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2011 HISTÓRIA DE ISRAEL TADEU RODRIGUES HISTÓRIA DE ISRAEL Trata-se de uma pesquisa detalhada para relatar a grande história de Israel 1 INTRODUÇÃOINTRODUÇÃOINTRODUÇÃOINTRODUÇÃO Quando pensamos nas grandes cidades do mundo, geralmente nos lembramos de nomes como Paris, Roma, Londres, Tóquio e Nova Iorque na lista das “cinco melhores” Jerusalém provavelmente não seria citada.Ainda sim, quase que diariamente, parece que a atenção do mundo está voltada para Jerusalém. A cidade é sagrada para três religiões mundiais: judaísmo, cristianismo, o islamismo. Cada uma desas religiões está muito ligada á cidade e aos lugares sagrados dela. “Mas, a devoção religiosa não é o mais importante em Jerusalém. Em ultima análise, a glória de Jerusalém não esta estabelecida em reconhecimento humano mas no que Deus declara sobre ela.” Tomas Icce Jerusalém é importante porque Deus declarou a sua impotância! Ele declarou na Bíblia que ela terá importância terrena e também eterna, Entre todas as grandes cidades do mundo, do passado, do presente, e do futuro, só Jerusalém possui uma garantia divina de eternidade. O povo judeu nasceu na Terra de Israel (Eretz Israel). Nela transcorreu uma etapa significativa de sua longa história, cujo primeiro milênio está registrado na Bíblia; nela se formou sua identidade cultural, religiosa e nacional; e nela se manteve ininterrupta, através dos séculos, sua presença física, mesmo depois do exílio forçado da maioria do povo. Durante os longos anos de dispersão, o povo judeu jamais rompeu ou esqueceu sua ligação com sua terra. Com o estabelecimento do Estado de Israel, em 1948, foi recuperada a independência judaica, perdida 2000 anos antes. A área de Israel, dentro das fronteiras e linhas de cessar-fogo, inclusive os territórios sob o auto-governo palestino, é de 27.800 km2. Com sua forma longa e estreita, o país tem cerca de 470 Km de comprimento e mede 135 Km em seu ponto mais largo. Limita-se com o Líbano ao Norte, com a Síria a Nordeste, a Jordânia a Leste, o Egito a Sudoeste e o Mar Mediterrâneo a Oeste. A distância entre montanhas e planícies, campos férteis e desertos pode ser coberta em poucos minutos. A largura do país, entre o Mediterrâneo a Oeste e o Mar Morto, a Leste, pode ser cruzada de carro em cerca de 90 minutos; e a viagem desde Metullah, no extremo Norte, a Eilat, o ponto mais meridional leva umas 9 horasIsrael pode ser dividida em quatro regiões geográficas: três faixas paralelas que correm de Norte a Sul, e uma vasta zona, quase toda árida, na metade Sul do país. 2 NOMES E SIGNIFICADOS Segundo o pesquisador, Pr. Enéas Tognini, o nome de Jerusalém aparece em registros antiqüíssimos. Nos textos egípcios do Império Medo, foram grafados Rusalimun e Urusali-Mum. No texto Massorético, Yerusalaim. No aramaico bíblico Yeruselem. E para nosso vocabulário chegou através do grego Hierousalem. A cidade, antes de ser tomada pelos filhos de Israel, pertencia aos jebuseus. E nos escritos jebuseus lê-se Yebusi. Em Juízes 19:10 afirma-se que Jebus é Jerusalém, donde se conclui que o nome Jerusalém não é de origem hebraica. “Porém o homem não quis passar ali a noite; mas levantou-se, e partiu, e veio até a altura de Jebus (que é Jerusalém), e com ele os dois jumentos albardados, como também sua comcubina.” Juizes 19:10 Nos Salmos 87:2 e 51:18 e mais 179 vezes, Jerusalém é chamada Sião. “Faze bem a Sião, segundo a tua vontade; edifica os muros de Jerusalém.” Salmo 51:18 “O Senhor ama as portas de Sião mais do que as habitações de Jacó.” Salmo 87:2 Outros nomes na Bíblia e extra-bíblicos são dados a Jerusalém: Cidade de Davi ( I Rs. 8.1) Cidade de Judá (II Cr. 25.28) Cidade Santa (Ne. 11.1 ) Cidade de Deus (Is. 60.14) (Sl. 87.2) Ariel (Is. 29.1) Ladeira de Deus (Is. 1.26) Cidade de Justiça (Is. 1.26) Cidade do Grande Rei (Mt. 5.35) • Aelia Capitolina (o primeiro nome do Imperador Adriano era Aelio e, em 135 d.C. esse foi o nome que se deu à cidade que paganizou); • El-Kuds (“a santa”, nome que o árabe deu a Jerusalém). • Alguns estudiosos afirmam que a primeira parte da palavra Jerusalém (a raiz IRW) encerra a idéia de fundamento, e “Salém” significa paz, portanto Jerusalém = cidade da paz. Morada da paz! Eis o que significa Jerusalém na língua hebraica. - 3 - ANTIGO TESTAMENTOANTIGO TESTAMENTOANTIGO TESTAMENTOANTIGO TESTAMENTO Promessa de Deus Texto e Forma Antigo Testamento é o nome dado, desde os primórdios do Cristianismo, às escrituras sagradas do povo de Israel, formadas por um conjunto de livros muito diferentes uns dos outros em caráter e gênero literário e pertencente a diversas épocas e autores. O Antigo Testamento ocupa, sem dúvida, um lugar preeminente no quadro geral da importante literatura surgida no Antigo Oriente Médio. No decorrer da sua longa história, egípcios, sumérios, assírios, babilônicos, fenícios, hititas, persas e outros povos da região produziram um importante tesouro de obras literárias, porém nenhuma delas se compara ao Antigo Testamento quanto à riqueza dos temas e beleza de expressão e, muito menos, quanto ao valor religioso. Autores e tradição De acordo com a sua origem, os livros do Antigo Testamento podem ser classificados em dois grandes grupos. O primeiro é formado pelos escritos que deixam transparecer a atividade criadora do autor e parecem ser marcados pelo selo da sua personalidade. Tal é o caso de boa parte dos textos proféticos, cuja mensagem inicial foi, às vezes, ampliada, chegando, posteriormente, ao seu pleno desenvolvimento em âmbitos onde a inspiração do profeta original se deixava sentir com intensidade. No segundo grupo são incluídos os livros nos quais, não tendo permanecido marcas próprias do autor, foram as tradições que se encarregaram de transmitir a mensagem preservada pelo povo, proclamando-a e aplicando-a às circunstâncias próprias de cada tempo novo. A esse grupo pertence uma boa parte da narrativa histórica e da literatura cúltica e sapiencial. Transmissão do texto A passagem da tradição oral para a escrita chega ao Antigo Testamento num tempo em que o papiro e o pergaminho já estavam em uso como materiais de escrita. Deles se faziam longas tiras que, convenientemente unidas, formavam os chamados "rolos", uma espécie de cilindros de peso e volume às vezes consideráveis. Assim, chegaram até nós os textos do Antigo Testamento conforme (Jeremias 36), ainda que não nos seus manuscritos hebraicos originais, porque com o tempo todos desapareceram, mas graças à grande quantidade de cópias feitas ao longo de muitos séculos. Dentre elas, as mais antigas que temos pertencem ao séc. I a.C. Foram descobertas em lugares como Qumran, a oeste do mar Morto, algumas em muito bom estado de conservação e outras, muito deterioradas e reduzidas a fragmentos. Das cópias que contêm o texto integral da Bíblia Hebraica, a mais antiga é o Códice de Alepo, que data do séc. X d.C. e é o reflexo da tradição tiberiense. - 4 - O sistema alfabético utilizado nos primitivos manuscritos hebraicos carecia de vogais: na sua época e de acordo com um uso comum de diversas línguas semíticas, somente as consoantes tinham representação gráfica. Essa peculiaridade era, obviamente, uma fonte de sérios problemas de leitura e interpretação dos escritos bíblicos, cuja unificação realizou os especialistas judeus do final do séc. I d.C. O trabalho daqueles sábios foi favorecido