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Historia de Israel

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2011 
 
HISTÓRIA DE 
ISRAEL 
 
TADEU 
RODRIGUES 
 
HISTÓRIA DE ISRAEL 
Trata-se de uma pesquisa detalhada para relatar a grande história de Israel 
1 
 
INTRODUÇÃOINTRODUÇÃOINTRODUÇÃOINTRODUÇÃO 
Quando pensamos nas grandes cidades do mundo, geralmente nos lembramos de 
nomes como Paris, Roma, Londres, Tóquio e Nova Iorque na lista das “cinco 
melhores” Jerusalém provavelmente não seria citada.Ainda sim, quase que 
diariamente, parece que a atenção do mundo está voltada para Jerusalém. 
A cidade é sagrada para três religiões mundiais: judaísmo, cristianismo, o islamismo. 
Cada uma desas religiões está muito ligada á cidade e aos lugares sagrados dela. 
“Mas, a devoção religiosa não é o mais importante 
em Jerusalém. Em ultima análise, a glória de 
Jerusalém não esta estabelecida em 
reconhecimento humano mas no que Deus declara 
sobre ela.” Tomas Icce 
Jerusalém é importante porque Deus declarou a sua impotância! Ele declarou na 
Bíblia que ela terá importância terrena e também eterna, Entre todas as grandes 
cidades do mundo, do passado, do presente, e do futuro, só Jerusalém possui uma 
garantia divina de eternidade. 
O povo judeu nasceu na Terra de Israel (Eretz Israel). Nela transcorreu uma etapa 
significativa de sua longa história, cujo primeiro milênio está registrado na Bíblia; 
nela se formou sua identidade cultural, religiosa e nacional; e nela se manteve 
ininterrupta, através dos séculos, sua presença física, mesmo depois do exílio 
forçado da maioria do povo. Durante os longos anos de dispersão, o povo judeu 
jamais rompeu ou esqueceu sua ligação com sua terra. Com o estabelecimento do 
Estado de Israel, em 1948, foi recuperada a independência judaica, perdida 2000 
anos antes. 
A área de Israel, dentro das fronteiras e linhas de cessar-fogo, inclusive os territórios 
sob o auto-governo palestino, é de 27.800 km2. Com sua forma longa e estreita, o 
país tem cerca de 470 Km de comprimento e mede 135 Km em seu ponto mais 
largo. Limita-se com o Líbano ao Norte, com a Síria a Nordeste, a Jordânia a Leste, 
o Egito a Sudoeste e o Mar Mediterrâneo a Oeste. 
A distância entre montanhas e planícies, campos férteis e desertos pode ser coberta 
em poucos minutos. A largura do país, entre o Mediterrâneo a Oeste e o Mar Morto, 
a Leste, pode ser cruzada de carro em cerca de 90 minutos; e a viagem desde 
Metullah, no extremo Norte, a Eilat, o ponto mais meridional leva umas 9 horasIsrael 
pode ser dividida em quatro regiões geográficas: três faixas paralelas que correm de 
Norte a Sul, e uma vasta zona, quase toda árida, na metade Sul do país. 
 
 
 
 
2 
 
NOMES E SIGNIFICADOS 
Segundo o pesquisador, Pr. Enéas Tognini, o nome de Jerusalém aparece em 
registros antiqüíssimos. Nos textos egípcios do Império Medo, foram grafados 
Rusalimun e Urusali-Mum. No texto Massorético, Yerusalaim. No aramaico bíblico 
Yeruselem. E para nosso vocabulário chegou através do grego Hierousalem. A 
cidade, antes de ser tomada pelos filhos de Israel, pertencia aos jebuseus. E nos 
escritos jebuseus lê-se Yebusi. Em Juízes 19:10 afirma-se que Jebus é Jerusalém, 
donde se conclui que o nome Jerusalém não é de origem hebraica. 
“Porém o homem não quis passar ali a noite; 
mas levantou-se, e partiu, e veio até a altura de 
Jebus (que é Jerusalém), e com ele os dois 
jumentos albardados, como também sua 
comcubina.” Juizes 19:10 
Nos Salmos 87:2 e 51:18 e mais 179 vezes, Jerusalém é chamada Sião. 
“Faze bem a Sião, segundo a tua vontade; edifica 
os muros de Jerusalém.” Salmo 51:18 
“O Senhor ama as portas de Sião mais do que as 
habitações de Jacó.” Salmo 87:2 
Outros nomes na Bíblia e extra-bíblicos são dados a Jerusalém: 
 
Cidade de Davi ( I Rs. 8.1) 
 
Cidade de Judá (II Cr. 25.28) 
 
Cidade Santa (Ne. 11.1 ) 
 
Cidade de Deus (Is. 60.14) (Sl. 87.2) 
 
Ariel (Is. 29.1) 
 
Ladeira de Deus (Is. 1.26) 
 
Cidade de Justiça (Is. 1.26) 
 
Cidade do Grande Rei (Mt. 5.35) 
 
• Aelia Capitolina (o primeiro nome do Imperador Adriano era Aelio e, em 135 
d.C. esse foi o nome que se deu à cidade que paganizou); 
 
• El-Kuds (“a santa”, nome que o árabe deu a Jerusalém). 
 
