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Aula 09 Direito Processual Civil - Conforme Novo CPC p/ TRTs Professores: Equipe Gabriel Borges, Gabriel Borges Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 88 DIREITO PROCESSUAL CIVIL P/ TRT SUMÁRIO PÁGINA 1. Capítulo X: Dos processos nos tribunais e dos meios de impugnação das decisões judiciais; dos recursos; dos embargos de declaração; dos recursos para o supremo tribunal federal e para o superior tribunal de justiça. 02 2. Resumo 71 3. Lista das questões apresentadas 75 4. Questões comentadas 77 5. Gabarito 88 CAPÍTULO X: DOS PROCESSOS NOS TRIBUNAIS DOS PROCESSOS NOS TRIBUNAIS O CPC/2015 prevê recursos dirigidos aos tribunais superiores e STF: 1) Recurso Ordinário; 2) Recurso Especial; 3) Recurso Extraordinário; 4) Agravo de Instrumento; 5) Embargos de Divergência de Recurso Especial ou Extraordinário. Além desses recursos, os Tribunais também contam com meios próprios de impugnar decisões judiciais. AULA 09: DOS PROCESSOS NOS TRIBUNAIS E DOS MEIOS DE IMPUGNAÇÃO DAS DECISÕES JUDICIAIS; DOS RECURSOS; DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO; DOS RECURSOS PARA O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL E PARA O SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 88 DA UNIFORMIZAÇÃO DA JURISPRUDÊNCIA Os tribunais são divididos em turmas, câmaras, seções, grupos. Órgãos que nem sempre têm entendimentos idênticos sobre as questões que lhes são submetidas, gerando divergências entre questões de mesmo teor. A falta de padronização da jurisprudência leva à insegurança jurídica, à falta de previsibilidade na realização dos negócios jurídicos, o que pode ser bastante prejudicial ao desenvolvimento socioeconômico de quem poderia ter um ambiente seguro para realizar seus negócios. Por esse motivo que se torna necessário, entre outros remédios, a uniformização de jurisprudência. De maneira a uniformizar o entendimento sobre mesmas questões, há instrumentos de padronização da jurisprudência ± exemplo: a possibilidade de interposição de recurso especial fundado na divergência de julgados, conforme disposição constitucional do artigo 105, III, c: Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: [...] III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida: [...] c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal. No CPC/2015, há Livro específico para o tema: Livro III ± Dos Processos nos Tribunais e Dos Meios de Impugnação das Decisões Judiciais. De acordo com o diploma de direito processual, os tribunais devem uniformizar sua jurisprudência e mantê-la estável, íntegra e coerente, na forma estabelecida e segundo os pressupostos fixados no regimento interno. Ademais, os tribunais editarão enunciados de súmula correspondentes a sua jurisprudência dominante, atendo-se às circunstâncias fáticas dos precedentes que motivaram sua criação. Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 4 de 88 A cada juiz ou tribunal, por seu turno, compete, visando à uniformização da jurisprudência, observar (art. 927): I - as decisões do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade; II - os enunciados de súmula vinculante; III - os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução de demandas repetitivas e em julgamento de recursos extraordinário e especial repetitivos; IV - os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria constitucional e do Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional; V - a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem vinculados. - A alteração de tese jurídica adotada em enunciado de súmula ou em julgamento de casos repetitivos poderá ser precedida de audiências públicas e da participação de pessoas, órgãos ou entidades que possam contribuir para a rediscussão da tese. - Na hipótese de alteração de jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal e dos tribunais superiores ou daquela oriunda de julgamento de casos repetitivos, pode haver modulação dos efeitos da alteração no interesse social e no da segurança jurídica. - A modificação de enunciado de súmula, de jurisprudência pacificada ou de tese adotada em julgamento de casos repetitivos observará a necessidade de fundamentação adequada e específica, considerando os princípios da segurança jurídica, da proteção da confiança e da isonomia. - Os tribunais darão publicidade a seus precedentes, organizando-os por questão jurídica decidida e divulgando-os, preferencialmente, na rede mundial de computadores. DA DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 5 de 88 A declaração de inconstitucionalidade constitui incidente, ou seja, circunstância acidental ao processo. Podendo ser utilizada em questão relativa ao recurso ou à causa originária. Somente se fala em controle de constitucionalidade porque há no ordenamento jurídico pátrio reconhecimento da supremacia da Constituição. Desse modo, há a necessidade de controle das normas infraconstitucionais, que, quando em confronto com a Constituição, devem ser declaradas inconstitucionais e invalidadas. O sistema de controle de constitucionalidade no Brasil é eclético ou híbrido, já que combina o controle político-preventivo com o controle judicial- repressivo (concentrado ou difuso). Interessa-nos, para o tópico em tela, o controle judicial, o legislador pátrio dispôs ao Poder Judiciário dois métodos de controle: 1) o reservado ou concentrado, por via de ação; 2) difuso ou aberto, por via de exceção ou defesa ± é controle de constitucionalidade concreto. Quando for concentrado, caberá ao STF exercer o controle ± exatamente, por isso, chamado concentrado, já que cabe a um único órgão. Quanto ao controle difuso, além do STF, todos os demais tribunais e juízes do Poder Judiciário deverão exercê-lo. Sobre o incidente que estamos estudando, há previsão constitucional (art. 97) que embasa a previsão do CPC/2015 (arts. 948 a 950). Na CF/88: Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público. Percebam que a declaração de inconstitucionalidade, pela via difusa, exercida pelos Tribunais somente se dará pela maioria absoluta dos votos do Plenário ou de órgão especial, não se dará por maioria simples. Sobre o tema o STF aprovou a Súmula Vinculante n° 10: Viola a cláusula de Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 6 de 88 reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público, afasta sua incidência, no todoou em parte. Os artigos 948 a 950 do Código de Processo Civil disciplinam o incidente de arguição de inconstitucionalidade no âmbito dos tribunais. Art. 948. Arguida, em controle difuso, a inconstitucionalidade de lei ou de ato normativo do poder público, o relator, após ouvir o Ministério Público e as partes, submeterá a questão à turma ou à câmara à qual competir o conhecimento do processo. Art. 949. Se a arguição for: I - rejeitada, prosseguirá o julgamento; II - acolhida, a questão será submetida ao plenário do tribunal ou ao seu órgão especial, onde houver. Parágrafo único. Os órgãos fracionários dos tribunais não submeterão ao plenário ou ao órgão especial a arguição de inconstitucionalidade quando já houver pronunciamento destes ou do plenário do Supremo Tribunal Federal sobre a questão. Art. 950. Remetida cópia do acórdão a todos os juízes, o presidente do tribunal designará a sessão de julgamento. § 1o As pessoas jurídicas de direito público responsáveis pela edição do ato questionado poderão manifestar-se no incidente de inconstitucionalidade se assim o requererem, observados os prazos e as condições previstos no regimento interno do tribunal. § 2o A parte legitimada à propositura das ações previstas no art. 103 da Constituição Federal poderá manifestar-se, por escrito, sobre a questão constitucional objeto de apreciação, no prazo previsto pelo regimento interno, sendo-lhe assegurado o direito de apresentar memoriais ou de requerer a juntada de documentos. § 3o Considerando a relevância da matéria e a representatividade dos postulantes, o relator poderá admitir, por despacho irrecorrível, a manifestação de outros órgãos ou entidades. LEGITIMIDADE A legitimidade para arguir o incidente é das partes, entre as quais os litisconsortes, assistentes e intervenientes; do Ministério Público ou de qualquer dos juízes, que tenha atuado no recurso ou na causa originária. PROCEDIMENTO Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 7 de 88 Após ser suscitado o incidente, ouve-se o Ministério Público, para em seguida o relator submeter a questão ao órgão