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Christiano Valente. Direito Tributario. A não cumulatividade no IVA europeu e nos tributos brasileiros não cumulativos.

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47R. Fórum de Dir. Tributário – RFDT | Belo Horizonte, ano 13, n. 73, p. 47-82, jan./fev. 2015
A não cumulatividade no IVA europeu e 
nos tributos brasileiros não cumulativos
Christiano Mendes Wolney Valente
Procurador da Fazenda Nacional. Pós-graduado pela Escola Superior de Advocacia da OAB-DF 
e pela Escola Superior do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios. Especialista em 
Direito Tributário pelo Instituto de Cooperação e Assistência Técnica (ICAT) da Associação de 
Ensino	Unificado	do	Distrito	Federal	(AEUDF).	Mestrando	em	Direito	da	Universidade	Católica	
de	Brasília	(UCB).	E-mail: <tiam@uol.com.br>.
Resumo: O artigo realiza uma análise comparativa entre a aplicação da técnica da não cumulatividade 
dentro dos tributos brasileiros que a adotam (Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI, Imposto 
sobre a Circulação de Mercadorias e prestação de Serviços de transporte interestadual e intermunicipal e 
telecomunicações – ICMS, contribuições ao PIS/COFINS não cumulativas) e o IVA europeu como praticado 
em Portugal, a fim de apresentar os pontos de contato e de distanciamento entre os referidos tributos, 
contribuindo, assim, para o estudo de uma possível harmonização e unificação entre os Impostos Gerais 
de Consumo praticados no Brasil e aqueles praticados por seus parceiros comerciais, tendo como norte 
o IVA europeu.
Sumário: 1 Introdução – 2 A técnica da não cumulatividade – 3 Número de operações gravadas – 4 Ativo 
imobilizado – 5 Insumos – 6 Quadro comparativo – 7 Conclusões – Referências
1 Introdução 
A globalização, compreendida esta como a transnacionalização dos mercados 
de insumo, produção, finanças e consumo que se acentuou em velocidade e 
mecanismos a partir de 1980,1 implica o surgimento de novas instituições de caráter 
1 Referimo-nos apenas a uma das faces do fenômeno globalização. Segundo José Eduardo Faria: “[...] 
globalização não é um conceito unívoco. Pelo contrário, é um conceito plurívoco, comumente associado à ênfase 
dada pela literatura anglo-saxônica dos anos 80 a uma nova economia política das relações internacionais. 
Desde a última década, esse conceito tem sido amplamente utilizado para expressar, traduzir e descrever 
um vasto e complexo conjunto de processos interligados. Entre os processos mais importantes destacam-
se, por exemplo, a crescente autonomia adquirida pela economia em relação à política; a emergência de 
novas estruturas decisórias operando em tempo real e com alcance planetário; as alterações em andamento 
nas condições de competitividade de empresas, setores, regiões, países e continentes; a transformação do 
padrão de comercio internacional, deixando de ser basicamente inter-setorial e entre firmas e passando a ser 
eminentemente intra-setorial e intra firmas; a ‘desnacionalização’ dos direitos, a desterritorialização das formas 
institucionais e a descentralização das formas políticas do capitalismo; a uniformização e a padronização das 
práticas comerciais no plano mundial, a desregulamentação dos mercados de capitais, a interconexão dos 
sistemas financeiro e securitário em escala global, a realocação geográfica dos investimentos produtivos e a 
volatilidade dos investimentos especulativos; a unificação dos espaços de reprodução social, a proliferação 
dos movimentos imigratórios e as mudanças radicais ocorridas na divisão internacional do trabalho; e, por fim, 
o aparecimento de uma estrutura político-econômica multipolar incorporando novas fontes de cooperação e 
conflito tanto no movimento do capital quanto no desenvolvimento do sistema mundial” (FARIA, 2000, p. 59).
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wolney
Texto
Revista Fórum de Direito Tributário: RFDT, Belo Horizonte, v. 13, n. 73, p. 47-82, jan./fev. 2015.
wolney
Retângulo
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CHRISTIANO MENDES WOLNEY VALENTE
regional e diferentes dos Estados-Nação,2 como forma de viabilizar a obtenção de 
melhores condições de participação no intercâmbio mundial, maximizar o aumento 
das economias de escala, minimizar os custos sociais e econômicos da própria 
globalização e propiciar uma defesa minimamente eficaz contra a especulação 
financeira e os fluxos de capitais não produtivos (FARIA, 2000, passim). Nesse 
contexto, papel ímpar é desempenhado pelo Imposto sobre o Valor Adicionado – IVA 
(“Taxe sur le valeur ajoutée – TVA”) como maneira de se uniformizar e harmonizar 
a legislação dos diversos países integrantes desses grupos referente ao chamado 
Imposto Geral de Consumo ou Imposto Geral de Vendas.3 Não por acaso, relatório 
fornecido pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)4 
informa que tal espécie de tributo (IVA) está presente em trinta e três dos seus trinta 
e quatro países membros (OECD, 2012, p. 23).
A importância do IVA como espécie uniformizada ou harmonizada de Imposto 
Geral de Consumo ou Vendas aumenta sobremaneira quando se verifica a participação 
crescente desses impostos, juntamente com os impostos sobre a renda assalariada, 
na composição da receita tributária dos Estados em todo o mundo em detrimento da 
tributação sobre a renda globalizada e dos Excise taxes (impostos especiais sobre 
o consumo, v.g. impostos específicos sobre a aquisição de bens de luxo, álcool, 
tabaco etc.).5 No ano de 2010, dentro dos países da OCDE, os Impostos Gerais 
sobre o Consumo produziram 20% (vinte por cento) do total das receitas fiscais, em 
comparação com apenas 12% (doze por cento) em meados dos anos de 1960. Tal 
crescimento foi acompanhado pelo decréscimo da participação das receitas fiscais 
provenientes dos Impostos Específicos de Consumo (Excise taxes) de 24% (vinte e 
quatro por cento) em 1965 para 11% (onze por cento) em 2010 (OECD, 2012, p. 24). 
2	 Como	exemplos	dessas	novas	instituições	temos	a	União	Europeia,	o	NAFTA	(Acordo	de	Livre	Comércio	da	
América do Norte), a APEC (Asia Pacific Economic Cooperation), a ASEAN (Association of South East Asian 
Nations), o Mercosul (Mercado Comum do Cone Sul), todas no caminho do supranacionalismo, abrindo caminho 
para a criação de grupos de interesse transnacionais, dotados de uma burocracia própria e específica.
3 Segundo Maurin Almeida Falcão (2013): “[...] a harmonização da TVA é um dos pontos de partida para toda 
iniciativa de integração por ser um símbolo das liberdades indispensáveis à abolição das fronteiras no interior 
do mercado”.
4 A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE (Organisation de coopération et de 
développement économiques) é uma organização internacional sediada em Paris, França, surgida durante 
a guerra-fria, no contexto do Plano Marshall, composta por 34 países membros que aceitam os princípios 
da democracia representativa e da economia de livre mercado, sendo a maioria países com altos PIB per 
capita e Índice de Desenvolvimento Humano, e produzem mais da metade de toda a riqueza do globo. Tal 
organização procura fornecer uma plataforma para comparar políticas econômicas, solucionar problemas 
comuns e coordenar políticas domésticas e internacionais.
5 Para Maurin Almeida Falcão (2013): “[...] o incremento da globalização, por meio da expansão das empresas 
transnacionais e dos investimentos, estaria na origem da adoção de um novo perfil dos sistemas tributários. A 
criação de mecanismos de atração de investimentos estrangeiros levaria ao deslocamento da tributação sobre 
a renda proveniente dos ganhos de capital para a tributação sobre o consumo e sobre a renda assalariada. 
Assim, estavam lançados os mecanismos que constrangeriam os sistemas tributários a um movimento de 
convergência dentro de um ambiente submetido à globalização, ao multilateralismo e à integração econômica 
e, ainda, à contestação do Estado-providência”.
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Do mesmo modo, nos países da América Latina a participação dos Impostos Gerais 
sobre o Consumo aumentou de 24% (vinte e quatro por cento) em 1990 para 35% 
(trinta e cinco por cento) em 2009. Já a parcela dos Excise taxes caiu de 28% (vinte e 
oito por cento) para 15% (quinze por cento) no mesmo período (OECD, 2012, p. 40).
A nota característica essencial do IVA é a sua incidência não cumulativa, ou 
seja, a aplicação da técnica da não cumulatividade. Essa técnica é o que permite 
sejam colhidos os bons frutos dessa tributação, criando uma fiscalização cruzada6 
entre os próprios contribuintes, atingindo a neutralidade fiscal7 e a organização 
horizontal dos agentes econômicos,8 com facilidade para desonerar as operações de 
exportação.9 Todos esses frutos beneficiam a livre circulação dos bens, pois a deso-
neram e estimulam, o que é essencial para uma maior integração econômica entre 
os países e regiões.
O presente trabalho tem por escopo realizar uma análise comparativa entre 
a aplicação da técnica da não cumulatividade dentro dos tributos brasileiros que a 
adotam (Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI, Imposto sobre a Circulação 
de Mercadorias e prestação de Serviços de transporte interestadual e intermunicipal 
e telecomunicações – ICMS, contribuições ao PIS/COFINS não cumulativas) e o IVA 
europeu como praticado em Portugal a fim de apresentar os pontos de contato e de 
distanciamento entre os referidos tributos, contribuindo assim para o estudo de uma 
possível harmonização e unificação entre os Impostos Gerais de Consumo praticados 
no Brasil e aqueles praticados por seus parceiros comerciais, tendo como norte o IVA 
europeu.
