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Aula 09
Direito Processual Civil - Conforme Novo CPC p/ TRTs
Professores: Equipe Gabriel Borges, Gabriel Borges
Direito Processual Civil 
Teoria e Exercícios comentados 
Prof. Gabriel Borges 
 
 
 
 
Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 88 
 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL P/ TRT 
 
 
 
SUMÁRIO PÁGINA 
1. Capítulo X: Dos processos nos tribunais e dos meios de impugnação das decisões 
judiciais; dos recursos; dos embargos de declaração; dos recursos para o supremo 
tribunal federal e para o superior tribunal de justiça. 
02 
2. Resumo 71 
3. Lista das questões apresentadas 75 
4. Questões comentadas 77 
5. Gabarito 88 
 
CAPÍTULO X: DOS PROCESSOS NOS TRIBUNAIS 
DOS PROCESSOS NOS TRIBUNAIS 
 
O CPC/2015 prevê recursos dirigidos aos tribunais superiores e STF: 
1) Recurso Ordinário; 2) Recurso Especial; 3) Recurso Extraordinário; 4) 
Agravo de Instrumento; 5) Embargos de Divergência de Recurso Especial ou 
Extraordinário. 
Além desses recursos, os Tribunais também contam com meios 
próprios de impugnar decisões judiciais. 
 
AULA 09: DOS PROCESSOS NOS TRIBUNAIS E DOS MEIOS DE IMPUGNAÇÃO 
DAS DECISÕES JUDICIAIS; DOS RECURSOS; DOS EMBARGOS DE 
DECLARAÇÃO; DOS RECURSOS PARA O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL E 
PARA O SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. 
Direito Processual Civil 
Teoria e Exercícios comentados 
Prof. Gabriel Borges 
 
 
 
 
Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 88 
 
DA UNIFORMIZAÇÃO DA JURISPRUDÊNCIA 
Os tribunais são divididos em turmas, câmaras, seções, grupos. 
Órgãos que nem sempre têm entendimentos idênticos sobre as questões que 
lhes são submetidas, gerando divergências entre questões de mesmo teor. 
A falta de padronização da jurisprudência leva à insegurança jurídica, à 
falta de previsibilidade na realização dos negócios jurídicos, o que pode ser 
bastante prejudicial ao desenvolvimento socioeconômico de quem poderia ter 
um ambiente seguro para realizar seus negócios. Por esse motivo que se torna 
necessário, entre outros remédios, a uniformização de jurisprudência. 
De maneira a uniformizar o entendimento sobre mesmas questões, 
há instrumentos de padronização da jurisprudência ± exemplo: a 
possibilidade de interposição de recurso especial fundado na divergência de 
julgados, conforme disposição constitucional do artigo 105, III, c: 
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: [...] 
III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou 
última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos 
Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida: [...] 
c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja 
atribuído outro tribunal. 
No CPC/2015, há Livro específico para o tema: Livro III ± Dos 
Processos nos Tribunais e Dos Meios de Impugnação das Decisões Judiciais. 
De acordo com o diploma de direito processual, os tribunais devem 
uniformizar sua jurisprudência e mantê-la estável, íntegra e coerente, na 
forma estabelecida e segundo os pressupostos fixados no regimento interno. 
Ademais, os tribunais editarão enunciados de súmula correspondentes a sua 
jurisprudência dominante, atendo-se às circunstâncias fáticas dos precedentes 
que motivaram sua criação. 
Direito Processual Civil 
Teoria e Exercícios comentados 
Prof. Gabriel Borges 
 
 
 
 
Prof. Gabriel Borges www.estrategiaconcursos.com.br Página 4 de 88 
 
A cada juiz ou tribunal, por seu turno, compete, visando à 
uniformização da jurisprudência, observar (art. 927): 
I - as decisões do Supremo Tribunal Federal em controle 
concentrado de constitucionalidade; 
II - os enunciados de súmula vinculante; 
III - os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de 
resolução de demandas repetitivas e em julgamento de recursos 
extraordinário e especial repetitivos; 
IV - os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em 
matéria constitucional e do Superior Tribunal de Justiça em matéria 
infraconstitucional; 
V - a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais 
estiverem vinculados. 
- A alteração de tese jurídica adotada em enunciado de súmula ou em 
julgamento de casos repetitivos poderá ser precedida de audiências públicas e 
da participação de pessoas, órgãos ou entidades que possam contribuir para a 
rediscussão da tese. 
- Na hipótese de alteração de jurisprudência dominante do Supremo 
Tribunal Federal e dos tribunais superiores ou daquela oriunda de julgamento 
de casos repetitivos, pode haver modulação dos efeitos da alteração no 
interesse social e no da segurança jurídica. 
- A modificação de enunciado de súmula, de jurisprudência pacificada 
ou de tese adotada em julgamento de casos repetitivos observará a 
necessidade de fundamentação adequada e específica, considerando os 
princípios da segurança jurídica, da proteção da confiança e da isonomia. 
- Os tribunais darão publicidade a seus precedentes, organizando-os 
por questão jurídica decidida e divulgando-os, preferencialmente, na rede 
mundial de computadores. 
 
DA DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE 
Direito Processual Civil 
Teoria e Exercícios comentados 
Prof. Gabriel Borges 
 
 
 
 
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A declaração de inconstitucionalidade constitui incidente, ou seja, 
circunstância acidental ao processo. Podendo ser utilizada em questão relativa 
ao recurso ou à causa originária. 
Somente se fala em controle de constitucionalidade porque há no 
ordenamento jurídico pátrio reconhecimento da supremacia da Constituição. 
Desse modo, há a necessidade de controle das normas infraconstitucionais, 
que, quando em confronto com a Constituição, devem ser declaradas 
inconstitucionais e invalidadas. 
O sistema de controle de constitucionalidade no Brasil é eclético ou 
híbrido, já que combina o controle político-preventivo com o controle judicial-
repressivo (concentrado ou difuso). 
Interessa-nos, para o tópico em tela, o controle judicial, o legislador 
pátrio dispôs ao Poder Judiciário dois métodos de controle: 1) o reservado ou 
concentrado, por via de ação; 2) difuso ou aberto, por via de exceção ou 
defesa ± é controle de constitucionalidade concreto. 
Quando for concentrado, caberá ao STF exercer o controle ± 
exatamente, por isso, chamado concentrado, já que cabe a um único órgão. 
Quanto ao controle difuso, além do STF, todos os demais tribunais e juízes 
do Poder Judiciário deverão exercê-lo. 
Sobre o incidente que estamos estudando, há previsão constitucional 
(art. 97) que embasa a previsão do CPC/2015 (arts. 948 a 950). 
Na CF/88: 
Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou 
dos membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a 
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público. 
Percebam que a declaração de inconstitucionalidade, pela via 
difusa, exercida pelos Tribunais somente se dará pela maioria absoluta dos 
votos do Plenário ou de órgão especial, não se dará por maioria simples. 
Sobre o tema o STF aprovou a Súmula Vinculante n° 10: Viola a cláusula de 
Direito Processual Civil 
Teoria e Exercícios comentados 
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reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de órgão fracionário de tribunal 
que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato 
normativo do poder público, afasta sua incidência, no todoou em parte. 
Os artigos 948 a 950 do Código de Processo Civil disciplinam o incidente de arguição de 
inconstitucionalidade no âmbito dos tribunais. 
Art. 948. Arguida, em controle difuso, a inconstitucionalidade de lei ou de ato normativo do 
poder público, o relator, após ouvir o Ministério Público e as partes, submeterá a questão à turma ou 
à câmara à qual competir o conhecimento do processo. 
Art. 949. Se a arguição for: 
I - rejeitada, prosseguirá o julgamento; 
II - acolhida, a questão será submetida ao plenário do tribunal ou ao seu órgão especial, 
onde houver. 
Parágrafo único. Os órgãos fracionários dos tribunais não submeterão ao plenário ou ao 
órgão especial a arguição de inconstitucionalidade quando já houver pronunciamento destes ou do 
plenário do Supremo Tribunal Federal sobre a questão. 
Art. 950. Remetida cópia do acórdão a todos os juízes, o presidente do tribunal designará 
a sessão de julgamento. 
§ 1o As pessoas jurídicas de direito público responsáveis pela edição do ato questionado 
poderão manifestar-se no incidente de inconstitucionalidade se assim o requererem, observados os 
prazos e as condições previstos no regimento interno do tribunal. 
§ 2o A parte legitimada à propositura das ações previstas no art. 103 da Constituição 
Federal poderá manifestar-se, por escrito, sobre a questão constitucional objeto de apreciação, no 
prazo previsto pelo regimento interno, sendo-lhe assegurado o direito de apresentar memoriais ou 
de requerer a juntada de documentos. 
§ 3o Considerando a relevância da matéria e a representatividade dos postulantes, o 
relator poderá admitir, por despacho irrecorrível, a manifestação de outros órgãos ou entidades. 
 
