em um agente indutor de tumores, um oncogene. Oncogenes são genes relacionados com o surgimento de tumores, sejam malignos ou benignos, bem como genes que quando deixam de funcionar normalmente, transformam uma célula normal numa célula cancerosa. Anti-oncogenes ou genes supressores de tumor são genes normais que retardam a divisão celular, reparam erros do DNA ou indicam quando as células devem morrer (apoptose ou morte celular programada). Uma diferença importante entre oncogenes e anti-oncogenes é que os oncogenes resultam da ativação de proto-oncogenes, enquanto que os genes supressores do tumor provocam câncer quando eles são inativados. Como exemplo de oncogenes, podemos citar: A) Gene: Int-2 Modo de ação: codifica fatores de crescimento; promove mecanismo de hiperexpressão Tumor associado: câncer de estômago, câncer de bexiga, câncer de mama e melanoma B) Gene: abl Modo de ação: codifica proteínas tirosina cinases do citosol; promove mecanismo de translocação Tumor associado: leucemia mieloide crônica e leucemia linfoblástica aguda C) Gene: ras Modo de ação: codifica proteínas tirosina cinades do citosol; promove mutação em ponto Tumor associado: câncer de pulmão, câncer de cólon, câncer de pâncreas e muitas leucemias 9. Citar exemplos de genes supressores do câncer e seu modo de ação. Explicar como, na sua ausência funcional, pode-se iniciar um câncer. (Gabriel) Os genes supressores tumorais codificam proteínas que possuem importante papel na regulação do ciclo celular e apoptose, inibindo a formação de tumores. A sua ausência funcional anula a ação inibitória que regularia diversos processos do ciclo celular, gerando uma célula defeituosa sem o controle adequado de sua multiplicação. A cópia funcional do gene de uma célula heterozigótica é alterada, tornando a célula homozigótica para o gene mutado. Essas mutações são, normalmente, pontuais ou causadas por pequenas deleções que tem como consequência a perda da função da proteína codificada pelo gene; deleções cromossômicas ou quebras que deletam o gene supressor tumoral; ou recombinação somática durante a qual a cópia normal de gene é substituída por uma mutante. As funções das proteínas decodificadas por esses genes são diversas, mas podem ser simplificadas como: · Supressão de genes essenciais para a ocorrência do ciclo celular; · Avaliação, eliminação e reparação de danos no DNA; · Decodificar proteínas envolvidas com a adesão celular que impedem a metástase de células tumorais; As proteínas reparadoras de DNA são classificadas como supressoras de câncer pois um aumento na taxa de mutação decorrente de uma diminuição no reparo do DNA leva a uma maior inativação de outros supressores de tumor e ativação de oncogenes. Alguns exemplos: Gene supressor de câncer Função da proteína codificada Câncer associado à mutação RB1 Divisão celular, replicação do DNA e morte celular Retinoblastoma, outros. TP53 Divisão celular, reparo do DNA e morte celular Síndrome Li-Fraumeni (tumores cerebrais, sarcomas, leucemia), outros. CDKN2A Divisão celular e morte celular Melanoma, outros. APC Divisão celular, migração celular, adesão celular e morte celular Câncer Colorretal BRCA1, BRCA2 Reparo de quebras de dupla- fita, divisão celular e morte celular Câncer de mama e/ou de ovário WT1, WT2 Divisão celular, regulação da transcrição Tumor de Wilms (Nefroblastoma) 10. Descrever a carcinogênese química e a carcinogênese (física) por radiação (com exemplos de tumores a eles condicionados). (Jéssica Alves) Carcinogênese Química: Envolve a atuação de substâncias químicas que podem ser desde compostos naturais a substâncias altamente modificadas pelo homem, sendo que a atuação dessas substâncias químicas como agente cancerígeno vai envolver diversos fatores ambientais e do indivíduo, como por exemplo, o tempo de exposição da substância ao indivíduo, a forma como o corpo reagirá a essa substância química, a natureza dessa substância e etc. Os cancerígenos químicos podem ser divididos em duas grandes categorias: 1. Carcinógenos diretos: são agentes alquilantes ou acilantes que já possuem atividade eletrofílica intrínseca; por isso mesmo, podem provocar câncer diretamente, sem precisar passar por nenhuma transformação. 