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1 A mucosa oral é revestida por um epitélio estratificado pavimento que forma uma barreira espessa contra agressões. A saliva, além de lubrificar as superfícies e iniciar o processo de digestão, também possui IgA e agentes antimicrobianos que ajudam no controle e equilíbrio da microbiota oral. A cavidade oral possui uma rica microbiota constituída por bactérias aeróbias e anaeróbias, espiroquetas e fungos, que varia de acordo com a dieta, pH e anticorpos. Soluções de continuidade da mucosa , imunossupressão e desequilíbrio da microbiota são as principais condições para o início de processos patológicos na cavidade oral. 2 Algumas alterações congênitas envolvendo cavidade oral tem grande importância. 3 São alterações comuns ao trato respiratório e digestório e observados com frequência em leitões e bezerros. Podem estar associados a fatores genéticos (endogamia) ou a ingestão de plantas tóxicas. A Crotalaria retusa é um arbusto comum no Nordeste do Brasil, conhecido popularmente como Xique-xique, e pode causar intoxicação crônica com encefalopatia hepática. Conium maculatum é um herbácea de onde se extrai um potente veneno; conhecida como Cicuta, é nativa do Mediterrâneo, mas já naturalizada nas Américas. Veratrum californicum é uma planta tóxica com efeitos teratogênicos nativa da América do Norte. Em gatas gestantes tratadas com griseofulvina, um medicamento antifúngico, os filhotes podem desenvolver a lesão. 4 A queilosquise ou lábio leporino afeta o lábio superior e deve-se a falha na fusão do processo maxilar e do processo nasal medial. Pode se uni ou bilateral e ocorre isolada ou associada à fenda palatina (palatosquise). Foto capturada em: http://colunas.revistaepocasp.globo.com/farejadorbichos/category/sem-categoria/ 5 A palatosquise afeta o osso e a mucosa da linha média do palato duro. É um defeito da fusão longitudinal das prateleiras palatinas laterais, formando uma comunicação entre as cavidades oral e nasal. As consequências vão de dificuldade de apreensão e sucção até aspiração de leite, infecções secundárias e pneumonia. Dificuldade de preensão e sucção Aspiração de leite Pneumonia por aspiração 6 7 8 A má oclusão é um desvio da oclusão normal e pode ser devido a posição anormal dos dentes (má oclusão dentária) ou assimetria ou desvio dos ossos que suportam a dentição (má oclusão esquelética). É uma falha dos incisivos superiores e inferiores se interdigitarem corretamente. Causam dificuldade de preensão e mastigação dos alimentos. São denominadas de acordo com a posição da mandíbula. Quando o arco mandibular oclui caudal a sua posição normal em relação ao arco maxilar, é classificada como Distoclusão mandibular (classe 2). Quando o arco mandibular oclui rostral a sua posição em relação ao arco maxilar é chamada mesioclusão mandibular. (http://www.avdc.org/nomenclature.html#occlusion) (American Veterinary Dental College) As má-formações de maxila e mandíbula são de origem hereditária e podem causar caquexia devido a dificuldade de preensão, mastigação e deglutição. O bragnatismo é o subdesenvolvimento ou hipoplasia da maxila (Bragnatismo Superior) ou da mandíbula (Bragnatismo Inferior). O primeiro é mais comum em cães e suínos e o inferior é mais relatado em bovinos e equinos. O prognatismo é o crescimento maior que o normal da mandíbula, e deve ser diferenciado de bragnatismo superior. É mais comum em ovinos. A má oclusão dental inclui distoversão, mesioversão, linguoversão, labioversão, crossbite (mordida cruzada) rostral e caudal. 9 As má-formações de maxila e mandíbula são de origem hereditária e podem causar caquexia devido a dificuldade de preensão, mastigação e deglutição. O bragnatismo (braquignatismo) é o subdesenvolvimento ou hipoplasia da maxila (Bragnatismo Superior) ou da mandíbula (Bragnatismo Inferior). O primeiro é mais comum em cães e suínos e o inferior é mais relatado em bovinos e equinos. O prognatismo (do grego pro, "movimento para a frente", + gnathós"mandíbula“) é o crescimento maior que o normal da mandíbula, e deve ser diferenciado de bragnatismo superior. É mais comum em ovinos. A má oclusão dental inclui distoversão, mesioversão, linguoversão, labioversão, crossbite (mordida cruzada) rostral e caudal. 