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Capacidades Motoras

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Universidade Católica do Salvador – Treinamento Desportivo – Prof. Marcelo Affonso
QUALIDADES FÍSICAS OU CAPACIDADES MOTORAS?
O papel de qualquer Comissão Técnica competente e responsável, é verificar quais os métodos de treinamento que deverão ser utilizados no processo de treino. Estes objetivos devem ser fundamentados numa lógica científica, com base nos conhecimentos téoricos do Treinamento Desportivo, da Fisiologia do Exercício e da Biomecânica. Convém ressaltar que na literatura disponível, infelizmente ou felizmente, ainda divergem nas classificações, definições, cada uma seguindo um critério organizacional, apesar de que, na maioria das vezes esbarram no final em um mesmo raciocínio metodológico. No Brasil, a mais conhecida e usada, foi apresentada por Gomes Tubino (1979) a partir de uma concepção da Escola de Educação Física do Exército, que foi adaptada por Dantas (2003), onde existe uma apreciação das Qualidades Físicas ou tambem chamadas de Capacidades Físicas ou mesmo Valências Físicas, sendo divididas em:
- Qualidades de Forma Física: Prepoderantemente desenvolvidas e obtidas por meio de treinamento.
- Qualidades de Habilidades Motoras: Qualidades Inatas, normalmente derivadas da combinação de mais de uma qualidade de forma física.
	A tabela abaixo apresenta os parâmetros da forma física e das habilidades motoras, sugerida por Dantas (2003):
	QUALIDADES DE FORMA FÍSICA
	QUALIDADES DE HABILIDADE MOTORA
	Força Dinâmica
	Coordenação
	Força Estática
	Descontração Total
	Força Explosiva
	Descontração Diferencial
	Resistência Aeróbia
	Agilidade
	Resistência Anaeróbia
	Velocidade de Reação
	Resistência Muscular Localizada
	Velocidade de Movimento
	Flexibilidade Estática
	Equilíbrio Estático
	Flexibilidade Dinâmica
	Equilíbrio Dinâmico
	
	Equilíbrio Recuperado
	Para se poder identificar as qualidades físicas intervenientes em um desporto, necessita-se saber o que significa, exatamente, cada uma delas. A definição de cada valência é a seguinte:
Força Dinâmica: Tipo de qualidade na qual a força muscular se diferencia da resistência produzindo movimento.
Força Estática: Ocorre quando a força muscular se igulaa à resistência não havendo, portanto, moviemento.
Força Explosiva (ou Potência): É a conjugação da força com a velocidade; pode-se apresentar com predominância de força (exemplo: levantamentos olímpicos) ou com preponderância de velocidade (exemplo: arremesso de dardo). Não é classificada como qualidade física derivada, por apresentar especificidade na metodologia de treinamento. Tem uma participação tão importante nos desportos que a habilita a ser considerada dentre as qualidades da forma física.
Resistência Aeróbia: É aquela cuja principal caracterísitica é apresentar uma intensidade pequena e um volume grande, ou seja, um longo tempo de execução da atividade. É de manifestação global do organismo.
Universidade Católica do Salvador – Treinamento Desportivo – Prof. Marcelo Affonso
Resistência Anaeróbia: É aquela observada na realização de exercícios de alta intensidade e por consequência, de pequena duração. Ocorre também de forma sistêmica.
Resistência Muscular Localizada (RML): Observa-se ao nível muscular ou de grupo muscular e refere-se à capacidade deste grupo ou músculo de suportar repetidas contrações.
Flexibilidade: Qualidade Física expressa pela maior amplitude possível do movimento voluntário de uma articulação ou combinações de articulações num determinado sentido, dentro dos limites morfológicos e sem provocar lesão.
Coordenação: Capacidade de realizar movimentos de forma ótima, com o máximo de eficácia e de economia de esforços. Mente e corpo propiciando a combinação motora que permitirá a realização de uma série de movimentos com o máximo de eficiência e economia.
Descontração Total: Quando o relaxamento da musculatura esquelética acontece em nível global.
Descontração Diferencial: Quando o relaxamento da musculatura ocorre durante o movimento. Nesta situação pode-se observar o músculo agonista realizando um trabalho, ao passo que o antagônico se encontra descontraído. Essa qualidade física é, basicamente, fruto de uma conscientização motórica.
Agilidade: Valência Física que possibilita mudar a posição do corpo ou a direção do movimento no menor tempo possível.
Velocidade de Reação: Observada entre um estímulo e uma respota correspondente (exemplo: tiro e partida).
Velocidade de Movimento: Expressa pela rapidez de execução de uma contração muscular.
Equilíbrio Dinâmico: É aquele mantido durante o movimento.
Equilíbrio Estático: É o observado em repouso.
Equilíbrio Recuperado: É o que se situa no ponto em que ocorre a transição entre o repouso e movimento, ou o movimento e o repouso.
Obs.: Pode-se denominar de qualidades físicas derivadas, oriundas da combinação de mais de uma qualidade, como por exemplo:
VELOCIDADE DE DESLOCAMENTO= Velocidade de Movimento + Flexibilidade Dinâmica (Amplitude de Passada)
RESISTÊNCIA DE VELOCIDADE= Velocidade de Movimento + Resistência Anaeróbia
RESISTÊNCIA MUSCULAR LOCALIZADA (R.M.L)= Força Dinâmica + Resistência Anaeróbia
	Oriundo de uma literatura mais atual, Barbanti (2010), seguindo o estudo do alemão Gundlach (1968), utiliza o termo “Capacidades Motoras”, para substituir a universalmente usada “Qualidades Físicas” e para definir didaticamente os conceitos básicos do movimento na Educação Física e no Esporte. O mesmo define “Capacidades” como elementos essenciais para o rendimento motor, indicando uma medida de potencial, ou seja, qualquer atleta nasce com uma certa quantidade determinada geneticamente, que irá influenciar diretamente no desempenho individual, mas ainda um valor modelável e treinável. Quando vemos um movimento, como por exemplo o ataque no voleibol, observamos mudanças de posição no espaço e no tempo produzidas pela aplicação de forças, mas não vemos força nem velocidade; o que observamos é o aspecto exterior do movimento. 
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Porém a “Habilidade”, é uma forma de movimento específico, como tocar piano, dançar, sendo dependente de experiências anteriores e da automotização com a repetição do gesto, ela precisa ser aprendida e desenvolvida. Magill (1989) definiu habilidade motora como um “ato ou tarefa que requer movimento e deve ser aprendido a fim de ser executado corretamente”. Uma Técnica Esportiva é uma habilidade motora! Singer (1977) definiu habilidade motora como um “ ato específico, um movimento preterminado”. Ou seja, a habilidade é desenvolvida por meio da prática e depende de capacidades subjacentes. Para que qualquer atividade motora possa ser executada com êxito, necessita-se das capacidades motoras, e, no esporte, o desenvolvimento do rendimento está intimamente ligado ao desenvolvimento das diferentes capacidades motoras. Em 1968, Gundlach propôs uma classificação que as divide em 2 grupos fundamentais: as capacidades condicionais e as capacidades coordenativas.
CAPACIDADES MOTORAS
 Expressão Motora
FLEXIBILIDADE:
- 
Estática
- 
Dinâmica
VELOCIDADE:
- 
Reação
- 
Locomoção ou Cíclica
- Execução ou Acíclica
 Reação Motora
 Controle Motor
 Coordenação Motora
 Ritmo
 Antecipação
 Representação
 Observação
FORÇA:
- 
Máxima
- 
Rápida
- Resistência
Diferenciação Sensorial SCOORDENATIVAS
RESISTÊNCIA:
- Aeróbia
- Anaeróbia
CAPACIDADES COORDENATIVAS
CAPACIDADES CONDICIONAIS
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CAPACIDADES CONDICIONAIS
	São fundamentadas na eficiência do metabolismo energético. Elas são determinadas pelos processos que conduzem à obtenção e à transformação de energia, isto é, pelos processos metabólicos nos músculos e sistemas orgânicos. Elas são basicamente três: a capacidade de força, a capacidade de resistência e a capacidade de velocidade. 
	A flexibilidadetambém foi classificada como uma capacidade motora condicional, apesar de não seguir corretamente as regras desta classificação, mas isto ainda é motivo de discussão. O mesmo acontece com a capacidade de velocidade, que é classificada como capacidade motora condicional, mas que também depende fundamentalmente dos processos do sistema nervoso central, sendo portanto, para alguns autores, uma capacidade intermediária entre condicional e coordenativa.
FORÇA MOTORA
	Quando se usa o conceito de força na educação física e no esporte, precisa-se distinguir a força como grandeza física e a força como capacidade de executar movimentos. 
Como Grandeza Física:
Segundo a lei de Newton (F=m.a), tendo como unidade de medida da força, o Newton(N), que equivale a uma força constante que produz a aceleração de 1kg de massa em 1 segundo, desde o estado de repouso até a velocidade de 1m/s.
Como Capacidade Motora:
	Se o conceito de força se referir ao movimento, pode-se distinguir a Força Interna, produzida pelos músculos e tendões, e a Força Externa, que age externamente ao corpo humano, por exemplo, a gravidade, o atrito, a resistência do ar, a oposição exercida por adversário ou um peso que se queira levantar.
“Força é a característica humana com a qual se move uma massa (o próprio corpo, ou um implemento esportivo), sua capacidade de dominar ou reagir a uma resistência (oposição) pela ação muscular” (Meusel,1969).
 Existem vários conceitos, definições para a força motora, porém, há pelo menos o consenso de que ela é conseqüência de uma interação complicada entre elementos neuromusculares, Enoka,1988 caracterizou estes elementos como Fatores Neurais, Musculares e Mecânicos.
Fatores Neurais: Ativação Seletiva de Unidades Motoras, Sincronização, Ativação Seletivas dos Músculos, Freqüência aumentada de descarga dos impulsos nervosos, aumento do reflexo potencial, recrutamento aumentado de unidades motoras e aumento da co-contração dos antagonistas.
Fatores Musculares: Tamanho dos músculos, representado pela área transversal e pelo comprimento do músculo.
Fatores Mecânicos: A força exercida sobre uma sobrecarga depende do torque que atua no sistema, especialmente o torque muscular, os fatores mecânicos incluem os momentos e as alavancas associadas com as diferentes forças. 
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FORMAS DE MANIFESTAÇÃO DA FORÇA
	A literatura recomenda a subdivisão da força motora em Força Máxima, Força Rápida e Força Resistente (ou Resistência de Força). Todas elas dependem, em grande medida, do potencial de força disponível, ou seja, da Força Máxima. Por exemplo, as pessoas “normais” (não submetidas a treinamento) só são capazes de ativar voluntariamente cerca de 70% do potencial de força disponível, que é chamada de Força Absoluta. A força que não é ativada voluntariamente chama-se reserva autônoma, e o limite de força alcançável voluntariamente denomina-se limiar de mobilização. Estas reservas de força podem ser ativadas mediante fatores emocionais (medo, hipnose) ou por eletroestimulação. Assim a Força Absoluta é a força que desenvolve um músculo submetido à máxima estimulação elétrica e m condições isométricas. 
FORÇA MÁXIMA
	A teoria do treinamento estabelece distinções dentro da Força Máxima de acordo com os tipos de trabalho (o de superar, manter ou ceder a uma oposição) e com os tipos de ações musculares que acompanham esses trabalhos (concêntrica, isométrica e excêntrica).
	Os valores de Força Máxima Concêntrica (Dinâmica) situam-se entre 5 e 20% abaixo dos valores de Força Máxima Isométrica (Estática). Quanto maior o estado de treinamento e do nível de força, menor a diferença entre a Força Máxima Concêntrica e a Isométrica.
	Em resumo, pode-se afirmar que, mediante uma ação voluntária, só é possível mobilizar uma parte do total de força disponível, e, com isso, a Força Máxima está condicionada pela parte voluntariamente ativável da Força Absoluta.
CAPACIDADE DE 
FORÇA MÁXIMAA Força Máxima depende da quantidade de massa muscular, da capacidade de ativação da vontade e, possivelmente, da qualidade da musculatura.
CAPACIDADE DE ATIVAÇÃO DA VONTADE
QUALIDADE MUSCULAR
MASSA MUSCULAR
Sabe-se que a máxima força que um músculo pode desempenhar é diretamente relacionada à sua área transversal, porém há uma correlação muito baixa entre a melhora da força e o tamanho muscular. Esta dissociação entre a melhora da força e o tamanho ocorre porque a força não é somente uma propriedade do músculo; ao contrário, ela é considerada uma propriedade do sistema motor.
“A força pode ser aumentada sem nenhuma mudança no tamanho do músculo”...Embora já exista uma síntese de proteína após só uma sessão de treinamento de musculação, as mudanças visíveis da hipertrofia muscular não são observáveis até a 8ª semana de treinamento (Staron et al., 1994).
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FORÇA RÁPIDA
É importante lembrar que as adaptações do treinamento são específicas ao exercício aplicado. Um treinamento de força com cargas elevadas, como utilizado pelos fisioculturistas para conseguir hipertrofia muscular, resulta na melhora da força máxima, mas sem nenhuma mudança na produção de POTÊNCIA MUSCULAR.
A Força Rápida é a capacidade de produzir força com velocidade ótima. Matin et AL (2001) equiparam a Força Rápida com a velocidade de produção de força e sugerem que os rendimentos de Força Rápida nos esportes objetivam, acima de tudo, alcançar uma velocidade final máxima sobre uma trajetória dada de aceleração.
Assim, aquisição de Força Máxima com o objetivo de aplicá-la nos esportes não pode ser como no treinamento dos fisioculturistas, mas sim da maneira como treinam os levantadores de peso ou os praticantes do levantamento básico.
DIFERENTES MANIFESTAÇÕES DA FORÇA...DIFERENTES TIPOS DE TREINOS...
 