• Alguns estudiosos afirmam que a primeira parte da palavra Jerusalém (a raiz 
IRW) encerra a idéia de fundamento, e “Salém” significa paz, portanto 
Jerusalém = cidade da paz. Morada da paz! Eis o que significa Jerusalém 
na língua hebraica. 
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ANTIGO TESTAMENTOANTIGO TESTAMENTOANTIGO TESTAMENTOANTIGO TESTAMENTO 
Promessa de Deus 
Texto e Forma 
Antigo Testamento é o nome dado, desde os primórdios do Cristianismo, às 
escrituras sagradas do povo de Israel, formadas por um conjunto de livros muito 
diferentes uns dos outros em caráter e gênero literário e pertencente a diversas 
épocas e autores. 
O Antigo Testamento ocupa, sem dúvida, um lugar preeminente no quadro geral da 
importante literatura surgida no Antigo Oriente Médio. No decorrer da sua longa 
história, egípcios, sumérios, assírios, babilônicos, fenícios, hititas, persas e outros 
povos da região produziram um importante tesouro de obras literárias, porém 
nenhuma delas se compara ao Antigo Testamento quanto à riqueza dos temas e 
beleza de expressão e, muito menos, quanto ao valor religioso. 
Autores e tradição 
De acordo com a sua origem, os livros do Antigo Testamento podem ser 
classificados em dois grandes grupos. O primeiro é formado pelos escritos que 
deixam transparecer a atividade criadora do autor e parecem ser marcados pelo selo 
da sua personalidade. Tal é o caso de boa parte dos textos proféticos, cuja 
mensagem inicial foi, às vezes, ampliada, chegando, posteriormente, ao seu pleno 
desenvolvimento em âmbitos onde a inspiração do profeta original se deixava sentir 
com intensidade. 
No segundo grupo são incluídos os livros nos quais, não tendo permanecido marcas 
próprias do autor, foram as tradições que se encarregaram de transmitir a 
mensagem preservada pelo povo, proclamando-a e aplicando-a às circunstâncias 
próprias de cada tempo novo. A esse grupo pertence uma boa parte da narrativa 
histórica e da literatura cúltica e sapiencial. 
Transmissão do texto 
A passagem da tradição oral para a escrita chega ao Antigo Testamento num tempo 
em que o papiro e o pergaminho já estavam em uso como materiais de escrita. 
Deles se faziam longas tiras que, convenientemente unidas, formavam os chamados 
"rolos", uma espécie de cilindros de peso e volume às vezes consideráveis. Assim, 
chegaram até nós os textos do Antigo Testamento conforme (Jeremias 36), ainda 
que não nos seus manuscritos hebraicos originais, porque com o tempo todos 
desapareceram, mas graças à grande quantidade de cópias feitas ao longo de 
muitos séculos. Dentre elas, as mais antigas que temos pertencem ao séc. I a.C. 
Foram descobertas em lugares como Qumran, a oeste do mar Morto, algumas em 
muito bom estado de conservação e outras, muito deterioradas e reduzidas a 
fragmentos. 
Das cópias que contêm o texto integral da Bíblia Hebraica, a mais antiga é o Códice 
de Alepo, que data do séc. X d.C. e é o reflexo da tradição tiberiense. 
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O sistema alfabético utilizado nos primitivos manuscritos hebraicos carecia de 
vogais: na sua época e de acordo com um uso comum de diversas línguas 
semíticas, somente as consoantes tinham representação gráfica. Essa peculiaridade 
era, obviamente, uma fonte de sérios problemas de leitura e interpretação dos 
escritos bíblicos, cuja unificação realizou os especialistas judeus do final do séc. I 
d.C. 
O trabalho daqueles sábios foi favorecido na última parte do séc. V a.C. pelo 
desenvolvimento, sobretudo em Tiberíades e Babilônia, de um sistema de leitura 
que culminou entre os séculos VIII e XI d.C. com a composição do texto chamado 
"massorético". Nele, frutodo intenso trabalho realizado pelos "massoretas" (ou 
"transmissores da tradição"), ficou definitivamente fixada a leitura da Bíblia Hebraica 
através de um complicado conjunto de sinais vocálicos e entonação. 
Apesar do excelente cuidado que os copistas tiveram para fazer e conservar as 
cópias do texto bíblico, nem sempre puderam evitar que aqui e ali fossem 
introduzidas pequenas variantes na escrita. Por isso, a fim de descobrir e avaliar tais 
variantes, o estudo dos antigos manuscritos implica uma minuciosa tarefa de 
comparação de textos, não somente entre umas ou outras cópias hebraicas, mas 
também em antigas traduções para outras línguas: 
O texto samaritano do Pentateuco (escrita samaritana) as versões gregas, 
especialmente a Septuaginta (feita em Alexandria entre os séculos III e II a.C. e 
utilizada freqüentemente pelos escritores do Novo Testamento) as aramaicas (os 
targumim, versões parafrásticas) as latinas, em especial a Vulgata as siríacas, as 
coptas ou a armênia. Os resultados desse trabalho de fixação do texto se encontram 
sintetizados nas edições críticas da Bíblia Hebraica. 
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GEOGRAFIA E RELIGIÃOGEOGRAFIA E RELIGIÃOGEOGRAFIA E RELIGIÃOGEOGRAFIA E RELIGIÃO 
A Palestina do Antigo Testamento 
A região onde se desenrolaram os acontecimentos mais importantes registrados no 
Antigo Testamento está situada na zona imediatamente a leste da bacia do 
Mediterrâneo. O nome mais antigo dela registrado na Bíblia é "Terra de Canaã” 
“Tomou Tera a Abrão, seu filho, e a Ló, filho de 
Harã, filho de seu filho, e a Sarai, sua nora, mulher 
de seu filho Abrão, e saiu com eles de Ur dos 
caldeus, para ir à terra de Canaã; foram até Harã 
onde ficaram.” Gênesis 11:31 
Substituído posteriormente, entre os israelitas, por "Terra de Israel 
 “Ora, e toda terra de Israel nem um ferreiro se 
achava, porque os filisteus tinham dito: Para que 
os hebreus não façam espada, nem lança.” I 
Samuel 13:19 
“Dize ainda: Assim diz, o Senhor Deus : Hei de 
ajuntá-los do meio dos povos, e os recolherei das 
terras para onde foram lançados, e lhes darei a 
terra de Israel.” Ezequiel 11:17 
“Dispões-te, toma o menino e sua mãe e vai para 
a terra de Israel; porque já morreram os que 
atentavam contra a vida do menino.” Mateus 2:20 
Os gregos e romanos preferiram chamá-la de "Palestina", termo derivado do 
apelativo "filisteu", pelo qual era conhecido o povo que habitava a costa do 
Mediterrâneo. No tempo em que o Império Romano dominou o país, pelo menos 
uma região deste recebeu o nome de "Judéia". Durante a maior parte do período 
monárquico (931-586 a.C.), a terra de Israel esteve dividida em duas: ao sul, o reino 
de Judá, sendo Jerusalém sua capital e ao norte, o reino de Israel, tendo a cidade 
de Samaria como capital. 
As grandes diferenças políticas que separavam ambos os reinos aumentaram ainda 
mais quando, em 721 a.C., o reino do Norte foi conquistado pelo exército assírio. 
O território palestino é formado por três grandes faixas paralelas que se estendem 
do Norte ao Sul. A ocidental, uma planície banhada pelo Mediterrâneo, estreita-se 
em direção ao Norte, na Galiléia, e depois fica cercada pelo monte Carmelo. Nessa 
planície se encontravam as antigas cidades de Gaza, Asquelom, Asdode e Jope 
(atualmente um subúrbio de Tel Aviv e a Cesaréia romana, de construção mais 
recente. 
A faixa central é formada por uma série de montanhas que, desde o Norte, como 
que se desprendendo da cordilheira do Líbano, descem paralelas pela costa até 
penetrar no Sul, no deserto de Neguebe. O vale de Jezreel ou de Esdrelom, entre a 
Galiléia e Samaria, cortava a cadeia montanhosa, cujas duas alturas máximas estão 
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uma 1.208 m na Galiléia e a outra 1.020 m, na Judéia. Nessa faixa central do país, 
encontra-se a cidade de Jerusalém cerca de 800 m acima do nível do mar e outras 
importantes da Judéia, Samaria e Galiléia. 
Ao oriente da região montanhosa serpenteia o rio Jordão, o maior rio da Palestina, o 
qual nasce ao norte da Galiléia, no monte Hermom, e caminha em direção ao sul ao 
longo de 300 km, pouco mais de 100 km, em linha reta. No seu curso, atravessa o 
lago Merom e depois o mar ou lago da Galiléia ou ainda "mar de Tiberíades" e corre 
por uma depressão que se torna cada vez mais profunda, até desembocar no mar 
Morto, a 392 m abaixo do nível do Mediterrâneo. 
Mais além da depressão do Jordão, no seu lado oriental, o terreno torna a elevar-se. 
Sobretudo na região norte há cumes importantes, como, já fora da Palestina, o 
monte Hermom, com até 2.758 m de altura. 
A Palestina é predominantemente seca, desértica em extensas regiões do Leste e 
Sul do país, com montanhas muito pedregosas e poucos espaços com condições 
favoráveis para o cultivo. 
Os terrenos férteis, próprios para a agricultura, encontram-se, sobretudo, na planície 
de Jezreel, ao norte, no vale do Jordão e nas terras baixas que, ao ocidente, 
acompanham a costa. As altas temperaturas predominantes se atenuam nas partes 
elevadas, onde as noites podem chegar a ser frias. As duas estações mais 
importantes são o inverno e o verão. 
“Enquanto durar a terra, não deixara de haver 
sementeira e ceifa, frio e calor, verão e inverno, 
dia e noite.” Gênesis 8:22 
“Aprendei, pois, a parábola da figueira: quanto já 
os seus ramos se renovam e as folhas brotam, 
sabeis que está próximo o verão.” Mateus 24:32 
Mas, quanto ao clima, o essencial para os trabalhos agrícolas é a regularidade na 
chegada das chuvas: as temporãs (entre outubro e novembro) e as serôdias 
(entre dezembro e janeiro). Armazena-se, então, a água em algibes ou cisternas, 
para poder tê-la durante os outros meses do ano. 
Valorização religiosa do Antigo Testamento 
No Antigo Testamento, como em toda a Bíblia, é reconhecida, em sua origem, uma 
autêntica experiência religiosa. Deus se revelou ao povo de Israel na realidade da 
sua história e fez isso como o único Deus, Criador e Senhor do universo e da 
história, não se assemelhando a nenhuma outra experiência humana, nem 
identificando-se com alguma imagem feita pelos homens. 
Deus é o Autor da vida, o Criador da existência de todos os seres e é um Deus 
salvador, que está sempre ao lado do seu povo, mas que não se deixa manipular 
por ele que impõe obrigações morais e sociais, que não se deixa subornar, que 
protege os fracos e ama a justiça. É um Deus que se achega ao povo, 
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especialmente no culto um Deus perdoador, que quer que o pecador viva, porém 
julga com justiça e castiga a maldade. 
As idéias e a linguagem do Antigo Testamento transparecem nos escritos do Novo 
Testamento, em cujo pano de fundo está sempre presente o Deus do Antigo 
Testamento, o Pai de Jesus Cristo, em quem é revelado, definitivamente, o seu 
amor e a sua vontade salvadora para todo aquele que o recebe pela fé. 
O Antigo Testamento dá especial atenção ao relacionamento de Deus com Israel, o 
seu povo escolhido. Um dos mais importantes aspectos desse relacionamento é a 
Aliança com Israel, mediante a qual Javé se compromete a ser o Deus daquele povo 
que tomou como a sua possessão particular e dele exigem o cumprimento religioso 
dos mandamentos e das leis divinas. 
 Assim, a fé comum, as celebrações cúlticas e a observância da Lei são os 
elementos que configuram a unidade de Israel, uma unidade que se rompe quando 
se torna infiel ao Deus ao qual pertence. A história de Israel como povo escolhido 
revela que o mais importante é manter a sua identidade religiosa em meio ao mundo 
ao seu redor, passo necessário que será dado em direção à mensagem universal 
que depois, em Jesus Cristo, será proclamada pelo Novo Testamento. 
Nem todos os aspectos do Antigo Testamento mantêm igual vigência para o cristão. 
O Antigo Testamento deve ser interpretado à luz da sua máxima instância, que é 
Jesus Cristo. A projeção históricae profética do povo de Israel no Antigo 
Testamento é uma etapa precursora no caminho que conduz à plena revelação 
divina em Cristo. 
“Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e 
de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, 
nestes últimos dias, nos falou pelo filho de todas 
as coisas, pelo qual também fez o universo.” 
Hebreus 1:1-2 
Por outro lado, o Novo Testamento é o testemunho de fé de que as promessas feitas 
