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aula 10 das Obrigações Divisíveis e indivisíveis

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Direito Civil III – Obrigações 
 Prof. Ana Paula Mansano Baptista
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Obrigações Divisíveis e Indivisíveis
Quando na obrigação concorrem um só credor e um só devedor, ela é única ou simples.
As obrigações divisíveis e indivisíveis: são composta pela multiplicidade de sujeitos.
Nesses casos, cada credor só pode exigir a sua QUOTA e cada devedor só responde pela parte respectiva (art. 257).
Art. 258, CC – conceito de obrigações indivisíveis. 
Contrario sensu, desse artigo permite afirmar que a obrigação é divisível quando tem por objeto uma coisa ou um fato suscetível de divisão.
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O interesse jurídico só ocorre quando houver pluralidade de credores ou devedores, pois existindo um único devedor obrigado a um só credor, a obrigação é INDIVISÍVEL, ou seja, a prestação deverá ser cumprida por inteiro, seja divisível ou indivisível seu objeto – art. 314, CC.
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É importante verificar a possibilidade ou não da divisão do objeto e não da prestação – art. 258, CC.
Ex: se dois devedores prometem entregar duas sacas de milho, a obrigação é divisível, devendo cada qual uma saca. Se, no entanto, o objeto for um carro, ou um relógio, a obrigação será indivisível, pois não podem fracioná-los.
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pode-se conceituar obrigação divisível e indivisível com base na noção de bem divisível e indivisível (art. 87 e 88, CC)
Bem divisível: é o que se pode fracionar sem alteração na sua substância, diminuição considerável de valor ou prejuízo do uso a que se destina (art. 87) – partindo um relógio em duas partes, casa uma delas não marcará as horas.
O mesmo não ocorre se for divisível, por exemplo, uma saca de café entre dois indivíduos – após a divisão o objeto continua a existir em sua essência. 
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Espécie de Indivisibilidade 
Para a doutrina majoritária, predomina o entendimento, de que, para divisibilidade ou indivisibilidade da obrigação, são decisivas, em primeiro lugar, a NATUREZA da obrigação, em segundo lugar, a LEI e, finalmente, a VONTADE DAS PARTES.	
A primeira espécie constitui a indivisibilidade propriamente dita, as duas ultimas são apenas exceções à divisibilidade.
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Indivisibilidade NATURAL: é a mais freqüente, porque resulta da natureza da prestação – quando o objeto da prestação não pode ser fracionado sem prejuízo da sua substancia ou de seu valor. EX: obrigação de entregar um animal, um relógio, um documento, uma obra literária, etc
Indivisibilidade Legal: ainda que o objeto seja naturalmente divisível, a indivisibilidade da prestação decorre da LEI, o Estado algumas vezes em atenção ao interesse público ou social, impede a divisão da coisa, como ocorre com as dividas de alimentos, áreas rurais com dimensões inferiores ao módulo regional, pequenos lotes urbanos, etc.
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Indivisibilidade convencional: algumas vezes a indivisibilidade resulta da estipulação ou convenção das partes (indivisibilidade subjetiva) – são obrigações cuja prestação é perfeitamente fracionável, sem prejuízo de sua substancia ou valor, mas em que as partes, de comum acordo, afastam a possibilidade de cumprimento parcial.
A intenção das partes, nesses casos, mostra-se decisiva para a conversão da obrigação em indivisível.
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Efeitos da divisibilidade e indivisibilidade da prestação
Se a obrigação é divisível, presume-se esta “dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores, ou devedores (art. 257, CC).
Cada devedor só deve a sua quota parte – a insolvência de um não aumentará a quota dos demais.
Havendo vários credores e um só devedor, cada credor receberá somente a sua parte.
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Efeitos jurídicos da indivisibilidade da prestação: quando houver pluralidade de devedores ou credores:
Pluralidade de DEVEDORES: art. 259, CC (indivisibilidade e solidariedade)
Embora concorram várias pessoas, cada credor tem direito de reclamar a prestação por inteiro, e cada devedor reponde também pelo TODO.