Como POTÊNCIA MUSCULAR é produto da força pela velocidade e o treinamento causa melhora da força (pelo aumento da área transversal das fibras musculares), então este treinamento deve resultar numa diminuição da velocidade máxima quando o músculo se encurta. Essa redução da velocidade pode ser explicada pela diminuição no comprimento efetivo das fibras musculares. 
A maioria dos esportistas não depende tanto de altas expressões da força, mas de força que seja produzida com elevada rapidez. Em que pese sua importância, a Força Rápida apresenta muitas discrepâncias e isso, em parte, é devido aos diferentes modelos de explicação que lhe servem de base. Inúmeros autores consideram a Força Rápida como capacidade de desenvolver valores elevados de força por unidade de tempo, pela qual ela é definida como o quociente obtido pelo valor da força máxima e o tempo necessário para atingir esse valor. Esta capacidade também foi chamada de FORÇA EXPLOSIVA por Verkhoshanski(1996), Buhrle(1989) e outros que a consideram um componente da força rápida. A terminologia americana chama de TAXA DE PRODUÇÃO DE FORÇA, o que significa taxa, proporção de desenvolvimento ou produção de força em relação ao tempo. Enquanto a Força Máxima aumenta com o aumento da sobrecarga (tensão), a Força Rápida é o produto da força pela velocidade, portanto, certa combinação dessas variáveis traz seu melhor rendimento. 
No Treinamento Desportivo, fala-se em força rápida quando se trata de acelerar em grande medida o próprio corpo, parte dele ou os aparelhos esportivos. A intensidade da aceleração é determinada tanto pela força desenvolvida como pela massa do corpo ou do aparelho submetido a tal aceleração. Assim, a aceleração (a) equivale a o quociente da força (F) pela massa (m): a=F/m. Então, o comportamento da aceleração frente a pesos leves também é determinado pela Força Máxima, com a condição de que a Força (f) depende sempre do potencial da Força Máxima. De fato, a força pode ser tanto maior quanto maior for a massa. 
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Durante uma atividade motora, a energia bioquímica obtida pelos sistemas corpóreos, é transformada através dos músculos em energia mec ânica e conseqüentemente em energia térmica (calor...). A quantidade de trabalho produzido na unidade de tempo somada à quantidade de calor desenvolvida corresponde ao RENDIMENTO MUSCULAR FISIOLÓGICO (Martin et al., 2001). Do ponto de vista mecânico, TRABALHO é igual ao produto da força aplicada a um corpo pela distância que percorre na direção de sua aplicação. 
O trabalho é medido em Newton x metros (N.M) ou em Joules (J).
W= F x D	W= Trabalho; F= Força; D= Distância
Para o Treinamento Desportivo, é essencial o conceito de POTÊNCIA (Rendimento Mecânico), que é o trabalho por unidade de tempo, ou seja, a força multiplicada pela distância dividida pelo tempo.
P= F x (d/t)	P= Potência; D= Distância; T= Tempo
Como distância(espaço) sobre tempo (d/t) equivale a velocidade, então o rendimento mecânico (POTÊNCIA) pode ser definido também como produto da força pela velocidade. A potência se expressa em Watts ou Joules/segundo.
P= F x V		P= Potência; F= Força; V= Velocidade
	O produto da força pelo tempo (F x t) denomina-se impulso e mede-se em Newton/segundo (N/s). Graficamente o impulso é representado como uma superfície abaixo da linha da função força-tempo.
				GRÁFICO DA RELAÇÃO FORÇA-VELOCIDADE e FORÇA RÁPIDA-VELOCIDADE 
		 Força
1 – Curva Força-Velocidade
2 – Curva Força Rápida-Velocidade		 	
		 			