fracionário (turma, câmara) responsável pelo julgamento da causa. A este órgão julgador caberá o juízo de admissibilidade. Assim, se a alegação for rejeitada, prosseguirá o julgamento; se acolhida, será lavrado o acórdão a fim de que a questão seja submetida ao tribunal pleno, ou órgão especial. Como vimos, somente pela maioria absoluta de seus membros podem os tribunais declarar a inconstitucionalidade da norma. Exceção se faz à hipótese de já haver pronunciamento do plenário, do órgão especial ou do plenário do Supremo Tribunal Federal sobre a questão (art. 949, parágrafo único), caso em que não será necessário seguir o procedimento do artigo 949, inciso II. ([S}H� R� 67)� R� HQWHQGLPHQWR� GH� TXH� ³a decisão que enseja a interposição de recurso ordinário ou extraordinário não é a do plenário, que resolve o incidente de inconstitucionalidade, mas a do órgão (câmaras, grupos ou turmas) que completa o julgamento do feito�´��6~PXOD�Q�����67)�. DOS RECURSOS O recurso é o meio utilizado para reexaminar uma decisão judicial, no curso ou no desfecho do processo, que tenha causado prejuízo a uma das partes, a terceiros ou ao Ministério Público. É o remédio voluntário de uso endoprocessual e, por isso, não se confunde com os sucedâneos recursais ± mandado de segurança, reclamação. Ele se destina a provocar o reexame das decisões judiciais por um grau de jurisdição superior. Pretende-se, assim, evitar erros judiciários, ao submetê-las a uma nova análise. Com o recurso ocorre um prolongamento da relação processual, e não o surgimento de um novo processo. Ele constitui uma etapa do procedimento. Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 8 de 88 Lembrem-se que a identidade de processo não significa a identidade de autos, uma vez que o recurso pode desenvolver-se em autos próprios, como o agravo de instrumento. Ele, no entanto, continuará a ser parte do mesmo processo no qual a decisão impugnada foi proferida. A ausência de citação do recorrido demonstra que o recurso é um prolongamento da relação processual, ou seja, ele se desenvolverá no próprio corpo do processo. O que ocorre é uma intimação para que o recorrido apresente, livremente, as contrarrazões. O artigo 332 apresenta uma exceção à regra, por se tratar de hipótese de citação após interposição de recurso. Exceção: Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente da citação do réu, julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar: I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça; II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência; IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local. O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente o pedido se verificar, desde logo, a ocorrência de decadência ou de prescrição. Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado da sentença. Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-se em 5 dias. Se Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 9 de 88 houver retratação, o juiz determinará o prosseguimento do processo, com a citação do réu, e, se não houver retratação, determinará a citação do réu para apresentar contrarrazões, no prazo de 15 dias. ¾ ENUNCIADO DO FÓRUM PERMANENTE DE PROCESSUALISTAS CIVIS 293. (arts. 331, 332, § 3º, 1.010, § 3º) Se considerar intempestiva a apelação contra sentença que indefere a petição inicial ou julga liminarmente improcedente o pedido, não pode o juízo a quo (juiz do qual, de origem) retratar-se. (Grupo: Petição inicial, resposta do réu e saneamento) Seguindo... Dúvida: O que é exatamente Impugnação das decisões judiciais? Temos o gênero: meios de impugnação das decisões judiciais, do qual são espécies, o recurso e os sucedâneos recursais (lembrando que estes não se confundem com aqueles; tudo que não for recurso será considerado sucedâneo recursal ± análise comparativa residual). Todavia, o mecanismo recursal é, em muitos casos, excessivamente oneroso; sem contar que as partes podem submeter-se a um longo período de espera para receber a prestação jurisdicional. O recurso tem cinco características essenciais: voluntariedade; previsão legal expressa; utilização pelas partes, terceiros e MP; desenvolvimento no próprio processo; objetivo de reformar, anular, integrar ou esclarecer decisão judicial. Todavia, o mecanismo recursal é, em muitos casos, excessivamente oneroso; sem contar que as partes podem Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 10 de 88 submeter-se a um longo período de espera para receber a prestação jurisdicional. O artigo 994 do PC/2015 elenca os seguintes recursos: I - apelação; II - agravo de instrumento; III - agravo interno; IV - embargos de declaração; V - recurso ordinário;VI - recurso especial; VII - recurso extraordinário; VIII - agravo em recurso especial ou extraordinário; IX - embargos de divergência. Importante mencionar que os recursos não impedem a eficácia da decisão, salvo disposição legal ou decisão judicial em sentido diverso. Ou seja, a regra é da não ocorrência do efeito suspensivo. Contudo, a eficácia da decisão recorrida poderá ser suspensa por decisão do relator, se da imediata produção de seus efeitos houver risco de dano grave, de difícil ou impossível reparação, e ficar demonstrada a probabilidade de provimento do recurso. É cabível recurso do Amicus Curiae (Amigo da Corte)? Sim, mas somente em dois casos: para opor embargos de declaração e para questionar decisão que julgar o incidente de resolução de demandas repetitivas. A intervenção (do Amicus Curiae) de que trata o artigo 138 do CPC/2015 não implica alteração de competência nem autoriza a interposição de recursos, ressalvadas a oposição de embargos de declaração, bem Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 11 de 88 como poderá recorrer quando da decisão que julgar o incidente de resolução de demandas repetitivas. CLASSIFICAÇÃO DOS RECURSOS Vamos comentar as mais importantes classificações recursais. São as relativas a: objeto imediato do recurso, fundamentação recursal, abrangência da matéria impugnada e independência (também chamada de subordinação). OBJETO IMEDIATO DO RECURSO No objeto imediato, os recursos se dividem em ordinários e extraordinários. Os recursos que possuem como objeto imediato a proteção e a preservação da boa aplicação do direito são classificados como recursos extraordinários. Os recursos extraordinários têm como objetivo possibilitar, no caso concreto, uma melhor aplicação da lei federal e constitucional. Assim, a intenção é proteger o direito objetivo, entendendo-se que a preservação deste é de importância para toda a sociedade e não somente para o sucumbente. São três as espécies de recursos extraordinários: especial, extraordinário e embargos de divergência. Os recursos ordinários, por sua vez, visam a proteger o interesse particular da parte ± o direito subjetivo. No recurso ordinário também se obtém a preservação do direito objetivo, mas como uma mera consequência de seu provimento. Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 12 de 88 FUNDAMENTAÇÃO RECURSAL Todo recurso deve ser fundamentado, devendo o recorrente expor os motivos pelos quais ataca a decisão impugnada, justificando o pedido de esclarecimento, integração ou anulação. É a causa de pedir recursal. A fundamentação será dividida de acordo com a amplitude da matéria, podendo ser vinculada ou livre. Nos recursos de fundamentação vinculada, o recorrente terá que fundamentar o recurso baseando-se nas matérias previstas em lei ± o rol dessas matérias é exaustivo. Caso não siga o rol, ocorrer a inadmissibilidade do recurso por vício formal. No entanto, essa característica do recurso é uma excepcionalidade, podendo ocorrer, somente, em três tipos: nos recursos especiais, extraordinários e nos embargos de declaração. Na fundamentação livre, o recorrente tem liberdade para fundamentar sobre as matérias a serem alegadas no recurso, respeitando a limitação lógica e jurídica ± a matéria alegada será aquela aplicada ao caso sub judice. Além disso, deve-se obedecer aos limites objetivos da demanda e ao sistema de preclusões. Os embargos infringentes são exemplo de recurso de fundamentação livre. INDEPENDÊNCIA OU SUBORDINAÇÃO O recurso independente é oferecido pelo sujeito, no prazo recursal, sem levar em consideração a reação da parte contrária em relação à decisão impugnada. Está condicionado, tão somente, ao preenchimento de seus pressupostos de admissibilidade para obtenção da decisão de mérito. Por sua vez, o recurso