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Direito Civil II (1) apostilha

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Direito Civil II
Prof. Marco Flavio de Sá
Teoria Geral dos Contratos
Elementos do Contrato
Acordo de vontades ( consenso
Partes ou Sujeitos
Objeto	 Obrigações 
	 	 Direitos
Objeto Idôneo: lícito (juridicamente), possível (fisicamente). 
Os contratos tratam de obrigações e direitos de natureza patrimonial.
Nem sempre existe uma equivalência entre patrimônio e apreciação econômica. Ex.: Personalidade moral, propriedade intelectual, etc. não são equivalentes a dinheiro, porém podem ser objetos de contratos.
Discricionariedade: ao contrário da lei, o contrato só precisa ser cumprido se a parte tiver concordado com ele.
Função social do contrato
O contrato objetiva a manutenção da ordem jurídica e social.
O contrato é também um instrumento de pacificação social, pois informa às partes as condutas a serem observadas evitando assim o conflito. E mesmo quando há descumprimento e o conflito se estabelece, é o próprio contrato que orienta a composição do conflito.
O objeto do contrato sempre estará em consonância com a lei devido a sua função social. Tudo pode ser objeto de um contrato, a não ser o que a lei proíba. Exceto quando se tratar de ente público, que deve obedecer ao princípio da legalidade – enquanto o particular pode fazer tudo o que não for proibido, o administrador público só pode fazer o que está estabelecido na lei.
Forma
A maneira em que o contrato se apresenta no mundo jurídico chama-se forma. A vontade das partes pode aparecer de maneira tácita (oral e subentendido), expressa (oral ou escrita) ou pública (“Registrado em Cartório” – fé pública – garante que o contrato foi feito da forma adequada). Na forma pública, há uma presunção de que o contrato seja perfeito, caso contrário o tabelião (representante do Estado) não o registraria, teoricamente.
Quando a lei quer preservar certos tipos de contrato, ela estabelece que sua forma deve ser pública, visando assegurar sua perfeição e adequação ao ordenamento.
Objeto
O contrato pode criar, modificar, extinguir, transferir ou salvaguardar (resguardar) um direito.
O contrato só regula obrigações de natureza patrimonial.
Algumas obrigações, ao serem descumpridas, não geram a desagregação social que o ordenamento visa evitar, portanto não são objetos de contratos.
Contrato de casamento: é um contrato sui-generis, pois regula tanto obrigações de natureza patrimonial (cláusula de regime de bens), quanto não-patrimoniais (obrigação de tratar bem o cônjuge).
		Consentimento: consenso entre as partes – bilateral
Bilateralidade	Obrigações: bilateral - gera direitos e obrigações para ambos os contratantes - e sinalagmático – interdependência entre os direitos e as obrigações geradas para as partes através do contrato (sinalágma do contrato) - (ex. Compra e Venda)
Unilateralidade – contratos que geram somente obrigações para uma parte e direitos para a outra. Contratos de obrigações.
Declaração unilateral de vontade – uma parte declara sua vontade independente das vontades alheias (Ex. Testamento)
Autocontrato – duas vontades exteriorizadas pela mesma pessoa (Fulano constitui Beltrano como seu procurador para vender um carro, estabelecendo o valor e as condições da venda. Beltrano decide comprar o carro e assinará o contrato como comprador e procurador do vendedor).
Conceito de contrato:
De Plácido e Silva – Vocabulário Jurídico: ajuste, convenção, pacto ou transação, firmada ou acordada entre duas ou mais pessoas para um fim qualquer, adquirir, modificar, extinguir, ou resguardar direitos.
Clóvis Bevilaqua - Acordo de vontade para o fim de adquirir, modificar, extinguir ou resguardar direitos.
Maria Helena Diniz - acordo de duas ou mais vontades na conformidade da ordem jurídica, destinado a estabelecer uma relação de interesses entre partes, com o escopo de adquirir, modificar ou extinguir relações jurídicas de natureza patrimonial. (só faltou resguardar para ser a mais completa definição)
Evolução histórica do conceito de contrato
O Contrato na antiguidade e a influência do Direito Romano sobre tal instituto
O contrato no direito romano dava preferência à forma em detrimento da vontade. O contrato não se aperfeiçoava com a declaração de vontade das partes e sim com a solenidade característica da execução do ato jurídico.
Em Roma não existia distinção entre política, religião e direito. Os atos jurídicos só eram válidos se os deuses pudessem “lê-los” da maneira adequada, daí a forma ser tão importante para a validade dos atos jurídicos.
Com a passagem da sociedade romana de agrária para expansionista, surgiram duas classes de pessoas, os patrícios, cidadãos romanos e os escravos, provindos dos povos conquistados ou de condenados a escravidão para pagamento de dívidas – noxae deditio. 
Com a expansão do império através do velho mundo, Roma permitia a manutenção de tradições locais em troca da aceitação da tradição romana. Com o intercâmbio cultural entre dominadores e dominados, Roma acabou adotando diversos institutos jurídicos e difundindo-os.
Existiam em Roma três tipos de contratos:
Verbis – era preciso dizer algo (uma palavra, expressão) para aperfeiçoá-lo. O contrato do casamento ainda é um exemplo deste tipo de instrumento.
Litteris – Demandavam a inscrição num livro (codex – mantido pelas famílias proeminentes onde constavam todos os contratos de que seus membros participavam). Atualmente, os comerciantes ainda são obrigados a manter livros de suas operações. As próprias empresas têm que ser constituídas por um documento escrito e inscrito no órgão competente.
Re - Deram origem aos contratos reais – os contratos só eram considerados celebrados após a tradição do bem que era seu objeto. Até hoje os contratos reais só são considerados celebrados após a tradição do bem.
Contratos reais são aqueles que precisam da tradição do bem para se aperfeiçoarem, contratos de compra e venda e locação, por exemplo, embora comportem a tradição, são contratos consensuais, são por excelência considerados contratos reais os de empréstimo e depósito.
Além destes, haviam os contratos dos tipos:
Pacta: contratos onde não havia sanção pelo inadimplemento.
Conventio: contratos onde haviam sanções, às vezes severas, pelo inadimplemento. Chegava-se a pagar com a própria integridade física pelo descumprimento de um acordo.
Noxae deditio ( o devedor inadimplente em um contrato do tipo Conventio poderia ser entregue como escravo ao credor para que pudesse saldar sua dívida.
Embora para os romanos, a forma fosse mais importante que a própria vontade em uma contratação, existiam quatro espécies de contratos em que a manifestação de vontade era o elemento principal:
Venda – imagine uma forma especial para comprar pão...
Locação								Elemento Vontade
Mandato – ex.: contratação de advogado				é o mais importante
Sociedade – affectio societatis – Desejo de se juntar a alguém				 visando o exercício de uma atividade
O Contrato na Idade Antiga e Idade Média – a influência das escolas Canonista e Jus Naturalista sobre tal instituto
Com a queda de Roma e a desestruturação de seus domínios pelas invasões bárbaras, os territórios foram divididos em inúmeros feudos, onde o objetivo primordial era a segurança. As populações viviam dentro das muralhas dos feudos e pouco ou nenhum comércio existia neste ambiente. Os contratos deixaram então de ter importância, uma vez que praticamente inexistiam trocas de patrimônio.
Com a ascensão da burguesia, seu apoio a reestruturação dos governos centrais e o efeito positivo que isto teve nas relações comerciais, os contratos voltaram a ser fundamentais na sociedade.
Nesta época surgiram dois princípios jurídicos relacionados aos contratos:
Consensualismo: senso comum, o acordo surge da vontade comum de duas partes. Pressupõe a honestidade das partes, ao dizer a verdade sobre o que se dispõe a contratar, para que só se obriguem ao que podem cumprir. Originado na Escola Canonista.
Autonomia da vontade: apenas a vontadeválida, livre de qualquer vício, pode lastrear uma obrigação. Uma vontade viciada torna o contrato inválido. Originado do Jusnaturalismo.
Sendo estes dois princípios relacionados ao dever de veracidade – as partes não podem mentir, pois precisarão honrar o compromisso assumido.
Para o direito natural, a unidade de medida não é Deus, e sim o homem. Não se poderia esperar uma conduta contrária a própria natureza do homem. Desenvolveu-se o conceito de homem médio, cujas atitudes seriam facilmente entendidas por todos.
Dentre os direitos inerentes a raça humana está a liberdade. Para os jusnaturalistas, a liberdade do homem é tão ampla que ele pode inclusive abrir mão dela.
Com relação aos contratos, os jusnaturalistas consideravam que também era também licito que o homem pudesse abrir mão de parte de sua liberdade, junto com outro, para celebrarem um acordo.
O Contrato durante o liberalismo econômico
Com a consolidação do capitalismo depois das revoluções burguesas, o contrato passa a ser um instrumento jurídico de grande importância. As rotas comerciais e os estoques de metais preciosos foram substituídos pelo grau de industrialização das nações como medida de sua riqueza. Com a produção e comércio em massa e seus riscos inerentes, o contrato passa a ser o instrumento chave para garantir o funcionamento da economia.
Como a motivação para o lucro era o combustível que movia a sociedade, o contrato deixou de ser um instrumento de pacificação social para se tornar um instrumento de opressão. A vontade formal prevalecia sobre a vontade real – mesmo que as partes não compreendessem o que estava estabelecido no contrato, ele era válido apenas por ter sido contratado daquela forma.