		 		
			 		 		 2
 Velocidade
Fonte: Retirado de Barbanti,2010, Treinamento Desportivo - Ed.Manole
	Buhrle (1989) denomina Índice de Força Rápida o coeficiente ente o valor máximo da força e o tempo máximo necessário para o valor da Força Máxima ser atingido (IFR=Fmáx/tmáx).
	A Força Máxima exige muito tempo para ser atingida (mais de 700 milésimos de segundo), então ela quase nunca é atingida na maioria das ações esportivas, nas quais o tempo disponível, em geral, é por volta de 250 milésimos de segundo. É neste período muito curto que se manifestam as maiores expressões da Força Explosiva. Aqui, a Força Explosiva (ou taxa de produção de força) é máxima (FE=∆F/∆t).
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Schmidtbleicher (1992) descreve outra manifestação da força com base no critério de tempo, chamada Força Inicial. Ela é definida pela capacidade de desenvolver a mais alta expressão da força nos momentos iniciais (30 ms) da tensão muscular. A Força Inicial é avaliada pelo maior valor da força que é alcançada nos primeiros 30 milissegundos. 
Quando a resistência externa a ser vencida é muito pequena (inferior a 25% da força) e o movimento a ser realizado é balístico, o fator predominante é a Força Inicial. Ela é importante para os esportes em que as ações motoras são de grande velocidade inicial, como esgrima, boxe ou karatê, em que o sistema neuromuscular tem de acelerar o mais rapidamente possível, a partir de zero (FI=F30).
	O termo “Balístico” refere-se à técnica na qual a sobrecarga (p.ex, um peso ou o próprio corpo) é projetada ou solta no final da fase concêntrica. “Balístico implica aceleração em alta velocidade com projeção no espaço livre.” A palavra é pertinente ao movimento de projéteis, que é acelerado e depois atua somente por forças gravitacionais e pelas forças do meio ambiente por meio do qual eles passam. Exercícios balísticos parecem um estímulo ideal para o desenvolvimento da Força Rápida.
	CURVA FORÇA-TEMPO DA CAPACIDADE DE FORÇA RÁPIDA., RETIRADO DE BARBANTI, 2010, ADAPTADO DE BUHRLE,1989
		 Força
		 	
		 			
		 			 ∆F		FORÇA EXPLOSIVA (FE) = ∆F/∆t
					∆t 	 Fmáx	ÍNDICE DE FORÇA RÁPIDA (IFR) = Fmáx/tmáx
			 		
				 F30 
					 tmáx			 
			30 ms
		
FATORES DETERMINANTES DA 
CAPACIDADE DE 
FORÇA RÁPIDA
CAPACIDADE DE CONTRAÇÃO MÁXIMA
CAPACIDADE DE FORÇA MÁXIMA
FORÇA RESISTENTE
	Quase todos os conceitos de força resistente ou resistência de força baseiam-se na proposição de Harre (1970): “a capacidade do organismo para resistir à fadiga em rendimentos de força prolongados”. Outros autores apenas agregaram certos significados, como “a capacidade de manter os rendimentos de força por um período que determina a duração da competição” (Letzelter, 1978). Para o rendimento da força resistente, a primeira característica é a superação de uma carga, e isto depende da força máxima. A duração da superação da carga depende dos rendimentos metabólicos dos músculos. Isso a torna diferente de outras manifestações da força motora. Aqui, o decisivo é repetir uma determinada quantidade de rendimento muscular em uma tarefa motora específica (como no boxe, no remo, na canoagem ou nas provas do programa “Homens mais fortes do mundo”).
 
Universidade Católica do Salvador – Treinamento Desportivo – Prof. Marcelo Affonso
FATORES DETERMINANTES DA FORÇA RESISTENTE
RENDIMENTO METABÓLICO DO MÚSCULO
CAPACIDADE DE FORÇA MÁXIMA
GRÁFICO DA RELAÇÃO FORÇA-RESISTÊNCIA
		 Força
		 	