subordinado é aquele apresentado no prazo das contrarrazões de recurso feito pela outra parte, sendo motivado não pela vontade inicial de impugnar a decisão, mas como resposta ao recurso Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 13 de 88 RIHUHFLGR� SHOD� SDUWH� FRQWUiULD�� 3RUWDQWR�� VHULD� D� VLWXDomR� HP� TXH� D� SDUWH� ³$´� QmR�UHFRUUH�GD�GHFLVmR�WHPSHVWLYDPHQWH��PDV�QmR�TXHU�GHL[DU�TXH�D�SDUWH�³%´� reclame sozinha, fazendo uso do meio adesivo para discordar do recurso interposto pela outra parte. É forma principiológica de ampliação da defesa. O recurso subordinado condiciona, ao contrário do independente, ao conhecimento do recurso principal e ao preenchimento de seus pressupostos de admissibilidade, para que seja obtida a decisão de mérito. Os doutrinadores e a lei chamam o recurso independente de recurso principal e o recurso subordinado de recurso adesivo, uma vez que colado ao principal. O recurso adesivo não é uma espécie recursal, mas sim um recurso interposto de forma diferenciada, é o modo que se utiliza. Se o principal for extinto, o adesivo também se extingue. Art. 997. Cada parte interporá o recurso independentemente, no prazo e com observância das exigências legais. § 1o Sendo vencidos autor e réu, ao recurso interposto por qualquer deles poderá aderir o outro. § 2o O recurso adesivo fica subordinado ao recurso independente, sendo-lhe aplicáveis as mesmas regras deste quanto aos requisitos de admissibilidade e julgamento no tribunal, salvo disposição legal diversa, observado, ainda, o seguinte: I - será dirigido ao órgão perante o qual o recurso independente fora interposto, no prazo de que a parte dispõe para responder; II - será admissível na apelação, no recurso extraordinário e no recurso especial; Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 14 de 88 III - não será conhecido, se houver desistência do recurso principal ou se for ele considerado inadmissível. Ao recurso adesivo se aplicam as mesmas regras do recurso independente, quanto às condições de admissibilidade, preparo e julgamento no tribunal superior. Com a ressalva que fizemos antes, sendo inadmitido o principal o adesivo também não será admitido, porque é dependente do primeiro. No que concerne ao recurso adesivo, assinale a opção correta. a) O julgamento de mérito do recurso principal não interfere na admissibilidade do recurso adesivo, embora a análise da admissibilidade o faça. b) Ocorre recurso adesivo cruzado quando uma das partes interpõe, simultaneamente, recurso extraordinário e recurso especial na forma adesiva. c) Se o recurso principal for interposto por terceiro prejudicado, não é possível à parte sucumbente interpor recurso adesivo a este. d) A parte que já apresentou recurso principal contra um dos capítulos desfavoráveis da sentença pode utilizar recurso adesivo contra os demais capítulos se a parte contrária também interpuser recurso principal. e) A parte deve interpor recurso adesivo no prazo previsto para contrarrazões e no mesmo momento da apresentação destas. COMENTÁRIOS: Essa questão foi anulada, mas a justificativa para a anulação é relevante a nosso estudo [adaptada]: +i� PDLV� GH� XPD� RSomR� FRUUHWD�� $� RSomR�³D´� HVWi� FRUUHWD� SRUTXH� p� pacífico o entendimento de que o julgamento do mérito do recurso principal não Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 15 de 88 interfere na admissibilidade do recurso adesivo, uma vez que para que o mérito do recurso principal seja enfrentando, necessariamente, ele foi conhecido. Em seguida, decide-se sobre o provimento ou não do recurso. Logo, o mérito do recurso principal não interfere na admissão do recurso adesivo. O mérito do recurso principal pode interferir no mérito do recurso adesivo, mas não na sua admissibilidade. Conclusão distinta se tem com a admissibilidade do recurso principal em relação à admissibilidade do recurso adesivo. Desse modo, a segunda parte da OHWUD� ³D´� WDPEpP� HVWi� FRUUHWD�� a análise da admissibilidade do recurso principal interfere na admissibilidade do recurso adesivo. A motivação e a fundamentação para tal fato está sedimentada no inciso III do art. 997 do CPC/2015 TXH�DVVLP�GLVS}H�� ³III - não será conhecido [o recurso adesivo], se houver desistência do recurso principal ou se for ele [o recurso principal] considerado inadmissível. Assim, não restam dúvidas de que, ex vi legis, se o recurso principal for inadmissível o recurso adesivo não será admitido ante a dependência do adesivo ao recurso principal ou aderido, como YHP�GHFLGLQGR�UHLWHUDGDPHQWH�RV�QRVVRV�WULEXQDLV´� O gabarito preliminar considerou a OHWUD� ³F´�� FRPR� ~QLFD� RSomR� correta. Mas, com o novo entendimento da banca, passou-se a considerar a OHWUD�³D´�WDPEpP correta. REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE Requisitos extrínsecos Vinculados ao recurso: tempestividade; preparo; regularidade formal; adequação. Requisitos intrínsecos Alusivos ao recorrente: legitimidade; interesse. Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 16 de 88 OBSERVAÇÕES IMPORTANTES A RESPEITO DOS REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE DOS RECURSOS 1 ± Tempestividade: os prazos de interposição gerais estão no artigo 1.003 do CPC. Art. 1.003. O prazo para interposição de recurso conta-se da data em que os advogados, a sociedade de advogados, a Advocacia Pública, a Defensoria Pública ou o Ministério Público são intimados da decisão. § 1o Os sujeitos previstos no caput considerar-se-ão intimados em audiência quando nesta for proferida a decisão. § 2o Aplica-se o disposto no art. 231, incisos I a VI, ao prazo de interposição de recurso pelo réu contra decisão proferida anteriormente à citação. § 3o No prazo para interposição de recurso, a petição será protocolada em cartório ou conforme as normas de organização judiciária, ressalvado o disposto em regra especial. § 4o Para aferição da tempestividade do recurso remetido pelo correio, será considerada como data de interposição a data de postagem. § 5o Excetuados os embargos de declaração, o prazo para interpor os recursos e para responder-lhes é de 15 (quinze) dias. § 6o O recorrente comprovará a ocorrência de feriado local no ato de interposição do recurso. As normas específicas para ampliação ou redução dos prazos são disciplinadas em legislações esparsas e no próprio CPC. Em relação à ampliação de prazo, enfatiza-se a importância da leitura dos artigos 180, 183 e 186 do CPC/2015, que dispõem terem o Ministério Público, a Fazenda Pública e Defensoria Pública prazo em dobro para interposição de qualquer espécie recursal. 2 ± Preparo: as custas são indispensáveis para o reconhecimento do recurso, sendo exigido o seu recolhimento no ato da interposição ± art. 1.007, CPC/2015. Entretanto, são dispensados de preparo, inclusive porte de remessa Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 17 de 88 e de retorno, os recursos interpostos pelo Ministério Público, pela União, pelo Distrito Federal, pelos Estados, pelos Municípios, e respectivas autarquias, e pelos que gozam de isenção legal. A insuficiência no valor do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, implicará deserção se o recorrente, intimado na pessoa de seu advogado, não vier a supri-lo no prazo de 5 (cinco) dias. É dispensado o recolhimento do porte de remessa e de retorno no processo em autos eletrônicos. O recolhimento das custas não exigido quando o recurso for interposto pelo Ministério Público, Fazenda Pública, Defensoria ou pobre na forma da lei. São hipóteses classificadas como isenções subjetivas, em que a regra de isenção determina-se pela pessoa e não pelo tipo de recurso. 