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CAPÍTULO 4: RETAS PARALELAS Definição 4.1: Duas retas são ditas paralelas, se i) estão em um mesmo plano; ii) não se interceptam. Duas retas que não estão num mesmo plano chamam-se retas reversas. A figura abaixo é um prisma reto. As retas que contêm as arestas AB e DH são reversas. Indique, nesta figura, outras retas reversas. H G E F D C A B Teorema 4.1: Num mesmo plano, duas retas perpendiculares a uma terceira, são paralelas entre si. r s P t Prova: Suponhamos que as retas s e t sejam perpendiculares a reta r. Se essas retas se interceptassem num ponto, teríamos traçado a partir desse ponto duas perpendiculares a reta r, que é uma contradição. (Corolário 2 do Teo. 3.7). Cap. 4: Retas paralelas Prof: Sinvaldo Gama 67 Postulado 12: (Postulado das paralelas) Por um ponto não pertencente a uma reta, passa uma única reta paralela à reta dada. P s t Teorema 4.2: Duas retas paralelas a uma terceira, são paralelas entre si. r P r' r'' Prova: De fato, suponhamos que r // r" e r' // r". Se r e r' fossem concorrentes, teríamos traçadas pelo ponto de concorrência das mesmas duas retas paralelas a reta r'', contrariando o Postulado das paralelas acima. Teorema 4.3: Se duas retas paralelas são cortadas por uma secante, então os quatro ângulos agudos formados são congruentes bem como os quatro ângulos obtusos. s 2 C A 1 r 3 4 M 6 5 t 7 B D 8 Cap. 4: Retas paralelas Prof: Sinvaldo Gama 68 Prova: Sejam A e B os pontos de interseções da secante s com as retas paralelas r e t respectivamente. Seja M o ponto médio do segmento AB . Pelo ponto M tracemos o segmento CD perpendicular às retas r e t com C r e D t. Os triângulos retângulos CMA e DMB são congruentes, já que MA = MB e BMDAMC ˆˆ . Assim, 5ˆ3ˆ e, portanto 7ˆ5ˆ3ˆ1ˆ . Por outro lado, 8ˆ2ˆ6ˆ4ˆ por serem suplementos de ângulos congruentes. I. Os ângulos: (3 e 5) e (4 e 6) são denominados alternos internos. II. Os ângulos: (1 e 7) e (2 e 8) são denominados alternos externos. III. Os ângulos: (1 e 5), (4 e 8), (2 e 6) e (3 e 7) são denominados correspondentes. IV. Os ângulos: (4 e 5) e (3 e 6) são denominados colaterais internos. V. Os ângulos: (1 e 8) e (2 e 7) são denominados colaterais externos. Do exposto, concluímos que quando duas retas paralelas são cortadas por uma secante: 1o) dois ângulos alternos internos são congruentes; 2o) dois ângulos alternos externos são congruentes; 3o) dois ângulos correspondentes são congruentes; 4o) dois ângulos colaterais internos são suplementares; 5o) dois ângulos colaterais externos são suplementares. Teorema 4.4: (Teorema recíproco) Sejam r e t duas retas cortadas por uma secante s. Se dois ângulos alternos internos são congruentes, então as retas r e t são paralelas. s r A P B t Cap. 4: Retas paralelas Prof: Sinvaldo Gama 69 Prova: Suponhamos que as retas r e t se interceptam no ponto P. Então, no triângulo formado pelas três retas, o ângulo externo ˆ teria medida igual ao ângulo interno ˆ , o que contradiz o teorema do ângulo externo. O teorema acima continua válido se substituirmos no mesmo, a expressão “ângulos alternos internos” por “ângulos alternos externos” ou por “ângulos correspondentes”. O mesmo também se verifica se substituirmos a expressão “ângulos alternos internos” por “ângulos colaterais internos são suplementares” ou “ângulos colaterais externos são suplementares” (Prove isto). 4.1. SECANTES A VÁRIAS PARALELAS Teorema 4.5: Dois segmentos paralelos, compreendidos entre retas paralelas, são congruentes. B C r s A D Prova: Una os pontos B e D da figura acima, e prove que os triângulos ABD e BCD são congruentes. Cap. 4: Retas paralelas Prof: Sinvaldo Gama 70 Teorema 4.6: Se três retas paralelas determinam segmentos congruentes em uma secante (às mesmas), então essas paralelas determinarão segmentos congruentes em qualquer outra secante. u v A M r B D N s C E F P t Prova: Sejam r, s, t retas paralelas e u e v retas secantes. Pelos pontos A e B da figura, tracemos os segmentos AF e BE paralelos a secante v. Suponhamos que AB = BC. Devemos provar que MN = NP. Pelo teorema 4.8, AD = MN, BE = DF= NP. Como EBCDAB ˆˆ e ECBDBA ˆˆ por serem correspondentes, então BAD = CBE (LAL) Por conseguinte, AD = BE e assim MN = NP. Corolário: Se três ou mais retas paralelas determinam segmentos congruentes em uma secante, então elas determinam segmentos congruentes em qualquer outra secante. Cap. 4: Retas paralelas Prof: Sinvaldo Gama 71 4.2. ÂNGULOS DE LADOS PARALELOS: Teorema 4.7: Dois ângulos de lados respectivamente paralelos são congruentes ou suplementares; são congruentes se ambos são agudos ou obtusos e são suplementares, se um é agudo e o outro obtuso. A O B M C D E A X O MB C D