		 			
		 A FORÇA		
			 C		RESISTÊNCIA DE FORÇA
					 B RESISTÊNCIA 
								 Resistência
Fonte: Retirado de Barbanti,2010, Treinamento Desportivo - Ed.Manole
FORÇA ATIVA ≠ FORÇA REATIVA
FORÇA ATIVA 
A força ativa é o efeito da força produzida por um ciclo simples de trabalho muscular, ou seja, aquele do encurtamento da parte contrátil. O encurtamento é realizado com o músculo em perfeito estado de inércia (parado). Por exemplo, ao segurar um peso com uma mão e arremessá-lo de uma posição parada por uma ação de encurtamento do tríceps braquial e músculos sinergistas. O encurtamento do tríceps braquial provoca a extensão do cotovelo. Também uma extensão dos joelhos (como num salto), saindo de uma posição imóvel de semiagachamento, a cargos dos músculos extensores. A força ativa se expressa por:
Força Máxima Dinâmica;
Força Explosiva;
Por Força Máxima Dinâmica, entende-se a força que supera, sem limite de tempo, a maior
sobrecarga possível, com só um movimento. Ela é dinâmica não porque o movimento é veloz, mas por se contrapor à força estática (Isométrica), na qual não há movimento. Por exemplo, quando se realiza uma repetição máxima (1RM) no exercício de supino.
	A Força Explosiva é aquela que se expressa com uma ação de contração o mais potente possível, como se fosse uma “explosão”, para produzir a maior velocidade possível, partindo de uma situação de imobilidade do segmento propulsivo. Essa força se evidencia na saída do bloco dos velocistas.
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FORÇA REATIVA
	Buhrle (1989) define a Força Reativa como a capacidade de desenvolver um impulso elevado dentro do ciclo muscular alongamento-encurtamento (CMAE) de uma cadeia muscular. O CMAE compreende a combinação de uma ação excêntrica e uma concêntrica. A capacidade de força reativa depende da força máxima e da capacidade de contração rápida (velocidade de produção da força) dos músculos envolvidos no movimento, além da capacidade de tensão reativa, que é a capacidade de manter a tensão muscular frente a sobrecargas de alongamento no ciclo de alongamento-encurtamento.
	A utilização do CMAE é muito importante para o desenvolvimento da força reativa. Dado que o pré-alongamento é um aspecto inerente a muitas atividades esportivas que usam corridas, saltos e lançamentos, o uso de exercícios que incluem o CMAE é fundamental para a melhora do rendimento. Primeiro, porque o uso do CMAE permite obter maiores valores de força rápida e, segundo, a velocidade e a aceleração dos movimentos do CMAE simulam de forma mais próxima os movimentos que ocorrem durante as ações esportivas (longos períodos de aceleração e altas velocidades) e também em muitasatividades do dia a dia. Toda vez que a força rápida precisa se desenvolver de modo explosivo (como é obrigada nas formas de movimentos reativos), a força reativa é uma “capacidade motora autônoma” com importância numa perspectiva metodológica do treinamento, ou seja, que precisa ser treinada separadamente.
	A Força Reativa é um produto de um “Ciclo Duplo” de trabalho muscular: o de alongamento-encurtamento (CMAE). Exemplo deste ciclo é quando efetuamos um salto para o alto (vertical) partindo da posição ereta, que é realizado em conseqüência de uma rápida flexão dos joelhos (contramovimento), portanto uma ação de descer, contrária ao salto, e em seguida se realiza uma inversão rápida no sentido do movimento por ação da extensão dos joelhos. Na fase final do contramovimento (ação de descida), evidencia-se uma tensão muscular (alongamento ativo) que opõe à ação de descida completa dos joelhos causada pela energia cinética desenvolvida na descida rápida (primeiro ciclo do trabalho muscular). A inversão do movimento e, portanto, o encurtamento (segundo ciclo do trabalho muscular) do músculo são conseqüências da tensão produzida na fase precedente do trabalho muscular. A força reativa se expressa por:
Força Explosiva Elástica;
Força Explosiva Elástica Reflexa;
Por Força Explosiva Elástica entende-se aquela força do tipo reativa para a musculatura, que primeiro se alonga ativamente antes de se encurtar. O movimento tem certo “molejo”, já que há um contramovimento mais ou menos rápido. Em conseqüência do alongamento, os elementos elásticos em série do músculo, em função da energia cinética e da força de tração que o componente contrátil desenvolve, acumulam certa quantidade de energia, que se reconstitui imediatamente na contração sucessiva, engrandecendo o efeito. Essa expressão da força se evidencia quando um velocista do atletismo sai do bloco, especialmente nos primeiros passos.
Por Força Explosiva Elástica Reflexa entende-se aquela força que se manifesta como a Força Explosiva Elástica, em conseqüência de um alongamento ativo (trabalho muscular cedente ou de contração excêntrica) dos músculos propulsivos, mas, neste caso, o mais rápido possível e de amplitude limitada. A rapidez e a pouquíssima duração do apoio ao solo, quando se corre à máxima velocidade, produz, por “via reflexa”, uma posterior estimulação nervosa que se concretiza na excitação de uma cota maior de unidades motoras, na fase sucessiva de contração, gerando, assim, um adicional de força. 
Daí a expressão mais rápida da força e, por isso, permite ao velocista correr velozmente, apesar do brevíssimo tempo de que ele dispõe para aplicar força: 9 a 10 centésimos de segundo.
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FORMAS DE EXPRESSÃO DA FORÇA MUSCULAR NO TREINAMENTO DE VELOCIDADE
FORÇA ATIVA
FORÇA REATIVA
FORÇA EXPLOSIVA ELÁSTICA
FORÇA EXPLOSIVA ELÁSTICA REFLEXA
FORÇA EXPLOSIVA
FORÇA MÁXIMA DINÂMICA
FORÇA MÁXIMA DINÂMICA
 Treinos com exercícios contra resistidos dinâmicos concêntricos e excêntricos com cargas normalmente superiores a 85% da Força Máxima Concêntrica Volitiva (1 RM) com repetições abaixo de 6RM e intervalos neurais superiores a 3 minutos.
FORÇA EXPLOSIVA
 Treinos de ação explosiva de contrações potentes, partindo de uma situação de imobilidade do segmento propulsivo.
FORÇA EXPLOSIVA ELÁSTICA
 Treinos onde a aplicação da força é do tipo reativa para a musculatura, que primeiro se alonga ativamente antes de se encurtar.
FORÇA EXPLOSIVA ELÁSTICA REFLEXA
 Treinos onde a aplicação da força em conseqüência de um alongamento ativo frenador, dos músculos propulsivos , o mais rápido possível (pliometria). 
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VELOCIDADE MOTORA
A capacidade de velocidade é requisito para um grande número de modalidades esportivas, como os jogos coletivos e as lutas, incluindo as disciplinas de resistência, em que o sucesso pode frequentemente depender dela. A maior parte dos autores da Teoria do Treinamento classifica a velocidade como uma capacidade motora condicional, embora várias pesquisas, sobretudo nas corridas de velocidade de atletismo, demonstrem uma estreita relação entre a velocidade e as capacidades coordenativas. Essa relação é devida ao fato de que a capacidade de velocidade é determinada pelos processos de controle e regulação da execução motora.
	O conceito de velocidade é bastante difícil por causa das várias fontes, tanto esportivas como científicas, utilizarem conceitos diversos com um mesmo conteúdo ou um mesmo conceito com conteúdos diversos. 
	Velocidade é uma capacidade complexa que possui componentes nervoso e muscular. O primeiro envolve a transmissão de impulsos nervosos e da atividade do córtex cerebral, enquanto o segundo se preocupa com a velocidade de contração dos músculos. A limitação determinada pelo componente muscular diz respeito ao tipo de fibra muscular e à ressintese dos substratos no grupo fosfagênios, que é um acumulador real da energia nos músculos atuantes. Ambos os componentes têm limites que governam a intensidade do desempenho. Quando o movimento é breve e a intensidade elevada (como nas provas de atletismo ou de ciclismo), é o componente nervoso que determina o rendimento porque ele afeta a eficiência, a consistência e a economia dos movimentos. E essa limitação imposta torna-se evidente pela progressiva perda da coordenação, deterioração da técnica ou pela diminuição da velocidade de movimento. As limitações determinadas pelo componente muscular estão relacionadas à ressíntese dos substratos (fosfagênios) acumuladores de energia nos músculos atuantes.
	Fatores genéticos, como a estrutura anatômica, a dominância do tipo de fibra muscular, as vantagens biomecânicas e a estrutura do sistema sensóriomotor, podem determinar certas limitações fisiológicas, neurológicas e mecânicas para o desenvolvimento da velocidade. Contudo, isso não significa que a melhora da velocidade seja impossível. A treinabilidade da velocidade é pequena (cerca de 20 a 30%) e o quanto dessa melhora é dependente do treinamento ou da genética ainda não tem uma explicação científica. É possível, dentro dos limites colocados pelas características hereditárias, melhorar a ação dos componentes nervoso e muscular da velocidade por meio do treinamento específico ou com a influência de outros fatores ambientais.
	Para Zatsiorsky (1972), velocidade é a capacidade “capacidade de efetuar uma ação motora no tempo mínimo e em determinadas condições”. Esta premissa subentende que a realização dure pouco tempo e que não se produza fadiga. 
	Para Gundlach (1968), “a velocidade só se apresenta no movimento cíclico e vem definida como a capacidade de deslocamento na máxima velocidade. Compreende a capacidade de imprimir uma grande aceleração no início do deslocamento e de mantê-la a mais longa possível, para atingir uma elevada velocidade máxima”.
	Há autores que afirmam que a capacidade de velocidade não existe e nem pode ser treinada isoladamente, mas que ela forma uma “liga” com outras capacidades motoras. Outros dizem que ela é uma capacidade complexa e uma expressão rápida da força ou, quando máxima, é um caso limite da contração muscular.
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	Grosser (1991) diz que a velocidade no esporte “é a capacidade de atingir a maior RAPIDEZ de reação e de movimento de acordo com os movimentos específicos, baseados no processo cognitivo, na força máxima da vontade e no bom funcionamento do sistema neuromuscular”. Ele distingue “formas puras de velocidade” (velocidade de reação, velocidade de ação e velocidade de frequência) e “formas complexas de velocidade” (força-velocidade, resistência à força explosiva e resistência máxima de velocidade).
	Hollmann e Hettinger (2005) entendem por velocidade “a máxima velocidade de movimento que pode ser alcançada”, cujo grau de aperfeiçoamentodepende dos fatores: força dinâmica da musculatura solicitada, coordenação, velocidade de contração da musculatura, viscosidade das fibras musculares, características antropométricas e flexibilidade. Enquanto as características antropométricas, a viscosidade das fibras musculares e a velocidade de contração da musculatura são constitucionais e não podem ser influenciadas pelo treinamento, sobram para serem mudadas e melhoradas pelo treinamento apenas a força dinâmica da musculatura e a coordenação.
	Uma velocidade motora elevada e uma frequência máxima de movimentos só podem ser alcançadas se houver mudanças rápidas da excitação para a inibição (e vice-versa) nas regulações correspondentes do sistema neuromuscular (Harre,1975). Quanto mais coordenado for o movimento, mais rapidamente a inibição e a excitação serão alternadas no sistema nervoso e mais rápido poderá ser executado o movimento.
	Verkhoshansky (1996) faz distinção entre rapidez de movimento e velocidade de movimento. Ele diz que essa situação se justifica pela ausência de correlação entre a característica da forma simples de manifestação da rapidez e a velocidade de movimento na locomoção esportiva cíclica. No primeiro caso, o gesto é simples e excutado de forma rápida de acordo com o programa de movimento formado na zona motora do sistema nervoso central. Isso é possível quanto o gesto não precisa de um grande emprego de força, de uma coordenação difícil ou de um grande dispêndio de energia. Exemplo: tentar pegar uma mosca em pleno ar.... No esporte, pode-se ver num golpe (soco) de um pugilista, numa estocada na esgrima ou num golpe de karatê, que são movimentos simples, isolados, sem sobrecarga, mas que exigem uma elevada manifestação da velocidade. “Um tipo de tensão muscular rápida” que é próprio dos movimentos nos quais a força é utilizada para vencer a inércia, contra sobrecargas insignificantes (como uma espada, um florete, uma raquete, etc.). Nestes tipos de movimentos, não acontece o desenvolvimento de um máximo de força muscular (não superem 15% da força máximo), mas é necessária a rapidez de tensão. 
	Já nos movimentos complexos, a diminuição do tempo de realização do movimento depende de uma coordenação intramuscular racional. A ação do sistema nervoso, o tempo de reação e a velocidade de execução são tantos menores quanto maior for a automatização dos movimentos, isto é, quanto mais o movimento for simples para o esportista. A rapidez é uma qualidade geral do sistema nervoso central e se manifesta plenamente na reação motora e nos movimentos mais simples sem sobrecarga. Ela é condicionada geneticamente e sua possibilidade de desenvolvimento é limitada.
	O segundo tipo, velocidade de movimento, exige, quase sempre, um grande dispêndio de energia e um esforço muscular notável. A diferença entre os dois tipos de movimentos depende de suas características biomecânicas. A velocidade dos movimentos ou de deslocamento no espaço é uma função da rapidez da força e da resistência, mas também da capacidade de coordenar racionalmente os movimentos segundo as condições externas em que se desenvolvem as ações motoras.
	Para o autor, a velocidade de movimento e da locomoção depende da mobilidade de um inteiro complexo dos sistemas fisiológicos (mecanismos neurofisiológicos e processos metabólicos). 
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Como exemplo, o resultado de um velocista do atletismo depende de um complexo inteiro das capacidades motoras entre as quais se evidencia a força explosiva dos músculos, a capacidade de aceleração, a capacidade de manter a velocidade máxima e a capacidade de resistência na última parte da distância.
	A velocidade de locomoção acíclica (com mudança de direção) depende da capacidade muscular de superar de forma consistente oposições externas. A velocidade de locomoção é uma capacidade específica, que pode ser desenvolvida por meio de um treinamento específico, e as possibildiades de melhoras são ilimitadas.
	A utilização da capacidade elástica da musculatura é uma condição muito importante tanto na locomoção cíclica como na acíclica com velocidade elevada para a realização com eficácia e economia. Tal fato se expressa na capacidade de acumular energia elástica na fase preparatória e na sua utilização na fase de trabalho, produzindo um aumento do impulso motor da força (Verkhoshansky,1996).
	A elasticidade muscular é importante para a velocidade de contração. Na musculatura de atividade antagônica, uma elasticidade limitada (musculatura encurtada) refreia fortemente as ações motoras na sua fase final, reduzindo a velocidade de movimento. Ainda, para uma elevedade velocidade de contração, é necessário um ótimo relaxamento da musculatura não atuante no movimento, o que só pode ser conseguido com uma elasticidade ideal dos músculos.
	A velocidade da contração muscular depende também da estrutura da fibra muscular. A velocidade de contração das fibras musculares do tipo I, ou lentas, é inferior à das fibras do tipo II, ou rápidas. Estas são dotadas de maior cota de fosfato de creatina (CP) e realizam uma atividade enzimática fosfolítica maior.
	Numa ação motora cíclica rápida, é importante até o relaxamento muscular (ou velocidade de relaxamento). Músculos que se relaxam de modo rápido e completo são mais preparados para a contração sucessiva. A velocidade de relaxamento é determinada pelo sistema nervoso central.
	A aceleração é uma forma específica de locomoção em velocidade elevada. Ela é caracterizada sobretudo pelo crescimento rápido da velocidade, desde a imobilidade inicial até o alcance da velocidade máxima, como na na saída das corridas de velocidade, na saída de bloco da natação, na saída do remo, da canoagem, na patinação de gelo, na corrida para alcançar uma “deixadinha” (drop shot) no tênis, etc.
	Do ponto de vista biomecânico, a magnitude da velocidade final do movimento depende de dois fatores: “tamanho” e duração da aceleração.
Velocidade Final = Velocidade Inicial + (Aceleração x Tempo)
	Frequentemente, mas não sempre, a possibilidade de aumentar o tempo é limitada e leva a diminuição do rendiemento. Então, a capacidade de acelerar é crítica.
	A aceleração é diretamente proporcional à magnitude da força empregada e inversamente proporcional à massa do corpo a ser acelerado.
Força=massa x aceleração 	ou 	aceleração=Força/massa
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	Consequentemente, a massa do corpo e seus segmentos devem ser considerados. Isto se torna mais evidente quando considera-se que os músculos, que são geradores de força, atuam sobre as articulações produzindo torque e momento de força.
Momento (Mo) = Força x Distância
	Assim, o tamanho do braço de força e a distância do centro de gravidade ao eixo de rotação também se tornam críticos. A velocidade angular de um segmento pode ser alterada, mudando voluntariamente o momento de inércia. Quanto mais perto as partes do corpo estiverem do centro de rotação, maior a velocidade de rotação. Por exemplo, correr com os braços estendidos e com os braços flexionados...
	Por outro lado, a velocidade linear é proporcional ao raio em qualquer ponto do movimento de rotação. Consequentemente, para se obter uma velocidade linear elevada para qualquer velocidade de rotação, o raio deve ser o maior possível, por exemplo, no saque do tênis, no lançamento do disco ou no saque do voleibol.
	Quando a aceleração de vários segmentos contribui para a velocidade final, o tempo apropriado das acelerações dos segmentos (coordenação) torna-se importante. Por isso, a técnica ótima, isto é, uma utilização correta dos princípios biomecânicos e das forças passivas, é crítica para a velocidade final.
	Do ponto de vista bioquímico, a capacidade de velocidade dependo do teor de ATP no músculo e da rapidez de sua decomposição sob influência do impulso nervoso, bem como do tempo de ressíntese do ATP (Zatsiorsky,1971). Como os movimentos são muito muito rápidos,a ressíntese do ATP se dá quase que exclusivamente por mecanismos anaeróbios, ou seja, pelo fosfato de creatina (CP) e pelo mecanismo glicolítico (Yakovlev, 1979).
	O desenvolvimento da velocidade é importante para todos os esportes, pois determina:
		- um ritmo mais elevado nos eventos de velocidade;
		- um rendimento mais rápido nos movimentos simples, e junto com boa precisão, mais 		eficiência nos eventos de lutas e maior velocidade de ações nos jogos coletivos;
- maior facilidade para as dificuldades de execução de movimentos de grande velocidade de rotação em esportes como ginástica olímpica, ginástica rítmica desportiva e patinação artística;
- velocidade média mais elevada nos esportes de resistência.
	No esporte, são importantes a velocidade instântanea, como acontece na impulsão de um salto, na soltura de um objeto de lançamento (peso,dardo, disco, martelo,boal,etc.) no ataque do voleibol, no saque do tênis,etc., e a velocidade média, como nos 100m rasos do atletismo, nos 50m da natação,etc. Velocistas do atletismo, tenistas, caratecas, pugilistas,esgrimistas, patinadores, entre outros, exibem uma grande velocidade em seus movimentos, mas são velocidades específicas e diferentes.
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TIPOS DE VELOCIDADES
VELOCIDADE DE REAÇÃO
	A velocidade de reação é expressa pelo tempo de reação, que é “o tempo entre um sinal até um movimento muscular solicitado” (Steinbach,1966). O indicador para o nível da velocidade de reação é o tempo de reação, ou seja, o tempo necessário para os músculos responderem a um estímulo. Com relação ao tipo de informação e seus analisadores apropriados, podem ser feitas as seguintes distinções:
Velocidade de reação à informação visual, por exemplo, nos jogos esportivos, na esgrima no boxe, no tênis, etc.;
Velocidade de reação à informação auditiva, como nas saídas do atletismo, da natação,etc.;
Velocidade de reação à informação tátil, como no judô, nas lutas, etc.;
Velocidade de reação à informação cinestésica, por exemplo, na ginástica olímpica.
VELOCIDADE DE REAÇÃO SIMPLES 
	É a resposta a um movimento anteriormente conhecido, por um sinal conhecido, isto é, o estímulo é conhecido e a ele corresponde uma resposta também conhecida. Como exemplo, a saída do bloco nas corridas e na natação de velocidade. Com tempos de reação abaixo de 0,130 segundos para homens e 0,135 segundos para as mulheres.
VELOCIDADE DE REAÇÃO COMPLEXA
	A grande maioria das reações nos esportes coletivos é o tipo complexa, isto é, reações a um objeto em movimento. Na reação complexa, para cada estímulo provocado por uma situação que se apresenta ao esportista, este tem que escolher uma resposta, dentre várias possíveis, que ao seu entender, mais se ajusta à resolução conveniente da situação. Se analisarmos as ações de um goleiro de futebol durante um chute a gol do adversário, ele precisa, inicialmente, ver a bola, calcular a direção e a velocidade do voo, escolher a ação e realizar o plano de interceptação. Outro tipo de reação complexa é a reação por escolha, que está ligada à escolha de uma reação de movimento necessária a possíveis ações que resultam do comportamento dos adversários, dos parceiros ou da situação. A dificuldade desse tipo de reação reside no fato das numerosas mudanças de situação do jogo e no comportamento dos adversários.
VELOCIDADE DE LOCOMOÇÃO
	Também chamada velocidade máxima cíclica ou Velocidade de Sprint. É a máxima velocidade que pode ser alcançada a qualquer movimento cíclico. Depende do domínio da técnica do movimento, do nível da força dinâmica, da elasticidade muscular, da frequência do movimento e da coordenação (Grosser,1972).
	A velocidade máxima cíclica é definida pelo produto entre amplitude e frequência do movimento, exigindo contrações ótimas. A velocidade de deslocamento é caracterizada por um ritmo harmonioso do movimento, conseguido pela alternância rítmica de tensão e relaxamento (soltura), o que exige uma elevada coordenação intermuscular.
	
