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J O N A T H A P E R E I R A B U G A R I M FILOSOFIA GERAL E JURÍDICA HERMENEUTICA • TEORIA GERAL • NOBERTO BOBBIO • HANS KELSEN • CHAIM PERELMAN • RONALD DWORKIN ÉTICA • SÓCRATES • ARISTOTELES • TOMÁS DE AQUINO • AGOSTINHO • KANT • JOHN RAWLS • HABERMAS • TERCIO SAMPAIO FERRAZ JUNIOR PASSAGEM DA MITOLOGIA PARA FILOSOFIA HEGEL CORNFORD LOGOS – PHYSIS - ARKHÉ O NASCIMENTO DA FILOSOFIA Conforme Marilena Chaui a Filosofia é uma cosmologia, cosmo significa mundo ordenado e organizado, e logia vem da palavra logos, que significa, pensamento racional, conhecimento. INTRODUÇÃO A FILOSOFIA Negamos, afirmamos, desejamos, aceitamos ou recusamos coisas, pessoas e situações. Que horas são ? Que dia é hoje ? Uma simples pergunta contem, várias crenças não questionada por nós ATITUDE FILOSÓFICA: Significa você interrogar a se mesmo. • Ela joga muito, até parece homem ! • Ele é uma boa pessoa, mas mora na favela ! • Ela é periguete, olha a roupa que ela usa ! Se nos inspirarmos nas origens do pensamento ocidental verificaremos que a palavra Filosofia significa amizade ou amor pela sabedoria. O termo é deveras expressivo. Os primeiros filósofos gregos não concordaram em ser chamados sábios, por terem consciência do muito que ignoravam. Preferiram ser conhecidos como amigos da sabedoria, ou seja — filósofos. Miguel Reale A palavra filosofia é grega. È composta por duas outras. philo e sophia. Philo deriva-se de philia, que significa amizade, amor fraterno, respeito entre os iguais. Sophia quer sabedoria e dela vem a palavra sophos, sábio. Marilena Chaui • Filósofo autêntico, e não o mero expositor de sistemas, é, como o verdadeiro cientista, um pesquisador incansável, que procura sempre renovar as perguntas formuladas, no sentido de alcançar respostas que sejam "condições" das demais. A Filosofia começa com um estado de inquietação e de perplexidade, para culminar numa atitude crítica diante do real e da vida. O homem passou a filosofar no momento em que se viu cercado pelo problema e pelo mistério, adquirindo consciência de sua dignidade pensante. 1 – PERÍODO PRÉ-SOCRÁTICO OU COSMOLÓGICO Do final do século VII ao final do século V a.c, quando a filosofia se ocupa fundamentalmente com a origem do mundo e as causas da transformação da natureza Os principais filósofos pré-socráticos foram: • Filósofos da Escola Jônica: Tales Mileto, Anaximenes de Mileto, Anaximandro de Mileto e Heráclito de Éfeso; • Filósofos da Escola Itálica: Pitágora de Samos, Filolau de Crotona e Arquitas de Tarento • Filósofos da Escola Eleata: Paramênides de Eléia e Zenão de Eléia • Filósofos da escola de pluralidade: Empédocles de Agrigento, Anaxágoras de Clazomena • Quem são eles ? • Qual a razão deles serem agrupados ? FILOSOFOS PRÉ-SOCRATICOS A sabedoria era questionar a origem do universo; Inicialmente o universo natural era pautado na divindade; Os filósofos passam a ser chamado de cosmológo, esses filósofos estudam PHISYS, para compreender o COSMO, através do desenvolvimento ARKHE REGRA: Ao criar um princípio, o elemento precisa permitir mudança perceptível sem alterar a essência. TALES DE MILETO • A água estar ligada ao nascimento; • A água estar ligada a vida, pois, a vida humana inicia no meio líquido; • Ao morrermos o corpo seca; • A região com a água em abundância é mais desenvolvida; • Ele previu o eclipse total (585 a.c) • Fez a observação que a colheita era abundante de acordo o período e fatos naturais; • Ele se aproximou do conceito pouco antropomórfico; • Para Tales de Mileto a origem de todas as coisas é a água ANAXIMANDRO DE MILETO (610-547 A.C) Nem água, nem alguns dos elementos, mas alguma substância diferente, ilimitada, e dela nascem os céus e os mundo neles contidos Anaximandro Ele acreditava não ser possível eleger uma única substancia material como princípio primordial de todos os seres, arché. Anaximandro acreditava, que esse princípio era algo que transcendia os limites do observável. Por isso ele denominou como ÁPEIRON, termo grego que se identifica indeterminado, o infinito. O intelectual afirma que a mudança é infinita. Exemplo: Ciclo da água PITÁGORAS DE SAMOS: O CULTO A MATEMÁTICA • Pitágoras nasceu na ilha de Samos; • Sofre perseguição política em razão de suas ideias; • Instalou-se no sul da Itália; • Fundou uma poderosa sociedade de caráter filosófico e religioso com ligações fortes com a política; • Para Pitágoras a essência de todas as coisas eram os números; • Pitágoras dizia que o homem representou sim a matemática, mas os números sempre existiam; Todas as coisas são números Pitágoras ESCOLA ATOMISTA DEMÓCRITO DE ABDERA: O ÁTOMO COMO EXPLICAÇÃO DA DIVERSIDADE Demócrito afirmava que todas as coisas que formam a realidade