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TEORIA GERAL DA EXECUÇÃO

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Novo CPC: Prática de Secretaria de Vara, Cumprimento de Sentença e Execução de Título Extrajudicial 1 
 
 
Facilitadora: Jacilene Vieira de Alencar 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
No direito processual comparado, moderno, especialmente, no europeu, a exemplo 
de Portugal, Suiça, França, Bélgica, Áustria, Alemanha, a fase de cumprimento de sentença e o 
processo executivo de título extrajudicial, o papel do magistrado é restrito aos atos decisórios 
para dirimir eventual conflito. 
 
O magistrado não tem um papel frequente/ordinatório como ocorre no direito 
processual brasileiro. Não cabe ao juiz efetuar os principais atos executivos, que são transferidos 
para a figura do “agente executivo”, que funciona como auxiliar da justiça, que pode ser um 
profissional liberal ou um funcionário judicial, designado pelo exequente dentre os registrados 
em lista oficial, a quem se atribui o desempenho das tarefas executivas, exercidas em nome do 
tribunal1. 
Em terras lusitanas (Portugal), o agente de execução “é um misto de profissional liberal 
e funcionário público”. A presença desse agente não retira a natureza jurisdicional do processo 
executivo, mas implica na menor intervenção do juiz nos atos processuais e também na 
diminuição dos atos praticados pela Secretaria. O juiz exerce a função de controle e intervém em 
caso de litígio. É da competência, por exemplo, do agente executivo, a citação, e a notificação no 
processo executivo e só ocorrerá a interferência do juiz para decidir oposição à execução, 
graduação dos créditos, impugnações de atos e decisões do agente executivo2. 
 
Como se vê, no direito processual europeu moderno, pode-se afirmar que o processo 
executivo foi parcialmente desjudicializado, pois a maioria dos atos é feita extrajudicialmente. 
Não se eliminou a judicialidade do processo executivo, porém reduziu profundamente a 
intervenção judicial na fase de realização da prestação a que o devedor foi condenado. Tal 
intervenção, quase sempre, se dá nas hipóteses de litígios incidentais surgidos no curso do 
procedimento executivo, o que demonstra a preocupação comum de reduzir, quanto possível, a 
sua judicialização. 
Com as reformas do CPC/1973 ocorridas em 2005/2006, aboliu-se a instauração do 
processo autônomo de execução de sentença (actio iudicati). Essa reforma trouxe para o processo 
 
1 THEODORO JÚNIOR, Humberto. et al. Novo CPC – Fundamentos e sistematização. Rio de Janeiro: 
Forense, 2015. 
2 Idem. 
Novo CPC: Prática de Secretaria de Vara, Cumprimento de Sentença e Execução de Título Extrajudicial 2 
 
 
Facilitadora: Jacilene Vieira de Alencar 
 
executivo a dualidade do processo, o procedimento híbrido, a instituição da antecipação dos 
efeitos da tutela, sumariedade, ex officio etc. 
 
Na exposição de motivos da Lei 11.232/2005 que alterou o processo de cumprimento 
de sentença do CPC/1973, foi adotada “uma sistemática mais célere, menos onerosa e mais 
eficiente para as execuções de sentença que condena ao pagamento de quantia certa”3. 
 
As mudanças trazidas por essa lei causaram reações favoráveis e desfavoráveis, como 
a crítica de Leonardo Greco que diz que essa reforma fortaleceu a posição do credor, mas em 
contrapartida fragilizou a posição do devedor. 
 
Os favoráveis as mudanças afirmam que trouxeram celeridade e eficiência para o 
processo executivo. Athos Gusmão Carneiro concluiu que a reforma unificou o processo de 
condenação e execução, cumprindo com propriedade a garantia de duração razoável do processo 
e medidas de aceleração da prestação jurisdicional, incluída entre as garantias fundamentais pela 
Emenda Constitucional nº 45/2004, com a instituição do inciso LXXVIII, do art. 5º, da CF/884. 
 
Fazendo-se uma retrospectiva de um passado recente, antes das reformas processuais 
do ano de 2005/2006, a execução de sentença (que depois foi nominada de cumprimento de 
sentença) era formada por dois processos: o de conhecimento e o executivo. No de conhecimento 
o juiz examinava a lide para descobrir a regra jurídica a ser aplicada ao caso concreto e terminava 
com o trânsito em julgado da sentença. 
 
