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Quick Message da Estação de Miscelânea 1 (urgências médicas) TROMBOEMBOLISMO PULMONAR • O tromboembolismo pulmonar (TEP) representa um desafio diagnóstico e terapêutico para qualquer médico. Sem tratamento, a mortalidade pode chegar a 30%; com anti-coagulação, gira em torno de 2 a 8%. • Em geral, os fatores de risco são idênticos aos associados à Trombose Venosa Profunda (TVP): fatores que interfiram na tríade de Virchow – lesão endotelial, estase venosa e estado de hipercoagulabilidade. Os mais relevantes são: antecedente de TVP/TEP, Acidente Vascular Cerebral (AVC) com membro plégico, neoplasia maligna, cirurgia ortopédica e imobilização. • Os exames complementares são fundamentais para a definição diagnóstica, uma vez que o quadro clínico é inespecífico. • Para definir a sequência de exames, é importante classificar o paciente conforme o grau de probabilidade clínica de ter TEP. Algumas escalas são propostas, mas a mais utilizada é a de Wells. Pacientes com probabilidade alta devem ser anticoagulados antes mesmo da realização dos exames. • A radiografia de tórax de um paciente com TEP geralmente apresenta alguma anormalidade (é normal em apenas 30%). Os sinais de Hampton, Westermark e Fleischner são considerados clássicos de TEP, mas são observados em menos de 15% dos casos. Os achados mais frequentes são as atelectasias laminares, derrame pleural e elevação de cúpula diafragmática. • Em pacientes com probabilidade baixa ou intermediária, o D-dímero pode ser solicitado (ELISA); se negativo, exclui o diagnóstico, pois tem alta sensibilidade. Não deve ser utilizado em casos de probabilidade alta. • A angiotomografia tem sido indicada como o melhor exame inicial. Além de poder visualizar o trombo, pode determinar diagnósticos diferenciais e avaliar disfunção do VD (dilatação de parede). • Ecocardiograma, peptídio natriurético cerebral e troponinas são úteis para definir disfunção do VD, que é característica de mau prognóstico • Clinicamente, caracteriza-se o evento em maciço (com instabilidade hemodinâmica), submaciço (sem hipotensão ou choque, mas com sinais de disfunção do VD) e não maciço (sem disfunção do VD); • O tratamento é feito com anticoagulação: heparina (baixo peso ou não fracionada) e anticoagulante oral; ou isoladamente com rivaroxabana • Classicamente, os trombolíticos são indicados nos casos de instabilidade hemodinâmica; mais recentemente, têm sido propostos em casos selecionados de TEP submaciço MENINGITE BACTERIANA AGUDA • Os agentes de infecção ou colonizantes das vias aéreas invadem a mucosa respiratória e, por via hematogênica, alcançam as meninges, onde se multiplicam e estimulam um processo inflamatório. • A manifestação clínica usual é o início agudo de febre, cefaleia holocraniana, rigidez de nuca e vômitos. Os pacientes podem apresentar 3 síndromes clínicas associadas: síndrome toxêmica (queda importante do estado geral, febre alta e quadro confusional), síndrome de irritação meníngea (Kernig, Brudzinski, Lasègue, Lewinson e sinal de Naphziger) e síndrome de HIC (cefaleia, náuseas e vômitos). • O diagnóstico é firmado através da história clínica, do exame físico, exame do liquor, hemocultura e TC/RNM, sendo possível diferenciar o agente etiológico a partir de suas características. • Em geral, a análise do líquor mostra pleocitose neutrofílica (leucócitos > 1000/mm3, proteína elevada, glicose diminuída (< 45mg/dl) • No exame bacterioscópico do liquor, pode-se demonstrar o agente infeccioso em 60 a 90% dos casos. • Na meningite bacteriana, os agentes mais comuns na faixa etária dos 2 aos 50 anos são S. pneumoniae e N. meningitidis e o tratamento com antibiótico deve ser introduzido assim que se suspeita do diagnóstico. Na faixa etária em questão, deve-se iniciar com cefalosporina de 3ª geração, enquanto se aguardam as culturas. • O uso de corticoide é associado ao tratamento com melhora do prognóstico, principalmente na doença de etiologia tuberculosa. ASMA GRAVE • A asma é uma doença inflamatória crônica das vias aéreas, caracterizada por hiper-responsividade e obstrução variável das vias aéreas. As crises apresentam-se com sinais e sintomas de dispneia, tosse e sibilos, cuja resolução pode ocorrer espontaneamente ou com o uso de broncodilatadores. • A causa mais frequente das exacerbações de asma é a infecção respiratória viral, seguida do contato com agentes alergênicos. • O diagnóstico de asma no pronto-socorro é clínico; os exames complementares podem ajudar a classificar a gravidade da doença, sugerir complicações e fatores precipitantes associados e definir casos duvidosos. • A radiografia de tórax raramente modifica o tratamento na crise aguda e só deve ser solicitada em casos de suspeita de pneumonia, pneumotórax e derrame pleural. • A