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O Trabalho na História do Pensamento Ocidental - Daniel Mercure – Jan Spurk (Capítulo 3, 4 e 5 - Resenha)

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O Trabalho na História do Pensamento Ocidental
Daniel Mercure – Jan Spurk
3. Religião e Capitalismo: O Surgimento de uma Ética Profissional 
Moderna
	Análise de como a obra de Max Weber, A Ética Protestante do Capitalismo, demonstra desde o início da Reforma Protestante, o nascimento de um olhar espiritual sobre o trabalho e também o surgimento de uma ética profissional, que derivaram o espírito do capitalismo, se desenvolvendo no Ocidente. 
O autor apresenta dois caráteres para o trabalho: Necessário para a reprodução biológica e social da humanidade. Ele também apresenta de forma indispensável para a sobrevivência dos seres humanos, o trabalho, que é penoso e indesejável, pois traz consigo o esforço e fardo, especialmente o trabalho manual. “De outra parte, ele se reporta ao esforço voluntário, ativo e intencional e a seu produto, uma obra, sobretudo o trabalho intelectual.” (Página 242) Essa ambiguidade sobre o trabalho se dá naturalmente entre a Antiguidade e a Idade Média.
Nesse período cabiam às pessoas sem direito de cidadania (escravos, mulheres, crianças, operários não qualificados) trabalhar na área de trabalhos menores ou inferiores. Já os nobres cabiam trabalhos como administração da cidade, guerra ou o bem-estar espiritual da comunidade.
Mudanças na cultura judaico-cristã: 
Valorização do trabalho manual, pois o operário está à serviço de Deus.
Todos deveriam trabalhar em nome e para a glória de Deus, sendo iguais enquanto cristões e religiosos. 
Criação do “sabbat” (domingo) para ter tempo reservado à conversa espiritual com Deus, e não para lazer. 
Para o pensamento cristão, o conceito de trabalho se opõe ao de ociosidade (preguiça, indolência, moleza, inatividade), ou seja, o trabalho é árduo e fardo para as pessoas. Apenas a Filosofia Ecolástica da Idade Média era contra essa forma de pensamento, de acordo com Tomás de Aquino: “Uma vida contemplativa é simplesmente melhor ou superior a uma vida ativa”.
A Reforma Protestante (a partir de Lutero) acreditava que o trabalho deveria ser um ofício ou vocação, como um apelo a Deus, para encorajar as pessoas a conservarem o trabalho que escolheram. Já Calvino (teólogo cristão francês) é mais radical de três maneiras:
O trabalho profissional deveria formar uma muralha contra a preguiça, independente da classe social, contra a ociosidade da nobreza e contra o estado do indigente (aquele que não tem condições para suprir suas próprias necessidades, miserável).
Quem não trabalha não tem direito à alimentação, sendo necessário instruir as pessoas para o trabalho. (Marca o início da sociedade do trabalho e a criação de penitenciárias onde o trabalho é ensinado).
Trabalho é visto como trabalho profissional ou vocação, sendo o dever de cada um. 
Max Weber queria responder como a Reforma Protestante contribuiu para o surgimento de um espírito capitalista, a partir de sua obra “O Espírito do Capitalismo” na base da observação empírica na Alemanha, no início do século XX, já que os capitalistas protestantes eram mais bem-sucedidos do que os católicos. 
Inversão da relação normal entre o fim e os meios: Ressalta que o bem maior da ética puritana seria o de adquirir cada vez mais dinheiro. Ou seja, a aquisição e o lucro tornam-se o objetivo final da vida e não o meio de satisfazer necessidades e desejos humanos.
Para Benjamin Franklin, onde Weber considera suas máximas morais, acreditava que a competência e a habilidade estão no centro da moralidade religiosa. Porém, para Weber, os fatos empíricos e o caráter da ética puritana mostram que o lucro monetário, a competência e a ideia do dever profissional fornecem juntos a “ética social da civilização capitalista”.
	Weber apela a partir da noção do efeito involuntário, onde afirmava que o objetivo da Reforma Protestante era inteiramente religioso e espiritual, onde apenas a salvação importava para os reformadores protestantes, trazendo o resultado de que os efeitos culturais da Reforma Protestante eram imprevistos, involuntários e indesejáveis, no espírito de Lutero e de Calvino.