10 Dr. Jan Bellows, Oral Assessment, Treatment and Prevention (http://www.oralatp.com/?p=37) Mesioclusão mandibular é uma anormalidade do esqueleto em que a mandíbula está anormalmente em frente da maxila superior. Esta condição é comum em raças com crânios braquicéfalos como Pugs, Bulldogs Inglês e gatos persas. Às vezes, os incisivos superiores anormalmente penetram nos tecidos da gengiva inferior. O tratamento envolve deixar o cão ou gato confortável tanto por remoção dos dentes penetrar no maxilar inferior ou reduzindo a altura da coroa e restaurar as coroas de modo a não penetrar na mandíbula inferior. 11 12 13 A presença de alimentos na boca do cadáver pode sugerir doenças que resultam em paralisia da deglutição ou estado de semi-inconsciência (Encefalite, leucoencefalomalácia, encefalopatia hepática). O alimento está mal mastigado, diferente daquele que foi regurgitado após a morte. Ossos e outros em faringe de bovinos sugerem alotriofagia por deficiência de fósforo. Fonte das figuras: Antoniassi et al. Alterações clínicas e patológicas em ovinos infectados naturalmente pelo vírus da língua azul no Rio Grande do Sul. Pesq. Vet. Bras. vol.30 no.12 Rio de Janeiro Dec. 2010. 14 Objetos pontiagudos (agulhas, farpas ou fibras vegetais) podem causar trauma da mucosa e predispor a processos inflamatórios necróticos profundos ou granulomatosos. Corpos lineares (fios e linhas de costura) podem se fixar na parte caudal da língua, comprimindo o freio e dando uma laçada ao redor da base da língua. Se muito longos, podem provocar obstrução intestinal e necrose linear nas porções mesentéricas da mucosa intestinal. Fonte das figuras: http://www.tudogato.com/2012/09/gatos-brincando-com-linhas-dia-de.html http://www.redevet.com.br/artigos/cestranho.htm 15 http://www.rockymountainrider.com/articles/2012/0412_Danger_of_Awn_Grasses.h tm 16 17 18 estomatite felina é um problema comum, doloroso e que ameaça a vida em muitos gatos. Ela ocorre em gatos de todas as raças e de todas as idades. Algumas raças, como Himalaia, persas e Somalis mais comumente desenvolvem estomatite embora também seja possível ver esta condição em muitos gatos de pelo curto e longo domesticados, bem como nas raças orientais. Gatos com estomatite muitas vezes tem mau hálito (halitose). Eles também têm gengivas vermelhas e inflamadas (gengiva). No momento em que a inflamação se espalha a partir de áreas adjacentes aos dentes para as áreas mais distantes (parte posterior da garganta ou da orofaringe). Em algumas áreas, as gengivas (gengiva) aumentam de volume e obstruem áreas da orofaringe. Comer e engolir torna-se difícil e doloroso para muitos destes gatos. Quando as biópsias são retiradas desses tecidos orais inflamadas, o patologista, muitas vezes descrevem a condição como gengivoestomatite linfocítica-plasmocítica. Os linfócitos e plasmócitos são leucócitos comumente observados em inflamação grave. A condição é muitas vezes abreviado como LPGS. Fonte: http://www.mypetsdentist.com/feline-stomatitis.pml 19 Acredita-se que as lesões inflamatórias associadas com gengivoestomatites felina são o resultado de um sistema imune altamente reactivo. O antígeno específico que o sistema imunitário está a reagir não é facilmente identificado e é muitas vezes desconhecido. O fato de a maior parte destas lesões se resolverem quando os dentes são removidos sugere o envolvimento de um antígeno que está intimamente relacionado com os dentes (isto é, bactérias). No entanto, comonem toda inflamação se resolve quando os dentes são removidos, deve admitir-se que múltiplos antígenos podem estar envolvidos. Outros antígenos que podem ter um papel no desencadeamento da inflamação oral associada com gengivoestomatites felina incluem vírus, alimentos ou antígenos ambientais. A auto-imunidade pode também ser um componente da doença 20 Nas estomatites superficiais, as lesões se limitam ao epitélio de revestimento da mucosa, enquanto as profundas envolvem o tecido conjuntivo e podem ser sequela das anteriores. Irritantes químicos, tóxicos, queimaduras e traumas podem causar lesão na mucosa e predispor a infecção bacteriana secundária. Lesões vesiculares virais que se rompem também expõem a mucosas a essas infecções. As estomatites são, em geral, consequência de desequilíbrio na flora bacteriana da cavidade oral, ocasionado por doenças sistêmicas, doenças autoimunes, imunossupressão, desequilíbrios nutricionais e hormonais, alteração na quantidade, composição e pH da saliva e antibioticoterapia prolongada. 