na última parte do séc. V a.C. pelo desenvolvimento, sobretudo em Tiberíades e Babilônia, de um sistema de leitura que culminou entre os séculos VIII e XI d.C. com a composição do texto chamado "massorético". Nele, frutodo intenso trabalho realizado pelos "massoretas" (ou "transmissores da tradição"), ficou definitivamente fixada a leitura da Bíblia Hebraica através de um complicado conjunto de sinais vocálicos e entonação. Apesar do excelente cuidado que os copistas tiveram para fazer e conservar as cópias do texto bíblico, nem sempre puderam evitar que aqui e ali fossem introduzidas pequenas variantes na escrita. Por isso, a fim de descobrir e avaliar tais variantes, o estudo dos antigos manuscritos implica uma minuciosa tarefa de comparação de textos, não somente entre umas ou outras cópias hebraicas, mas também em antigas traduções para outras línguas: O texto samaritano do Pentateuco (escrita samaritana) as versões gregas, especialmente a Septuaginta (feita em Alexandria entre os séculos III e II a.C. e utilizada freqüentemente pelos escritores do Novo Testamento) as aramaicas (os targumim, versões parafrásticas) as latinas, em especial a Vulgata as siríacas, as coptas ou a armênia. Os resultados desse trabalho de fixação do texto se encontram sintetizados nas edições críticas da Bíblia Hebraica. - 5 - GEOGRAFIA E RELIGIÃOGEOGRAFIA E RELIGIÃOGEOGRAFIA E RELIGIÃOGEOGRAFIA E RELIGIÃO A Palestina do Antigo Testamento A região onde se desenrolaram os acontecimentos mais importantes registrados no Antigo Testamento está situada na zona imediatamente a leste da bacia do Mediterrâneo. O nome mais antigo dela registrado na Bíblia é "Terra de Canaã” “Tomou Tera a Abrão, seu filho, e a Ló, filho de Harã, filho de seu filho, e a Sarai, sua nora, mulher de seu filho Abrão, e saiu com eles de Ur dos caldeus, para ir à terra de Canaã; foram até Harã onde ficaram.” Gênesis 11:31 Substituído posteriormente, entre os israelitas, por "Terra de Israel “Ora, e toda terra de Israel nem um ferreiro se achava, porque os filisteus tinham dito: Para que os hebreus não façam espada, nem lança.” I Samuel 13:19 “Dize ainda: Assim diz, o Senhor Deus : Hei de ajuntá-los do meio dos povos, e os recolherei das terras para onde foram lançados, e lhes darei a terra de Israel.” Ezequiel 11:17 “Dispões-te, toma o menino e sua mãe e vai para a terra de Israel; porque já morreram os que atentavam contra a vida do menino.” Mateus 2:20 Os gregos e romanos preferiram chamá-la de "Palestina", termo derivado do apelativo "filisteu", pelo qual era conhecido o povo que habitava a costa do Mediterrâneo. No tempo em que o Império Romano dominou o país, pelo menos uma região deste recebeu o nome de "Judéia". Durante a maior parte do período monárquico (931-586 a.C.), a terra de Israel esteve dividida em duas: ao sul, o reino de Judá, sendo Jerusalém sua capital e ao norte, o reino de Israel, tendo a cidade de Samaria como capital. As grandes diferenças políticas que separavam ambos os reinos aumentaram ainda mais quando, em 721 a.C., o reino do Norte foi conquistado pelo exército assírio. O território palestino é formado por três grandes faixas paralelas que se estendem do Norte ao Sul. A ocidental, uma planície banhada pelo Mediterrâneo, estreita-se em direção ao Norte, na Galiléia, e depois fica cercada pelo monte Carmelo. Nessa planície se encontravam as antigas cidades de Gaza, Asquelom, Asdode e Jope (atualmente um subúrbio de Tel Aviv e a Cesaréia romana, de construção mais recente. A faixa central é formada por uma série de montanhas que, desde o Norte, como que se desprendendo da cordilheira do Líbano, descem paralelas pela costa até penetrar no Sul, no deserto de Neguebe. O vale de Jezreel ou de Esdrelom, entre a Galiléia e Samaria, cortava a cadeia montanhosa, cujas duas alturas máximas estão - 6 - uma 1.208 m na Galiléia e a outra 1.020 m, na Judéia. Nessa faixa central do país, encontra-se a cidade de Jerusalém cerca de 800 m acima do nível do mar e outras importantes da Judéia, Samaria e Galiléia. Ao oriente da região montanhosa serpenteia o rio Jordão, o maior rio da Palestina, o qual nasce ao norte da Galiléia, no monte Hermom, e caminha em direção ao sul ao longo de 300 km, pouco mais de 100 km, em linha reta. No seu curso, atravessa o lago Merom e depois o mar ou lago da Galiléia ou ainda "mar de Tiberíades" e corre por uma depressão que se torna cada vez mais profunda, até desembocar no mar Morto, a 392 m abaixo do nível do Mediterrâneo. Mais além da depressão do Jordão, no seu lado oriental, o terreno torna a elevar-se. Sobretudo na região norte há cumes importantes, como, já fora da Palestina, o monte Hermom, com até 2.758 m de altura. A Palestina é predominantemente seca, desértica em extensas regiões do Leste e Sul do país, com montanhas muito pedregosas e poucos espaços com condições favoráveis para o cultivo. Os terrenos férteis, próprios para a agricultura, encontram-se, sobretudo, na planície de Jezreel, ao norte, no vale do Jordão e nas terras baixas que, ao ocidente, acompanham a costa. As altas temperaturas predominantes se atenuam nas partes elevadas, onde as noites podem chegar a ser frias. As duas estações mais importantes são o inverno e o verão. “Enquanto durar a terra, não deixara de haver sementeira e ceifa, frio e calor, verão e inverno, dia e noite.” Gênesis 8:22 “Aprendei, pois, a parábola da figueira: quanto já os seus ramos se renovam e as folhas brotam, sabeis que está próximo o verão.” Mateus 24:32 Mas, quanto ao clima, o essencial para os trabalhos agrícolas é a regularidade na chegada das chuvas: as temporãs (entre outubro e novembro) e as serôdias (entre dezembro e janeiro). Armazena-se, então, a água em algibes ou cisternas, para poder tê-la durante os outros meses do ano. Valorização religiosa do Antigo Testamento No Antigo Testamento, como em toda a Bíblia, é reconhecida, em sua origem, uma autêntica experiência religiosa. Deus se revelou ao povo de Israel na realidade da sua história e fez isso como o único Deus, Criador e Senhor do universo e da história, não se assemelhando a nenhuma outra experiência humana, nem identificando-se com alguma imagem feita pelos homens. Deus é o Autor da vida, o Criador da existência de todos os seres e é um Deus salvador, que está sempre ao lado do seu povo, mas que não se deixa manipular por ele que impõe obrigações morais e sociais, que não se deixa subornar, que protege os fracos e ama a justiça. É um Deus que se achega ao povo, - 7 - especialmente no culto um Deus perdoador, que quer que o pecador viva, porém julga com justiça e castiga a maldade. As idéias e a linguagem do Antigo Testamento transparecem nos escritos do Novo Testamento, em cujo pano de fundo está sempre presente o Deus do Antigo Testamento, o Pai de Jesus Cristo, em quem é revelado, definitivamente, o seu amor e a sua vontade salvadora para todo aquele que o recebe pela fé. O Antigo Testamento dá especial atenção ao relacionamento de Deus com Israel, o seu povo escolhido. Um dos mais importantes aspectos desse relacionamento é a Aliança com Israel, mediante a qual Javé se compromete a ser o Deus daquele povo que tomou como a sua possessão particular e dele exigem o cumprimento religioso dos mandamentos e das leis divinas. Assim, a fé comum, as celebrações cúlticas e a observância da Lei são os elementos que configuram a unidade de Israel, uma