	Para mostrar os efeitos involuntários da Reforma Protestante na implantação do capitalismo e o surgimento de uma nova ética do trabalho, Weber propõe uma análise em duas etapas:
Os fundamentos religiosos do ascetismo secular (descreve como a ética religiosa dá origem à nova ética puritana do trabalho).
Ascetismo e espírito capitalista (tenta determinar de que modo a ética puritana do trabalho influenciou a vida capitalista).
A partir dos fundamentos de Calvino, Deus decidiu desde o princípio quem compartilharia a salvação e quem seria condenado (doutrina do destino). Dessa forma, as decisões sagradas de Deus são incompreensíveis para os seres humanos e não podem influenciar a conduta de Deus. A desumanidade extrema da doutrina pura estimulou o individualismo religioso, pois não poderiam esperar nenhuma ajuda, de Deus ou da Igreja ou da Comunidade Religiosa. Cada puritano estava na mesma situação difícil e os membros religiosos eram concorrentes dos raros lugares salvadores no céu. Esse sistema desencadeou um ativismo enorme: o trabalho encarniçado e o domínio do mundo. 
Calvino ele justifica o lucro porque o trabalhador merece o lucro a partir do trabalho. Calvino e Lutero os dois são protestantes, porém Calvino é mais radical, modifica o que Lutero impõe. Os pastores, seguidores da ideia de Calvino, aconselhavam os fiéis a partir de duas normas:
Cada um deveria acreditar ter sido escolhido por Deus para que Deus o escolha.
O trabalho profissional é um modo de adquirir independência e confiança. O sucesso na vida terrestre, adquirido através da vocação, não é garantia, mas signo promissor de salvação. (Justificação do lucro)
Ou seja, a burguesia pode acumular bens a partir da justificação do lucro. Encontra na Igreja uma justificação.
A ideia puritana sobre o trabalho profissional teve efeitos enormes sobre a vida econômica e sobre o modo de vida capitalista: Considera a riqueza desejável, desde que não leve à ociosidade. Já para os cristãos viam o dinheiro e riqueza como nocivos (prejudicavam) ao modo de vida religioso, ou como objeto de indiferença:
“É verdade que a certeza encontrada na segurança proporcionada pela propriedade (bens materiais) faz esquecer a busca de uma vida virtuosa. No entanto o sucesso terreno e material medido pela fortuna acumulada é um sinal, para o homem rico, de que ele está no caminho da salvação. Ao contrário, o pobre e o mendigo são estranhos na comunidade puritana, despojados de prestígio e de reconhecimento; são considerados como a obra do diabo ou como uma presa fácil para ele, em razão de sua vida ociosa e atéia.” (página 247)
Finalização desse capítulo: No fim da obra A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, Max Weber esboça um resumo sombrio e apresenta uma perspectiva pessimista. Os puritanos buscaram uma vocação. Nós, os modernos, devemos funcionar em um ofício, ainda que não gostemos dele. O capitalismo forma uma “prisão de ferro” de modo em que há muito tempo desapossou-se de suas raízes puritanas e instituiu um sistema mecânico mundial que concerne a todos em todos os lugares e modelo o modo de vida de todos. 
4. A Organização do Trabalho Moderno: Trabalho Rural e Trabalho Industrial
	A organização do trabalho capitalista acarretou na desvalorização do ofício como vocação, acarretando na perda de uma boa vida significante para os puritanos, originou a classe de pessoas expropriadas (operários e proletariado). Dessa forma, a questão social tornou-se o problema central para a primeira sociedade industrial, levando os operários a se organizarem dentro de movimentos sociais, de sindicatos e partidos. Assim uma nova ideologia foi criada no século XIX, e o socialismo se tornou a terceira visão do mundo, ao lado do conservantismo e do liberalismo.
	Nesse contexto político e social, a Associação para a Política Social, da Alemanha, ordenou investigações empíricas sobre as condições sociais dos grupos profissionais, com o objetivo deproporcionar propostas práticas para reformas sociais. Em 1890 foi realizado pelos membros dessa associação, uma investigação junto aos trabalhadores rurais. 