O estudo desenvolver-se-á dentro de uma análise comparativa horizontal já que 
o instituto investigado pertence ao sistema do Civil Law (Romano-Germânico), não 
havendo a necessidade de fazer maiores incursões sobre a sua formação, limitando-
se apenas a revelar a forma como a não cumulatividade é atualmente aplicada nos 
tributos selecionados, sob uma perspectiva normativa, pragmática e descritiva no 
nível das regras aplicáveis.10
6 Cada contribuinte, por estar interessado no seu próprio creditamento pelo imposto que já foi pago, fiscaliza o 
contribuinte anterior na cadeia a fim de garantir o seu crédito.
7 O conceito de neutralidade fiscal está ligado à estabilidade do ônus tributário, ou seja, o ônus de determinado 
contribuinte dentro da cadeia independe do número de operações anteriormente tributadas.
8 Em uma tributação cumulativa os agentes econômicos tendem a se verticalizar a fim de reduzir a carga 
tributária com a diminuição da circulação dos bens e serviços, o que gera a ineficiência decorrente da falta de 
especialização.
9 Na tributação cumulativa os tributos são inevitavelmente “exportados”, ou seja, a carga tributária é 
teoricamente suportada pelo importador, pois a desoneração se torna complexa dada à impossibilidade de se 
identificar o quantum que incidiu na cadeia. Na prática, quem acaba suportando a carga é o exportador, já que 
reduz o preço de sua mercadoria a fim de torná-la competitiva no mercado internacional.
10 Segundo Marc Ancel (1980, p. 45 et seq. e 115 et seq.), existem três tendências metodológicas para o estudo 
do direito comparado: o estudo do direito positivo em sua evolução e realidade efetiva (história comparativa do 
direito, história universal do direito, etc.) – perspectiva evolutiva; o direito comparado normativo (confrontação 
de conceitos entre diversos sistemas jurídicos) – perspectiva normativa; a busca pragmática por um sistema 
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2 A técnica da não cumulatividade
Inicialmente, é de observar que não pertence aos objetivos deste trabalho a 
investigação da natureza principiológica da não cumulatividade, na medida em que o 
instituto será analisado consoante a forma e os métodos com que se dão as deduções 
(direito ao creditamento) existentes nos ordenamentos jurídicos apresentados. Desse 
modo, o que nos interessa aqui é o seu caráter técnico e pragmático em cada tributo 
investigado, descurando-se de sua natureza axiológica.
Quando se fala em “não cumulatividade” tributária a expressão pode ter três 
conotações usualmente aceitas. A primeira é a negativa da exigência de dois ou mais 
tributos sobre um mesmo fato gerador. Explica-se. Quando dois tributos são exigidos 
sobre um mesmo fato gerador pode-se ter uma situação de bis in idem, quando a 
exigência é feita pelo mesmo sujeito ativo, ou bitributação (também chamada de 
dupla tributação) quando a exigência é feita por sujeitos ativos diversos. No caso 
brasileiro, uma situação típica de bis in idem é a incidência do Imposto de Importação 
(II) e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), ambos tributos de competência 
tributária	da	União	incidentes	quando	do	desembaraço	aduaneiro	na	importação.	Já	
uma situação de bitributação ou dupla tributação bastante conhecida ocorre quando 
países diversos fazem uso de critérios diversos para a tributação sobre a renda, v.g. 
o	Brasil	que	usa	o	critério	da	fonte	e	os	Estados	Unidos	da	América	(EUA)	quando	
usam	o	critério	do	domicílio	para	tributar	a	renda	de	uma	pessoa	residente	nos	EUA,	
mas que aufere rendimentos no Brasil.
Já em uma segunda conotação, temos a negativa da inclusão (ou impossibilidade 
da não exclusão) de determinados tributos na base de outros ou deles mesmos. No 
Brasil essa cumulatividade ocorre no caso do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica 
(IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) que integram cada qual 
a sua própria base de cálculo e um a base de cálculo do outro.11 São tributos que se 
cumulam, portanto. Para que não houvesse tal cumulatividade seria necessária uma 
lei específica afirmando a impossibilidade de tal cumulação.
A terceira conotação, que é a que nos interessa, diz respeito à incidência de um 
determinado tributo sobre as diversas fases de uma cadeia de produção, distribuição 
jurídico universal (realização concreta de uma integração e cooperação entre os países) – perspectiva 
pragmática. Quanto aos níveis de análise, considera a existência de três, cada qual com um método próprio: 
a análise das regras (justaposição de regras legais – método descritivo); a análise da instituição (elaboração 
dos quadros legais de determinada instituição em ambos os direitos – método técnico) e a análise do sistema 
(apreensão global dos sistemas em comparação – método estrutural). Para a situação específica do estudo 
de casos, aponta o método funcional que examina as soluções dadas nos países para um mesmo problema 
humano.
11 Segundo a Lei nº 9.316, de 22 de novembro de 1996: “Art. 1º O valor da contribuição social sobre o lucro 
líquido não poderá ser deduzido para efeito de determinação do lucro real, nem de sua própria base de 
cálculo. Parágrafo único. Os valores da contribuição social a que se refere este artigo, registrados como 
custo ou despesa, deverão ser adicionados ao lucro líquido do respectivo período de apuração para efeito de 
determinação do lucro real e de sua própria base de cálculo” (BRASIL, 2013).
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e comercialização de bens e prestação de serviços, de forma não cumulativa, ou 
seja, de forma a gravar apenas a riqueza agregadapor cada contribuinte em cada 
etapa dessa cadeia. Essa é a não cumulatividade típica dos IVAs que é identificada 
no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), no Imposto sobre a Circulação de 
Mercadorias e prestação de Serviços de transporte interestadual e intermunicipal e 
telecomunicações (ICMS), nas contribuições ao PIS/COFINS não cumulativas, tributos 
brasileiros, e no IVA europeu. Dentro dessa terceira conotação é que surgiram as 
várias técnicas (também chamados de regimes de operacionalização) de se atingir a 
não cumulatividade, conforme se segue.
2.1 Método aditivo
De acordo com o método aditivo, o valor agregado (base de cálculo do tributo) é 
obtido através da soma dos salários pagos pela empresa ocupante de determinada 
fase da cadeia e dos demais dispêndios por ela incorridos (custos de produção com 
insumos, despesas e matérias-primas) com os lucros obtidos (margem de lucro) em 
determinado período (SEHN, 2011, p. 264). Segundo Cesare Cosciani, o método foi 
assim definido pelo segundo relatório da missão chefiada por Carl S. Shoup (“Missão 
Shoup”),	enviada	pelos	Estados	Unidos	da	América	ao	Japão	para	reorganizar	suas	
finanças após a Segunda Guerra Mundial, in verbis:
Más aún, en el segundo informe, para facilitar el cálculo del impuesto, 
en lugar del método de determinación por diferencia, se daba opción 
para utilizar el de adición, que consiste en obtener la base imponible por 
la suma de los salarios, intereses y rentas pagados, con los beneficios 
determinados a los fines del impuesto a la renta. (COSCIANI, 1969, p. 
33-34)
O método é chamado de aditivo direto quando sobre esse valor se aplica dire-
tamente a alíquota do tributo cujo resultado informará o seu quantum debeatur. Se 
houver a necessidade de intermediação de outra alíquota para a composição da base 
de cálculo do tributo ou a existência de alíquotas diversas discriminando diferentes 
tipos de custos ou lucros obtidos, o método é chamado de aditivo indireto, pois essas 
alíquotas intermediárias aumentariam (se superiores a 100%) ou diminuiriam (se 
inferiores a 100%) o valor agregado (um aumento significaria um ataque à neutralidade 
fiscal, uma diminuição ensejaria desoneração). Também ocorre o método aditivo 
indireto quando são aplicadas alíquotas diversas do tributo para cada componente 
do valor agregado.
Afirma André Mendes Moreira (2012, p. 73) que tal forma de tributação está 
nacionalmente presente na Argentina e em Israel, para a tributação das instituições 
financeiras, e nos Estados de Michigan (desde 1976) e New Hampshire (desde 
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CHRISTIANO MENDES WOLNEY VALENTE
1993). No entanto, essa metodologia não é a adotada por nenhum dos tributos que 
são objeto de estudo do presente trabalho, de forma que está sendo mencionada 
apenas a título informativo.
2.2 Método subtrativo
Diferentemente do método aditivo, o método subtrativo invoca uma operação 
de subtração para se chegar à da base de cálculo do imposto ou, após o cálculo 
do imposto, para se chegar ao valor devido. Na primeira hipótese, tem-se o método 
subtrativo base sobre base (basis on basis). Na segunda, o método subtrativo 
imposto sobre imposto (tax on tax). Vejamos.
2.2.1 Método subtrativo base sobre base
No método subtrativo base sobre base, inicia-se a identificação da base de 
cálculo do IVA com o preço total da operação (bens) ou prestação (serviços). Em um 
segundo momento, dele se deduz o valor das mercadorias e serviços adquiridos pelo 
con tribuinte (despesas e custos) que a lei elenca como dedutíveis.12 Isto é, a lei sele-
ciona quais são os dispêndios da empresa (aqueles mesmos dispêndios utilizados 
no método aditivo, v.g. salários, custos de produção, insumos, despesas e matérias-
primas) que serão deduzidos do preço total da operação ou prestação para se chegar 
à base de cálculo do tributo. Sobre essa base de cálculo é que se aplica a alíquota 
do tributo, chegando-se ao método subtrativo base sobre base direto.