2. Carcinógenos indiretos: são substâncias que precisamprimeiro sofrer modificações químicas no organismo antes de tornarem eletrofílicas. Essas transformações químicas ocorrem nas mitocôndrias através de uma variedade de enzimas solúveis ou associadas a membranas, entre as quais as do citocromo P-450 são as mais importantes. É importante ressaltar que tanto os carcinógenos diretos ou indiretos agem sobre o DNA e causam mutações, a diferença é que os carcinógenos indiretos precisam primeiro serem transformados no corpo antes de provocar essa mutação. Esses compostos químicos têm como mecanismo de ação a formação de compostos covalentes com o DNA (DNA adducts), que aumentam a probabilidade de ocorrerem erros durante a replicação. Porém, nem sempre essa mutação levará a formação de tumores, pois o organismo dispõe de sistemas eficazes de reparação do DNA. Essa reparação de DNA varia de tecido para tecido, e de indivíduo para indivíduo, e acresce que, alguns cancerígenos químicos, além de sua ação mutagênica, podem inibir a atividade de enzimas reparadoras. Exemplos de carcinogênese química: ❖ Carcinoma pulmonar em fumantes (causado por hidrocarbonetos policíclicos aromáticos. Esses compostos são formados por diversos compostos que contêm carbono, são muito as fontes de produção: carvão, petróleo e seus derivados, produtos alimentícios – principalmente os defumados, tabaco e etc. Por isso, são de grande importância prática como causa de câncer); ❖ Uroteliomas (causado por Aminas Aromáticas); ❖ Relação com câncer gástrico (através das nitrosaminas); ❖ Carcinoma hepatocelular (causada por Aflatoxinas. As Aflotoxinas são produzidas por algumas cepas de Aspergillus flavus, um fungo que contamina alimentos principalmente cereais – lembrar da farinha em Manaus. Causa uma mutação que inativa a proteína p53, favorecendo a mitose hepática. Parece haver ação sinérgica das aflatoxinas com o vírus da hepatite B); ❖ Mesoteliomas e câncer bronco pulmonar (causado por Asbesto, substância encontrada em indústrias de amiantos, indivíduos fumantes e exposto ao asbesto têm risco muito maior de desenvolver câncer de pulmão) ❖ Câncer da pele e do pulmão (pode ser causado por arsênico ou cromo. O cromo pode ser encontrado no cimento) ❖ Papilomas, pólipos e câncer na mucosa nasal ou broncopulmonar (causado por níquel inalado como poeira metálica) Carcinogênese física por Radiação As radiações também provocam mutação gênica e podem ativar oncogenes e/ou inativar genes supressores de tumor. Nesse sentido, vale ressaltar, que as radiações podem atuar sinergicamente com outros carcinógenos, e os efeitos carcinogênicos das radiações podem ocorrer muitos anos ou décadas depois da exposição. Os dois principais agentes cancerígenos são: 1. Radiação Ultravioleta: proveniente da luz solar, provocam com frequência cânceres de pele predominantemente em pessoas expostas à luz solar por período prolongado. Os raios solares podem causar também lesões pré-cancerosa da pele (ceratose solar), carcinomas basocelular ou de células escamosas e melanomas. O risco de aparecimento desses tumores depende da intensidade e duração da exposição, bem como da proteção natural de cada indivíduo. A suscetibilidade a esses tumores é inversamente proporcional à pigmentação cutânea, pois a melanina é um filtro eficiente da radiação ultravioleta. A radiação ultravioleta causa uma mutação puntiforme, que pode afetar oncogenes ou genes supressores de tumor. Essa radiação pode causar diversas alterações no DNA, sendo a formação de dímeros de timina a mais importante delas. 2. Radiação Ionizante: As radiações ionizantes podem ser eletromagnéticas (raios X e gama) ou particuladas (partículas alfa e beta, próton e nêutrons). As principais evidências da ação cancerígena dessas radiações são: ❖ Câncer cutâneo ou leucemias em radiologistas ou operadores de raios x que, no passado, não usavam a devida proteção; ❖ Aumento da incidência de Leucemias e câncer de tireóide devido a exposição excessiva aos raios X na infância; ❖ Osteossarcomas em operários que envernizavam mostradores luminosos e que tinham o hábito de umedecer com os lábios o pincel; ❖ Aumento de incidência de Leucemias e tumores sólidos (mama, cólon, etc) nos sobreviventes das explosões de Hiroshima e Nagasaki. Atualmente, há muitas precauções para reduzir ao mínimo possível a exposição das pessoas às radiações ionizantes. As radiações ionizantes além das mutações pontuais, podem causar ainda translocações, quebras ou deleções cromossômicas. O poder mutagênico das radiações ionizantes depende de vários fatores como: 1. Tipo de célula-alvo. Os tecidos têm sensibilidade variada às radiações. Em geral, quanto maior a taxa de renovação celular e menor o grau de diferenciação das células, maior a sensibilidade. A medula óssea, por exemplo, é muito sensível às radiações ionizantes; 2. Idade dos indivíduos. Fetos, recém-nascidos e crianças são mais vulneráveis que adultos; 3. Eficiência dos mecanismos de reparo do DNA induzido por radiações. Mutações herdadas nos genes Rad e BRCA tornam o indivíduo mais suscetível à ação das radiações; 4. Resposta imunitária e estado hormonal também influenciam a ação cancerígena. 