Enquanto o processo de execução providenciava as operações práticas necessárias 
para efetivar o conteúdo da norma e iniciava, à semelhança do processo executivo de título 
extrajudicial, com a abertura de processo autônomo, com uma nova distribuição, recebia um novo 
número de processo, apensava-se ao processo de conhecimento, fazia-se a citação para 
pagamento e conferia prazo para embargos, enfim, era um novo processo e demorado. 
 
Com as reformas de 2005/2006, o legislador, de acordo com Alexandre Freitas 
Câmara, alterou a natureza jurídica da execução de sentença, que passou de processo autônomo 
a fase do processo, isto é, a execução de sentença civil adotou, como regra, o processo sincrético, 
 
3 LIVRAMENTO, Geraldo Aparecido do. Execução no novo CPC. Leme (SP): JH Mizuno, 2016. 
4 THEODORO JÚNIOR, op cit. 
Novo CPC: Prática de Secretaria de Vara, Cumprimento de Sentença e Execução de Título Extrajudicial 3 
 
 
Facilitadora: Jacilene Vieira de Alencar 
 
visto que foram reunidas na mesma relação processual os atos cognitivos e os executivos, pois o 
juiz, ao decidir a causa, realizará os atos executivos, sem a necessidade da proposição de um novo 
processo. O juiz emite a sentença e, logo após o seu trânsito em julgado, se encarrega de 
promover o seu cumprimento, sem a necessidade da instauração de uma nova relação processual5. 
 
O novo CPC adotou a mesma sistemática introduzida pelas reformas processuais de 
2005/2006, não aboliu, nem em parte, a judicialização do processo executivo, contudo, pode-se 
verificar, principalmente, dentro do processo executivo de título extrajudicial, uma certa 
autonomia na atuação das partes e mais significativa participação nos atos executivos e na solução 
final do processo. Com isso, reconheceu o legislador, acompanhando o entendimento da melhor 
doutrina, que as partes não são apenas figurantes passivos da relação processual, mas agentes 
ativos com poderes e deveres para uma verdadeira e constante cooperação na busca do 
provimento final. 
 
A exemplo dessa nova postura cooperativa e flexibilização do excesso de publicismo 
(redução da intervenção judicial/magistrado, pois o processo passar a ser propulsionado a 
interesse do credor), destacam-se: à nomeação de bens à penhora, cuja iniciativa passou 
basicamente para o exequente/credor, que também assumiu o comando da expropriação dos 
bens penhorados, podendo, desde logo, adjudicá-los ou submetê-los a venda particular, evitando 
os inconvenientes da hasta pública (leilão e praça). 
 
Por parte do executado/devedor abriu-se a possibilidade de substituição da penhora, 
desde que sem prejuízo do direito do credor e a defesa do executado independe de prévia penhora 
etc. 
Em suma, o processo executivo de título extrajudicial sofreu algumas importantes 
mudanças, ou melhor dizendo, se revestiu do aspecto cooperativo, mas não se afastou da tônica 
do processo executivo civil inserido no CPC/1973, reformado pela Lei de 11.232/2005. 
 
Ao longo deste curso, trataremos, dentro do possível, com mais vagar, as principais 
mudanças trazidas pelo novo CPC para o processo executivo, com uma didática voltada para a 
prática processual a ser desempenhada nas secretarias de vara. 
 
 
5DESTEFENNI, Marcos. Curso de Processo Civil. v. I: tomo 2. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. p.312 
Novo CPC: Prática de Secretaria de Vara, Cumprimento de Sentença eExecução de Título Extrajudicial 4 
 
 
Facilitadora: Jacilene Vieira de Alencar 
 
2. DA EXECUÇÃO EM GERAL 
 
Para um melhor entendimento do processo executivo, faz-se oportuno, traçar um 
paralelo entre o processo de conhecimento, o processo executivo e o cumprimento de sentença. 
 
A atuação jurisdicional no processo de conhecimento é bem distinta daquela 
observada no processo de execução, razão pela qual existem regras e sistemática próprias para 
cada um deles. 
 