Neste período também não se levava em conta as partes contratantes, assim um magnata poderia contratar com um semi-analfabeto e este contrato seria considerado válido. O grande sofisma desta época usava como pressuposto a igualdade conquistada na revolução francesa. Esta igualdade, no sentido de todos serem iguais perante a lei, levava ao raciocínio de que a lei deveria tratar a todo de maneira igual, mesmo que se tratassem de pessoas diferentes. O desamparo da lei aos mais necessitados acentuava a desigualdade.
A sociedade não dispunha de técnicas muito elaboradas de contratos, tanto importava se o que estava sendo contratado era a venda de uma casa ou de um pão, o contrato era praticamente o mesmo. A única coisa verificada nos contratos era o equilíbrio entre a prestação e a obrigação, que era facilmente burlada pela inclusão de uma cláusula que prevê reajustes desproporcionais a prestação.
No nosso código civil de 1916, inspirado no liberalismo, o contrato tinha importância apenas para validar as inter-relações entre os indivíduos onde se firmavam as obrigações. Não se cogitava a sua função social. Neste período o principio do pacta sunt servanda era extremamente privilegiado, o contrato obrigava as partes como a lei.
Os conflitos, gerados pela crescente exploração social a que as pessoas eram submetidas pelos que detinham o capital, forçaram o Estado a tomar pra si a obrigação de intervir na economia.
Cai a concepção de que todos são iguais perante a lei, que é substituída pela idéia de que a lei deve tratar de forma desigual os que são desiguais, na medida de sua desigualdade, para com isso garantir a igualdade entre todos. Desaparece a idéia de verdade formal entre os contratantes, substituída pela busca pela vontade real – interessa menos o que está escrito no contrato do que aquilo que realmente se objetivava com o acordo.
O Contrato na Atualidade
Atualmente existem políticas de intervenção do Estado na economia através da legislação. O que ocorre mais intensamente em matéria contratual, reduzindo a autonomia privada para contratar, pois o Estado proíbe a contratação de determinados conteúdos e limita outros. Há também, na atualidade, uma técnica contratual bastante desenvolvida e a elevada consideração do cunho social dos contratos. Ao ponto de uma interpretação poder ser dada a um contrato visando o bem da sociedade, mesmo que isto contrarie ambas as partes. Isto é o que permite inclusive que o poder judiciário interprete e desconsidere clausulas contratuais consideradas abusivas, por exemplo.
Princípios Contratuais
Princípios são regras gerais aplicadas a um instituto. No caso dos contratos, os principais são:
Autonomia da vontade
Princípio que estabelece a liberdade das partes ao contratar. Segundo Caio Mario, a autonomia da vontade é a faculdade que as partes têm de concluírem livremente os seus contratos. Ele a subdivide em três liberdades de contratar:
Liberdade de contratar propriamente dita: liberdade ampla, de contratar, ou não, qualquer coisa – atualmente limitada pela lei e pelos costumes.
Tipos de leis e formas em que elas limitam a liberdade de contratar:
Leis Coativas (coação = obrigação sobre pena de sanção)
Leis Imperativas – determina uma conduta a ser observada sob pena de sanção. Ex. Contrato de DPVAT.
Leis Proibitivas – veda determinada conduta sob pena de nulidade ou sanção. Ex. Casamento entre parentes.
Leis Supletivas – norma que confere ao particular a escolha ou faculdade em relação a sua observância, porém, se o particular não escolhe, a lei escolhe por ele. Ex. Regime de comunhão de bens no contrato de casamento, a lei permite a escolha, caso os nubentes não o façam, vale a comunhão parcial, que é o regime legal.
Liberdade de estipular contrato – liberdade de decidir o que contratar. Ex. Você chama sua esposa para uma festa, ela imagina com que vestido ela vai, pode comprá-lo, alugá-lo, pegar emprestado com uma amiga ou contratar uma costureira para fazê-lo. A esposa tem a liberdade de estipular qual tipo de contrato realizará, contrato de compra e venda, locação, empréstimo ou prestação de serviço. É a liberdade mais ampla, salvo raras exceções, como a contratação do DPVAT, onde só existe um tipo de contrato possível e sua contratação é obrigatória.
Liberdade de determinar conteúdo do contrato – liberdade de determinar as cláusulas de um contrato. Sofre limitações devido à obrigatoriedade de:
Inserção de Cláusulas necessárias: Cláusulas que a lei determina que devam estar presentes em certos tipos de contratos, sob pena de nulidade. Ex.: Cláusula de Regime de Bens em contrato de casamento. A cláusula de objeto é um caso a parte, pois é necessária por motivos lógicos, não legais.
Inserção de Cláusulas de Uso ou de Estilo: Cláusula já consagrada que vem subentendida em qualquer contrato, mesmo que não esteja expressa. Ex. Cláusula Resolutiva – Caso uma das partes descumpra sua obrigação, a outra fica livre do contrato, que restará resolvido. É uma cláusula tácita, não precisa estar expressa.
Condições Uniformes de Contratação (Contrato de Adesão): As mesmas regras contratuais serão utilizadas para um número elevado de contratantes. Os pontos importantes da regulação são definidos unilateralmente por um dos contratantes, cabendo a outra parte apenas manifestar sua concordância ou não em relação à contratação. É essencial a prestação de serviços e venda de produtos em larga escala, que não poderiam ser discutidos individualmente, como fornecimento de água, luz, telefonia, etc.
Previsto no Art. 54, lei 8.078 de 1990 – CDC “Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo.”. 
Os contratos em que se permite discutir seus aspectos fundamentais são contratos paritários, as partes estão com condições iguais de contratar.
O fato do CDC regulamentar os contratos de adesão não implicam que estes sejam sempre contratos de consumo. Aqueles celebrados com a administração pública, por exemplo, são de adesão e não são de consumo.
O contrato de Adesão que for obscuro em algum ponto, sempre terá sua interpretação tendenciada ao lado maisfraco da relação (In dúbio pro consumidor). Isso se deve ao fato da elaboração ter ficado a cargo da parte mais forte, portanto a sua responsabilidade pela clareza de seus termos.
Contrato Formulário: É uma espécie de contrato de adesão, ele já é entregue impresso a parte, apenas para preenchimento de sua identificação e assinatura. Ex.: Contratos bancários.
Caso o consumidor contratante inserir uma cláusula que trate de matéria importante na negociação, o contrato formulário não perderá a natureza de adesão. Art. 54, § 1º, lei 8.078 de 1990.
Contrato Normativo: É um tipo de contrato que serve de base para a celebração de outros contratos, inclusive limitando-os. Num contrato normativo é estabelecido o limite e o roteiro para a elaboração do outro contrato. Ex.: Convenções Coletivas de Trabalho – estabelece limites para a contratação de contratos individuais de trabalho, acordando salário mínimo, carga horária, férias, etc. São limitadores a liberdade de contratação.
Conensualismo
Estabelece que, para a formação de um contrato, são necessárias ao menos duas vontades válidas. Bastaria o acordo entre as partes para que o contrato fosse considerado formado, embora este princípio seja relativizado, pois alguns contratos necessitam de outros requisitos.
	Mecanismo básico de Formação dos Contratos:
Existência de duas ou mais declarações válidas de vontade, emitidas de maneira expressa ou tácita. Em caráter excepcional, a lei pode permite que o silêncio seja interpretado como declaração positiva de vontade.
Coincidência de fundo entre as vontades declaradas. É o consenso, o ponto comum entre as vontades. Ex. Fulano quer vender, Beltrano quer comprar, suas vontades são antagônicas mais se encontram num mesmo ponto.
Os contratos formados por estas duas características são chamados Contratos Consensuais, (solo consenso). Os contratos que não são meramente consensuais, como os solenes, demandam outro mecanismo na sua formação.
Observância das formalidades prescritas em lei. Alguns contratos devem ter registro público para serem válidos, como o contrato de compra e venda de imóveis cujo valor seja superior a 30 SM. Lavra-se o contrato no Cartório de Notas que depois é levado ao Cartório de Registro de Imóveis para que a propriedade seja transferida. 
A compra e venda de bens móveis, um veículo, por exemplo, não é um contrato solene. A necessidade de registro no DETRAN não é para dar validade ao contrato e sim para responsabilização do proprietário, cobrança de impostos, etc.
Já os contratos reais necessitam de um terceiro passo, além dos dois primeiros: 
Tradição da posse da coisa – um contrato real só se aperfeiçoa com a tradição do bem, não bastando o consenso e a declaração das vontades.
Força Obrigatória
Pacta sunt servanda ( O contrato deve ser servido. As partes devem obedecer ao vínculo que elas criaram. Outra tradução, mais comum, diz que o contrato faz lei entre as partes, que ficam obrigadas a obedecê-lo como se fosse a lei.
É a obrigatoriedade do contrato que o torna um instrumento de segurança jurídica, pois as partes são obrigadas a cumprir o que contrataram ou arcar com as conseqüências da sua inadimplência.
É um princípio extremamente relativizado, existem várias exceções que permitem o descumprimento de um contrato:
Força maior ou caso fortuito
Onerosidade excessiva do contrato
Revisão Judicial do contrato
Relatividade – ou Intangibilidade dos Efeitos do Contrato
O princípio da Relatividade (ou da Intangibilidade dos Efeitos do Contrato) estabelece que o contrato apenas gera efeitos para os contratantes. Às vezes os efeitos atingem terceiros que não foram partes da negociação, porém, sempre os favorecendo (ex. estipulação em favor de terceiro ( Seguro de vida = as partes contratantes são o segurado e a seguradora e o terceiro é o beneficiário, que não é parte no contrato, mas é atingido por seus efeitos, se anuir ao recebimento da indenização).
Boa-fé
O princípio da boa fé está na contramão dos outros princípios, pois não suporta relativização, é um princípio absoluto. Todo contrato tem que obedecer ao princípio da boa fé, pois este foi alçado à categoria de norma legal (Art. 133 CC “A boa fé é o critério que deve permear toda a interpretação contratual”).