por Deus a Israel são cumpridas com a vinda do Messias: 
“Mas o que ocorre é o que foi dito por intermédio 
do profeta Joel.” Atos 2:16 
“conforme está escrito no livro das palavras do 
profeta Isaias: Voz que clama no deserto: Preparai 
o caminho do Senhor, endireitarei as suas 
veredas, Todo vale será aterrado, e nivelados 
todos os montes e outeiros; os caminhos 
tortuosos serão retificados, e os escabrosos 
aplanados; toda carne verá a salvação de Deus.” 
Lucas 3:4-6 
“e para que os gentios glorifiquem a Deus por 
causa da sua misericórdia, como está escrito: por 
isso eu te glorificarei entre os gentios e cantarei 
louvores ao teu nome. E também diz: Alegrai-vos, 
ó gentios, como seu povo.” Romanos 15:9-12 
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Por isso, certas instruções absolutamente válidas para o povo judeu deixam de ser 
igualmente vigentes para o novo povo de Deus, que é a Igreja. 
“Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e 
de bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou 
sábados, porque tudo isso tem sido sombra das 
coisas que haviam de vir; porém o corpo é de 
Cristo.” Colossenses 2:16-17 
“Se, portanto, a perfeição houvera sido mediante 
o sacerdócio levítico (pois nele baseado o povo 
recebeu a lei), que necessidade haveria ainda que 
se levantasse outro sacerdote, segundo a ordem 
de Melquisedeque, e que não fosse contado 
segundo a ordem de Arão?” Hebreus 7:11 
E alguns aspectos da lei de Moisés, do culto do Antigo Testamento e da doutrina 
sobre o destino do ser humano, pessoal e comunitariamente considerado, devem 
ser interpretados à luz do evangelho de Jesus Cristo, o Filho de Deus. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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HISTÓRIA E CULTURAHISTÓRIA E CULTURAHISTÓRIA E CULTURAHISTÓRIA E CULTURA 
A existência de Israel como povo remonta, provavelmente, ao último período do séc. 
XI a.C. Era o tempo do nascimento da monarquia e da unificação das diversas 
tribos, que viviam separadas entre si até que, sob o governo do rei Davi, constituiu-
se o Estado nacional, com Jerusalém por capital. 
Até chegar a esse momento, a formação do povo havia sido lenta e difícil, mesclada 
freqüentemente com a história das mais antigas civilizações que floresceram no 
Egito, às margens do Nilo e na Mesopotâmia, nas terras regadas pelo Tigre e o 
Eufrates. 
As fontes extra bíblicas da história de Israel naquela época são muito limitadas, 
carentes da base documental necessária para se estabelecerem com precisão as 
origens do povo hebreu. Nesse aspecto, o livro de Gênesis proporciona alguns 
dados de valor inestimável, pois o estudo dos relatos patriarcais permite descobrir 
alguns aspectos fundamentais da origem do povo israelita. 
A época dos patriarcas Os personagens do Antigo Testamento, habitualmente 
denominadas "patriarcas", eram chefes de grupos familiares seminômades que iam 
de um lugar a outro em busca de comida e água para os seus rebanhos. Não 
havendo chegado ainda à fase cultural do sedentarismo e dos trabalhos agrícolas, 
os seus assentamentos eram, em geral, eventuais: durava o tempo em que os seus 
gados demoravam a consumir os pastos. 
Gênesis oferece uma visão particular do começo da história de Israel, que é mais 
propriamente a história de uma família. Procedentes da cidade mesopotâmica de UR 
dos caldeus, situada junto ao Eufrates, Abraão e a sua esposa chegaram ao país de 
Canaã. Deus havia prometido a Abraão que faria dele uma grande nação. 
“Ora, disse o Senhor a Abrão: Sai da tua terra, da tua 
parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que 
eu te mostrarei; de ti farei uma grande nação, e te 
engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção! 
Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os 
que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as 
famílias da terra.” Gênesis 12:1-3 
“Quando atingiu Abrão a idade de noventa e nove 
anos, apareceu-lhe o Senhor e disse-lhe: Eu sou o 
Deus Todo Poderoso; anda na minha presença e sê 
perfeito. Farei uma aliança entre mim e ti e te 
multiplicarei extraordinariamente. Prostrou-se Abrão, 
rosto em terra, e Deus lhe falou: Quanto a mim, será 
contigo a minha aliança; será pai de numerosas 
nações.” Gênesis 17:1-4 
E, conforme essa promessa, nasceu o seu filho Isaque, que, por sua vez, foi o pai de 
Jacó. Durante a sua longa viagem, primeiro na direção norte e depois na direção sul, 
Abraão deteve-se em diversos lugares mencionados na Bíblia: Harã, Siquém, Ai e 
Betel (Gn 11.31-12.9) atravessou a região desértica do Neguebe e chegou até o 
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Egito, de onde, mais tarde, regressou para, finalmente, estabelecer-se em um lugar 
conhecido como "os carvalhais de Manre", junto a Hebrom (Gn 13.1-3,18). 
 Ao morrer Abraão (Gn 25.7-11. 23.2,17-20), Isaque converte-se no protagonista do 
relato bíblico, que o apresenta como habitante de Gerar e Berseba (Gn 26.6,23), 
lugares do Neguebe (Gn 24.62), na região meridional da Palestina. Isaque, herdeiro 
das promessas de Deus a Abraão, aparece no meio de um quadro descritivo da vida 
seminômade do segundo milênio a.C.: 
Busca de campos de pastoreio, assentamentos provisórios, ocasionais trabalhos 
agrícolas nos limites de povoados fronteiriços e discussões por causa dos poços de 
água onde se dava de beber ao gado (Gênesis 26). 
Depois de Isaque, a atenção do relato concentra-se nos conflitos pessoais surgidos 
entre Jacó e o seu irmão Esaú, que são como que uma visão antecipada dos graves 
problemas que, posteriormente, haveriam de acontecer entre os israelitas, 
descendentes de Jacó, e os edomitas, descendentes de Esaú. 
 A história de Jacó é mais longa e complicada que as anteriores. Consta de uma 
série de relatos entrelaçados: a fuga do patriarca para a região mesopotâmica de 
Padã-Arã a inteligência e a riqueza de Jacó o regresso a Canaã o episódio de 
Peniel, onde Deus mudou o nome de Jacó para Israel (Gn 32.28) a revelação de 
Deus e a renovação das suas promessas (Gn 35.1-15) a história de José e a 
morte de Jacó no Egito 
“Habitou Jacó na terra das peregrinações de seu 
pai, na terra de Canaã.” Gênesis 37:1 
“Depois disso, voltou José para o Egito, ele, seus 
irmãos e todos os que com ele subiram a sepultar 
seu pai.” Gênesis 50:14 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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A SAÍDA DO EGITOA SAÍDA DO EGITOA SAÍDA DO EGITOA SAÍDA DO EGITO 
A situação política e social das tribos israelitas, do Egito e dos países do Oriente 
Médio, no período que vai da morte de José à época de Moisés, sofreu mudanças 
consideráveis. 
O Egito viveu um tempo de prosperidade depois de expulsar do país os invasores 
hicsos. Este povo oriundo da Mesopotâmia, depois de passar por Canaã, havia se 
apropriado, no início do séc. XVIII a.C., da fértil região egípcia do delta do Nilo. Os 
hicsos dominaram no Egito cerca de um século e meio, e, provavelmente, foi nesse 
tempo que Jacó se instalou ali com toda a sua família. Esta poderia ser a explicação 
da acolhida favorável que foi dispensada ao patriarca, e de que alguns dos seus 
descendentes, como aconteceu com José, chegaram a ocupar postos importantes 
no governo do país. 
“O Conselho foi agradável a Faraó e a todos os 
seus oficiais. Disse Faraó aos seus oficiais: 
Acharíamos, por ventura, homem como este, em 
que há o Espírito de Deus? Depois, disse Faraó a 
José: Visto que Deus te fez saber tudo isto, 
ninguém há tão ajuizadoe sábio como tu. 
Administrarás a minha casa, e á tua palavra 
obedecerá todo o meu povo, somente no trono eu 
serei maior que tu. Disse mais o Faraó a José: Vês 
que te faço autoridade sobre toda a terra do 
Egito.” Gênesis 41:37-41 
A situação mudou quando os hicsos foram finalmente expulsos do Egito. Os 
estrangeiros residentes, entre os quais se encontravam os israelitas, foram 
submetidos a uma dura opressão. Essa mudança na situação política está registrada 
em Êx 1.8, que diz que subiu ao trono do Egito um novo rei "que não 
conhecera a José." 
Durante o mandato daquele faraó, os israelitas foram obrigados a trabalhar em 
condições subumanas na edificação das cidades egípcias de Pitom e Ramessés 
(Êxodo1.11). Porém, em tais circunstâncias, teve lugar um acontecimento que 
haveria de permanecer gravado, para sempre, nos anais de Israel: Deus levantou 
um homem, Moisés, para constituí-lo libertador do seu povo. 
Moisés, apesar de hebreu por nascimento, recebeu uma educação esmerada na 
própria corte do faraó. Certo dia, Moisés viu-se obrigado a fugir para o deserto, e ali 
Javé nome explicado em (Êxodo 3.14) como "EU SOU O QUE SOU" revelou-se a 
ele e lhe deu a missão de libertar os israelitas da escravidão a que estavam 
submetidos no Egito (Êxodo 3.1-4.17). 
Regressou Moisés ao Egito e, depois de vencer com palavras e ações maravilhosas 
a resistência do faraó, conseguiu que a multidão dos israelitas se colocasse em 
marcha em direção ao deserto do Sinai. 
Esse capítulo da história de Israel, a libertação do jugo egípcio, marcou 
indelevelmente a vida e a religião do povo. A data precisa desse acontecimento não 
pode ser determinada. Têm-se sugerido duas possibilidades: até meados do séc. XV 
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e até meados do séc. XIII. Neste último caso seria durante o reinado de Ramsés II 
ou do seu filho Meneptá. 
Durante os anos de permanência no deserto do Sinai, enquanto os israelitas 
dirigiam-se para Canaã, produziu-se um acontecimento de importância capital: Deus 
instituiu a sua Aliança com o seu povo escolhido (Êxodo19). Essa Aliança significou 
o estabelecimento de um relacionamento singular entre Javé e Israel, com 
estipulações fundamentais que ficaram fixadas na lei mosaica, cuja síntese é o 
Decálogo (Êxodo 20.1-17). A conquista de Canaã e o período dos juízes. 
Depois da morte de Moisés (Deuteronômio 34), a direção do povo foi colocada nas 
mãos de Josué, a quem coube guiá-lo ao país de Canaã, a Terra Prometida. A 
entrada naqueles territórios iniciou-se com a passagem do Jordão, fato de grande 
significação histórica, porque com ela inaugurava-se um período decisivo para a 
constituição da futura nação israelita. 
“Todo lugar que pisar a planta do vosso pé, vo-lo 
tenho dado, como eu prometi a Moisés.” Josué 
1:3 
Conquistar e assentar-se em Canaã não se tornou tarefa fácil. Foi um longo e duro 
processo (Juízes 1), às vezes, de avanço pacífico, mas, às vezes, de inflamados 
choques com os hostis povos cananeus (Juízes 4-5), formados por populações 
diferentes entre si, ainda que todas pertencentes ao comum tronco semítico muito 
delas terminaram absorvidas por Israel (Josué 9). 
Naquele tempo da chegada e conquista de Canaã, os grandes impérios do Egito e 
da Mesopotâmia já haviam iniciado a sua decadência. Destes eram vassalos os 
pequenos Estados cananeus, de economia agrícola e cuja administração política 
limitava-se, geralmente, a uma cidade de relativa importância nos limites das suas 
terras. 
Em relação à religião, caracterizava-se, sobretudo pelos ritos em honra a Baal, 
Aserá e Astarote, e a deuses secundários, geralmente divindades da fecundidade. 
A etapa conhecida como "período dos juízes de Israel" sucedeu à morte de Josué 
“Depois destas coisas, sucedeu que Josué, filho 
de Num servo do Senhor, faleceu com idade de 
cento e dez anos.” Josué 24:29 
Desenvolveu-se entre os anos 1200 e 1050 a.C., e a sua característica mais 
evidente foi, talvez, a distribuição dos israelitas em grupos tribais, mais ou menos 
independentes e sem um governo central que lhes desse um mínimo sentido de 
organização política. 
Naquelas circunstâncias surgiram alguns personagens que assumiram a direção de 
Israel e que, ocasionalmente, atuaram como estrategistas e o guiaram nas suas 
ações de guerra (Juízes 5, o Cântico de Débora, que celebra o triunfo de grupos 
israelitas aliados contra as forças cananéias). Entre todos os povos vizinhos, 
- 13 - 
 