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A velocidade máxima é alcançada após a fase de aceleração (próximo dos 3” após a Velocidade de Reação...), nos 100m rasos essa etapa inicia apartir dos 30 metros, chegando até os 60m a 70m, onde inicia uma fase de desaceleração (aceleração negativa), ocorrendo uma perda próxima de 0,9 a 7% Moravec et al., 1988). 
Vê-se claramente que a velocidade máxima só é atingida após os 50m de corrida, algo próximo de 11,6 a 11,9 m/s e que essa velocidade é impossível de ser mantida até o final da corrida. Depois desta etapa a frequencia das passadas diminui, mas amplitude das passadas aumenta levemente, tanto o tempo de contato (apoio) como o tempo de voo aumentam no final da corrida, assim como aumenta a distância do amortecimento (breque), contribuindo para a perda da velocidade. Surgindo então a necessidade da Resistência de Sprint, definida como a capacidade de manter a mais alta porcentagem possível da velocidade máxima até a linha de chegada, altamente relacionada com ótima técnica de corrida, assim como, do ponto de vista fisiológico, a uma capacidade anaeróbia alática (100m) e à capacidade anaeróbia lática (200 e 400m), representando 10% no tempo final dos 100m rasos (Ballreich,1965), apesar de que no primeiro trecho dos 100m ser mais lento que o segundo trecho da prova.
Na prova de 200m rasos, a tendência é a mesma, ou seja, a segunda parte da prova (100m) é mais rápida que a primeira. Tanto nos 100m como nos 200m rasos, a segunda parte é “lançada”, ou seja, o atleta já está em velocidade, daí resultar em um tempo menor. 
Podemos classificá-las da seguinte forma:
Velocidade de Reação (largada da prova)
Velocidade de Aceleração ( de 0 a 3” de prova )
Velocidade Máxima ou Pura ( 3” a 6” de prova)
Resistência de Velocidade (6” a 10” de prova)
Velocidade Prolongada ( mais de 10” de prova)
VELOCIDADE DE MOVIMENTOS ACÍCLICOS
	Também chamada de velocidade de execução, é a rapidez de movimentos com mudanças de direção. A velocidade de movimentos acíclicos era conhecida como AGILIDADE e pode ser exemplificada num drible do futebol, num arremesso do handebol, numa jogada do tênis, nas lutas, num ataque do voleibol ou nos saltos e lançamentos do atletismo. 
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A velocidade de execução é caracterizada pela máxima rapidez de contração da musculatura que participa do movimento, o que requer uma excelente coordenação intermuscular, dependente do aperfeiçoamento do processo nervoso.
VELOCIDADE DE FORÇA
	É capacidade de executar movimentos rápidos contra determinadas resistências (sobrecargas). Nos movimentos cíclicos do corpo todo, por exemplo, é a capacidade de acelerar o próprio corpo como ocorre no trecho inicial de uma prova de velocidade no atletismo, nas corridas para os saltos (distância, triplo, com vara) ou nas corridas de velocidade em subidas.
	Capacidade de aceleração é a mudança da velocidade durante certo tempo. Se houver aumento da velocidade, a aceleração é positiva; se houver diminuição da velocidade, a aceleração é ne ou, como também se diz, ocorre uma desaceleração.
	