3 ± Regularidade formal: em regra, a interposição dos recursos ocorre por meio da petição, salvo quando a lei expressamente admitir a forma oral, a exemplo do disposto no art. 937. EFEITOS Efeito suspensivo: determinada a suspensão, enquanto o recurso estiver em julgamento, a decisão impugnada não causa efeitos. A doutrina também menciona os seguintes efeitos: o obstativo, o translativo, o expansivo, o substitutivo, o regressivo, o diferido. ESQUEMATIZADOS: DEMAIS EFEITOS DOS RECURSOS Obstativo Guarda relação com a preclusão temporal e sua relação com a interposição do recurso. ³'XUDQWH�R� WUkPLWH� UHFXUVDO�QmR�p�SRVVtYHO� IDODU�HP�SUHFOXVmR�GD�GHFLVmR� impugnada, afastando-se no caso concreto durante esse lapso temporal o trânsito HP�MXOJDGR�H�HYHQWXDOPHQWH�D�FRLVD�MXOJDGD�PDWHULDO�´��1HYHV��������SiJ. 578) Devido ao efeito obstativo, enquanto pendente recurso de julgamento, não é admitida uma execução definitiva, uma vez que inexiste o trânsito em julgado Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 18 de 88 necessário. Translativo É a possibilidade de o tribunal conhecer matérias de ordem pública de ofício no julgamento do recurso. Expansivo Divide-se em dois tipos de efeitos expansivos: Efeito expansivo objetivo: o efeito será gerado sempre que o julgamento do recurso ensejar decisão mais abrangente do que a matéria impugnada. Esse efeito poderá ser interno: quando a matéria a ser atingida pelo julgamento do recurso está localizada dentro da decisão impugnada; ou externo: quando a matéria encontra-se fora da decisão impugnada. Efeito expansivo subjetivo: ocorre quando a decisão atingir sujeitos que não participam como partes do recurso, apesar de serem partes na demanda. Substitutivo Determina que o julgamento do recurso substituirá a decisão recorrida. Devemos interpretar da seguinte maneira: a substituição da decisão recorrida pelo julgamento do recurso ocorrerá, somente, na hipótese de julgamento do mérito recursal, e a depender do resultado do julgamento. Recebido ou conhecido o recurso, não haverá o efeito substitutivo, pois o julgamento do recurso não se coloca no lugar da decisão recorrida que se matém íntegra para todos os fins jurídicos. Caso o recurso seja conhecido e julgado em seu mérito, caberá a análise do resultado para aferir a existência ou não do efeito substitutivo. Quando a causa de pedir do recurso for fundada em error in judicando e o pedido em reforma da decisão, qualquer que seja a decisão de mérito do recurso substituirá a decisão recorrida. ³$�FDXVD�GH�SHGLU�FRPSRVWD�SRU�error in procedendo e sendo o pedido deanulação de decisão, o efeito substitutivo somente será gerado na hipótese de não provimento, porque o provimento do recurso, ao anular a decisão impugnada, naturalmente não a substitui, tanto assim que a nova decisão deverá ser proferida HP�VHX�OXJDU�´��7KHRGRUR�-U�������D� Regressivo Esse efeito permite que, por via do recurso, a causa volte ao conhecimento do juízo prolator da decisão. Devemos lembrar que isso ocorre não pelo fato de o juízo ser o competente para julgar o recurso, mas sim em razão de expressa previsão legal que lhe permite rever sua própria decisão. Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 19 de 88 Diferido Ocorre quando o conhecimento do recurso depende de recurso a ser interposto contra outra ou a mesma decisão. Exemplos: no primeiro caso: recurso de agravo retido. Esse recurso depende do conhecimento da apelação para que possa ser julgado em seu mérito. No segundo caso: recurso especial e extraordinário contra o mesmo acórdão, sempre que a análise do recurso extraordinário dependa do conhecimento e julgamento do recurso especial. PRINCÍPIOS RECURSAIS DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO É um princípio recursal que consiste no reexame da decisão da causa, ou seja, é a possibilidade de revisão da solução da causa. A diferença hierárquica entre os órgãos jurisdicionais que, respectivamente, profere a primeira decisão e que reexamina para que ocorra o duplo grau de jurisdição é imprescindível. AS VANTAGENS E DESVANTAGENS EM RELAÇÃO AO PRINCÍPIO DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO Vantagens Desvantagens O ser humano, não satisfeito com a decisão, poderá ter uma segunda opinião acerca do caso. Prejudicar a ideia de jurisdição uma, uma vez que se pode obter uma decisão contrária à primeira proferida. O magistrado está sujeito ao erro, assim é necessário manter um mecanismo de revisão das decisões. Afasta o princípio da oralidade, pois o duplo grau de jurisdição, em regra, é interposto por meio da apelação, que exige a forma escrita. Evitar a arbitrariedade do magistrado. Prejudica a identidade física do magistrado, uma vez que o juiz que produziu a prova oral não será mais quem irá prolatar a sentença. Decisão proferida por órgão colegiado pressupõe melhor qualidade na prestação da jurisdição, pois os magistrados são mais Prejudica a celeridade processual, já que, havendo recurso, a prestação jurisdicional se torna, por óbvio, mais lenta. Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 20 de 88 experientes. REMESSA NECESSÁRIA Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal, a sentença: I - proferida contra a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e fundações de direito público; II - que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução fiscal. Não interposta a apelação no prazo legal, o juiz ordenará a remessa dos autos ao tribunal, e, se não o fizer, o presidente do respectivo tribunal irá avocá-los (tomar para si a condução do processo). Em seguida, o tribunal julgará a remessa necessária. Contudo, esse procedimento não se aplica quando a condenação ou o proveito econômico obtido na causa for de valor certo e líquido inferior a: I - 1.000 (mil) salários-mínimos para a União e as respectivas autarquias e fundações de direito público. II - 500 (quinhentos) salários-mínimos para os Estados, o Distrito Federal, as respectivas autarquias e fundações de direito público e os Municípios que constituam capitais dos Estados; III - 100 (cem) salários-mínimos para todos os demais Municípios e respectivas autarquias e fundações de direito público. Também não se aplica o procedimento da remessa necessária dos autos quando a sentença estiver fundada em: I - súmula de tribunal superior; Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 21 de 88 II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência; IV - entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no âmbito administrativo do próprio ente público, consolidada em manifestação, parecer ou súmula administrativa. TAXATIVIDADE (LEGALIDADE) Somente poderá ser reconhecido como recurso o instrumento de impugnação que estiver expressamente previsto em Lei Federal. Essa conclusão se dá pela interpretação ao inciso I do art. 22 da CF, que atribuiu à União a competência exclusiva para legislar sobre o processo. Dessa forma, entende-se que o recurso é uma maneira de legislar sobre o processo e, por isso, deve ser tratado por Lei Federal. Lembramos que não há necessidade de todo e qualquer assunto sobre recurso estar previsto no Código de Processo Civil. Existem, por exemplo, as leis extravagantes que também criam recursos, como o art. 34, Lei de Execuções Fiscais. Assim, o princípio da taxatividade impede, em tese, que as partes, a doutrina, as leis estaduais e municipais e os regimentos internos dos tribunais criem recursos não previstos no ordenamento jurídico processual. SINGULARIDADE (UNICIDADE) Esse princípio admite como forma (meio) de impugnação de decisão judicial somente uma espécie recursal. Contra a mesma decisão admite-se a Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 22 de 88 existência concomitante de mais de um recurso, bastando ter a mesma natureza jurídica, fenômeno. É uma prática bastante recorrente quando há no caso concreto sucumbência recíproca ou litisconsórcio. VOLUNTARIEDADE 2�SULQFtSLR�GD�YROXQWDULHGDGH� ³condiciona a existência de um recurso exclusivamente à vontade da parte, que demonstra a vontade de recorrer com o ato de interposição do recurso´��$VVLP��QDGD�DGLDQWDUi�DR�VXMHLWR�H[SRU�VXD� pretensão de recorrer se, no prazo legal, não interpuser o recurso cabível. (Neves, 2011, pág. 299) Exemplo: na audiência, a parte avisa que pretende agravar de instrumento no prazo de 10 dias. Caso não venha a recorrer dentro desse prazo, a expressão de sua vontade de recorrer posteriormente de nada terá adiantado. Conclui-se que a única maneira de a parte demonstrar sua vontade de recorrer é por meio da interposição do recurso. No entanto, essa não é a única forma de a parte expressar seu desejo de não recorrer. Além da não interposição do recurso, a parte também poderá demonstrar sua vontade de não recorrer por meio da prática de um ato que demonstre concordância com a decisão proferida ou por meio da renúncia ao direito de recorrer. Em decorrência desse princípio não é admitido que o juiz, em qualquer caso, interponha recurso de ofício. DIALETICIDADE Para entendermos o princípio da dialeticidade, devemos lembrar que o recurso é composto por dois elementos: o volitivo, característica da Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.brPágina 23 de 88 voluntariedade de que falamos, ± referente à vontade da parte em recorrer; e o descritivo ± consubstanciado nos