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EPISTEMOLOGIA GENÉTICA DE JEAN PIAGET 
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Carla Beatris Valentini*
 Piaget, em sua teoria, nos mostra como acontece o desenvolvimento cognitivo, ou seja, o desenvolvimento do pensamento na criança. Desde os estágios iniciais até a formalização do conhecimento, na adolescência. O importante é considerar que o desenvolvimento cognitivo, na teoria piagetiana, não ocorre nos moldes do empirismo, como provendo unicamente da experiência, imposto de fora para dentro e o sujeito sofrendo passivamente a influência do meio. Nem tampouco é considerado inato e já presente no sujeito. O que é inato é a flexibilidade (primeiramente neurônica, e depois, motora e semiótica) para fazer as combinações. O resultado dessas combinações é a invenção, a construção do conhecimento. 
Vale lembrar que Piaget era um biólogo por formação, no entanto, teve antecedentes intelectuais no campo da filosofia, da psicologia, da matemática, da lógica, da física além da biologia. Em seus estudos interdisciplinares, sempre pesquisando diversos assuntos, Piaget abriu um novo campo de estudos: A Epistemologia Genética. 
A Epistemologia tradicional só conhecia os resultados finais de um complexo processo de formação, mas não como se inicia e como se dá esse processo. A Epistemologia Genética procura através da experimentação, da observação, desvendar os processos fundamentais da formação do conhecimento. 
Epistemologia =  saber, ciência, conhecimento 
Gênese = início 
O objetivo da Epistemologia Genética é saber em que condições se desenvolve a inteligência. A obra de Piaget é fonte de conhecimentos importantes. Talvez o mais conhecido da obra deste epistemólogo sejam as idéias sobre os estágios de desenvolvimento da inteligência. Porém a preocupação central de Piaget foi a epistemologia. Seu interesse centrava-se em como a criança aprende, como o conhecimento progride dos aspectos mais inferiores aos mais complexos e rigorosos. 
Em seu trabalho de pesquisa sobre a gênese do conhecimento Piaget perguntava-se: 
- As noções básicas do sujeito em crescimento provém da experiência, são apriorísticas ou se constroem? 
- Qual o mecanismo explicativo da constituição dos conhecimentos? 
Foi a partir destas questões e com estas expectativas que Piaget averiguou a formação do espaço, do tempo, da causalidade, do número, das quantidades físicas...; praticamente quase todas as categorias cognitivas,desde as mais simples até as mais complexas, desde  o nascimento até a adolescência. 
É tentando pensar nestas questões e entender o paradigma que envolve a Epistemologia Genética que iremos desenvolver esse pequeno texto. Não nos deteremos nos estágios do desenvolvimento da inteligência (sensório-motor, pré-operatório, operatório-concreto e lógico-formal). Iremos refletir sobre os fatores de desenvolvimento e como eles acontecem, não nos detendo em um único estágio. 
Veremos como o conhecimento é construído a partir das interações com o mundo. Esse processo é dinâmico e dialético, estamos sempre reformulando nosso conhecimento e interagindo com o mundo. 
Partindo de um sujeito ativo e que interage com o meio nos deparamos como ponto chave da teoria piagetiana. 
A psicologia quando quis assumir-se como ciência tinha que ter um objeto de estudo. A ciência se fazia com objetos mensuráveis, observáveis e controlados experimentalmente. Assim o comportamento era o objeto de estudo e o comportamento observável é a resposta do sujeito ao ambiente. É o observável na interação. 
Durante muito tempo só se pensou que se fazia psicologia quando se estudava o comportamento. Piaget não estuda o comportamento. Estuda a conduta. A conduta é mais do que a resposta ao ambiente. A conduta está impregnada de valores, de intencionalidade. A conduta não é apenas o comportamento observável, aquela parte que é só o movimento do sujeito. Na conduta há um componente de valor e intencionalidade. 
Piaget vê como é construído o conhecimento, o conhecimento em termos de significação. A inteligência constrói significações, dá significado ao mundo. 
A significação é dada na relação entre sujeito e ambiente através do mediador. O mediador é a atividade do sujeito. (Não simples atividade ou experiência física, mas abstração das coordenações que ligam essas ações, relacionando as propriedades das ações e não apenas dos objetos). 
Como, por exemplo, num bebê são os índices perceptivos, os objetos que ele vai tocar, sentir que darão significado às coisas. Essa atribuição de significado refere-se às coordenações que ligam as ações da criança. A criança se relaciona com as propriedades das ações e não apenas dos objetos. (Classifica os objetos em sugável, pegável...) Por isso não é só comportamento observável. 
Assim o sujeito interage com o meio para adquirir conhecimento. 
A inteligência é uma atividade organizadora a partir da qual os objetos adquirem significações, podem ser compreendidos. 
A ação da criança é a ferramenta que existe para dar significado. Essa ação Piaget define por um constructo que chama-se esquema, esquema de ação. Esquema é o significado que o sujeito coloca no objeto através da ação. É o generalizável na ação. 
“Chiarottino, referindo-se aos estudos de Piaget, fala da hipótese deste cientista de que como existem estruturas específicas para cada função do organismo, da mesma forma existiriam estruturas específicas para o ato de conhecer que produziriam o conhecimento necessário e universal, buscado pelos filósofos. Essas estruturas teriam uma gênese, isto é, não apareceriam prontas no organismo. Esta gênese justificaria a ausência de lógica no racioncínio das crianças, na primeira infância, em contraste com a lógica do raciocínio adulto.”(Rangel, 1992) 
É pela troca do organismo com o meio, ou seja, através da ação adaptativa que ocorre a construção das estruturas mentais. 
O sujeito interagindo no mundo, isto é, agindo sobre o mundo e sofrendo a influência da ação deste sobre si, está em constante processo de adaptação. Adaptação, na teoria piagetiana, implica num sujeito ativo, capaz de transformar a realidade na qual interage e de transformar a si mesmo, construindo seus conhecimentos, ou seja, sua inteligência. 
Assim o desenvolvimento é um processo contínuo de adaptação. 
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Fatores do desenvolvimento: 
Na teoria psicogenética há fatores internos do sujeito e fatores de interação do sujeito com a realidade. Existem fatores que são influenciadores do desenvolvimento e um fator que Piaget considera como dominante. Os fatores influenciadores são: hereditariedade (maturação biológica), experiência física, transmissão social. O fator determinante é o processo de equilibração. 
  