21 Doenças debilitantes Aspectos anatomopatológicos: Hiperemia e edema; Hiperplasia de tecido linfoide; Descamação epitelial; Células inflamatórias; Bactérias; Placa cinza-esbranquiçada É uma estomatite superficial inespecífica, caracterizada por hiperemia da mucosa e edema das fauces posteriores e gengivite. A hiperplasia do tecido linfoide atinge palato, tonsilas e mucosa faringiana. Ocorre irritação intensa e descamação epitelial, que associado ao excesso de muco, células inflamatórias e bactérias da cavidade oral, formam placas irregulares brancacentas e pseudomembranosas. O principal exemplo é a candidíase em potros, leitões e cães jovens. 22 Vesículas – camadas superficiais do epitélio ou entre o epitélio e a lâmina própria. Vírus epiteliotrópicos. Infecções virais: Febre Aftosa (Picornavírus); BVD e FCM; Estomatite Vesicular (Rabdovírus - bovinos, suínos, equinos); Doença Vesicular dos suínos (Enterovírus); Exantema Vesicular (Calicivírus); Calicivírus felino; Doenças autoimunes Lesões orais, cutâneas e podais invasão bacteriana e endotoxemia 23 Vesículas – camadas superficiais do epitélio ou entre o epitélio e a lâmina própria. Vírus epiteliotrópicos, citolíticos. Infecções virais: Febre Aftosa (Picornavírus); BVD e FCM; Estomatite Vesicular (Rabdovírus - bovinos, suínos, equinos); Doença Vesicular dos suínos (Enterovírus); Exantema Vesicular (Calicivírus); Calicivírus felino; Doenças autoimunes 24 Nas estomatites vesiculares, há acúmulo de líquido seroso dentro do epitélio e entre este e a lâmina própria, iniciado com degeneração hidrópica da células epitelial, seguido de ruptura celular e edema intercelular. Vesículas adjacentes se fundem para formar bolhas, que, pelo atrito, se rompem e originam erosões. 25 Vesículas se rompem por manipulação, úlceras hiperêmicas. 26 27 São caracterizadas por perda local de epitélio, sendo superficial na erosiva e profunda na ulcerativa. Na maioria dos casos, as úlceras são consequência das erosões. Geralmente, são inespecíficas. Erosiva superficial Ulcerativa profunda Doenças e Síndromes: Febre Aftosa e outras doenças vesiculares; BVD e FCM; Ectima Contagioso; Calicivirose e RV felina ; Complexo Granuloma eosinofílico felino 28 29 30 As erosões reparam-se completamente, mas as ulcerações, por serem profundas e atingirem a camada proliferativa do epitélio, não se regeneram, apenas cicatrizam. 31 São observadas três formas distintas dessa síndrome: granuloma linear eosinofílico (granuloma colagenolítico), placa eosinofílica e úlcera indolente ou eosinofílica. A placa eosinofílica é uma reação de hipersensibilidade mais frequentemente a insetos, com menor freqüência a alimentos e alérgenos ambientais. O granuloma eosinofílino possui múltiplas causas, incluindo hipersensibilidade e predisposição genética. A úlcera indolente pode ter ambas as causas, genética e hipersensibilidade. Relata-se que a placa eosinofílica ocorre em felinos de 2 a 6 anos de idade e que para úlcera indolente a predisposição por idade não foi reportada. A predisposição por fêmeas tem sido relatada somente para a úlcera indolente. Lesões de mais de uma síndrome podem ocorrer simultaneamente e podem desenvolver-se espontânea e agudamente. Além disso, relata-se que a incidência sazonal é comum. As características clínicas das placas eosinofílicas são placas e manchas alopécicas, eritematosas e erosivas que, em geral, ocorrem nas regiões inguinal, perineal, lateral da coxa e axilar, sendo frequentemente úmidas ou cintilantes; pode ocorrer eosinofilia circulante. Nos