Como no método aditivo, se antes da aplicação da alíquota do tributo houver 
a intermediação de outra alíquota, trata-se de método subtrativo base sobre base 
indireto. Explicando de outra forma, se sobre os dispêndios selecionados pela lei 
houver uma limitação de valor caracterizada pela incidência de uma alíquota antes de 
se abater do preço total da operação ou prestação, para aí sim chegar-se à base de 
cálculo do tributo, trata-se de método subtrativo base sobre base indireto.
De observar que se a lei limitar as espécies de dispêndios que serão deduzidos 
ou fizer sobre eles incidir previamente uma alíquota inferior a 100% (cem por cento), 
há restrição da neutralidade.
Esse método é o normalmente utilizado quando não há a identificação do tributo 
pago nas faturas (notas fiscais), pois, juntamente com o método aditivo, são a única 
forma de se empregar aí a não cumulatividade, já que se desconhece o valor dos 
tributos que incidiram nas fases anteriores da cadeia.
12 O ideal é que a lei selecione exatamente os custos e despesas que compuseram a base de cálculo do tributo 
na fase anterior a fim de preservar a neutralidade fiscal.
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O método subtrativo base sobre base direto existe em poucos lugares do mundo. 
Segundo André Mendes Moreira (2012, p. 74), o Japão e o Vietnã o adotam. Aliás, 
os estudos para a adoção de tal método no Japão datam de 1949, com o projeto de-
corrente do envio da já mencionada “Missão Shoup”. O projeto assim previa:
[...] la mejor solución consiste en ampliar la base del impuesto y aplicar 
la tasa, no sobre el beneficio, sino respecto de los intereses, rentas y 
salarios. En otras palabras, esa base puede definirse como: el monto 
integral bruto de lo cobrado menos lo adquirido de otras empresas, 
incluidas las compras de equipos, terrenos y construcciones. La diferencia 
es lo que la empresa agrega al valor de los materiales, etc., que ella 
adquirió	de	otras	empresas.	(ESTADOS	UNIDOS	DA	AMéRICA,	p.	201)
Já o método subtrativo base sobre base na forma indireta somente existe no 
Brasil, sendo aqui adotado para a contribuição social para financiamento da Segu-
ridade Social (COFINS) e para a contribuição para o Programa de Formação do 
Patri mônio do Servidor Público e Programa de Integração Social (PIS/PASEP) não 
cumulativos, consoante a Lei nº 10.637/2002 e a Lei nº 10.833/2003.
Para essas contribuições, prevê a legislação nacional nos arts. 1º da Lei 
nº 10.637/2002 e da Lei nº 10.833/2003 (BRASIL, 2012) que o fato gerador e 
a base de cálculo são o “faturamento mensal”, assim entendido o total das 
receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou 
classificação contábil.13 Sobre essa base de cálculo incide uma alíquota de 7,6% 
(sete inteiros e seis décimos por cento) para a COFINS e de 1,65% (um inteiro e 
sessenta e cinco centésimos por cento) para o PIS/PASEP, chegando-se ao valor do 
tributo devido, do qual serão descontados créditos calculados sobre as despesas e 
custos que os arts. 3º da Lei nº 10.637/2002 e da Lei nº 10.833/2003 elencam 
como dedutíveis, após a aplicação das mesmas alíquotas de 7,6% (sete inteiros e 
seis décimos por cento) para a COFINS e de 1,65% (um inteiro e sessenta e cinco 
centésimos por cento) para o PIS/PASEP (BRASIL, 2012). Ou seja, o encontro da 
base tributável com a base creditável é intermediado pela incidência de alíquotas 
(forma indireta). Nesse caso, pelofato de as alíquotas incidentes sobre a base de 
13 Aqui reside a primeira diferença entre esses tributos e os demais IVAs sob exame. A legislação brasileira, com 
amparo na Constituição Federal de 1988, artificiosamente ampliou o conceito de faturamento para abranger, 
além das receitas provenientes da venda de mercadorias e serviços, também todas as receitas auferidas pela 
pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou natureza contábil. Sendo assim, o tributo na 
verdade tem como fato gerador e base de cálculo a receita bruta e não o faturamento, como ordinariamente os 
IVAs têm, já que normalmente incidem sobre o valor das faturas. Sua base de cálculo, portanto, é mais ampla 
que a dos IVAs. Tal, a nosso sentir, não prejudica a classificação do tributo ao lado dos IVAs, tendo em vista 
que apenas significa mais um ataque à neutralidade fiscal, entre tantos outros. Em sentido contrário, André 
Mendes Moreira, para quem tais tributos não podem ser considerados tipicamente não cumulativos tendo em 
vista que a tributação sobre a receita bruta descaracteriza a plurifasia necessária para tal tipo de exação que 
tem por princípio a incidência do gravame na circulação de riquezas (MOREIRA, 2012, p. 102 e 111 et seq.).
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CHRISTIANO MENDES WOLNEY VALENTE
cálculo e sobre a base creditável serem idênticas, o efeito é o mesmo que se o tributo 
fosse apurado pelo método subtrativo base sobre base direto. A existência dessa 
alíquota intermediária, portanto, somente se justifica por razões de política fiscal, 
permitindo ao legislador alguma margem de manobra para no futuro desmembrar, 
aumentar ou reduzir a alíquota incidente sobre determinadas despesas e custos a 
serem creditados.
2.2.2 Método subtrativo imposto sobre imposto
O método subtrativo imposto sobre imposto, também conhecido como invoice 
credit (crédito na fatura) ou tax on tax, consiste em fazer incidir uma alíquota sobre 
o valor da venda da mercadoria ou serviço (valor faturado), calculando-se o valor do 
tributo e, em um segundo momento, permitir a dedução do valor do imposto pago 
que incidiu na operação anterior na cadeia e que foi destacado na respectiva nota. 
O pressuposto desse método é que o imposto esteja sempre destacado nas notas 
fiscais de compra e de venda, pois o imposto pago na compra é utilizado como crédito 
para se abater do imposto devido na venda.
Como nos demais métodos, as variações direta e indireta são possíveis, bas-
tando para caracterizar o método subtrativo imposto sobre imposto indireto a inci-
dência de uma alíquota intermediando o encontro entre os impostos pagos a serem 
compensados. Ou seja, se o imposto pago não puder ser integralmente compensado 
por haver a incidência de uma alíquota para a formação do crédito a ser compensado, 
dá-se a adoção do método indireto, do contrário, dá-se o método subtrativo imposto 
sobre imposto direto.
Esta última é a forma mais comum no mundo de se empregar a não cumu-
latividade. O método subtrativo imposto sobre imposto direto é o empregado no IVA 
de Portugal, que segue as diretivas do IVA europeu, no IPI e no ICMS brasileiros.
Na Europa, por ocasião da formação do Mercado Comum Europeu, houve a 
necessidade de se uniformizar a legislação tributária dos países membros, ocasião 
em que foi publicada a Primeira Diretiva IVA, de 11 de abril de 1967, para a substi-
tuição dos sistemas gerais de impostos indiretos por um sistema comum de 
tributação sobre o valor agregado. A Sexta Diretiva (77/388/CEE, de 17 de maio 
de 1977) uniformizou a base tributável para todos os Estados-membros da CEE. 
Em Portugal, foi essa Sexta Diretiva que serviu de base à transposição do IVA para 
a legislação interna em 1º de janeiro de 1986, abandonando-se o antigo Imposto 
sobre Transações. Atualmente, o IVA europeu é regrado pela Diretiva nº 112/2006, 
da	União	Europeia	e	em	Portugal	pelo	Código	do	IVA	(Decreto-Lei	nº	102,	de	20	de	
junho de 2008, publicado com a autorização legislativa do art. 91 da Lei nº 67-A, de 
31 de dezembro de 2007).
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No que interessa ao ponto em exame, segundo o art. 19 do Código do IVA 
Português (NEVES, 2012, p. 347):
Decreto-Lei nº 102, de 20 de junho de 2008.
ARTIGO 19º
Direito à dedução
1 - Para apuramento do imposto devido, os sujeitos passivos deduzem, 
nos termos dos artigos seguintes, ao imposto incidente sobre as 
operações tributáveis que efectuaram: 
a) O imposto devido ou pago pela aquisição de bens e serviços a outros 
sujeitos passivos; 
b) O imposto devido pela importação de bens; 
c) O imposto pago pelas aquisições de bens ou serviços abrangidas pelas 
alíneas e), h), i), j) e l) do nº 1 do artigo 2º; (Decreto-Lei nº 186/2009, de 
12 de Agosto); 
d) O imposto pago como destinatário de operações tributáveis efectuadas 
por sujeitos passivos estabelecidos no estrangeiro, quando estes não 
tenham no território nacional um representante legalmente acreditado e 
não tenham facturado o imposto; 
e) O imposto pago pelo sujeito passivo à saída dos bens de um regime de 
entreposto não aduaneiro, de acordo com o nº 6 do artigo 15º.
2 - Só confere direito a dedução o imposto mencionado nos seguintes 
documentos, em nome e na posse do sujeito passivo: 
a) Em facturas e documentos equivalentes passados em forma legal; 
b) No recibo de pagamento de IVA que faz parte das declarações de 
importação, bem como em documentos emitidos por via electrónica 
pela Direcção-Geral das Alfândegas e dos Impostos Especiais sobre o 
Consumo, nos quais conste o número e data do movimento de caixa.