são constituídas por partículas invisíveis e indivisíveis. Essas partículas foram chamadas de átomo, temo grego que se chamava não divisível. Para Demócrito, é o acaso ou a necessidade que promove a aglomeração de certos átomos e a expulsão de outros. Ele criou uma noção que vazio existe. E o vazio é o átomo. Exemplo: Grafite e Diamante. HERÁCLITO DE ÉFESO: O MOVIMENTO PERPÉTUO DO MUNDO. • Ele é considerado o mais importante filósofos pré-socráticos. • O universo é como a chama de uma vela, parece que é a mesma coisa mas não é. • O que gera a mudança é a atenção de movimentos opostos. • Quando opostos tencionam a mudança ocorre. • A luta dos contrários formava a realidade do mundo. • Exemplo: Quente - Frio Tudo flui, nada persiste, nem permanece o mesmo. O ser não é mais que o vir a ser. PARMÊNIDES DE ELÉIA • Defendia dois caminhos para compreensão da realidade; • 1- Caminho da filosofia, da razão, da essência; • 2- Caminho da crendice, da opinião pessoal, da aparência enganosa, que ele considera a via de Heráclito; • Na visão de Parmênides, Heráclito percorreu o caminho das aparências ilusórias. E isso deveria ser evitado para não chegarmos a conclusão que o ser e o não ser são e não são a mesma coisa‖ SÓCRATES DE ATENA • Nascido na cidade de Atenas; • Considerado o marco divisório da filosofia grega; • Desenvolvia o saber filosófico em praças públicas; • O autoconhecimento era um dos pontos fundamentais da filosofia socrática; Pré-socráticos Pós-socráticos Sócrates trabalha situações existenciais • De onde nós viemos ? • Quem somos nós? • O que é o conhecimento? Sócrates viveu no auge da cidade de Atenas; Atenas vivia em uma democracia; Democracia é o governo dos cidadãos; • Cidadãos : participantes da democracia; • Metecos: estrangeiros habitantes de Atenas; • Escravos formavam a grande maioria da população ateniense. SABEDORIA DE SOCRATES “Só sei que nada sei” Humildade perante conhecimento. “Uma vida que não é refletida, não vale a pena ser vivida” Destaque para o senso crítico “É preciso amar buscar a verdade mas nunca defende-la” FONTES QUE CITAM SOCRATES XENOFONTES: (amigo de Sócrates) ARISTÓFONES: (escritor, que criou um personagem do Sócrates como sendo louco e cômico) ARISTOTELES: (afirmava que Sócrates era o pai da ciência) PLATÃO: (discípulo de Sócrates que escreveu sobre o método) MÉTODO DE SÓCRATES • EXORTAÇÃO: Momento que é realizadoo convite para debater; • INDAGAÇÃO: Busca opinião sobre o tema. Ocorre a troca de opinião. • IRONIA: Destrói as opiniões. • MAHEUTICA: Onde você dar a luz para uma nova ideia. IRONIA • Na linguagem cotidiana a Ironia tem um significado depreciativo. • No grego, a Ironia era a Interrogação. • Sócrates interrogava no diálogo; • Sócrates ajudava seus discípulos a conceberem suas próprias ideias, o que ele chamava de maiêutica, termo grego que ele chama a arte de trazer a luz. PLATÃO PLATÃO • Seu nome verdadeiro é Arístocles. Seu apelido de Platão é devido à sua constituição física e significa ―ombros largos‖. Ele foi discípulo de Sócrates e após a sua morte, fez muitas viagens, ampliando sua cultura e suas reflexões. • Por volta de 387 a.C., Platão fundou sua própria escola de filosofia, nos jardins construídos pelo seu amigo Academus, o que deu à escola o nome de Academia. É uma das primeiras instituições de ensino superior do mundo ocidental. • Platão, diferentemente de Sócrates, tinha o hábito de escrever sobre suas ideias. Foi ele quem resgatou boa parte do pensamento de seu mestre Sócrates. PLATÃ O • Platão não andava promovendo debates pelos locais públicos como seu mestre, mas ao contrário, fundou uma academia de filosofia. • Devido a isso, Platão era mais restrito, pois para chegar a ele somente quem pudesse entrar na academia, ou seja, os filhos dos aristocratas da época. Do mundo sensível das opiniões ao mundo inteligível das ideias. • Segundo Platão, os sentidos só podem nos fornecer o conhecimento das sombras da verdadeira realidade, e através deles só conseguimos ter opiniões. • O conhecimento verdadeiro se consegue através da dialética, que é a arte de colocar à prova todo conhecimento adquirido, purificando-o de toda imperfeição para atingir a verdade. • Cada opinião emitida é questionada até que se chegue à verdade. • Platão, assim como seu mestre Sócrates, acreditava que o conhecimento era inato ao ser humano, ou seja, todo o conhecimento estava na pessoa, bastava exercitar ou refletir para ―relembrar‖ as respostas dos questionamentos. Platão ALEGORIA DA CAVERNA • Aprisionado no seu corpo, o homem só consegue enxergar as sombras e não a realidade em si. Para explicar isso, Platão cria a ALEGORIA DA CAVERNA. • Há homens presos, desde meninos, por correntes nos pés e no pescoço, com o rosto voltado para