granulomas eosinofílicos, ocorre uma orientação distintamente linear na região caudal da coxa, medial dos membros anteriores ou como placas individuais ou coalescentes em qualquer região do corpo. Apresentam- se ulcerados, com um padrão ulcerado ou “de paralelepípedo”, brancos ou amarelados; pode ocorrer tumefação do mento e da borda do lábio, do coxim plantar, 32 dor e claudicação, ulcerações na cavidade oral (língua, palato, arcos palatinos) e também associa-se a eosinofilia circulante. As úlceras indolentes classicamente são ulcerações elevadas e endurecidas restritas ao lábio superior e adjacentes ao philtrum ou adjacente aos dentes caninos superiores. A periferia fica saliente e circunda uma superfície ulcerada amarelo-rosada. As lesões geralmente são dolorosas ou pruriginosas. Os diagnósticos diferenciais para lesões não responsivas incluem pênfigo foliáceo, dermatofitose, infecção fúngica profunda, demodicose, piodermatite, adenocarcinoma metastático, linfoma cutâneo e outras neoplasias. O diagnóstico é feito baseando-se no exame clínico, citologia e histopatologia. São recomendados ainda hemograma, bioquímica, urinálise e sorologia para FIV e FeLV. 32 33 As estomatites profundas são consequências da invasão do tecido conjuntivo por microorganismos da flora oral, em consequência de lesão do epitélio de revestimento. Dependendo do microorganismo, pode ser purulenta, necrótica, gangrenosa ou granulomatosa. 34 A estomatite purulenta é também chamada celulite e ocorre quando microrganismos piogênicos invadem a submucosa e os músculos. A frouxidão do tecido conjuntivo e muscular favorece a difusão do exsudato e do fleimão. As estruturas da cavidade oral ficam muito aumentadas de volume e podem dificultar a passagem do ar para as vias aéreas. Com a evolução, podem se formar abscessos que deixam um trajeto fistuloso de difícil recuperação. (Abscessos e fistulação) 35 Fusobacterium necrophorum (Necrobacilose oral) e outros anaeróbios Bezerros, leitões e cordeiros Lesões por alimento grosseiro, guia de sonda ruminal, corte de dentes em leitões Localização: bordas laterais da língua, bochechas e gengivas Ulceração e fibrina Bactérias anaeróbias produtoras de toxinas causam lesão tecidual em áreas lesionadas da mucosa oral. O exsudato fibrinoso recobre a úlcera na forma de uma membrana acinzentada, irregular e friável, de aspecto sujo e odor fétido (placa diftérica ou fibrinonecrótica). Pode ocorrer extensão para a laringe e pneumonia por aspiração. 36 37 38 39 40 41 Inflamação pseudomembranosa ou gangrenosa Espiroquetas e fusiformes Área necrótica = massa cinza-esverdeada; Maior destruição; Bolhas gasosas, perfuração das bochechas, reabsorção óssea e morte Tem evolução rápida e é causada por invasão de espiroquetas e fusiformes e outros microrganismos da mucosa oral no tecido conjuntivo da submucosa. Foi descrita em macacos rhesus e cynomolgus, cães, gatos, leitões e cordeiros, principalmente indivíduos imunossuprimidos. As lesões são semelhantes a necrobacilose oral, mas são mais destrutivas., muito fétidas, com bolhas gasosas e podem perfuraras bochechas. 42 Compromete principalmente bordas laterais, dorso e papilas circunvaladas da língua. É raro, geralmente consequência da ingestão de leite contaminado ou contato contínuo com exsudato expectorado de tuberculose pulmonar. 43 O Actinobacillus lignieresii faz parte da microbiota oral. Após lesões nos tecidos superficiais, a bactéria é introduzida na submucosa induzindo a formação de piogranulomas, principalmente na língua. Há principalmente linfangite acometendo os vasos linfáticos da língua. O processo se expande para os linfonodos regionais e às camadas submucosa e muscular da língua. Forma-se tecido de granulação e, nas formas crônicas, há destruição do tecido muscular da língua e substituição por tecido fibroso denso, com aumento de volume e da consistência (“Língua de Pau”). Os bovinos acometidos tem dificuldade de preensão e mastigação das forragens. Figura Actinobacilose: Pesq. Vet. Bras. vol.33 no.3 Rio de Janeiro Mar. 2013 44 O Actinobacillus lignieresii faz parte da microbiota oral. Após lesões nos tecidos superficiais, a bactéria é introduzida na submucosa induzindo a formação de piogranulomas, principalmente na língua. Há principalmente linfangite acometendo os vasos linfáticos da língua. O processo se expande para os linfonodos regionais e às camadas submucosa e muscular da língua. Forma-se tecido de granulação e, nas formas crônicas, há destruição do tecido muscular da língua e substituição por tecido fibroso denso, com aumento de volume e da consistência (“Língua de Pau”). Os bovinos acometidos tem dificuldade de preensão e mastigação das forragens. 