Há duas formas de execução civil: cumprimento de sentença (que não forma novo 
processo, salvo nos casos de sentença arbitral, penal, condenatória ou estrangeira) e a execução 
por título extrajudicial, que sempre inicia com a formação de um novo processo. 
 
O cumprimento da sentença é tratado no Livro I da Parte Especial, a partir do 
art. 513 do CPC. 
 
O Livro II da Parte Especial aplica-se ao processo de execução por título extrajudicial 
e contem regras que não são apenas de natureza procedimental, mas que dizem respeito aos 
mecanismos da execução em geral, aplicando-se supletivamente ao cumprimento da sentença se 
não forem incompatíveis, nem contrariarem alguns dos dispositivos específicos de cada tipo de 
execução. 
Podemos assim sistematizar: 
 
EXECUÇÃO POR TÍTULO 
EXTRAJUDICIAL 
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA 
 
Natureza de processo autônomo 
Não tem natureza de processo autônomo 
(trata-se de uma fase processual) 
Fundada em título executivo extrajudicial Fundada em título executivo judicial 
Mediata, pois sempre implica na formação de 
um novo processo autônomo 
Imediata – sem novo processo 
Não pressupõe, necessariamente, uma prévia 
definição por meio do processo de 
conhecimento, pois os títulos executivos 
extrajudiciais permitem o acesso à atividade 
jurisdicional executiva, sem qualquer discussão 
prévia sobre o direito do exequente 
Será sempre precedido de um processo 
civil de conhecimento de cunho 
condenatório, salvo se fundado em 
sentença arbitral, penal condenatória ou 
estrangeira. 
 
Novo CPC: Prática de Secretaria de Vara, Cumprimento de Sentença e Execução de Título Extrajudicial 5 
 
 
Facilitadora: Jacilene Vieira de Alencar 
 
Na fase de conhecimento, o juiz faz a cognição da relação jurídica e da 
demanda apresentada6 e ao final realiza a prestação jurisdicional na fase de conhecimento, com 
a prolação de uma sentença que se traduz na imposição da solução jurídica para a lide, salvo 
quando a composição da lide resultar de transação entre as partes, quando será uma sentença 
homologatória de acordo firmado através de conciliação e/ou mediação. Ambas as sentenças 
passarão a ser obrigatórias para todos os sujeitos do processo (autor, réu, Estado e 
terceiros/intervenientes juridicamente envolvido e interessados). 
 
A fase de cumprimento de sentença, como o nome já induz, é a realização material 
do direito do credor, uma vez que o processo de conhecimento não se encerra com a sentença, 
prossegue na mesma relação processual até alcançar a concretização da prestação a que tem 
direito o credor e a que está obrigado o devedor, razão pela qual o processo de conhecimento é 
chamado de sincrético (misto), pois estabelece a prestação e busca sua realização com os atos 
executivos próprios do cumprimento de sentença. 
 
O processo executivo de título extrajudicial que é um processo autônomo, no qual 
o direito à prestação já vem previamente estabelecido, fundado em título executivo extrajudicial, 
não se faz admissibilidade do direito do exequente, preocupa-se apenas em verificar a regularidade 
do título (liquidez, certeza e exigibilidade) e já prossegue com os atos constritivos/executórios 
para garantia do juízo (pagamento do débito). 
 
2.1 Da função executiva 
Os provimentos judiciais/sentença decorrem da natureza da pretensão das partes (do 
bem da vida perseguido), cuja classificação pela doutrina é dividida em TRINÁRIA e 
QUÍNTUPLA. Os adeptos da corrente TRINÁRIA seguem a doutrina de LIEBMAN e os da 
QUÍNTUPLA seguem a doutrina de PONTES DE MIRANDA. 
 
Para a TEORIA TRINÁRIA há três espécies de sentença: 
a) meramente declaratória 
b) constitutiva 
c) condenatória. 
 