O artigo mencionado não deixa dúvidas a respeito da adoção do método sub -
trativo imposto sobre imposto direto, havendo, inclusive, menção expressa à fatura 
em que é discriminado o imposto pago (invoice credit).
No ICMS brasileiro, o método subtrativo imposto sobre imposto direto está 
previsto diretamente na Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 2013), a saber:
Constituição Federal de 1988
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos 
sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993) 
[...] II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações 
de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, 
ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior; (Redação 
dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
[...] §2º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: (Redação 
dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
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CHRISTIANO MENDES WOLNEY VALENTE
I - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada 
operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços 
com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro Estado ou 
pelo Distrito Federal; [...]
O inciso foi reproduzido com as mesmas palavras pelo art. 19, da Lei Comple-
mentar nº 87/96 (BRASIL, 2013), verbo ad verbum:
Lei Complementar nº 87/96
Art. 19. O imposto é não-cumulativo, compensando-se o que for devido 
em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de 
serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação 
com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou por outro Estado.
Do mesmo modo, a Constituição Federal de 1988 prevê em relação ao IPI, 
in verbis:
Constituição Federal de1988
Art.	153.	Compete	à	União	instituir	impostos	sobre:
[...] IV - produtos industrializados;
[...] §3º - O imposto previsto no inciso IV:
[...] II - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada 
operação com o montante cobrado nas anteriores; [...]
A Carta Constitucional Brasileira, ao se referir ao “montante cobrado” e ao “que 
for devido”, com toda evidência está se referindo ao imposto calculado na operação 
anterior e ao imposto calculado na operação subsequente, compensando ambos, 
havendo aí o encontro dos impostos. A adoção do método imposto contra imposto é 
mais clara na legislação do IPI, em que explicita o Código Tributário Nacional (BRASIL, 
2013):
Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966.
Art. 49. O imposto é não-cumulativo, dispondo a lei de forma que o 
montante devido resulte da diferença a maior, em determinado período, 
entre o imposto referente aos produtos saídos do estabelecimento e o 
pago relativamente aos produtos nele entrados. [...]
Neste aspecto, portanto, o IVA Português, o IPI e o ICMS estão acordes, 
enquanto as contribuições sociais do PIS/PASEP e COFINS não cumulativos adotam 
critério diverso.
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3 Número de operações gravadas
Segundo André Mendes Moreira (2012, p. 74), nos tributos sujeitos à não 
cumu latividade é importante observar o número de estágios do processo produtivo 
que	são	gravados.	Um	ciclo	completo	do	processo	produtivo	compreende	a	produção	
(fabricação) ou a importação, a distribuição e a venda ao consumidor final.
A primeira etapa diz respeito à entrada do produto em circulação e corresponde 
à saída do produto do estabelecimento fabricante ou à aquisição do produto pelo 
esta belecimento importador.
Na segunda etapa estão os estabelecimentos distribuidores atacadistas ou o 
estabelecimento importador que farão o papel de distribuir o produto no mercado 
interno para outros distribuidores atacadistas ou para o varejista.
Na terceira etapa se situam os comerciantes varejistas que farão a venda para 
outros varejistas ou para o consumidor final, em que se completa o ciclo.
De ver que somente a primeira etapa é composta de uma única operação.14 
A segunda e a terceira etapas podem ter múltiplas operações, pois a mercadoria já 
está em circulação, podendo transitar por inúmeros atacadistas ou varejistas antes 
de chegar ao consumidor final.
Decerto, os tributos onde é possível a aplicação da não cumulatividade têm 
por pressuposto serem plurifásicos, ou seja, devem incidir em mais de uma etapa 
do processo produtivo, do contrário, não há o que ser cumulado ou compensado. Os 
tributos que incidem em uma única fase do processo produtivo são chamados de 
monofásicos. Com toda evidência, a monofasia exclui a não cumulatividade.
No que diz respeito ao número de operações gravadas, uma análise do fato 
gerador do IVA Português e das contribuições sociais do PIS/PASEP e COFINS não 
cumu lativos revela que são tributos mais completos que o ICMS e o IPI. Explico.
O IVA no modelo europeu é “[...] um imposto geral sobre o consumo, que se 
aplica em todas as fases do circuito econômico por que passam os produtos até ao 
consu midor final” (ESTRELLA, 2013). Possui um fato gerador alargado que, segundo 
o art. 1º do Código do IVA Português (NEVES, 2012, p. 18), abrange igualmente as 
trans missões de bens e as prestações de serviços, a saber:
14 “Denomina-se operação todo e qualquer ato ou negócio jurídico que implique no impulsionamento do bem 
ou mercadoria ao seu destino final, passando desde a origem da cadeia econômica até o consumo. Ou seja, 
todo ato que leve o bem a circular economicamente em direção ao consumo. [...] Nessa longarina, exsurge 
o conceito de circulação econômica. É a movimentação econômica do bem desde a sua origem, passando 
por todas as fases de agregação de valor até chegar ao consumidor como produto final. É a ideia de que a 
matéria-prima recebe tratamento desde a sua concepção, sendo beneficiada de maneira a revelar um produto 
novo, acabado e pronto ao consumo, cumprindo todas as fases do ciclo de produção do bem. É o exemplo do 
sapato e do tecido, que vêm desde o couro bruto e o algodão, respectivamente, até chegar às suas diversas 
espécies” (ESTRELLA, 2013).
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Decreto-Lei nº 102, de 20 de junho de 2008
ARTIGO 1º
Incidência objectiva
1 - Estão sujeitas a imposto sobre o valor acrescentado: 
a) As transmissões de bens e as prestações de serviços efectuadas no 
território nacional, a título oneroso, por um sujeito passivo agindo como 
tal; 
b) As importações de bens;
c) As operações intracomunitárias efectuadas no território nacional, tal 
como são definidas e reguladas no Regime do IVA nas Transacções 
Intracomunitárias.
As contribuições sociais do PIS/PASEP e COFINS não cumulativos, por incidirem 
sobre o faturamento global e demais receitas de todas as empresas contribuintes,15 
também não discriminam bens e serviços, ou as fases do circuito econômico. 
Transcreve-se:
Lei nº 10.637/2002
Art. 1º A contribuição para o PIS/Pasep tem como fato gerador o 
faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela 
pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação 
contábil.
§1º Para efeito do disposto neste artigo, o total das receitas compreende 
a receita bruta da venda de bens e serviços nas operações em conta 
própria ou alheia e todas as demais receitas auferidas pela pessoa 
jurídica.
§2º A base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep é o valor do 
faturamento, conforme definido no caput. [...]
Lei nº 10.833/2003
Art. 1º A contribuição para o PIS/Pasep tem como fato gerador o 
faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela 
pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação 
contábil.
§1º Para efeito do disposto neste artigo, o total das receitas compreende 
a receita bruta da venda de bens e serviços nas operações em conta 
própria ou alheia e todas as demais receitas auferidas pela pessoa 
jurídica.
§2º A base de cálculo da contribuição é o valor do faturamento, conforme 
definido no caput. [...]
15 É importante mencionar que a abrangência das contribuições ao PIS/PASEP e COFINS não cumulativas sobre 
forte golpe em razão de sua limitação às empresas submetidas à apuração do Imposto de Renda da Pessoa 
Jurídica (IRPJ) pelo lucro real, já que a maior parte das empresas do Brasil não utiliza esse regime de apuração, 
mas os regimes de lucro presumido ou lucro arbitrado que são mais simplificados e disseminados entre as 
empresas menores. Ver art. 10, II, da Lei nº 10.833/2003, e art. 8º, II, da Lei nº 10.637/2002.
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Já o ICMS, muito embora incida sobre o ciclo completo, abrangendo as três 
etapas supramencionadas do processo produtivo, sofre restrições quanto à prestação 
de serviços, já que onera somente as prestações de serviços de transporte interes-
tadual e intermunicipal e de comunicação. Por estas terras, os serviços são tributados 
de forma monofásica pelo Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN) e 
ainda assim somente aqueles serviços listados expressamente em lei.16 Ou seja, a 
tributação genérica sobre os serviços somente é admitidano Brasil nas contribuições 
sociais do PIS/PASEP e COFINS não cumulativos e somente para pessoas jurídicas. 
Segue a legislação do ICMS pertinente (BRASIL, 2013):
Lei Complementar nº 87/96
Art. 1º Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir o imposto sobre 
operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de 
serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, 
ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior.
Art. 2º O imposto incide sobre:
I - operações relativas à circulação de mercadorias, inclusive o fornecimento 
de alimentação e bebidas em bares, restaurantes e estabelecimentos 
similares;
II - prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal, 
por qualquer via, de pessoas, bens, mercadorias ou valores;
III - prestações onerosas de serviços de comunicação, por qualquer meio, 
inclusive a geração, a emissão, a recepção, a transmissão, a retrans-
missão, a repetição e a ampliação de comunicação de qualquer natureza;
IV - fornecimento de mercadorias com prestação de serviços não com-
preendidos na competência tributária dos Municípios;
V - fornecimento de mercadorias com prestação de serviços sujeitos ao 
imposto sobre serviços, de competência dos Municípios, quando a lei 
complementar aplicável expressamente o sujeitar à incidência do imposto 
estadual.