45 A actinomicose é uma osteomielite causada pelo Actinomyces bovis, uma bactéria filamentosa Gram-positiva, e afeta especialmente a mandíbula, causando aumento de volume, dor e inapetência. Caracteriza-se por reação granulomatosa, com osteólise e cavitações na estrutura do osso lamelar, formação de trajetos fistulosos e drenagem de exsudato, comprometendo os linfonodos regionais. 46 As tonsilas são proeminentes e salientes na fossa tonsilar do cão e do gato. No suíno e nas demais espécies, é difusa e se localiza na porção caudal do palato mole. É revestida por epitélio estratificado pavimentoso e, na submucosa, possui vários nódulos linfoides organizados. As alterações das tonsilas são semelhantes às que ocorrem em outros tecidos linfoides. Várias bactérias são habitantes normais de suas criptas, desse modo, ela pode ser a porta de entrada de vários microrganismos e local de persistência para outros. 47 Bactérias Porta de entrada O suíno pode ser carreador sadio de várias bactérias, incluindo a Erysipelothrix rhusiopathiae. Pode ocorrer proliferação exagerada de Pasteurella multocida (suínos e carneiros) e outras bactérias nas criptas tonsilares. A tonsila é também o local primário de multiplicação de alguns vírus, como o vírus da Doença de Aujeszky, causando tonsilite necrótica. Vírus linfotróficos como o da panleucopenia felina, parvovírus canino, BVD, entre outros, utilizam as tonsilas como porta de entrada e persistência no organismo e as tonsilas são o órgão de eleição para detecção dos agentes. 48 49 50 As alterações mais frequentes das glândulas salivares são funcionais e sem lesões evidentes, como o aptialismo, uma condição rara, e o ptialismo, onde se vê o acúmulo anormal de saliva na cavidade oral. O ptialismo está presente nas intoxicações por organofosforados e chumbo, nas encefalites e estomatites. Também ocorre na intoxicação por drogas , como a xilazina e substâncias parassimpatomiméticas (alcaloides). Aptialismo: Redução na produção de saliva; Febre, desidratação e sialoadenopatias obstrutivas 51 Os cálculos salivares são formados pela deposiçãode minerais em lâminas concêntricas em torno de um núcleo, geralmente um pequeno corpo estranho. São mais frequentes em cavalos. O núcleo é geralmente alguma partícula vegetal que penetra no ducto excretor da glândula. As consequências são as mesmas da presença de corpos estranhos, incluindo processo inflamatório (sialoadenite), obstrução com redução do fluxo salivar e hipotrofia glandular. Figura: Sialólito em cavalo, necrose por pressão de grande massa pétrea que destruiu a glândula. 52 53 As dilatações ou ectasias das glândulas salivares são devido a estagnação do fluxo salivar e tem causas congênitas ou adquiridas, como o estreitamento do lúmen devido a inflamação (Estenose congênita, obstrução do ductos (corpos estranhos, sialólitos) ou inflamação). Os ductos dilatados podem aparecer como cordões flutuantes, divertículos ou distensões císticas. São chamados de rânulas e mucocele ou sialocele. Rânula: Distensão cística dos ductos das glândulas sublinguais. Mucocele ou Sialocele: Cavidades císticas uni e multiloculadas, adjacentes aos ductos. O conteúdo tem coloração amarelada ou amarronzada e é bastante viscoso. 54 55 F:\Pictures\Patologia macroscópica\Aula Prática\2010-1\SV1\2010-05-13 ap sv1\nec 3294 56 57 Via ascendente (ducto); Corpos estranhos e sialólitos; Via hematogênica; A inflamação das glândulas salivares é rara nos animais domésticos. A infecção chega por via ascendente (pelos ductos) e é causada principalmente por corpos estranhos e sialolólitos. Mas também pode ocorrer infecção por via hematogênica, como parte de doenças sistêmicas ou locais, como Raiva, FCM, cinomose e Garrotilho. 