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DIREITO DAS OBRIGAÇÕES

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DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Gabriela Almada Rodrigues Rocha
Bacharela em Humanidades com Área de Concentração em Estudos Jurídicos Universidade Federal da Bahia
Aula da componente curricular Direito das Obrigações
Ministrada pelo professor Rodrigo Moraes
*Breve evolução histórica do Direito das Obrigações:
- Lex Poetelia Papiria: “A obligatio caracterizava-se como direito de garantia sobre a pessoa física do obrigado, tal submissão do devedor ao credor só veio a cessar com a Lex Poetelia Papiria que no século IV a.C., substituiu o vínculo corporal pela responsabilidade patrimonial onde os bens e, não o corpo do devedor, deveriam responder pelas suas dívidas”. Desta forma, cria-se também a figura do Fiador. A transmissibilidade das obrigações valoriza a dignidade da pessoa humana.[1: LEITE, Gisele. Algumas linhas do direito das obrigações. 2004]
Há a exceção da Pensão Alimentícia, porém com limites.
*Conceito de Obrigações: é um vínculo jurídico pelo qual o sujeito passivo (devedor) obriga-se a dar, fazer ou não fazer algo (objeto da obrigação) em face de um sujeito ativo (credor- quem pode exigir).
Como também: é uma relação jurídica pessoal que vincula duas partes, credor e devedor, em razão da qual uma fica “obrigada” a cumprir uma prestação patrimonial de interesse da outra.
As relações obrigacionais integram apenas o direito objetivo de conteúdo econômico.
*Fonte das Obrigações: A doutrina civilista defende que existem basicamente três fontes das obrigações: 
a) Negócio jurídico;
b) Responsabilidade civil;
c) Enriquecimento sem causa;
*Obrigação positiva: dar e fazer algo;
 negativa: não fazer.
*Fim natural da Obrigação: a prestação, o seu cumprimento (pagamento, entrega). Este cumprimento é o objeto imediato da obrigação, pois o mediato é a própria coisa, o objeto.
*Obrigações Propter Rem (em razão da coisa): indeterminabilidade subjetiva passiva. Ex: taxa de condomínio; IPTU. São vinculados a propriedade do imóvel, não se sabe quem é realmente o titular. São também chamadas de obrigações reais ou ambulatórias.
*Obrigações sem responsabilidade (dever sem sujeição): 
Obrigação é o dever (dívida do sujeito passivo) e responsabilidade é a sujeição ao pagamento. 
Ex: dívida prescrita- perda pelo decurso do tempo. “Os direitos prescrevem após decurso de um determinado prazo fixado por lei. Depois de escoado esse prazo, perdura a obrigação, sem, contudo, perdurar a responsabilidade. O devedor continua a ser devedor, mas não pode ser compelido a prestar no mundo jurídico. Entretanto, pode ele cumprir sua obrigação após o escoamento desse prazo prescricional, espontaneamente, realizando o cumprimento de sua obrigação sem ter responsabilidade”.
Ex2: Obrigação natural, também chamada de Obrigação imperfeita. “Quando falta o poder de garantia ou responsabilidade do devedor. Trata-se de obrigação sem ação para se fazer exigir, nessa modalidade de obrigação o credor não pode exigir a prestação e o devedor não está obrigado a pagar. Em compensação se este o fizer, não tem o direito de repeti-lo”.[2: CAETANO, Emerson. Dicas de direito: jurisprudências, doutrinas, dicas de provas, cursos, concursos, facilidades de direito. 2008]
*Responsabilidade sem obrigação: “a responsabilidade do fiador, que embora tenha assumido a responsabilidade, não tem a obrigação de pagar a dívida, salvo se houver inadimplência do devedor principal”.[3: FORTES, José Carlos. Aspectos básicos das obrigações. 2004]
*Classificação Básica das Obrigações:
1. Obrigação de Dar;
2. Obrigação de Fazer;
3. Obrigação de Não Fazer.
1. Obrigação de dar coisa certa:
O devedor se compromete a entregar ou devolver um objeto certo e determinado, como a compra e venda de um objeto.
 Coisa certa:
Perda da coisa (total):
a.1) Sem culpa: Não dá direito a pleito de perdas e danos. Se for antes da tradição (venda e entrega), resolve-se a obrigação para ambas as partes e retorna ao status quo ante (caso anterior). 
Art. 234. Se, a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as partes.