o fundo da Caverna. Próximo à entrada da caverna desfila-se com muitos objetos diferentes, cujas sombras são projetadas pela luz do Sol na parede do fundo. Os prisioneiros contemplam as sombras, pensando tratar-se da realidade, pois é a única que conhecem. • Um dos prisioneiros consegue escapar, e, voltando-se para a entrada da caverna, num primeiro momento tem sua vista ofuscada pela luz intensa, mas aos poucos ele se acostuma e começa a descobrir que a realidade é bem diferente daquela que ele conheceu a vida toda, por meio das sombras. Esse homem se compadece dos companheiros da prisão e volta para lhes anunciar aquilo que contemplara. Ele é chamado de louco e é morto pelos companheiros. Platão EXPLICAÇÃO: • As sombras que os homens enxergam no fundo da caverna representam as aparências da realidade e não a realidade em si. Mas aqueles homens que foram, desde a infância, acostumados a crer que as sombras eram a realidade, não podiam imaginar que a realidade verdadeira estava lá fora. • Quando um desses homens consegue escapar da caverna e tem contato com o mundo verdadeiro, ele percebe que as projeções na parede nada mais são do que uma ilusão, pois a realidade das coisas era outra. O homem cai em si e entende que sempre foi enganado pelas sombras. • Quando volta para caverna e tenta convencer os outros de que aquelas sombras não representam a realidade dos fatos, ninguém acredita e o chamam de louco. • Esse mito se refere a Sócrates que tentava demonstrar a realidade ou a verdade de vários fatos de Atenas, como a política, por exemplo, uma vez que as pessoas acreditavam em discursos que não condiziam com a realidade, mas eram só uma forma de enganar. Contudo, como vimos, Sócrates desagradou muita gente ao tentar esclarecer as pessoas sobre a verdade e, por isso, foi condenado a morte. Alegoria da Caverna ARISTÓTELES • Nascimento: 384 a.C. – Estagira (Macedônia) • Morte: 322 a.C. – Cálcis (Eubéia). ARISTÓTELES Sua vida: Aristóteles foi preceptor de Alexandre Magno, na corte de Pela, e isso facilitou suas pesquisas pois, quando Alexandre expandiu o império Macedônico, o filósofo que teve mais acesso às informações sobre formas de governo e sobre o mundo natural (do qual Aristóteles fez uma das primeiras classificações conhecidas). O Liceu: Quando Alexandre sobe ao trono na Macedônia, Aristóteles deixa a corte de Pela e volta para Atenas, onde funda sua própria escola de filosofia, próxima ao templo de Apolo Liceano (por isso passa a se chamar LICEU), seguindo orientação que rivaliza com a Academia de Platão que, nesse tempo, é dirigida por Xenócrates. A Academia era mais voltada para as Matemáticas, enquanto o Liceu se dedicava principalmente às ciências naturais. ARISTÓTELES Aristóteles foi discípulo de Platão, mas seguiu o próprio caminho, com uma filosofia bem diferente do mestre. Quanto ao método de exposição da filosofia, enquanto Platão utilizara os diálogos, Aristóteles foi um sistematizador. Embora ele também tenha escrito diálogos, o que chegou até nós foi apenas uma parte das suas obras produzidas em forma descritiva e ordenada. ARISTÓTELES Aristóteles organizou o conhecimento de até então. Criou sistemas classificatórios para a natureza, sobre o céu, sobre os fenômenos atmosféricos; exame da física como movimento, infinito, vazio, lugar, tempo, etc. Também estudou sobre sensação, memória, respiração, história dos animais; classificou as espécies vivas, etc. Formas de governo, retórica (argumentação), etc. E ainda muitos outros estudos. Em suma, ele organizou ou sistematizou praticamente todo conhecimento acumulado até então. ARISTÓTELES Aristóteles acreditava que a alma já existia antes do nascimento da pessoa. (esse dualismo era explicado como o vir a ser e o que realmente existe) O filosofo acreditava que existia algo que movia todas as coisas, e que por sua vez não é movido por nada. E o que seria ? ARISTÓTELES Aristóteles acreditava que a alma já existia antes do nascimento da pessoa. (esse dualismo era explicado como o vir a ser e o que realmente existe) O filosofo acreditava que existia algo que movia todas as coisas, e que por sua vez não é movido por nada. E o que seria ? Aristóteles desenvolve a temática Justiça, que é debatida no campo da ética, ou seja em um campo de saber que vem definido em sua teoria como um saber prático. Castilho (2016) afirma que para Aristóteles a virtude é um hábito racional, adquirido com exercício e com ação. ARISTÓTELES Teoria sobre a Moral Ele considerava que todo ser deve realizar sua natureza de maneira plena, e assim alcançara a felicidade; As virtudes devem ser adquiridas pela educação e pela vontade. (racionalismo aristotélico) Começa a falar sobre Justiça JUSTIÇA SOCIAL POLÍTICA RETÓRICA ÉTICA A justiça