11. Carcinogênese por agentes biológicos – explicitar com exemplos de tumores relacionados. (Andressa) As infeccções crônicas causadas por agentes biológicos contribuem grandemente para o desenvolvimento da carcinogênese. Por Virús DNA: o DNA viral integra-se ao genoma da célula hospedeira. a expressão de genes precoces é responsável pela transformação celular, através da síntese de proteínas transformantes. Ex. HPV (predispõe ao câncer de colo de útero) ; Vírus de Epstein-Barr ( predispõe ao câncer nasofaringeal, linfoma de Burkitt e de Hodgkins em uma minoria populacional) ; Vírus da Hepatite B ( HBV) e o Vírus do herpes humano tipo 8 ( HHV-8). Por Vírus de RNA: inserem DNA na célula hospedeira ativando oncogenes que estavam reprimidos ou pouco estimulados. Ex. HTLV-1 ( Leucemia de células T, carcinoma hepatocelular B esplênicos associados ao vírus da hepatite C), HIV, influencia no aparecimento de sarcoma de kaposi. Por Bactérias : Uma infeccção crônica por Helicobacter pylori pode causar câncer gástrico e linfoma gástrico MALT. 12. Mecanismos de disseminação dos tumores — descrever as etapas da metástase e vias de disseminação dos tumores. (Ayssa) Para que uma célula neoplásica obtenha sucesso na metastatização ela deve inicialmente se destacar do tumor primário (1), invadir e migrar nos teci-dos adjacentes (2), infiltrar e sobreviver na corrente circulatória (3), aderir e atravessar os capila-res sanguíneos (4) e sobreviver em um tecido estranho ao de sua origem (5). Cada uma destas etapas requer habilidades especiais, fazendo com que o processo de me-tástase seja seletivo. Descrição de cada etapa: - (1) separação do tumor primário: As células normais expressam glicoproteínas transmembrânicas que promo-vem adesão intercelular, desempenhando importante papel na manutenção da integri-dade estrutural. As caderinas são as de maior importância. No tecido epitelial são chamadas de E-caderina. Alterações nestas proteínas diminuem a adesão entre as células e facilitam o des-prendimento do tumor primário e invasão dos tecidos vizinhos. - (2) invasão e migração nos tecidos adjacentes: para invadir e migrar no te-cido conjuntivo as células metastáticas devem primeiramente se aderir aos componentes da ma-triz extracelular. Esta adesão ocorre devido a expressão de receptores para laminina e fibronec-tina. As células tumorais podem também expressar integrinas, que são uma família de glicoproteínas de superfície celular que mediam a adesão célula - célula ou de célula com a matriz extracelular. Para migrar no tecido conjuntivo, ascélulas metastáticas devem ser capazes de secretar colagenases e outras enzimas proteolíticas que digerem a matriz extracelu-lar. - (3) infiltração e sobrevivência na corrente sanguínea: Para entrar na corrente circulatória, as células devem atravessar a membrana ba-sal (MB). A MB parece ser uma barreira particularmente importante à disseminação de células metastáticas. Para atravessar esta barreira às células precisam inicialmente aderir à “laminina” que é um dos principais componentes protéicos das membranas basais. A interação dos receptores celula-res com a laminina parece estimular a síntese de colagenase IV. A degradação do colá-geno IV faz com que a membrana basal se desintegre, abrindo o caminho da célula metastá-tica para a corrente circulatória. Ao entrar na corrente circulatória a maior parte das células é prova-velmente destruída por linfócitos NK (natural killer) e fagócitos polimorfonucleares. Algu-mas células tumorais aderem às plaquetas circulantes, sendo esta interação mediada por integrinas. A interação das células metastáticas com plaquetas parece ser um fator importante na metastatização, principalmente no desenvolvimento de metástase pulmonar. Além de possí-vel camuflagem das células tumorais, que assim conseguem escapar dos leucócitos circulan-tes, a interação célula tumoral - plaquetas podem formar pequenos trombos que são aprisiona-dos nos pequenos vasos sangüíneos dando origem a novos focos metastáticos. - (4) adesão e travessia dos capilares sanguíneos: Células tumorais isoladas também podem aderir a receptores de membrana nas células en-doteliais e atravessar os vasos sanguíneos, num fenômeno