Res perit domino: a responsabilidade volta para o dono.
Ex: vende-se um carro, mas este não é entregue. Caso o carro seja roubado, o vendedor deve apenas devolver a quantia paga.
a.2) Com culpa: devolve-se o pagamento e ainda há o direito de pleitear perdas e danos. Se for antes da tradição o devedor responderá pelo valor pago pela coisa além das perdas e danos. É com culpa quando há negligência, imprudência e imperícia. 
Art. 234. [...]Se a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos.
Curiosidades: Empréstimo de dinheiro= Mútuo. Temos o mutuante e o mutuário. Já o Feneratício é o Mútuo oneroso.
Deterioração da coisa (prejuízo parcial):
b.1) Sem culpa do devedor: o credor poderá resolver (cancelar) a obrigação por não lhe interessar receber o bem danificado OU pagar a coisa por um valor reduzido. 
Art. 235. Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu.
b.2) Com culpa do devedor: poderá o credor exigir o equivalente à coisa OU aceitá-la no estado em que se encontre e, de qualquer forma, há o direito de pleitear perdas e danos, lembrando-se que estas têm de serem comprovadas. 
Art. 236. Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se acha, com direito a reclamar, em um ou em outro caso, indenização das perdas e danos.
OBS: Duas naturezas do dano- O Dano Emergente e o Lucro Cessante
Segundo a Desembargadora Federal do Trabalho Ivani Contini Bramante “o dano emergente corresponde ao prejuízo imediato e mensurável, decorrente da lesão sofrida, que pode ser apurado por documentos de pagamento de despesas, honorários, tratamentos de saúde, funeral, etc. Uma queda no padrão de vida do pleiteante é ressarcida com a indenização pelo salário ou recebimentos que ele deixou de receber, ou seja, lucros cessantes”.[4: <http://ambito-juridico.jusbrasil.com.br/noticias/70289/duas-naturezas-do-dano-o-dano-emergente-e-o-lucro-cessante>. Acesso em: 30 de janeiro de 2012]
OBS: Melhoramentos, acréscimos e frutos na obrigação de dar coisa certa
-As benfeitorias necessárias e úteis feitas antes da tradição pertencem ao devedor (quem está obrigado a dar) e este pode exigir um preço maior na coisa (art. 237), mas não pode cobrar a mais pelas benfeitorias voluptuárias- Entendimento doutrinário.
Parágrafo único. Os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor os pendentes.
* Obrigação de Restituir (devolução da coisa recebida pelo devedor)
Perda da coisa (total)
a.1) Sem culpa: o credor (dono da coisa) sofrerá a perda, ficando reservados os seus direitos até o dia da perda. Por exemplo: se a coisa gerou frutos, o credor terá direito sobre esses até o dia da perda. Encontra-se neste caso o princípio res perit domino. 
Art. 238. Se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, sem culpa do devedor, se perder antes da tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação se resolverá, ressalvados os seus direitos até o dia da perda.
a.2) Com culpa: “Art. 239. Se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá este pelo equivalente, mais perdas e danos.”
b)Deterioração da coisa (parcial)
b.1) Sem culpa: o credor deverá receber a coisa da forma que se encontra. 
Art. 240. Se a coisa restituível se deteriorar sem culpa do devedor, recebê-la-á o credor, tal qual se ache, sem direito a indenização[...].
b.2) Com culpa: Art. 239/240. Se a coisa se deteriorar por culpa do devedor, responderá este pelo equivalente, mais perdas e danos.
Embora o artigo 240 traga apenas como conseqüência o direito a indenização por perdas e danos, o credor pode optar entre receber a coisa do jeito que se encontre OU exigir o equivalente pecuniário. Ambos não prejudicam o pleito das perdas e danos.
* Obrigação de dar coisa incerta ou Obrigaçãode dar genérica
a) Nesses casos, enquanto a obrigação for de dar coisa incerta, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa antes da escolha, pois o gênero nunca perece. 
Art. 246. Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito.
b) Esta indeterminação é passageira e transitória, pois esta cessa na escolha do objeto, no ato de concentração, no momento que se especifica o objeto.
Por exemplo: o contrato trata de “gado”- objeto incerto; no ato de concentração trata-se de certo grupo de gado nelore. Mas a coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade (Art. 243).
c) Caso acordo em contrário, a escolha da concentração é do devedor (quem dá/entrega) e, desta maneira, este não poderá dar a coisa pior, nem o credor exigir a melhor, segundo o artigo 244. Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence ao devedor, se o contrário não resultar do título da obrigação; mas não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar a melhor.