assim definida como virtude, torna-se o foco das atenções de um ramo do conhecimento humano que se dedica ao estudo do próprio comportamento humano. INFLUÊNCIA NO DIREITO O pensamento de Aristóteles teve grande influência no direito em várias dimensões. Justiçaele considerava uma virtude como verdade e temperança Bittar e Almeida ( 2001) afirmam que a ética não se destina a especulação, ou a produção mas a prática. O autor relata que o conhecimento ético, é uma primeira premissa para que a ação converta-se em uma ação justa ou conforme a justiça, ou em uma ação boa. Não é apenas conhecer o que é Justo ou Injusto, que faz uma pessoa mais ou menos virtuoso. A EDUCAÇÃO ÉTICA, OU SEJA, A CRIAÇÃO DO HÁBITO DO COMPORTAMENTO ÉTICO, O QUE SE FAZ COM A PRÁTICA À CONDUTA DITUTURNA PODE CONSTRUIR O COMPORTAMENTO VIRTUOSO. INFLUÊNCIA NO DIREITO A excelência do estudo ético é a perquirição em torno do fim da ação humana. Tem a tarefa de traçar normas suficiente e adequadas para orientar as atividades, para a existência de um Bem Comum. Bem que afeta o indivíduo Bem que afeta o coletivo A justiça. Compreendida em sua categorização genérica, é uma virtude, e como toda virtude, qual a coragem, a temperança...é um justo meio. Excesso Defeito JUSTIÇA Se a lei é uma prescrição de caráter genérico e que a todos vincula, então seu fim é a realização do bem a comunidade, e, como tal do bem comum. O JUSTO TOTAL Aristóteles compreende que justiça se concebe de várias maneiras; Utiliza o termo Justiça Total: consiste na virtude da observância da lei, no respeito aquilo que é legítimo e que vigem para o bem da comunidade. O legislador, ao operar no sentindo da construção do espaço normativo da pólis, nada mais está a fazer senão exercendo a prudência legislativa. Violação de domicílio Art. 150 – Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências: Pena – detenção, de um a três meses, ou multa. § 1º – Se o crime é cometido durante a noite, ou em lugar ermo, ou com o emprego de violência ou de arma, ou por duas ou mais pessoas: Pena – detenção, de seis meses a dois anos, além da pena correspondente à violência. Homicídio Art. 121. Matar alguém: Pena - reclusão, de seis a vinte anos OS FILÓSOFOS DO CRISTIANISMO Algumas características: • Deus como centro de tudo; • A preocupação dos filósofos era a religião e a moral; • A fé era colocada acima da razão; • Diferente noção de divindade; • Uma nova corrente filosófica consolidada depois de cristo, por São Paulo; • Principal contribuição de São Paulo, foi uma nova visão no campo da justiça. O homem justo é aquele que vivia pela fé; • Toda autoridade provinha de Deus. “O MAIS SÁBIO DOS SANTOS... E O MAIS SANTO DOS SÁBIOS” SÃO TOMAS DE AQUINO SÃO TOMAS DE AQUINO • Produziu vários livros, tratados teológicos, obras de filosofia; • Buscava incansavelmente a verdade, que acreditava estar no interior das pessoas; • Seguiu Platão , ao afirmar que para conhecer verdadeiramente, é preciso estar em contato com o mundo inteligível; » Estima-se que seu nascimento tenha ocorrido em 1225, no Castelo de Rossasecca, no Reino de Nápoles, na Itália. » Tinha laços de sangue com a Família Imperial e as Famílias Reais da França, Sicília e Aragão. » Aos 19 anos fugiu de casa para se juntar à “Ordem Dominicana“. Também chamada “Ordem dos Pregadores”, era uma ordem religiosa católica com o objetivo de pregar a mensagem de Jesus Cristo e promover a conversão das pessoas ao Cristianismo. Foi fundada na França, em 1216, por São Domingos de Gusmão. Os adeptos realizavam voto de castidade, de pobreza e obediência; viviam em comunidades que designavam conventos. » Com 5 anos de idade seu pai, Conde de Landulfo d’Aquino, o internou no grande mosteiro de Monte Cassino onde recebeu a educação. » Estudou filosofia em Nápoles e depois em Paris, onde se dedicou ao ensino e ao estudo de questões filosóficas e teológicas. Estudou teologia em Colônia e em Paris se tornou discípulo de Santo Alberto Magno. Alberto Magno era filho da nobre família de Duques de Bollstädt. Assim como Tomás abandonou a família e entrou para a Ordem Dominicana. Lecionava teologia na Universidade de Paris quando conheceu Aquino. Com ele Tomás aprendeu que a verdadeira vida de um ser racional é fazer de sua inteligência uma ascensão contínua até chegar aos mais altos conhecimentos inteligíveis, atingindo a ciência da alma e a ciência de Deus. » Leão XIII, o papa dos operários, retrata em sua encíclica em 1879 quem foi Tomás de Aquino: “De espírito dócil e penetrante, de fácil e segura memória, de perfeita pureza de costumes, levado unicamente pelo amor da verdade, cheio de ciência divina e humana, justamente comparado com o sol, aqueceu a terra com a irradiação de suas virtudes e encheu-a com o resplendor