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Quando a obrigação é indivisível (entregar um veículo) e há pluralidade de devedores, “cada um é obrigado pela divida toda” (art. 259,CC) – somente porque o objeto não pode ser dividido, sob pena de perecer ou perder sua substância.
Por isso, o que paga a dívida “sub-roga-se no direito do credor em relação aos outros coobrigados”, dispondo de ação de regresso para cobrar a cota parte de cada um destes.
A solidariedade ou obrigatoriedade pelo TODO, é meramente de FATO na relação da obrigação indivisível, tendente a desaparecer caso a prestação se resolva em perdas e danos (art. 263,CC)
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Essa obrigatoriedade pelo TODO – não significa que o credor só pode acionar o devedor único em condições de satisfazer a prestação, porque a obrigação é de todos e tem o credor a faculdade de acionar a coletividade para obter uma condenação divisível, mas pagamento total, considerada a natureza da prestação.
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Quem paga o todo, segundo parágrafo único do art. 259, CC – sub-roga-se no direito credor em relação aos outros – assim por uma ficção jurídica, extingue-se o crédito com o pagamento em face o credor e não do devedor.
O que satisfez a obrigação assume o lugar do credor satisfeito para exigir dos outros a parte que lhe cabe – trata-se de hipótese de sub-rogação-legal, aplicando o art. 346, III, CC.
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O devedor demandado por obrigação indivisível não pode exigir que o credor acione conjuntamente todos os codevedores.
Qualquer deles a escolha do credor pode ser demandado isoladamente pela dívida inteira.
Ressalva-se apenas ao devedor, que solve sozinho o débito por inteiro, sub-rogação dos direitos creditórios,a fim de reaver dos consortes as quotas respectivas.
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O devedor, sub-rogado nos direitos do credor, não pode pretender na via de regresso, nada além da soma que tiver desembolsado para desobrigar os outros devedores, deduzida a quota que lhe compete (art. 350, CC).
Em caso de pagamento apenas parcial da dívida por um dos devedores, mediante acordo com o credor, não pode negar o direito ao solvens de voltar-se contra os demais coobrigados, pela quantia que pagou, se superior à sua quota.
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PLURALIDADE DE CREDORES: regra geral, do art. 260, CC.
Sendo indivisível a obrigação (de entregar um cavalo, por ex.) o pagamento deve ser oferecido a TODOS conjuntamente.
Nada impede, que se exonere o devedor pagando a divida integralmente a UM DOS CREDORES, desde que autorizado pelos demais, ou que, na falta dessa autorização, dê esse credor CAUÇÃO DE RATIFICAÇÃO dos demais credores (art. 260, I e II, CC).
Não havendo essa garantia, o devedor deverá, após constituí-los em moro, promover o depósito judicial da coisa devida.
Se só um se recusa a receber, a sua negativa não induz a mora dos demais.
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Se só um dos credores receber sozinho o cavalo por ex, poderá cada um dos demais exigir desse credor a parte que lhe competir, em dinheiro.
Assim, sendo 3 os credores e valendo R$ 30.000,00 – recebido por um dos credores, ficará o que recebeu obrigado, junto aos outros dois, ao pagamento de R$ 10.000,00 para cada um.
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Tendo cada credor o direito de exigir do devedor a execução da obrigação por inteiro, tem, em conseqüência, qualidade para lhe dar, igualmente, pelo todo, uma quitação, que será oponível aos outros credores, para com os quais ficará liberado.
Verifica-se, portando, que, em vez de exigir que todos os credores de obrigações indivisíveis se reúnam para cobrar o seu cumprimento, por somente em conjunto lhes ser licito exigir a prestação, o art. 260 do CC, permite que cada um dos credores, por si só, assim o façam.