OBS: A responsabilidade civil do devedor de dar coisa incerta é maior do que o de dar coisa certa, pois mesmo que haja falta de especificação da espécie, o gênero nunca perece. Por exemplo: rouba-se o boi que estava acordado no contrato, sendo este tipo de obrigação, o devedor deve providenciar outro boi para o credor.
Curiosidades: Aspectos processuais (CPC). “Astreinte, do latim astringere, de ad e stringere, apertar, compelir, pressionar. Originária do Direito Francês astreinte”. É possível atualmente a aplicação de astreintes no direito brasileiro: multa por dia ou hora, imposta pelo juiz como medida preventiva para cumprimento de obrigação. Artigo 461, a) Na ação que tenha por objeto a entrega de coisa, o juiz, ao conceder a tutela específica, fixará o prazo para o cumprimento da obrigação.
2) Obrigação de Fazer:
Interessa ao credor a própria atividade do devedor.
2.1) Fungível: a pessoa do devedor pode ser substituída por outra
2.2) Infungível: a pessoa do devedor é insubstituível, personalíssima ou intuitu personae.
a) Não execução da coisa:
a.1) Sem culpa: Se a prestação do fato tornar-se impossível sem culpa do devedor, resolver-se-á a obrigação (Art. 248)
a.2) Com culpa: se por culpa dele, responderá por perdas e danos (Art.248).
A única conseqüência prevista no código quando há inadimplemento de uma obrigação de fazer é a indenização pelas perdas e danos, porém, às vezes, apenas perdas e danos não compensam o dano sofrido. Este é um posicionamento retrógrado no Direito das Obrigações por considerar apenas a tutela repressiva, esquecendo-se da tutela preventiva, a mais adequada forma de proteção para importantes bens jurídicos, como a vida, honra, imagem, privacidade, etc. Desta forma, a jurisprudência já dispõe de outros meios para assegurar um resultado prático e efetivo das obrigações, como medidas liminares e fixação de astreintes.
3) Obrigação de não fazer
O devedor se compromete a abster-se de fazer algo. Ex: há contratos em que a pessoa do devedor não deve fazer algo estabelecido.
Só cabe uma tutela repressiva:
a.1) Sem culpa: Art. 250. Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do devedor, se lhe torne impossível abster-se do ato, que se obrigou a não praticar.
a.2) Com culpa: direito a pleito de perdas e danos. Art. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor pode exigir dele que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas e danos.
OBS: tem que haver sujeitos (concretos) ativo e passivo para que haja uma obrigação de não fazer. Por exemplo: “Matar alguém” não é obrigação de não fazer!
*Classificação Especial das Obrigações
1. Quanto ao Elemento Subjetivo:
1.1. Fracionárias: em regra as obrigações são desse tipo. Havendo mais de um devedor, cada um destes terá o dever de pagar a sua quota-parte. Havendo mais de um credor, cada um destes só poderá exigir a sua quota-parte. 
Art. 257. Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível, esta se presume dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou devedores.
Aplica-se o princípio concursu partes fiunt: cada um deles responde apenas por parte da dívida, e tem o direito a apenas parte do crédito.
1.2. Disjuntivas: os devedores se obrigam alternadamente ao cumprimento da obrigação. 
“Há vários devedores que se obrigam, cada um deles, por toda a obrigação. O credor pode escolher qual deles fará o pagamento. Uma vez escolhido, os outros se desoneram, retirando-se por completo da relação. É o caso típico dos contratos administrativos precedidos de licitação, em que cada licitante se obriga por toda a obrigação nos termos da proposta que fez. Sendo escolhido um deles, os demais se desobrigam”.[5: TOMASZEWSKI, Adauto de Almeida. < http://adauto-tomaszewski.blogspot.com/2008/04/teoria-geral-das-obrigaes-1.html >. Acesso em 30 de janeiro de 2012.]
1.3. Solidárias:
a) Ativa: há mais de um credor e cada um deles poderá exigir todo o crédito como se ele fosse único. 
Art. 260. Se a pluralidade for dos credores, poderá cada um destes exigir a dívida inteira; mas o devedor ou devedores se desobrigarão, pagando:
I - a todos conjuntamente;
II - a um, dando este caução de ratificação dos outros credores.