6 Conhece, estuda, analisa os fatos, colhe as provas, faz juízo de valor, dar oportunidade para o contraditório, 
se empenha pela solução consensual do litígio através da autocomposição etc. 
Novo CPC: Prática de Secretaria de Vara, Cumprimento de Sentença e Execução de Título Extrajudicial 6 
 
 
Facilitadora: Jacilene Vieira de Alencar 
 
Enquanto para a TEORIA QUÍNTUPLA, há cinco espécies de sentença: 
a) declaratória; 
b) condenatória; 
c) constitutiva; 
d) executiva; 
e) mandamental 
 
A discussão entre as duas teorias limita-se a uma questão de classificação, com poucos 
resultados práticos dignos de destaque. Mais adequada e certamente útil é a exata definição dos 
elementos que compõem cada uma dessas espécies ou subespécies7. 
 
Nem todos os direitos reconhecidos judicialmente por sentença exigem a função 
executiva para levar a efeito a pretensão de deduzida em juízo, porque a sentença, por si só, já 
satisfaz o demandante, pois se realiza de modo independente, dispensando a função executiva. A 
exemplo disso, temos os PROVIMENTOS MERAMENTE DECLARATÓRIOS E 
CONSTITUTIVOS, que não demandam execução, SÃO AUTOSUFICIENTES, com exceção 
dos honorários sucumbenciais. 
 
Dentro de uma mesma sentença podem conviver mais de uma eficácia. A sentença 
pode ser declaratória e condenatória, constitutiva e condenatória, razão pela qual quando se tratar 
de provimento misto, a parte condenatória deverá ser concretizada pela via executiva. 
Segue abaixo um quadro resumo e conceitual: 
TIPO DE 
PROVIMENTO 
DESCRIÇÃO EXEMPLO 
 
SENTENÇA 
CONDENATÓRIA 
Quando a satisfação do vencedor 
dependerá dos bens porventura 
integrantes do patrimônio do vencido. 
 
Sentença procedente em 
ação de cobrança. 
SENTENÇA 
EXECUTIVA LATO 
SENSU 
Quando satisfação visa a recuperar bem 
integrante do patrimônio do vencedor. 
Sentença procedente em 
reintegração de posse. 
 
SENTENÇA 
DECLARATÓRIA 
É a declaração da existência ou 
inexistência de uma relação jurídica de 
direito material. A certeza jurídica é o 
bem da vida tutelado. 
Sentença que declara nula 
cláusula contratual. (Súmula 
181, STJ e arts. 19 e 20, 
NCPC) 
 
7NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de direito processual civil. 5a. ed. rev. atual. e ampl. Rio de 
Janeiro: Forense: São Paulo: MÉTODO, 2013. 
Novo CPC: Prática de Secretaria de Vara, Cumprimento de Sentença e Execução de Título Extrajudicial 7 
 
 
Facilitadora: Jacilene Vieira de Alencar 
 
SENTENÇA 
CONSTITUTIVA 
Tem eficácia constitutiva, de criação, 
modificação ou extinção. é a alteração 
da situação jurídica, necessariamente 
com a criação de uma situação jurídica 
diferente da existente antes de sua 
prolação, com todas as conseqüências 
advindas dessa alteração. 
Sentença homologatória de 
Divórcio 
 
 
 
SENTENÇA 
MANDAMENTAL 
Caracteriza-se pela existência de uma 
ordem do juiz dirigida à pessoa ou órgão 
para que faça ou deixe de fazer algo, não 
se limitando, portanto, à condenação do 
réu. A satisfação da sentença 
mandamental é feita pelo cumprimento da 
ordem, não existindo processo ou fase de 
execução subsequente a ela visando tal 
satisfação. 
 
 
 
Sentença que julga 
procedente pedido de 
exibição de documentos. 
 
Esse breve apanhado sobre a classificação das sentenças facilitará o entendimentodentro da teoria geral da execução que há provimentos judiciais que dispensam a fase executiva 
para produzir seus efeitos. A função executiva se traduz, em suma, em um procedimento 
de expropriação de bens para garantia de um crédito, buscando-se o cumprimento de 
uma obrigação pecuniária. 
 
Como já afirmado, o provimento condenatório exige a função executiva para 
realizar o direito material reconhecido na sentença, os demais provimentos são 
autoexecutáveis. 
 