§1º O imposto incide também:
I - sobre a entrada de mercadoria ou bem importados do exterior, por 
pessoa física ou jurídica, ainda que não seja contribuinte habitual do im-
posto, qualquer que seja a sua finalidade; (Redação dada pela LCP 114, 
de 16.12.2002)
II - sobre o serviço prestado no exterior ou cuja prestação se tenha iniciado 
no exterior;
16 Segundo a Lei Complementar nº 116/2003: “Art. 1º O Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza, de 
competência dos Municípios e do Distrito Federal, tem como fato gerador a prestação de serviços constantes 
da lista anexa, ainda que esses não se constituam como atividade preponderante do prestador. §1º O 
imposto incide também sobre o serviço proveniente do exterior do País ou cuja prestação se tenha iniciado no 
exterior do País. §2º Ressalvadas as exceções expressas na lista anexa, os serviços nela mencionados não 
ficam sujeitos ao Imposto Sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e Prestações de Serviços 
de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação – ICMS, ainda que sua prestação envolva 
fornecimento de mercadorias [...]” (BRASIL, 2013).
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CHRISTIANO MENDES WOLNEY VALENTE
III - sobre a entrada, no território do Estado destinatário, de petróleo, 
inclu sive lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, 
e de energia elétrica, quando não destinados à comercialização ou à 
industrialização, decorrentes de operações interestaduais, cabendo o 
imposto ao Estado onde estiver localizado o adquirente.
§2º A caracterização do fato gerador independe da natureza jurídica da 
operação que o constitua. [...]
Art. 4º Contribuinte é qualquer pessoa, física ou jurídica, que realize, com 
habitualidade ou em volume que caracterize intuito comercial, operações 
de circulação de mercadoria ou prestações de serviços de transporte 
interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações 
e as prestações se iniciem no exterior.
Parágrafo único. É também contribuinte a pessoa física ou jurídica que, 
mesmo sem habitualidade ou intuito comercial: (Redação dada pela LCP 
114, de 16.12.2002)
I - importe mercadorias ou bens do exterior, qualquer que seja a sua 
finalidade; (Redação dada pela LCP 114, de 16.12.2002)
II - seja destinatária de serviço prestado no exterior ou cuja prestação se 
tenha iniciado no exterior;
III - adquira em licitação mercadorias ou bens apreendidos ou abandonados; 
(Redação dada pela LCP 114, de 16.12.2002)
IV - adquira lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos derivados de 
petróleo e energia elétrica oriundos de outro Estado, quando não desti-
nados à comercialização ou à industrialização. (Redação dada pela LCP 
nº 102, de 11.07.2000)
Em relação ao IPI, é imposto que onera a produção (fabricação), importação e 
a distribuição, não incidindo sobre a terceira etapa, na qual se dará a venda entre 
varejistas ou do varejista ao consumidor final. Segue trecho do Código Tributário 
Nacional (BRASIL, 2013):
Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966.
Art.	46.	O	imposto,	de	competência	da	União,	sobre	produtos	industria-
lizados tem como fato gerador:
I - o seu desembaraço aduaneiro, quando de procedência estrangeira;
II - a sua saída dos estabelecimentos a que se refere o parágrafo único 
do artigo 51;
III - a sua arrematação, quando apreendido ou abandonado e levado a 
leilão.
Parágrafo único. Para os efeitos deste imposto, considera-se indus tria-
lizado o produto que tenha sido submetido a qualquer operação que lhe 
modifique a natureza ou a finalidade, ou o aperfeiçoe para o consumo. 
[...]
Art. 51. Contribuinte do imposto é:
I - o importador ou quem a lei a ele equiparar;
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II - o industrial ou quem a lei a ele equiparar;
III - o comerciante de produtos sujeitos ao imposto, que os forneça aos 
contribuintes definidos no inciso anterior;
IV - o arrematante de produtos apreendidos ou abandonados, levados a 
leilão.
Parágrafo único. Para os efeitos deste imposto, considera-se contri buinte 
au tônomo qualquer estabelecimento de importador, industrial, comer-
ciante ou arrematante.
Com efeito, quando a lei se refere ao “comerciante de produtos sujeitos ao 
imposto, que os forneça aos industriais ou equiparados”, está restringindo o âmbito 
do fato gerador do imposto dele afastando a terceira etapa do ciclo econômico.
4 Ativo imobilizado
Outro ponto de relevo reside no tratamento que cada espécie tributária de IVA dá 
aos bens do ativo imobilizado (ativo fixo ou ativo permanente) utilizados na produção 
ou prestação de serviços para efeito de geração de créditos a serem abatidos do 
tributo. Aqui três classificações são possíveis: IVA tipo produto (ou IVA bruto), IVA tipo 
renda e IVA tipo consumo. Examina-se.
4.1 IVA tipo produto (bruto)
No IVA tipo produto (bruto) nega-se a possibilidade de a aquisição de bens para 
o ativo fixo gerar créditos a serem abatidos do tributo ou de sua base de cálculo. Ou 
seja, qualquer investimento no ativo permanente da empresa gera um tributo pago 
que se transforma em custo que será transferido no preço ao elo subsequente da 
cadeia econômica, havendo cumulação. 
Segundo Moreira (2012, p. 76), a denominação deriva do fato de que a base de 
incidência do tributo equivale à soma do valor de venda das mercadorias e serviços 
e das aquisições de bens de capital (especificamente o ativo fixo).17 Sendo assim, 
economicamente o tributo grava o produto bruto das vendas.
No Brasil, esse é o caso típico do IPI. Muito embora a Constituição Federal de 
1988 traga em seu art. 153, §3º, IV dispositivo que determina a redução do impacto 
do tributo “[...] sobre a aquisição de bens de capital pelo contribuinte do imposto, na 
17 Muito embora aqui se refira a bens de capital no sentido de que se trata de bens do ativo fixo, o conceito é 
bem mais abrangente, pois engloba também os bens de uso e consumo. Segundo André Estrella (2013), os 
bens do ativo fixo/permanente são aqueles de permanência duradoura e destinados a manter o funcionamento 
da atividade empresarial. Já os bens de uso e consumo são aqueles classificadosno ativo circulante da 
empresa e têm como principais características o tempo de vida útil inferior a um ano e sua destinação para a 
manutenção dos bens do ativo imobilizado.
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forma da lei” (BRASIL, 2013), a legislação ordinária em vigor ainda não foi modificada 
para admitir tal modelo de creditamento, transcreve-se (BRASIL, 2013):
Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964
Art. 25. A importância a recolher será o montante do impôsto relativo 
aos produtos saídos do estabelecimento, em cada mês, diminuído do 
montante do impôsto relativo aos produtos nêle entrados, no mesmo 
período, obedecidas as especificações e normas que o regulamento esta-
belecer. (Redação dada pelo Decreto-Lei nº 1.136, de 1970)
§1º O direito de dedução só é aplicável aos casos em que os produ-
tos entrados se destinem à comercialização, industrialização ou acon-
dicionamento e desde que os mesmos produtos ou os que resultarem 
do processo industrial sejam tributados na saída do estabelecimento. 
(Redação dada pelo Decreto-Lei nº 1.136, de 1970) [...]
Decreto nº 7.212/2010 – RIPI/2010
Art. 226. Os estabelecimentos industriais e os que lhes são equiparados 
poderão creditar-se (Lei nº 4.502, de 1964, art. 25): 
I - do imposto relativo a matéria-prima, produto intermediário e mate-
rial de embalagem, adquiridos para emprego na industrialização de pro-
dutos tributados, incluindo-se, entre as matérias-primas e os produtos 
intermediários, aqueles que, embora não se integrando ao novo produ to, 
forem consumidos no processo de industrialização, salvo se compreen-
didos entre os bens do ativo permanente; [...]
A discussão a respeito de ser o IPI um tributo que adota o IVA tipo produto foi 
levada a julgamento pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) em sede de recurso repre-
sentativo da controvérsia, gerando a seguinte ementa (BRASIL, 2013):
PROCESSO	 CIVIL.	 RECURSO	 ESPECIAL	 REPRESENTATIVO	 DE	 CONTRO-
VéR	SIA.	 ARTIGO	 543-C,	 DO	 CPC.	 TRIBUTáRIO.	 IPI.	 CREDITAMENTO.	
AQUI	SIÇãO	 DE	 BENS	 DESTINADOS	 AO	 ATIVO	 IMOBILIZADO	 E	 AO	 USO	
E	 CON	SUMO.	 IMPOSSIBILIDADE.	 RATIO	 ESSENDI	 DOS	 DECRETOS	
4.544/2002 E 2.637/98. 
1. A aquisição de bens que integram o ativo permanente da empresa ou 
de insumos que não se incorporam ao produto final ou cujo desgaste não 
ocorra de forma imediata e integral durante o processo de industrialização 
não gera direito a creditamento de IPI, consoante a ratio essendi do artigo 
164, I, do Decreto 4.544/2002 (Precedentes das Turmas de Direito 
Público: AgRg no REsp 1.082.522/SP, Rel. Ministro Humberto Martins, 
Segunda Turma, julgado em 16.12.2008, DJe 04.02.2009; AgRg no REsp 
1.063.630/RJ, Rel. Ministro Francisco Falcão, Primeira Turma, julgado 
em 16.09.2008, DJe 29.09.2008; REsp 886.249/SC, Rel. Ministro 
Luiz Fux, Primeira Turma, julgado em 18.09.2007, DJ 15.10.2007; 
REsp 608.181/SC, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, 
julgado em 06.10.2005, DJ 27.03.2006; e REsp 497.187/SC, Rel. 