unidade que se rompe quando se torna infiel ao Deus ao qual pertence. A história de Israel como povo escolhido revela que o mais importante é manter a sua identidade religiosa em meio ao mundo ao seu redor, passo necessário que será dado em direção à mensagem universal que depois, em Jesus Cristo, será proclamada pelo Novo Testamento. Nem todos os aspectos do Antigo Testamento mantêm igual vigência para o cristão. O Antigo Testamento deve ser interpretado à luz da sua máxima instância, que é Jesus Cristo. A projeção históricae profética do povo de Israel no Antigo Testamento é uma etapa precursora no caminho que conduz à plena revelação divina em Cristo. “Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo filho de todas as coisas, pelo qual também fez o universo.” Hebreus 1:1-2 Por outro lado, o Novo Testamento é o testemunho de fé de que as promessas feitas por Deus a Israel são cumpridas com a vinda do Messias: “Mas o que ocorre é o que foi dito por intermédio do profeta Joel.” Atos 2:16 “conforme está escrito no livro das palavras do profeta Isaias: Voz que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitarei as suas veredas, Todo vale será aterrado, e nivelados todos os montes e outeiros; os caminhos tortuosos serão retificados, e os escabrosos aplanados; toda carne verá a salvação de Deus.” Lucas 3:4-6 “e para que os gentios glorifiquem a Deus por causa da sua misericórdia, como está escrito: por isso eu te glorificarei entre os gentios e cantarei louvores ao teu nome. E também diz: Alegrai-vos, ó gentios, como seu povo.” Romanos 15:9-12 - 8 - Por isso, certas instruções absolutamente válidas para o povo judeu deixam de ser igualmente vigentes para o novo povo de Deus, que é a Igreja. “Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e de bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados, porque tudo isso tem sido sombra das coisas que haviam de vir; porém o corpo é de Cristo.” Colossenses 2:16-17 “Se, portanto, a perfeição houvera sido mediante o sacerdócio levítico (pois nele baseado o povo recebeu a lei), que necessidade haveria ainda que se levantasse outro sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque, e que não fosse contado segundo a ordem de Arão?” Hebreus 7:11 E alguns aspectos da lei de Moisés, do culto do Antigo Testamento e da doutrina sobre o destino do ser humano, pessoal e comunitariamente considerado, devem ser interpretados à luz do evangelho de Jesus Cristo, o Filho de Deus. - 9 - HISTÓRIA E CULTURAHISTÓRIA E CULTURAHISTÓRIA E CULTURAHISTÓRIA E CULTURA A existência de Israel como povo remonta, provavelmente, ao último período do séc. XI a.C. Era o tempo do nascimento da monarquia e da unificação das diversas tribos, que viviam separadas entre si até que, sob o governo do rei Davi, constituiu- se o Estado nacional, com Jerusalém por capital. Até chegar a esse momento, a formação do povo havia sido lenta e difícil, mesclada freqüentemente com a história das mais antigas civilizações que floresceram no Egito, às margens do Nilo e na Mesopotâmia, nas terras regadas pelo Tigre e o Eufrates. As fontes extra bíblicas da história de Israel naquela época são muito limitadas, carentes da base documental necessária para se estabelecerem com precisão as origens do povo hebreu. Nesse aspecto, o livro de Gênesis proporciona alguns dados de valor inestimável, pois o estudo dos relatos patriarcais permite descobrir alguns aspectos fundamentais da origem do povo israelita. A época dos patriarcas Os personagens do Antigo Testamento, habitualmente denominadas "patriarcas", eram chefes de grupos familiares seminômades que iam de um lugar a outro em busca de comida e água para os seus rebanhos. Não havendo chegado ainda à fase cultural do sedentarismo e dos trabalhos agrícolas, os seus assentamentos eram, em geral, eventuais: durava o tempo em que os seus gados demoravam a consumir os pastos. Gênesis oferece uma visão particular do começo da história de Israel, que é mais propriamente a história de uma família. Procedentes da cidade mesopotâmica de UR dos caldeus, situada junto ao Eufrates, Abraão e a sua esposa chegaram ao país de Canaã. Deus havia prometido a Abraão que faria dele uma grande nação. “Ora, disse o Senhor a Abrão: Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que eu te mostrarei; de ti farei uma grande nação, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção! Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra.” Gênesis 12:1-3 “Quando atingiu Abrão a idade de noventa e nove anos, apareceu-lhe o Senhor e disse-lhe: Eu sou o Deus Todo Poderoso; anda na minha presença e sê perfeito. Farei uma aliança entre mim e ti e te multiplicarei extraordinariamente. Prostrou-se Abrão, rosto em terra, e Deus lhe falou: Quanto a mim, será contigo a minha aliança; será pai de numerosas nações.” Gênesis 17:1-4 E, conforme essa promessa, nasceu o seu filho Isaque, que, por sua vez, foi o pai de Jacó. Durante a sua longa viagem, primeiro na direção norte e depois na direção sul, Abraão deteve-se em diversos lugares mencionados na Bíblia: Harã, Siquém, Ai e Betel (Gn 11.31-12.9) atravessou a região desértica do Neguebe e chegou até o - 10 - Egito, de onde, mais tarde, regressou para, finalmente, estabelecer-se em um lugar conhecido como "os carvalhais de Manre", junto a Hebrom (Gn 13.1-3,18). Ao morrer Abraão (Gn 25.7-11. 23.2,17-20), Isaque converte-se no protagonista do relato bíblico, que o apresenta como habitante de Gerar e Berseba (Gn 26.6,23), lugares do Neguebe (Gn 24.62), na região meridional da Palestina. Isaque, herdeiro das promessas de Deus a Abraão, aparece no meio de um quadro descritivo da vida seminômade do segundo milênio a.C.: Busca de campos de pastoreio, assentamentos provisórios, ocasionais trabalhos agrícolas nos limites de povoados fronteiriços e discussões por causa dos poços de água onde se dava de beber ao gado (Gênesis 26). Depois de Isaque, a atenção do relato concentra-se nos conflitos pessoais surgidos entre Jacó e o seu irmão Esaú, que são como que uma visão antecipada dos graves problemas que, posteriormente, haveriam de acontecer entre os israelitas, descendentes de Jacó, e os edomitas, descendentes de Esaú. A história de Jacó é mais longa e complicada que as anteriores. Consta de uma série de relatos entrelaçados: a fuga do patriarca para a região mesopotâmica de Padã-Arã a inteligência e a riqueza de Jacó o regresso a Canaã o episódio de Peniel, onde Deus mudou o nome de Jacó para Israel (Gn 32.28) a revelação de Deus e a renovação das suas promessas (Gn 35.1-15) a história de José e a morte de Jacó no Egito “Habitou Jacó na terra das peregrinações de seu pai, na terra de Canaã.” Gênesis 37:1 “Depois disso, voltou José para o Egito, ele, seus irmãos e todos os que com ele subiram a sepultar seu pai.” Gênesis 50:14 - 11 - A SAÍDA DO EGITOA SAÍDA DO EGITOA SAÍDA DO EGITOA SAÍDA DO EGITO A situação política e social das tribos israelitas, do Egito e dos países do Oriente Médio, no período que vai da morte de José à época de Moisés, sofreu mudanças consideráveis. O Egito viveu um tempo de prosperidade depois de expulsar do país os invasores hicsos. Este povo oriundo da Mesopotâmia, depois de passar por Canaã, havia se apropriado, no início do séc. XVIII a.C., da fértil região egípcia do delta do Nilo. Os hicsos dominaram no Egito cerca de um século e meio, e, provavelmente, foi nesse