Nesse contexto, para efeito de dirimir eventual dúvida, é importante fazer a distinção 
entre a sentença executiva e a condenatória: na sentença condenatória, o direito é de crédito, 
buscando-se o cumprimento de uma obrigação pecuniária [exemplo: reparação por dano 
moral], enquanto na sentença executiva o direito é real (coisa), buscando-se a retomada de 
coisa que está injustamente no patrimônio do executado [exemplo: reintegração de posse de 
imóvel]. Nessa visão, a sentença condenatória retira algo do patrimônio do executado que até a 
sentença lá estava legitimamente, enquanto na sentença executiva se retoma bem que pertence ao 
exequente, que estava injustamente com o executado8. 
 
 
8NEVES, op cit. 
Novo CPC: Prática de Secretaria de Vara, Cumprimento de Sentença e Execução de Título Extrajudicial 8 
 
 
Facilitadora: Jacilene Vieira de Alencar 
 
3. PRINCÍPIOS GERAIS DO PROCESSO EXECUTIVO 
 
3.1 Considerações gerais 
O processo civil moderno vem seguindo a tendência mundial do constitucionalismo 
democrático, de fazer a interpretação constitucional de todo o seu ordenamento jurídico, tendo 
a constituição como “o fiel da balança” de todas as normas infraconstitucionais. 
 
O Brasil segue a cultura da codificação de seu ordenamento jurídico, e, aos poucos, 
traz para dentro de seus códigos as normas constitucionais [o fenômeno conhecido como 
constitucionalização do direito]. 
 
No meio jurídico, especialmente entre doutrinadores, tem surgido a crítica de que se 
já está na Constituição (Lei maior), não se faz necessário repetir as mesmas normas na legislação 
infraconstitucional. Mas como a cultura da codificação defende que para ter segurança jurídica 
precisa estar escrito, tem prevalecido a técnica de repetir os princípios constitucionais na 
legislação infraconstitucional. 
 
Uma das maiores preocupações do Novo Código de Processo Civil é a de conceber 
um novo formalismo que se adeque às diretrizes do processo democrático, de modo a evitar que 
as formas processuais sejam estruturadas e interpretadas em discordância com o modelo 
constitucional do processo9. 
 
O CPC de 2015, percorrendo esse caminho, elencou e corporificou em diversos 
artigos os princípios constitucionais do processo previstos na Constituição Federal de 1988. Em 
relação a tutela jurisdicional executiva merecem destaques os seguintes dispositivos: 
 
Art. 4º As partes têm direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, 
incluída a atividade satisfativa. 
Art. 6º Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, 
em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva. 
 
Adiante, trataremos dos princípios que informam o sistema processual executivo 
 
9 THEODORO JÚNIOR, Humberto. et al. Novo CPC – Fundamentos e sistematização. Rio de Janeiro: 
Forense, 2015. 
Novo CPC: Prática de Secretaria de Vara, Cumprimento de Sentença e Execução de Título Extrajudicial 9 
 
 
Facilitadora: Jacilene Vieira de Alencar 
 
brasileiro e, em breves linhas, discorreremos sobre a importância e o papel dos princípios no 
ordenamento jurídico. 
 
 A doutrina moderna, e.g., J. J. Canotilho, Luís Roberto Barroso, Paulo Bonavides, 
Robert Alexy, Ronald Dworkin, que, ao contrário do que defendia a doutrina clássica, para a qual 
existiam distinções entre princípios e normas, passa a entender que as normas são o gênero do 
qual fazem parte as espécies princípios e regras, já que ambos exprimem um dever ser. Portanto, 
princípio é norma jurídica e deve ser obedecido e aplicado, daí a importância de estudá-los. 
 
Para Dworkin, o princípio é um “padrão que deve ser observado, não porque vá 
promover ou assegurar uma situação econômica, política ou social considerada desejável, mas 
porque é uma exigência de justiça ou equidade ou alguma outra dimensão da moralidade” 
(DWORKIN, 2007, p. 36). São eles que orientarão o sentido da sentença proferida pelo juiz, 
evitando, assim, que as decisões sejam juízos discricionários do juiz e que o direito se desvincule 
da moral. 
Princípio é espécie do gênero norma jurídica e deve ser observado na interpretação e 
na aplicação da lei ao caso concreto. Sua observância é obrigatória. 
 