Se uma interpretação não estiver de acordo com este princípio, ela não será válida.
Art. 422 ( “Os contratantes tem que observar o princípio da probidade e da boa fé, durante a elaboração e a execução do contrato.” ( alguns doutrinadores criticam este artigo afirmando que a boa fé deve ser observada antes e depois disto.
Boa fé deriva do “neminem laedere” (Não causar danos a ninguém) ( Segundo o princípio da boa fé, espera-se uma conduta reta das partes. Uma conduta inadequada é a que gera desequilíbrio entre as partes, fazendo uma se favorecer demasiadamente em desfavor da outra.
Objetiva – conduta sobre a qual não há a menor dúvida quanto a sua adequação
Subjetiva – conduta que não tem a mesma interpretação quanto a sua adequação por todos os setores da sociedade. Sua interpretação varia de acordo com o contexto de quem observa a conduta. Ex. Fazendeiro compra 100 cabeças de gado para serem entregues em sua fazenda. Na entrega constata que somente 95 chegaram e reclama com o vendedor, que se defende afirmando que as outras 5 foram vendidas para custear o transporte das outras, conforme um costume da região. Esta conduta está de acordo com a boa fé daquela região, embora possa parecer errada para outros.
Função Social
Segundo o princípio da função social, o contrato, antes de ser um instrumento do interesse das partes, é de interesse de toda a coletividade. Dependendo do objeto do contrato o foco de interpretação pode pender mais para a sociedade do que para as próprias partes (Ex. Contratos de Saúde, Ensino, Habitação, etc.)
Supremacia do Interesse Público – Sub-princípio da Função Social – Se houverem duas interpretações acerca do disposto em um contrato, uma que favoreça mais as partes do que a coletividade e outro que favoreça mais a coletividade em detrimento das partes, a segunda interpretação prevalecerá.
Ex. Desapropriação – uma propriedade privada pode ser desapropriada para ser entregue à coletividade se for mais útil a esta do que ao particular. A desapropriação, entretanto deve ser mediante indenização prévia e justa (deve-se pagar antes de se tirar a propriedade e o preço justo).
Aspecto Material dos Contratos
Preâmbulo – 1ª parte do contrato, contem:
O nome do Contrato (facultativamente); pode-se colocar o nome errado que o tipo contratual o fará valer como tal. Existem contratos sem batismo legal (a lei não atribuiu nenhum nome).
As partes; identificando-as com nomes e dados para sua individualização.
Qualificação das partes: Nome, nacionalidade, estado civil, profissão, endereço, identidade e CPF – pode-se ainda designar uma terminologia para se referir as partes a partir de sua identificação (ex. “fulano, brasileiro, ..., doravante denominado Contratante)
Considerações Preliminares – informações úteis para a interpretação dos contratos (contam o contexto em que aquele contrato esta sendo pactuado). As considerações não são de caráter obrigatório (não são cláusulas – previsões de obrigações e direitos). Geralmente se iniciam com a expressão “Considerando...”. As considerações preliminares são muito utilizadas em contratos internacionais.
Cláusulas - São previsões de obrigações e direitos (as clausulas não são “numerus clausus” – não existe um número limitado de clausulas que um contrato possa ter).
 
Objeto – fim do contrato – criar, transferir, extinguir ou salvaguardar direitos.
Valor ou Preço – presente em todos os contratos de compra e venda e na maioria dos outros – estabelece o preço do bem que esta sendo vendido
Prazo – estabelece a duração do contrato (numero de horas, dias, meses, anos em que o contrato estará apto a produzir efeitos).
Vigência – lançamento do prazo no tempo (Ex. O presente contrato durará por 30 mesese vigorará a partir de 30 de Abril – o prazo são trinta meses e a vigência são os trinta meses subseqüentes ao dia 30/04).
Extinção – O contrato pode se extinguir, normalmente, pelo cumprimento das suas obrigações ou de forma prematura por outros motivos, como falecimento, inadimplemento, falência ou desistência, entre outros.
Penais – Muitas vezes ligadas à extinção, estabelecem penas pelo descumprimento do contrato pelas partes. Pode haver punições específicas para o descumprimento de determinadas cláusulas e penas genéricas para o descumprimento das outras.
Renovação – prevê as possibilidades de renovação do contrato.
Reajuste – comum nos contratos de obrigações continuadas, que tem duração longa, se renovam ao longo do tempo. Estabelece as possibilidades e parâmetros para que o preço seja reajustado ao longo do tempo
Cessão – A posição – obrigações e direitos – de uma das partes são cedidas a um terceiro. Os contratos que tem obrigações personalíssimas não podem ser cedidos a terceiros.
Garantia – são clausulas lançadas para garantir o cumprimento da obrigação. Às vezes são contratos acessórios, ex. fiança – sempre é um contrato acessório
Fiança – garantia específica de contratos, onde um terceiro se compromete a pagar a obrigação no caso de inadimplemento de uma das partes.
Aval – garante títulos de crédito (documentos que espelham direitos líquidos e certos – são títulos executivos)
Garantia real – recai sobre uma coisa (um carro, uma casa, uma jóia)
Garantia fidejussória – é o gênero das garantias pessoais, em que alguém se compromete pessoalmente pelas obrigações de terceiros. Uma das espécies deste tipo de garantia é a fiança.
Eleição de Foro – Estabelece o lugar em que eventuais discussões sobre questões relacionadas ao contrato serão travadas, o foro ou o árbitro.
Algumas questões têm foro privilegiado, serão discutidos em um local estabelecido pela lei mesmo que haja previsão diferente no contrato.
No contrato de adesão, se o foro elegido dificultar o acesso pelo consumidor à justiça, esta clausula será considerada nula.
Fechamento – indica que não há mais clausulas a serem inseridos no contrato, ex. “As partes, tendo justo e acordado o presente contrato, o assinam em X vias”
Local, data e assinaturas:
Contratantes (citados pelo nome, pois já foram qualificados)
________________________________ 	 ________________________________
Contratante A						Contratante B
Testemunhas (Nome, Identidade e CPF, pois não foram qualificadas)
________________________________			________________________________
A assinatura das testemunhas não é essencial para a validade do contrato, porém sem elas o contrato não vale como título executivo (definidos pelo art. 585, II CPC).
Anexos – Onde se lançam documentos que são úteis para a interpretação ou cumprimento do contrato. Ex. Em um contrato de locação, anexa-se um laudo de vistoria, onde constam as condições do bem locado, para que na devolução o bem seja entregue ao seu proprietário na condição em que foi alugado.
Aditivos – É uma continuação do contrato. Nos casos em que seja necessário alterar alguma cláusula, não é necessário refazer todo o contrato, basta aditá-lo.
Preâmbulo – com qualificação das partes e identificação do contrato aditado.
Cláusulas – estabelecem quais clausulas serão criadas, alteradas ou retiradas do contrato.
Clausula específica – No final do contrato declara-se “Ficam ratificadas as demais clausulas não expressamente alteradas por este aditivo.”
Local, data e assinaturas – as partes assinam novamente, bem como as testemunhas (estas não precisam ser as mesmas que testemunharam o contrato original)
Formação dos contratos
Policitação (proposta) – ato através do qual alguém propõe uma contratação (policitante propõe ao oblato)
Oblação (aceitação) – ato de aceitação de uma proposta (oblato aceita proposta do policitante)
Proposta sozinha não é contrato, mas já gera obrigações ao proponente, que deve cumprir a proposta, sob pena de ter que indenizar danos gerados ao aceitante. Ex. O proponente faz uma proposta de venda de um carro. O aceitante resgata uma aplicação financeira para efetuar a compra e leva o dinheiro ao proponente, que desiste da venda. Os rendimentos perdidos pelo aceitante deverão ser indenizados pelo proponente.
Atos de aceitação – atos praticados pelo aceitante. 
O proponente do exemplo acima pode ressalvar na proposta, que ela não terá caráter obrigatório. Neste caso ele não teria o dever de indenizar os atos de aceitação da proposta caso ele desista (Art. 407 CC).
Negociações Preliminares
São atos preparatórios para o encaminhamento de uma proposta. É uma aproximação das partes, que não tem caráter vinculante até a proposta. Nesta fase as partes começam a negociar os termos do contrato.
Compromissos Preparatórios
Geram obrigações, são contratos entre as partes com o objetivo de facilitar o contrato definitivo. Existem três tipos de compromisso preparatório:
Opção (Também chamada de proposta ou contrato) – é uma proposta completamente delimitada em todos os seus pontos, sejam eles principais ou secundários, cabendo ao oblato apenas aceitá-la, celebrando o contrato nos exatos termos em que foi proposto, ou recusá-la, deixando de contratar. Não cabe qualquer tipo de alteração pelo oblato, uma alteração descaracteriza a opção.
A opção se torna contrato definitivo pela aceitação do oblato.
É diferente de Contrato de Adesão, pois não se destina a contratação em massa.
Contrato Preliminar (também conhecido como pré-contrato) – destina-se a tornar possível ou obrigatória a celebração de um contrato definitivo (principal). Ex. Contrato de Promessa de Compra e Venda de Imóvel – visa garantir à parte a obrigação de venda do imóvel (Contrato de Compra e Venda – principal). Alguns contratos preliminares têm clausula de arrependimento, o que tira sua principal função. Ao contrário da opção, as partes podem alterar o pré-contrato e o contrato principal.