tempo que Jacó se instalou ali com toda a sua família. Esta poderia ser a explicação da acolhida favorável que foi dispensada ao patriarca, e de que alguns dos seus descendentes, como aconteceu com José, chegaram a ocupar postos importantes no governo do país. “O Conselho foi agradável a Faraó e a todos os seus oficiais. Disse Faraó aos seus oficiais: Acharíamos, por ventura, homem como este, em que há o Espírito de Deus? Depois, disse Faraó a José: Visto que Deus te fez saber tudo isto, ninguém há tão ajuizadoe sábio como tu. Administrarás a minha casa, e á tua palavra obedecerá todo o meu povo, somente no trono eu serei maior que tu. Disse mais o Faraó a José: Vês que te faço autoridade sobre toda a terra do Egito.” Gênesis 41:37-41 A situação mudou quando os hicsos foram finalmente expulsos do Egito. Os estrangeiros residentes, entre os quais se encontravam os israelitas, foram submetidos a uma dura opressão. Essa mudança na situação política está registrada em Êx 1.8, que diz que subiu ao trono do Egito um novo rei "que não conhecera a José." Durante o mandato daquele faraó, os israelitas foram obrigados a trabalhar em condições subumanas na edificação das cidades egípcias de Pitom e Ramessés (Êxodo1.11). Porém, em tais circunstâncias, teve lugar um acontecimento que haveria de permanecer gravado, para sempre, nos anais de Israel: Deus levantou um homem, Moisés, para constituí-lo libertador do seu povo. Moisés, apesar de hebreu por nascimento, recebeu uma educação esmerada na própria corte do faraó. Certo dia, Moisés viu-se obrigado a fugir para o deserto, e ali Javé nome explicado em (Êxodo 3.14) como "EU SOU O QUE SOU" revelou-se a ele e lhe deu a missão de libertar os israelitas da escravidão a que estavam submetidos no Egito (Êxodo 3.1-4.17). Regressou Moisés ao Egito e, depois de vencer com palavras e ações maravilhosas a resistência do faraó, conseguiu que a multidão dos israelitas se colocasse em marcha em direção ao deserto do Sinai. Esse capítulo da história de Israel, a libertação do jugo egípcio, marcou indelevelmente a vida e a religião do povo. A data precisa desse acontecimento não pode ser determinada. Têm-se sugerido duas possibilidades: até meados do séc. XV - 12 - e até meados do séc. XIII. Neste último caso seria durante o reinado de Ramsés II ou do seu filho Meneptá. Durante os anos de permanência no deserto do Sinai, enquanto os israelitas dirigiam-se para Canaã, produziu-se um acontecimento de importância capital: Deus instituiu a sua Aliança com o seu povo escolhido (Êxodo19). Essa Aliança significou o estabelecimento de um relacionamento singular entre Javé e Israel, com estipulações fundamentais que ficaram fixadas na lei mosaica, cuja síntese é o Decálogo (Êxodo 20.1-17). A conquista de Canaã e o período dos juízes. Depois da morte de Moisés (Deuteronômio 34), a direção do povo foi colocada nas mãos de Josué, a quem coube guiá-lo ao país de Canaã, a Terra Prometida. A entrada naqueles territórios iniciou-se com a passagem do Jordão, fato de grande significação histórica, porque com ela inaugurava-se um período decisivo para a constituição da futura nação israelita. “Todo lugar que pisar a planta do vosso pé, vo-lo tenho dado, como eu prometi a Moisés.” Josué 1:3 Conquistar e assentar-se em Canaã não se tornou tarefa fácil. Foi um longo e duro processo (Juízes 1), às vezes, de avanço pacífico, mas, às vezes, de inflamados choques com os hostis povos cananeus (Juízes 4-5), formados por populações diferentes entre si, ainda que todas pertencentes ao comum tronco semítico muito delas terminaram absorvidas por Israel (Josué 9). Naquele tempo da chegada e conquista de Canaã, os grandes impérios do Egito e da Mesopotâmia já haviam iniciado a sua decadência. Destes eram vassalos os pequenos Estados cananeus, de economia agrícola e cuja administração política limitava-se, geralmente, a uma cidade de relativa importância nos limites das suas terras. Em relação à religião, caracterizava-se, sobretudo pelos ritos em honra a Baal, Aserá e Astarote, e a deuses secundários, geralmente divindades da fecundidade. A etapa conhecida como "período dos juízes de Israel" sucedeu à morte de Josué “Depois destas coisas, sucedeu que Josué, filho de Num servo do Senhor, faleceu com idade de cento e dez anos.” Josué 24:29 Desenvolveu-se entre os anos 1200 e 1050 a.C., e a sua característica mais evidente foi, talvez, a distribuição dos israelitas em grupos tribais, mais ou menos independentes e sem um governo central que lhes desse um mínimo sentido de organização política. Naquelas circunstâncias surgiram alguns personagens que assumiram a direção de Israel e que, ocasionalmente, atuaram como estrategistas e o guiaram nas suas ações de guerra (Juízes 5, o Cântico de Débora, que celebra o triunfo de grupos israelitas aliados contra as forças cananéias). Entre todos os povos vizinhos, - 13 - foram, provavelmente, os filisteus que representaram para Israel a mais grave ameaça. Procedentes de Creta e de outras ilhas do Mediterrâneo oriental, os filisteus, conhecidos também como "os povos do mar", que primeiramente haviam intentado sem êxito penetrar no Egito, apoderaram-se depois por volta de 1175 a.C. das planícies costeiras da Palestina meridional. Ali se estabeleceram e constituíram a "Pentápolis", o grupo das cinco cidades filistéias: Asdode, Gaza, Asquelom, Gate e Ecrom “São estes, pois, os tumores de ouro que enviaram os filisteus ao Senhor como oferta pela culpa: por Asdode, um, por Gaza, outro, por Asquelom, outro, por Gate, outro, por Ecron, outro.” 1 Samuel 6:17 Cujo poder reforçou-se com a sua aliança e também com o monopólio da manufatura do ferro, utilizado tanto nos seus trabalhos agrícolas quanto nas suas ações militares “Ora em toda a terra de Israel nem um ferreiro se achava, porque os filisteus tinham dito: Para que os hebreus não façam espadas, nem lança.” Samuel 13:19 - 14 - O INÍCIO DA MONARQUIA DE ISRAELO INÍCIO DA MONARQUIA DE ISRAELO INÍCIO DA MONARQUIA DE ISRAELO INÍCIO DA MONARQUIA DE ISRAEL A figura política dos "juízes", apta para resolver assuntos de caráter tribal, mostrou- se ineficaz ante os problemas que, mais tarde, haveriam de ameaçar a sobrevivência do conjunto de Israel no mundo palestino. Assim, pouco a pouco, veio a implantação da monarquia e, com ela, uma forma de governo unificado, dotado da autoridade necessária para manter uma administração nacional estável. Ainda que a monarquia tenha enfrentado, no início, fortes resistências internas (1 Samuel 8), paulatinamente chegou a impor-se e consolidar-se. Samuel, o último dos juízes de Israel, foi sucedido por Saul, que em 1040 a.C. iniciou o período da monarquia, que se prolongou até 586 a.C., quando, durante o reinado de Zedequias, os babilônios sitiaram e destruíram Jerusalém, tendo Nabucodonosor à frente. Saul, que começou a reinar depois de ter obtido uma vitória militar (1 Samuel 11) e de ter triunfado em outras ocasiões, todavia, nunca conseguiu acabar com os filisteus, e foi lutando contra eles no monte Gilboa que morreram os seus três filhos e ele próprio (1 Samuel 31.1-6). Saul foi sucedido por Davi, proclamado rei pelos homens de Judá na cidade de Hebrom . “Então vieram os homens de Judá e ungiram ali Davi rei sobre a casa de Judá. E informaram Davi que os homens de Jabes-Gileade foram os que sepultaram Saul. Então, enviou Davi mensageiro aos homens de Jabes-Gileade para dizer-lhes: Benditos do Senhor sejais vós, por esta humanidade para com vosso senhor, para com Saul, pois o sepultastes!” 