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A aceleração é uma medida das mudanças de velocidade nos movimentos. É definida como variação da velocidade na unidade de tempo. Sua unidade de medida é o metro por segundo (m/s).
Aceleração = Velocidade / Tempo
 	A segunda lei de Newton (força = massa x aceleração) indica que existe uma correlação entre força e aceleração. A aceleração é diretamente proporcional à magnitude da força empregada e inversamente proporcional à massa (inércia) do corpo a ser acelerado. Consequentemente, a massa do corpo e seus segmentos devem ser levados em conta. Isso é mais evidente, quando se considera que os músculos, que são os geradores da força, atuam sobre as articulações produzindotorques, ou momentos de força.
Momento = Força x Distância 
	Quando o esportista precisam ser mais rápido para alcançar uma bola a certa distância, além da reação ele precisa “ganhar momento” e colocar o corpo numa posição que favoreça a aceleração, a mais rápida possível. 
	A força necessária para a aceleração é regulada pelo músculo e pela coordenação intra e intermuscular. A coordenação intramuscular é responsável pela ativação simultânea do número máximo possível de unidades motoras com o objetivo de contrair a maior quantidade de fibras musculares disponíveis. Isto significa uma melhora da coesão nervosa e muscular.
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RESISTÊNCIA MOTORA
	Tal qual a força, a resistência motora dispõe de ampla fundamentação científica pelo grande volume de investigações efetuadas tanto pela fisiologia do exercício como pela bioquímica do exercício.
	