LEGITIMIDADE 
A legitimidade para arguir o incidente é das partes, entre as quais os 
litisconsortes, assistentes e intervenientes; do Ministério Público ou de qualquer 
dos juízes, que tenha atuado no recurso ou na causa originária. 
 
PROCEDIMENTO 
Direito Processual Civil 
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Após ser suscitado o incidente, ouve-se o Ministério Público, para 
em seguida o relator submeter a questão ao órgão fracionário (turma, câmara) 
responsável pelo julgamento da causa. A este órgão julgador caberá o juízo de 
admissibilidade. Assim, se a alegação for rejeitada, prosseguirá o julgamento; 
se acolhida, será lavrado o acórdão a fim de que a questão seja submetida ao 
tribunal pleno, ou órgão especial. Como vimos, somente pela maioria 
absoluta de seus membros podem os tribunais declarar a 
inconstitucionalidade da norma. Exceção se faz à hipótese de já haver 
pronunciamento do plenário, do órgão especial ou do plenário do Supremo 
Tribunal Federal sobre a questão (art. 949, parágrafo único), caso em que não 
será necessário seguir o procedimento do artigo 949, inciso II. 
([S}H� R� 67)� R� HQWHQGLPHQWR� GH� TXH� ³a decisão que enseja a 
interposição de recurso ordinário ou extraordinário não é a do plenário, que 
resolve o incidente de inconstitucionalidade, mas a do órgão (câmaras, grupos 
ou turmas) que completa o julgamento do feito�´��6~PXOD�Qƒ�����67)�. 
 
 
DOS RECURSOS 
O recurso é o meio utilizado para reexaminar uma decisão judicial, 
no curso ou no desfecho do processo, que tenha causado prejuízo a uma 
das partes, a terceiros ou ao Ministério Público. É o remédio voluntário de 
uso endoprocessual e, por isso, não se confunde com os sucedâneos recursais 
± mandado de segurança, reclamação. 
Ele se destina a provocar o reexame das decisões judiciais por um 
grau de jurisdição superior. Pretende-se, assim, evitar erros judiciários, ao 
submetê-las a uma nova análise. Com o recurso ocorre um prolongamento da 
relação processual, e não o surgimento de um novo processo. Ele constitui 
uma etapa do procedimento. 
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Lembrem-se que a identidade de processo não significa a identidade 
de autos, uma vez que o recurso pode desenvolver-se em autos próprios, 
como o agravo de instrumento. Ele, no entanto, continuará a ser parte do 
mesmo processo no qual a decisão impugnada foi proferida. 
 
A ausência de citação do recorrido demonstra que o recurso é um 
prolongamento da relação processual, ou seja, ele se desenvolverá no próprio 
corpo do processo. O que ocorre é uma intimação para que o recorrido 
apresente, livremente, as contrarrazões. O artigo 332 apresenta uma exceção 
à regra, por se tratar de hipótese de citação após interposição de recurso. 
Exceção: Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o 
juiz, independentemente da citação do réu, julgará liminarmente improcedente 
o pedido que contrariar: 
I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior 
Tribunal de Justiça; 
II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior 
Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; 
III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas 
repetitivas ou de assunção de competência; 
IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local. 
O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente o pedido se 
verificar, desde logo, a ocorrência de decadência ou de prescrição. 
Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado 
da sentença. Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-se em 5 dias. Se 
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houver retratação, o juiz determinará o prosseguimento do processo, com a 
citação do réu, e, se não houver retratação, determinará a citação do réu para 
apresentar contrarrazões, no prazo de 15 dias. 
 
¾ ENUNCIADO DO FÓRUM PERMANENTE DE PROCESSUALISTAS 
CIVIS 
293. (arts. 331, 332, § 3º, 1.010, § 3º) Se considerar intempestiva a apelação 
contra sentença que indefere a petição inicial ou julga liminarmente 
improcedente o pedido, não pode o juízo a quo (juiz do qual, de origem) 
retratar-se. (Grupo: Petição inicial, resposta do réu e saneamento) 
Seguindo... 
Dúvida: O que é exatamente Impugnação das decisões judiciais? 
Temos o gênero: meios de impugnação das decisões judiciais, do qual são 
espécies, o recurso e os sucedâneos recursais (lembrando que estes não se 
confundem com aqueles; tudo que não for recurso será considerado 
sucedâneo recursal ± análise comparativa residual). Todavia, o mecanismo 
recursal é, em muitos casos, excessivamente oneroso; sem contar que as 
partes podem submeter-se a um longo período de espera para receber a 
prestação jurisdicional. 
O recurso tem cinco características essenciais: voluntariedade; 
previsão legal expressa; utilização pelas partes, terceiros e MP; 
desenvolvimento no próprio processo; objetivo de reformar, anular, 
integrar ou esclarecer decisão judicial. Todavia, o mecanismo recursal é, em 
muitos casos, excessivamente oneroso; sem contar que as partes podem 
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submeter-se a um longo período de espera para receber a prestação 
jurisdicional. 
O artigo 994 do PC/2015 elenca os seguintes recursos: 
I - apelação; 
II - agravo de instrumento; 
III - agravo interno; 
IV - embargos de declaração; 
V - recurso ordinário;VI - recurso especial; 
VII - recurso extraordinário; 
VIII - agravo em recurso especial ou extraordinário; 
IX - embargos de divergência. 
Importante mencionar que os recursos não impedem a eficácia da 
decisão, salvo disposição legal ou decisão judicial em sentido diverso. Ou seja, 
a regra é da não ocorrência do efeito suspensivo. Contudo, a eficácia da 
decisão recorrida poderá ser suspensa por decisão do relator, se da imediata 
produção de seus efeitos houver risco de dano grave, de difícil ou 
impossível reparação, e ficar demonstrada a probabilidade de provimento 
do recurso. 
 
É cabível recurso do Amicus Curiae (Amigo da Corte)? Sim, mas somente 
em dois casos: para opor embargos de declaração e para questionar 
decisão que julgar o incidente de resolução de demandas repetitivas. 
A intervenção (do Amicus Curiae) de que trata o artigo 138 do 
CPC/2015 não implica alteração de competência nem autoriza a interposição 
de recursos, ressalvadas a oposição de embargos de declaração, bem 
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Teoria e Exercícios comentados 
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como poderá recorrer quando da decisão que julgar o incidente de 
resolução de demandas repetitivas. 
 
CLASSIFICAÇÃO DOS RECURSOS 
Vamos comentar as mais importantes classificações recursais. São as 
relativas a: objeto imediato do recurso, fundamentação recursal, abrangência 
da matéria impugnada e independência (também chamada de subordinação). 
 
OBJETO IMEDIATO DO RECURSO 
No objeto imediato, os recursos se dividem em ordinários e 
extraordinários. Os recursos que possuem como objeto imediato a 
proteção e a preservação da boa aplicação do direito são classificados 
como recursos extraordinários. 
Os recursos extraordinários têm como objetivo possibilitar, no caso 
concreto, uma melhor aplicação da lei federal e constitucional. Assim, a 
intenção é proteger o direito objetivo, entendendo-se que a preservação 
deste é de importância para toda a sociedade e não somente para o 
sucumbente. 
São três as espécies de recursos extraordinários: especial, 
extraordinário e embargos de divergência. Os recursos ordinários, por sua 
vez, visam a proteger o interesse particular da parte ± o direito subjetivo. No 
recurso ordinário também se obtém a preservação do direito objetivo, mas 
como uma mera consequência de seu provimento. 
 
Direito Processual Civil 
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FUNDAMENTAÇÃO RECURSAL 
Todo recurso deve ser fundamentado, devendo o recorrente expor os 
motivos pelos quais ataca a decisão impugnada, justificando o pedido de 
esclarecimento, integração ou anulação. É a causa de pedir recursal. A 
fundamentação será dividida de acordo com a amplitude da matéria, podendo 
ser vinculada ou livre. 
Nos recursos de fundamentação vinculada, o recorrente terá que 
fundamentar o recurso baseando-se nas matérias previstas em lei ± o rol 
dessas matérias é exaustivo. Caso não siga o rol, ocorrer a inadmissibilidade 
do recurso por vício formal. No entanto, essa característica do recurso é uma 
excepcionalidade, podendo ocorrer, somente, em três tipos: nos recursos 
especiais, extraordinários e nos embargos de declaração. 
Na fundamentação livre, o recorrente tem liberdade para fundamentar 
sobre as matérias a serem alegadas no recurso, respeitando a limitação lógica 
e jurídica ± a matéria alegada será aquela aplicada ao caso sub judice. Além 
disso, deve-se obedecer aos limites objetivos da demanda e ao sistema de 
preclusões. Os embargos infringentes são exemplo de recurso de 
fundamentação livre. 
 