2 Samuel 2:4-5 O seu reinado iniciou-se, pois, na região meridional da Palestina, mas depois se estendeu em direção ao norte. Reconhecido como rei por todas as tribos israelitas, conseguiu unificá-las sob o seu governo. Durante o tempo em que Davi viveu, produziram-se acontecimentos de grande importância: a anexação à nova entidade nacional de algumas cidades cananéias antes independentes, a submissão de povos vizinhos e a conquista de Jerusalém, convertida desde então na capital do reino e centro religioso por excelência. Próximo já da sua morte, Davi designou por sucessor o seu filho Salomão, sob cujo governo alcançou o reino as mais altas cotas de esplendor. Salomão soubeestabelecer importantes relacionamentos políticos e comerciais, geradores de grandes benefícios para Israel. As riquezas acumuladas sob o seu governo permitiram realizar em Jerusalém construções de enorme envergadura, como o Templo e o palácio real. O prestígio de Salomão fez-se proverbial, e a fama da sua prudência e sabedoria nunca teve paralelo na história dos reis de Israel (1 Reis 5-10). - 15 - RRRRUPTURA DA UNIDADE NACIONALUPTURA DA UNIDADE NACIONALUPTURA DA UNIDADE NACIONALUPTURA DA UNIDADE NACIONAL A despeito de todas as circunstâncias favoráveis que rodearam o reinado de Salomão, foi precisamente aí que a unidade do reino começou a fender-se. Por um e outro lado do país, surgiam vozes de protesto pelos abusos de autoridade, pelos maus tratos infligidos à classe trabalhadora e pelo agravamento dos tributos destinados a cobrir os gastos que originavam as grandes construções. Tudo isso, fomentando atitudes de descontentamento e rebeldia, foi causa do ressurgimento de antigas rivalidades entre as tribos do Norte e do Sul. Os problemas chegaram ao extremo quando, morto Salomão, ocupou o trono o seu filho Roboão (1 Reis 12.1-24). Sem a sensatez do seu pai, Roboão provocou, com imprudentes atitudes pessoais, a ruptura do reino: de um lado, a tribo de Judá, que seguiu fiel a Roboão e manteve a capital em Jerusalém de outro, as tribos do Norte, que proclamaram rei a Jeroboão, antigo funcionário da corte de Salomão. Desde esse momento, a divisão da nação em reino do Norte e reino do Sul se fez inevitável. Judá, sempre governada por um membro da dinastia davídica, subsistiu por mais de trezentos anos, ainda que a sua independência nacional tivesse sofrido importantes oscilações desde que, no final do séc. VIII a.C., a Assíria a submeteu a uma dura vassalagem. Aquele antigo império dominou a Palestina até que medos e caldeus, já próximo do séc. VI a.C., apagaram-na do panorama da história. Então, em Judá, onde reinava Josias, renasceram as esperanças de recuperar a perdida independência, mas, depois da batalha de Megido (609 a.C.), com a derrota de Judá e a morte de Josias (2 Crônicas 35.20-24), o reino entrou em uma rápida decadência, que terminou com a destruição de Jerusalém em 586 a.C O Templo e toda a capital foram arrasados, um número grande dos seus habitantes foi levado ao exílio, e a dinastia davídica chegou ao seu fim (2 Reis 25.1-21). Ao que parece, a perda da independência de Judá supôs a sua incorporação à província babilônica de Samaria, mas, além disso, o país havia ficado arruinado, primeiro pela devastação que causaram os invasores e em seguida pelos saques a que o submeteram os seus povos vizinhos, Edom (Obadias 11), Amom e outros (Ezequiel 25.1-4). O reino do Norte, Israel, nunca chegou a gozar uma situação politicamente estável. A sua capital mudou de lugar em diversas ocasiões, antes de ficar finalmente instalada na cidade de Samaria (1 Reis 16.24), e várias tentativas para constituir dinastias duradouras terminaram em fracasso. Freqüentemente de modo violento (Oséias 8.4). A aniquilação do reino do Norte sob a dominação assíria ocorreu gradualmente: primeiro foi à imposição de um grande tributo (2 Reis 15.19-20) em seguida, a conquista de algumas povoações e a conseqüente redução das fronteiras do reino e, por último, a destruição de Samaria, o exílio de uma parte da população e a instalação de um governo estrangeiro no país conquistado. - 16 - O EXÍLIOO EXÍLIOO EXÍLIOO EXÍLIO Os babilônios permitiram que os exilados do reino de Judá formassem famílias, construíssem casas, cultivassem pomares. “Edificai casas e habitai nelas, plantai pomares e comei o fruto. Tomai esposas e gerai filhos e daí vossas filhas a maridos para que tenha filhos e filhas; multiplicai-vos aí e não diminuais. Procurarei a paz da cidade para onde vos desterrei e orai por ela ao Senhor; porque na sua paz voz tereis paz.” Jeremias 29:5-7 E chegassem a consultar os seus próprios chefes e anciãos (Ezequiel 20.1-44) e, igualmente, permitiram-lhes viver em comunidade, em um lugar chamado Tel-Abibe, às margens do rio Quebar (Ezequiel 3.15). Assim, pouco a pouco, foram-se habituando à sua situação de exilados na Babilônia. Em semelhantes circunstâncias, a participação comum nas práticas da religião foi, provavelmente, o vínculo mais forte de união entre os membros da comunidade exilada e a instituição da sinagoga teve um papel relevante como ponto de encontro para a oração, a leitura e o ensinamento da Lei, o canto dos Salmos e o comentário dos escritos dos profetas. Desta maneira, com o exílio, a Babilônia converteu-se num centro de atividade religiosa, onde um grupo de sacerdotes entregou-se com empenho à tarefa de reunir e preservar os textos sagrados que constituíam o patrimônio espiritual de Israel. Entre os componentes desse grupo se contava Ezequiel, que, na sua dupla condição de sacerdote e profeta (Ezequiel 1.1-3 2.1-5), exerceu uma influência singular. Dadas as condições de tolerância e até de bem-estar em que viviam os exilados na Babilônia, não é de estranhar que muitos deles renunciassem, no seu tempo, regressar ao seu país. Outros, pelo contrário, mantendo vivo o ressentimento contra a nação que os havia arrancado da sua pátria e que era causa dos males que lhes haviam sobrevindo, suspiravam pelo momento do regresso ao seu longínquo país (Salmo 137 Isaias 47.1-3). - 17 - RETORNO E RETORNO E RETORNO E RETORNO E RRRRESTAURAÇÃOESTAURAÇÃOESTAURAÇÃOESTAURAÇÃO A esperança de uma rápida libertação cresceu entre os exilados quando Ciro, rei de Anshan, empreendeu a sua carreira de conquistador e fundador de um novo império. Elevado já ao trono da Pérsia (559-530 a.C.), as suas qualidades de estrategista e de político permitiram-lhe superar rapidamente três etapas decisivas: primeiro, a fundação do reino medo-persa, com a sua capital Ecbatana (553 a.C.) segundo, a conquista de quase toda a Ásia Menor, culminada com a vitória sobre o rei de Lídia (546 a.C.) terceiro, a entrada triunfal na Babilônia (539 a.C.). Desse modo, ficou configurado o império persa, que, durante mais de dois séculos, dominou o panorama político do Oriente Médio. Ciro praticou uma política de bom relacionamento com os povos submetidos. Permitiu que cada um conservasse os seus usos, costumes e tradições e que praticasse a sua própria religião, atitude que redundou em benefício aos judeus residentes na Babilônia, os quais, por decreto real, ficaram com a liberdade de regressar à Palestina. O livro de Esdras contém duas versões do referido decreto: “Assim diz Ciro, o rei da Pérsia: O Senhor, Deus