Ministro Franciulli Netto, Segunda Turma, julgado em 17.06.2003, DJ 
08.09.2003).
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2. Deveras, o artigo 164, I, do Decreto 4.544/2002 (assim como o 
artigo 147, I, do revogado Decreto 2.637/98), determina que os esta-
belecimentos industriais (e os que lhes são equiparados), entre outras 
hipóteses, podem creditar-se do imposto relativo a matérias-primas, 
produtos intermediários e material de embalagem, adquiridos para 
emprego na industrialização de produtos tributados, incluindo-se “aqueles 
que, embora não se integrando ao novo produto, forem consumidos no 
processo de industrialização, salvo se compreendidos entre os bens do 
ativo permanente”.
3. In casu, consoante assente na instância ordinária, cuida-se de esta-
belecimento industrial que adquire produtos “que não são consumidos 
no processo de industrialização [...], mas que são componentes do 
maquinário (bem do ativo permanente) que sofrem o desgaste indireto no 
processo produtivo e cujo preço já integra a planilha de custos do produto 
final”, razão pela qual não há direito ao creditamento do IPI.
4. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 
543-C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008 (REsp 1075508/SC, Rel. 
Min. Luiz Fux, Primeira Seção, julgado em 23.09.2009, DJe 13.10.2009).
Desse modo, o tratamento dado pelo IPI ao ativo imobilizado para efeito de 
creditamento é o mais restritivo possível.
4.2 IVA tipo renda
Já no IVA do tipo renda, “ao contrário do primeiro, é permitida a dedução do 
imposto incidente sobre os bens instrumentais (necessários e imprescindíveis a pro-
dução do bem objeto da operação seguinte)” (SEHN, 2011, p. 265). O nome advém 
do fato de o creditamento permitido ser fracionado em parcelas fixas ou na me di da 
da depreciação do bem integrante do ativo fixo. Isto é, os créditos surgem à me-
di da que os bens são utilizados no processo produtivo gerando rendimentos para o 
contri buinte. No Brasil, esse é o tipo aplicado ao ICMS, consoante a legislação em 
vigor (BRASIL, 2013):
Lei Complementar nº 87/96
Art. 20. Para a compensação a que se refere o artigo anterior, é assegurado 
ao sujeito passivo o direito de creditar-se do imposto anteriormente 
cobrado em operações de que tenha resultado a entrada de mercadoria, 
real ou simbólica, no estabelecimento, inclusive a destinada ao seu uso 
ou consumo ou ao ativo permanente, ou o recebimento de serviços de 
transporte interestadual e intermunicipal ou de comunicação. [...]
§5º Para efeito do disposto no caput deste artigo, relativamente aos 
créditos decorrentes de entrada de mercadorias no estabelecimento 
destinadas ao ativo permanente, deverá ser observado: (Redação dada 
pela LCP nº 102, de 11.07.2000)
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I - a apropriação será feita à razão de um quarenta e oito avos por mês, 
devendo a primeira fração ser apropriada no mês em que ocorrer a entrada 
no estabelecimento; (Inciso Incluído pela LCP nº 102, de 11.07.2000)
II - em cada período de apuração do imposto, não será admitido o 
creditamento de que trata o inciso I, em relação à proporção das operações 
de saídas ou prestações isentas ou não tributadas sobre o total das 
operações de saídas ou prestações efetuadas no mesmo período; (Inciso 
Incluído pela LCP nº 102, de 11.07.2000)
III - para aplicação do disposto nos incisos I e II deste parágrafo, o montante 
do crédito a ser apropriado será obtido multiplicando-se o valor total do 
respectivo crédito pelo fator igual a 1/48 (um quarenta e oito avos) da 
relação entre o valor das operações de saídas e prestações tributadas e 
o total das operações de saídas e prestações do período, equiparando-se 
às tributadas, para fins deste inciso, as saídas e prestações com destino 
ao exterior ou as saídas de papel destinado à impressão de livros, jornais 
e periódicos; (Redação dada pela Lei Complementar nº 120, de 2005)
IV - o quociente de um quarenta e oito avos será proporcionalmente 
aumentado ou diminuído, pro rata die, caso o período de apuração 
seja superior ou inferior a um mês; (Inciso Incluído pela LCP nº 102, de 
11.07.2000)
V - na hipótese de alienação dos bens do ativo permanente, antes de 
decorrido o prazo de quatro anos contado da data de sua aquisição, não 
será admitido, a partir da data da alienação, o creditamento de que trata 
este parágrafo em relaçãoà fração que corresponderia ao restante do 
quadriênio; (Inciso Incluído pela LCP nº 102, de 11.07.2000)
VI - serão objeto de outro lançamento, além do lançamento em conjunto 
com os demais créditos, para efeito da compensação prevista neste 
artigo e no art. 19, em livro próprio ou de outra forma que a legislação 
determinar, para aplicação do disposto nos incisos I a V deste parágrafo; 
e (Inciso Incluído pela LCP nº 102, de 11.07.2000)
VII - ao final do quadragésimo oitavo mês contado da data da entrada 
do bem no estabelecimento, o saldo remanescente do crédito será 
cancelado. (Inciso Incluído pela LCP nº 102, de 11.07.2000)
O IVA tipo renda, embora seja um avanço em relação ao IVA tipo produto, ainda 
não assegura plenamente a neutralidade fiscal já que as parcelas ainda não dedu-
tíveis do valor de aquisição do bem para o ativo fixo viram custo que integra o preço 
do	produto	final.	Uma	neutralidade	maior	somente	é	obtida	com	a	adoção	do	IVA	tipo	
consumo.
4.3 IVA tipo consumo
No IVA do tipo consumo, a exemplo do IVA tipo renda, é permitida a dedução do 
imposto incidente sobre os bens instrumentais, compreendidos estes como os neces-
sários e imprescindíveis a produção do bem objeto da operação seguinte. A diferença 
entre um e outro está no momento em que a legislação permite a apropriação dos 
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créditos. O IVA europeu, praticado em Portugal, é do tipo consumo, pois permite como 
regra geral a dedução imediata da despesa com o tributo incorrida na aquisição do 
bem destinado ao ativo imobilizado.
A este respeito, comentando o Código do IVA de Portugal, Filipe Duarte Neves 
(NEVES, 2012, p. 348) asseverou, ipsis litteris: 
Da mecânica de funcionamento do IVA resulta um “crédito” de imposto 
mediante o qual o sujeito passivo tem um direito imediato à dedução do 
IVA suportado. Não se pressupõe a necessidade de efectivação da venda 
do bem e da prestação de serviços para que o direito à dedução possa 
ser exercido (direito imediato à dedução do IVA). Desta forma, não se 
pode compreender o exercício deste direito de dedução como a dedução 
do imposto suportado nas compras ao imposto liquidado nas vendas, 
na medida em que não existe, neste sentido, uma relação directa entre 
vendas e compras para o exercício do referido direito, sendo certo que 
o IVA apenas será dedutível desde que pago na aquisição de bens e 
serviços que se destinem a uma actividade tributável. O sujeito passivo 
tem, então, um direito imediato de dedução do imposto suportado pelo 
simples facto de estar em condições de exercer uma actividade que 
confere o direito à dedução, em observância do princípio geral da boa-fé 
e da necessidade de ter uma estrutura que faça pressupor que está em 
condições para exercer a actividade económica a que se propõe. [...]
De acordo com a regra geral da dedutibilidade do IVA, definida no artigo 
19º, os sujeitos passivos podem deduzir ao imposto incidente sobre as 
operações tributáveis que efectuarem o imposto que lhes foi facturado na 
aquisição de bens e serviços utilizados na sua actividade.
De acordo com a letra desta disposição legal, o IVA é dedutível desde que 
(i) seja devido ou pago e (iii) respeite à aquisição de bens e serviços a 
outros sujeitos passivos.
Decerto, não há no Código do IVA de Portugal dispositivo específico a permitir 
o creditamento imediato pela aquisição de bens ao ativo imobilizado, isso porque se 
compreende esse creditamento dentro de sua regra geral de dedutibilidade: sendo 
pago o tributo na aquisição e empregado o bem na atividade produtiva da empresa 
submetida também ao tributo, há direito ao creditamento. A regra geral do direito à 
dedução está no art. 19, a saber (NEVES, 2012, p. 347):
Decreto-Lei nº 102, de 20 de junho de 2008
ARTIGO 19º
Direito à dedução
1 - Para apuramento do imposto devido, os sujeitos passivos deduzem, 
nos termos dos artigos seguintes, ao imposto incidente sobre as 
operações tributáveis que efectuaram: 
a) O imposto devido ou pago pela aquisição de bens e serviços a outros 
sujeitos passivos; 
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b) O imposto devido pela importação de bens; 
c) O imposto pago pelas aquisições de bens ou serviços abrangidas pelas 
alíneas e), h), i), j) e l) do nº 1 do artigo 2º; (Decreto-Lei nº 186/2009, de 
12 de Agosto); 
d) O imposto pago como destinatário de operações tributáveis efectuadas 
por sujeitos passivos estabelecidos no estrangeiro, quando estes não 
tenham no território nacional um representante legalmente acreditado e 
não tenham facturado o imposto; 
e) O imposto pago pelo sujeito passivo à saída dos bens de um regime de 
entreposto não aduaneiro, de acordo com o nº 6 do artigo 15º.