similar à leucodiapedese. - (5) sobrevivência em um tecido estranho ao de sua origem: O local de desenvolvimento de metástase está relacionado, em parte, a localização anatô-mica do tumor primário. Entretanto, algumas observações sugerem que a via natural de drenagem não explica inteiramente a distribuição das metástases. Por exemplo, cânceres de próstata desenvolvem metástase óssea com relativa frequência, carcinoma broncogênico tende envolver adrenal e cérebro, e neuroblastomas irradiam para fígado e ossos. O tropismo para determinados órgãos pode estar relacionado a 3 mecanismos: I - células tumorais podem expressar moléculas de adesão as quais se ligam preferencial-mente às células endoteliais de órgão alvo; II - alguns órgãos podem liberar agentes quimiotáticos que recrutam células tumorais; III - em alguns casos o órgão alvo parece não ser favorável para a proliferação das células tumorais. AS PRINCIPAIS VIAS DE DISSEMINAÇÃO SÃO: - Disseminação através de cavidades e superfícies corporais: Esse tipo de disseminação ocorre quando células neoplásicas penetram em uma cavi-dade natural, como a peritonial. Em casos de carcinomas de ovário não é raro que as superfícies peritoniais fiquem revesti-das por células neoplásicas. Outras cavidades corporais podem estar envolvidas como a pleural, pericardial e subarac-nóide. - Disseminação linfática: As células tumorais são transportadas pelos vasos linfáticos. É a via preferencial dos Carcinomas, e a menos frequente nos sarcomas. Os gânglios linfáticos regionais funcionam como barreiras contra a disseminação generali-zada do tumor, pelo menos por algum tempo. - Disseminação hematogênica: É a via de disseminação mais utilizada pelos sarcomas, porém também pode ocorrer nos Carcinomas. As artérias são mais resistentes que as veias a invasão tumoral. Os órgãos mais acometidos por essa disseminação são o fígado e o pulmão. 13. Aspectos clínicos dos tumores — falar sobre sinais e sintomas gerais e específicos relacionados aos tumores malignos. (Dafne) Os sinais e sintomas causados pelo tumor variam dependendo de que parte do corpo é afetada. Alguns sinais e sintomas gerais, que não são específicos para o tumor e devem ser cruzados com outros fatores de risco, incluem: ❖ Fadiga ❖ Protuberância ou área de espessamento que pode ser sentida sob a pele ❖ Mudanças de peso, incluindo a perda não intencional ou ganho ❖ Alterações da pele, tais como amarelecimento, escurecimento ou vermelhidão da pele, feridas que não cicatrizam ou alterações moles ❖ Mudanças nos hábitos intestinais ou da bexiga ❖ Tosse persistente ❖ Dificuldade em engolir ❖ Rouquidão ❖ Indigestão persistente ou desconforto depois de comer ❖ Dor muscular ou nas articulações persistente e sem causa aparente ❖ Febre ou suores noturnos persistentes sem causa aparente. Entretanto, a maioria dos tumores em fase inicial não apresenta qualquer tipo de sintoma – em alguns casos, mesmo os tumores avançados demoram para demonstrar sinais. Dessa forma, é importante fazer exames médicos periódicos, principalmente se você tem casos de tumor na família, e procurar ajuda sempre que estiver com sintomas diferentes ou suspeitos. A propriedade mais importante das células malignas é justamente sua capacidade de invadir localmente, de ganhar uma via de disseminação, de chegar a sítios distantes e de neles originar novos tumores (metástases). O tumor maligno tem forma irregular, se multiplica muito rápido com o crescimento agressivo, invadindo outros tecidos. Ter um tumor maligno não significa exatamente que o câncer será fatal, principalmente se a pessoa não se entregar e seguir o tratamento adequadamente. Quanto mais cedo a descoberta do câncer, mais rápido e eficaz será o tratamento. Os sinais e sintomas de tumores malignos variam de acordo com o local em que se localiza. Podendo ser: lesões na pele, nódulos na próstata, nódulo na mama, sangue nas fezes, tosse com sangue, nódulo da tireoide, sangramento vaginal, perda de peso não intencional (anorexia), disfagia, sangue na urina, aumento dos linfonodos, anemia, rouquidão, entre outros. 