foram, provavelmente, os filisteus que representaram para Israel a mais grave 
ameaça. 
Procedentes de Creta e de outras ilhas do Mediterrâneo oriental, os filisteus, 
conhecidos também como "os povos do mar", que primeiramente haviam intentado 
sem êxito penetrar no Egito, apoderaram-se depois por volta de 1175 a.C. das 
planícies costeiras da Palestina meridional. 
Ali se estabeleceram e constituíram a "Pentápolis", o grupo das cinco cidades 
filistéias: Asdode, Gaza, Asquelom, Gate e Ecrom 
“São estes, pois, os tumores de ouro que 
enviaram os filisteus ao Senhor como oferta pela 
culpa: por Asdode, um, por Gaza, outro, por 
Asquelom, outro, por Gate, outro, por Ecron, 
outro.” 1 Samuel 6:17 
Cujo poder reforçou-se com a sua aliança e também com o monopólio da 
manufatura do ferro, utilizado tanto nos seus trabalhos agrícolas quanto nas suas 
ações militares 
“Ora em toda a terra de Israel nem um ferreiro se 
achava, porque os filisteus tinham dito: Para que 
os hebreus não façam espadas, nem lança.” 
Samuel 13:19 
 
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O INÍCIO DA MONARQUIA DE ISRAELO INÍCIO DA MONARQUIA DE ISRAELO INÍCIO DA MONARQUIA DE ISRAELO INÍCIO DA MONARQUIA DE ISRAEL 
A figura política dos "juízes", apta para resolver assuntos de caráter tribal, mostrou-
se ineficaz ante os problemas que, mais tarde, haveriam de ameaçar a 
sobrevivência do conjunto de Israel no mundo palestino. Assim, pouco a pouco, veio 
a implantação da monarquia e, com ela, uma forma de governo unificado, dotado da 
autoridade necessária para manter uma administração nacional estável. 
Ainda que a monarquia tenha enfrentado, no início, fortes resistências internas (1 
Samuel 8), paulatinamente chegou a impor-se e consolidar-se. Samuel, o último dos 
juízes de Israel, foi sucedido por Saul, que em 1040 a.C. iniciou o período da 
monarquia, que se prolongou até 586 a.C., quando, durante o reinado de Zedequias, 
os babilônios sitiaram e destruíram Jerusalém, tendo Nabucodonosor à frente. 
 Saul, que começou a reinar depois de ter obtido uma vitória militar (1 Samuel 11) e 
de ter triunfado em outras ocasiões, todavia, nunca conseguiu acabar com os 
filisteus, e foi lutando contra eles no monte Gilboa que morreram os seus três filhos 
e ele próprio (1 Samuel 31.1-6). 
Saul foi sucedido por Davi, proclamado rei pelos homens de Judá na cidade de 
Hebrom . 
“Então vieram os homens de Judá e ungiram ali 
Davi rei sobre a casa de Judá. E informaram Davi 
que os homens de Jabes-Gileade foram os que 
sepultaram Saul. Então, enviou Davi mensageiro 
aos homens de Jabes-Gileade para dizer-lhes: 
Benditos do Senhor sejais vós, por esta 
humanidade para com vosso senhor, para com 
Saul, pois o sepultastes!” 2 Samuel 2:4-5 
O seu reinado iniciou-se, pois, na região meridional da Palestina, mas depois se 
estendeu em direção ao norte. Reconhecido como rei por todas as tribos israelitas, 
conseguiu unificá-las sob o seu governo. 
Durante o tempo em que Davi viveu, produziram-se acontecimentos de grande 
importância: a anexação à nova entidade nacional de algumas cidades cananéias 
antes independentes, a submissão de povos vizinhos e a conquista de Jerusalém, 
convertida desde então na capital do reino e centro religioso por excelência. 
Próximo já da sua morte, Davi designou por sucessor o seu filho Salomão, sob cujo 
governo alcançou o reino as mais altas cotas de esplendor. Salomão soubeestabelecer importantes relacionamentos políticos e comerciais, geradores de 
grandes benefícios para Israel. 
As riquezas acumuladas sob o seu governo permitiram realizar em Jerusalém 
construções de enorme envergadura, como o Templo e o palácio real. O prestígio de 
Salomão fez-se proverbial, e a fama da sua prudência e sabedoria nunca teve 
paralelo na história dos reis de Israel (1 Reis 5-10). 
 
- 15 - 
 
RRRRUPTURA DA UNIDADE NACIONALUPTURA DA UNIDADE NACIONALUPTURA DA UNIDADE NACIONALUPTURA DA UNIDADE NACIONAL 
A despeito de todas as circunstâncias favoráveis que rodearam o reinado de 
Salomão, foi precisamente aí que a unidade do reino começou a fender-se. Por um e 
outro lado do país, surgiam vozes de protesto pelos abusos de autoridade, pelos 
maus tratos infligidos à classe trabalhadora e pelo agravamento dos tributos 
destinados a cobrir os gastos que originavam as grandes construções. Tudo isso, 
fomentando atitudes de descontentamento e rebeldia, foi causa do ressurgimento de 
antigas rivalidades entre as tribos do Norte e do Sul. 
Os problemas chegaram ao extremo quando, morto Salomão, ocupou o trono o seu 
filho Roboão (1 Reis 12.1-24). Sem a sensatez do seu pai, Roboão provocou, com 
imprudentes atitudes pessoais, a ruptura do reino: de um lado, a tribo de Judá, que 
seguiu fiel a Roboão e manteve a capital em Jerusalém de outro, as tribos do Norte, 
que proclamaram rei a Jeroboão, antigo funcionário da corte de Salomão. Desde 
esse momento, a divisão da nação em reino do Norte e reino do Sul se fez 
inevitável. 
Judá, sempre governada por um membro da dinastia davídica, subsistiu por mais de 
trezentos anos, ainda que a sua independência nacional tivesse sofrido importantes 
oscilações desde que, no final do séc. VIII a.C., a Assíria a submeteu a uma dura 
vassalagem. 
Aquele antigo império dominou a Palestina até que medos e caldeus, já próximo do 
séc. VI a.C., apagaram-na do panorama da história. Então, em Judá, onde reinava 
Josias, renasceram as esperanças de recuperar a perdida independência, mas, 
depois da batalha de Megido (609 a.C.), com a derrota de Judá e a morte de Josias 
(2 Crônicas 35.20-24), o reino entrou em uma rápida decadência, que terminou com 
a destruição de Jerusalém em 586 a.C 
O Templo e toda a capital foram arrasados, um número grande dos seus habitantes 
foi levado ao exílio, e a dinastia davídica chegou ao seu fim (2 Reis 25.1-21). Ao que 
parece, a perda da independência de Judá supôs a sua incorporação à província 
babilônica de Samaria, mas, além disso, o país havia ficado arruinado, primeiro pela 
devastação que causaram os invasores e em seguida pelos saques a que o 
submeteram os seus povos vizinhos, Edom (Obadias 11), Amom e outros (Ezequiel 
25.1-4). 
O reino do Norte, Israel, nunca chegou a gozar uma situação politicamente estável. 
A sua capital mudou de lugar em diversas ocasiões, antes de ficar finalmente 
instalada na cidade de Samaria (1 Reis 16.24), e várias tentativas para constituir 
dinastias duradouras terminaram em fracasso. 
Freqüentemente de modo violento (Oséias 8.4). A aniquilação do reino do Norte sob 
a dominação assíria ocorreu gradualmente: primeiro foi à imposição de um grande 
tributo (2 Reis 15.19-20) em seguida, a conquista de algumas povoações e a 
conseqüente redução das fronteiras do reino e, por último, a destruição de Samaria, 
o exílio de uma parte da população e a instalação de um governo estrangeiro no 
país conquistado. 
- 16 - 
 