Resistência de Base:
Tem como objetivo prioritário adquirir as condições necessárias para realizar adiante os treinamentos mais intensos e por conseguinte, a obtenção do rendimento e para as competições mais importantes.
BASE 1:
	É aquela que não se relaciona com o gesto desportivo e a técnica, podendo se realizar qualquer tipo de exercício, com baixa ou média intensidade, com o objetivo de melhorar a resistência de forma inespecífica.
BASE 2:
	É aquela baseada em exercícios relacionados com a especificidade, com o objetivo de melhorar a resistência que permita posteriormente realizar treinamentos que melhorem diretamente o rendimento desportivo.
Resistência Específica:
ESPECÍFICA 1:
Semelhantes a seqüência de movimento da competição, dentro da técnica gestual específica.
ESPECÍFICO 2:
Envolve movimentos parciais de toda a seqüência de movimento; somente um ou mais músculos são ativados de forma semelhante (direção de movimento, ou relação Força-Tempo), como exige o movimento competitivo.
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 A RESISTÊNCIA MOTORA no esporte apresenta uma classificação bastante interessante quando são levadas em consideração a duração e a intensidade do esforço. Cada uma delas apresenta poucas diferenças quando são comparadas com as que são próximas, mas à medida que a duração do esforço se torna mais prolongada, as diferenças vão sendo maiores quanto aos perfis funcional e metabólico. Essa resistência foi classificada em:
Resistência de Curta Duração;
Resistência de Média Duração;
Resistência de Longa Duração.
Estas diferenciações existem tanto em relação à resitência aeróbia quanto à resitência anaeróbia. A resistência anaeróbia, na qual as reações metabólicas transcorrem como predominância anaeróbia, é diferenciada de acordo com os diversos mecanismos de liberação de energia anaeróbia. 
A RESISTÊNCIA MOTORA no esporte apresenta uma classificação bastante interessante quando são levadas em consideração a duração e a intensidade do esforço. Cada uma delas apresenta poucas diferenças quando são comparadas com as que são próximas, mas à medida que a duração do esforço se torna mais prolongada, as diferenças vão sendo maiores quanto aos perfis funcional e metabólico. Essa resistência foi classificada em cura
Nenhuma classificação é completa, e todas apresentam visões fragmentadas e/ou incompletas do fenômeno. É o caso da classificação de resistência aeróbia e anaeróbia. Na atividade esportiva ou nos movimentos do dia a dia, não ocorre a produção de energia puramente aeróbia nem anaeróbia, mas a produção mista de vias energéticas, que dependem da intensidade e da duração do esforço.
Portanto, uma forma pura de resistência não existe, mas sim formas mistas e específicas da modalidades esportivas e/ou de situações de esforço físico e mental.
Os critérios que mais aparecem nas conceituações são: capacidade de executar trabalho físico de longa duração e capacidade de suportar fadiga. A palavra resistência vem de resistir à fadiga.
A fadiga deve ser vista como um fenômeno de proteção que previne uma crise metabólica e preserva a integridade das fibras musculares. Em outras palavras, a fadiga deve ser considerada como o resultado da manifestação de um ou de vários mecanismos de segurança no organismo, que solicita uma moderação antes que um dano ocorra.
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A fadiga é a incapacidade de um processo fisiológico continuar funcionando em um nível estipulado e/ou incapacidade do organismo de manter uma intensidade de exercício pré-determinada. Ou, ainda, qualquer redução induzida por um esforço físico na capacidade máxima de gerar ou manter força ou potência.
A fadiga, ou seja, a diminuição da resistência, evidencia-se por tornar cada vez mais difícil, e finalmente impraticável, continuar a atividade com a mesma intensidade. Na primeira etapa, a fadiga pode ser igualada por um elevado esforço da vontade, e a atividade pode ser executada com a mesma intensidade (fadiga compensada); numa segunda etapa, a intensidade é diminuída, embora a força de vontade seja elevada (fadiga não compensada).
No esporte entende-se por RESISTÊNCIA MOTORA a capacidade de executar o movimento durante um longo tempo, sem perda aparente da sua efetividade. Ela é uma capacidade necessária para um esportista continuar seu esforço apesar do aumento da fadiga. Além da física, ela é uma capacidade mental que exige que os esportistas conquistem novos limites. Pode, ainda, ser definida como a capacidade de sustentar uma dada velocidade ou uma produção de força durante o maior tempo possível.
Martin et al. (2001) sugerem que ela é a capacidade de manter um determinado rendimento durante o maior tempo possível.
A capacidade de resistência do organismo contra o cansaço entra diferentemente nas diversas modalidades esportivas, conforme a intensidade, a duração e as ações realizadas. Baseado nesses fatores, foram elaboradas diversas categorias de resistência na teoria do treinamento esportivo.
A resistência, exigida em qualquer esporte, representa uma capacidade multifatorial, vinculada de forma bastante estreita a outras capacidades dos esportistas. De forma simplificada, ela possui 4 grupos de fatores:
Fatores Psiclógicos: que estão relacionados com a motivação do esportista, com sua constância, perseverança, motivação, firmeza e outras capacidades da vontade;
Fatores Energéticos: ou seja, os recursos energéticos do organismo e a potência funcional dos sistemas que asseguram as trocas e transformação de energia.
Fatores de Estabilidade Funcional: que permitem conservar o nível necessário de atividade funcional do organismo à medida que o esgotamento vai surgindo;
Fatores de Economia Funcional: que se manifestam na diminuição do gasto de energia na unidade de tempo, do aperfeiçoamento da coordenação e da distribuição racional das forças na competição.
A possibildade de desenvolver a RESISTÊNCIA MOTORA em qualquer esporte, para que este seja uma atividade eficaz, determina-se por todo o conjunto de fatores mencionados, embora sua magnitude e seu caráter de interação nas diversas modalidades esportivas tenham suas peculiaridades e estejam condicionados pela especialização das modalidades.
	 	 	 	 
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O treinamento da RESISTÊNCIA MOTORA resulta em numerosas adaptações para os sistemas metabólico, neuromuscular, cardiovascular, respiratório e endócrino. Estas adaptações se refletem em melhorias nos fatores básicos da aptidão aeróbia, ou seja:
Consumo Máximo de Oxigênio (VO2máx);
A economia do movimento também conhecido por (iVO2máx);
Os limiares anaeróbio, de lactato e/ou ventilatório (VLan);
A fração de utilização do VO2máx (% do VO2máx);
O suprimento energético.
No mecanismo central do corpo, um sistema de transporte de oxigênio eficiente, caracterizado por um coração e um sistema vascular bem desenvolvidos, parece vital para osucesso. No mecanismo periférico, uma taxa relativamente alta de fibras musculares do tipo I (oxidativa, contração lenta), quantidades elevadas de lactato desidrogenase (LDH) nos músculos esqueléticos e uma densidade capilar alta nos músculos parecem ser da maior importância. A relação da entre a resistência e a velocidade se torna mais perceptível, quando ocorre uma redução dos parâmetros de rapidez, onde um grau maior de tolerância ao esforço por um tempo mais prolongado, irá influenciar diretamente no potencial de geração de energia e consequentemente na capacidade de realizá-lo, reduzindo assim a velocidade de execução em um espaço de tempo.
GRÁFICO DA RELAÇÃO VELOCIDADE-RESISTÊNCIA
		 Velocidade
		 	