14. Caracterizar SÍNDROMES PARANEOPLÁSICAS (Exemplos). (Lili) Constituem manifestações clínicas que não podem ser explicadas pela existência de um tumor em determinada sede ou por substâncias produzidas no órgão de origem da neoplasia. As síndromes paraneoplásicas não são raras; às vezes são a primeira manifestação de um câncer e podem ser até as responsáveis pela morte do paciente. As principais são: Manifestações Endócrinas Marcadas pela desrepressão de certos genes, que induzem células tumorais a produzir hormônios não- sintetizados pelo órgão de origem do tumor. Ocorre produção ectópica de hormônios. São eles: ❖ Síndrome de Cushing: comum em carcinomas de pequenas células do pulmão. As células tumorais produzem ACTH ou peptídeos com atividade biológica semelhante, resultando em hiperestimulação da cortical da suprarrenal; ❖ Hipercalcemia: mais comum em carcinomas de células escamosas do pulmão; ocorre devido à produção de substâncias químicas com ação semelhante à do paratormônio. Há reabsorção óssea excessiva e aumento do cálcio na circulação. Metástases ósseas também podem causar hipercalcemia devido à osteólise que produzem. Alterações Hematológicas ❖ Eritrocitose: pela produção de eritropoetina de alguns tumores. Ex.: hepatocarcinoma, hemangioblastoma do cerebelo, leiomioma uterino. ❖ Anemia: por causas aparentes, como destruição medular por infiltração neoplásica, carência nutricional relacionada à caquexia, perdas sanguíneas por hemorragias, etc. Casos em que não se consegue estabelecer um fator causal para a anemia, constituem de fato, manifestações paraneoplásicas. ❖ Estado de Hipercoagulabilidade: fatores pró-coagulantes contidos em células neoplásicas ou produtos de sua destruição, que favorecem a formação de trombos. OBS.: Trombose associada à câncer é manifestação clínica frequente e pode apresentar-se sob as formas de coagulação intravascular disseminada, endocardite trombótica abacteriana (ou marasmática, dependendo do estadode deficiência nutricional) ou tromboflebite migratória, conhecida como Síndrome de Trousseau, comum em pacientes com carcinoma pancreático ou pulmonar. Manifestações Neuromusculares Podem surgir sintomas de degeneração cerebelar, demência, neuropatia periférica e manifestações semelhantes às da polimiosite e miastenia gravis. Os mecanismos responsáveis por esses quadros são desconhecidos. Outras Manifestações Baqueteamento digital e osteoartropatia hipertrófica aparecem em alguns cânceres, principalmente no broncopulmonar. A acanthosis nigricans, caracterizada por hiperpigmentação e hiperceratose, são frequentes em manifestações paraneoplásicas e podem manifestar-se antes mesmo do diagnóstico da neoplasia. BRASILEIRO FILHO, Geraldo; PEREIRA, Fausto Edmundo Lima; GUIMARÃES, Romeu Cardoso. Distúrbios do Crescimento e da Diferenciação Celular: Efeitos Locais e Sistêmicos das Neoplasias. In: BRASILEIRO FILHO, Geraldo. Bogliolo Patologia Geral. 4ª Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009. pp. 276-277. Síndromes paraneoplásicas são complexos de sintomas em indivíduos portadores de câncer que não podem prontamente ser explicados, quer seja por disseminação local do tumor ou a distância, ou ainda pela elaboração de hormônios característicos do tecido a partir dos quais o tumor surgiu. Elas ocorrem em cerca de 10% das pessoas com doenças malignas e, podem caracterizar-se por: ❖ Podem representar a manifestação mais precoce de um neoplasma oculto; ❖ Em pacientes afetados, podem representar problemas clinicamente significativos e podem até ser letais; ❖ Podem mimetizar a doença metastática e, assim, atrapalhar o tratamento. Os principais exemplos são: Endocrinopatias ❖ Síndrome de Cushing ❖ Síndrome de hipersecreção inadequada do ADH; ❖ Hipercalcemia; ❖ Hipoglicemia; ❖ Síndrome Carcinoide; ❖ Policetemia Síndromes dos Nervos e Músculos ❖ Miastenia ❖ Desordens do SNC e SNP Desordens Dermatológicas ❖ Acantose nigricans ❖ Dermatomiosite Alterações Ósseas, Articulares e de Partes Moles ❖ Osteoartropatia hipertrófica e baqueteamento digital Alterações Vasculares e Hematológicas ❖ Trombose Venosa (Fenômeno de Trousseau) ❖ Endocardite Trombótica não-bacteriana ❖ Aplasia das hemácias Outras ❖ Síndrome Nefrótica STRICKER, T. P.; KUMAR, V. Neoplasia: Aspectos Clínicos da Neoplasia. In: KUMAR, ABBAS, FAUSTO et al. Robbins & Cotran: Bases Patológicas das Doenças. 8ª Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. pp. 320-323. 