fundamentos e pedido constantes do recurso. Este princípio (da dialeticidade) refere-se ao segundo elemento, o descritivo, porque exige que o recorrente exponha a fundamentação recursal (causa de pedir) e o pedido, que poderá ser pela anulação, reforma, esclarecimento ou integração da decisão judicial que deu origem ao recurso. Trata-se, portanto, do princípio que promove o conhecimento dos motivos do recurso, para que seja dada a oportunidade de efetiva defesa àquele em face de quem se recorre. Essa necessidade é amparada em duas motivações, a saber: permitir ao recorrido a elaboração das contrarrazões e fixar os limites de atuação do tribunal no julgamento do recurso. (TJ PI/Adaptada) Intimado da interposição de apelação pela parte contrária, o réu apresentou contrarrazões no décimo dia e, no décimo quarto, apresentou petição na qual declarou intenção de apelar de forma adesiva, mencionando que juntaria as razões em momento adequado. Considerando a situação hipotética acima, assinale a opção correta. a) Houve interposição intempestiva da apelação na forma adesiva, pois as contrarrazões já haviam sido apresentadas. b) A apelação na forma adesiva só poderá ser conhecida se as razões forem juntadas até o décimo quinto dia da intimação para contrarrazões. Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 24 de 88 c) Não será possível conhecer da apelação na forma adesiva, por ter ocorrido preclusão consumativa e afronta à dialeticidade. d) Como o prazo para apresentação de recurso na forma adesiva é de dez dias, a apelação, no caso, foi intempestiva. e) A interposição da apelação na forma adesiva está de acordo com a legislação, sendo as razões necessárias apenas se for positivo o juízo de admissibilidade da principal. COMENTÁRIOS: Ao recurso adesivo se aplicam as mesmas regras do recurso independente, quanto às condições de admissibilidade, preparo e julgamento no tribunal superior. Com a ressalva de que, sendo inadmitido o principal, o adesivo também não será admitido, porque é dependente do primeiro. $� OHWUD� ³F´� p� D� UHVSRVWD� j� TXHVWmR� SRUTXH� IHULULD� R� SULQFtSLR� GD� dialeticidade ao viabilizar ao recorrido uma condição de manifestar-se mais vantajosa em relação ao recorrente (em dois momentos do processo), além de que, sendo apresentadas as contrarrazões, ocorreria a preclusão consumativa, com fundamento no artigo 507 do novo CPC, o que impossibilitaria o posterior recurso adesivo. Art. 507. É vedado à parte discutir no curso do processo as questões já decididas a cujo respeito se operou a preclusão. Gabarito: C FUNGIBILIDADE Fungível, juridicamente, refere-se a tudo que possa ser substituído, trocado. Assim, este princípio explica que um recurso, mesmo sendo incabível para questionar determinado tipo de decisão, pode ser validado, desde que exista dúvida, na doutrina ou na jurisprudência, quanto ao recurso viável a ser interposto naquela ocasião. Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 25 de 88 O Código de Processo Civil de 1939, em seu artigo 810 previa o princípio da fungibilidade; contudo, o CPC/1973, bem como o CPC/2015 não o preveem de forma explícita. Pode-se entender que o princípio da fungibilidade está implícito no art. 277 do CPC/2015: quando a lei prescrever determinada forma, o juiz considerará válido o ato se, realizado de outro modo, lhe alcançar a finalidade. O princípio da fungibilidade visa à flexibilização do formalismo processual. Está intimamente ligado ao princípio da instrumentalidade das formas e ao princípio da economia processual. O cuidado excessivo com a forma não pode ser motivo de restrição do acesso à justiça, sob risco de tornar ineficiente a prestação jurisdicional. Modernamente, o maior objetivo do processo deixou de ser a decisão sobre quem tem razão no mérito, ao formar-se a coisa julgada material, para prestigiar-se a efetiva prestação jurisdicional. Mais importante do que dizer quem tem razão na lide é oferecer a tutela jurisdicional de modo tempestivo e adequado ao direito material. Desse modo, a questão da fungibilidade está em possibilitar o resultado prático, ainda que o meio processual adotado não seja o mais adequado. Para a aplicação do princípio da fungibilidade, há um único requisito: a existência da dúvida objetiva, que envolve a boa-fé da parte e exclui o erro grosseiro. Em outras palavras, a dúvida objetiva deve ser vista como requisito único que substituiu os requisitos da ausência de má-fé e de erro grosseiro. A dúvida objetiva pode ser entendida como aquela que ocorre quando há divergência na doutrina ou na jurisprudência sobre determinado tema jurídico, ou quando se conclui pela ausência de elementos a respeito de qual instrumento processual utilizar. Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 26 de 88 PROIBIÇÃO DA REFORMATIO IN PEJUS O princípio da proibição da reformatio in pejus consiste na vedação imposta pelo sistema recursal brasileiro da reforma da decisão recorrida em prejuízo do recorrente e em benefício do recorrido, fundada no fato de que o órgão jurisdicional somente age quando provocado e nos exatos termos do pedido (conforme arts. 2, 141 e 492 do CPC/2015). Art. 2º O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei. Art. 141. O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes, sendo-lhe vedado conhecer de questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige iniciativa da parte. Art. 492. É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem como condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado. Parágrafo único. A decisão deve ser certa, ainda que resolva relação jurídica condicional. Na hipótese em que a decisão é favorável em parte a um e a outro dos litigantes, poderão ambos interpor recursos; assim, não se fala em reformatio in pejus, porque o tribunal poderá dar provimento ao recurso do autor ou do réu ou negar provimento aos dois, nos limites dos recursos interpostos. A reformatio in pejus seria a pior das hipóteses para o recorrente, porque alteraria a decisão para pior, de modo que o recorrente, ao ingressar na esfera recursal porque não concordou com algo, teria sua situação alterada para mais grave. Contudo, por óbvio, o recorrente, ao ingressar na esfera recursal, por existir na decisão um elemento desfavorável, requer que seja modificado Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 27 de 88 somente esse elemento e não o que lhe é favorável. Vejamos, sobre a apelação, o que dispõe o art. 1.013, caput�� GR� &3&������� ³A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada´� Exceções ao princípio em estudo são aplicadas aos requisitos da admissibilidade dos recursos (art. 337 do CPC/2015), salvo o conhecimento de convenção de arbitragem. Além disso, não se operando a preclusão, o juiz deve aplicaro disposto nos arts. 485, §3o, e 337, § 5o, do CPC/2015, não se podendo falar na proibição da reformatio in pejus ± são questões que podem ser conhecidas a qualquer tempo, independentemente de manifestação das partes. Convém ressaltar que, igualmente, não se admite a reformatio in melius, não podendo o órgão ad quem melhorar a situação do recorrente além do que foi pedido. COMPLEMENTARIDADE As razões recursais devem ser apresentadas no ato da interposição do recurso. Não se admite que o recurso seja interposto em outro momento procedimental e que as razões sejam apresentadas posteriormente. No entanto, pelo princípio da complementaridade, sempre que for criada uma nova sucumbência decorrente do julgamento dos embargos de declaração interpostos pela parte contrária, a parte recorrente poderá complementar as razões de recurso já interpostas. Essa complementação será limitada à nova sucumbência. Isso ocorre para evitar que, sendo parcial o recurso já interposto, o recorrente não se aproveite do princípio da complementaridade para impugnar parcela da decisão que deveria ter sido impugnada originariamente. Esse princípio tem como fundamento a preclusão consumativa. Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 28 de 88 CONSUMAÇÃO Esse princípio, assim como o princípio da complementaridade, tem como fundamento a preclusão consumativa que pode ser verificada no ato de interposição do recurso. O princípio da consumação proíbe que, interposto um recurso, este seja substituído por outro interposto posteriormente, ainda que no prazo recursal. EFEITOS PROCESSUAIS DOS RECURSOS SUSPENSIVO Regra geral, a apelação tem efeito suspensivo. Manteve-se essa disposição no texto final do CPC/2015, depois da proposta veiculada no projeto inicial para não se aplicar o efeito suspensivo como regra para a apelação. Contudo, além de outras hipóteses previstas em lei, começa a produzir efeitos imediatamente após a sua publicação a sentença que: I - homologa divisão ou demarcação de terras; II - condena a pagar alimentos; III - extingue sem resolução do mérito ou julga improcedentes os embargos do executado; IV - julga procedente o pedido de instituição de arbitragem; V - confirma, concede ou revoga tutela provisória; VI - decreta a interdição. Nesses casos, em que a sentença começa a produzir efeitos de imediato, o apelado poderá promover o pedido de cumprimento provisório depois de publicada a sentença. Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 29 de 88 Inversamente aos casos em que o feito suspensivo é a regra, nas situações em que a sentença pode produzir efeitos de imediato, poderá, todavia, ser concedido o efeito suspensivo mediante pedido formulado por requerimento dirigido ao: I - tribunal, no período compreendido entre a interposição da apelação e sua distribuição, ficando o relator designado para seu exame prevento para julgá-la; II - relator, se já distribuída a apelação. A eficácia da sentença poderá ser suspensa pelo relator se o apelante demonstrar a probabilidade de provimento do recurso ou se, sendo relevante a fundamentação, houver risco de dano grave ou de difícil reparação. DEVOLUTIVO Os recursos, em geral, têm efeito devolutivo. O artigo 1.013 do CPC/2015 atribui dimensões à devolutividade da apelação, dispõe sobre a extensão da matéria impugnada e a profundidade, ou seja, menciona a possibilidade de reexame, pelo tribunal, dos fundamentos suscitados pelos sujeitos processuais; ainda que, solicitados, não tenham sido analisados em primeira instância. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada, que, porém, não analisará somente o objeto da impugnação, mas apreciará todas as questões suscitadas e discutidas no processo, ainda que não tenham sido solucionadas, desde que relativas ao capítulo impugnado. Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 30 de 88 Ademais, como já se pontuou, havendo o pedido ou a defesa mais de um fundamento e o juiz acolher apenas um deles, a apelação devolverá ao tribunal o conhecimento dos demais. Nos casos em que o julgamento verse sobre questões unicamente de direito, sem que os fatos venham a influir no julgamento, o efeito devolutivo permitirá que o tribunal julgue a lide de imediato, desde que a decisão recorrida não tenha analisado o mérito. O efeito devolutivo pode suscitar situações de difícil solução, relacionadas ao interesse recursal. Exemplo: Beto ajuíza demanda em face de Bruno, postulando determinada quantia. Beto solicita provas testemunhais, por entender que sejam imprescindíveis. O magistrado, no entanto, as considera desnecessárias, julgando antecipadamente o mérito em favor de Beto. Como a sentença foi favorável a Beto, e a decisão de indeferir a ouvida de testemunhas foi dada na sentença, formando com ela um todo inseparável, Beto não tem interesse em apelar. Contudo, poderá Bruno apelar e o tribunal entender ser necessária a ouvida para provar o alegado pelo autor [Beto], e que, sem ela, o recurso terá de ser provido. Seria injusto não dar a Beto a oportunidade de produzir a prova que ele requereu, e não pôde produzir. Nesses casos, o tribunal deve anular a sentença para determinar a produção de provas requeridas pelo autor. Dúvida: Por que o tribunal viria a declarar a nulidade da sentença? Nessa hipótese, em que o Tribunal entende ser necessária a produção de provas, já que os fatos narrados e documentos apresentados contemplam o recurso do réu, tem-se claro cerceamento de defesa do autor, em virtude do Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 31 de 88 julgamento antecipado. Obviamente, não haveria cerceamento de defesa se o Tribunal continuasse a considerar a causa favorável ao autor, porque as demais provas já seriam tidas por suficientes para admitir a versão do Beto. Assim, o processo volta ao juiz de primeiro grau para que proceda à produção de provas e repita a sentença. Não serão retomados os atos iniciais, já que o processo estará preservado até o momento de produção de provas. REGRESSIVO Consiste no efeito em que o próprio juiz prolator da decisão impugnada a reconsidera. Há autores que interpretam como efeito autônomo do próprio princípio devolutivo. Houve ampliação do juízo de retratação em relação ao Código de 1973. Antes somente era possível nas sentenças liminares (sem a citação do réu), no CPC/2015, passou-se a admitir a retratação em todas as sentenças terminativas (sem resolução do mérito). Em qualquer das situações de julgamento do processo sem resolução do mérito, uma vez que seja interposta a apelação, o juiz terá 5 (cinco) dias para retratar-se (art. 485, § 7º). Tanto quando decidir pelo indeferimento da inicial quanto pelo indeferimento liminar do pedido, o juízo de retratação também será possível, a saber: Indeferimento da Petição Inicial Art. 331. Indeferida a petição inicial, o autor poderá apelar, facultado ao juiz, no prazo de 5 (cinco) dias, retratar-se. [...] Direito Processual Civil Teoria e Exercícioscomentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 32 de 88 Julgamento Liminar do Pedido Art. 332. § 3o Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-se em 5 (cinco) dias. § 4o Se houver retratação, o juiz determinará o prosseguimento do processo, com a citação do réu, e, se não houver retratação, determinará a citação do réu para apresentar contrarrazões, no prazo de 15 (quinze) dias. TRANSLATIVO O efeito translativo é, em regra, próprio a todos os recursos. Ele está presente inclusive na apelação, permitindo ao tribunal apreciar de ofício as matérias de ordem pública, ainda que não suscitadas no recurso. Portanto, admite-se por este efeito, que o órgão destinatário do recurso extrapole o pedido de nova decisão em casos que o sistema processual autorize a análise fora das razões ou contrarrazões solicitada pelas partes, sob a justificativa de tratar-se de matérias de ordem pública. Assim, em se tratando do efeito translativo não há que se falar em julgamento extra, ultra ou citra petita. EXPANSIVO Confere, também, a possibilidade de o julgamento do recurso ultrapassar os limites da matéria impugnada. O efeito expansivo pode ser subjetivo ou objetivo. a) Subjetivo: somente um dos litisconsortes propõe o recurso, mas os demais acabam dele se beneficiando. No litisconsórcio unitário, Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 33 de 88 como a sentença se estende a todos, o recurso tem de ser acolhido em beneficio de todos. No simples, o recurso é acolhido em beneficio daquele que o apresentou. Porém, poderá estender-se aos demais, ou seja, ter efeito expansivo, quando a matéria alegada por um for comum aos demais. b) Objetivo: recorre-se apenas de uma parte da decisão, mas o julgamento se expande para a outra parte, com ela vinculada. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO Os embargos de declaração são uma das espécies de recurso elencadas no art. 994 do CPC/2015, utilizados para impugnação de decisão judicial, mas se distinguem dos demais recursos em razão de sua finalidade. Enquanto os recursos, em geral, submetem uma decisão a nova apreciação do Poder Judiciário com o fim de modificá-la, os embargos de declaração têm como finalidade completar a decisão, remediando vícios de obscuridade, contradição ou omissão. Por isso, eles são apreciados pelo próprio órgão que prolatou a decisão. CABIMENTO Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para: 1 - esclarecer obscuridade ou eliminar contradição; 2 - suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento; Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 34 de 88 3 - corrigir erro material. Considera-se omissa a decisão que: I - deixe de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em incidente de assunção de competência aplicável ao caso sob julgamento; II - incorra em qualquer das condutas descritas abaixo: I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida; II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso; III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão; IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador; V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos; VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento. PRAZOS O prazo para sua interposição, importante registrar, é de 5 (cinco) dias após a intimação da sentença ou acórdão. A interposição de embargos de declaração interrompe (na interrupção, a contagem do prazo é reiniciada) para todos os sujeitos processuais o prazo para a apresentação dos demais recursos, salvo a hipótese de intempestividade (de estar fora do prazo). A forma de interposição é: petição escrita; exceto nos Juizados Especiais, em que, além da forma escrita, cabe também a sustentação oral na audiência em que se proferiu a sentença. Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 35 de 88 É importante lembrar que os embargos de declaração, no âmbito dos Juizados Especiais, acarretam a simples suspensão do prazo para a interposição do recurso inominado (recurso que equivale à apelação, só que no âmbito do Juizado Especial). Quando apresentado o recurso principal, será descontado o prazo utilizado no embargo de declaração, espécie intermediária. CARACTERÍSTICAS São características dos embargos de declaração: a natureza jurídica de recurso; sujeitos à teoria geral dos recursos e aos requisitos de admissibilidade; espécies: embargos de declaração com efeitos modificativos e com efeitos infringentes. Outro ponto que merece ser mencionado diz respeito ao uso do expediente recursal para protelar o andamento processual: os recursos considerados protelatórios. Caso se verifique essa intenção, o magistrado deverá aplicar multa contra o recorrente. A multa será fixada em 1% do valor atribuído à causa, podendo, nos casos de reiteração, chegar até 10% do valor da causa. A multa deve ser, igualmente, aplicada para os sujeitos que estão isentos do recolhimento das custas processuais ± Ministério Público, Fazenda Pública e aos pobres na forma da lei. ADMISSIBILIDADE Os embargos de declaração deverão passar por juízo de admissibilidade prévio para verificar se foram preenchidos ou não seus requisitos de admissibilidade, para conferência de sua adequação ao caso em que fora utilizado. Poderão opor embargos de declaração qualquer das partes, os intervenientes, o MP, parte ou fiscal da lei e eventuais terceiros prejudicados. O Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 36 de 88 advogado também poderá opor em seu próprio nome, para sanar vício de obscuridade, contradição ou omissão que diga respeito a seus honorários. Eles deverão ser opostos no prazo de 5 dias, a contar da data em que as partes são intimadas da decisão. Quando interposto, interrompe o prazo para apresentação de outros recursos. O Juizado Especial, como visto em linhas anteriores, constitui exceção a essa regra, pois neles os embargos de declaração terão eficácia suspensiva sobre os demais prazos recursais ± art. 50 da Lei nº 9.099/95. Os embargos de declaração não recolhem preparo. Assim, se não preenchidos os requisitos de admissibilidade, não serão conhecidos, e, se preenchidos, o julgador dará ou não provimento. FUNDAMENTOS DOS EMBARGOS Os embargos de declaração têm como fundamentos a declaração de existência de obscuridade, contradição ou omissão na decisão (art. 1.022 do CPC/2015). O embargo é cabível contra vício presentena decisão, porém não há obrigatoriedade de qualificação precisa do vício; assim, os fundamentos que comportam a previsão de embargos são: a) Obscuridade: é quando o ato não é claro, impedindo o destinatário de entender o teor ou alcance da decisão. Logo, sempre que a decisão for ambígua, contiver vícios de linguagem, expressões erradas ou outros problemas que impeçam a compreensão, caberá embargo. b) Contradição: ocorre quando a decisão não é coerente. Ela é conflitante em si mesma, apresentando afirmações que se rechaçam ou se anulam. Frise-se que a decisão que se contradiz é também obscura. Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 37 de 88 A contradição pode ocorrer, nos acórdãos ou sentenças, entre duas ou mais partes da fundamentação, entre a fundamentação e o dispositivo ou entre duas ou mais partes do dispositivo. E no caso dos acórdãos ela pode ocorrer entre a ementa e o conteúdo. c) Omissão: ocorre quando o juiz deixa de emitir suas considerações sobre algo relevante para o processo. Isso não quer dizer que o juiz deva apreciar todas as questões suscitadas pelas partes em cada pequeno detalhe, mas somente aquelas que forem relevantes para o julgamento. Nesse sentido: ³Não há omissão na decisão judicial se o fundamento nela acolhido prejudica a questão da qual não tratou´��57-������������'HVVH�PRGR��VH�XPD� decisão não trata, de maneira expressa, de tema relevante suscitado, mas seu entendimento leva ao entendimento de que ele foi admitido ou inadmitido, completo está o conteúdo da decisão, não se devendo falar em omissão. A omissão da sentença, quando não suprida pelos embargos, poderá ensejar nulidade, e caberá à parte que não embargou apelar para anulá-la. Porém, se todos os elementos constarem nos autos, o tribunal poderá apreciar o que tiver sido omitido pela instância inferior, sem que seja anulado o julgado (CPC/2015, art. 1.013,§ 3°). EMBARGOS DE DECLARAÇÃO COM EFEITO INFRINGENTE Infringente vem do verbo infringir [que significa: postergar, quebrantar, transgredir, violar (leis, ordens, tratados) ± dicionário Michaelis]. Ao acolher um embargo, pode acontecer, excepcionalmente, de o juiz modificar a decisão ou o resultado do julgamento; assim, o art. 494, II, do CPC/2015 admite que publicada a sentença, o juiz possa alterá-la via embargos de declaração. Essa possibilidade foi contemplada porque sanar o Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 38 de 88 vício da decisão, relativo a omissão, contradição ou obscuridade, pode levar a sua alteração. Em regra, para que os embargos tenham eficácia modificativa, é necessário que a sentença tenha sido omissa ou obscura, nesse sentido a seguinte decisão: ³Embargos declaratórios não podem conduzir a novo julgamento, com reapreciação do que ficou decidido. Não há óbice, entretanto, a que o suprimento de omissão leve a modificar-se a conclusão do julgado´� (RSTJ, 103:187). Contudo, em situações nas quais a decisão tem revelado erro material ou erro de fato verificável de plano, têm-se também admitido a oposição dos HPEDUJRV�FRP�ILQDOLGDGH�LQIULQJHQWH��1HVVH�VHQWLGR��³Doutrina e jurisprudência têm admitido o uso de embargos declaratórios com efeitos infringentes do julgado, mas apenas em caráter excepcional, quando manifesto equívoco e não existindo no sistema legal outro recurso para correção do erro cometido´� (STJ, 4ª Turma, REsp 1.757-SP, rel. Min. Sálvio Figueredo). Assim, embora os embargos de declaração não oportunizem ao juiz sua mudança de convicção, reexame da prova, ou nova análise do direito aplicável, eles envolvem duas hipóteses em que podem ter efeito infringente: 1) quando cumprem sua finalidade de solucionar vícios de obscuridade, contradição ou omissão e implicam a alteração do que foi decidido, ou 2) quando opostos para sanar erros materiais ou de fato. EFEITOS DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO Os embargos de declaração não têm efeito suspensivo, mas interrompem o prazo para a interposição de recurso. Não confundam, portanto, o efeito suspensivo (que suspende os efeitos da decisão judicial atacada), com Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 39 de 88 a interrupção (fenômeno que reinicia a contagem do termo temporal) dos prazos para a interposição de recurso. Contudo, a inexistência de efeitos suspensivos dos embargos de declaração não viabiliza o cumprimento provisório da sentença nas situações em que a apelação tenha efeito suspensivo (enunciado nº 218 do FPPC). Ou seja, os embargos de declaração não suspendem os efeitos suspensivos advindos de outro recurso. É inerente aos embargos de declaração o efeito devolutivo. O efeito devolutivo possibilita, pela devolução ao julgador, a apreciação daquilo que for objeto do recurso, ficando o reexame restrito à contradição, obscuridade, omissão ou erro material apontado nos embargos. APELAÇÃO Recurso aplicado à sentença terminativa ou definitiva (mérito), dirigida ao juiz responsável pelo julgamento da causa, no prazo de 15 dias a contar da intimação da decisão ± art. 224, CPC/2015. Isso é a regra, a exceção diz respeito ao Ministério Público, à Fazenda Pública, aos pobres na forma da lei, representados nos autos por defensor dativo, e litisconsortes com diferentes procuradores, que terão o dobro do prazo para apresentação do recurso. Art. 224. Salvo disposição em contrário, os prazos serão contados excluindo o dia do começo e incluindo o dia do vencimento. § 1º Os dias do começo e do vencimento do prazo serão protraídos para o primeiro dia útil seguinte, se coincidirem com dia em que o expediente forense for encerrado antes ou iniciado depois da hora normal ou houver indisponibilidade da comunicação eletrônica. § 2º Considera-se como data de publicação o primeiro dia útil seguinte ao da disponibilização da informação no Diário da Justiça eletrônico. Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 40 de 88 § 3º A contagem do prazo terá início no primeiro dia útil que seguir ao da publicação. Os requisitos a serem preenchidos pela apelação estão dispostos no art. 1.010, CPC/2015: a apelação, interposta por petição dirigida ao juízo de primeiro grau, conterá: 1- os nomes e a qualificação das partes; 2- a exposição do fato e do direito; 3- as razões do pedido de reforma ou decretação de nulidade; 4- o pedido de nova decisão. Apelação é o recurso que cabe contra a sentença ou que ponha fim ao processo ou à fase de conhecimento, é um dos instrumentos mais utilizados um dos mais importantes do ordenamento jurídico. Quem apela quer a reforma ou anulação da sentença por um órgão superior àquele que a proferiu. As sentenças proferidas podem ser impugnadas em todos os tipos de processo, nos de conhecimento, nos de execução. Não cabe apelação contra a sentença proferida nos embargos de pequeno valor e contra a que decreta falência. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada, sendo, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas as questões suscitadas e discutidas no processo (ampliando-se o objeto de análise),ainda que não tenham sido solucionadas, desde que relativas ao capítulo impugnado. Esse é o motivo pelo qual, se o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o juiz acolher apenas um deles, a apelação devolverá ao tribunal o conhecimento dos demais. Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 41 de 88 Se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o tribunal deve decidir desde logo quando: I - reformar sentença fundada no art. 485, relativo a sentenças proferidas sem resolução de mérito; II - decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente (correspondente/coerente) com os limites do pedido ou da causa de pedir; III - constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que poderá julgá-lo; IV - decretar a nulidade de sentença por falta de fundamentação. Quando reformar sentença que reconheça a decadência ou a prescrição, o tribunal, se possível, julgará o mérito, examinando as demais questões, sem determinar o retorno do processo ao juízo de primeiro grau. Vale destacar, também, que o capítulo da sentença que confirma, concede ou revoga a tutela provisória é impugnável na apelação. E, por último, as questões de fato não propostas no juízo inferior poderão ser suscitadas na apelação, se a parte provar que deixou de fazê-lo por motivo de força maior. APELAÇÃO DE SENTENÇA DE INDEFERIMENTO DA INICIAL Há casos em que o juiz extingue o processo antes de determinar a citação do réu. Indeferida a petição inicial, o juiz põe fim ao processo, por sentença, impugnável por apelação. Indeferida a petição inicial, o autor poderá apelar, facultado ao juiz, no prazo de 5 (cinco) dias, retratar-se. (CPC/2015, art. 331). Se não houver reforma da decisão, o juiz encaminha os autos ao tribunal competente e o recurso processa-se e é julgado sem a participação do Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 42 de 88 réu. Não há ofensa ao contraditório porque o processo está na fase inicial, na qual a citação ainda não foi deferida. Se ao recurso for dado provimento, o réu será citado e poderá apresentar sua defesa. A petição inicial é indeferida com resolução de mérito quando, de plano, verifica-se ter havido decadência do direito, ou prescrição. Nesses casos, chegou-se a sustentar que haveria necessidade de citar o réu para responder à apelação, pois se o recurso for provido, o tribunal estará afastando, sem ouvir o réu, matéria de mérito; ainda que, em tese, benéfica a ele. Entendimento que não prevaleceu. Vale destacar que o Novo CPC extinguiu o instituto da súmula impeditiva de recurso, viabilizada pelo antigo artigo 518 §1º, do CPC/73. Considerava-se essa súmula uma espécie de requisito de admissibilidade da apelação. Se uma apelação não era recebida porque por meio dela se pretendia impugnar uma sentença que está em conformidade com alguma súmula dos tribunais superiores, o que se exigirá do órgão julgador é uma análise do conteúdo do recurso à luz do teor da sentença, ou seja, julgamento com análise de mérito. O instituto não foi bem aceito pela comunidade jurídica e não foi mantido pelo Novo CPC. POSSIBILIDADES DE INOVAR NA APELAÇÃO No julgamento de apelação não se pode apreciar questão nova, que não tenha sido suscitada no curso do processo de conhecimento. Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas as questões suscitadas e discutidas no processo, ainda que a sentença não as tenha julgado por inteiro. Percebam que há, portanto, uma limitação: as questões que não foram trazidas para o processo antes da sentença, não poderão ser discutidas na fase recursal, salvo no caso do artigo 462. Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 43 de 88 Art. 462. Se, depois da propositura da ação, algum fato constitutivo, modificativo ou extintivo do direito influir no julgamento da lide, caberá ao juiz tomá-lo em consideração, de ofício ou a requerimento da parte, no momento de proferir a sentença. O dispositivo considera o momento de proferir a sentença como o limite para ter em consideração fato constitutivo, modificativo ou extintivo do direito; mas a previsão do artigo 462 se estende a momento posterior à prolação de sentença, podendo ser aduzido por Tribunal. Nesse sentido, o STJ julgou: Ocorrendo fato superveniente que possa influir na solução do litígio, cumpre ao Tribunal tomá-lo em consideração no julgamento que lhe está afeto. A regra do "ius superveniens" dirige-se também ao juízo de segundo grau, pois a tutela jurisdicional deve compor a lide tal como se apresenta no momento da entrega (art. 462 do CPC) [...]. (51811 SP 1994/0023131-8, Relator: Ministro BARROS MONTEIRO, Data de Julgamento: 02/11/1998, T4 - QUARTA TURMA) Assim, a regra do art. 462 do CPC é extensível ao tribunal, se o fato é superveniente à sentença. Ressalte-se, ainda, que a prescrição pode, também, ser alegada em apelação (art. 193. CC). A prescrição pode ser invocada em qualquer grau de jurisdição pela parte a quem aproveita, desde que não tenha sido alegada e nem reconhecida pelo juiz anteriormente. Mesmo que não alegada no recurso, pode ser conhecida de ofício pelo tribunal. PROCESSAMENTO DA APELAÇÃO A apelação é interposta em primeiro grau e colocada nos autos. Uma vez preenchidos os requisitos, o juiz a recebe e declara seus efeitos. Determina a intimação da outra parte para que apresente as contrarrazões. Direito Processual Civil Teoria e Exercícios comentados Prof. Gabriel Borges Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 44 de 88 Conforme o CPC/2015 o juízo a quo visa a garantir o contraditório por meio da intimação do recorrido para apresentar contrarrazões no prazo de 15 dias, assim como será oportunizado ao recorrente o momento de responder, no mesmo prazo, diante da hipótese de interposição de apelação na forma DGHVLYD��DUW�������������1D�VHTXrQFLD��FRQIRUPH����GR�DUW���������³RV�DXWRV� serão remetidos ao tribunal pelo juiz, independentemente de juízo de DGPLVVLELOLGDGH�´�1mR�RFRUUH�PDLV��SRUWDQWR��o duplo juízo de admissibilidade na apelação. Recebido o recurso de apelação no tribunal e distribuído imediatamente, o relator: I - decidi-lo-á monocraticamente apenas nas hipóteses: Art. 932. Incumbe ao relator: [...] III - não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não tenha impugnado especificamente os fundamentos da decisão recorrida; IV - negar provimento a recurso que for contrário a: a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal; b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência; V - depois de facultada a apresentação de contrarrazões, dar provimento ao recurso se a decisão recorrida for contrária a: a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal; b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; c) entendimento firmado em incidente de resolução
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