dos céus, me deu todos os reinos da terra e me encarregou de lhe edificar uma casa em Jerusalém de Judá. Quem dentre vós é, de todo o seu povo, seja seu Deus com ele, e suba a Jerusalém de Judá e edifique a Casa do Senhor, Deus de Israel; ele é o Deus que habita em Jerusalém. Todo aquele que restar alguns lugares em que habita, os homens desse lugar o ajudarão com prata, ouro, bens e gado, afora as dádivas voluntárias para a Casa de Deus, a qual está em Jerusalém.” Esdras 1:2-4 (Esdras 6.3-12), no qual se ampararam os exilados que quiseram voltar à pátria. E é importante assinalar que o imperador persa não somente permitiu aquele regresso, mas também devolveu aos judeus os ricos utensílios do culto que Nabucodonosor lhes havia arrebatado e levado à Babilônia. Para maior abundância, Ciro ordenou também uma contribuição de caráter oficial para apoiar economicamente a reconstrução do templo de Jerusalém. O retorno dos exilados realizou-se de forma paulatina, por grupos, o primeiro dos quais chegou a Jerusalém sob a liderança de Sesbazar (Esdras 1.11). Tempos depois se iniciaram as obras de reconstrução do Templo, quese prolongaram até 515 a.C. Para dirigir o trabalho e animar os operários contribuíram o governador Zorobabel e o sumo sacerdote Josué, apoiados pelos profetas Ageu e Zacarias (Esdras 5.1). O passar do tempo deu lugar a muitos problemas de índole muito diversa. As duras dificuldades econômicas às quais tiveram que fazer frente, as divisões no seio da comunidade e, muito particularmente, as atitudes hostis dos samaritanos foram causa da degradação da convivência entre os repatriados em Jerusalém e em todo Judá. - 18 - Ao conhecer os problemas que afligiam o seu povo, um judeu chamado Neemias, residente na cidade de Susã, copeiro do rei persa Artaxerxes (Neemias 2.1) solicitou que, com o título de governador de Judá, tivesse a permissão de ajudar o seu povo (445 a.C.). Neemias revelou-se um grande reformador, que atuou com capacidade e eficácia. A sua presença na Palestina foi decisiva, não somente para que se reconstruíssem os muros de Jerusalém, mas também para que a vida da comunidade judaica experimentasse uma mudança profunda e positiva. (Neemias 8-10). Artaxerxes investiu, também de poderes extraordinários, ao sacerdote e escriba Esdras, a fim de que este, dotado de plena autoridade, se ocupasse de todas as necessidades do Templo e do culto em Jerusalém e cuidasse de colocar sob a lei de Deus tanto os judeus recém-repatriados como os que nunca haviam saído da Palestina. (Esdras 7.12-26). Entre eles, promoveu Esdras uma mudança religiosa e moral tão profunda, que, a partir de então, Israel converteu-se no "povo do Livro". A sua figura ocupa nas tradições judaicas um lugar comparável ao de Moisés. Com relação às referências a Artaxerxes no livro de (Esdras 7.7) e no de (Neemias 2.1), se correspondem a um só personagem ou a dois, os historiadores não têm chegado a uma conclusão definitiva. - 19 - O PERÍODO HELENÍSTICOO PERÍODO HELENÍSTICOO PERÍODO HELENÍSTICOO PERÍODO HELENÍSTICO O domínio persa no Oriente Médio chegou ao seu fim quando o exército de Dario III sucumbiu em Isso (333 a.C.) ante as forças de Alexandre Magno (356-323 a.C.). Ali começou a hegemonia do helenismo, que se manteve até 63 a.C. e que entre os seus sucessos contou com o estabelecimento de importantes vínculos entre Oriente e Ocidente. Mas as rivalidades surgidas entre os sucessores de Alexandre (Os Diádocos) impediram o estabelecimento de uma unidade política eficaz nos territórios que ele havia conquistado. De tais divisões originaram-se, com referência à Palestina, a que fora dominada primeiro pelos ptolomeus (ou lágidas) do Egito e depois pelos selêucidas da Síria, duas das dinastias fundadas pelos generais sucessores de Alexandre. Durante a época helenística estendeu-se consideravelmente o uso do grego, e muitos judeus residentes na "diáspora" (ou "dispersão") habituaram-se a utilizá-lo como língua própria. Chegou um momento em que se fez necessário traduzir a Bíblia Hebraica para atender às necessidades religiosas das colônias judaicas de fala grega. Essa tradução, chamada de Septuaginta ou Versão dos Setenta, foi feita aproximadamente entre os anos 250 e 150 a.C. Durante o reinado do selêucida Antíoco IV Epífanes (175-163 a.C.), produziu-se na Palestina um intento de helenização do povo judeu, que causou entre os seus membros uma grave dissensão. Muitos adotaram abertamente costumes próprios da cultura grega, divergentes das práticas judaicas tradicionais, enquanto que outros se agarraram com tenaz fanatismo à lei mosaica. A tensão entre eles foi crescendo até desembocar na rebelião dos Macabeus. Essa rebelião desencadeou-se quando um ancião sacerdote chamado Matatias e os seus cinco filhos organizaram a luta contra o exército sírio. Depois da morte de Matatias, Judas, o seu terceiro filho, ficou à frente da resistência e, chefiando os seus, reconquistou o templo de Jerusalém, que havia sido profanado pelos sírios, e o purificou e o dedicou. A Hannuká ou Festa da Dedicação (João 10.22) comemora esse fato. Convertido em herói nacional, Judas foi o primeiro a receber o sobrenome de "Macabeu" (provavelmente martelo), que depois foi dado também aos seus irmãos. Depois da morte de Simão, o último dos macabeus, a sucessão recaiu sobre o seu filho João Hircano I (134-104 a.C.), com quem teve início à dinastia hasmonéia. Ainda viveu a Judéia alguns dias de esplendor, mas, em geral, durante o governo dos hasmoneus, a estabilidade política deteriorou-se progressivamente. Mais tarde, entrou em jogo o Império Romano, e, no ano 63 a.C., o general Pompeu conquistou Jerusalém e a anexou, com toda a Palestina, à que já era oficialmente província da Síria. A partir desse momento, a própria vida religiosa judaica ficou hipotecada, dirigida aparentemente pelo sumo sacerdote em exercício, mas submetida, em última instância, à autoridade imperial. - 20 - A DINASTIA DOS HASMONEUSA DINASTIA DOS HASMONEUSA DINASTIA DOS HASMONEUSA DINASTIA DOS HASMONEUS (*) Quando o mundo antigo foi conquistado por Alexandre (332 a.e.c), Israel conti- nuava a ser terra judaica e Jerusalém seu centro. Quando os judeus foram proibidos de praticar o judaísmo e o Templo foi profanado, como parte das tentativas gregas de impor a cultura e os costumes helenísticos para toda a população, desencadeou- se uma revolta (166 a.c) liderada por Matatias da dinastia sacerdotal dos Hasmoneus, e depois de sua morte, por seu filho, Judá, o Macabeu. Os judeus entraram em Jerusalém e purificaram o Templo (164 a.c), eventos comemorados até hoje na festa de Chanucá. Após a inauguração do Templo a luta continuou. Judá e seus irmãos Jônatas e Simão revogaram os éditos de Antíoco, proclamando a Judéia um estado independente. Simão se tornou o primeiro Príncipe, instituindo a dinastia de Hasmoneus. Após suas novas vitórias (142 a.c), os selêucidas restauraram a autonomia da Judéia (como era então chamada Israel) e, com o colapso do reino selêucida (129 a.c), a independência judaica foi reconquistada. Sob a dinastia dos Hasmoneus, que durou cerca de 80 anos, as fronteiras do reino eram muito semelhantes às do tempo do Rei Salomão; o regime atingiu consolidação política e a vida judaica floresceu. João Hircano I iniciou uma série de conquistas, destinadas a aumentar o poder do país. Estas foram acompanhadas da conversão forçada dos