Art. 261. Se um só dos credores receber a prestação por inteiro, a cada um dos outros assistirá o direito de exigir dele em dinheiro a parte que lhe caiba no total.
Ex1: contrato em que haja mais de um locador, cada um deles pode pleitear o débito por completo.
b) Passiva: Havendo mais de um devedor, cada um deles será responsável por toda a dívida. Ou seja, mais segurança para o credor.
Caso apenas um pague tudo, poderá depois pleitear a quantia devida aos outros devedores.
Art. 259. Parágrafo único. O devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no direito do credor em relação aos outros coobrigados.
OBS: CPC, Art. 77.  É admissível o chamamento ao processo:
III - de todos os devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de alguns deles, parcial ou totalmente, a dívida comum.
Ex: Três pessoas pedem empréstimo ao banco, este pode exigir pagamento a apenas um deles e este tem a obrigação de pagar. 
A obrigação solidária não se presume; ela pode decorrer da lei (ex lege): 
* Art. 829/CC. A fiança conjuntamente prestada a um só débito por mais de uma pessoa importa o compromisso de solidariedade entre elas, se declaradamente não se reservarem o benefício de divisão;
* Lei de locação- Art. 2º Havendo mais de um locador ou mais de um locatário, entende - se que são solidários se o contrário não se estipulou;
* Lei de Direito autoral- Art. 110. Pela violação de direitos autorais nos espetáculos e audições públicas, realizados nos locais ou estabelecimentos a que alude o art. 68, seus proprietários, diretores, gerentes, empresários e arrendatários respondem solidariamente com os organizadores dos espetáculos.
 Ou da vontade das partes (ex voluntate): através de contrato inter-partes.
c) Perdas e danos: cabe a responsabilidade somente ao devedor solidário culpado, mas todos continuam solidariamente obrigados ao pagamento do valor equivalente.
d) Juros Mora: responsabilidade de todos os devedores solidários.
Remissão/Perdão X Renúncia/Exoneração de um co-devedor solidário
Permanece neste tema um embate entre os efeitos da remissão e da exoneração em relação à divisão da quota do devedor insolvente, à luz do artigo 284 do nosso Código Civil. Vejamos:
e) Remissão/Perdão da dívida de co-devedor solidário: se o credor perdoa a dívida de um dos devedores solidários, os demais permanecerão vinculados ao pagamento da dívida, abatido a quantia revelada, ou seja, abatido a quantia perdoada pelo credor. Neste caso o devedor fica inteiramente libertado do vínculo obrigacional, inclusive no que tange ao rateio da cota eventual do devedor insolvente (aquele que não dispõe de patrimônio suficientepara cumprir a obrigação/o seu patrimônio é menor que a sua dívida).
Art. 388. A remissão concedida a um dos co-devedores extingue a dívida na parte a ele correspondente; de modo que, ainda reservando o credor a solidariedade contra os outros, já lhes não pode cobrar o débito sem dedução da parte remitida.
f) Renúncia/Exoneração de um co-devedor solidário: Art. 282. O credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns ou de todos os devedores.
Parágrafo único. Se o credor exonerar da solidariedade um ou mais devedores, subsistirá a dos demais. 
Art. 284. No caso de rateio entre os co-devedores, contribuirão também os exonerados da solidariedade pelo credor, pela parte que na obrigação incumbia ao insolvente.
Nas palavras do professor José Fernando Simão: “O debate que se trava em torno do artigo é se a regra em questão (o art. 284) se aplica apenas aos casos de renúncia/exoneração da solidariedade ou também às hipóteses de remissão/perdão da dívida”. Pois, segundo o citado professor, renúncia da solidariedade e remissão de dívida não se confundem. Nesse sentido, com a contribuição da teoria dualista, percebe-se que o perdão da dívida, ou seja, sua remissão, diminui o valor do débito como um todo. E conclui, assim, se tivermos cinco devedores solidários da importância de R$ 100.000,00, caso o credor perdoe um dos devedores, o valor da dívida passa a ser de R$ 80.000,00 (art. 388 do CC).