		 			
		 A VELOCIDADE		
			 C		RESISTÊNCIA DE VELOCIDADE
					 B RESISTÊNCIA 
								 Resistência
Fonte: Retirado de Barbanti,2010, Treinamento Desportivo - Ed.Manole
	No treinamento esportivo, há dois tipos de resistência: GERAL E ESPECÍFICA. Autores russos e também alemães denominam a segunda de RESISTÊNCIA ESPECIAL. O termo “especial” em português significa fora do comum, distinta, excelente, e, portanto, qualquer coisa ou pessoa pode ser especial, a té a resistência geral. No caso da resistência própria de uma modalidade esportiva, ela é exclusiva, própria daquela modalidade esportiva, então a palavra específica parece a mais apropriada.
			 RESISTÊNCIA	 RESISTÊNCIA
GERAL		 ESPECIAL
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O termo RESISTÊNCIA GERAL designa o conjunto de propriedades funcionais do organismo, que constitui a base não-específica das manifestações de resistência nos distintos aspectos da atividade (Matveév,1983).
Matveév (1983) denominava RESISTÊNCIA ESPECÍFICA a capacidade de se opor ao esgotamento em condições de sobrecargas específicas, especialmente na máxima mobilização das possibilidades funcionais do organismo para conseguir resultados elevados na modalidade esportiva escolhida.
Um planejamento de treinamento bem elaborado dependerá do equilíbrio entre a quantidade de carga de resistência geral e quantidade de carga de resistência especial, se não houver uma dosagem apropriada das duas partes, o atleta certamente sentirá a diferença durante a competição.
			MODELO TRIDIMENSIONAL DAS CAPACIDADES MOTORAS
					 Força
																																																																												FORÇA RÁPIDA		RESISTÊNCIA DE FORÇA																																																																												Velocidade									 Resistência						 RESISTÊNCIA DE VELOCIDADE					
Fonte: Retirado de Barbanti,2010, Treinamento Desportivo - Ed.Manole
CAPACIDADES COORDENATIVAS
	Embora as capacidades coordenativas possam ser desenvolvidas ao longo de toda a vida, existe um período ótimo no qual se verifica o seu maior desenvolvimento. Hirtz e Schielke (1986) consideram o período entre 7 e os 10 anos de idade como uma fase em que as possibilidades de desenvolvimento das capacidades coordenativas fundamentais se mostram mais favoráveis. É com base na motricidade adquirida nesta fase que se processa a execução das ações motoras mais maduras ao longo da vida. Isso acentua a importância de se adquirir e estabilizar grande variedade de experiências motoras, sobretudo durante a idade escolar, particularmente nas quatro primeiras séries do ensino fundamental. Durante este período, verifica-se rápida maturação do sistema nervoso central, facilitando a aprendizagem de habilidades motoras cada vez mais complexas. Há um consenso entre a maioria dos autores de que a faixa etária dos 10 aos 12 anos é o período de melhor capacidade de aprendizagem da técnica esportiva, mas isso pressupõe que, nos anos anteriores, tenha sido fornecida às crianças uma grande variedade de experiências motoras. A aprendizagem e o aperfeiçoamento das técnicas esportivas são tanto mais rápidos e mais eficientes quanto mais desenvolvidas estiverem as diferentes capacidades coordenativas. O treino das capacidades coordenativas não deve ser executado no final do treino, em condição de fadiga, uma vez que, neste estado, os processos de condução do sistema nervoso central não são feitos de forma ótima.
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CAPACIDADE DE DIFERENCIAÇÃO SENSORIAL
	É a capacidade de diferenciar as sensações extraídas dos movimentos, dos objetos e dos processos por meio dos nossos órgãos dos sentidos, em face à necessidade específica de uma atividade. Quanto mais específico for o rendimento de um esportista, mais diferenciadas devem ser as informações recolhidas pelos receptores. A qualidade da informação sensorial determina a qualidade da execução do movimento porque colabora com o controle e a regulação da ação motora. Sua importância está na relação sensoriomotora que existe entre a informação e o comportamento, entre a atividade sensorial e a atividade motora. Quanto mais elevado o nível do esportista, mais diferenciadas são as informações recebidas pelos receptores específicos. A qualidade da atividade motora nos esportes depende da rapidez e do nível deste processo de diferenciação. A qualidade da informação sensorial determina a qualidade da execução técnica, porque ela colabora e realiza a função de controle da ação.
CAPACIDADE DE OBSERVAÇÃO
Capacidade de perceber o desenvolvimento de seu próprio movimento ou dos outros, assim como os objetos imóveis, com base em critérios selecionados. Por causa do papel dominante das informações visuais na maioria dos esportes de equipe, esta capacidade é de grande importância. Ela é ainda decisiva na fase de aquisição no processo de aprendizagem do movimento, na qual predominam as informações. Com as observações visuais têm papel dominante nos esportes coletivos, de lutas, etc., sua importância não é evidente. Além disso, tem grande função no processo de aprendizagem (fase de aquisição) e na aprendizagem por imitação.
 CAPACIDADE DE REPRESENTAÇÃO
É a capacidade de mentalizar situações bem determinadas, seqüencias de movimentos, objetos,etc., com base nas informações disponíveis. Uma ação motora consciente e com um objetivo determinado pressupõe sempre uma imagem do que se quer e de como se quer fazer o movimento. É uma espécie de “projeto motor da ação”, tentando reproduzir os valores ideais do movimento. É baseada no confronto necessário entre valores ideais e valores reais na regulação da ação motora. É a relação entre os processos verbais e os processos mentais de representação. 
CAPACIDADE DE ANTECIPAÇÃO
	É a capacidade de prever o desenvolvimento e o resultado de uma ação motora ou de uma situação, e a partir disso, preparar a próxima ação. Ela garante segurança e assistência na solução de problemas motores. Porém, deve ser ressaltado que nem sempre uma capacidade de antecipação conduz a um comportamento motor adequado. Uma antecipação precipitada ou um retardo na antecipação podem conduzir a erros, como acontece, por exemplo, quando um jogador recebe um drible. A capacidade de antecipação é particularmente importante quando existe a realização de movimentos velozes, e as habilidades são do tipo “abertas”, ou seja, imprevisíveis, como acontece nos esportes coletivos ou nos esportes de luta (judô, karatê, tae kwon-do,etc.).
CAPACIDADE DE RITMO
	Capacidade de articular o desenvolvimento de um movimento e de agrupar o desenvolvimento temporal e dinâmico que caracteriza o movimento. É também a capacidade de dar sustentação rítmica a ações motoras, isto é, organizar compromissos musculares de contração e descontração. Ainda faz parte desta capacidade saber adaptar-se a um ritmo estabelecido ou previamente mudado. O ritmo tem influência na emoção e na motivação. “Dar o ritmo” ou “marcar o tempo” serve como uma espécie de 
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guia para o desenrolar do movimento. Em alguns esportes o ritmo é fundamental, e aprender com um ritmo é vantajoso não só na aquisição, mas também na automatização dos movimentos.
CAPACIDADE DE COORDENAÇÃO MOTORA
	Capacidade de assegurar uma combinação adequada de movimentos que se desenvolvem ao mesmo tempo ou em sucessão. Ela permite ligar habilidades motoras, como corrida e salto, impulso e lançamento, e movimentos de membros superiores e inferiores, como na natação, nos saltos, nos lançamentos. Em todos os esportes, e até nas atividades diárias, é importante que os estímulos e as ações que se sucedem sejam sincronizados e ajustados entre eles. Esta capacidade influencia os movimentos de forma especial, permitindo maior velocidade, relaxamento muscular, graduação do esforço e correta entrada de forças, sobretudo quando são solicitados ao mesmo tempo os membros superiores e inferiores.
CAPACIDADE DE CONTROLE MOTOR
	Capacidade de responder às exigências elevadas de precisão dos movimentos do ponto de vista espacial, temporal e dinâmico. Ela é necessária para aprender ou realizar habilidades que requerem elevadas exigências de precisão motora. A capacidade de controle motor está fortemente ligada à capacidade de equilíbrio. Depende muito do feedback interno e da informação sensorial diferenciada. Nos regulamentos de competição de muitos esportes estão previstas exigências de precisão espacial, temporal e dinâmica.
CAPACIDADE DE REAÇÃO MOTORA
	Capacidade de reagir rápida e corretamente a determinados estímulos. Pode-se distinguir a reação simples, a reação complexa e a reação de escolha. A reação simples é importante nos esportes em que o tempo entre o estímulo e a resposta motora deve ser o menor possível, como no tiro de partida. A reação motora complexa refere-se à situação exigida em toda a sua complexidade. Além de uma reação rápida, é ainda necessária uma resposta relativamente exata. Nas reações de escolha, é importante o componente cognitivo da decisão. A reação rápida está associada a uma escolha apropriada entre várias alternativas.
CAPACIDADE DE EXPRESSÃO MOTORA
	É a capacidade de criar os próprios movimentos segundo as leis da estética, do belo, criando uma expressão artística e provocando uma impressão estética. Em esportes como ginástica olímpica, ginástica rítmica desportiva, nado sincronizado, patinação artística e aeróbia de competição, o resultado do rendimento é, em parte, diretamente avaliado pelo caráter de novidade de seus exercícios ou segundo os aspectos da harmonia de seu ritmo. É muito importante na dança, em que existem os elementos motores de comunicação.
Universidade Católica do Salvador- Treinamento Desportivo – Prof.Marcelo Affonso
TABELA PARA IDENTIFICAÇÃO DAS CAPACIDADES MOTORAS INTERVENIENTES
	CAPACIDADES MOTORAS
	IM
	IP
	S
	NP
	CAPACIDADES CONDICIONAIS
	Preparação Neuromuscular
	Força Estática
	
	
	
	
	
	
	Força Máxima
	
	
	
	
	
	
	Força de Resistência
	
	
	
	
	
	
	Força Rápida
	
	
	
	
	
	
	Flexibilidade Estática
	
	
	
	
	
	
	Flexibilidade Dinâmica
	
	
	
	
	
	Preparação Cardiopulmonar
	Resistência Aeróbia
	
	
	
	
	
	
	Capacidade Aeróbia
	
	
	
	
	
	
	Resistência Anaeróbia
	
	
	
	
	
	
	Capacidade Anaeróbia
	
	
	
	
	
	Preparação Neuromuscular 
	Velocidade de Reação Simples
	
	
	
	
	
	
	Velocidade de Reação Complexa
	
	
	
	
	
	
	Velocidade Aceleração
	
	
	
	
	
	
	Velocidade Prolongada
	
	
	
	
	
	
	Resistência de Velocidade
	
	
	
	
	
	
	Velocidade de Movimentos Acíclicos
	
	
	
	
	
	
	Velocidade de Força
	
	
	
	
	CAPACIDADES COORDENATIVAS 
	Diferenciação Sensorial
	
	
	
	
	
	Observação
	
	
	
	
	
	Representação
	
	
	
	
	
	Antecipação
	
	
	
	
	
	Ritmo
	
	
	
	
	
	Coordenação Motora
	
	
	
	
	
	Controle Motor
	
	
	
	
	
	Reação Motora
	
	
	
	
	
	Expressão Motora
	
	
	
	
	
	Descontração Total
	
	
	
	
	
	Descontração Diferencial
	
	
	
	
	
	Equilíbrio Estático
	
	
	
	
	
	Equilíbrio Dinâmico
	
	
	
	
	
	Equilíbrio Recuperado
	
	
	
	
	
	Agilidade
	
	
	
	
IM – IMPRESINDÍVEL	IP- IMPORTANTE		S- SECUNDÁRIA		NP- NÃO PARTICIPA
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
Dantas, Estélio H.M. – A prática da preparação física – 5ª Ed. – RJ, Shape, 2003
Barbanti, Valdir J. – Treinamento desportivo: as capacidades motoras – SP, Manole, 2010

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