INDEPENDÊNCIA OU SUBORDINAÇÃO 
O recurso independente é oferecido pelo sujeito, no prazo recursal, 
sem levar em consideração a reação da parte contrária em relação à decisão 
impugnada. Está condicionado, tão somente, ao preenchimento de seus 
pressupostos de admissibilidade para obtenção da decisão de mérito. 
Por sua vez, o recurso subordinado é aquele apresentado no prazo 
das contrarrazões de recurso feito pela outra parte, sendo motivado não 
pela vontade inicial de impugnar a decisão, mas como resposta ao recurso 
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RIHUHFLGR� SHOD� SDUWH� FRQWUiULD�� 3RUWDQWR�� VHULD� D� VLWXDomR� HP� TXH� D� SDUWH� ³$´�
QmR�UHFRUUH�GD�GHFLVmR�WHPSHVWLYDPHQWH��PDV�QmR�TXHU�GHL[DU�TXH�D�SDUWH�³%´�
reclame sozinha, fazendo uso do meio adesivo para discordar do recurso 
interposto pela outra parte. É forma principiológica de ampliação da defesa. 
O recurso subordinado condiciona, ao contrário do independente, ao 
conhecimento do recurso principal e ao preenchimento de seus pressupostos 
de admissibilidade, para que seja obtida a decisão de mérito. 
Os doutrinadores e a lei chamam o recurso independente de recurso 
principal e o recurso subordinado de recurso adesivo, uma vez que colado ao 
principal. O recurso adesivo não é uma espécie recursal, mas sim um recurso 
interposto de forma diferenciada, é o modo que se utiliza. Se o principal for 
extinto, o adesivo também se extingue. 
 
Art. 997. Cada parte interporá o recurso independentemente, no 
prazo e com observância das exigências legais. 
§ 1o Sendo vencidos autor e réu, ao recurso interposto por qualquer 
deles poderá aderir o outro. 
§ 2o O recurso adesivo fica subordinado ao recurso independente, 
sendo-lhe aplicáveis as mesmas regras deste quanto aos requisitos de 
admissibilidade e julgamento no tribunal, salvo disposição legal diversa, 
observado, ainda, o seguinte: 
I - será dirigido ao órgão perante o qual o recurso independente 
fora interposto, no prazo de que a parte dispõe para responder; 
II - será admissível na apelação, no recurso extraordinário e no 
recurso especial; 
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III - não será conhecido, se houver desistência do recurso 
principal ou se for ele considerado inadmissível. 
 
Ao recurso adesivo se aplicam as mesmas regras do recurso 
independente, quanto às condições de admissibilidade, preparo e julgamento 
no tribunal superior. Com a ressalva que fizemos antes, sendo inadmitido o 
principal o adesivo também não será admitido, porque é dependente do 
primeiro. 
 
No que concerne ao recurso adesivo, assinale a opção correta. 
a) O julgamento de mérito do recurso principal não interfere na admissibilidade do 
recurso adesivo, embora a análise da admissibilidade o faça. 
b) Ocorre recurso adesivo cruzado quando uma das partes interpõe, simultaneamente, 
recurso extraordinário e recurso especial na forma adesiva. 
c) Se o recurso principal for interposto por terceiro prejudicado, não é possível à parte 
sucumbente interpor recurso adesivo a este. 
d) A parte que já apresentou recurso principal contra um dos capítulos desfavoráveis da 
sentença pode utilizar recurso adesivo contra os demais capítulos se a parte contrária 
também interpuser recurso principal. 
e) A parte deve interpor recurso adesivo no prazo previsto para contrarrazões e no mesmo 
momento da apresentação destas. 
COMENTÁRIOS: 
Essa questão foi anulada, mas a justificativa para a anulação é 
relevante a nosso estudo [adaptada]: 
+i� PDLV� GH� XPD� RSomR� FRUUHWD�� $� RSomR�³D´� HVWi� FRUUHWD� SRUTXH� p�
pacífico o entendimento de que o julgamento do mérito do recurso principal não 
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interfere na admissibilidade do recurso adesivo, uma vez que para que o mérito 
do recurso principal seja enfrentando, necessariamente, ele foi conhecido. Em 
seguida, decide-se sobre o provimento ou não do recurso. Logo, o mérito do 
recurso principal não interfere na admissão do recurso adesivo. O mérito do 
recurso principal pode interferir no mérito do recurso adesivo, mas não 
na sua admissibilidade. 
Conclusão distinta se tem com a admissibilidade do recurso principal 
em relação à admissibilidade do recurso adesivo. Desse modo, a segunda 
parte da OHWUD� ³D´� WDPEpP� HVWi� FRUUHWD�� a análise da admissibilidade do 
recurso principal interfere na admissibilidade do recurso adesivo. A 
motivação e a fundamentação para tal fato está sedimentada no inciso III do 
art. 997 do CPC/2015 TXH�DVVLP�GLVS}H�� ³III - não será conhecido [o recurso 
adesivo], se houver desistência do recurso principal ou se for ele [o recurso 
principal] considerado inadmissível. Assim, não restam dúvidas de que, ex vi 
legis, se o recurso principal for inadmissível o recurso adesivo não será 
admitido ante a dependência do adesivo ao recurso principal ou aderido, como 
YHP�GHFLGLQGR�UHLWHUDGDPHQWH�RV�QRVVRV�WULEXQDLV´� 
O gabarito preliminar considerou a OHWUD� ³F´�� FRPR� ~QLFD� RSomR�
correta. Mas, com o novo entendimento da banca, passou-se a considerar a 
OHWUD�³D´�WDPEpP correta. 
 
REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE 
Requisitos extrínsecos 
 
Vinculados ao recurso: tempestividade; preparo; regularidade 
formal; adequação. 
Requisitos intrínsecos Alusivos ao recorrente: legitimidade; interesse. 
 
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OBSERVAÇÕES IMPORTANTES A RESPEITO DOS REQUISITOS 
DE ADMISSIBILIDADE DOS RECURSOS 
1 ± Tempestividade: os prazos de interposição gerais estão no artigo 
1.003 do CPC. 
Art. 1.003. O prazo para interposição de recurso conta-se da data em 
que os advogados, a sociedade de advogados, a Advocacia Pública, a 
Defensoria Pública ou o Ministério Público são intimados da decisão. 
§ 1o Os sujeitos previstos no caput considerar-se-ão intimados em 
audiência quando nesta for proferida a decisão. 
§ 2o Aplica-se o disposto no art. 231, incisos I a VI, ao prazo de 
interposição de recurso pelo réu contra decisão proferida anteriormente à 
citação. 
§ 3o No prazo para interposição de recurso, a petição será 
protocolada em cartório ou conforme as normas de organização 
judiciária, ressalvado o disposto em regra especial. 
§ 4o Para aferição da tempestividade do recurso remetido pelo 
correio, será considerada como data de interposição a data de postagem. 
§ 5o Excetuados os embargos de declaração, o prazo para interpor 
os recursos e para responder-lhes é de 15 (quinze) dias. 
§ 6o O recorrente comprovará a ocorrência de feriado local no ato de 
interposição do recurso. 
 As normas específicas para ampliação ou redução dos prazos são 
disciplinadas em legislações esparsas e no próprio CPC. Em relação à 
ampliação de prazo, enfatiza-se a importância da leitura dos artigos 180, 183 
e 186 do CPC/2015, que dispõem terem o Ministério Público, a Fazenda 
Pública e Defensoria Pública prazo em dobro para interposição de qualquer 
espécie recursal. 
2 ± Preparo: as custas são indispensáveis para o reconhecimento do 
recurso, sendo exigido o seu recolhimento no ato da interposição ± art. 1.007, 
CPC/2015. Entretanto, são dispensados de preparo, inclusive porte de remessa 
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e de retorno, os recursos interpostos pelo Ministério Público, pela União, pelo 
Distrito Federal, pelos Estados, pelos Municípios, e respectivas autarquias, e 
pelos que gozam de isenção legal. 
A insuficiência no valor do preparo, inclusive porte de remessa e de 
retorno, implicará deserção se o recorrente, intimado na pessoa de seu 
advogado, não vier a supri-lo no prazo de 5 (cinco) dias. É dispensado o 
recolhimento do porte de remessa e de retorno no processo em autos 
eletrônicos. 
O recolhimento das custas não exigido quando o recurso for interposto 
pelo Ministério Público, Fazenda Pública, Defensoria ou pobre na forma da lei. 
São hipóteses classificadas como isenções subjetivas, em que a regra de 
isenção determina-se pela pessoa e não pelo tipo de recurso. 
3 ± Regularidade formal: em regra, a interposição dos recursos ocorre 
por meio da petição, salvo quando a lei expressamente admitir a forma oral, a 
exemplo do disposto no art. 937. 
 