povos dominados ao judaísmo, para criar um espírito nacionalista forte e motivar o povo à defesa de sua independência. No tempo do Rei Alexandre Yanai o reino estendia-se além do Rio Jordão no leste, até o Mar Mediterrâneo no oeste, ao Líbano no norte e Rafia no sul. Os Hasmoneus promoveram o desenvolvimento do comércio e da manufatura, aproveitando as estradas e portos que faziam de Israel um entreposto obrigatório entre o Ocidente e o Oriente. Ruínas arqueológicas mostram a existência de postos alfandegários e sinagogas desde Acco até o Golfo Pérsico, estabelecendo uma rota comercial para a Índia e a China. A importância dada ao comércio prejudicou a agricultura. O trigo da Palestina não podia competir com o trigo mais barato, importado do Egito (produzido por escravos que não recebiam salários, numa terra mais fértil por processos avançados de irrigação). A classe de pequenos proprietários, que constituíra sempre a espinha dorsal do país e que estivera à frente na luta dos Macabeus, foi reduzida à penúria. Alguns comerciantes ricos compraram grande parte das terras, gerando o surgimento de uma classe de grandes latifundiários e uma de mendigos e desempregados, que iam para Jerusalém e, na maior parte das vezes, não conse- guiam trabalho. Este panorama é muito semelhante ao que se nota em Roma no mesmo período. Já no reinado de João Hircano, a opinião popular sedividiu a respeito da conveniência da política dos Hasmoneus. Formaram-se três grupos distintos, cada - 21 - qual com suas características sociais, religiosas e políticas: os saduceus, os fariseus e os essênios. A verdadeira luta travou-se entre fariseus e saduceus, já que os essênios não eram ativos na política. Atingiu o auge com o governo de Alexandre Yanai, entre 100 e 75 a.c. Ele era também Sumo Sacerdote, mas seu comportamento despertou desprezo dos fariseus, que o ridicularizaram jogando etroguim sobre ele. Coube à sua esposa, a rainha Salomé Alexandra, que o sucedeu no trono, chamar os fariseus ao governo, nomeando seu líder para o cargo de primeiro-ministro. Como uma mulher não podia ser Sumo Sacerdote, ela designou seu filho Hircano para a função. Cumpria-se, assim, uma exigência dos fariseus: a separação entre o poder religioso e o político. Durante o governo de Salomé, foi promulgada uma Lei Escolar que obrigava todo judeu a aprender a ler e escrever; em cada aldeia e cidade, deveria haver uma escola elementar. Esta lei foi fator distintivo do desenvolvimento do povo judeu, elevando seu nível cultural, mesmo quando os demais povos regrediam culturalmente, como na Europa, na Idade Média. A morte de Salomé Alexandra desencadeou uma crise sucessória; os saduceus apoiavam seu filho Aristóbulo II e os fariseus o Sumo Sacerdote Hircano II. Os saduceus venceram, pois Hircano II, pela própria lei dos fariseus, não podia ser ao mesmo tempo rei e sacerdote. Hircano, porém, aconselhado por um edomita chamado Antipater, não quis desistir de suas pretensões. Quando os romanos sucederam os selêucidas como a grande potência na região, concederam autoridade limitada ao rei Hircano II, sob o poder do governador romano de Damasco. Os judeus não aceitaram de boa vontade o novo regime e os anos seguintes viram freqüentes insurreições. A última revolta para restaurar a glória da dinastia dos Hasmoneus foi tentada pelo rei Matatias Antígono (40 a.c). Sua derrota e morte três anos depois nas mãos dos romanos significaram o fim do governo hasmoneu e o começo do domínio romano. Vamos observar sobre helenismo e judaísmo, termos que surgiram no período. Em meados do século XIX, o historiador alemão Droysen definiu a época helenística e o próprio termo Hellenismus, que passou a significar a fusão de culturas que se seguiu às conquistas de Alexandre. Noção que os antigos não reconheceriam em seu tempo embora o verbo hellenízein fosse usado por Aristóteles para se referir ao domínio da língua grega e o próprio termo hellenismós com o mesmo sentido seja atribuído a Teofrastes, discípulo do filósofo. O uso mais genérico do termo para se referir à cultura e costumes gregos ocorre pela primeira vez no segundo livro dos Macabeus, onde é afirmado que a construção do ginásio em Jerusalém pelo sumo sacerdote Jasão levou a ‘um extremo de helenismo’, como algo estranho ao Judaísmo. Não por acaso, o primeiro registro da palavra ioudaismós também se encontra no mesmo livro. O termo se refere a uma cultura e a um modo de vida e, dentro do texto - 22 - representa o contraponto da grega. Antes disso, ioudaioi significava habitante da Judéia, relativo à etnia. Os judeus na Diáspora recebiam também a designação ioudaios, identificados como um grupo étnico que se mantinha unido e reproduzia seus costumes ancestrais. Embora o termo Judaísmo tenha sido cunhado no período da dinastia dos hasmoneus, como modo de vida já estava estabelecido muito antes. O Judaísmo, como cultura ou como religião, foi ameaçado e teve sua face alterada definitivamente neste período da história. Basta ver os nomes gregos dos reis da dinastia. (*) Jane Bichmacher de Glasman é escritora e doutora em Língua Hebraica, Literaturas e Cultura Judaica pela USP, professora adjunta, fundadora e ex-diretora do Programa de Estudos Judaicos da UERJ. - 23 - IMPÉRIO ROMANOIMPÉRIO ROMANOIMPÉRIO ROMANOIMPÉRIO ROMANO A história de Roma Antiga é fascinante em função da cultura desenvolvida e dos avanços conseguidos por esta civilização. De uma pequena cidade, tornou-se um dos maiores impérios da antiguidade. Dos romanos, herdamos uma série de características culturais. O direito romano, até os dias de hoje está presente na cultura ocidental, assim como o latim, que deu origem a língua portuguesa, francesa, italiana e espanhola. Origem de Roma: explicação mitológica Os romanos explicavam a origem de sua cidade através do mito de Rômulo e Remo. Segundo a mitologia romana, os gêmeos foram jogados no rio Tibre, na Itália. Resgatados por uma loba, que os amamentou, foram criados posteriormente por um casal de pastores. Adultos, retornam a cidade natal de Alba Longa e ganham terras para fundar uma nova cidade que seria Roma. Origem de Roma: explicação histórica e Monarquia Romana (753 a.C a 509 a.C) De acordo com os historiadores, a fundação de Roma resulta da mistura de três povos que foram habitar a região da Península Itálica: gregos, etruscos e italiotas. Desenvolveu na região uma economia baseada na agricultura e nas atividades pastoris. A sociedade, nesta época, era formada por patrícios (nobres proprietários de terras) e plebeus (comerciantes artesãos e pequenos proprietários). O sistema político era a monarquia, já que a cidade era governada por um rei de origem patrícia. A religião neste período era politeísta, adotando deuses semelhantes aos dos gregos, porém com nomes diferentes. Nas artes destacava-se a pintura de afrescos, murais decorativos e esculturas com influências gregas. República Romana (509 a.C. a 27 a.C) Durante o período republicano, o senado Romano ganhou grande poder político. Os senadores, de origem patrícia, cuidavam das finanças públicas, da administração e da política externa. As atividades executivas eram exercidas pelos cônsules e pelos tribunos da plebe. A criação dos tribunos da plebe está ligada às lutas dos plebeus por uma maior participação política e melhores condições de vida. Em 367 a.C, foi aprovada a Lei Licínia, que garantia a participação dos