Acordo Provisório e Preparatório – Destina-se a estabelecer, de forma definitiva, regras sobre pontos da negociação em relação as quais as partes já estejam de acordo. Na hipótese de o contrato definitivo vir posteriormente a ser celebrado, os pontos lançados no acordo provisório e preparatório deverão obrigatoriamente figurar como cláusulas da contratação definitiva.
Não obriga a contratação definitiva, mas estabelece que, caso ela aconteça, os pontos acordados constarão no contrato principal.
O acordo provisório e preparatório não pode ser alterado, só se anui ao acordo quando se estiver de acordo com os seus termos.
Proposta
Pode ser encaminhada de duas maneiras:
Entre presentes – Existe a possibilidade de resposta em tempo real entre o policitante e o oblato. Pode ser com as partes presentes no mesmo ambiente ou através de recurso tecnológico (telefone ou meios análogos [skype em modo voz, teleconferência, etc. – diálogo por voz [MSN ou mensageiros instantâneos de texto não servem). A proposta entre presentes pode ser feita inclusive através de procuradores com poderes para contratar as obrigações tratadas.
Recusa – extinção da proposta, ela desaparece do mundo jurídico e desobriga o proponente de cumpri-la;
Aceitação – o oblato aceita a proposta e o contrato se forma.
A ausente – A proposta tem que ser encaminhada a outra parte para que ela considere sua aceitação ou recusa, não existindo a possibilidade de resposta imediata.
Com prazo para aceitação – o policitante estabelece um período de tempo em que estará obrigado a aguardar a resposta do oblato, extinguindo-se se, passado o prazo, não houver resposta.
Sem prazo para aceitação – quando o proponente não estabelece um prazo para resposta, espera-se um tempo razoável para o recebimento da proposta pelo aceitante e para que ele responda. Este prazo é variável de acordo com o contrato proposto, da mesma forma que um gênero alimentício altamente perecível terá um prazo muito curto (Ex. 2 dias), a proposta devenda de um imóvel terá um prazo maior (Ex. 20 dias) para que o aceitante possa avaliar todas as condições. O oblato não é obrigado a responder nenhuma proposta, da mesma forma que o policitante de proposta sem prazo para aceitação não precisa esperar para sempre pela resposta.
Seguida de retratação – A proposta seguida de retratação deixará de ser obrigatória. Quando o policitante encaminha uma retratação antes ou junto à proposta, esta deixa de vinculá-lo, tanto à obrigação de cumprir a proposta quanto ao dever de indenizar as perdas que o aceitante teve enquanto se preparava para aceitá-la.
A retratação que for entregue ao oblato depois da proposta não tem valor.
O aceitante também pode retratar sua aceitação, seguindo as mesmas regras de validade da retratação do proponente.
Caducidade da Proposta
Proposta caduca é a que já passou do prazo para sua aceitação.
A caducidade da proposta pode ocorrer também com o falecimento do proponente antes que o oblato tivesse recebido ou respondido a proposta. Segundo Orlando Gomes “não pode haver contrato nesta situação por que defunto não contrata”.
Contra-proposta
Quando o oblato altera a proposta, ele faz uma contra-proposta. Presume-se a recusa da primeira proposta e a formulação de uma nova. O oblato da primeira relação passa a ser o policitante e o proponente passa a ser o aceitante. Ex. “A” propõe vender seu carro a “B” por R$ 30.000,00, “B” propõe pagar R$ 25.000,00.
Pedir que se fizesse proposta mais vantajosa não é fazer contra-poposta. (Pedir genericamente para se melhorar a proposta sem apresentar nenhuma condição concreta)
Aceitação tardia
Hipótese em que a aceitação do oblato ocorre fora do prazo estabelecido. Ela equivale a uma nova proposta, o oblato torna-se o proponente e o policitante original avaliará se aceita ou não contratar naquelas condições.
Dissenso
Antônimo de consenso. Se há dissenso o contrato não se forma. O dissenso pode ser:
Manifesto – O aceitante deixa claro que não aceita a proposta, não restando dúvidas.
Oculto – Uma das partes tem a falsa impressão que o contrato foi firmado ou quando cada uma das partes imagina que está contratando algo diferente.
Retratação
A retratação pode ser o arrependimento da proposta ou da aceitação desde que seja comunicado a outra parte antes ou concomitantemente com a proposta.
Momento de formação dos Contratos
Quando o contrato se forma através do encaminhamento de proposta entre presentes, o contrato se forma no momento em que há a aceitação. As duas partes ficam cientes ao mesmo tempo da celebração do contrato.
Quando há encaminhamento de proposta à ausente existem algumas teorias, sendo uma delas a acatada pelo ordenamento brasileiro.
Teorias que explicitam o momento de formação dos contratos oriundos de proposta encaminhada à ausente:
Teoria da Cognição ou Conhecimento – reputa-se formado o contrato quando o proponente toma conhecimento da notícia da aceitação encaminhada pelo oblato.
Esta teoria recebe críticas, pois deixa nas mãos do proponente escolher o momento de formação do contrato, podendo escolher o instante que mais lhe seja vantajoso.
Teoria da Declaração ou Agnição
Propriamente dita – reputa-se formado o contrato quando o oblato declara a sua aceitação. Esta teoria recebe as mesmas críticas feitas a teoria do conhecimento pela manutenção do elemento subjetivo quanto ao momento de formação do contrato.
Expedição – reputa-se formado o contrato quando a notícia da aceitação da proposta é encaminhada (expedida) para o proponente. Esta teoria buscou substituir o elemento subjetivo por um objetivo, um documento que comprovasse o momento da expedição. Ela foi criada num momento em que as comunicações oficiais eram feitas pelo serviço postal. O ponto fraco desta teoria ocorre nos casos de extravio ou atraso na entrega da correspondência, caso fortuito em que ambas as partes ficam com impressões falsas a respeito da contratação ou não.
Recepção – reputa-se formado o contrato quando a notícia da aceitação é recebida no local indicado pelo proponente para sua ciência.
A teoria aceita pelo CC brasileiro é a da expedição. 
Art. 428, III “Deixa de ser obrigatória a proposta se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida no prazo”;
No caso da noticia da aceitação não chegar ao proponente, por motivo alheio a vontade das partes, o contrato não se formará e o proponente deve comunicar ao oblato.
Art. 430 – “Se a aceitação, por circunstância imprevista, chegar tarde ao conhecimento do proponente, este o comunicará imediatamente ao aceitante, sob pena de responder por perdas e danos”;
434 “Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a aceitação seja expedida”.
Lugar de formação do Contrato
O contrato reputa-se formado no local onde foi proposto, inclusive no caso de uma proposta entre presentes utilizando meios tecnológicos.
O local para cumprimento da obrigação e o foro para discussão de questões relacionadas ao contrato, salvo disposição em contrário, será o local de sua formação.
Extinção dos Contratos
Os contratos não são instrumentos perpétuos, são elaborados para se acordar uma conduta imediata ou futura e existirá sempre um momento em que ele desaparecerá do mundo jurídico, mantendo apenas seus efeitos. O contrato dura no máximo até a efetivação dos efeitos jurídicos que ele visa garantir / proporcionar.
Quando o contrato desaparece do mundo jurídico, sem se declarar o motivo, diz-se que ele foi extinto.
Abrangência do Vocábulo Extinção
Extinção é definição genérica que designa o fim do contrato, sem se afirmar o motivo que levou ao seu desaparecimento do mundo jurídico.
Quando o contrato desaparece por já ter produzidos seus efeitos pretendidos no mundo jurídico, sua extinção se dá por execução.
Execução Contratual
Execução é o cumprimento do contrato. Também chamado de adimplemento, cumprimento do contrato. Não deve ser confundido com a execução judicial de um contrato, instância na qual se recorre para se forçar o cumprimento de um contrato inadimplido.
O contrato cumprido desaparece, mantendo no mundo jurídico apenas os efeitos que ele gerou. A manutenção dos efeitos é garantida pela lei, não pelo contrato.
“Contrato não faz hora-extra.”
Existem duas características necessárias ao desaparecimento do contrato por execução:
O contrato deve ter sido formado/celebrado de maneira perfeita – sem vícios. Os defeitos na formação do contrato deixariam uma brecha para que se discutir sua validade;
A execução deve ser feita de maneira perfeita. Se o cumprimento das obrigações acordadas não for perfeito, haverá a possibilidade de se forçar seu cumprimento correto.
A Execução pode acontecer de duas maneiras:
Instantânea – execução que não precisa de lapso temporal entre os momentos da celebração e do cumprimento do contrato:
Imediata – é a execução instantânea propriamente dita (ex. contrato verbal de compra de um lanche na padaria).
Diferida – a natureza da obrigação é instantânea, mas as partes resolvem diferir (adiar) o seu cumprimento (ex. compra com cheque pré-datado, contrato de compra com pagamento parcelado).
Contratos ex tunc – a eficácia do contrato se da do momento presente para o passado – Ex. Fulano compra um carro e não paga, o vendedor tomará o carro para quitar a obrigação – gerou efeitos para o passado, desfazendo-o.
No caso de uma venda parcelada, o inadimplemento de uma parcela caracteriza descumprimento ao contrato como um todo, gerando a possibilidade de se extinguir todo o contrato.
Continuada – a execução se dará ao longo de um tempo. É a execução dos contratos de trato sucessivo, prestações periódicas, débito permanente e duração, por exemplo. (ex. contrato de locação – as obrigações nascem a cada intervalo de tempo, independentes umas das outras).
Contratos ex nunc – a eficácia do contrato se dá do presente para o futuro. Ex. O locador não pode exigir o pagamento antecipado de aluguel, pois a obrigação só será criada no futuro.