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Recebimento da prestação por inteiro por um só dos credores
Art. 261 do CC.
Quanto ocorrer concurso ativo, efetuando o pagamento a um só dos credores, torna-se evidente que recebeu este não só a sua parte da divida como as dos demais credores.
Se não repassá-las a estes, em dinheiro ou em espécie, quando possível, experimentará um inadmissível enriquecimento sem causa.
Assim, se recebeu a prestação
por inteiro, dando caução de ratificação dos outros credores, deve a este, em dinheiro, o correspondente à quota de cada um.
Art. 291, CPC – aquele que, na obrigação indivisível com pluralidade de credores, não participou do processo receberá sua parte, deduzidas as despesas na proporção de seu credito – assim a propositura da ação aproveitará a todos, sendo que o credor que dela não participou receberá sua parte, desde que contribua para as despesas na proporção de seu crédito.
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Remissão da dívida por um dos credores
Art. 262 do CC.
Se um dos credores perdoar a divida, não ocorrerá a extinção da obrigação aos demais credores.
Estes, entretanto, não poderão exigir o objeto da prestação se não pagarem a vantagem obtida pelos devedores, ou seja, o valor da quota do credor que a perdoou.
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Casos de transação, novação, compensação e confusão.
Parágrafo único do art. 262, do CC.
A transação (art. 840, ss), a novação (ar. 360 e ss), a compensação (art. 368 e ss) e a confusão (art. 381 e ss), em relação a um dos credores, malgrado constituam modos de extinção das obrigações em geral, não operam a extinção do débito para com os outros cocredores, que só poderão exigir descontadas a quota daquele.
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Perda da indivisibilidade
Art. 263 do CC
A indivisibilidade da prestação decorre de uma situação de FATO originada da própria natureza da prestação – só pode cessar – cessando a causa que lhe dá existência: a unidade inflacionável da prestação.
Uma vez, que esta seja substituída por outra suscetível de divisão, cessa a indivisibilidade.
Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos, em caso de perecimento com CULPA do devedor – a prestação passa a ser representada por importância em dinheiro, que são divisíveis.
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No lugar do objeto desaparecido, o devedor entregará seu equivalente em dinheiro mais perdas e danos, estas também em dinheiro (art. 234, CC).
Se houver a culpa de todos os devedores, responderão TODOS por partes iguais (art. 263, parágrafo primeiro).
Como a culpa é meramente pessoal, se for de um só, somente ele ficará responsável pelo pagamento das perdas e danos, ficando exonerados dessa responsabilidade os demais, não culpados (art. 263, parágrafo segundo), que responderão, no entanto, pelo pagamento de suas quotas (art. 234)
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RESUMO
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Obrigações Divisíveis e Indivisíveis
Conceito: Obrigações indivisíveis são aquelas cujo objeto pode ser dividido entre os sujeitos – o que não ocorre com as indivisíveis – art. 258, CC.
A Indivisibilidade decorre:
Da natureza das coisas;
Da determinação da lei;ou
Por vontade das partes (art. 88, CC).
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Efeitos
Há a presunção, no caso do obrigação divisível, de que está repartida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores e devedores;
Cada devedor se libera pagando sua quota, e cada credor nada mais poderá exigir, recebida a sua parte na prestação;
Quando a obrigação é indivisível e há pluralidade de devedores, “cada um será obrigado pela divida toda” (art. 259),somente porque o objeto não pode ser dividido;
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4. Se a pluralidade for de credores, “poderá cada um destes exigir a divida inteira; mas o devedor ou devedores se desobrigarão pagando: - I – a todos conjuntamente; II – a um, dando este caução de ratificação dos outros credores” (art. 260).
5. Se um dos credores remitir (perdoar) a dívida, não ocorrerá a extinção da obrigação com relação aos demais credores. O mesmo ocorrerá no caso de transação, novação, compensação ou confusão (art. 262);
6. Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos, em caso de perecimento com culpa do devedor (art. 263).
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