15. Imunologia dos tumores: Como o organismo se defende das neoplasias? (Amanda Morais) Tanto a imunidade mediada por células como a imunidade humoral são mecanismos anti tumorais. Mas, o principal mecanismo de imunidade tumoral é a eliminação de células tumorais pelos linfócitos T citotóxicos CD8+ via Complexo Principal de Histocompatibilidade de Classe I (MHC I). As células NK e os macrófagos ativados também podem estar envolvidos. Além disso, os hospedeiros portadores de tumor podem produzir anticorpos contra os diversos tipos de antígenos tumorais, que serão explicitados posteriormente. Os anticorpos podem destruir as células por meio da ativação do complemento ou pela citotoxicidade mediada por células dependentes de anticorpos, onde os receptores portadores de macrófagos Fc ou células NK agem como mediadores da destruição celular. • Células T: são, sem dúvida, o principal mecanismo de defesa para o organismo contra neoplasias. Atuam tanto diretamente sobre as células neoplásicas (células T CD8+) como ativando outros componentes do sistema imune (as células T CD4+ atuam também através de linfocinas). As céluas T dependem de células apresentadoras de antígenos (APC), pois na maioria das vezes,as células tumorais expressam apenas MHC classe I e não a classe II; • Células B: secretam anticorpos (o principal é a IgG) e funcionam como APC. Os anticorpos podem agir tanto fixando complemento quanto promovendo a citotoxidade mediada por anticorpo; • Células NK: representam a primeira linhagem de defesa do hospedeiro contra o crescimento das células transformadas. Também representam um auxílio quando recrutadas pelas células T. Sua ação é mediada pela liberação de fatores citotóxicos ou de granzinas e perforinas. As células transformadas comumente apresentam uma quantidade diminuída de MHC-I e é esse o sinal para as NK; • Macrófagos: são importantes na iniciação da resposta imune por desempenharem o papel de APC. Além disso podem atuar diretamente como células efetoras mediando a lise do tumor. As principais citocinas envolvidas na ativação dos macrófagos (MAF) SÃO O INF-γ, a IL-4, o TNF e o GM-CSF (fator de estimulação de crescimento granulócito-macrófago). OBS: De forma geral, IL-2, IFN-γ e TNF são as principais citocinas envolvidas na resposta anti tumoral. Ademais, a imunidade tumoral celular se baseia na ideia que a célula tumoral apresenta alguma diferença estrutural das células normais e que essa diferença seja identificada pelo sistema imune. Assim, o componente neo-expresso é denominado antígeno tumoral, que pode conter maior ou menor capacidade imunogênica. Estes antígenos podem ser basicamente de dois tipos, os antígenos tumor-específicos únicos e os antígenos tumor-associados. Os Antígenos tumor-específicos únicos são encontrados apenas em células tumorais e portanto representam um alvo ideal para o ataque imunológico. Em contraste, os Antígenos tumor- associados podem ser encontrados em células tumorais e também em algumas células normais, porém características quantitativas e qualitativas permitem diferenciar sua presença em células tumorais ou normais. Existem vários mecanismos para formação de antígenos tumorais reconhecidos por células CD8+ autólogas: Os antígenos virais originam-se de proteínas codificadas por vírus oncogênicos como o HPV-16. Os antígenos hiperexpressos possuem algumas moléculas com hiperexpressão, como por exemplo receptores. Os antígenos resultantes de mutações derivam de protooncogenes e genes supressores que sofreram mutação, como os derivados de formas mutantes de p53 e k-ras. Os antígenos de diferenciação, são expressos seletivamente em algumas células normais e também nos cânceres originados por este tecido. (Por exemplo, em melanócitos e melanomas) e os antígenos compartilhados específicos de tumores não são expressos em qualquer tecido normal, mas sim são derivados de genes cujos produtos são encontrados apenas no testículo, onde não podem ser expressos na superfície celular devido a ausência de HLA. Desse modo, para cada tipo de antígeno o organismo apresenta uma resposta imune modulada, mediada majoritariamente por células, mas também através dos componentes humorais, como já exposto. Há ainda fortes evidências de que o sistema imune é um fator de fundamental importância na resistência aos tumores principalmente sob a forma de “vigilância imunológica” ou “imunovigilância”, ou seja, o conjunto de mecanismos que contribuem para impedir a instalação de um tumor ou qualquer outra patologia. Essa ideia apoia-se em diversas observações, como: 1)A ocorrência de infiltrados linfocíticos em torno de tumores e nos linfonodos que drenam os locais com câncer; 2) Resultados experimentais, principalmente com tumores transplantados; 3)o aumento da incidência de alguns tumores nos indivíduos imuno-deficientes; e 4)a demostração direta de células T específicas do tumor e anticorpos no paciente. Porém, o fato de que os tumores ocorrem em indivíduos imunocompetentes é sugestivo de que a vigilância imunológica é imperfeita e frequentemente não é capaz de controlar tumores de crescimento rápido; ou ainda, como alguns tumores escapam a tal vigilância, não exclui-se a possibilidade de que outras neoplasias possam ter sidoeliminadas. STRICKER, T. P.; KUMAR, V. Neoplasia: Defesas do hospedeiro contra tumores. In: KUMAR, ABBAS, FAUSTO et al. Fundamentos de Robbins: Patologia Estrutural e Funcional. 