de sua doutrina”. Teologia : ciência de Deus à luz da revelação. Filosofia : ciência que estuda todas as coisas através da luz da razão humana. Fundem-se numa síntese definitiva: fé e razão, unidas em sua orientação comum rumo a Deus. » Prestes a morrer pronunciou estas palavras, após receber a Eucaristia: “De ti, Senhor, me veio o preço da redenção da minha alma! Todos os meus estudos, vigílias e trabalhos foram por teu amor”. » O filósofo escreveu intensamente, e dois de seus mais conhecidos trabalhos, a Suma Contra os Gentios e a Suma Teológica, são de proporções enciclopédicas. » Também escreveu sobre lógica, metafísica, física, ética, moral. Questionou assuntos como a verdade, a alma, o mal, as virtudes. Suma Contra os Gentios voltava-se para os não-cristãos, discute-se a respeito da natureza e dos trabalhos de Deus, da sabedoria humana e felicidade, e ainda sobre a compatibilidade da fé com a razão. Já a Suma Teológica lida com a questão da razão e da revelação vistos como caminhos para o conhecimento de Deus, oferecendo cinco provas da existência d'Ele; esta obra fica inacabada devida a morte do autor. HOMEM: um ser social e precisa de orientações para viver em sociedade. DIREITO POSITIVO: as normas existem para que os que são propensos aos vícios sejam persuadidos, a bem da ordem pública, a evitar desvios. CONVIVÊNCIA PACÍFICA: as leis humanas não podem contradizer a lei natural. » Para Tomás de Aquino: GOVERNO: a bondade de um governo, sua eficiência, não dependem de sua forma, mas da honestidade, da competência com que se dedica ao bem comum, ao bem estar dos cidadãos. ESTADO: uma necessidade natural. Seja monarquia, república ou outra forma qualquer, melhor será, concretamente, a que mais se ajustar às necessidades do povo. ALMA e CORPO: há uma união substancial que é o fundamento maior da dignidade da pessoa humana. BEM e MAL: Defendeu o livre arbítrio, ou seja, a liberdade da vontade humana. Assim, dar-se-ia prêmio para as boas ações e punição para os atos maus. MORTE: determina para sempre a alma humana quer na desordem e na infelicidade, quer na ordem e na felicidade, como está na Bíblia. DEUS: o Criador de tudo. JUSTIÇA: consiste na disposição constante da vontade em dar a cada um o que é seu - suum cuique tribuere . Comutativa (entre iguais), Distributiva (do soberano para os súditos) Legal (dos súbitos para com o soberano). ÉTICA: consiste em agir de acordo com a natureza racional. Todo o homem é dotado de livre-arbítrio, orientado pela consciência e tem uma capacidade inata de captar, intuitivamente, os ditames da ordem moral. O primeiro postulado da ordem moral é: faz o bem e evita o mal. LEI DIVINA: revelada por Deus aos homens - Dez Mandamentos. LEI ETERNA: é o planoracional de Deus que ordena todo o universo. LEI NATURAL: é a participação da Lei Eterna na criatura racional, ou seja, aquilo que o homem é levado a fazer pela sua natureza racional. LEI POSITIVA: é a lei feita pelo homem, de modo a possibilitar uma vida em sociedade. Esta subordina- se à Lei Natural, não podendo contrariá-la sob pena de se tornar-se uma lei injusta. » Tomás de Aquino repensou Aristóteles, o grande filósofo grego do século V antes de Cristo. » Deu diretrizes novas ao pensamento de Platão, outro grande filósofo daquele século. » Foi o pioneiro que investigou cientificamente as leis do pensamento e as formulou com exatidão. » Kant, filósofo alemão, afirmou que os filósofos posteriores a Aquino nada acrescentaram no aspecto da filosofia. Chegou a dizer que a teodicéia de Aristóteles, ou seja, a parte que trata de Deus, é incomparavelmente inferior à de Tomás de Aquino. » João Paulo II, o ex-papa cristão, em 1990 no 9° Congresso Tomista Internacional chegou a denominar Tomás de Aquino de “DOUTOR DA HUMANIDADE”. » A doutrina de Tomás de Aquino é apta para a aproximação dos cristãos entre si e para o entendimento das culturas passadas e recentes. » O Tomismo conduz à sociabilidade, à solidariedade, à liberdade e à verdade. » Aos aproximados cinqüenta e três anos, na manhã do dia 7 de março de 1274, Tomás de Aquino foi surpreendido pela morte no mosteiro cisterciense de Fossanova. Estava a caminho de Lião onde, por ordem do Papa Gregório X, iria participar do Concílio de Lião. » Após seu falecimento ele entrou para a História com o título de Doutor Angélico, dada a culminância espiritual que atingiu e a perfeição de sua existência. » Tomismo na atualidade: » Neste momento atual, tão pouco esperançoso, não há homens tão esperançosos como aqueles que consideram agora Santo Tomás como guia em uma centena de perguntas angustiosas. Há inegavelmente um Tomismo esperançoso e criador em nossa época.” Chesterton, pensador inglês » Tomás de Aquino é um convite ao afastamento de