A hereditariedade influencia o desenvolvimento, mas é insuficiente para explicá-lo, a própria maturação está na dependência da atividade do sujeito. 
A experiência física é entendida como toda a experiência que resulta das ações realizadas materialmente; se este é essencial ao desenvolvimento, também é insuficiente porque a lógica da criança não é resultante apenas dele. É necessária a coordenação interna entre as ações que a criança exerce sobre os objetos. 
A transmissão social  diz respeito ao fator da educação que é fundamental, mas não suficiente. Para a transmissão ser possível entre o adulto e a criança ou entre o meio social e a criança a ser educada, é necessário que ela assimile o que o meio lhe quer transmitir. E essa assimilação é acionada pelas leis do desenvolvimento. 
A equilibração é o fator essencial e determinante no desenvolvimento do sujeito neste processo de adaptação ao meio em que vive. A equilibração se caracteriza por dois aspectos: equilibrar entre si os outros 3 fatores do desenvolvimento e equilibrar a descoberta de uma noção nova, com outras já existentes nas possibilidades de entendimento da criança ou adulto. 
Diante do enfrentamento de um conflito cognitivo, é necessário um jogo de regulações e de compensações para que se atinja uma coerência entre o que já se sabia comas novidades provocadoras deste conflito; isto acontece pelas leis da equilibração. 
O processo interno de regulação e compensação se dá através de mecanismos internos de assimilação e acomodação. 
Assimilação: É o mecanismo que o sujeito aplica para procurar compreender o mundo. Todas as coisas, todas as idéias (dele e dos outros) tendem ser explicadas, inicialmente, pelo próprio sujeito em função de seus esquemas ou estruturas cognitivas até então construídas. O sujeito está num movimento constante de assimilação desta realidade aos seus esquemas ou estruturas cognitivas. O sujeito está em constante assimilação (retirada de dados). 
Assim é que,nós, diante de qualquer situação nova, primeiramente buscamos interpretá-la segundo nossas concepções atuais, emitindo hipóteses possíveis à sua interpretação dentro do contexto presente de nossa inteligência. 
Piaget diz “pela assimilação, quando o sujeito age sobre o objeto este não é absorvido pelo objeto, mas o objeto é assimilado e compreendido como relativo às ações do sujeito... desde as coordenações mais elementares encontramos na assimilação uma espécie de esboço ou prefiguração do julgamento: o bebê que descobre que um objeto pode ser sugado, balançado ou puxado se orienta para uma linha ininterrupta de assimilação, que conduzem até as condutas superiores, que usa o físico quando assimila o calor ao movimento ou uma balança a um sistema de trabalhos virtuais.”(Piaget, 1973,pg.69) 
Quando, diante de uma nova situação, a assimilação é possível, ocorre a incorporação desta situação, ou seja, o seu entendimento, sem implicar necessidades de modificação interior nas concepções de nossos sistemas cognitivos. O sujeito age e se apropria do objeto de conhecimento, atribuindo-lhe significado próprio, já que é integrado às possibilidades de entendimento (inteligência) até então construídas pelo sujeito. 
No entanto, nem sempre ocorre a assimilação pura, uma situação nova pode provocar  perturbação quando deparamos com uma característica da experiência que contradiga as nossas hipóteses possíveis de interpretação. 
Um exemplo poderia ser a criança em processo de alfabetização, quando na fase silábica escreve gato com duas letras: GT e pede para alguém ler e lê-se: GT, ou depois de algum tempo ela volta e não consegue mais ler o que escreveu. 
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Acomodação: Quando o objeto que se pretende assimilar impõe resistências e não é possível a sua apreensão o sujeito faz um esforço em sentido contrário ao da assimilação, isto é, se lança em movimento de acomodação. Modifica as suas hipóteses anteriores às exigências por esta ‘novidade’ e torna possível sua assimilação. 
A acomodação surge a partir das perturbações provocadas pelas situações novas que o sujeito enfrenta. 
Na acomodação, o sujeito age no sentido de se transformar, ajustando-se através de um esforço pessoal e espontâneo às resistências impostas pelo objeto de conhecimento, que não foi possível ser assimilado imediatamente. Ex.: o bebê tenta a preensão de uma caixa com o mesmo movimento de preenção de um bico. Deve então acomodar a sua preenção para conseguir pegar o objeto. 