“Por outro lado, a renúncia da solidariedade não implica em diminuição do valor do débito. A solidariedade é uma garantia que tem o credor de demandar um ou alguns dos devedores por parte da dívida ou pela dívida toda (art. 264 do CC). A renúncia da solidariedade apenas acaba com a garantia. Assim, se tivermos cinco devedores solidários da importância de R$ 100.000,00, caso o credor renuncie à solidariedade com relação a todos, o valor da dívida ainda será de R$ 100.000,00, só que a obrigação passa a ser divisível e cada devedor só responderá pela sua quota-parte”. Complementando: permanece o direito do credor em demandar a dívida toda de apenas parte dos devedores solidários. O exonerado continuará obrigado, no rateio entre os codevedores, pela parte que caiba ao devedor insolvente.[6: SIMÃO, José Fernando. Solidariedade passiva, remissão de dívida e renúncia do credor – Enunciado 350 do Conselho da Justiça Federal. <http://www.professorsimao.com.br/artigos_simao_CF_01_2007.htm>. Acesso em 31 de janeiro de 2012]
Em sua justificativa, “os relatores do Enunciado 350 do Conselho da Justiça Federal explicam que como a remissão extingue a dívida com relação à parcela revelada, não pode ela prejudicar terceiros ou os próprios co-devedores. E citam SERPA LOPES para confirmar sua proposição: se o credor perdoou um dos devedores, por sua liberalidade, não seria razoável que os outros devedores arquem com o desfalque daí decorrente”.
Eis o enunciado 350 do Conselho da Justiça Federal proposto por Gustavo Tepedino e Anderson Schreiber: “A renúncia à solidariedade diferencia-se da remissão (perdão) em que o devedor fica inteiramente liberado do vínculo obrigacional, inclusive no que tange ao rateio da quota do eventual co-devedor insolvente, nos termos do artigo 284”.
Entretanto, mesmo com tantas tentativas de esclarecimento, a matéria não é pacífica e, seguindo a doutrina de José Fernando Simão, parte dos autores afirma que o termo “exonerados” utilizado pelo artigo 284 do Código Civil também se refere à remissão da dívida, hipótese em que, quanto ao rateio da quota do insolvente, tanto a remissão como a renúncia da solidariedade teriam idêntico efeito, qual seja, a divisão da quota do insolvente não só entre os beneficiados pela renúncia, como também pelos perdoados.
Ou seja, segundo a teoria Dualista que considera a diferença entre Remissão/Perdão e Renúncia/Exoneração de um co-devedor solidário:
	Remissão/Perdão
	Renúncia/Exoneração
	O devedor fica inteiramente libertado do vínculo obrigacional, inclusive no que tange ao rateio da cota eventual do devedor insolvente
	O credor tem direito de demandar a dívida toda de apenas parte dos devedores solidários. O exonerado continuará obrigado, no rateio entre os codevedores, pela parte que caiba ao devedor insolvente.
	O perdão da dívida, ou seja, sua remissão, diminui o valor do débito como um todo
	A renúncia da solidariedade não implica em diminuição do valor do débito
Quanto ao Elemento Objetivo- A prestação (objeto da obrigação):
2.1. Obrigação Alternativa: tem por objeto uma pluralidade de prestações e o devedor se exonera cumprindo apenas uma delas; são prestações excludentes entre si. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se estipulou.
Neste caminho, regulamenta o artigo 252:
§ 1o Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte em outra.
§ 2o Quando a obrigação for de prestações periódicas, a faculdade de opção poderá ser exercida em cada período.
§ 3o No caso de pluralidade de optantes, não havendo acordo unânime entre eles, decidirá o juiz, findo o prazo por este assinado para a deliberação.
§ 4o Se o título deferir a opção a terceiro, e este não quiser, ou não puder exercê-la, caberá ao juiz a escolha se não houver acordo entre as partes.
Podem decorrer de lei ou de acordo entre as partes. Exemplos de obrigação alternativa legal:
*Código Civil. Art. 442. Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (art. 441), pode o adquirente reclamar abatimento no preço;
*Código Civil. Art. 1.701. A pessoa obrigada a suprir alimentos poderá pensionar o alimentando, ou dar-lhe hospedagem e sustento, sem prejuízo do dever de prestar o necessário à sua educação, quando menor.
Parágrafo único. Compete ao juiz, se as circunstâncias o exigirem, fixar a forma do cumprimento da prestação.