tudo que degrada o ser humano. Ele inspira segurança para que se ande nos caminhos do bem e dos verdadeiros valores. Ele permanece sempre atual e contemporâneo. “ Aos males da inteligência ele propõe o remédio do exercício da razão, capaz de desmascarar as insídias das manipulações dos donos do poder. Aos desastres éticos e morais ele aponta a retidão da vontade firmada na proteção de Deus a levar para longe das servidões dos falsos prazeres. Ao desânimo que, por vezes, se instaura em tantos corações ele propõe a experiência de Deus, fonte de toda paz e energia interior. A uma ciência e a uma tecnologia materialistas ele contrapõe o retorno incondicional a Deus, cuja existência ele soube tão bem provar. “ “ É VÃO FAZER com mais quando se pode fazer com menos” (Guilherme de Ockham)” PENSADORES DA IDADE MÉDIA. Guilherme de Ockham (ou Occam), frade franciscano e filósofo escolástico inglês, nasceu em 1280 (ou 1288), em Ockham, um pequeno povoado de Surrey, perto de East Horsley, na Grã- Bretanha, e faleceu em 9 de abril de 1347 (ou 1349), em Munique, na Alemanha, atacado pela peste negra. Guilherme de Ockham (ou Occam), frade franciscano e filósofo escolástico inglês, nasceu em 1280 (ou 1288), em Ockham, pregava e vivia a pobreza como meio de aproximação com a doutrina de São Francisco, fundador da ordem. A doutrina de Guilherme de Ockham (ou Occam), opunha-se ao pensamento de Aristóteles e, consequentemente de São Tomas de Aquino, para quem a natureza de um ser forçosamente exibia, relações com outros elementos do universo. GUILHERME DE OCKHAM GUILHERME DE OCKHAM E SUA INFLUÊNCIA NO DIREITO. Era adepto a doutrina nominalista, segundo a qual o indivíduo não ligado por natureza ao caráter universal do mundo. O indivíduo para os nominalistas, é apenas ele próprio, representado pelo seu nome. Frequentemente conhecido como a Lei da Parcimônia, pregava que a natureza era em si mesmo econômica. O homem deveria sempre imitar a natureza, buscando, em suas teorias, eliminar todos os conceitos supérfluos e adotar o caminho mais simples. NAVALHA DE OCKHAM No âmbito jurídico, o nominalismo orientaria a ciência do direito para o chamado positivismo Outro ponto positivo é a separação entre fé e religião. Corta as relações do indivíduos com o meio onde vive ! “ O CONHECIMENTO científico deve captar o que há de necessário nas coisas finitas” (Duns Scotus)” DUNS SCOTUS E SUAS CIRCUNSTÂNCIAS. Filósofo e teólogo escolástico inglês, Johannes Duns Scotus nasceu em 1266, em Maxion, condado de Rosburgh, na Escócia, e morreu em Colônia, na Alemanha, em 1308. Aos 15 anos ingressou na Ordem dos Franciscanos. Primeiro, estudou na Escócia, passando depois à Universidade de Oxford, na Inglaterra, e, posteriormente, a Paris, na França. Conhecido como "O Doutor Sutil", Duns Scotus acentua a separação entre fé e razão, sustentando que o objeto da teologia é Deus enquanto tal, e o da metafísica, o ser enquanto ser. A metafísica não pode conhecer Deus como Deus, mas apenas como ser, o qual não é uma forma vazia, mas realidade que inclui certas propriedades, como os modos, que são determinações intrínsecas possíveis, cujos primeiros tipos são "finito" e "infinito".. As intenções de Deus, está acima da inteligência do homem e não podem ser percebidas pela filosofia mais apenas pela fé. DUNS SCOTUS E SUA INFLUÊNCIA NO DIREITO Deus é a verdade absoluta, e aos homens cabe seguir a lei dos homens. As verdades da fé não poderiam ser compreendidas pela razão. A filosofia deveria começar a deixar de seguir a religião e ter autonomia.. ROGER BACON Educado nas universidades de Oxford e Paris, o franciscano Roger Bacon - que passou à história como Doctor Mirabilis (Doutor Admirável) - tornou-se mestre de Artes por volta de 1273, ensinando em Paris durante cerca de dez anos. Influenciado por Robert Grosseteste, Bacon acreditava e defendia que o estudo do grego e do hebraico são indispensáveis para se entender a Bíblia; que o estudo da matemática (incluindo a geometria, a astronomia e a astrologia) é, juntamente, com a experimentação, a chave de todas as ciências e útil na teologia; e que a filosofia pode servir à teologia, ajudando na conversão dos não- crentes. Roger Bacon acreditava que, embora a Bíblia seja a base de todo o conhecimento humano, podemos pôr a razão a serviço do conhecimento. Ele não acreditava que um argumento racional pudesse fornecer qualquer prova convincente de algo, mas, sim, que, com a ajuda da razão, uma pessoa pode formular a respeito da natureza hipóteses que possam vir a ser confirmadas pela experiência.. Segundo Roger Bacon, um conhecimento que chega até nós por meio da razão poderá levar ao conhecimento do criador da natureza. Assim, todas as tentativas de conhecimento filosófico, científico