58 59 É um tumor epitelial benigno induzido por vírus (papovavírus) e, portanto, transmissível. As massas tumorais persistem por um a três meses e ocorre remissão espontânea e desenvolvimento de imunidade. Pode apresentar aspecto semelhante a couve-flor e localizam-se principalmente na comissura labial de bovinos, cães e coelhos. Em bovinos, é conhecido o Papilomavírus tipo 4 como agente etiológico. 60 61 É um tumor benigno originário do epitélio periodontal de cães. Envolve principalmente os primeiros dentes molares e caninos. Possui forma de cogumelo, tem superfície lisa e consistência dura. Histologicamente, caracteriza-se pela presença de tecido mesenquimal semelhante ao ligamento periodontal, com densa população de fibroblastos estrelados ou fusiformes em interface com denso colágeno fibrilar. Pode ser observada matriz cartilaginosa ou com aspecto de osso, cemento ou dentina. 62 63 64 Também tem origem no epitélio odontogênico, que ocorre somente em cães. Clinicamente, pode ser confundido com neoplasias mesenquimais benignas da gengiva, mas com comportamento mais agressivo e infiltrativo. São massas exofílicas, frequentemente bilaterais, na arcada mandibular ou maxilar. 65 Ocorre destruição óssea, mas não há metástase. 66 É um tumor maligno de queratinócitos da camada espinhosa, muito comum nos animais domésticos, principalmente em gatos. Em bovinos, está relacionado ao consumo de samambaia por longos períodos. Atinge principalmente as tonsilas em cães e gatos, a língua em cães e bovinos, a gengiva em cães e equinos, e às vezes o palato duro em equinos. Quando localizado nas porções caudais da cavidade oral, pode interferir com a deglutição. Alterações prévias da mucosa oral, como periodontite crônica, são consideradas pré- neoplásicas. 67 A base da língua é a principal localização em bovinos. 68 São muito frequentes em cães e raros em outras espécies. O crescimento é rápido e, por isso, áreas de necrose são comuns. À microscopia, as células neoplásicas são fusiformes, redondas ou poligonais e a quantidade de melanina depende do grau de diferenciação do tumor. As metástases estão, com mais frequência, nos linfonodos regionais e nos pulmões. 69 70 71 72 73 A dentina, o esmalte e o cemento são os tecidos duros que formam o dente e sãovariantes do tecido ósseo. A dentina constitui a maior parte do dente e é secretada pelos odontoblastos. Está sujeita a alterações metabólicas, tóxicas e infecciosas, como o osso. É constituída de 65% de minerais e 35% de matéria orgânica. O esmalte é formado por 95% de minerais e 5% de matéria orgânica. É secretado por ameloblastos durante o desenvolvimento dos dentes. O cemento é uma substância semelhante ao osso, avascular e secretada pelos cementoblastos. É constituída por 55% de minerais e 45% de matéria orgânica. Está em contínua renovação, assim como a dentina. É um dos elementos do periodonto, no qual as fibras de Sharpey do osso alveolar se prendem. 74 Anodontia = ausência de dentes Oligodontia = menor número de dentes, mais frequente em cães de raças braquicefálicas, às vezes em cavalos e gatos. A pseudo-oligodontia é uma falha na erupção dos dentes que deve ser diferenciada da oligodontia. Poliodontia = número excessivo de dentes, mais frequente em cães braquicefálicos. Pode ser heterotópica (fora da arcada dentária). A pseudopoliodontia é a retenção dos dentes decíduos após a erupção da dentição permanente e ocorre em equinos, gatos e cães (raças miniaturas). 75 A forma do dente adulto está associada à conformação e ao atrito do dente oposto e à natureza do alimento mastigado. Havendo oclusão e uso normal, a porção extra- alveolar não se altera. O desgaste pode estar alterado nas odontodistrofias nutricionais, metabólicas e tóxicas. Deficiência vitamina A; Raquitismo; Osteomalácia Osteodistrofia fibrosa generalizada; Fluorose, comportamento oral alterado. Bovinos e equinos: desgaste das superfícies oclusais dos molares A exposição da dentina ou do canal da polpa pode causar infecção dentária. 