EFEITOS 
Efeito suspensivo: determinada a suspensão, enquanto o recurso 
estiver em julgamento, a decisão impugnada não causa efeitos. A doutrina 
também menciona os seguintes efeitos: o obstativo, o translativo, o expansivo, 
o substitutivo, o regressivo, o diferido. 
 
ESQUEMATIZADOS: DEMAIS EFEITOS DOS RECURSOS 
 
Obstativo 
Guarda relação com a preclusão temporal e sua relação com a interposição 
do recurso. 
 ³'XUDQWH�R� WUkPLWH� UHFXUVDO�QmR�p�SRVVtYHO� IDODU�HP�SUHFOXVmR�GD�GHFLVmR�
impugnada, afastando-se no caso concreto durante esse lapso temporal o trânsito 
HP�MXOJDGR�H�HYHQWXDOPHQWH�D�FRLVD�MXOJDGD�PDWHULDO�´��1HYHV��������SiJ. 578) 
Devido ao efeito obstativo, enquanto pendente recurso de julgamento, não 
é admitida uma execução definitiva, uma vez que inexiste o trânsito em julgado 
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necessário. 
 
 
Translativo 
É a possibilidade de o tribunal conhecer matérias de ordem pública de 
ofício no julgamento do recurso. 
 
 
 
Expansivo 
Divide-se em dois tipos de efeitos expansivos: 
Efeito expansivo objetivo: o efeito será gerado sempre que o julgamento do 
recurso ensejar decisão mais abrangente do que a matéria impugnada. Esse efeito 
poderá ser interno: quando a matéria a ser atingida pelo julgamento do recurso está 
localizada dentro da decisão impugnada; ou externo: quando a matéria encontra-se 
fora da decisão impugnada. 
Efeito expansivo subjetivo: ocorre quando a decisão atingir sujeitos que não 
participam como partes do recurso, apesar de serem partes na demanda. 
 
 
 
Substitutivo 
Determina que o julgamento do recurso substituirá a decisão recorrida. 
Devemos interpretar da seguinte maneira: a substituição da decisão 
recorrida pelo julgamento do recurso ocorrerá, somente, na hipótese de julgamento 
do mérito recursal, e a depender do resultado do julgamento. 
Recebido ou conhecido o recurso, não haverá o efeito substitutivo, pois o 
julgamento do recurso não se coloca no lugar da decisão recorrida que se matém 
íntegra para todos os fins jurídicos. 
Caso o recurso seja conhecido e julgado em seu mérito, caberá a análise 
do resultado para aferir a existência ou não do efeito substitutivo. 
Quando a causa de pedir do recurso for fundada em error in judicando e o 
pedido em reforma da decisão, qualquer que seja a decisão de mérito do recurso 
substituirá a decisão recorrida. 
 ³$�FDXVD�GH�SHGLU�FRPSRVWD�SRU�error in procedendo e sendo o pedido deanulação de decisão, o efeito substitutivo somente será gerado na hipótese de não 
provimento, porque o provimento do recurso, ao anular a decisão impugnada, 
naturalmente não a substitui, tanto assim que a nova decisão deverá ser proferida 
HP�VHX�OXJDU�´��7KHRGRUR�-U�������D� 
 
 
Regressivo 
Esse efeito permite que, por via do recurso, a causa volte ao conhecimento 
do juízo prolator da decisão. 
Devemos lembrar que isso ocorre não pelo fato de o juízo ser o competente 
para julgar o recurso, mas sim em razão de expressa previsão legal que lhe permite 
rever sua própria decisão. 
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Diferido 
Ocorre quando o conhecimento do recurso depende de recurso a ser 
interposto contra outra ou a mesma decisão. 
Exemplos: no primeiro caso: recurso de agravo retido. Esse recurso 
depende do conhecimento da apelação para que possa ser julgado em seu mérito. 
No segundo caso: recurso especial e extraordinário contra o mesmo 
acórdão, sempre que a análise do recurso extraordinário dependa do conhecimento e 
julgamento do recurso especial. 
 
PRINCÍPIOS RECURSAIS 
DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO 
É um princípio recursal que consiste no reexame da decisão da causa, 
ou seja, é a possibilidade de revisão da solução da causa. A diferença 
hierárquica entre os órgãos jurisdicionais que, respectivamente, profere a 
primeira decisão e que reexamina para que ocorra o duplo grau de jurisdição é 
imprescindível. 
 
AS VANTAGENS E DESVANTAGENS EM RELAÇÃO AO PRINCÍPIO 
DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO 
Vantagens Desvantagens 
O ser humano, não satisfeito com a decisão, 
poderá ter uma segunda opinião acerca do 
caso. 
Prejudicar a ideia de jurisdição uma, uma vez que se 
pode obter uma decisão contrária à primeira proferida. 
O magistrado está sujeito ao erro, assim é 
necessário manter um mecanismo de revisão 
das decisões. 
Afasta o princípio da oralidade, pois o duplo grau de 
jurisdição, em regra, é interposto por meio da apelação, 
que exige a forma escrita. 
Evitar a arbitrariedade do magistrado. 
 
Prejudica a identidade física do magistrado, uma vez que 
o juiz que produziu a prova oral não será mais quem irá 
prolatar a sentença. 
Decisão proferida por órgão colegiado 
pressupõe melhor qualidade na prestação da 
jurisdição, pois os magistrados são mais 
Prejudica a celeridade processual, já que, havendo 
recurso, a prestação jurisdicional se torna, por óbvio, mais 
lenta. 
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experientes. 
 
REMESSA NECESSÁRIA 
Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito 
senão depois de confirmada pelo tribunal, a sentença: 
I - proferida contra a União, os Estados, o Distrito Federal, os 
Municípios e suas respectivas autarquias e fundações de direito público; 
II - que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à 
execução fiscal. 
Não interposta a apelação no prazo legal, o juiz ordenará a remessa 
dos autos ao tribunal, e, se não o fizer, o presidente do respectivo tribunal irá 
avocá-los (tomar para si a condução do processo). Em seguida, o tribunal 
julgará a remessa necessária. 
Contudo, esse procedimento não se aplica quando a condenação ou o 
proveito econômico obtido na causa for de valor certo e líquido inferior a: 
I - 1.000 (mil) salários-mínimos para a União e as respectivas 
autarquias e fundações de direito público. 
II - 500 (quinhentos) salários-mínimos para os Estados, o Distrito 
Federal, as respectivas autarquias e fundações de direito público e os 
Municípios que constituam capitais dos Estados; 
III - 100 (cem) salários-mínimos para todos os demais Municípios e 
respectivas autarquias e fundações de direito público. 
Também não se aplica o procedimento da remessa necessária dos 
autos quando a sentença estiver fundada em: 
I - súmula de tribunal superior; 
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II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior 
Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; 
III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas 
repetitivas ou de assunção de competência; 
IV - entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no 
âmbito administrativo do próprio ente público, consolidada em manifestação, 
parecer ou súmula administrativa. 
 
TAXATIVIDADE (LEGALIDADE) 
Somente poderá ser reconhecido como recurso o instrumento de 
impugnação que estiver expressamente previsto em Lei Federal. Essa 
conclusão se dá pela interpretação ao inciso I do art. 22 da CF, que atribuiu à 
União a competência exclusiva para legislar sobre o processo. Dessa forma, 
entende-se que o recurso é uma maneira de legislar sobre o processo e, por 
isso, deve ser tratado por Lei Federal. 
Lembramos que não há necessidade de todo e qualquer assunto sobre 
recurso estar previsto no Código de Processo Civil. Existem, por exemplo, as 
leis extravagantes que também criam recursos, como o art. 34, Lei de 
Execuções Fiscais. 
Assim, o princípio da taxatividade impede, em tese, que as partes, a 
doutrina, as leis estaduais e municipais e os regimentos internos dos tribunais 
criem recursos não previstos no ordenamento jurídico processual. 
 
SINGULARIDADE (UNICIDADE) 
Esse princípio admite como forma (meio) de impugnação de decisão 
judicial somente uma espécie recursal. Contra a mesma decisão admite-se a 
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existência concomitante de mais de um recurso, bastando ter a mesma 
natureza jurídica, fenômeno. É uma prática bastante recorrente quando há no 
caso concreto sucumbência recíproca ou litisconsórcio. 
 
VOLUNTARIEDADE 
2�SULQFtSLR�GD�YROXQWDULHGDGH� ³condiciona a existência de um recurso 
exclusivamente à vontade da parte, que demonstra a vontade de recorrer com 
o ato de interposição do recurso´��$VVLP��QDGD�DGLDQWDUi�DR�VXMHLWR�H[SRU�VXD�
pretensão de recorrer se, no prazo legal, não interpuser o recurso cabível. 
(Neves, 2011, pág. 299) 
Exemplo: na audiência, a parte avisa que pretende agravar de 
instrumento no prazo de 10 dias. Caso não venha a recorrer dentro desse 
prazo, a expressão de sua vontade de recorrer posteriormente de nada terá 
adiantado. 
Conclui-se que a única maneira de a parte demonstrar sua vontade de 
recorrer é por meio da interposição do recurso. No entanto, essa não é a única 
forma de a parte expressar seu desejo de não recorrer. Além da não 
interposição do recurso, a parte também poderá demonstrar sua vontade de 
não recorrer por meio da prática de um ato que demonstre concordância com a 
decisão proferida ou por meio da renúncia ao direito de recorrer. Em 
decorrência desse princípio não é admitido que o juiz, em qualquer caso, 
interponha recurso de ofício. 
 