O EXÍLIOO EXÍLIOO EXÍLIOO EXÍLIO 
Os babilônios permitiram que os exilados do reino de Judá formassem famílias, 
construíssem casas, cultivassem pomares. 
“Edificai casas e habitai nelas, plantai pomares e 
comei o fruto. Tomai esposas e gerai filhos e daí 
vossas filhas a maridos para que tenha filhos e 
filhas; multiplicai-vos aí e não diminuais. 
Procurarei a paz da cidade para onde vos 
desterrei e orai por ela ao Senhor; porque na sua 
paz voz tereis paz.” Jeremias 29:5-7 
E chegassem a consultar os seus próprios chefes e anciãos (Ezequiel 20.1-44) e, 
igualmente, permitiram-lhes viver em comunidade, em um lugar chamado Tel-Abibe, 
às margens do rio Quebar (Ezequiel 3.15). Assim, pouco a pouco, foram-se 
habituando à sua situação de exilados na Babilônia. 
Em semelhantes circunstâncias, a participação comum nas práticas da religião foi, 
provavelmente, o vínculo mais forte de união entre os membros da comunidade 
exilada e a instituição da sinagoga teve um papel relevante como ponto de encontro 
para a oração, a leitura e o ensinamento da Lei, o canto dos Salmos e o comentário 
dos escritos dos profetas. 
Desta maneira, com o exílio, a Babilônia converteu-se num centro de atividade 
religiosa, onde um grupo de sacerdotes entregou-se com empenho à tarefa de reunir 
e preservar os textos sagrados que constituíam o patrimônio espiritual de Israel. 
Entre os componentes desse grupo se contava Ezequiel, que, na sua dupla 
condição de sacerdote e profeta (Ezequiel 1.1-3 2.1-5), exerceu uma influência 
singular. 
Dadas as condições de tolerância e até de bem-estar em que viviam os exilados na 
Babilônia, não é de estranhar que muitos deles renunciassem, no seu tempo, 
regressar ao seu país. Outros, pelo contrário, mantendo vivo o ressentimento contra 
a nação que os havia arrancado da sua pátria e que era causa dos males que lhes 
haviam sobrevindo, suspiravam pelo momento do regresso ao seu longínquo país 
(Salmo 137 Isaias 47.1-3). 
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RETORNO E RETORNO E RETORNO E RETORNO E RRRRESTAURAÇÃOESTAURAÇÃOESTAURAÇÃOESTAURAÇÃO 
A esperança de uma rápida libertação cresceu entre os exilados quando Ciro, rei de 
Anshan, empreendeu a sua carreira de conquistador e fundador de um novo império. 
Elevado já ao trono da Pérsia (559-530 a.C.), as suas qualidades de estrategista e 
de político permitiram-lhe superar rapidamente três etapas decisivas: primeiro, a 
fundação do reino medo-persa, com a sua capital Ecbatana (553 a.C.) segundo, a 
conquista de quase toda a Ásia Menor, culminada com a vitória sobre o rei de Lídia 
(546 a.C.) terceiro, a entrada triunfal na Babilônia (539 a.C.). Desse modo, ficou 
configurado o império persa, que, durante mais de dois séculos, dominou o 
panorama político do Oriente Médio. 
Ciro praticou uma política de bom relacionamento com os povos submetidos. 
Permitiu que cada um conservasse os seus usos, costumes e tradições e que 
praticasse a sua própria religião, atitude que redundou em benefício aos judeus 
residentes na Babilônia, os quais, por decreto real, ficaram com a liberdade de 
regressar à Palestina. 
O livro de Esdras contém duas versões do referido decreto: 
“Assim diz Ciro, o rei da Pérsia: O Senhor, Deus 
dos céus, me deu todos os reinos da terra e me 
encarregou de lhe edificar uma casa em 
Jerusalém de Judá. Quem dentre vós é, de todo o 
seu povo, seja seu Deus com ele, e suba a 
Jerusalém de Judá e edifique a Casa do Senhor, 
Deus de Israel; ele é o Deus que habita em 
Jerusalém. Todo aquele que restar alguns lugares 
em que habita, os homens desse lugar o ajudarão 
com prata, ouro, bens e gado, afora as dádivas 
voluntárias para a Casa de Deus, a qual está em 
Jerusalém.” Esdras 1:2-4 
(Esdras 6.3-12), no qual se ampararam os exilados que quiseram voltar à pátria. E é 
importante assinalar que o imperador persa não somente permitiu aquele regresso, 
mas também devolveu aos judeus os ricos utensílios do culto que Nabucodonosor 
lhes havia arrebatado e levado à Babilônia. Para maior abundância, Ciro ordenou 
também uma contribuição de caráter oficial para apoiar economicamente a 
reconstrução do templo de Jerusalém. 
O retorno dos exilados realizou-se de forma paulatina, por grupos, o primeiro dos 
quais chegou a Jerusalém sob a liderança de Sesbazar (Esdras 1.11). Tempos 
depois se iniciaram as obras de reconstrução do Templo, quese prolongaram até 
515 a.C. 
Para dirigir o trabalho e animar os operários contribuíram o governador Zorobabel e 
o sumo sacerdote Josué, apoiados pelos profetas Ageu e Zacarias (Esdras 5.1). O 
passar do tempo deu lugar a muitos problemas de índole muito diversa. As duras 
dificuldades econômicas às quais tiveram que fazer frente, as divisões no seio da 
comunidade e, muito particularmente, as atitudes hostis dos samaritanos foram 
causa da degradação da convivência entre os repatriados em Jerusalém e em todo 
Judá. 
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Ao conhecer os problemas que afligiam o seu povo, um judeu chamado Neemias, 
residente na cidade de Susã, copeiro do rei persa Artaxerxes (Neemias 2.1) solicitou 
que, com o título de governador de Judá, tivesse a permissão de ajudar o seu povo 
(445 a.C.). 
Neemias revelou-se um grande reformador, que atuou com capacidade e eficácia. A 
sua presença na Palestina foi decisiva, não somente para que se reconstruíssem os 
muros de Jerusalém, mas também para que a vida da comunidade judaica 
experimentasse uma mudança profunda e positiva. (Neemias 8-10). 
Artaxerxes investiu, também de poderes extraordinários, ao sacerdote e escriba 
Esdras, a fim de que este, dotado de plena autoridade, se ocupasse de todas as 
necessidades do Templo e do culto em Jerusalém e cuidasse de colocar sob a lei de 
Deus tanto os judeus recém-repatriados como os que nunca haviam saído da 
Palestina. (Esdras 7.12-26). 
Entre eles, promoveu Esdras uma mudança religiosa e moral tão profunda, que, a 
partir de então, Israel converteu-se no "povo do Livro". A sua figura ocupa nas 
tradições judaicas um lugar comparável ao de Moisés. Com relação às referências a 
Artaxerxes no livro de (Esdras 7.7) e no de (Neemias 2.1), se correspondem a um 
só personagem ou a dois, os historiadores não têm chegado a uma conclusão 
definitiva. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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O PERÍODO HELENÍSTICOO PERÍODO HELENÍSTICOO PERÍODO HELENÍSTICOO PERÍODO HELENÍSTICO 
O domínio persa no Oriente Médio chegou ao seu fim quando o exército de Dario III 
sucumbiu em Isso (333 a.C.) ante as forças de Alexandre Magno (356-323 a.C.). Ali 
começou a hegemonia do helenismo, que se manteve até 63 a.C. e que entre os 
seus sucessos contou com o estabelecimento de importantes vínculos entre Oriente 
e Ocidente. 
Mas as rivalidades surgidas entre os sucessores de Alexandre (Os Diádocos) 
impediram o estabelecimento de uma unidade política eficaz nos territórios que ele 
havia conquistado. De tais divisões originaram-se, com referência à Palestina, a que 
fora dominada primeiro pelos ptolomeus (ou lágidas) do Egito e depois pelos 
selêucidas da Síria, duas das dinastias fundadas pelos generais sucessores de 
Alexandre. 
Durante a época helenística estendeu-se consideravelmente o uso do grego, e 
muitos judeus residentes na "diáspora" (ou "dispersão") habituaram-se a utilizá-lo 
como língua própria. Chegou um momento em que se fez necessário traduzir a 
Bíblia Hebraica para atender às necessidades religiosas das colônias judaicas de 
fala grega. Essa tradução, chamada de Septuaginta ou Versão dos Setenta, foi feita 
aproximadamente entre os anos 250 e 150 a.C. 
Durante o reinado do selêucida Antíoco IV Epífanes (175-163 a.C.), produziu-se na 
Palestina um intento de helenização do povo judeu, que causou entre os seus 
membros uma grave dissensão. Muitos adotaram abertamente costumes próprios da 
cultura grega, divergentes das práticas judaicas tradicionais, enquanto que outros se 
agarraram com tenaz fanatismo à lei mosaica. 
A tensão entre eles foi crescendo até desembocar na rebelião dos Macabeus. Essa 
rebelião desencadeou-se quando um ancião sacerdote chamado Matatias e os seus 
cinco filhos organizaram a luta contra o exército sírio. Depois da morte de Matatias, 
Judas, o seu terceiro filho, ficou à frente da resistência e, chefiando os seus, 
reconquistou o templo de Jerusalém, que havia sido profanado pelos sírios, e o 
purificou e o dedicou. 
A Hannuká ou Festa da Dedicação (João 10.22) comemora esse fato. Convertido 
em herói nacional, Judas foi o primeiro a receber o sobrenome de "Macabeu" 
(provavelmente martelo), que depois foi dado também aos seus irmãos. 
Depois da morte de Simão, o último dos macabeus, a sucessão recaiu sobre o seu 
filho João Hircano I (134-104 a.C.), com quem teve início à dinastia hasmonéia. 
Ainda viveu a Judéia alguns dias de esplendor, mas, em geral, durante o governo 
dos hasmoneus, a estabilidade política deteriorou-se progressivamente. 
Mais tarde, entrou em jogo o Império Romano, e, no ano 63 a.C., o general Pompeu 
conquistou Jerusalém e a anexou, com toda a Palestina, à que já era oficialmente 
província da Síria. A partir desse momento, a própria vida religiosa judaica ficou 
hipotecada, dirigida aparentemente pelo sumo sacerdote em exercício, mas 
submetida, em última instância, à autoridade imperial. 
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A DINASTIA DOS HASMONEUSA DINASTIA DOS HASMONEUSA DINASTIA DOS HASMONEUSA DINASTIA DOS HASMONEUS 
(*) Quando o mundo antigo foi conquistado por Alexandre (332 a.e.c), Israel conti-
nuava a ser terra judaica e Jerusalém seu centro. Quando os judeus foram proibidos 
de praticar o judaísmo e o Templo foi profanado, como parte das tentativas gregas 
de impor a cultura e os costumes helenísticos para toda a população, desencadeou-
se uma revolta (166 a.c) liderada por Matatias da dinastia sacerdotal dos 
Hasmoneus, e depois de sua morte, por seu filho, Judá, o Macabeu. 
Os judeus entraram em Jerusalém e purificaram o Templo (164 a.c), eventos 
comemorados até hoje na festa de Chanucá. Após a inauguração do Templo a luta 
continuou. Judá e seus irmãos Jônatas e Simão revogaram os éditos de Antíoco, 
proclamando a Judéia um estado independente. Simão se tornou o primeiro 
Príncipe, instituindo a dinastia de Hasmoneus. 
Após suas novas vitórias (142 a.c), os selêucidas restauraram a autonomia da 
Judéia (como era então chamada Israel) e, com o colapso do reino selêucida (129 
a.c), a independência judaica foi reconquistada. 
Sob a dinastia dos Hasmoneus, que durou cerca de 80 anos, as fronteiras do reino 
eram muito semelhantes às do tempo do Rei Salomão; o regime atingiu 
consolidação política e a vida judaica floresceu. João Hircano I iniciou uma série de 
conquistas, destinadas a aumentar o poder do país. 
Estas foram acompanhadas da conversão forçada dos povos dominados ao 
judaísmo, para criar um espírito nacionalista forte e motivar o povo à defesa de sua 
independência. No tempo do Rei Alexandre Yanai o reino estendia-se além do Rio 
Jordão no leste, até o Mar Mediterrâneo no oeste, ao Líbano no norte e Rafia no sul. 
Os Hasmoneus promoveram o desenvolvimento do comércio e da manufatura, 
aproveitando as estradas e portos que faziam de Israel um entreposto obrigatório 
entre o Ocidente e o Oriente. Ruínas arqueológicas mostram a existência de postos 
alfandegários e sinagogas desde Acco até o Golfo Pérsico, estabelecendo uma rota 
comercial para a Índia e a China. 
A importância dada ao comércio prejudicou a agricultura. O trigo da Palestina não 
podia competir com o trigo mais barato, importado do Egito (produzido por 
escravos que não recebiam salários, numa terra mais fértil por processos 
avançados de irrigação). A classe de pequenos proprietários, que constituíra 
sempre a espinha dorsal do país e que estivera à frente na luta dos Macabeus, foi 
reduzida à penúria. 
Alguns comerciantes ricos compraram grande parte das terras, gerando o 
surgimento de uma classe de grandes latifundiários e uma de mendigos e 
desempregados, que iam para Jerusalém e, na maior parte das vezes, não conse-
guiam trabalho. Este panorama é muito semelhante ao que se nota em Roma no 
mesmo período. 
Já no reinado de João Hircano, a opinião popular sedividiu a respeito da 
conveniência da política dos Hasmoneus. Formaram-se três grupos distintos, cada 
- 21 - 
 