Max Weber faz uma análise empírica desses trabalhadores no leste da Alemanha, analisando a estrutura social do trabalho e as diferentes posições sociais, bem como os papéis sociais na agricultura, a fim de examinar a hipótese da existência de uma reestruturação massiva da estratificação da população. (Ou seja, Weber acreditava que a estrutura social da agricultura poderia sofrer de mudanças na reestruturação da divisão em camadas da população que já existia).
Existia duas categorias de trabalhadores rurais. A primeira categoria era formada pelos trabalhadores contratados, onde Weber divide em três grupos: Os domésticos dos castelos, os servos que trabalhavam para os funcionários agrários, e os diaristas trabalhavam em uma grande empresa rural. A segunda categoria era formada por trabalhadores “livres”, empregados sem contrato durante um período variável, composto principalmente por migrantes russos e poloneses. Apesar disso, Weber buscava o principal papel dos diaristas.
A partir de sua análise, Weber descobre uma transição de uma organização patriarcal para uma organização capitalista. Forças que abalaram a antiga estrutura social do trabalho: 
Forças econômicas (concorrência internacional sobre os mercados agrícolas);
Forças sociais (emancipação dos trabalhadores rurais da dominação patriarcal).
Os proprietários de terra apelavam cada vez mais a trabalhadores estrangeiros, pois era fácil despedi-los e eles não eram admitidos (aprovados) em uma assistência social. Já de acordo com Weber, os domésticos, servos e diaristas preferiam relações de trabalho assalariado “modernas”, rejeitando a dominação patriarcal (sendo contrário à opinião de Karl Marx, que afirmava que a mão-de-obra só se importava com o dinheiro). Em suma, os trabalhadores rurais preferiam o trabalho assalariado menos bem pago do que uma relação de trabalho segura, porém patriarcal. 
A Associação para a Política Social, na Alemanha, também realizou uma investigação sobre o trabalho industrial tendo duas principais questões: 
Quais categorias de operários são recrutadas pelas empresas da indústria pesada e quais categorias correm o risco de ser excluídas?
De que maneira os modelos de recrutamento típicos dependem da amplitude (qualidade; extensão) e do gênero de capital exigidos por essa indústria? 
Dessa forma, Weber identifica a composição orgânica (a substituição do operário pela máquina é maior, na medida que o volume de capital investido na estrutura técnica é mais alto) do capital em uma empresa como força-motriz para impulsionar a racionalização capitalista da organização do trabalho. Max Weber estabelece as bases de um modelo: Quanto menos qualificado é um operário, mais ele tende a ser substituído por uma máquina. E os operários mais qualificados serão cada vez mais indispensáveis.
5. Trabalho, Personalidade e Modo de Vida
As condições de trabalho de hoje não oferecem vocação, mas um emprego ou um trabalho que fornece os meios necessários para viver. O trabalho significa a sobrevivência. Max Weber procura compreender de que forma o trabalho perdeu sua capacidade de criar personalidade autônoma, e de produzir o sentimento de um modo de vida racional-metódico significativo.
O autor traz duas perguntas:
Quais são as qualidades que o cientista e o homem político devem possuir para executar razoavelmente seu ofício?
Que significação se deve conceder às “personalidades” selecionadas dessa maneira?
A partir disso, o autor descreve o principal sobre a obra de Max Weber, Ciência como Vocação, onde Weber analisa:
A condição externa do trabalho acadêmico, comparando modos de organização das carreiras na Alemanha e nos Estados Unidos.
A significação interna do meio acadêmico e as condições de exercício desta profissão.
O problema do sentido da ciência para o pesquisador, bem como o papel da ciência na sociedade em geral.
Já em a Política como Vocação, Weber descreve a diferenciação de uma esfera autônoma (independente) da política em relação ao Estado, considerado o lugar da violência física legítima. Também reconstrói os diferentes tipos de dominação segundo a maneira como são organizados e legitimados. Por fim, analisa o recrutamento dos líderes políticos que hoje vivem para e da política.
Lígia Martins

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