Noexemplo do aluguel de um imóvel, se o vencimento do aluguel for ao último dia de cada mês, até o penúltimo dia o locador não poderá cobrar a parcela. O prazo de prescrição das obrigações de execução continuada é escalonado – perde-se o direito a ajuizar ação para cobrança contando o prazo do vencimento de cada uma das parcelas inadimplidas.
Quando o contrato não tem uma formação, celebração ou execução perfeita, ele será extinto, de acordo com o momento em que houve o vício.
Causas extintivas
Anteriores ou Concomitantes á formação do contrato – a extinção se dará por ANULAÇÃO
Posteriores a formação do contrato – a extinção se dará por DISSOLIÇÃO
Anulação ou Anulabilidade
A anulação pressupõe um defeito congênito do contrato, a falta de algum pressuposto ou requisito contratual. Este defeito fará com que o contrato seja desfeito. Não são todos os pressupostos ou requisitos que geram a anulação (defeito sanável), alguns são causa de nulidade (defeito insanável).
A nulidade não é uma forma de extinção do contrato, pois quando ela ocorrer, o contrato não chega a existir no mundo jurídico. Ex. Venda de um bem por menor absolutamente incapaz – o ato é nulo e não convalesce.
Os defeitos causadores da anulação são convalescentes, ou seja, são sanáveis com o tempo. O prazo decadencial para pleitear a anulação de um contrato jurídico é de 4 anos (art. 178 CC). Ex. Venda de bem por menor relativamente incapaz – o ato pode convalescer com a assinatura do assistente ou 4 anos após a maioridade do menor. (não corre prescrição nem decadência contra direito de menor).
Os efeitos da anulação são “ex nunc” – ocorrem do momento de sua decretação para o futuro. Ex. Fulano compra uma casa de seu pai, sem a anuência dos seus irmãos - Esta venda é anulável - Fulano aluga a casa para um terceiro e seus irmãos pedem a anulação do contrato na justiça. Ao declarar a anulação da venda, Fulano deixa de poder receber os alugueis do imóvel, porém não terá que devolver o que já recebeu.
Dissolução
É a ruptura de um contrato que nasceu perfeito, porém, depois de sua formação e antes da execução plena, aparece uma força maior capaz de extinguir o contrato.
Resolução – inadimplemento do contrato – se uma parte deixar de cumprir com a sua obrigação, a outra estará livre e o contrato será extinto.
A resolução pode ser motivada por três circunstâncias:
Inadimplemento voluntário do contrato – a parte deixa de cumprir sua obrigação por vontade própria – sem motivos plausíveis para tanto. Neste caso existem três conseqüências:
Resolução do contrato;
Restituição das partes ao estado em que se encontravam antes da contratação (quando isso não for possível, converte-se em indenização);
Indenização por danos causados a parte inocente.
Inadimplemento involuntário do contrato – a inexecução se dá por uma causa que suplanta a vontade das partes (caso fortuito – atividades humanas – ou força maior – força natural). Geram dois efeitos:
Resolução do contrato
Restituição das partes ao estado anterior a contratação.
Existem, entretanto três requisitos para que se possa alegar inadimplemento involuntário:
I – Que o inadimplemento decorra de caso fortuito ou força maior
II – Que a impossibilidade seja definitiva (não se pode cumprir o contrato no momento e nem depois)
III – Que a impossibilidade de cumprimento seja integral (não se pode cumprir o contrato nem em parte)
Dificuldades extremas na execução do contrato – Teoria da Imprevisão ou Onerosidade Excessiva – o contrato pode ser cumprido, mas com excessiva onerosidade para uma das partes, devido a acontecimentos que alteraram sua situação econômica. O contrato se formou equilibrado, mas se desequilibrou ao longo do tempo, a parte então poderá recusar-se a cumpri-lo e pedir que o contrato seja desfeito pela resolução.
A inexecução involuntária não deve ser confundida com a teoria da imprevisão – a obrigação aqui não se torna impossível de ser cumprida, ela apenas será excessivamente onerosa.
O excesso da onerosidade não necessariamente está na dificuldade que a parte teria que passar para cumprir o contrato (ex. deixar de comer para cumprir a obrigação), mas no desequilíbrio entre a prestação e a contraprestação. A parte poderia até dispor dos recursos necessários para o cumprimento da obrigação sem que isso a privasse de algo, porem não deseja pagar um valor desproporcional ao que está obtendo.
O evento que torna o contrato excessivamente oneroso é futuro, imprevisível e inevitável, atingindo as partes de contratos com execução futura ou continuada.
Teoria da Imprevisão – impossibilidade concreta de cumprimento do contrato
Onerosidade excessiva – o cumprimento é excessivamente penoso para uma das partes.
Requisitos para se alegar a teoria da imprevisão:
O contrato deve ser comutativo – as partes conhecem, desde o início do contrato, quais serão suas prestações e contraprestações (seus direitos e deveres).
Contratos aleatórios – são o oposto dos contratos comutativos. Alea ( Sorte. Quando as partes celebram o contrato, só tem noção de sua prestação, sem saber qual será a contraprestação, nem mesmo se ela existirá (ex. aposta de loteria). Não se sabe quem lucrará até que ocorra um evento futuro. A teoria da imprevisão não se aplica a este tipo de contrato por ser desequilibrado por natureza.
É preciso que ocorra um acontecimento imprevisto e imprevisível – nem sempre o que não foi previsto é imprevisível. Contratar mal por não se estudar as conseqüências possíveis não é amparável pela teoria da imprevisão. Ex. Quando o cambio do dólar variou de 1 pra 1 até 1 para 3, em relação ao real, em um curto espaço de tempo.
Alteração radical das condições econômicas objetivas observadas no momento da celebração em relação àquelas verificadas no momento da execução do contrato.
Onerosidade excessiva para um dos contratantes. Onerosidade não é um vício do contrato, é o esforço que a parte tem que fazer para obter a contraprestação.
Contrato de execução continuada ou diferida – é necessário um lapso temporal para a ocorrência do evento imprevisto e imprevisível que acarreta o desequilíbrio econômico.
Contrato ainda não plenamente cumprido – deve-se verificar a dificuldade no cumprimento, uma vez adimplida a obrigação, não se pode alegar onerosidade excessiva.
A obrigatoriedade de que ocorra a declaração judicial da onerosidade excessiva, do desequilíbrio do contrato e sua resolução.
Se as partes aceitarem, poderão reequilibrar o contrato, impedindo sua extinção. Art. 478 e ss CC.
Clausula “rebus sic stantibus” – se a situação das partes permanecer a mesma entre a formação e o momento da execução do contrato, ele deve ser cumprido. Por antítese, se a situação das partes for radicalmente alterada, o contrato poderá ser resolvido
Os contratos têm uma cláusula resolutiva (é uma clausula de uso), podendo ser:
Tácita – a clausula não foi prevista expressamente, mas a lei garante a sua eficácia. Quando a cláusula não vier expressa no contrato, somente uma decisão judicial poderá extingui-lo. Art. 474.
Expressa – a cláusula foi prevista expressamente no contrato. Esta cláusula, quando trouxer previsão clara das condutas que acarretam a resolução, faz com que o contrato seja extinto de pleno direito (sem a necessidade de uma decisão judicial. Art. 474.
Redibição – é uma forma de dissolução contratual, assim como a resolução. Pressupõe um defeito oculto na coisa que foi entregue em cumprimento do contrato. O defeito a torna imprópria para o fim almejado quando da contratação ou lhe diminua o valor.
A redibição e a extinção dos contratos pela existência de vícios redibitórios, que diminuem o valor da coisa ou a tornem inúteis.
O defeito atinge bens móveis e imóveis, diferenciando prazos para se extinguir o contrato, trinta dias para coisas móveis e um ano para imóveis.
Se uma das partes souber do defeito do produto e mesmo assim vendê-lo sem informar ao comprador, ela terá agiu de má fé, tendoque, além de redibir o contrato, pagar as custas da contratação e indenizar danos eventualmente gerados ao comprador.
Se o vendedor não agiu de má fé (não conhecia o defeito) – o contrato pode ser rebibido, devolvendo as partes ao estado anterior e o vendedor arcará com as custas de contratação.
Em doações onerosas (contrato bilateral imperfeito – não existe contraprestação, mas existem obrigações acessórias). Ex. Fulano recebeu a doação de uma bicicleta, que estava em outra cidade e ele concordou em pagar o frete. Quando a bicicleta chegou, Fulano constatou que o valor pago de frete é maior que o valor da bicicleta. Neste caso, ele pode pedir a redibição do contrato e pedir a devolução do valor pago pelo frete.
Nas relações de direito Civil comum, o vício redibitório pode causar:
Extinção contratual com efeitos ex tunc – devolve a coisa e recebe o valor pago.
Abatimento proporcional do preço – reduz-se o valor pago até que este se equipare a um produto que execute as funções que o produto defeituoso consiga efetuar.
Nas relações de consumo, ainda é possível pedir:
Execução específica do contrato – o contrato deve ser cumprido como foi celebrado. O produto tem que ser trocado por um igual, novo e em perfeito estado de funcionamento. Pressupõe a existência de estoque de produtos idênticos.
Vício Oculto - Art. 455, CC:
Aparente – defeito de fácil percepção. Ex. Carro que não liga, no primeiro uso, seu vício se torna aparente. 
No caso do vício aparente, o comprador tem 30 dias para requerer a redibição do contrato, quando se trata de bem móvel. Esse prazo se conta a partir do recebimento da coisa (30 dias da posse do bem). No caso de bem imóvel este prazo é de um ano. Se a pessoa já estava na posse do bem quando o contrato foi celebrado, o prazo para se poder requerer a redibição é diminuído pela metade. 