e linguístico são válidas, em última análise, pelo serviço que podem prestar à teologia. TRANSIÇÃO DA IDADE MÉDIA PARA A MODERNIDADE O pensamento de São Tomás de Aquino permite uma revalorização máxima, dentro dos limites da perspectiva cristã, da capacidade racional humana. O ser humano é visto como capaz de decidir e realizar coisas boas, desde que agindo sob inspiração de sua razão. Seus atos racionais confirmam a fé, levando a Deus. O movimento filosófico cristão do século XIII pode ser visto como outro Renascimento,propiciando o ressurgimento de Aristóteles e sua filosofia, especialmente graças a São Tomás; Uma valorização ainda maior do ser humano, todavia, estava por se iniciar com a inauguração do pensamento moderno. Se podemos representar o pensamento antigo sob o prisma de três esferas (universo, natureza e cidade – cosmologia) e o pensamento cristão acrescentando uma quarta esfera (Deus – teologia), a filosofia moderna subverterá essa perspectiva, colocando o ser humano individual em seu ponto de partida. A esse fenômeno chamamos “antropologização” da filosofia. Filosofia no Cristianismo - os cristãos partem, por seu lado, de Deus; - o direito natural cristão derivará do direito divino; - para os cristão, o homem é uma criatura de Deus, devendo descobrir suas leis e viver conforme as mesmas; Filosofia Moderna - os pensadores modernos adotarão o indivíduo como cerne de suas reflexões; - o direito natural moderno derivará de outra natureza, a individual; - para os modernos, porém, o homem é um ser dotado de vontade, que deve construir sua sociedade para sair da natureza, respeitando os direitos dos demais, que derivam da mera essência humana de cada um. Filosofia Antiga - partem das leis universais para explicar a natureza e, então, delimitar o espaço do ser humano em suas cidades; - o direito natural antigo derivará da natureza (física); - o homem é um ser natural, dotado de um espaço próprio na natureza; Três movimentos somam-se na transformação do pensamento, permitindo um rompimento com a teologia cristã e a instauração de uma filosofia antropológica: Renascimento, Absolutismo e Iluminismo. A palavra renascimento indica o ressurgimento de algo que já existira. No caso dos movimentos que recebem esse nome, renasce a cultura clássica (grega e romana), por algumas razões considerada superior à cultura medieval, associada às trevas. Michelangelo: A criação de Adão. Capela Sistina Alguns movimentos no século XII recebem o nome de Renascimento: ressurgimento das cidades, do comércio e da cultura clássica. Relativamente a este último aspecto, destacamos as universidades, formadas no período, que retomam estudos científicos da antiguidade, entre os quais o estudo do direito romano; No século VIII, Carlos Magno busca restaurar o Império Romano, retomando valores da cultura clássica, implementando uma reforma educacional que leva à proliferação das escolas dos mosteiros e ao ressurgimento da arte romana; O Pré-Renascimento do século XIV, marcado pelas obras de Dante Alighieri e Boccaccio, retomando modelos artísticos latinos e concebendo a Antiguidade como uma civilização autônoma. Nos séculos XV e XVI o resgate da cultura antiga atinge seu ápice, considerando-se seus agentes não apenas seus reprodutores, mas verdadeiros continuadores de seus ideais. Esse é o último grande Renascimento e talvez aquele mais destacado pela história. É o momento de consagração de três ícones da arte mundial, Leonardo da Vinci, Rafael e Michelângelo e de expansão do movimento, inicialmente restrito à Itália, pela Europa. Michelangelo: visão parcial do teto da Capela Sistina Esse movimento leva a e reforça outro, chamado humanismo. Consiste na exaltação do ser humano enquanto indivíduo, desconectado de laços naturais ou transcendentais. O indivíduo não é visto como apenas mais um ser da natureza ou como mais uma das criaturas de Deus; agora, torna-se o único ser natural livre, capaz de alterar os condicionamentos da natureza, ou a mais perfeita criação divina, feita a sua imagem e semelhança. . . Há uma alteração fundamental na postura do ser humano em relação ao mundo e à natureza. - o indivíduo moderno, livre, espera construir esse espaço, modificando e aperfeiçoando a natureza. A grande ambição humana da modernidade é libertar-se dos determinismos naturais e não simplesmente construir um espaço que prolongue a natureza. - o cristão espera encontrá- lo a partir da vontade divina - o homem antigo busca compreender as leis naturais para encontrar seu espaço, entrando em profunda harmonia com elas. Essa busca de controle pode ser detectada na disseminação do relógio, que modifica a visão das pessoas a respeito do tempo. O tempo da modernidade deixa de relacionar-se a