2 - Só confere direito a dedução o imposto mencionado nos seguintes 
documentos, em nome e na posse do sujeito passivo: 
a) Em facturas e documentos equivalentes passados em forma legal; 
b) No recibo de pagamento de IVA que faz parte das declarações de im-
portação, bem como em documentos emitidos por via electrónica pela 
Direcção-Geral das Alfândegas e dos Impostos Especiais sobre o Con-
sumo, nos quais conste o número e data do movimento de caixa. 
3 - Não pode deduzir-se imposto que resulte de operação simulada ou 
em que seja simulado o preço constante da factura ou documento equi-
valente. 
4 - Não pode igualmente deduzir-se o imposto que resulte de operações 
em que o transmitente dos bens ou prestador dos serviços não entregar 
nos cofres do Estado o imposto liquidado, quando o sujeito passivo 
tenha ou devesse ter conhecimento de que o transmitente dos bens ou 
prestador de serviços não dispõe de adequada estrutura empresarial 
susceptível de exercer a actividade declarada. 
5 - No caso de facturas ou documentos equivalentes emitidos pelos pró-
prios adquirentes dos bens ou serviços, o exercício do direito à dedu-
ção fica condicionado à verificação das condições previstas no nº 11 do 
ar ti go 36º.
6 - Para efeitos do exercício do direito à dedução, consideram-se passados 
em forma legal as facturas ou documentos equivalentes que contenham 
os elementos previstos no artigo 36º.
7- Não pode deduzir-se o imposto relativo a bens imóveis afectos à 
empresa, na parte em que esses bens sejam destinados a uso próprio do 
titular da empresa, do seu pessoal, ou, em geral, a fins alheios à mesma. 
(Decreto-Lei nº 134/2010, de 27.12)
Também são do tipo consumo as contribuições sociais do PIS/PASEP e COFINS 
não cumulativos brasileiras, no que se aproximam mais do IVA europeu que o ICMS e 
o IPI. No caso das ditas contribuições, foi a Lei nº 12.546/2011 que, a partir de julho 
de 2012, estabeleceu que o prazo de apuração do crédito pelo custo de aquisição 
de bens para o ativo imobilizado passou a ser imediato, passando tais contribuições 
do IVA tipo renda para o IVA tipo consumo. Isso significa que, atualmente, quando o 
contribuinte adquire uma máquina para o ativo fixo automaticamente se credita pelo 
seu custo de aquisição. Transcreve-se a lei aplicável (BRASIL, 2013):
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Lei nº 11.774, de 17 de setembro de 2008
Art. 1º As pessoas jurídicas, nas hipóteses de aquisição no mercado 
interno ou de importação de máquinas e equipamentos destinados à 
produção de bens e prestação de serviços, poderãooptar pelo desconto 
dos créditos da Contribuição para o Programa de Integração Social/
Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PIS/Pasep) 
e da Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins) de 
que tratam o inciso III do §1º do art. 3º da Lei nº 10.637, de 30 de 
dezembro de 2002, o inciso III do §1º do art. 3º da Lei nº 10.833, de 29 
de dezembro de 2003, e o §4º do art. 15 da Lei nº 10.865, de 30 de abril 
de 2004, da seguinte forma: (Redação dada pela Lei nº 12.546, de 2011)
I - no prazo de 11 (onze) meses, no caso de aquisições ocorridas em 
agosto de 2011; (Incluído pela Lei nº 12.546, de 2011)
II - no prazo de 10 (dez) meses, no caso de aquisições ocorridas em 
setembro de 2011; (Incluído pela Lei nº 12.546, de 2011)
III - no prazo de 9 (nove) meses, no caso de aquisições ocorridas em 
outubro de 2011; (Incluído pela Lei nº 12.546, de 2011)
IV - no prazo de 8 (oito) meses, no caso de aquisições ocorridas em 
novembro de 2011; (Incluído pela Lei nº 12.546, de 2011)
V - no prazo de 7 (sete) meses, no caso de aquisições ocorridas em 
dezembro de 2011; (Incluído pela Lei nº 12.546, de 2011)
VI - no prazo de 6 (seis) meses, no caso de aquisições ocorridas em 
janeiro de 2012; (Incluído pela Lei nº 12.546, de 2011)
VII - no prazo de 5 (cinco) meses, no caso de aquisições ocorridas em 
fevereiro de 2012; (Incluído pela Lei nº 12.546, de 2011)
VIII - no prazo de 4 (quatro) meses, no caso de aquisições ocorridas em 
março de 2012; (Incluído pela Lei nº 12.546, de 2011)
IX - no prazo de 3 (três) meses, no caso de aquisições ocorridas em abril 
de 2012; (Incluído pela Lei nº 12.546, de 2011)
X - no prazo de 2 (dois) meses, no caso de aquisições ocorridas em maio 
de 2012; (Incluído pela Lei nº 12.546, de 2011)
XI - no prazo de 1 (um) mês, no caso de aquisições ocorridas em junho de 
2012; e (Incluído pela Lei nº 12.546, de 2011)
XII - imediatamente, no caso de aquisições ocorridas a partir de julho de 
2012. (Incluído pela Lei nº 12.546, de 2011)
§1º Os créditos de que trata este artigo serão determinados: (Incluído 
pela Lei nº 12.546, de 2011)
I - mediante a aplicação dos percentuais previstos no caput do art. 2º da 
Lei no 10.637, de 2002, e no caput do art. 2º da Lei no 10.833, de 2003, 
sobre o valor correspondente ao custo de aquisição do bem, no caso de 
aquisição no mercado interno; ou (Incluído pela Lei nº 12.546, de 2011)
II - na forma prevista no §3º do art. 15 da Lei no 10.865, de 2004, no 
caso de importação. (Incluído pela Lei nº 12.546, de 2011)
§2º O disposto neste artigo aplica-se aos bens novos adquiridos ou 
recebidos a partir de 3 de agosto de 2011. (Incluído pela Lei nº 12.546, 
de 2011)
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§3º O regime de desconto de créditos no prazo de 12 (doze) meses 
continua aplicável aos bens novos adquiridos ou recebidos a partir do 
mês de maio de 2008 e anteriormente a 3 de agosto de 2011. (Incluído 
pela Lei nº 12.546, de 2011)
De ver que ainda permanece uma regra de transição no §2º do art. 1º da Lei 
nº 11.774/2008, pois, se os bens forem adquiridos ou recebidos antes de 3 de agosto 
de 2011, submetem-se ao regime anterior que previa o creditamento fracionado, 
submetendo-se ao IVA tipo renda.
A adoção entre nós do IVA tipo consumo é louvável, já que se trata do tipo 
de creditamento que comprovadamente melhor assegura a neutralidade fiscal, pois 
impede que o valor do tributo que incidiu na aquisição do bem seja transmutado em 
custo do produtor e, consequentemente, transferido no preço do produto final. Além 
disso, equipara a situação das empresas que se valem intensivamente dos bens de 
capital àquelas que deles fazem pouco uso.
5 Insumos
O conceito econômico de insumo se contrapõe ao de consumo. Insumos são 
bens e serviços que de alguma forma são inseridos (insumidos) pelo empresário no 
seu processo produtivo, na atividade da empresa. Bens e serviços de consumo são 
aqueles outros que o empresário adquire como destinatário final e que estão fora dessa 
atividade empresarial.18 Nesse sentido, não seriam insumos a aquisição de uma obra 
de arte pela empresa, as despesas pessoais dos executivos com restaurantes ou a 
pintura das salas dos seus administradores. Em um sentido econômico lato, insumos 
são todos e quaisquer bens e serviços adquiridos pela empresa (inputs) já que em 
algum momento se incorporam economicamente ao produto ou serviço fornecido ao 
mercado de consumo (outputs), pois seu custo será repassado na cadeia.19
Nesse contexto, seriam insumos: a matéria-prima, as peças, os componentes 
que fisicamente se incorporam ao bem fabricado, as máquinas produtoras, as insta la-
ções, veículos, mobiliários, sistemas de computador, refeições e uniformes dos traba-
lhadores, os salários e todos os demais custos da empresa, pois tudo se incorpora 
ao preço final do produto.
Neste trabalho, por razões didáticas, a conceituação de insumos também está 
em oposição à de ativo fixo/permanente. Isso porque consideramos aqui insumos 
18 Definição diversa é adotada por André Mendes Moreira (2012, p. 78), para quem insumos se contrapõem 
aos bens adquiridos para revenda. Nessa toada, insumos seriam os bens adquiridos pelos produtores ou 
prestadores de serviços que se consumiriam na atividade da empresa.
19 Segundo Geraldo de Camargo Vidigal (1991), são insumos todos os bens e serviços que o empresário emprega 
em sua empresa porque são incorporados, material ou economicamente, ao produto ou serviço fornecido por 
ele ao mercado de consumo.
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somente aqueles bens de capital de pouca durabilidade (tempo de vida útil inferior 
a um ano), isto é, os bens de uso e consumo classificados no ativo circulante da 
empresa. Assim o fazemos para não misturar o tratamento dado ao ativo imobilizado 
com o tratamento dado aos bens de uso e consumo para efeito de creditamento 
(crédito financeiro e crédito físico), já que tratamento dado ao ativo imobilizado já 
foi alvo do item “4” deste estudo. Sem embargo, observamos que não são poucos 
os autores que misturam essas classificações.20 Sendo assim, da lista mencionada 
devem ser excluídas, em princípio, as máquinas produtoras e as instalações da 
empresa.