Não Aparente – defeito que só se apresentará em determinadas situações. Ex. Airbag – só se descobre que ele não funciona quando se bate o carro.
Nesses casos, o critério de avaliação dos prazos é subjetivo, pois eles se iniciam a partir da descoberta do defeito, que são, em alguns casos, de difícil comprovação. No caso de bens móveis o prazo será de 180 dias e 1 ano para bens imóveis, contados a partir da descoberta do vício. 
Nos casos de vendas de animais, as fontes do direito usadas são as leis específicas, no silêncio destas, os costumes e só então a lei geral (CC/2002). Nestas situações os prazos para redibição do contrato praticados podem diferir dos estipulados do Código Civil.
Quando o perecimento do bem está diretamente relacionado ao vício oculto já existente ao tempo da tradição, pode-se pedir a redibição do contrato, mesmo que o bem não exista mais.
Se o bem perece por vício diverso do que originou o motivo para a redibição, o contrato não poderá ser redibido.
Garantia
Não correm os prazos de decadência do direito para pedido de redibição durante o prazo de garantia. Mas o adquirente deve denunciar o vício ao alienante no prazo de 30 dias contados a partir da sua descoberta.
Resilição – desfazer o contrato – forma de extinção que ocorre independentemente de declaração judicial. Ocorre com o consentimento das partes e em contratos que não foram plenamente cumpridos.
Bilateral – destrato – as partes entram em acordo para não continuarem a cumprir o contrato.
Alguns doutrinadores afirmam que para haver destrato o contrato não pode ter gerado efeitos.
Unilateral
Contratos que vigorem por prazo indeterminado
Denúncia – uma das partes informa a outra que não pretende mais continuar a cumprir o contrato – deve ter aviso prévio (Ex. contrato de trabalho) a outra parte deve ser informada com antecedência sobre a pretensão de se encerrar o contrato.
Os contratos denunciados sem aviso prévio geram obrigação de indenizar, no caso do empregador que dispensa (denuncia contrato de trabalho) sem aviso prévio, ou do empregado que se demite sem avisar com antecedência, devem pagar a outra parte o equivalente a um mês de salário.
Quebra do elemento fiduciário – os contratos são baseados na confiança entre as parte, se este elo for quebrado, o contrato poderá ser desfeito. Não há necessidade de justificativa, a confiança, elemento subjetivo, uma vez quebrada é motivo suficiente para de romper o contrato.
Exercício do direito de arrependimento – alguns contratos estabelecem que uma ou ambas as partes podem se arrepender de haver contratado, podendo encerrá-lo.
Multa penitencial – multa que deve ser paga por exercer o direito de arrependimento, é um pressuposto ao exercício do direito de arrependimento. Não é obrigatória, portanto precisa ser prevista expressamente no contrato, caso contrario a parte que se viu obrigada a respeitar o direito contratual de arrependimento da outra não terá direito a nada. A multa penitencial é diferente de clausula penal – que pressupõe o desrespeito a uma das regras do contrato, esta multa visa punir este desrespeito e desestimular o descumprimento do contrato.
Rescisão (*) – é usado atualmente como sinônimo de dissolução, não existe mais no direito brasileiro a rescisão strictu sensu.
Antigamente a rescisão era uma modalidade especifica de desfazimento do contrato celebrado em estado de perigo ou de maneira lesiva.
Estado de perigo – o contrato foi contraído numa situação em que uma das partes estava premida pelo risco que ela ou algum ente afetivo corria naquele momento. 
Lesão – apareceu no direito romano, onde houve uma situação em que um filho tentou desfazer um negocio jurídico feito pelo pai, alegando que o bem foi adquirido por menos da metade do valor real de mercado. Ao ser apreciado, foi contratado que o contrato era prejudicial à outra parte. Este prejuízo foi chamado de lesão:
Lesão Enorme – bem adquirido por menos da metade do valor real – nesta situação haveria a possibilidade de 
Lesão Enormíssima – bem adquirido por um terço do seu valor – para os romanos, este contrato nem existia
Lesão Usurária – juros extorsivos.
Lesão – com o tempo passou a ser considerada existente em qualquer contrato com bases iníquas.
No direito brasileiro, o contrato lesivo poderia ser rescindido.
Lesão não é necessariamente dolo, não há necessidade de ação da outra parte, a um dolo de aproveitamento, uma das partes se aproveita da situação em que a outra se encontra para contratar desproporcionalmente.
Em 1916, o novo código civil, influenciado pelo liberalismo, definia o contrato como o instrumento capaz de estabelecer a obrigação entre as partes, a segurança jurídica. Neste contexto a lesão era oposta ao principio do pacta sunt servanda, a idéia de se evocar um vicio para se desobrigar era tão estranha aquela ideologia que a lesão foi retirada do ordenamento como forma de se rescindir contratos.
Com o tempo inúmeros contratos abusivos foram realizados, e a lesão voltou ao ordenamento, em legislação esparsa, doutrina e jurisprudência. Em 2002 o legislador apontou que a lesão e o estado de perigo seriam causas da anulação do contrato.
A lesão é um elemento anterior ou presente durante a contratação, portanto, tal instrumento será alvo de anulação, a dissolução é usada para contratos que se desequilibram em momentos posteriores a contratação. Justamente por isso não existe mais rescisão em sentido estrito (motivada pela lesão ou estado de perigo – que causariam a anulação do contrato). Entretanto a expressão “Rescisão” continua a ser usada no mundo jurídico, como maneira genérica de se referir a dissolução de contratos.
Rescisão – desfazer, eficácia ex tunc
Anulação – anulado, eficácia ex nunc
Cessação – extinção do contrato pela morte de um dos contratantes. Somente contratos pessoais podem cessar – aqueles que têm por objeto obrigação personalíssima.
Caso o contrato não seja personalíssimo, o espólio responderá pelo contrato. 
Classificação dos Contratos
Bilaterais e Unilaterais
Bilateral é o que gera direitos e obrigações para ambas as partes, sinalagmado contrato (reciprocidade da obrigação da prestação). Estes contratos são sempre onerosos, uma vez que estabelecem ônus para uma das partes.
Unilateral é o que só gera obrigações para uma das partes e direitos para a outra.
Unilateral imperfeito, unilateral que ganha uma roupagem de contrato bilateral na sua execução, lembrando que a prestação não esta relacionada ao objeto (caso da doação da bicicleta, com o pagamento do frete).
A importância desta classificação é que alguns institutos jurídicos aplicam-se apenas aos contratos bilaterais.
Aspectos práticos da classificação
Exceções
“Exceptio non adimpleti contratus” – exceção do não cumprimento do contrato, ou exceção do contrato não cumprido. Art. 476
Esta exceção é uma forma de defesa para alguém que esta sendo cobrado pelo cumprimento de uma obrigação, quando a parte que cobra não cumpriu sua prestação. Se no contrato ou na lei estiver estabelecido que uma das partes deva cumprir primeiro, não se pode alegar a exceção.
São pré-requisitos:
Bilateralidade
Simultaneidade, ou não sucessividade, no cumprimento das prestações (não previsão de qual parte deverá cumprir primeiro, pela lei ou pelo contrato), o contrato deve prever a simultaneidade do cumprimento das obrigações.
Exceção da Exceção do contrato não cumprido – pode haver alegação da exceção em um contrato que prestações sucessivas na hipótese de existir um fundado receio de uma das partes que a outra já não tem mais capacidade de cumprir sua contrapartida. Art. 477
“Exceptio non rite adimpleti constractus” – o contrato nesta situação já foi cumprido em parte, porem não se pode exigir seu cumprimento integral por uma das partes até que se cumpra com a contraprestação.
Inversão do ônus da prova – quem alega a exceção de cumprimento parcial do contrato, se confrontado com um recibo de quitação de parte da prestação que não contenha ressalva de cumprimento parcial da obrigação, o que caracterizaria cumprimento integral, deverá provar que a obrigação não foi adimplida plenamente.
Clausula Resolutiva – só aos contratos bilaterais aplica-se a condição resolutiva tácita.
Quem suporta os riscos pelo inadimplemento involuntário do contrato:
Res perit creditori – a coisa perece para o credor – contratos unilaterais
Res perit debitori – a coisa perece para o devedor – contratos bilaterais
Gratuitos e Onerosos
Os contratos gratuitos são aqueles que não estabelecem a necessidade da experiência de um ônus a uma determinada parte para que faça jus a um bônus contratual. Estes contratos podem ser bilaterais ou unilaterais.
Os contratos onerosos têm ônus a uma das partes para que esta obtenha o bônus da relação. O ônus está ligado à diminuição patrimonial. Todo contrato bilateral será oneroso, embora nem todo contrato oneroso seja bilateral.
Os contratos mistos podem ser classificados como onerosos ou gratuitos, ex. contrato de depósito, se houver cobrança para se receber o depósito ele será oneroso, senão, será gratuito. Ex.2 contrato de mandato.
Aspectos práticos:
Se for intentada fraude contratual, a punição pela tentativa será mais severa caso tenha ocorrido mediante a utilização de um contrato gratuito, pela facilidade de se fraudá-lo.
Ex. Para escapar de uma execução, João resolve simular que se desfez de seu carro. Se ele fraudasse um contrato de compra e venda teria que comprovar a movimentação financeira, declarar a operação no imposto de renda, etc.. Se ele fraudasse uma doação, nada disso seria necessário, daí a facilidade de se fraudar um contrato gratuito.