6ª Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2001. pp. 170- 172. 16. Classificação TNM: Significado e Importância. (Douglas) Estadiamento é um termo muito usado em oncologia e pode ser entendido como uma maneira de avaliar a extensão da doença em relação ao órgão de origem, isto é, avaliar qual o grau de comprometimento do órgão no qual o tumor teve início e avaliar se a doença se espalhou além do local de origem.A necessidade de se classificar os casos de câncer em estádios baseia-se na constatação de que as taxas de sobrevida são diferentes quando a doença está restrita ao órgão de origem ou quando ela se estende a outros órgãos. O sistema de estadiamento mais utilizado é o preconizado pela União Internacional Contra o Câncer (UICC), denominado Sistema TNM de Classificação dos Tumores Malignos. Este sistema baseia-se na extensão anatômica da doença, levando em conta: ❖ As características do tumor primário (T); ❖ As características dos linfonodos das cadeias de drenagem linfática do órgão em que o tumor se localiza (N); ❖ A presença ou ausência de metástases à distância (M). T para o tumor primário. N para linfonodos. O câncer que se espalhou para os linfonodos próximos. M para metástase. O câncer que se espalhou para partes distantes do organismo Estes parâmetros recebem graduações, geralmente de T0 a T4, de N0 a N3 e de M0 a M1, respectivamente. Combinações dos componentes T, N, M permitem o agrupamento dos pacientes em categorias de risco, permitindo avaliar quais os pacientes que têm maior ou menor chance de cura e quais podem precisar de associações de tratamento (cirurgia, quimioterapia e radioterapia). Por essa razão, utilizar a classificação TNM é muito importante para que se possa seguir as orientações de tratamento para cada subgrupo de pacientes com o objetivo de conseguir as melhores taxas de cura e controle da doença. 17. Mecanismos de morte em pacientes portadores de câncer. (Mariana) As neoplasias causam repercussões variadas nos doentes que podem contribuir/culminar na morte. a) Efeitos locais: ● Obstrução do fluxo de liquor por tumores intraventriculares ou na região do aqueduto cerebral resultando em hidrocefalia; ● Obstrução do tubo digestivo por neoplasias de esôfago, estômago ou intestinos causam obstrução intestinal ou estenose pilórica ou esofágica; ● Obstrução da passagem da urina por tumores situados nas via urinárias provoca hidronefrose; ● Compressão do encéfalo por tumores intracranianos causando hipertensão intracraniana e outras manifestações diversas; ● Hemorragias digestivas em neoplasias do tubo gastrointestinal causando hipovolemia ou anemia; ● Torção do pedículo de órgãos móveis com interrupção de fluxo sanguíneo e consequente infarto. b) Efeitos sistêmicos: ● Hipofunção (quando há destruição do parênquima) ou hiperfunção glandular. A primeira está presente nos tumores supra-selares que comprimem a hipófise e resultam em hipopituitarismo. Já a segunda está presente nos adenomas das células beta das ilhotas pancreáticas que podem desencadear hipoglicemia grave ou no feocromocitoma que sintetiza catecolaminas em excesso e provoca hipertensão arterial; ● Estado de caquexia que cursa com fraqueza generalizada, anemia e emagrecimento acentuado. Não completamente explicado, contribuição de obstruções, hemorragias, náuseas, vômitos, anorexia, hipercatabolismo (TNF-alfa e INF gama), estado emocional, tratamento antineoplásico, alterações no centro do apetite; ● Síndromes paraneoplásicas ➢ Manifestações endócrinas: Síndrome de Cushing que aparece em carcinomas de pequenas células do pulmão em que as células neoplásicas produzem ACTH que hiper-estimula córtex da suprarrenal; hipercalcemia por produção de substâncias semelhantes ao paratormônio com reabsorção óssea excessiva e aumento do cálcio circulante; ➢ Alterações hematológicas: eritrocitose por hepatocarcinoma, hemangioblastoma do cerebelo, leiomioma uterino; anemia; hipercoagulabilidade - trombose (coagulação intravascular disseminada, endocardite trombótica bacteriana, tromboflebite migratória/síndrome de Trousseau); ➢ Manifestações neuromusculares: degeneração cerebelar, demência, neuropatias periféricas e manifestações semelhantes à miastenia gravis e polimiosite. 