Além dos princípios gerais do processo inseridos tanto no Código de Processo Civil 
quanto na Constituição Federal, o processo de execução tem sustentação em princípios 
específicos. 
 
Para o nosso curso adotamos 09 (nove) princípios, os quais foram extraídos da 
doutrina e do próprio Código de Processo Civil de 2015. Senão vejamos: 
 
1. PRINCÍPIO DA LIVRE-INICIATIVA (INÉRCIA DA JURISDIÇÃO 
CIVIL) 
 
Segundo a regra do art. 778 do CPC, a execução depende da promoção dos 
legitimados ativos que ali estão arrolados. 
 
Esse princípio fica evidenciado tanto quando a execução de título executivo 
extrajudicial é ajuizada pelo exequente, detentor do título em que se funda a execução, quanto no 
cumprimento de sentença (execução de título judicial), cuja fase processual só é inaugurada por 
Novo CPC: Prática de Secretaria de Vara, Cumprimento de Sentença e Execução de Título Extrajudicial 10 
 
 
Facilitadora: Jacilene Vieira de Alencar 
 
impulso e a pedido da parte credora (§1º, art. 513 CPC), como veremos adiante, mais amiúde. 
 
2. PRINCÍPIO DA REALIDADE OU DA PATRIMONIALIDADE 
 
O princípio da realidade ou da patrimonialidade implica em dizer que o devedor 
responde com os seus bens presentes e futuros, e não com sua pessoa, para cumprimento de suas 
obrigações, salvo as restrições estabelecidas em lei (art. 789 do CPC). Dentre estas restrições 
podemos citar a lei de alimentos, assim como dos dispositivos do novo CPC, que permitem a 
prisão civil do devedor quando se tratar do pagamento de prestação alimentícia em razão do 
parentesco – devedor de alimentos decorrentes de direito de família, isto é, de casamento, 
união estável e parentesco. 
 
Nesse tópico, a priori, é importante enfatizar que a prisão do devedor de alimentos 
não garante o juízo, ou seja, não paga a dívida, mas sim, é uma forma de coerção para que o 
devedor, bem como uma forma de inibir que o obrigado a prestar alimentos evite o 
inadimplemento. 
 
Não existe mais a prisão civil do depositário infiel, consoante decidiu o Supremo 
Tribunal Federal no RE 466.343, tanto nos casos de alienação fiduciária em garantia quanto nos 
demais casos, incluindo depositário infiel (esse entendimento converteu-se, depois, na Súmula 
Vinculante 25 do STF). 
 
Os meios de coerção, como a multa periódica (astreints), a busca e apreensão e a 
tomada de bens não violam esse princípio, já que dizem respeito aos bens do devedor, não à sua 
pessoa. Portanto, no ordenamento jurídico brasileiro não há prisão por dívida, salvo as exceções 
estabelecidas em lei. 
 
3. PRINCÍPIO DO EXATO ADIMPLEMENTO 
 
O objetivo da execução é a plena satisfação do direito do credor, e este princípio deixa 
consagrado que a execução deve alcançar o patrimônio na medida suficiente e necessária para 
satisfação do crédito. 
 
Esse princípio impõe que a execução se limite àquiloque seja suficiente para o 
Novo CPC: Prática de Secretaria de Vara, Cumprimento de Sentença e Execução de Título Extrajudicial 11 
 
 
Facilitadora: Jacilene Vieira de Alencar 
 
cumprimento da obrigação. O art. 831 do CPC estabelece que: “A penhora deverá recair sobre 
tantos bens quantos bastem para o pagamento do principal atualizado, dos juros, das 
custas e dos honorários advocatícios”. 
 
Por isso quando o montante penhorado for suficiente para garantir o juízo (garantir 
o pagamento da dívida), o juiz suspenderá a expropriação dos bens, não prosseguirá na busca de 
bens, pois já garantido o juízo. 
 
Contra o descumprimento desse princípio o devedor poderá lançar mão dos meios 
de defesa (embargos ou impugnação) sob a tese de excesso de execução. 
 