Art. 114 – A interpretação de um contrato gratuito é literal. Interpreta-se sempre o que está escrito para o menos, não se pode considerar intenção que não aquelas claramente referenciadas no contrato. Ex. Fulano, ao doar um estojo, retira dele uma caneta antes de entregá-lo a outra parte. Este último argumenta que a caneta é assessório e, portanto, segue o bem principal. Neste caso não se pode presumir que os bens acessórios também foram doados, a declaração de vontade referenciava apenas o estojo e, portanto somente ele poderá ser cobrado.
Comutativos e Aleatórios
No momento da celebração do contrato comutativo, todas as prestações e contra prestações já são conhecidas das partes.
Nos contratos aleatórios as partes conhecem somente a prestação no momento da contratação, a contra prestação somente será conhecida, se vier a existir, em um momento futuro.
Orlando Gomes faz uma distinção entre contratos aleatórios e contratos de risco defendendo que, nos contratos aleatórios existe incerteza sobre a contra prestação (o que ela é exatamente – ex. seguro, que depende do sinistro para se saber quanto será pago de prêmio; loteria) e no contrato de risco a incerteza é da possibilidade de fazer jus a contra prestação, que já vem definida no contrato, pois depende de uma condição futura e incerta.
Nos contratos aleatórios há incerteza para as duas partes sobre a questão de vir a ser, ou não, a vantagem esperada proporcional ao sacrifício experimentado.
Existem várias espécies de aleas (sorte – incerteza das partes sobre a contra prestação em um contrato) – Art. 458 e ss:
Art. 458 – Dúvida com relação à existência da contra prestação. Desde que não haja culpa ou dolo a parte tem direito de receber integralmente o que lhe foi prometido. Ex. Uma pessoa compra antecipadamente toda a produção de uma lavoura de café recém plantada, prometendo pagar R$10.000,00. Se ocorrer algum evento que destrua toda a plantação, o agricultor terá direito a receber o pagamento integral
Art. 459 – Dúvida com relação à quantidade da contra prestação. O comprador corre o risco quanto à quantidade da coisa alienada. Mesmo que a produção fique aquém do esperado, ele deverá pagar integralmente ao alienante. Neste caso, se nada houver para ser vendido, não haverá direito ao pagamento.
Art. 460 – Dúvida quanto ao risco a que a coisa está exposta. Ex. Fulano tem uma cabana no pantanal, onde guarda uma coleção de livros. Um conhecido o procura no interesse de comprar a coleção e Fulano aceita o negócio, ressalvando que não sabe em que estado os livros se encontram e afirmando que estão expostos a riscos. Mesmo que os livros não existam mais no momento da celebração do contrato, Fulano terá direito a receber o pagamento. Nestes contratos, nenhuma das partes pode saber o estado em que as coisas se encontram, caracterizando dolo se o souberem.
Só serão aplicados aos contratos comutativos os institutos:
Da redibição – o vício só é descoberto depois da tradição, pressupõe expectativa de funcionamento perfeito 
Teoria da imprevisão – 
Da lesão – 
Das arras – garantia de cumprimento da contra prestação, no contrato aleatório não existe certeza do cumprimento da contra prestação.
Consensuais e Reais
Consensual se forma com a integração das vontades das partes.
Contratos reais (res = coisa) tratam de coisas, só se formando com a tradição da coisa. Ex. Contrato de depósito – A contrata B para guardar alguma coisa, enquanto a coisa não for entregue para ser guardada (tradição), não haverá a formação do contrato real.
Aspectos Práticos:
Os contratos reais não geram obrigação de entregar a coisa (≠ de devolver), visto que a entrega é um ato destinado à formação do contrato real e não uma obrigação dele decorrente. As obrigações e os direitos decorrentes de um contrato só surgem depois de ele haver sido plenamente celebrado.
O momento de formação dos contratos reais não é apurável por presunção, visto que decorre sempre de um fato.
Caso um contrato disponha sobre um momento para a entrega e ela não ocorra, o contrato não estará formado, existindo, porém proposta.
Os contratos reais são, em regra, unilaterais, existindo porem contratos reais mistos, os contratos 
Solenes e Não Solenes
Contratos solenes precisam de uma forma especifica para existir, a inobservância desta forma é causa de nulidade do contrato. Ex. Casamento, Contrato de Compra e Venda de Imóveis e doação (exceto doação de bens móveis).Os contratos solenes são a exceção, a regra é não ter forma específica.
Aspectos Práticos
Nulidade do contrato que não se adequar a forma prescrita
A nulidade ocorre quando a solenidade não observada está ligada a declaração de vontade das partes. Ex. Um contrato que exige escrituração pública, que é o momento em que as partes vão declarar suas vontades diante de um tabelião, se não tiver esta solenidade obedecida, será nulo.
Principais e Acessórios
Um contrato será principal quando não depende juridicamente de outro, um exemplo é o contrato de compra e venda.
É acessório o contrato que tem dependência jurídica de outro, é um exemplo clássico de contrato acessório a fiança (esta só existe para garantir outro contrato, outra obrigação. O contrato acessório assim como os bens em geral nessa situação não tem autonomia. Assim, nula a obrigação principal, desaparece o contrato acessório, porem a nulidade do contrato acessório não contamina o contrato principal. Outros exemplos de contrato acessórios são as hipotecas, o penhor, a caução.
Aspectos práticos: 
Se o contrato principal for nulo, nulo será também o acessório. 
A nulidade do acessório não implica na nulidade do principal, mas influencia a sua eficácia. 
Instantâneos e de Duração
Aspecto prático:
Teoria da imprevisão: só pode ser alegada em contratos de execução continuada, ou de execução diferida, pois a teoria da imprevisão se baseia num desequilíbrio contratual e este ocorre depois do contrato foi celebrado, durante a sua execução, tem que haver um lapso temporal, para dar tempo de um contrato se desequilibrar havendo a onerosidade excessiva. 
Na execução continuada há vários marcos prescricionais (momento a partir do qual o prazo da prescrição começa a ser contata), já a execução instantânea tem apenas um marco prescricional. 
As prestações do contrato de execução continuada são autônomas umas em relações as outras 
O efeito de resolução de contrato de execução instantânea é ex tunc (retroage tudo, desde o inicio) e de execução continuada é ex nunc (os efeitos são do inadimplemento para frente)
De Execução Imediata e de Execução Diferida
Típicos e Atípicos
Contratos típicos estão previsto em lei, e uns dizem que estes são os que receberam o batismo da lei. Os artigos da lei são como se fossem clausulas daquele contrato. 
Exemplos: locação, compra e venda, empréstimo, fiança, sociedade ...
Contrato atípico (o prefixo “a” é negação) então é o que não esta previsto na lei, pois são contratos mais recentes. Tem que tomar muito cuidado na hora de celebrar, pois terá que ser muito minucioso na hora de fazer o contrato já que não tem lei que estabelece o que tem que haver no contrato, cada clausula que você coloca, você coloca também as eventuais hipóteses que podem ocorrer, e como não é colocado tudo, pois não tem como se aplicar a analogia caso não haja nenhuma previsão na lei.
Por analogia aplica as regras do contrato típico naquele atípico.
Exemplo: contrato de administração de shopping, contrato de engeneering (mescla a venda de equipamentos e a instalação do equipamento), contrato de “Know How” 
Existem contratos que estão previstos em lei espaças. 
Exemplos: Contrato de franquia (direito de explorar uma marca, mas mantendo as características da marca)
Pessoais e Impessoais
Um contrato pessoal tem obrigação personalíssima, então só pode ser cumprida por uma pessoa especifica, a obrigação foi firmada com base nas características daquela pessoa.
Características:
Eles comportam anulação por erro de pessoa (anulação de casamento por erro de pessoa existe). 
Clausula de ensaio: é para verificar se a pessoa que alega ter as características que precisam para o contrato as tem mesmo. Vencido o tempo de ensaio não pode excluir o contrato pela pessoa não ter as características. 
Não comportam cessão de direitos.
Um contrato impessoal tem obrigações que podem ser cumpridas por qualquer pessoa não necessariamente uma em especifico. Obrigação de dar coisa certa é impessoal.
Individuais e Coletivos
Contratos individuais são aqueles que se formam pelo consentimento de pessoas cujas vontades são individualmente consideradas.
O contrato coletivo não supõe a apuração da manifestação de vontade dos indivíduos contratantes. A manifestação de vontade se dá por representatividade. Um grupo (universo de indivíduos – organicamente considerados [organizados]) representa a todos os integrantes. O que vale é o querer coletivo.
O contrato coletivo caracteriza-se pela representatividade de um universo organicamente considerado de indivíduos cuja vontade majoritária será suficiente para o estabelecimento da contratação.
Não há necessidade da apuração individual da vontade de cada um dos indivíduos que compõe o mencionado agrupamento, sendo necessária apenas a manifestação da vontade daquele que os represente, na forma da lei. Ex. Convenções Coletivas de Trabalho – Contratado entre os sindicatos dos empregadores e empregados. Os sindicatos são legalmente representantes de categorias profissionais – representam todos os profissionais, sindicalizados ou não, por isso são representantes de um universo (não se pode precisar o numero exato de componentes) orgânico (este universo conta com um organismo organizado para representá-lo). Essas convenções elaboram contratos deliberativos normativos - pois estabelecem a forma que os contratos feitos a partir dali serão feitos. Esses contratos estão mais próximos de uma lei do que de um contrato.
Outro exemplo é o Acordo Coletivo de Trabalho – estabelecido entre o empregador e o sindicato dos empregados.
Há ainda as convenções coletivas de consumo – ente representativo de vendedores faz acordo com representante de consumidores para normatizar os contratos que serão feitos entre os vendedores e consumidores individuais.
Representatividade decorre da lei – alguém tem poderes legais para representar um grupo de pessoas.