DIALETICIDADE 
Para entendermos o princípio da dialeticidade, devemos lembrar que o 
recurso é composto por dois elementos: o volitivo, característica da 
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voluntariedade de que falamos, ± referente à vontade da parte em recorrer; e o 
descritivo ± consubstanciado nos fundamentos e pedido constantes do 
recurso. 
Este princípio (da dialeticidade) refere-se ao segundo elemento, o 
descritivo, porque exige que o recorrente exponha a fundamentação recursal 
(causa de pedir) e o pedido, que poderá ser pela anulação, reforma, 
esclarecimento ou integração da decisão judicial que deu origem ao recurso. 
Trata-se, portanto, do princípio que promove o conhecimento dos 
motivos do recurso, para que seja dada a oportunidade de efetiva defesa 
àquele em face de quem se recorre. 
Essa necessidade é amparada em duas motivações, a saber: permitir 
ao recorrido a elaboração das contrarrazões e fixar os limites de atuação 
do tribunal no julgamento do recurso. 
 
 
 
(TJ PI/Adaptada) Intimado da interposição de apelação pela parte contrária, o réu 
apresentou contrarrazões no décimo dia e, no décimo quarto, apresentou petição na qual 
declarou intenção de apelar de forma adesiva, mencionando que juntaria as razões em 
momento adequado. 
Considerando a situação hipotética acima, assinale a opção correta. 
a) Houve interposição intempestiva da apelação na forma adesiva, pois as contrarrazões 
já haviam sido apresentadas. 
b) A apelação na forma adesiva só poderá ser conhecida se as razões forem juntadas até 
o décimo quinto dia da intimação para contrarrazões. 
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c) Não será possível conhecer da apelação na forma adesiva, por ter ocorrido preclusão 
consumativa e afronta à dialeticidade. 
d) Como o prazo para apresentação de recurso na forma adesiva é de dez dias, a 
apelação, no caso, foi intempestiva. 
e) A interposição da apelação na forma adesiva está de acordo com a legislação, sendo as 
razões necessárias apenas se for positivo o juízo de admissibilidade da principal. 
COMENTÁRIOS: 
Ao recurso adesivo se aplicam as mesmas regras do recurso 
independente, quanto às condições de admissibilidade, preparo e julgamento 
no tribunal superior. Com a ressalva de que, sendo inadmitido o principal, o 
adesivo também não será admitido, porque é dependente do primeiro. 
$� OHWUD� ³F´� p� D� UHVSRVWD� j� TXHVWmR� SRUTXH� IHULULD� R� SULQFtSLR� GD�
dialeticidade ao viabilizar ao recorrido uma condição de manifestar-se mais 
vantajosa em relação ao recorrente (em dois momentos do processo), além de 
que, sendo apresentadas as contrarrazões, ocorreria a preclusão consumativa, 
com fundamento no artigo 507 do novo CPC, o que impossibilitaria o 
posterior recurso adesivo. 
Art. 507. É vedado à parte discutir no curso do processo as questões 
já decididas a cujo respeito se operou a preclusão. 
Gabarito: C 
 
FUNGIBILIDADE 
Fungível, juridicamente, refere-se a tudo que possa ser substituído, 
trocado. Assim, este princípio explica que um recurso, mesmo sendo incabível 
para questionar determinado tipo de decisão, pode ser validado, desde que 
exista dúvida, na doutrina ou na jurisprudência, quanto ao recurso viável a ser 
interposto naquela ocasião. 
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O Código de Processo Civil de 1939, em seu artigo 810 previa o 
princípio da fungibilidade; contudo, o CPC/1973, bem como o CPC/2015 não o 
preveem de forma explícita. Pode-se entender que o princípio da fungibilidade 
está implícito no art. 277 do CPC/2015: quando a lei prescrever determinada 
forma, o juiz considerará válido o ato se, realizado de outro modo, lhe alcançar 
a finalidade. 
O princípio da fungibilidade visa à flexibilização do formalismo 
processual. Está intimamente ligado ao princípio da instrumentalidade das 
formas e ao princípio da economia processual. O cuidado excessivo com a 
forma não pode ser motivo de restrição do acesso à justiça, sob risco de tornar 
ineficiente a prestação jurisdicional. 
Modernamente, o maior objetivo do processo deixou de ser a decisão 
sobre quem tem razão no mérito, ao formar-se a coisa julgada material, para 
prestigiar-se a efetiva prestação jurisdicional. Mais importante do que dizer 
quem tem razão na lide é oferecer a tutela jurisdicional de modo tempestivo e 
adequado ao direito material. Desse modo, a questão da fungibilidade está em 
possibilitar o resultado prático, ainda que o meio processual adotado não seja o 
mais adequado. 
Para a aplicação do princípio da fungibilidade, há um único requisito: a 
existência da dúvida objetiva, que envolve a boa-fé da parte e exclui o erro 
grosseiro. Em outras palavras, a dúvida objetiva deve ser vista como requisito 
único que substituiu os requisitos da ausência de má-fé e de erro grosseiro. 
A dúvida objetiva pode ser entendida como aquela que ocorre quando 
há divergência na doutrina ou na jurisprudência sobre determinado tema 
jurídico, ou quando se conclui pela ausência de elementos a respeito de qual 
instrumento processual utilizar. 
 
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PROIBIÇÃO DA REFORMATIO IN PEJUS 
O princípio da proibição da reformatio in pejus consiste na vedação 
imposta pelo sistema recursal brasileiro da reforma da decisão recorrida em 
prejuízo do recorrente e em benefício do recorrido, fundada no fato de que o 
órgão jurisdicional somente age quando provocado e nos exatos termos do 
pedido (conforme arts. 2, 141 e 492 do CPC/2015). 
Art. 2º O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por 
impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei. 
Art. 141. O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes, 
sendo-lhe vedado conhecer de questões não suscitadas a cujo respeito a lei 
exige iniciativa da parte. 
Art. 492. É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da 
pedida, bem como condenar a parte em quantidade superior ou em objeto 
diverso do que lhe foi demandado. 
Parágrafo único. A decisão deve ser certa, ainda que resolva relação 
jurídica condicional. 
Na hipótese em que a decisão é favorável em parte a um e a outro dos 
litigantes, poderão ambos interpor recursos; assim, não se fala em reformatio in 
pejus, porque o tribunal poderá dar provimento ao recurso do autor ou do réu 
ou negar provimento aos dois, nos limites dos recursos interpostos. 
A reformatio in pejus seria a pior das hipóteses para o recorrente, 
porque alteraria a decisão para pior, de modo que o recorrente, ao ingressar na 
esfera recursal porque não concordou com algo, teria sua situação alterada 
para mais grave. 
Contudo, por óbvio, o recorrente, ao ingressar na esfera recursal, por 
existir na decisão um elemento desfavorável, requer que seja modificado 
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somente esse elemento e não o que lhe é favorável. Vejamos, sobre a 
apelação, o que dispõe o art. 1.013, caput�� GR� &3&������� ³A apelação 
devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada´� 
Exceções ao princípio em estudo são aplicadas aos requisitos da 
admissibilidade dos recursos (art. 337 do CPC/2015), salvo o conhecimento de 
convenção de arbitragem. Além disso, não se operando a preclusão, o juiz 
deve aplicaro disposto nos arts. 485, §3o, e 337, § 5o, do CPC/2015, não se 
podendo falar na proibição da reformatio in pejus ± são questões que podem 
ser conhecidas a qualquer tempo, independentemente de manifestação das 
partes. Convém ressaltar que, igualmente, não se admite a reformatio in 
melius, não podendo o órgão ad quem melhorar a situação do recorrente além 
do que foi pedido. 
 
COMPLEMENTARIDADE 
As razões recursais devem ser apresentadas no ato da interposição do 
recurso. Não se admite que o recurso seja interposto em outro momento 
procedimental e que as razões sejam apresentadas posteriormente. 
No entanto, pelo princípio da complementaridade, sempre que for 
criada uma nova sucumbência decorrente do julgamento dos embargos 
de declaração interpostos pela parte contrária, a parte recorrente poderá 
complementar as razões de recurso já interpostas. 
Essa complementação será limitada à nova sucumbência. Isso ocorre 
para evitar que, sendo parcial o recurso já interposto, o recorrente não se 
aproveite do princípio da complementaridade para impugnar parcela da decisão 
que deveria ter sido impugnada originariamente. Esse princípio tem como 
fundamento a preclusão consumativa. 
 