4. PRINCÍPIO DA DISPONIBILIDADE DO PROCESSO DO CREDOR 
 
Esse princípio tem vínculo direto com o Princípio da Livre Iniciativa, em verdade, 
pode-se afirmar que um seja a extremidade do outro, uma vez que aquele orienta que o início do 
processo executivo é a requerimento do credor e esse diz que o credor pode desistir da execução 
a qualquer tempo, sem necessidade de consentimento do devedor (art. 775 do CPC), com exceção 
da seguinte hipótese: se houver impugnação ou embargos, que não versarem apenas sobre 
questões processuais, mas matéria de fundo (direito), caso em que o executado-embargante 
poderá desejar o pronunciamento do juiz a respeito. 
 
Em relação à desistência da execução, conforme determinam o parágrafo único e os 
incisos I e II do art. 775, será observado o seguinte: 
 
a) serão extintos a impugnação e os embargos que versarem sobre questões 
processuais, pagando o exequente as custas processuais e os honorários 
advocatícios; 
b) nos demais casos, a extinção dependerá da concordância do impugnante ou do 
embargante. 
 
Em suma, a desistência é livre quando: 
• a execução não estiver impugnada ou embargada; 
• a impugnação ou os embargos opostos versarem sobre matéria processual. 
 
Novo CPC: Prática de Secretaria de Vara, Cumprimento de Sentença e Execução de Título Extrajudicial 12 
 
 
Facilitadora: Jacilene Vieira de Alencar 
 
Ao extinguir a execução, por desistência, o juiz condenará o credor ao pagamento das 
custas e honorários advocatícios. 
 
Importante ressaltar que, se a desistência ocorrer sem que o executado tenha sido 
citado ou apresentado defesa, não haverá necessidade de sua concordância para a desistência do 
processo de execução. 
 
Para um melhor esclarecimento, não se deve confundir desistência com renúncia. Na 
desistência da execução, o exequente pode propor novamente, ou seja, renovar o pedido, desde 
que não tenha ocorrido a prescrição ou a decadência do direito. Enquanto que na renúncia, ele 
abre mão do direito material em que se funda a ação e não tem mais o direito ao crédito que 
pleiteava. 
Na renúncia da execução, se o devedor tiver embargado, estes serão julgados 
procedentes e o exequente ficará obrigado ao pagamento das verbas de sucumbência. 
 
Nesse contexto cabe trazer ao debate um novo instituto do processo executivo: a 
responsabilidade do exequente por indevida ação de execução, prevista nos arts. 776 e 777 
do NCPC. Essa nova regra processual tem o condão de inibir e punir o exequente que ajuizou 
ação contra executado que teve seu patrimônio agredido pela força estatal por uma dívida 
inexistente. 
Implica em responsabilidade do exequente por indevida ação de execução, quando a 
sentença, transitada em julgado, nos respectivos embargos à execução, declarar como inexistente, 
no todo ou em parte, a obrigação que ensejou a execução. Assim ocorrendo, o exequente estará 
obrigado, além da pena constante do art. 940 do Código Civil, isto é, pagar o equivalente da 
importância que exigiu, também ao pagamento dos danos sofridos pelo executado, sendo que 
estes serão apurados nos próprios autos, por via de liquidação de sentença, e exigidos por via de 
cumprimento de obrigação de pagar quantia certa10. 
Exemplo (caso hipotético): 
Durval ajuizou execução de título extrajudicial fundada em duplicata, em face de Joel, que embargou 
à execução alegando a inexigibilidade da obrigação em razão do título executivo tratar-se de uma duplicata 
fraudulenta (inciso I, art. 917, NCPC. O juiz acolheu os embargos e declarou por sentença, a inexistência da 
 
10 LIVRAMENTO, Geraldo Aparecido do. Execução no novo CPC. Leme (SP): JH Mizuno, 2016. p. 130-131. 
 
Novo CPC: Prática de Secretaria de Vara, Cumprimento de Sentença e Execução de Título Extrajudicial 13 
 
 
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obrigação por estar provado que a duplicata foi produto de fraude e em consequência julgou extinta a execução, na 
forma do art. 924, inciso III, do NCPC. A sentença transitou em julgado. 
 