76 77 O esmalte é recoberto por uma película translúcida formada pela adsorção seletiva de constituintes da saliva (filme), essencial para a formação da placa dentária. A placa dentária forma-se pela aderência de bactérias à película do esmalte e de outras bactérias às já aderidas (Massa densa, não calcificada, aderida à superfície do dente e resistente à remoção). As bactérias são específicas, com capacidade de aderir e resistir à remoção mecânica pela saliva. As bactérias sintetizam ácidos e enzimas. Algumas são capazes de sintetizar polímeros que entram na constituição da placa e permitem a aderência entre as bactérias. Outras utilizam os polímeros produzidos pelo animal. Com o tempo, a placa aumenta em massa e complexidade, com aderência de microrganismos Gram-negativos. 78 A placa é metabolicamente ativa e utiliza carboidratos da dieta para produzir polímeros adesivos, energia e mediadores da inflamação. Ela é importante na etiologia da cárie e da doença periodontal. A placa mineralizada constitui o cálculo ou tártaro dentário. A mineralização é precipitada pela saliva, de modo que os cálculos são mais frequentes próximos às aberturas dos ductos salivares e se localizam no colo dentário (transição esmalte-cemento). A matéria alba é uma mistura de proteínas salivares, células epiteliais descamadas, leucócitos desintegrados e bactérias que se aderem ao dente, não organizada e facilmente removida, que deve ser diferenciada da placa e do tártaro. 79 80 Cárie Dentária: Descalcificação destrutiva dos tecidos duros do dente + degradação enzimática da matriz orgânica 81 A cárie de superfície lisa desenvolve-se logo abaixo dos pontos de contato entre os dentes adjacentes ou em torno do colo dentário. Requer a participaçãoda placa dentária para se iniciar. As cáries cavitárias ocorrem na superfície oclusal e não necessitam da placa para se instalarem. A necrose infundibular do dente do equino é o melhor exemplo de cárie cavitária. Ocorre nos primeiros molares maxilares, principalmente em animais com mais de 12 anos. 82 Nas cáries de superfície lisa, a desmineralização é desencadeada pelo ácido lático produzido pela placa, que mantém o pH baixo na superfície do dente. A progressão da cárie vai depender do pH da saliva e da dureza e resistência do esmalte à descalcificação. A lise da matriz orgânica ocorre por ação de enzimas produzidas pelas bactérias da placa ou derivadas de leucócitos. Nas áreas com cárie, o esmalte perde o brilho, torna-se opaco e manchado; a dentina pode ser exposta e a cárie torna-se marrom ou preta. 83 A lise da matriz orgânica ocorre por ação de enzimas produzidas pelas bactérias da placa ou derivadas de leucócitos. Nas áreas com cárie, o esmalte perde o brilho, torna-se opaco e manchado; a dentina pode ser exposta e a cárie torna-se marrom ou preta. As cáries de superfície de oclusão ocorrem por alterações primárias do esmalte e da dentina (hipoplasia e hipomineralização) e se desenvolvem pela ação de bactérias que se acumulam nas áreas iniciais de perda tecidual. A evolução pode atingir a polpa dentária e resultar em processo inflamatório (pulpite). 84 É um processo crônico que afeta os elementos de sustentação do dente, culminando com a perda dentária. O periodonto é a estrutura anatômica e funcional responsável pela fixação e manutenção do dente na maxila e na mandíbula, formado por gengiva, cemento, ligamento periodontal e osso alveolar. 85 A doença periodontal é muito comum nos animais e no homem, mas a etiologia e patogenia são conflitantes. Em geral, aceita-se que o processo é desencadeado pela placa bacteriana em associação com a gengivite, mas há evidências de que seja uma manifestação da osteodistrofia fibrosa generalizada. Em ambos os casos, há intensa reabsorção do osso alveolar. Lesões: Aumento de espaço interdentário; Retração gengival; Bolsa periodontal; Mobilidade e perda do dente; Gengivite fibrinonecrórica ou gangrenosa 86 87 88 89
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