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CONSUMAÇÃO 
Esse princípio, assim como o princípio da complementaridade, tem 
como fundamento a preclusão consumativa que pode ser verificada no ato 
de interposição do recurso. O princípio da consumação proíbe que, interposto 
um recurso, este seja substituído por outro interposto posteriormente, ainda 
que no prazo recursal. 
 
EFEITOS PROCESSUAIS DOS RECURSOS 
SUSPENSIVO 
Regra geral, a apelação tem efeito suspensivo. Manteve-se essa 
disposição no texto final do CPC/2015, depois da proposta veiculada no projeto 
inicial para não se aplicar o efeito suspensivo como regra para a apelação. 
Contudo, além de outras hipóteses previstas em lei, começa a produzir 
efeitos imediatamente após a sua publicação a sentença que: 
I - homologa divisão ou demarcação de terras; 
II - condena a pagar alimentos; 
III - extingue sem resolução do mérito ou julga improcedentes os 
embargos do executado; 
IV - julga procedente o pedido de instituição de arbitragem; 
V - confirma, concede ou revoga tutela provisória; 
VI - decreta a interdição. 
Nesses casos, em que a sentença começa a produzir efeitos de 
imediato, o apelado poderá promover o pedido de cumprimento provisório 
depois de publicada a sentença. 
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Inversamente aos casos em que o feito suspensivo é a regra, nas 
situações em que a sentença pode produzir efeitos de imediato, poderá, 
todavia, ser concedido o efeito suspensivo mediante pedido formulado por 
requerimento dirigido ao: 
I - tribunal, no período compreendido entre a interposição da apelação 
e sua distribuição, ficando o relator designado para seu exame prevento para 
julgá-la; 
II - relator, se já distribuída a apelação. 
A eficácia da sentença poderá ser suspensa pelo relator se o apelante 
demonstrar a probabilidade de provimento do recurso ou se, sendo 
relevante a fundamentação, houver risco de dano grave ou de difícil 
reparação. 
 
DEVOLUTIVO 
Os recursos, em geral, têm efeito devolutivo. O artigo 1.013 do 
CPC/2015 atribui dimensões à devolutividade da apelação, dispõe sobre a 
extensão da matéria impugnada e a profundidade, ou seja, menciona a 
possibilidade de reexame, pelo tribunal, dos fundamentos suscitados 
pelos sujeitos processuais; ainda que, solicitados, não tenham sido 
analisados em primeira instância. 
A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria 
impugnada, que, porém, não analisará somente o objeto da impugnação, mas 
apreciará todas as questões suscitadas e discutidas no processo, ainda que 
não tenham sido solucionadas, desde que relativas ao capítulo impugnado. 
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Ademais, como já se pontuou, havendo o pedido ou a defesa mais de 
um fundamento e o juiz acolher apenas um deles, a apelação devolverá ao 
tribunal o conhecimento dos demais. 
Nos casos em que o julgamento verse sobre questões unicamente 
de direito, sem que os fatos venham a influir no julgamento, o efeito devolutivo 
permitirá que o tribunal julgue a lide de imediato, desde que a decisão recorrida 
não tenha analisado o mérito. 
O efeito devolutivo pode suscitar situações de difícil solução, 
relacionadas ao interesse recursal. 
Exemplo: Beto ajuíza demanda em face de Bruno, postulando 
determinada quantia. Beto solicita provas testemunhais, por entender que 
sejam imprescindíveis. O magistrado, no entanto, as considera desnecessárias, 
julgando antecipadamente o mérito em favor de Beto. Como a sentença foi 
favorável a Beto, e a decisão de indeferir a ouvida de testemunhas foi dada na 
sentença, formando com ela um todo inseparável, Beto não tem interesse em 
apelar. Contudo, poderá Bruno apelar e o tribunal entender ser necessária a 
ouvida para provar o alegado pelo autor [Beto], e que, sem ela, o recurso terá 
de ser provido. 
Seria injusto não dar a Beto a oportunidade de produzir a prova que 
ele requereu, e não pôde produzir. Nesses casos, o tribunal deve anular a 
sentença para determinar a produção de provas requeridas pelo autor. 
Dúvida: Por que o tribunal viria a declarar a nulidade da sentença? 
Nessa hipótese, em que o Tribunal entende ser necessária a produção de 
provas, já que os fatos narrados e documentos apresentados contemplam o 
recurso do réu, tem-se claro cerceamento de defesa do autor, em virtude do 
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julgamento antecipado. Obviamente, não haveria cerceamento de defesa se o 
Tribunal continuasse a considerar a causa favorável ao autor, porque as 
demais provas já seriam tidas por suficientes para admitir a versão do Beto. 
Assim, o processo volta ao juiz de primeiro grau para que proceda à 
produção de provas e repita a sentença. Não serão retomados os atos iniciais, 
já que o processo estará preservado até o momento de produção de provas. 
 
REGRESSIVO 
Consiste no efeito em que o próprio juiz prolator da decisão 
impugnada a reconsidera. Há autores que interpretam como efeito autônomo 
do próprio princípio devolutivo. 
Houve ampliação do juízo de retratação em relação ao Código de 
1973. Antes somente era possível nas sentenças liminares (sem a citação do 
réu), no CPC/2015, passou-se a admitir a retratação em todas as sentenças 
terminativas (sem resolução do mérito). 
Em qualquer das situações de julgamento do processo sem resolução 
do mérito, uma vez que seja interposta a apelação, o juiz terá 5 (cinco) dias 
para retratar-se (art. 485, § 7º). 
Tanto quando decidir pelo indeferimento da inicial quanto pelo 
indeferimento liminar do pedido, o juízo de retratação também será possível, a 
saber: 
Indeferimento da Petição Inicial 
Art. 331. Indeferida a petição inicial, o autor poderá apelar, facultado 
ao juiz, no prazo de 5 (cinco) dias, retratar-se. 
[...] 
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Julgamento Liminar do Pedido 
Art. 332. § 3o Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-se em 5 
(cinco) dias. 
§ 4o Se houver retratação, o juiz determinará o prosseguimento do 
processo, com a citação do réu, e, se não houver retratação, determinará a 
citação do réu para apresentar contrarrazões, no prazo de 15 (quinze) dias. 
 
TRANSLATIVO 
O efeito translativo é, em regra, próprio a todos os recursos. Ele está 
presente inclusive na apelação, permitindo ao tribunal apreciar de ofício as 
matérias de ordem pública, ainda que não suscitadas no recurso. 
Portanto, admite-se por este efeito, que o órgão destinatário do recurso 
extrapole o pedido de nova decisão em casos que o sistema processual 
autorize a análise fora das razões ou contrarrazões solicitada pelas partes, sob 
a justificativa de tratar-se de matérias de ordem pública. 
Assim, em se tratando do efeito translativo não há que se falar em 
julgamento extra, ultra ou citra petita. 
 
EXPANSIVO 
Confere, também, a possibilidade de o julgamento do recurso 
ultrapassar os limites da matéria impugnada. 
O efeito expansivo pode ser subjetivo ou objetivo. 
a) Subjetivo: somente um dos litisconsortes propõe o recurso, mas os 
demais acabam dele se beneficiando. No litisconsórcio unitário, 
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como a sentença se estende a todos, o recurso tem de ser acolhido 
em beneficio de todos. No simples, o recurso é acolhido em 
beneficio daquele que o apresentou. Porém, poderá estender-se 
aos demais, ou seja, ter efeito expansivo, quando a matéria alegada 
por um for comum aos demais. 
b) Objetivo: recorre-se apenas de uma parte da decisão, mas o 
julgamento se expande para a outra parte, com ela vinculada. 
 
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO 
Os embargos de declaração são uma das espécies de recurso 
elencadas no art. 994 do CPC/2015, utilizados para impugnação de decisão 
judicial, mas se distinguem dos demais recursos em razão de sua finalidade. 
Enquanto os recursos, em geral, submetem uma decisão a nova 
apreciação do Poder Judiciário com o fim de modificá-la, os embargos de 
declaração têm como finalidade completar a decisão, remediando vícios 
de obscuridade, contradição ou omissão. Por isso, eles são apreciados pelo 
próprio órgão que prolatou a decisão. 
 
CABIMENTO 
Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão 
judicial para: 
1 - esclarecer obscuridade ou eliminar contradição; 
2 - suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se 
pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento; 
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3 - corrigir erro material. 
Considera-se omissa a decisão que: 
I - deixe de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos 
repetitivos ou em incidente de assunção de competência aplicável ao caso sob 
julgamento; 
II - incorra em qualquer das condutas descritas abaixo: 
I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, 
sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida; 
II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo 
concreto de sua incidência no caso; 
III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra 
decisão; 
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo 
capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador; 
V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem 
identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob 
julgamento se ajusta àqueles fundamentos; 
VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou 
precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no 
caso em julgamento ou a superação do entendimento. 
 