aferição do pico de fluxo (peak-flow) na crise aguda de asma monitorizada na emergência traz notável benefício, uma vez que classifica me- lhor a gravidade da doença, modifica a terapêutica e representa um dos melhores parâmetros para decidir quanto à alta hospitalar. • Não é necessária a todos os pacientes. Deve ser colhida em indivíduos com hipoventilação, intenso desconforto respiratório e/ou VEF1 ou PFE <30% do predito; • O uso de beta-2-agonistas é a terapêutica imediata mais importante no manejo de broncoespasmo no pronto-socorro e deve ser prescrito assim que o paciente chega à Emergência. • As recomendações para o uso de anticolinérgicos não são precisas nessa situação, já que a sua combinação com os beta-2-agonistas apresentou resultados conflitantes em diferentes estudos clínicos. • Apesar de apresentarem início de ação tardio (6 a 8 horas após o uso) e de não serem capazes de aliviar o broncoespasmo agudo, os corticosteróides promovem a re solução mais rápida da obstrução ao fluxo aéreo e dos sintomas e a redução da taxa de recidiva. • O efeito broncodilatador do sulfato de magnésio é discreto, bem inferior ao atingido com os beta-agonistas inalatórios. Assim, seu uso é restrito aos casos de asma grave refratários ao tratamento inicial. • As xantinas têm sido recomendadas como terapêutica de exceção. ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO ISQUÊMICO AGUDO • AIT e AVCI são espectros de uma mesma doença vascular isquêmica encefálica, onde a persistência dos sinais clínicos (duração > 24h) ou a presença de alterações nos exames de imagem é que definem o AVCI. • As manifestações clínicas do AVCI podem variar, a depender do território (anterior ou posterior) e do tipo de artéria acometidos (grandes ou pequenas artérias). • O manejo inicial do paciente com AVCI deve iniciar-se com a avaliação do ABC primário. • A hiperoxemia (SatO2 = 100%) em pacientes com AVE agudo não demonstrou evidências na melhora do prognóstico. O objetivo é manter SatO2 ≥94% utilizando o método menos invasivo para o fornecimento de oxigênio suplementar. • A avaliação da glicemia capilar é de extrema importância, pois tanto a hiper como a hipoglicemia podem simular lesões neurológicas, inclusive com déficit focal. • Os critérios para indicação de trombolítico são idade acima de 18 anos, déficit neurológico mensurável e persistente e tempo decorrido do início dos sintomas até 3 horas (alguns pacientes selecionados se beneficiam do seu uso em até 4,5 horas do início do quadro). • A avaliação neurológica deve ser rápida e eficiente no diagnóstico e na estratificação da gravidade, realizada por meio da aplicação da escala National Institute of Health Stroke Scale – NIHSS. • Em linhas gerais, medicação anti-hipertensiva na Emergência deve ficar destinada aospacientes com pressão arterial sistólica >220mmHg e diastólica >120mmHg e/ou com sinais de encefalopatia hipertensiva. Uma meta plausível é baixar a pressão arterial em 15% a 25% no primeiro dia. • Para os pacientes candidatos à trombólise, o controle dos níveis pressóricos deve atingir os seguintes valores: PAS ≤ 185mmHg e PAD ≤ 110mmHg. • O trombolítico a ser utilizado é a alteplase, na dose de 0,9mg/Kg (máximo de 90mg) por via endovenosa, ministrando-se 10% da dose total em bolus e o restante para correr em 1 hora. CHOQUE • O choque hipovolêmico resulta de diminuição da pré-carga, caracterizando-se por baixo volume intravascular e, consequentemente, baixo débito cardíaco. • Pode ser subclassificado em 2 tipos: hemorrágico e não hemorrágico. Este último relaciona-se a uma série de estados patológicos e se caracteriza por es- tado hipovolêmico absoluto e/ou relativo, consequente à perda corpórea de fluidos, como na diarreia e na desidratação, ou devido à perda de fluido celular do intravascular para o extravascular. • O tratamento do choque hipovolêmico inicia-se obrigatoriamente pela instalação de acessos vasculares que possibilitem a administração de volume de forma adequada. • Os objetivos do tratamento com reposição volêmica são a restauração da perfusão tecidual, a correção da hipovolemia absoluta/relativa e a melhora do DC pelo aumento da pré-carga. • O tipo de fluido a ser administrado e a rapidez da reposição volêmica devem ser ditados pelo conhecimento da condição do paciente e por uma cuidadosa monitorização clínico-hemodinâmica à beira do leito. • A hipotermia é uma complicação grave da reposição volêmica maciça e pode ser evitada aquecendo-se as soluções desde o início da ressuscitação volêmica, além de ter o cuidado de manter o paciente aquecido. • A reposição de concentrado de hemácias deve ser individualizada; somente quando há indicação específica de aumentar a capacidade de oferta de O2 do paciente.
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