qual com suas características sociais, religiosas e políticas: os saduceus, os fariseus 
e os essênios. 
A verdadeira luta travou-se entre fariseus e saduceus, já que os essênios não eram 
ativos na política. Atingiu o auge com o governo de Alexandre Yanai, entre 100 e 75 
a.c. Ele era também Sumo Sacerdote, mas seu comportamento despertou desprezo 
dos fariseus, que o ridicularizaram jogando etroguim sobre ele. Coube à sua esposa, 
a rainha Salomé Alexandra, que o sucedeu no trono, chamar os fariseus ao governo, 
nomeando seu líder para o cargo de primeiro-ministro. 
Como uma mulher não podia ser Sumo Sacerdote, ela designou seu filho Hircano 
para a função. Cumpria-se, assim, uma exigência dos fariseus: a separação entre o 
poder religioso e o político. 
Durante o governo de Salomé, foi promulgada uma Lei Escolar que obrigava todo 
judeu a aprender a ler e escrever; em cada aldeia e cidade, deveria haver uma 
escola elementar. Esta lei foi fator distintivo do desenvolvimento do povo judeu, 
elevando seu nível cultural, mesmo quando os demais povos regrediam 
culturalmente, como na Europa, na Idade Média. 
A morte de Salomé Alexandra desencadeou uma crise sucessória; os saduceus 
apoiavam seu filho Aristóbulo II e os fariseus o Sumo Sacerdote Hircano II. Os 
saduceus venceram, pois Hircano II, pela própria lei dos fariseus, não podia ser ao 
mesmo tempo rei e sacerdote. Hircano, porém, aconselhado por um edomita 
chamado Antipater, não quis desistir de suas pretensões. Quando os romanos 
sucederam os selêucidas como a grande potência na região, concederam 
autoridade limitada ao rei Hircano II, sob o poder do governador romano de 
Damasco. 
Os judeus não aceitaram de boa vontade o novo regime e os anos seguintes viram 
freqüentes insurreições. A última revolta para restaurar a glória da dinastia dos 
Hasmoneus foi tentada pelo rei Matatias Antígono (40 a.c). Sua derrota e morte três 
anos depois nas mãos dos romanos significaram o fim do governo hasmoneu e o 
começo do domínio romano. 
Vamos observar sobre helenismo e judaísmo, termos que surgiram no período. Em 
meados do século XIX, o historiador alemão Droysen definiu a época helenística e o 
próprio termo Hellenismus, que passou a significar a fusão de culturas que se seguiu 
às conquistas de Alexandre. Noção que os antigos não reconheceriam em seu 
tempo embora o verbo hellenízein fosse usado por Aristóteles para se referir ao 
domínio da língua grega e o próprio termo hellenismós com o mesmo sentido seja 
atribuído a Teofrastes, discípulo do filósofo. 
O uso mais genérico do termo para se referir à cultura e costumes gregos ocorre 
pela primeira vez no segundo livro dos Macabeus, onde é afirmado que a construção 
do ginásio em Jerusalém pelo sumo sacerdote Jasão levou a ‘um extremo de 
helenismo’, como algo estranho ao Judaísmo. 
Não por acaso, o primeiro registro da palavra ioudaismós também se encontra no 
mesmo livro. O termo se refere a uma cultura e a um modo de vida e, dentro do texto 
- 22 - 
 
representa o contraponto da grega. Antes disso, ioudaioi significava habitante da 
Judéia, relativo à etnia. Os judeus na Diáspora recebiam também a designação 
ioudaios, identificados como um grupo étnico que se mantinha unido e reproduzia 
seus costumes ancestrais. 
Embora o termo Judaísmo tenha sido cunhado no período da dinastia dos 
hasmoneus, como modo de vida já estava estabelecido muito antes. O Judaísmo, 
como cultura ou como religião, foi ameaçado e teve sua face alterada 
definitivamente neste período da história. Basta ver os nomes gregos dos reis da 
dinastia. 
(*) Jane Bichmacher de Glasman é escritora e 
doutora em Língua Hebraica, Literaturas e Cultura 
Judaica pela USP, professora adjunta, fundadora 
e ex-diretora do Programa de Estudos Judaicos 
da UERJ. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
- 23 - 
 
IMPÉRIO ROMANOIMPÉRIO ROMANOIMPÉRIO ROMANOIMPÉRIO ROMANO 
A história de Roma Antiga é fascinante em função da cultura desenvolvida e dos 
avanços conseguidos por esta civilização. De uma pequena cidade, tornou-se um 
dos maiores impérios da antiguidade. Dos romanos, herdamos uma série de 
características culturais. O direito romano, até os dias de hoje está presente na 
cultura ocidental, assim como o latim, que deu origem a língua portuguesa, francesa, 
italiana e espanhola. 
Origem de Roma: explicação mitológica 
Os romanos explicavam a origem de sua cidade através do mito de Rômulo e Remo. 
Segundo a mitologia romana, os gêmeos foram jogados no rio Tibre, na Itália. 
Resgatados por uma loba, que os amamentou, foram criados posteriormente por um 
casal de pastores. Adultos, retornam a cidade natal de Alba Longa e ganham terras 
para fundar uma nova cidade que seria Roma. 
Origem de Roma: explicação histórica e Monarquia Romana (753 a.C a 
509 a.C) 
De acordo com os historiadores, a fundação de Roma resulta da mistura de três 
povos que foram habitar a região da Península Itálica: gregos, etruscos e italiotas. 
Desenvolveu na região uma economia baseada na agricultura e nas atividades 
pastoris. A sociedade, nesta época, era formada por patrícios (nobres proprietários 
de terras) e plebeus (comerciantes artesãos e pequenos proprietários). O sistema 
político era a monarquia, já que a cidade era governada por um rei de origem 
patrícia. A religião neste período era politeísta, adotando deuses semelhantes aos 
dos gregos, porém com nomes diferentes. Nas artes destacava-se a pintura de 
afrescos, murais decorativos e esculturas com influências gregas. 
República Romana (509 a.C. a 27 a.C) 
Durante o período republicano, o senado Romano ganhou grande poder político. Os 
senadores, de origem patrícia, cuidavam das finanças públicas, da administração e 
da política externa. As atividades executivas eram exercidas pelos cônsules e pelos 
tribunos da plebe. A criação dos tribunos da plebe está ligada às lutas dos plebeus 
por uma maior participação política e melhores condições de vida. 
Em 367 a.C, foi aprovada a Lei Licínia, que garantia a participação dos plebeus no 
Consulado (dois cônsules eram eleitos: um patrício e um plebeu). Esta lei também 
acabou com a escravidão por dívidas (válida somente para cidadãos romanos). 
 
 
- 24 - 
 
Formação e Expansão do Império Romano 
Após dominar toda a península itálica, os romanos partiram para as conquistas de 
outros territórios. Com um exército bem preparado e muitos recursos, venceram os 
cartagineses, liderados pelo general Anibal, nas Guerras Púnicas (século III a.C). 
Esta vitória foi muito importante, pois garantiu a supremacia romana no Mar 
Mediterrâneo. Os romanos passaram a chamar o Mediterrâneo de Mare Nostrum. 
Após dominar Cartago, Roma ampliou suas conquistas, dominando a Grécia, o 
Egito, a Macedônia, a Gália, a Germânia, a Trácia, a Síria e a Palestina. 
Com as conquistas, a vida e a estrutura de Roma passaram por significativas 
mudanças. O império romano passou a ser muito mais comercial do que agrário. 
Povos conquistados foram escravizados ou passaram a pagar impostos para o 
império. As províncias (regiões controladas por Roma) renderam grandes recursos 
para Roma. A capital do Império Romano enriqueceu e a vida dos romanos mudou. 
Principais imperadores romanos: 
Augusto (27 a.C. - 14 d.C) Tibério (14-37) 
Calígula (37-41) Nero (54-68) 
Marco Aurélio (161-180) Conduz (180-192) 
Cultura Romana 
A cultura romana foi muito influenciada pela cultura grega. Os romanos 
"copiaram" muitos aspectos da arte, pintura e arquitetura grega. 
Os balneários romanos espalharam-se pelas grandes cidades. Eram locais aonde os 
senadores e membros da aristocraciaromana iam para discutirem política e ampliar 
seus relacionamentos pessoais. 
A língua romana era o latim, que depois de um tempo espalhou-se pelos quatro 
cantos do império, dando origem na Idade Média, ao português, francês, italiano e 
espanhol. 
A mitologia romana representava formas de explicação da realidade que os romanos 
não conseguiam explicar de forma científica. Trata também da origem de seu povo e 
da cidade que deu origem ao império. Entre os principais mitos romanos, podemos 
destacar: Rômulo e Remo e O rapto de Proserpina. 
 
- 25 - 
 
Religião Romana 
Os romanos eram politeístas, ou seja, acreditavam em vários deuses. A grande 
parte dos deuses romanos foram retirados do panteão grego, porém os nomes 
originais foram mudados. Muitos deuses de regiões conquistadas também foram 
incorporados aos cultos romanos. 
Os deuses eram antropomórficos, ou seja, possuíam características (qualidades e 
defeitos) de seres humanos, além de serem representados em forma humana. Além 
dos deuses principais, os romanos cultuavam também os deuses lares e penates. 
Estes deuses eram cultuados dentro das casas e protegiam a família. 
Principais deuses romanos: Júpiter, Juno, Apolo, Marte, Diana, Vênus, Ceres e 
Baco. 
Crise e decadência do Império Romano 
Por volta do século III, o império romano passava por uma enorme crise econômica 
e política. A corrupção dentro do governo e os gastos com luxo retiraram recursos 
para o investimento no exército romano. Com o fim das conquistas territoriais, 
diminuiu o número de escravos, provocando uma queda na produção agrícola. Na 
mesma proporção, caia o pagamento de tributos originados das províncias. 
Em crise e com o exército enfraquecido, as fronteiras ficavam a cada dia mais 
desprotegidas. Muitos soldados, sem receber salário, deixavam suas obrigações 
militares. 
Os povos germânicos, tratados como bárbaros pelos romanos, estavam forçando a 
penetração pelas fronteiras do norte do império. No ano de 395, o imperador 
Teodósio resolve dividir o império em: Império Romano do Ocidente, com capital em 
Roma e Império Romano do Oriente (Império Bizantino), com capital em 
Constantinopla. 
Em 476, chega ao fim o Império Romano do Ocidente, após a invasão de diversos 
povos bárbaros, entre eles, visigodos, vândalos, burgúndios, suevos, saxões, 
ostrogodos, hunos etc. Era o fim da Antiguidade e início de uma nova época 
chamada de Idade Média. 
O Domínio Bizantino (313-636) 
No final do século IV, após a conversão do imperador Constantino ao cristianismo 
(313) e a fundação do Império Bizantino, a Terra de Israel se tornou um país 
predominantemente cristão. Foram construídas igrejas nos lugares santos cristãos 
de Jerusalém, Belém e da Galiléia, e fundaram-se mosteiros em várias partes do 
país. Os judeus estavam privados de sua relativa autonomia anterior, assim como do 
direito de ocupar postos públicos; também lhes era proibida a entrada em Jerusalém, 
- 26 - 
 