As regras que regulam a obrigação alternativa estão contidas no Capítulo IV do nosso Código Civil, do artigo 252 ao 256. Assemelha-se a obrigação de dar coisa incerta, mas com vantagens.
a) Vantagens para o devedor: aumentam as possibilidades de cumprimento da obrigação;
b) Vantagens para o credor: diminuem os riscos de inadimplemento.
Exemplo: Reserva de Hotel. Há quatro suítes reservadas, mas basta uma disponível para que a obrigação seja cumprida.
2.2. Impossibilidade de cumprimento das Obrigações Alternativas:
a) Impossibilidade Total (A, B, C)
a.1) Sem culpa: Art. 256. Se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do devedor, extinguir-se-á a obrigação. Caso o devedor já tiver recebido alguma parte da prestação, devolve-se.
a.2) Com culpa, não competindo a escolha ao credor: o devedor deverá pagar a prestação que se impossibilitou, que se “perdeu”, por último, além das perdas e danos;
a.3) Com culpa, competindo a escolha ao credor: o credor poderá exigir o valor de qualquer uma das prestações, além das perdas e danos (art. 255).
b) Impossibilidade Parcial (A, B, C)
b.1) Sem culpa: Art. 253. Se uma das duas prestações não puder ser objeto de obrigação ou se tornada inexeqüível, subsistirá o débito quanto à outra. Ou seja, haverá concentração automática do débito da prestação remanescente.
b.2) Com culpa, não competindo a escolha ao credor: realiza-se a mesma situação do artigo 253.
b.3) Com culpa, competindo a escolha ao credor: o credor poderá exigir o valor da prestação que se impossibilitou mas perdas e danos a serem comprovadas. Art. 255. Quando a escolha couber ao credor e uma das prestações tornar-se impossível por culpa do devedor, o credor terá direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da outra, com perdas e danos[...].
Diferença entre Obrigação de Dar Coisa Incerta (obrigação genérica) e Obrigação Alternativa:
	Obrigação de Dar Coisa Incerta
	Obrigação Alternativa
	É simples. Apenas um objeto da Obrigação
	Há uma pluralidade de objetos, de prestações possíveis
2.3. Obrigação Facultativa:
Crítica da Doutrina ao vocábulo “facultativa”: Se é uma obrigação, como poderia ser “facultativa”? O mais coerente seria“obrigação com faculdade de substituição do objeto”.
Ao contrário da obrigação alternativa, a facultativa tem um único objeto que é considerado a obrigação principal. Neste caso, o devedor tem a faculdade de substituir uma prestação, um objeto, por outro. Todavia o credor não pode exigir o cumprimento da prestação facultativa, só poderá exigir o da principal.
Ex: Contrato de consignação. Considerado no nosso Código Civil como “Contrato Estimatório”, art. 534 ao 537. 
Há posição da doutrina na seguinte forma: se a prestação principal se impossibilitar sem culpa do devedor, será extinta a obrigação e o credor não poderá exigir a prestação do objeto subsidiário. Porém há controvérsias. 
	Facultativa
	Alternativa
	Se o objeto principal perecer sem culpa do devedor, extingue-se a obrigação
	Se o objeto principal perecer, o devedor deverá substituí-lo por outro
3. Teoria do Pagamento:
Refere-se ao adimplemento; implemento; solução; solutio; cumprimento da obrigação. É a “morte” natural; o cumprimento voluntário de qualquer obrigação.
a) A existência de um vínculo obrigacional;
b) O sujeito ativo do pagamento (o devedor, o solvens- quem paga) é o sujeito passivo da obrigação;
c) O sujeito passivo do pagamento (o credor, o accipiens- quem recebe) é o sujeito ativo da obrigação.
3.1. Condições subjetivas do pagamento:
a) Quem deve pagar: o devedor; o solvens. Porém não é somente este que tem a legitimidade para pagar, pois é possível que seja feito por um terceiro, este é o denominado terceiro interessado e assim o é pois poderá sofrer os efeitos do inadimplemento da obrigação no seu patrimônio.
Ex: o Fiador; o sócio de uma empresa quando esta tem dívida
*Classificação Especial das Obrigações:
1. Quanto ao elemento subjetivo
1.1. Fracionárias
1.2. Disjuntivas
1.3. Solidárias
2. Quanto ao conteúdo
2.1. Obrigação de meio
2.2. Obrigação de resultado
2.3. Obrigação de garantia
3. Quanto ao elemento objetivo- prestação
3.1. Alternativa
3.2. Facultativa

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