Outrossim, por se tratar de um conceito puramente econômico pode e deve 
sofrer restrições quando jurisdicizado, mormente quando se trata de fornecer créditos 
a serem abatidos dentro do sistema da não cumulatividade dos Impostos sobre o 
Valor Adicionado. Os diferentes limites dados pelos ordenamentos jurídicos ao con-
ceito econômico levaram às definições de crédito físico e crédito financeiro que serão 
examinadas a seguir.
5.1 Sistema de crédito financeiro
No sistema de crédito financeiro, “[...] todo e qualquer bem adquirido pela 
empresa que tenha sido tributado pelo imposto enseja o crédito correspondente. 
Não importa qual seja a sua utilização” (MACHADO, 2004, p. 318). Isto é, o crédito 
está vinculado apenas ao encargo financeiro decorrente do imposto, pela aquisição 
de bens ou serviços, sendo desimportante a finalidade para a qual tenha havido a 
aquisição, desde que afeta à atividade empresarial tributada pelo IVA, não sendo 
necessário que façam diretamente parte do processo produtivo ou comercialização.
Trata-se	do	sistema	adotado	pela	União	Europeia,	nos	termos	da	Primeira	Dire-
tiva IVA, de 11 de abril de 1967, que regula o Imposto sobre o Valor Adicionado (IVA). 
No Código do IVA de Portugal odispositivo correspondente está na regra geral do 
direito à dedução no art. 19, in verbis:
Decreto-Lei nº 102, de 20 de junho de 2008
ARTIGO 19º
Direito à dedução
1 - Para apuramento do imposto devido, os sujeitos passivos deduzem, 
nos termos dos artigos seguintes, ao imposto incidente sobre as opera-
ções tributáveis que efectuaram: 
a) O imposto devido ou pago pela aquisição de bens e serviços a outros 
sujeitos passivos; [...] 
20 Advogando um conceito de crédito financeiro que engloba a dedução dos investimentos em ativo imobilizado, 
insumos e bens de uso e consumo estão André Mendes Moreira (2012, p. 79), Mizabel Abreu Machado Derzi 
(BALEEIRO, 2001, p. 421) e Hugo de Brito Machado (1999, p. 133). 
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Mais	claro	está	no	art.	1º,	2,	da	Diretiva	nº	112/2006/CE	do	Conselho	da	União	
Europeia, de 28 de novembro de 2006, relativa ao sistema comum do imposto sobre 
o valor acrescentado, ao se referir ao “custo dos diversos elementos constitutivos do 
preço”, in litteris (UNIãO	EUROPEIA,	2013):
OBJECTO	E	ÂMBITO	DE	APLICAÇãO
Artigo 1º.
1. A presente directiva estabelece o sistema comum do imposto sobre o 
valor acrescentado (IVA).
2. O princípio do sistema comum do IVA consiste em aplicar aos bens e 
serviços um imposto geral sobre o consumo exactamente proporcional 
ao preço dos bens e serviços, seja qual for o número de operações 
ocorridas no processo de produção e de distribuição anterior ao estádio 
de tributação.
Em cada operação, o IVA, calculado sobre o preço do bem ou serviço à 
taxa aplicável ao referido bem ou serviço, é exigível, com prévia dedução 
do montante do imposto que tenha incidido directamente sobre o custo 
dos diversos elementos constitutivos do preço.
O sistema comum do IVA é aplicável até ao estádio do comércio a retalho, 
inclusive. [...]
TíTULO	X
DEDUÇÕES
Capítulo 1
Origem e âmbito do direito à dedução
Artigo 167.
O direito à dedução surge no momento em que o imposto dedutível se 
torna exigível.
Artigo 168.
Quando os bens e os serviços sejam utilizados para os fins das suas 
operações tributadas, o sujeito passivo tem direito, no Estado-Membro 
em que efectua essas operações, a deduzir do montante do imposto de 
que é devedor os montantes seguintes:
a) O IVA devido ou pago nesse Estado-Membro em relação aos bens que 
lhe tenham sido ou venham a ser entregues e em relação aos serviços 
que lhe tenham sido ou venham a ser prestados por outro sujeito passivo;
b) O IVA devido em relação a operações assimiladas a entregas de bens 
e a prestações de serviços, em conformidade com a alínea a) do artigo 
18º e o artigo 27º;
c) O IVA devido em relação às aquisições intracomunitárias de bens, em 
conformidade como artigo 2º, nº 1, alínea b), subalínea i);
d) O IVA devido em relação a operações assimiladas a aquisições 
intracomunitárias, em conformidade com os artigos 21º e 22º;
e) O IVA devido ou pago em relação a bens importados para esse Estado–
Membro.
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A	NãO	CUMULATIVIDADE	NO	IVA	EUROPEU	E	NOS	TRIBUTOS	BRASILEIROS	NãO	CUMULATIVOS
Desse modo, toda a aquisição de bens e serviços tributada gera direito ao 
abatimento — exceto se os bens adquiridos forem alheios à atividade empresarial. 
Nas letras de André Mendes Moreira (2012, p. 80), no IVA europeu adota-se:
O princípio da dedução global, de acordo com o (sic) direito ao crédito 
aproveita todas as atividades tributáveis, já que o imposto não é calculado 
produto-a-produto, mas sim com base no cômputo de todas as entradas 
e saídas do estabelecimento do contribuinte; 
Na mesma linha também leciona Filipe Duarte Neves (2012, p. 351) que aos:
Sujeitos passivos enquadrados no regime normal de IVA que apenas 
pratiquem actividades sujeitas e não isentas de IVA: é permitida a dedução 
total do imposto suportado, desde que sejam cumpridas as condições 
formais e temporais do exercício do direito à dedução. A prática exclusiva 
de operações que beneficiem de uma isenção incompleta de IVA impede 
o direito à dedução do IVA.
Desse modo, para o IVA praticado em Portugal desimporta se a mercadoria, 
produto, bem ou serviço se agregou fisicamente ao produto final ou nele se desgastou, 
o que interessa é que seja proveniente de uma atividade tributada e seja empregado 
em outra atividade também tributada pelo IVA.
5.2 Sistema de crédito físico
Em oposição à amplitude do sistema de crédito financeiro, surge o sistema de 
crédito físico. Segundo esse sistema, somente o insumo que participa do processo 
de fabricação, na condição de ser consumido em contato com o produto final ou nele 
integrado, como elemento indispensável à sua composição, gera direito ao crédito. 
Isto é, “só enseja crédito do imposto a entrada de bens destinados a integrar fisica-
mente o produto industrializado” (MACHADO, 2004, p. 318).
Tal sistema se aplica no Brasil, em diversos graus, ao IPI, ao ICMS e às contri-
buições sociais ao PIS/PASEP e COFINS não cumulativas. No IPI vem definido no já 
transcrito art. 25 da Lei nº 4.502/64, ao mencionar que os produtos entrados (in-
sumos) devem ser aqueles comercializados, industrializados ou acondicionados pela 
empresa, transcreve-se novamente (BRASIL, 2013):
Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964
Art. 25 [...]
§1º O direito de dedução só é aplicável aos casos em que os pro dutos 
entrados se destinem à comercialização, industrialização ou acon di cio na-
mento e desde que os mesmos produtos ou os que resultarem do pro-
cesso industrial sejam tributados na saída do estabelecimento. (Redação 
dada pelo Decreto-Lei nº 1.136, de 1970) [...]
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R. Fórum de Dir. Tributário – RFDT | Belo Horizonte, ano 13, n. 73, p. 47-82, jan./fev. 201572
CHRISTIANO MENDES WOLNEY VALENTE
Mais clara foi a definição dada pelo Decreto nº 7.212, de 15 de junho de 2010, 
Regulamento do IPI (RIPI), quando expressamente limitou o direito ao creditamento às 
matérias-primas, produtos intermediários e materiais de embalagem que se integram 
ao produto ou “são consumidos no processo de industrialização” (BRASIL, 2013):
Decreto nº 7.212/2010 - RIPI/2010
Art. 226. Os estabelecimentos industriais e os que lhes são equiparados 
poderão creditar-se (Lei nº 4.502, de 1964, art. 25): 
I - do imposto relativo a matéria-prima, produto intermediário e material 
de embalagem, adquiridos para emprego na industrialização de pro dutos 
tributados, incluindo-se, entre as matérias-primas e os produtos inter-
mediários, aqueles que, embora não se integrando ao novo produto, forem 
consumidos no processo de industrialização, salvo se compreendidos 
entre os bens do ativo permanente; [...]
A expressão “consumir-se no processo de industrialização” significa consumo, 
desgaste ou alteração de suas propriedades físicas ou químicas durante o processo 
de industrialização mediante ação direta (contato físico) do insumo sobre o produto 
em fabricação, ou deste sobre aquele.
Sendo assim, a legislação do IPI considera como insumo aquilo que se integra 
de forma física ou química ao novo produto ou aquilo que sofre consumo, desgaste 
ou alteração de suas propriedades físicas ou químicas durante o processo de indus-
trialização mediante contato físico com o produto. Tal é o sistema do crédito físico.
Em relação ao ICMS, sem olvidar de que se trata de um IVA do tipo renda,21 o 
sistema em vigor, regra geral, é o do crédito físico,22 tendo em vista que o direito do 
sujeito passivo de creditar-se do imposto anteriormente cobrado em operações

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