18. Relação médico-paciente frente a um paciente com câncer. (Rebeca) A relação médico-paciente, em oncologia, adquire uma particular importância devido à gravidade da doença e ao estigma que muitas vezes acompanha a experiência do paciente. Trata-se de uma aprendizagem indispensável para uma intervenção médica eficaz, que perceba o processo do adoecer sob a ótica daquele paciente que se insere em uma experiência de fragilidade e de ameaça ao seu estado de ser saudável e ativo. Diversos trabalhos mostram que a maioria das queixas dos pacientes faz referência a dificuldades comunicacionais com o médico e não a sua competência clínica, apontando que um bom relacionamento aumenta a satisfação do paciente e a qualidade do serviço de saúde, além de influenciar positivamente o estado de saúde do paciente. Não é suficiente, portanto, buscar . novas tecnologias e boa formação dos profissionais médicos para atingir níveis de excelência em saúde; é necessário também o respeito dos valores subjetivos do paciente, a promoção de sua autonomia e a tutela das diversidades culturais. Sob a perspectiva da oncologia, nota-se que esta relação carrega peculiaridades que lhe são próprias. Por se tratar de uma doença percebida como traumatizante, perante o imaginário pessoal e coletivo, sua abordagem torna-se especialmente difícil. Angústias, medos e sofrimentos apresentam-se na vida dos pacientes e de suas famílias, necessitando estabelecer um vínculo com o profissional como coadjuvante terapêutico. Observa-se, então, durante a consulta oncológica, a presença de grande ansiedade por parte do paciente e do médico. Junto ao diagnóstico de câncer, leva-se consigo vários estigmas e, com eles, grande impacto na dimensão emocional do paciente. Além disso, a família do paciente também é alvo e origem de estresses emocionais. O próprio tratamento é gerador de morbidade e de uma tensão adicional. Esses aspectos devem ser considerados pelo médico, que, por sua vez, também experimenta sentimentos provocados pela doença do paciente. No intuito de minimizar essas dificuldades, em 1992, Buckman publicou o protocolo SPIKES, que é até hoje uma das referências metodológicas mais adotadas a nível internacional na comunicação de más notícias. Em 2000, foi publicado um artigo que direciona e adapta o protocolo SPIKES para o contexto da oncologia. A proposta de Buckman identifica seis passos de comunicação de uma má notícia. O primeiro passo, setting up, seria a preparação da entrevista, tanto a escolha do lugar ideal, como a forma de se apresentar ao paciente. O segundo, perception, consiste em avaliar o que o paciente já conhece sobre sua doença e a percepção que tem dela. O terceiro, invitation, seria a fase em que se avalia até que ponto o paciente deseja saber de sua condição, para que o médico não ultrapasse o limite do paciente e transmita detalhes que este não desejava ouvir. O quarto passo, knowledge, seria o momento em que o médico transmite, de fato, a má notícia. É indicado que não se use palavras técnicas e sim termos de fácil compreensão para o paciente e que se transmita a verdade, evitando grosserias. O quinto, emotions, é a fase em que se trabalham as reações emocionais do paciente de forma empática. Por fim, o sexto passo, strategy and summary, seria o momento de apresentar e discutir o planoterapêutico e o prognóstico, alimentando expectativas reais e considerando a autonomia do paciente na escolha do tratamento. Esse protocolo, por conseguinte, torna-se fundamental, sobretudo durante o acompanhamento de pacientes oncológicos, no qual o médico se vê frequentemente em uma situação em que é preciso transmitir uma má notícia, seja um diagnóstico, um prognóstico, uma falha terapêutica ou um efeito adverso. Na maioria das vezes, o médico não foi devidamente treinado para gerenciar essas situações, levando em conta aspectos psicossociais do paciente, e precisa aprender sozinho a desenvolver habilidades relacionais e comunicacionais não ensinadas na formação acadêmica. E, mais que isso, a aprender a lidar com a terminalidade do próximo, o que resgata a sua própria natureza mortal. Carlos Maximiliano Gaspar Carvalho Heil Silva; Camila Herculano Soares Rodrigues; Jussiê Correia Lima; Natália Braga Hortêncio Jucá; Kathiane Lustosa Augusto; et al. Relação médico-paciente em oncologia: medos, angústias e habilidades comunicacionais de médicos na cidade de Fortaleza (CE)Ciência & Saúde Coletiva, supl. Supplement 116 (2011): 1457-1465.
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