Representação decorre da própria vontade – alguém outorga poderes de representação para outrem.
Aspectos práticos
Os contratos individuais geram sempre efeitos diretos, ao passo que os coletivos geram efeitos indiretos.
Os contratos individuais estabelecem direitos e obrigações para os contratantes, enquanto os contratos coletivos estabelecem deliberações normativas, que poderão ser estendidas a todas as pessoas pertencentes a uma determinada categoria.
De Adesão e Paritários
No contrato de adesão, as clausulas são preestabelecidas unilateralmente por um de seus contratantes. São contratos de massa, não havendo negociação de seus aspectos principais. Os contratos de adesão, via de regra, regulam relações de consumo, a exceção são os contratos públicos, que são de adesão sem versar sobre consumo. Art. 54 CDC Lei 8078/90.
Os contratos paritários são assim chamados devido à paridade (igualdade) entre as parte para estabelecer as condições do contrato.
Aspectos práticos:
Se o contrato é de adesão pressupõe-se que ele foi unilateralmente, pelo menos em seus pontos essenciais por uma das partes. Qualquer equivoco ou dificuldade de interpretação adequada, será culpa da parte que o elaborou, então sempre se interpretará em favor do aderente.
Os pontos que impliquem desvantagem ao consumidor, em um contrato de adesão, deverão ser destacados.
Públicos e Privados
Publico é tudo aquilo que envolve o Estado, contrato público é um tipo de acordo do qual o Estado é parte. Como ele tem obrigações perante a sociedade, ele precisa fazer contratos para prestar serviços. Para atender ao princípio da igualdade, o Estado abre uma licitação para que os contratados façam propostas para serem analisadas e escolhidas. O edital da licitação define todas as regras da concorrência e do contrato que será feito com quem ganhar.
Princípio da vinculação ao edital – todos que contratam com o poder público não podem fazer nada além do que está no edital.
O contrato privado, por sua vez, é aquele celebrado por particulares. Estes contratos, ao contrário dos contratospúblicos (que se prendem à lei), permitem que seja contratado tudo o que não for vedado pela lei.
Interpretação dos Contratos
Conceito
Interpretar significa esclarecer o sentido de algo. Como o contrato é composto por diversas declarações de vontades, cada uma em um sentido, ao se cumprir o contrato, deve haver clareza no sentido das declarações de vontades, os efeitos que as partes pretendiam gerar com aquele instrumento.
Finalidade
A função principal da interpretação é saber quais efeitos o contrato irá gerar e para quem. Não se pode cumprir um contrato sem interpretá-lo.
Existem situações em que esta interpretação se torna complexa, para isso existem regras que devem ser usadas ao se interpretá-lo. O que se busca na apuração de um contrato é a vontade real das partes, não a verdade formal – havendo divergência, prevalecerá a vontade real, sempre que for possível prová-la.
O enquadramento é o primeiro exercício interpretativo contratual – a partir do momento que se descobre o tipo contratual (o objeto), se tem em mente uma série de regras relativas àquele contrato.
O enquadramento se dá pela leitura da cláusula de objeto – o nome pode estar errado ou nem mesmo existir.
Outras regras são dadas pela doutrina, e às vezes, pela própria lei, por exemplo, Art. 112 a 114 do CC/02, Art. 46 e 47 do CDC, Lei 8078/90.
Modalidade
Interpretação Restritiva; Extensiva e Complementar
Restritiva – interpretação restrita ou em sentido estrito, que se faz para menos, que restringe. A interpretação restritiva é aquela em que as expressões utilizadas no contrato, por mais gerais que possam ser, devem ser tomadas no sentido que esteja em estrita relação com os fins para os quais as partes se propuseram contratar.
Nesta interpretação não se pode intuir ou imaginar nada do que esteja expresso na declaração de vontade. Art. 114 do CC/02 – negócios benéficos (doação) ou renúncia se interpretam em sentido estrito.
Extensiva – interpretação que se faz para o mais, pode se imaginar que estão inseridos da declaração, pontos que não estão expressamente no contrato. 
É a interpretação utilizada na hipótese da fórmula adotada pelos contratantes dizer menos do que aquilo que pretendiam estabelecer, sendo que em tal hipótese, não serão excluídos da regulação contratual os pontos que a ela poderiam ser estendidos.
Ex. Contrato de compra e venda que não estabelece se é de porteira aberta ou fechada – compara-se o preço praticado com o dos outros imóveis da região e percebe-se se o comprador está pagando só pelo imóvel ou também pelos bens que o guarnecem. Esta interpretação não vai além do consenso entre as partes, ela ultrapassa somente o que foi colocado no contrato. Art. 112 CC.
Complementar – A interpretação complementar é usada nas situações em que existe uma lacuna no consenso, que afetou a declaração, fazendo um contrato que silencia em um ponto que deveria tratar. O interprete deste contrato tomará por base as demais características do contrato para se colocar no lugar das partes e concluir o que elas teriam colocado no contrato se tivessem previsto aquela situação.
Interpretação complementar é aquela feita em decorrência das lacunas da regulação contratual.
Deve-se averiguar o modo pelo qual os contratantes tentaram chegar a um consenso, levando-se em conta a estrutura integral do contrato.
A questão do interprete resume-se em verificar o que as partes teriam estatuído se houvessem pretendido regular a questão.
Ex. Contrato de aluguel prevendo reajuste pelo índice X, que deixa de existir. As partes entram em conflito, uma pedindo a substituição por outro índice e a outra parte entende que o contrato não deve ser ajustado, pois o índice foi extinto. O interprete levará em consideração que as partes concordaram que o contrato deveria ter reajustes, então o índice que estava sendo utilizado deverá ser substituído por outro.
Interpretação Subjetiva e Objetiva
Subjetiva – característico, particular de alguma coisa - interpretação subjetiva é a apuração da vontade real das partes na contratação. (Art. 112 CC/02)
Nem sempre é possível interpretar subjetivamente um contrato, então o interprete usara ferramentas para se apurar a vontade real. A atuação da parte antes e depois de contratar, por exemplo, são meios para se estabelecer a vontade real, mesmo que esta interpretação seja contrária ao expressamente disposto no contrato.
Objetiva – que não varia- tem a finalidade de estabelecer uma forma de eficácia do contrato, mesmo que não seja ela a expressão da vontade da parte. Diz-se que esta interpretação é subsidiária da subjetiva – só é usada na impossibilidade de se fazer uma interpretação subjetiva.
Para a interpretação objetiva existem as seguintes regras ou princípios:
Boa fé – Art. 113 – a interpretação será feita sempre à luz do princípio da boa fé.
Conservação dos contratos – os contratos são produzidos na expectativa de gerarem efeitos no mundo jurídico – se uma interpretação extingue os efeitos do contrato e outra os preserva, a última será adotada. Ex. Arras que não são especificadas no contrato como penitenciais ou confirmatórias – consideram-se confirmatórias.
“Extrema ratio” (ou menor peso e equilíbrio das prestações) – usada se as interpretações não foram solucionadas pelos princípios anteriores – se o contrato é unilateral, usa-se a interpretação que onere menos a parte que já não têm direitos (eg. Doação com ou sem acessórios – interpreta-se que será sem). Quando o contrato é bilateral, usa-se a interpretação que seja mais equilibrada entre as partes.
Cada interpretação será submetida a cada um desses princípios para se estabelecer a que será possível.
Usos Interpretativos
Regras Interpretativas de Pothier
Pothier compilou algumas regras para interpretação de contratos. Algumas fazem parte do nosso ordenamento, outras podem ser encontradas em doutrinadores como Caio Mario ou Silvio Venosa.
1ª. Nos contratos, o que mais interessa é a intenção comum das partes e não o sentido literal das palavras. [Atente-se para a expressão “intenção comum” e não apenas “intenção das partes”]
 2ª. Quando uma cláusula admitir dois sentidos, deve ser interpretada de modo a que produza algum efeito. [Sugere-se uma interpretação funcional do contrato]
3ª. As expressões que possuem um duplo sentido interpretam-se de acordo com a natureza do contrato. [A interpretação deve dar ao contrato os seus efeitos normalmente esperados]
4ª. As expressões ambíguas interpretam-se de acordo com os costumes do país. [São os usos e costumes atuando como fonte do direito]
5ª. Os costumes locais estão subentendidos em todo contrato. [Os usos e costumes são utilizados para suprir as lacunas do contrato]
6ª. Na dúvida, os contratos interpretam-se contra o estipulante. [O erro de formulação deve ser imputado ao credor]
7ª. As cláusulas contratuais devem ser interpretadas umas em relação às outras. [O contrato forma um conjunto único e não um amontoado de cláusulas]
8ª. As cláusulas compreendem apenas o objeto do contrato, e não coisas não cogitadas. [A interpretação não pode desviar o fim contratual]
9ª. Os bens singulares estão todos englobados, formando uma universalidade. [Esta regra visa proteger a integralidade do objeto contratual]
10ª. Um caso expresso para exemplificar uma obrigação não restringe o vínculo.
11ª. Uma cláusula expressa no plural decompõe-se muitas vezes em cláusulas singulares.
12ª. O que está no fim do período relaciona-se com todo ele e não só com a parte antecedente, se com aquele concordar em número e gênero.
Arras
Conceito
As arras são uma clausula contratual opcional, que estabelecem uma garantia com dois objetivos distintos, que possibilitam sua classificação em confirmatórias ou penitenciais. Aquele que não cumpre o contrato perde as arras.
As arras serão a coisa móvel, ou a quantia, entregues por um dos contratantes ao outro, como sinal da conclusão do contrato e garantia do cumprimento das obrigações nele avençadas (arras confirmatórias), ou,

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