5. PRINCÍPIO DA UTILIDADE 
 
Esse princípio informa que a execução só se justifica se trouxer alguma vantagem para 
o credor, pois a sua finalidade é trazer a satisfação total ou parcial do crédito. Nesse entendimento, 
o art. 836 do NCPC afirma que “Não se levará a efeito a penhora quando ficar evidente que 
o produto da execução dos bens encontrados será totalmente absorvido pelo pagamento 
das custas da execução”, razão pela qual, identifica-se que esse princípio faz interação com 
o princípio do exato inadimplemento. 
 
6. PRINCÍPIO DA MENOR ONEROSIDADE 
 
É estabelecido no art. 805 do NCPC: “Quando por vários meios o exequente 
puder promover a execução, o juiz mandará que se faça pelo modo menos gravoso para 
o executado”. 
Esse princípio, embora a execução seja a favor do credor e em seu melhor benefício, 
estabelece um critério judicial que beneficia o devedor, conferindo equilíbrio à relação 
processual/material, uma vez que havendo modos equivalentes para alcançar o resultado 
almejado pelo credor, há de prevalecer o menos gravoso ao devedor. 
 
Exemplo: o devedor possui dois automóveis, ambos satisfazem o crédito, com o mesmo valor e liquidez, contudo, 
um dos veículos é um fusca ano 1976 deixado por herança pelo pai do devedor, restaurado e costumizado e outro 
é um veículo comum de passeio, sem nenhum valor sentimental. 
 
Segundo esse princípio e o dispositivo legal que o sustenta, não há razão para que o 
credor exija que a penhora recaía sobre o automóvel que tem valor sentimental. Ainda que a 
execução seja em benefício do credor, não se pode usá-la para impor ao devedor desnecessários 
incômodos, humilhações, ofensas ou sofrimentos (ônus desnecessários)11. 
 
 
11 LIVRAMENTO, op. cit. 
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7. PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO 
 
O art. 5º da, LV, da CF/88 assegura o contraditório a todos os procedimentos 
jurisdicionais e administrativos e não seria diferente com a execução civil. 
 
Não se trata de um princípio específico da execução civil, mas do processo geral e 
fundamental no Estado Democrático de Direito. 
 
Embora haja particularidades no processo de execução civil, o contraditório, 
obrigatoriamente deve estar presente. O executado deve ser citado (quando a execução for 
fundada em título executivo extrajudicial) e intimado de todos os atos do processo, tendo 
oportunidade de se manifestar, por meio de advogado. Quando há cálculos de liquidação, 
penhora e avaliação de bens, ou qualquer outro incidente processual, ele terá oportunidade de se 
manifestar. 
Em suma, o executado poderálançar mão de todos os meios de defesa/impugnação 
admitidos no processo executivo. 
 
8. PRINCÍPIO DO RESPEITO À DIGNIDADE HUMANA 
 
O princípio constitucional do respeito à dignidade humana está contemplado no 
processo de execução civil no dispositivo legal contido no art. 833 do NCPC, no qual consta o 
rol dos bens impenhoráveis. 
 
Esse princípio mestre visa resguardar os direitos e garantias fundamentais do devedor, 
não permitindo que o executado seja posto em situação incompatível com a dignidade da pessoa 
humana, capaz de provocar a miséria em sua família, garantindo-lhe o mínimo existencial, a 
exemplo da impenhorabilidade do imóvel residencial, bem de família e do salário, garantindo o 
direito à moradia e ao sustento. A exceção que trata a Lei de Alimentos tem a mesma finalidade 
– garantir o mínimo existencial ao alimentado. 
 
9. PRINCÍPIO DA CUMULATIVIDADE DE VÁRIAS EXECUÇÕES 
 
Em interação com o princípio geral da economia processual, o princípio da 
cumulatividade de várias execuções está previsto no art. 780, do NCPC. 
Novo CPC: Prática de Secretaria de Vara, Cumprimento de Sentença e Execução de Título Extrajudicial 15 
 
 
Facilitadora: Jacilene Vieira de Alencar 
 
 
Esse princípio confere ao exequente o direito e a possibilidade de cumular execuções 
em um só processo, ou seja, uma só ação executiva de título extrajudicial pode ser fundada em 
mais de um título e de espécie diferente (v.g cheque, duplicata, contrato de locação), contanto que 
ocorra identidade das partes, a competência do juízo para conhecer as pretensões e a 
uniformidade do procedimento.

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