O ato inteligente é a atividade em que ocorre equilíbrio entre a assimilação e a acomodação. Aí o sujeito é capaz de inventar uma solução própria para uma situação-problema que vivencia, sustentada na experiência lógico-matemática. 
O prazer e a necessidade devem estar presentes nas atividades pedagógicas, pois impulsionam a ação, também pela natureza afetiva. A necessidade impulsiona o sujeito no sentido de conquistar o objeto desejado. Coloca em funcionamento as formas atuais de conhecer (assimilação), também no sentido de impulsionar o sujeito a se apropriar de um novo objeto de conhecimento que impõe resistência à sua assimilação.  O sujeito, então, age para transformar-se e acomodar-se ao objeto. 
Quando o sujeito é capaz de integrar o novo conhecimento aos instrumentos cognitivos construídos por modificação, melhoramento e superação das formas anteriores de pensar, conceber e interpretar a realidade, cessa a sua ação reequilibradora, pois ele atingiu um novo patamar de equilíbrio, superior e melhor do que os conquistados anteriormente. 
Quando o sujeito tem consciência de que é capaz de se auto-superar apropriando-se do objeto de conhecimento aparece o prazer também presente nesse processo. 
O processo de equilibração explica a construção das estruturas da inteligência: é no equilíbrio progressivo entre a assimilação e a acomodação que o pensamento atinge sua crescente mobilidade, perpassada pela ação adaptativa do sujeito ao meio. O processo de equilibração é contínuo. 
Muito se fala e alguns consideram que Piaget leva em conta a experiência e a atividade do sujeito, relacionando-o ao empirismo. Ou então, considerando que a simples exploração, proporcionando muitos materiais para a criança brincar, olhar, explorar , leve a construção de conhecimento e de estruturas mais complexas. 
Existem dois tipos de experiência, duas formas de lidar com os materiais. 
A experiência física, ou seja, agir sobre os objetos propriamente ditos. Concepção clássica do que seja experiência. O sujeito age sobre o objeto e pela abstração das ações que exerce sobre os objetos, descobre as propriedades físicas deste objeto, bem como as propriedades observáveis das ações realizadas materialmente. Pela experiência física a criança descobre as propriedades físicas do objeto. 
Porém, sem uma organização estruturada no nível da inteligência, não seria possível o entendimento de tais propriedades, isto é, precisa ocorrer a assimilação deste objeto às estruturas da inteligência até então construídas pela criança. É aí que se evidencia a inter-relação entre a experiência física e a experiência lógico-matemática. 
A experiência lógico-matemática envolve não somente as abstrações exercidas sobre os objetos, mas as abstrações das coordenações que ligam essas ações; ela se relaciona com as propriedades das ações e não apenas dos objetos. 
É característica da experiência lógico-matemática a abstração reflexiva. A abstração reflexiva é construída na mente do sujeito ao criar relacionamentos entre vários objetos e coordenar essas relações entre si. Na abstração simples, é a abstração do próprio objeto, ou seja, de suas propriedades mediante a observação das respostas que o objeto dá à ação exercida sobre ele. Ex.: estabelecer relações entre a massa de modelar e outros objetos, coordenar mentalmente essas relações, classificar objetos que são moldáveis dos que não são.  Nesse caso a criança já pensa no objeto em si, mas relaciona-o com outros objetos, em função das ações exercidas sobre ele e coordenando essas relações no seu pensamento. 
A partir de um dado momento o sujeito é capaz de realizar operações lógico-matemáticas dispensando a experiência física, interiorizando as ações em operações simbolicamente manipuláveis. Neste nível existe uma lógica e uma matemática pura onde a experiência física é inútil. 
Pensamos que a informação entra pelos sentidos. Entra pelas palavras do professor, pelo desenho do quadro... A psicologia clássica fala em associação. Os neurologistas falam das zonas de associação: percepção tátil associa com a percepção olfativa... Desta forma pensamos que tendo a experiência, fazendo a exploração sensorial nós teremos as noções, o conhecimento. 
Antes de prosseguir faça a seguinte experiência: 
Pense numa bicicleta. Certamente você já viu uma bicicleta ou já andou de bicicleta. 
Agora desenhe a bicicleta. Não se preocupe com a perfeição do desenho, é um desenho para você mesmo. Então vamos lá, faça o seu desenho antes de prosseguir o texto! 
  