com exceção de um dia por ano (Tishá beAv), quando podiam prantear a destruição 
do Templo. 
A invasão persa de 614 contou com o auxílio dos judeus, animados pela esperança 
messiânica da libertação. Em gratidão por sua ajuda, eles receberam o governo de 
Jerusalém; esse interlúdio, porém, durou apenas três anos. Subseqüentemente, o 
exército bizantino recuperou o domínio da cidade (629), e os habitantes judeus 
foram novamente expulsos. 
O Domínio Árabe (636-1099) 
A conquista do país pelos árabes ocorreu quatro anos após a morte do profeta 
Maomé (632) e durou mais de quatro séculos, sob o governo de califas 
estabelecidos primeiramente em Damasco, depois em Bagdá e no Egito. No início 
do domínio muçulmano, os judeus novamente se instalaram em Jerusalém, e a 
comunidade judaica recebeu o costumeiro status de proteção. 
Os Cruzados (1099-1291) 
Nos 200 anos seguintes, o país foi dominado pelos cruzados que, atendendo a um 
apelo do Papa Urbano II, partiram da Europa para recuperar a Terra Santa das 
mãos dos "infiéis". Em julho de 1099, após um cerco de cinco semanas, os 
cavaleiros da Primeira Cruzada e seu exército de plebeus capturaram Jerusalém, 
massacrando a maioria de seus habitantes não-cristãos. Entrincheirados em suas 
sinagogas, os judeus defenderam seu quarteirão, mas foram queimados vivos ou 
vendidos como escravos. Nas poucas décadas que se sucederam, os cruzados 
estenderam seu poder sobre o restante do país, em parte através de tratados e 
acordos, mas, sobretudo em conseqüência de sangrentas conquistas militares. O 
Reino Latino dos Cruzados constituía-se de uma minoria conquistadora, confinada 
em cidades e castelos fortificados. 
Quando os cruzados abriram as rotas de transporte da Europa, a peregrinação à 
Terra Santa tornou-se popular; ao mesmo tempo, um crescente número de judeus 
procurava retornar à sua pátria. Documentos da época revelam que um grupo de 
300 rabinos da França e Inglaterra chegou ao país, instalando-se em Acre (Aco) e 
em Jerusalém. 
Após a derrota dos cruzados pelo exército muçulmano de Saladino (1187), os judeus 
passaram a gozar novamente de certa dose de liberdade, inclusive o direito de viver 
em Jerusalém. Embora os cruzados conseguissem ainda manter sua presença no 
país após a morte de Saladino (1193), ela se limitava a uma rede de castelos 
fortificados. O domínio cruzado sobre o país chegou ao fim com a derrota final frente 
aos mamelucos (1291), uma casta militar muçulmana que conquistara o poder no 
Egito. 
O Domínio Mameluco (1291-1516) 
Sob o domínio mameluco, o país tornou-se uma província atrasada, cuja sede de 
governo era em Damasco. Acre, Jafa e outros portos foram destruídos por temor a 
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novas cruzadas, e o comércio, tanto marítimo quanto terrestre, foi interrompido. No 
final da Idade Média, os centros urbanos do país estavam virtualmente em ruínas, à 
maior parte de Jerusalém estava abandonada e a pequena comunidade judaica vivia 
à míngua. O período de decadência sob os mamelucos foi obscurecido ainda por 
revoltas políticas e econômicas, epidemias, devastação por gafanhotos e terríveis 
terremotos. 
O Domínio Otomano (1517-1917) 
Após a conquista otomana, em 1517, o país foi dividido em quatro distritos, ligados 
administrativamente à província de Damasco; a sede do governo era em Istambul. 
No começo da era otomana, cerca de 1000 famílias judias viviam na Terra de Israel, 
em Jerusalém, Nablus (Sichem), Hebron, Gaza, Safed (Tzfat) e algumas aldeias da 
Galiléia. A comunidade se compunha de descendentes de judeus que nunca haviam 
deixado o país, e de imigrantes da África do Norte e da Europa. 
Um governo eficiente, até a morte do sultão Suleiman, o Magnífico (1566), trouxe 
melhorias e estimulou a imigração judaica. Alguns dos recém-chegados se 
estabeleceram em Jerusalém, mas a maioria se dirigiu a Safed aonde, nos meados 
do século XVI, a população judaica chegava a 10.000 pessoas; a cidade se tornara 
um próspero centro têxtil, e foco de intensa atividade intelectual. O estudo da Cabala 
(o misticismo judaico) floresceu durante este período, e novos esclarecimentos da lei 
judaica, codificados no Shulchan Aruch, espalharam-se por toda a Diáspora, desde 
as casas de estudo de Safed. 
À proporção que o governo otomano declinava e perdia sua eficiência, o país foi 
caindo de novo em estado de abandono geral. No final do século XVIII, a maior parte 
das terras pertencia a proprietários ausentes, que as arrendavam a agricultores 
empobrecidos pelos impostos, elevados e arbitrários. As grandes florestas da 
Galiléia e do monte Carmel estavam desnudas; pântanos e desertos invadiam as 
terras produtivas. 
O século XIX testemunhou os primeiros sinais de que o atraso medieval cedia lugar 
ao progresso. Várias potências ocidentais procuravam alcançar posições na região, 
freqüentemente através de atividades missionárias. Eruditos ingleses,franceses e 
americanos iniciavam estudos de arqueologia bíblica; a Inglaterra, a França, a 
Rússia, a Áustria e os Estados Unidos abriram consulados em Jerusalém. Foram 
inauguradas rotas marítimas regulares entre a Terra de Israel e a Europa, instaladas 
conexões postais e telegráficas e construída a primeira estrada, entre Jerusalém e 
Iafo. O renascimento do país como a encruzilhada comercial de três continentes 
acelerou-se com a abertura do Canal de Suez. 
Conseqüentemente, a situação dos judeus do país foi melhorando, e a população 
judaica aumentou consideravelmente. Em meados do século, a superpopulação 
dentro das muralhas de Jerusalém levou os judeus a construir o primeiro bairro fora 
dos muros (1860) e, durante os vinte e cinco anos seguintes, mais outros sete, 
formando o núcleo da Cidade Nova. Por volta de 1880, os judeus já constituíam a 
maioria da população de Jerusalém. Terras agrícolas eram compradas em todo o 
país; novas colônias rurais se estabeleciam; e o hebraico, durante muitos séculos, 
- 28 - 
 
restrito à liturgia e à literatura, era revivido. O cenário estava pronto para a criação 
do movimento sionista. 
Sionismo - o movimento de libertação nacional do povo judeu - é uma palavra 
derivada de 'Sion', o sinônimo tradicional de Jerusalém e da Terra de Israel. O ideal 
do sionismo - a redenção do povo judeu em sua pátria ancestral - está enraizado na 
contínua espera pelo retorno e na profunda ligação à Terra de Israel, que foi sempre 
parte inerente da existência judaica na Diáspora através dos séculos. 
O sionismo político surgiu em conseqüência da contínua opressão e perseguição 
dos judeus na Europa Oriental e da desilusão com a emancipação na Europa 
Ocidental, que não pusera fim à discriminação nem levara à integração dos judeus 
nas sociedades locais. Sua expressão formal foi o estabelecimento da Organização 
Sionista (1897), durante o Primeiro Congresso Sionista, reunido por Teodoro Herzl 
em Basiléia, na Suíça. O programa do movimento sionista continha elementos 
ideológicos e práticos para a promoção do retorno dos judeus à sua terra, do 
renascimento social, cultural, econômico e político da vida nacional judaica, 
procurando também alcançar o reconhecimento internacional para o lar nacional do 
povo judeu em sua pátria histórica, onde os judeus não fossem perseguidos e 
pudessem desenvolver suas vidas e identidade. 
O Domínio Britânico (1918-1948) 
Em julho de 1922, a Liga das Nações confiou à Grã-Bretanha o Mandato sobre a 
Palestina (nome pelo qual o país era designado na época). Reconhecendo "a 
ligação histórica do povo judeu com a Palestina", recomendava que a Grã-Bretanha 
facilitasse o estabelecimento de um lar nacional judaico na Palestina-Eretz Israel 
(Terra de Israel). Dois meses depois, em setembro de 1922, o Conselho da Liga das 
Nações e a Grã-Bretanha decidiram que as estipulações destinadas ao 
estabelecimento deste lar nacional judaico não seriam aplicadas à região situada a 
leste do Rio Jordão, cuja área constituía os três quartos do território do Mandato - e 
que mais tarde tornou-se o Reino Hashemita da Jordânia. 
Imigração 
Motivadas pelo sionismo e encorajadas pela "simpatia para com as aspirações 
sionistas dos judeus", expressas pela Inglaterra, através do Ministro de Relações 
Exteriores Lord Balfour (1917), chegaram ao país, entre 1919 e 1939, sucessivas 
levas de imigrantes, cada uma das quais trouxe sua contribuição específica ao 
desenvolvimento da comunidade judaica. Cerca de 35.000 judeus chegaram entre 
1919 e 1923, sobretudo da Rússia, e tiveram influência marcante sobre o caráter e a 
organização da sociedade nos anos seguintes. Estes pioneiros lançaram os 
fundamentos de uma infra-estrutura social e econômica abrangente, desenvolveram 
a agricultura, estabeleceram formas de assentamento rural comunal singulares - o 
kibutz e o moshav - e forneceram a mão-de-obra para a construção de moradias e 
estradas. A onda seguinte, entre 1924 e 1932, trouxe uns 60.000 judeus, sobretudo 
da Polônia, e contribuiu para o desenvolvimento e enriquecimento da vida urbana. 
- 29 - 
 