E F Prova: Nas figuras acima, OA // DC e OB // DE . OB e DC interceptam-se em M. Assim DMOBOA ˆˆ por serem alternos internos. Por igual motivo, EDCDMO ˆˆ . Portanto, EDCBOA ˆˆ e assim FDCXOA ˆˆ por serem suplementos de ângulos congruentes. Por outro lado, como OXOABOA 180ˆˆ , segue-se que OFDCBOA 180ˆˆ . Cap. 4: Retas paralelas Prof: Sinvaldo Gama 72 4.3. ÂNGULOS DE LADOS PERPENDICULARES: Teorema 4.8. Dois ângulos de lados respectivamente perpendiculares são congruentes ou suplementares; são congruentes se ambos são agudos ou ambos obtusos e são suplementares, se um é agudo e o outro obtuso. A' B' A O B D C E Prova: Sejam BOA ˆ e EDC ˆ dois ângulos tais que OA DE e OB CD . Pelo ponto O, tracemos 'OB OB e 'OA OA . Desta forma, 'OA // DE (Teo. 4.2) e 'OB // CD (Teo. 4.2) e assim EDCBOA ˆ'ˆ' (Teo. 4.7) Por outro lado, 'ˆ'ˆ BOABOA por serem complementos do 'ˆBOA . Portanto, EDCBOA ˆˆ . Finalmente, como ˆ EDC ˆ = 180º então ˆ + BOA ˆ = 180o, o que prova o que queríamos. Cap. 4: Retas paralelas Prof: Sinvaldo Gama 73 Teorema 4.9. Se do ponto médio do lado de um triângulo, traçarmos uma paralela a um dos lados, esta passará pelo ponto médio do terceiro lado. A M N B D C Prova: Seja M o ponto médio do lado AB , isto é, AM = MB. Tracemos MN // BC e pelo ponto N AC , tracemos ABND // com D BC . Temos então ND = MB (Teo. 4.5). Como CNDA ˆˆ (Por quê?) e CDNNMA ˆˆ (Por quê?) então o AMN = NDC (ALA). Daí, NA = NC e N é, portanto o ponto médio de AC . Corolário: MN = 2 BC . Prova: Exercício. Teorema 4.10: (Teorema recíproco) O segmento que une os pontos médios de dois lados de um triângulo é paralelo ao terceiro lado. A M N B C Cap. 4: Retas paralelas Prof: Sinvaldo Gama 74 Prova: Seja M o ponto médio de AB e N o ponto médio de AC . Se MN não fosse paralelo a BC , poderíamos traçar pelo ponto M uma reta paralela ao lado BC . Pelo teorema anterior, esta paralela passará pelo ponto médio de AC , isto é, pelo ponto N, portanto. Assim, teríamos traçado pelos pontos M e N duas retas (uma paralela a BC e outra não paralela a BC ), que é um absurdo. Como conseqüência dos teoremas acima, apresentaremos a seguir a Lei angular de Tales. Teorema 4.11: Em todo triângulo, a soma dos seus ângulos internos é igual a 180o. A r B C Prova: Pelo vértice A do triângulo ABC, tracemos uma reta r paralela ao lado BC . Na figura formada temos: ˆ = Bˆ (alternos internos) ˆ = Cˆ (alternos internos) Como ˆ + Aˆ + ˆ = 180o, segue-se que Aˆ + Bˆ + Cˆ = 180o. Cap. 4: Retas paralelas Prof: Sinvaldo Gama 75 Corolário: Em todo triângulo, a medida de qualquer ângulo externo é igual à soma das medidas dos ângulos internos não adjacentes. A m B C Prova: Exercício. CONSTRUÇÕES GEOMÉTRICAS: Construção 1. Por um ponto A não pertencente a uma reta r, traçar uma reta paralela a mesma. 1o) Seja B um ponto de r. Com centro do compasso em A e raio AB traçamos um arco. 2o) Com centro em B e o mesmo raio anterior, traçamos o arco AC. 3o) Tomemos agora o segmento BD congruente ao segmento AC com D sobre o arco traçado no item 1o. A reta AD é a reta pedida. Por quê? A D r C B Cap. 4: Retas paralelas Prof: Sinvaldo Gama 76 Construção 2. Dividir um segmento AB em n partes congruentes. Como exemplo do processo, tomemos n = 3. 1o) Tracemos uma semi-reta qualquer AC não oposta a AB . 2o) Sobre AC marcamos os pontos C1, C2, e C3 tais que AC1 = C1C2 = C2C3. 3o) Unimos o ponto C3 ao ponto B e tracemos por C2 e C1 paralelas ao segmento BC3 que intersectam AB nos pontos D1, e D2. Desta forma AD1 = D1D2 = D2B. Por quê? C C3 C2 C1 A D1 D2 B Cap. 4: Retas paralelas Prof: Sinvaldo Gama 77 Construção 3. Por um ponto A traçar uma reta tal que a parte compreendida entre duas retas paralelas r e s, dadas, seja congruente a um segmento dado BC . 1o caso: O ponto A está compreendido entre as retas r e s. M N r A B s 2o caso: O ponto A não está compreendido entre as retas r e s. A r B s Seja B um ponto qualquer da reta s. Com centro do compasso em B e abertura igual a MN trace um arco BD com D r. Pelo ponto A trace uma reta t paralela ao segmento BD . O segmento que une os pontos de interseções de t comr e s tem comprimento igual a BC (Por quê?) Construção 4: Dividir um ângulo reto em três ângulos congruentes. 1o) Com centro no vértice do ângulo reto e qualquer abertura, trace um arco que interceptará os lados do ângulo dado nos pontos B e C. 2o) Com cento em B e abertura igual a anterior, trace um arco que interceptará o 1o no ponto D. O ângulo CÂD mede 30o. (Por quê?). (A é o vértice do ângulo reto). 3o) Com centro em B e abertura igual às anteriores trace um arco que interceptará o 1o no ponto E. O ângulo EÂB mede 30o. (Por quê?) C D E A B
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