PRAZOS 
O prazo para sua interposição, importante registrar, é de 5 (cinco) dias 
após a intimação da sentença ou acórdão. 
A interposição de embargos de declaração interrompe (na interrupção, 
a contagem do prazo é reiniciada) para todos os sujeitos processuais o prazo 
para a apresentação dos demais recursos, salvo a hipótese de 
intempestividade (de estar fora do prazo). 
A forma de interposição é: petição escrita; exceto nos Juizados 
Especiais, em que, além da forma escrita, cabe também a sustentação oral na 
audiência em que se proferiu a sentença. 
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É importante lembrar que os embargos de declaração, no âmbito dos 
Juizados Especiais, acarretam a simples suspensão do prazo para a 
interposição do recurso inominado (recurso que equivale à apelação, só que no 
âmbito do Juizado Especial). Quando apresentado o recurso principal, será 
descontado o prazo utilizado no embargo de declaração, espécie intermediária. 
 
CARACTERÍSTICAS 
São características dos embargos de declaração: a natureza jurídica de 
recurso; sujeitos à teoria geral dos recursos e aos requisitos de 
admissibilidade; espécies: embargos de declaração com efeitos modificativos e 
com efeitos infringentes. 
Outro ponto que merece ser mencionado diz respeito ao uso do 
expediente recursal para protelar o andamento processual: os recursos 
considerados protelatórios. Caso se verifique essa intenção, o magistrado 
deverá aplicar multa contra o recorrente. A multa será fixada em 1% do valor 
atribuído à causa, podendo, nos casos de reiteração, chegar até 10% do valor 
da causa. A multa deve ser, igualmente, aplicada para os sujeitos que estão 
isentos do recolhimento das custas processuais ± Ministério Público, Fazenda 
Pública e aos pobres na forma da lei. 
 
ADMISSIBILIDADE 
Os embargos de declaração deverão passar por juízo de 
admissibilidade prévio para verificar se foram preenchidos ou não seus 
requisitos de admissibilidade, para conferência de sua adequação ao caso em 
que fora utilizado. 
Poderão opor embargos de declaração qualquer das partes, os 
intervenientes, o MP, parte ou fiscal da lei e eventuais terceiros prejudicados. O 
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advogado também poderá opor em seu próprio nome, para sanar vício de 
obscuridade, contradição ou omissão que diga respeito a seus honorários. 
Eles deverão ser opostos no prazo de 5 dias, a contar da data em que 
as partes são intimadas da decisão. Quando interposto, interrompe o prazo 
para apresentação de outros recursos. O Juizado Especial, como visto em 
linhas anteriores, constitui exceção a essa regra, pois neles os embargos de 
declaração terão eficácia suspensiva sobre os demais prazos recursais ± art. 
50 da Lei nº 9.099/95. 
Os embargos de declaração não recolhem preparo. Assim, se não 
preenchidos os requisitos de admissibilidade, não serão conhecidos, e, se 
preenchidos, o julgador dará ou não provimento. 
 
FUNDAMENTOS DOS EMBARGOS 
Os embargos de declaração têm como fundamentos a declaração de 
existência de obscuridade, contradição ou omissão na decisão (art. 1.022 do 
CPC/2015). 
O embargo é cabível contra vício presentena decisão, porém não há 
obrigatoriedade de qualificação precisa do vício; assim, os fundamentos que 
comportam a previsão de embargos são: 
a) Obscuridade: é quando o ato não é claro, impedindo o destinatário 
de entender o teor ou alcance da decisão. Logo, sempre que a decisão for 
ambígua, contiver vícios de linguagem, expressões erradas ou outros 
problemas que impeçam a compreensão, caberá embargo. 
b) Contradição: ocorre quando a decisão não é coerente. Ela é 
conflitante em si mesma, apresentando afirmações que se rechaçam ou se 
anulam. Frise-se que a decisão que se contradiz é também obscura. 
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A contradição pode ocorrer, nos acórdãos ou sentenças, entre duas ou 
mais partes da fundamentação, entre a fundamentação e o dispositivo ou entre 
duas ou mais partes do dispositivo. E no caso dos acórdãos ela pode ocorrer 
entre a ementa e o conteúdo. 
c) Omissão: ocorre quando o juiz deixa de emitir suas considerações 
sobre algo relevante para o processo. Isso não quer dizer que o juiz deva 
apreciar todas as questões suscitadas pelas partes em cada pequeno detalhe, 
mas somente aquelas que forem relevantes para o julgamento. Nesse sentido: 
³Não há omissão na decisão judicial se o fundamento nela acolhido 
prejudica a questão da qual não tratou´��57-������������'HVVH�PRGR��VH�XPD�
decisão não trata, de maneira expressa, de tema relevante suscitado, mas seu 
entendimento leva ao entendimento de que ele foi admitido ou inadmitido, 
completo está o conteúdo da decisão, não se devendo falar em omissão. 
A omissão da sentença, quando não suprida pelos embargos, poderá 
ensejar nulidade, e caberá à parte que não embargou apelar para anulá-la. 
Porém, se todos os elementos constarem nos autos, o tribunal poderá apreciar 
o que tiver sido omitido pela instância inferior, sem que seja anulado o julgado 
(CPC/2015, art. 1.013,§ 3°). 
 
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO COM EFEITO INFRINGENTE 
Infringente vem do verbo infringir [que significa: postergar, quebrantar, 
transgredir, violar (leis, ordens, tratados) ± dicionário Michaelis]. 
Ao acolher um embargo, pode acontecer, excepcionalmente, de o juiz 
modificar a decisão ou o resultado do julgamento; assim, o art. 494, II, do 
CPC/2015 admite que publicada a sentença, o juiz possa alterá-la via 
embargos de declaração. Essa possibilidade foi contemplada porque sanar o 
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vício da decisão, relativo a omissão, contradição ou obscuridade, pode levar a 
sua alteração. 
Em regra, para que os embargos tenham eficácia modificativa, é 
necessário que a sentença tenha sido omissa ou obscura, nesse sentido a 
seguinte decisão: ³Embargos declaratórios não podem conduzir a novo 
julgamento, com reapreciação do que ficou decidido. Não há óbice, entretanto, 
a que o suprimento de omissão leve a modificar-se a conclusão do julgado´�
(RSTJ, 103:187). 
Contudo, em situações nas quais a decisão tem revelado erro material 
ou erro de fato verificável de plano, têm-se também admitido a oposição dos 
HPEDUJRV�FRP�ILQDOLGDGH�LQIULQJHQWH��1HVVH�VHQWLGR��³Doutrina e jurisprudência 
têm admitido o uso de embargos declaratórios com efeitos infringentes do 
julgado, mas apenas em caráter excepcional, quando manifesto equívoco e 
não existindo no sistema legal outro recurso para correção do erro cometido´�
(STJ, 4ª Turma, REsp 1.757-SP, rel. Min. Sálvio Figueredo). 
Assim, embora os embargos de declaração não oportunizem ao juiz 
sua mudança de convicção, reexame da prova, ou nova análise do direito 
aplicável, eles envolvem duas hipóteses em que podem ter efeito 
infringente: 1) quando cumprem sua finalidade de solucionar vícios de 
obscuridade, contradição ou omissão e implicam a alteração do que foi 
decidido, ou 2) quando opostos para sanar erros materiais ou de fato. 
 
EFEITOS DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO 
Os embargos de declaração não têm efeito suspensivo, mas 
interrompem o prazo para a interposição de recurso. Não confundam, portanto, 
o efeito suspensivo (que suspende os efeitos da decisão judicial atacada), com 
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a interrupção (fenômeno que reinicia a contagem do termo temporal) dos 
prazos para a interposição de recurso. Contudo, a inexistência de efeitos 
suspensivos dos embargos de declaração não viabiliza o cumprimento 
provisório da sentença nas situações em que a apelação tenha efeito 
suspensivo (enunciado nº 218 do FPPC). Ou seja, os embargos de declaração 
não suspendem os efeitos suspensivos advindos de outro recurso. 
É inerente aos embargos de declaração o efeito devolutivo. O efeito 
devolutivo possibilita, pela devolução ao julgador, a apreciação daquilo que for 
objeto do recurso, ficando o reexame restrito à contradição, obscuridade, 
omissão ou erro material apontado nos embargos. 
 