Estes imigrantes se estabeleceram principalmente em Tel Aviv, Haifa e Jerusalém, 
onde criaram pequenos negócios, firmas de construção e indústrias leves. A última 
grande onda imigratória anterior à 2a Guerra Mundial ocorreu na década de 30, após 
a ascensão de Hitler ao poder, e compôs-se de cerca de 165.000 pessoas. Estes 
recém-chegados, muitos dos quais eram profissionais e acadêmicos, representaram 
o primeiro grande influxo proveniente da Europa Central e Ocidental. Por sua 
educação, habilidades e experiência, eles elevaram os padrões comerciais, 
refinaram as condições urbanas e rurais e ampliaram a vida cultural da comunidade. 
Administração 
As autoridades mandatórias britânicas concederam às comunidades judaica e árabe 
o direito de gerirem seus próprios assuntos internos. Utilizando-se deste direito, a 
comunidade judaica, conhecida como o ishuv, elegeu em 1920 um órgão 
governamental autônomo, baseado em representação partidária, que se reunia 
anualmente para avaliação das atividades e a eleição do Conselho Nacional, 
responsável pela implementação de sua política e programas. Este conselho 
desenvolveu e manteve uma rede nacional de serviços educacionais, religiosos, 
sociais e de saúde, financiada por recursos locais e por fundos angariados pelo 
judaísmo mundial. Em 1922, conforme estipulado pelo Mandato, foi constituída a 
"Agência Judaica", para representar o povo judeu diante das autoridades 
britânicas, governos estrangeiros e organizações internacionais. 
Desenvolvimento Econômico 
Durante as três décadas do mandato, a agricultura expandiu-se, foram criadas 
fábricas e construíram-se estradas; as águas do Rio Jordão foram represadas para a 
produção de energia elétrica; e o potencial mineral do Mar Morto passou a ser 
explorado. Em 1920 foi fundada a Federação Geral de Trabalhadores, para 
promover o bem-estar dos trabalhadores e criar empregos, através do 
estabelecimento de empresas de propriedade cooperativa no setor industrial, assim 
como de serviços de comercialização para as colônias agrícolas comunais. 
Cultura 
Aos poucos, ia surgindo uma vida cultural específica da comunidade judaica na 
Terra de Israel. A arte, a música e a dança desenvolveram-se gradualmente, com o 
estabelecimento de escolas profissionais e estúdios. Criaram-se galerias e salas de 
espetáculos onde se apresentavam exposições e espetáculos, freqüentadas por um 
público exigente. A estréia de uma nova peça, o lançamento de um novo livro ou a 
retrospectiva de um pintor local eram comentados pela imprensa e tornavam-se o 
tema de animadas discussões nos cafés e reuniões sociais. 
O hebraico foi reconhecido como uma das três línguas oficiais do país, ao lado do 
inglês e árabe, e era usado em documentos, moedas e selos, assim como nas 
transmissões radiofônicas. A atividade editorial proliferou, e o país tornou-se o 
centro mundial da atividade literária em hebraico. Teatros de vários gêneros abriam 
- 30 - 
 
suas portas a audiências entusiásticas, e apareceram as primeiras peças originais 
hebraicas. 
Oposição Árabe e Restrições Britânicas 
O renascimento nacional judaico e os esforços da comunidade por reconstruir o país 
encontraram forte oposição por parte dos nacionalistas árabes. Seu ressentimento 
explodiu em períodos de intensa violência (1920, 1921, 1929, 1936-39), quando os 
transportes judeus eram molestados, campos e florestas incendiados e a população 
judaica era atacada sem motivo. 
As tentativas do movimento sionista de chegar a um diálogo com os árabes foram 
infrutíferas, e o nacionalismo árabe e judeu se polarizaram em situação explosiva. 
Reconhecendo os objetivos opostos dos dois movimentos nacionais, a Grã-Bretanha 
recomendou (1937) que o país fosse dividido em dois estados,um árabe e um 
judeu. A liderança judaica aceitou a idéia da partilha e encarregou a Agência Judaica 
de negociar com o governo britânico, num esforço de reformular alguns aspectos da 
proposta. Os árabes eram absolutamente contra qualquer plano de partilha. 
Os movimentos clandestinos 
Três movimentos clandestinos judeus operaram durante o período do Mandato 
Britânico. O maior era a Haganá, fundado em 1920 pela comunidade judaica como 
milícia de autodefesa para garantir a segurança da população judaica. A partir dos 
meados da década de 30, ela também passou a retaliar os ataques árabes e a 
responder às restrições britânicas contra a imigração judaica com demonstrações de 
massa e atos de sabotagem. O Etzel, criado em 1931, rejeitou as restrições auto-
impostas pela Haganá e iniciou ações independentes contra objetivos árabes e 
ingleses. O menor e mais militante dos grupos, o Lechi, surgiu em 1940, e sua linha 
era, sobretudo anti-britânica. Os três grupos foram dissolvidos em maio de 1948, 
com a criação das Forças de Defesa de Israel. 
Atos de violência contínuos e em grande escala levaram a Grã-Bretanha a publicar o 
Livro Branco (maio de 1939), que impunha drásticas restrições à imigração judaica, 
embora tal restrição significasse negar ao judaísmo europeu um refúgio à 
perseguição nazista. O início da 2a Guerra Mundial, pouco depois, levou David Ben-
Gurion, mais tarde o primeiro chefe de governo israelense, a declarar: "Lutaremos 
na guerra como se não houvera o Livro Branco, e combateremos o Livro 
Branco como se não houvesse guerra." 
Voluntários judeus na 2a Guerra Mundial 
Mais de 26.000 homens e mulheres da comunidade judaica do país uniram-se às 
forças britânicas como voluntários no combate à Alemanha nazista e seus aliados do 
Eixo, servindo no exército, marinha e aeronáutica. Em setembro de 1944, depois de 
prolongados esforços da Agência Judaica no país e do movimento sionista no 
exterior pelo reconhecimento da participação dos judeus da Palestina no esforço de 
- 31 - 
 
guerra, foi constituída a Brigada Judaica, unidade militar independente das forças 
britânicas, com bandeira e emblema próprios. Formada por cerca de 5.000 homens, 
a Brigada atuou no Egito, no norte da Itália e no noroeste da Europa. Após a vitória 
dos aliados na Europa (1945), muitos de seus membros uniram-se ao movimento de 
"imigração ilegal", para trazer sobreviventes do Holocausto à Terra de Israel. 
O Holocausto 
Durante a 2a Guerra Mundial (1939-1945), o regime nazista executou, deliberada e 
sistematicamente, seu plano-mestre de liquidação da comunidade judaica da 
Europa; durante este período foram assassinados seis milhões de judeus, entre os 
quais 1,5 milhão de crianças. À proporção que as tropas nazistas varriam a Europa, 
os judeus eram perseguidos selvagemente, submetidos a torturas e humilhações 
inconcebíveis e fechados em guetos, onde tentativas de resistência armada 
trouxeram em conseqüência medidas ainda mais drásticas. Dos guetos eles eram 
transportados aos campos de concentração onde alguns afortunados eram 
submetidos a trabalhos forçados, e a maioria era assassinada em fuzilamentos em 
massa ou nas câmaras de gás. Somente uns poucos escaparam. Alguns fugiram 
para outros países, outros se uniram aos partisanos e alguns foram escondidos por 
não-judeus, que o fizeram arriscando suas próprias vidas. Em conseqüência, de 
uma população de quase nove milhões, que constituíra no passado a maior e mais 
vibrante comunidade judaica do mundo, sobreviveu apenas um terço, incluindo 
aqueles que haviam deixado a Europa antes da guerra. 
Após a guerra, os britânicos intensificaram suas restrições ao número de judeus que 
tinham permissão de entrar e se estabelecer no país. A comunidade judaica reagiu, 
instituindo uma ampla rede de atividades de "imigração ilegal", para salvar os 
sobreviventes do Holocausto. Entre 1945 e 1948, cerca de 85.000 judeus 
ingressaram no país, através de rotas secretas e muitas vezes perigosas, apesar do 
bloqueio naval britânico e do patrulhamento nas fronteiras para interceptar os 
refugiados antes que eles chegassem ao país. Os que eram capturados eram 
internados em campos de detenção na ilha de Chipre. 
O Caminho para a Independência 
A inabilidade da Grã-Bretanha em conciliar as exigências opostas das comunidades 
judaica e árabe levou o governo inglês a requerer que a "Questão da Palestina" 
fosse inscrita na agenda da Assembléia Geral das Nações Unidas (abril de 1947). 
Em conseqüência, foi constituído um comitê especial para preparar propostas 
relativas ao futuro do país. Em 29 de novembro de 1947, a Assembléia votou pela 
adoção da recomendação do comitê propondo a partilha do país em dois estados, 
um judeu e outro árabe. A comunidade judaica aceitou o plano; os árabes o 
rejeitaram. Após a decisão da ONU, os militantes árabes locais, ajudados por forças 
voluntárias irregulares dos países árabes, desfecharam violentos ataques contra a 
comunidade judaica, num esforço por frustrar a resolução da partilha e impedir o 
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estabelecimento do estado judeu. Após vários revezes, as organizações de defesa 
judaicas expulsaram a maior parte das forças atacantes, tomando posse de toda a 
área que tinha sido destinada ao estado judeu. Em 14 de maio de 1948, data em 
que o Mandato Britânico terminou, a população judaica na Terra de Israel era de 
650.000 pessoas, formando uma comunidade organizada, com instituições políticas, 
sociais e econômicas bem desenvolvidas. 
Após 1942, com a rejeição do Livro Branco de 1939 por parte dos líderes sionistas, o 
Reino Unido tornou-se cada vez mais envolvido num conflito violento com os judeus. 
Vários ataques armados foram levados a cabo pelos sionistas contra alvos 
britânicos, dos quais se destacam o assassinato do ministro de estado britânico Lord 
Moyne no Cairo em novembro de 1944 pelo Stern Gang, liderado por Yitzhak 
Shamir, e a explosão do Hotel King David pelo Irgun, liderado por Menachem Begin, 
em 1946. No início de 1947, o governo britânico, percebendo o encargo político e 
económico que estava a ser o conflito na Palestina, decidiu acabar com o Mandato, 
declarando que era incapaz de chegar a uma solução aceitável para ambos os 
lados, árabes e judeus. 
A recém-criada Organização das Nações Unidas recomendou a aplicação do Plano 
de partição da Palestina, aprovado pela Assembleia Geral das Nações Unidas 
através da Resolução 181, de 29 de novembro de 1947, propondo a divisão do país 
em dois Estados, um árabe e um judeu. Segundo esta proposta, a cidade de 
Jerusalém teria um estatuto de cidade internacional - um corpus separatum - 
administrada pelas Nações Unidas para evitar um possível conflito sobre o seu 
estatuto. 
 A Agência Judaica aceitou o plano, embora nunca tivesse afirmado que limitaria o 
futuro Estado judaico à área proposta pela Resolução 181. A 30 de novembro de 
1947 a Alta Comissão Árabe rejeitou o plano, na esperança de que o assunto fosse 
revisto e uma proposta alternativa apresentada. 
Nesta altura, a Liga Árabe não considerava ainda uma intervenção armada na 
Palestina, à qual se opunha a Alta Comissão Árabe. http://pt.wikipedia.org/wiki/Israel - 
cite_note-69#cite_note-69 No dia seguinte à rejeição do plano, o conflito armado 
estendeu-se a toda a Palestina. As organizações paramilitares sionistas, em 
especial o Haganah e os voluntários internacionais que se lhes juntaram, iniciaram o 
que David Ben Gurion chamou de "defesa agressiva", na qual qualquer ataque 
árabe seria respondido de forma decisiva, com destruição do lugar, expulsão dos 
seus moradores e captura da posição. 
Em março de 1948 foi colocado em prática o Plano Dalet, com o objetivo de capturar 
aldeias, bairros e cidades árabes. No mês seguinte, dois importantes 
acontecimentos geraram ondas de choque através da Palestina e de todo o mundo 
árabe: A morte

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