divindades e a fenômenos naturais, como a alternância dia-noite, estações do ano, fases da lua. O tempo moderno esvazia-se, transformando-se na mera sucessão abstrata dos segundos, materializada nos ponteiros do relógio. Em si, deixa de ter qualquer significado. Porém, por outro lado, esse tempo desconectado pode ser controlado e manipulado pelos seres humanos, conforme sua vontade. Nicolau Maquiavel (1469-1527) costuma ser apontado como o responsável por trazer, pela primeira vez, essa fundamentação. Ao escrever seu célebre livro O Príncipe (ou “O Governante”), registra logo no início que toda sociedade possui homens que querem mandar e homens que não querem obedecer. Ora, se compararmos com Aristóteles, por exemplo, o fundamento do poder modificou-se completamente: para o filósofo grego, os homens nascem para mandar ou para obedecer. Note-se: o fundamento do poder está num fato natural, o mero nascimento; portanto, o poder deriva de uma causa natural. São Tomás escreve que Deus criou o ser humano para viver em sociedade e respeitar as autoridades. Aqui, o fundamento da política deriva de Deus. Ao afirmar que os homens querem mandar e não querem obedecer, Maquiavel funda o poder em atos voluntários humanos. A política passa a ser apenas a aquisição do poder e sua manutenção. O bom político não é aquele que realiza valores superiores como a Justiça ou o Bem Comum, mas aquele que mantém o poder em suas mãos por longo tempo. Para conquistar o poder e mantê-lo, todos os meios podem ser úteis e são justificáveis (os fins justificam os meios). Maquiavel desmascara a política e deixa claro seu objeto exclusivo: o poder. Um bom governante deve ter em mente que se deparará com homens que não querem obedecer. Conforme seus méritos, deverá convencê-los a obedecer. Esse convencimento pode dar-se pela prática de atos bons ou maus, conforme as circunstâncias. Se for necessário realizar obras públicas para convencer as pessoas à obediência, que sejam realizadas; se for necessário praticar atos de violência, que sejam praticados. Num sentido quase oposto, podemos citar Thomas Morus (1478- 1535), que escreve seu famoso livro Utopia, descrevendo uma ilha imaginária na qual predomina a igualdade entre os homens, a política é racional e não existe a propriedade privada. Note-se queu-topia, do grego, significa “sem-lugar”, ou seja, a ilha não possui um lugar no mundo real, apenas no imaginário. A obra de Morus transforma-se numa crítica ao contexto político da Inglaterra e do restante da Europa e a palavra dissemina-se como sinônimo de um novo mundo e de novas esperanças de construção de uma sociedade melhor. O ser humano, individual, pode aperfeiçoar sua sociedade, desde que assim o deseje e dê um lugar concreto para a ilha imaginária. Outro aspecto importante na transição para a modernidade é o rompimento da unidade cristã. Durante séculos a igreja católica monopolizou o imaginário cristão, determinando sua leitura da bíblia e seus dogmas a respeito de Deus. No contexto dos séculosXV e XVI surgem algumas contestações que abalam esse monopólio e culminam no surgimento de seitas cristãs não católicas. Copérnico (1473-1543), Johannes Kepler (1571-1630) e Galileu Galilei (1564-1642) desenvolvem teorias que fundamentam uma nova visão da disposição do sol e dos planetas, defendendo que a estrela solar está no centro do sistema, e os planetas orbitam em torno dela. Essa visão deslegitima a tese de que a Terra é a criação mais importante de Deus, pois trata-se apenas do terceiro planeta do sistema solar, de tamanho médio a pequeno. As repercussões dessas teses foram as mais diversas. O grande fundamento para as desigualdades sociais era religioso: Deus criara ordens na sociedade para serem ocupadas por diferentes tipos de homens: trabalhadores (servos), guerreiros (nobres) e religiosos (clérigos). O nascimento de uma pessoa em uma dessas ordens era escolha do Criador, determinando todos os aspectos da vida do indivíduo. Assim, as desigualdades e as injustiças terrenas derivam da vontade divina, não podendo ser questionadas pelos homens. Depois da vida terrena, Deus, que observava atentamente sua grande criação, recompensaria aqueles que aceitaram e cumpriram seus papéis. Por outro lado, a partir do momento em que a Terra é deslocada para uma zona periférica e insignificante do universo, não é possível defender a tese de que tenha sido uma criação especial de Deus. Trata-se apenas de mais um planeta, em nada diferente dos demais. Talvez as injustiças que ocorram em seu interior não derivem da vontade divina, que sequer prestaria sua atenção a planeta tão reles. Eclodem revoltas sociais. A Igreja passa a perseguir os adeptos do heliocentrismo.
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