  
Agora tendo o seu desenho em mãos e pensando sobre essa experiência vamos refletir: 
  
  
  
  
  
A experiência da bicicleta nos ajuda a refletir sobre o conhecimento. Se pensamos numa bicicleta, ao fecharmos os olhos temos a imagem dela. Se é verdade que as informações entram pelos sentidos através da experiência,ao desenharmos uma bicicleta esta deve ser a cópia fiel de nossa imagem mental. 
Agora veja a bicicleta que você desenhou... 
O que é fundamental para a bicicleta andar? 
Que partes da bicicleta você desenhou? 
O desenho da sua bicicleta tem a correia? Onde ela fica? 
Onde está colocada a correia? Qual a relação da correia com as rodas? 
E se você não colocou a correia? Por que não colocou? 
Que outras partes você agora percebe que estão faltando? 
Se não tem significado nós não colocamos na experiência o significado. 
Quando pensamos sobre isso estamos fazendo uma tomada de consciência sobre uma engrenagem que obedece à princípios da física. Estava tudo claro na nossa imagem mental da bicicleta? 
Foi suficiente a experiência e a percepção para “entrar o conhecimento na cabeça”? 
O que é preciso sobre a experiência? 
É preciso criar relações com o pensamento, e se o pensamento não cria relações não entra pela visão, se não tem significado no pensamento podemos olhar para a correia que não vamos compreender. 
A informação não entra pelos sentidos, o conhecimento não é transmitido de fora para dentro. Essa informação que entra pelos sentidos é processada pelo pensamento, pelas operações que o pensamento faz. E o pensamento só age sobre essa informação quando ele atribui significação, se não tem significado a criança não consegue representar. Não adianta manipular objetos se não se faz a transição. Como trabalhar com a experiência com significação e depois formalizar aquilo para a linguagem científica, para  a matéria que estamos trabalhando com a criança ? É necessário criar noções que no início serão pré-noções, depois essas noções devem virar conceitos claros que serão ferramentas de construir mais conhecimentos. O ensino tradicional dá a fórmula para a criança aplicar. Mas nós precisamos desenvolver a capacidade de pensar para testar o que nós sabemos. O quanto esse conhecimento vale e o quanto pode melhorar. 
Abstração Reflexiva: 
A abstração reflexiva é considerada por Piaget um dos aspectos mais gerais do processo de equilíbração e um dos motores do desenvolvimento. Ela se apóia nas coordenações das ações do sujeito, podendo estar inconsciente ou haver tomada de consciência.  Na abstração reflexiva, assim como no processo de equilibração, um conceito presente e importante é o da reequilibração. A reequilibração é a possibilidade de superar os desequilibrios provocados por alguma situação perturbadora e inesperada, gerando contradições no pensamento do sujeito. 
Na abstração reflexiva ocorre um processo de reorganização da estrutura com as novas combinações que surgem a partir desse movimento reequilibrador . Essa reorganização utiliza os elementos do sistema anterior, integrando a ele as ‘novidades’ provocadoras do desequilíbrio.  A abstração reflexiva possui dois aspectos inseparáveis: o ‘refletir’  (réfléchissement), ou seja, a projeção sobre o plano superior daquilo que é retirado do plano inferior, e a ‘reflexão’  ato mental de reconstrução e reorganização, no plano superior, do que é transferido do inferior. 
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 Bibliografia 
Piaget, J. (1983b) Problemas de Psicologia Genética. Piaget. Coleção Os Pensadores. 2.ed. São Paulo: Abril Cultural. 209-293. 
_____, J. (1983a) A Epistemologia Genética. Piaget. Coleção Os Pensadores. 2. ed. São Paulo: Abril Cultural. 1-64. 
_____, J. (1987) O Nascimento da Inteligência na Criança. 4a.ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara. 
_____, J. (1976) A Equilibração das Estruturas Cognitivas. Rio de Janeiro: Zahar Editores. 
Rangel, A. C. (1992) Educação Matemática e a Construção do Número pela Criança. Porto Alegre: Artes Médicas. 
  
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* Mestre em Psicologia do Desenvolvimento - UFRGS 
   Doutoranda em Informática na Educação - UFRGS

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