APELAÇÃO 
Recurso aplicado à sentença terminativa ou definitiva (mérito), 
dirigida ao juiz responsável pelo julgamento da causa, no prazo de 15 dias a 
contar da intimação da decisão ± art. 224, CPC/2015. Isso é a regra, a exceção 
diz respeito ao Ministério Público, à Fazenda Pública, aos pobres na forma 
da lei, representados nos autos por defensor dativo, e litisconsortes com 
diferentes procuradores, que terão o dobro do prazo para apresentação do 
recurso. 
Art. 224. Salvo disposição em contrário, os prazos serão contados 
excluindo o dia do começo e incluindo o dia do vencimento. 
§ 1º Os dias do começo e do vencimento do prazo serão protraídos 
para o primeiro dia útil seguinte, se coincidirem com dia em que o expediente 
forense for encerrado antes ou iniciado depois da hora normal ou houver 
indisponibilidade da comunicação eletrônica. 
§ 2º Considera-se como data de publicação o primeiro dia útil seguinte 
ao da disponibilização da informação no Diário da Justiça eletrônico. 
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§ 3º A contagem do prazo terá início no primeiro dia útil que seguir ao 
da publicação. 
Os requisitos a serem preenchidos pela apelação estão dispostos no 
art. 1.010, CPC/2015: a apelação, interposta por petição dirigida ao juízo de 
primeiro grau, conterá: 
1- os nomes e a qualificação das partes; 
2- a exposição do fato e do direito; 
3- as razões do pedido de reforma ou decretação de nulidade; 
4- o pedido de nova decisão. 
 
Apelação é o recurso que cabe contra a sentença ou que ponha fim ao 
processo ou à fase de conhecimento, é um dos instrumentos mais 
utilizados um dos mais importantes do ordenamento jurídico. Quem apela 
quer a reforma ou anulação da sentença por um órgão superior àquele que 
a proferiu. As sentenças proferidas podem ser impugnadas em todos os 
tipos de processo, nos de conhecimento, nos de execução. Não cabe 
apelação contra a sentença proferida nos embargos de pequeno valor e 
contra a que decreta falência. 
A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria 
impugnada, sendo, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal 
todas as questões suscitadas e discutidas no processo (ampliando-se o objeto 
de análise),ainda que não tenham sido solucionadas, desde que relativas ao 
capítulo impugnado. Esse é o motivo pelo qual, se o pedido ou a defesa tiver 
mais de um fundamento e o juiz acolher apenas um deles, a apelação 
devolverá ao tribunal o conhecimento dos demais. 
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Se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o tribunal 
deve decidir desde logo quando: 
I - reformar sentença fundada no art. 485, relativo a sentenças 
proferidas sem resolução de mérito; 
II - decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente 
(correspondente/coerente) com os limites do pedido ou da causa de pedir; 
III - constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em 
que poderá julgá-lo; 
IV - decretar a nulidade de sentença por falta de fundamentação. 
Quando reformar sentença que reconheça a decadência ou a 
prescrição, o tribunal, se possível, julgará o mérito, examinando as demais 
questões, sem determinar o retorno do processo ao juízo de primeiro grau. 
Vale destacar, também, que o capítulo da sentença que confirma, 
concede ou revoga a tutela provisória é impugnável na apelação. 
E, por último, as questões de fato não propostas no juízo inferior 
poderão ser suscitadas na apelação, se a parte provar que deixou de fazê-lo 
por motivo de força maior. 
 
APELAÇÃO DE SENTENÇA DE INDEFERIMENTO DA INICIAL 
Há casos em que o juiz extingue o processo antes de determinar a 
citação do réu. Indeferida a petição inicial, o juiz põe fim ao processo, por 
sentença, impugnável por apelação. Indeferida a petição inicial, o autor 
poderá apelar, facultado ao juiz, no prazo de 5 (cinco) dias, retratar-se. 
(CPC/2015, art. 331). 
 Se não houver reforma da decisão, o juiz encaminha os autos ao 
tribunal competente e o recurso processa-se e é julgado sem a participação do 
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réu. Não há ofensa ao contraditório porque o processo está na fase inicial, na 
qual a citação ainda não foi deferida. Se ao recurso for dado provimento, o réu 
será citado e poderá apresentar sua defesa. 
A petição inicial é indeferida com resolução de mérito quando, de 
plano, verifica-se ter havido decadência do direito, ou prescrição. Nesses 
casos, chegou-se a sustentar que haveria necessidade de citar o réu para 
responder à apelação, pois se o recurso for provido, o tribunal estará 
afastando, sem ouvir o réu, matéria de mérito; ainda que, em tese, benéfica a 
ele. Entendimento que não prevaleceu. 
Vale destacar que o Novo CPC extinguiu o instituto da súmula 
impeditiva de recurso, viabilizada pelo antigo artigo 518 §1º, do CPC/73. 
Considerava-se essa súmula uma espécie de requisito de admissibilidade da 
apelação. Se uma apelação não era recebida porque por meio dela se 
pretendia impugnar uma sentença que está em conformidade com alguma 
súmula dos tribunais superiores, o que se exigirá do órgão julgador é uma 
análise do conteúdo do recurso à luz do teor da sentença, ou seja, julgamento 
com análise de mérito. O instituto não foi bem aceito pela comunidade jurídica 
e não foi mantido pelo Novo CPC. 
 
POSSIBILIDADES DE INOVAR NA APELAÇÃO 
No julgamento de apelação não se pode apreciar questão nova, 
que não tenha sido suscitada no curso do processo de conhecimento. 
Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas as 
questões suscitadas e discutidas no processo, ainda que a sentença não 
as tenha julgado por inteiro. Percebam que há, portanto, uma limitação: as 
questões que não foram trazidas para o processo antes da sentença, não 
poderão ser discutidas na fase recursal, salvo no caso do artigo 462. 
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Art. 462. Se, depois da propositura da ação, algum fato constitutivo, 
modificativo ou extintivo do direito influir no julgamento da lide, caberá ao juiz 
tomá-lo em consideração, de ofício ou a requerimento da parte, no momento de 
proferir a sentença. 
O dispositivo considera o momento de proferir a sentença como o limite 
para ter em consideração fato constitutivo, modificativo ou extintivo do direito; 
mas a previsão do artigo 462 se estende a momento posterior à prolação de 
sentença, podendo ser aduzido por Tribunal. Nesse sentido, o STJ julgou: 
Ocorrendo fato superveniente que possa influir na solução do litígio, 
cumpre ao Tribunal tomá-lo em consideração no julgamento que lhe está afeto. 
A regra do "ius superveniens" dirige-se também ao juízo de segundo grau, pois 
a tutela jurisdicional deve compor a lide tal como se apresenta no momento da 
entrega (art. 462 do CPC) [...]. (51811 SP 1994/0023131-8, Relator: Ministro 
BARROS MONTEIRO, Data de Julgamento: 02/11/1998, T4 - QUARTA 
TURMA) 
Assim, a regra do art. 462 do CPC é extensível ao tribunal, se o fato é 
superveniente à sentença. Ressalte-se, ainda, que a prescrição pode, 
também, ser alegada em apelação (art. 193. CC). A prescrição pode ser 
invocada em qualquer grau de jurisdição pela parte a quem aproveita, desde 
que não tenha sido alegada e nem reconhecida pelo juiz anteriormente. Mesmo 
que não alegada no recurso, pode ser conhecida de ofício pelo tribunal. 
 
PROCESSAMENTO DA APELAÇÃO 
A apelação é interposta em primeiro grau e colocada nos autos. 
Uma vez preenchidos os requisitos, o juiz a recebe e declara seus efeitos. 
Determina a intimação da outra parte para que apresente as contrarrazões. 
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Conforme o CPC/2015 o juízo a quo visa a garantir o contraditório por 
meio da intimação do recorrido para apresentar contrarrazões no prazo de 15 
dias, assim como será oportunizado ao recorrente o momento de responder, no 
mesmo prazo, diante da hipótese de interposição de apelação na forma 
DGHVLYD��DUW���������†�ž���1D�VHTXrQFLD��FRQIRUPH�†��ž�GR�DUW���������³RV�DXWRV�
serão remetidos ao tribunal pelo juiz, independentemente de juízo de 
DGPLVVLELOLGDGH�´�1mR�RFRUUH�PDLV��SRUWDQWR��o duplo juízo de admissibilidade 
na apelação. 
Recebido o recurso de apelação no tribunal e distribuído 
imediatamente, o relator: 
I - decidi-lo-á monocraticamente apenas nas hipóteses: 
Art. 932. Incumbe ao relator: [...] 
III - não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não 
tenha impugnado especificamente os fundamentos da decisão recorrida; 
IV - negar provimento a recurso que for contrário a: 
a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de 
Justiça ou do próprio tribunal; 
b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior 
Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; 
c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas 
repetitivas ou de assunção de competência; 
V - depois de facultada a apresentação de contrarrazões, dar 
provimento ao recurso se a decisão recorrida for contrária a: 
a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de 
Justiça ou do próprio tribunal; 
b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior 
Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; 
c) entendimento firmado em incidente de resolução

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