plebeus no Consulado (dois cônsules eram eleitos: um patrício e um plebeu). Esta lei também acabou com a escravidão por dívidas (válida somente para cidadãos romanos). - 24 - Formação e Expansão do Império Romano Após dominar toda a península itálica, os romanos partiram para as conquistas de outros territórios. Com um exército bem preparado e muitos recursos, venceram os cartagineses, liderados pelo general Anibal, nas Guerras Púnicas (século III a.C). Esta vitória foi muito importante, pois garantiu a supremacia romana no Mar Mediterrâneo. Os romanos passaram a chamar o Mediterrâneo de Mare Nostrum. Após dominar Cartago, Roma ampliou suas conquistas, dominando a Grécia, o Egito, a Macedônia, a Gália, a Germânia, a Trácia, a Síria e a Palestina. Com as conquistas, a vida e a estrutura de Roma passaram por significativas mudanças. O império romano passou a ser muito mais comercial do que agrário. Povos conquistados foram escravizados ou passaram a pagar impostos para o império. As províncias (regiões controladas por Roma) renderam grandes recursos para Roma. A capital do Império Romano enriqueceu e a vida dos romanos mudou. Principais imperadores romanos: Augusto (27 a.C. - 14 d.C) Tibério (14-37) Calígula (37-41) Nero (54-68) Marco Aurélio (161-180) Conduz (180-192) Cultura Romana A cultura romana foi muito influenciada pela cultura grega. Os romanos "copiaram" muitos aspectos da arte, pintura e arquitetura grega. Os balneários romanos espalharam-se pelas grandes cidades. Eram locais aonde os senadores e membros da aristocraciaromana iam para discutirem política e ampliar seus relacionamentos pessoais. A língua romana era o latim, que depois de um tempo espalhou-se pelos quatro cantos do império, dando origem na Idade Média, ao português, francês, italiano e espanhol. A mitologia romana representava formas de explicação da realidade que os romanos não conseguiam explicar de forma científica. Trata também da origem de seu povo e da cidade que deu origem ao império. Entre os principais mitos romanos, podemos destacar: Rômulo e Remo e O rapto de Proserpina. - 25 - Religião Romana Os romanos eram politeístas, ou seja, acreditavam em vários deuses. A grande parte dos deuses romanos foram retirados do panteão grego, porém os nomes originais foram mudados. Muitos deuses de regiões conquistadas também foram incorporados aos cultos romanos. Os deuses eram antropomórficos, ou seja, possuíam características (qualidades e defeitos) de seres humanos, além de serem representados em forma humana. Além dos deuses principais, os romanos cultuavam também os deuses lares e penates. Estes deuses eram cultuados dentro das casas e protegiam a família. Principais deuses romanos: Júpiter, Juno, Apolo, Marte, Diana, Vênus, Ceres e Baco. Crise e decadência do Império Romano Por volta do século III, o império romano passava por uma enorme crise econômica e política. A corrupção dentro do governo e os gastos com luxo retiraram recursos para o investimento no exército romano. Com o fim das conquistas territoriais, diminuiu o número de escravos, provocando uma queda na produção agrícola. Na mesma proporção, caia o pagamento de tributos originados das províncias. Em crise e com o exército enfraquecido, as fronteiras ficavam a cada dia mais desprotegidas. Muitos soldados, sem receber salário, deixavam suas obrigações militares. Os povos germânicos, tratados como bárbaros pelos romanos, estavam forçando a penetração pelas fronteiras do norte do império. No ano de 395, o imperador Teodósio resolve dividir o império em: Império Romano do Ocidente, com capital em Roma e Império Romano do Oriente (Império Bizantino), com capital em Constantinopla. Em 476, chega ao fim o Império Romano do Ocidente, após a invasão de diversos povos bárbaros, entre eles, visigodos, vândalos, burgúndios, suevos, saxões, ostrogodos, hunos etc. Era o fim da Antiguidade e início de uma nova época chamada de Idade Média. O Domínio Bizantino (313-636) No final do século IV, após a conversão do imperador Constantino ao cristianismo (313) e a fundação do Império Bizantino, a Terra de Israel se tornou um país predominantemente cristão. Foram construídas igrejas nos lugares santos cristãos de Jerusalém, Belém e da Galiléia, e fundaram-se mosteiros em várias partes do país. Os judeus estavam privados de sua relativa autonomia anterior, assim como do direito de ocupar postos públicos; também lhes era proibida a entrada em Jerusalém, - 26 - com exceção de um dia por ano (Tishá beAv), quando podiam prantear a destruição do Templo. A invasão persa de 614 contou com o auxílio dos judeus, animados pela esperança messiânica da libertação. Em gratidão por sua ajuda, eles receberam o governo de Jerusalém; esse interlúdio, porém, durou apenas três anos. Subseqüentemente, o exército bizantino recuperou o domínio da cidade (629), e os habitantes judeus foram novamente expulsos. O Domínio Árabe (636-1099) A conquista do país pelos árabes ocorreu quatro anos após a morte do profeta Maomé (632) e durou mais de quatro séculos, sob o governo de califas estabelecidos primeiramente em Damasco, depois em Bagdá e no Egito. No início do domínio muçulmano, os judeus novamente se instalaram em Jerusalém, e a comunidade judaica recebeu o costumeiro status de proteção. Os Cruzados (1099-1291) Nos 200 anos seguintes, o país foi dominado pelos cruzados que, atendendo a um apelo do Papa Urbano II, partiram da Europa para recuperar a Terra Santa das mãos dos "infiéis". Em julho de 1099, após um cerco de cinco semanas, os cavaleiros da Primeira Cruzada e seu exército de plebeus capturaram Jerusalém, massacrando a maioria de seus habitantes não-cristãos. Entrincheirados em suas sinagogas, os judeus defenderam seu quarteirão, mas foram queimados vivos ou vendidos como escravos. Nas poucas décadas que se sucederam, os cruzados estenderam seu poder sobre o restante do país, em parte através de tratados e acordos, mas, sobretudo em conseqüência de sangrentas conquistas militares. O Reino Latino dos Cruzados constituía-se de uma minoria conquistadora, confinada em cidades e castelos fortificados. Quando os cruzados abriram as rotas de transporte da Europa, a peregrinação à Terra Santa tornou-se popular; ao mesmo tempo, um crescente número de judeus procurava retornar à sua pátria. Documentos da época revelam que um grupo de 300 rabinos da França e Inglaterra chegou ao país, instalando-se em Acre (Aco) e em Jerusalém. Após a derrota dos cruzados pelo exército muçulmano de Saladino (1187), os judeus passaram a gozar novamente de certa dose de liberdade, inclusive o direito de viver em Jerusalém. Embora os cruzados conseguissem ainda manter sua presença no país após a morte de Saladino (1193), ela se limitava a uma rede de castelos fortificados. O domínio cruzado sobre o país chegou ao fim com a derrota final frente aos mamelucos (1291), uma casta militar muçulmana que conquistara o poder no Egito. O Domínio Mameluco (1291-1516) Sob o domínio mameluco, o país tornou-se uma província atrasada, cuja sede de governo era em Damasco. Acre, Jafa e outros portos foram destruídos por temor a - 27 - novas cruzadas, e o comércio, tanto marítimo quanto terrestre, foi interrompido. No final da Idade Média, os centros urbanos do país estavam virtualmente em ruínas, à maior parte de Jerusalém estava abandonada e a pequena comunidade judaica vivia à míngua. O período de decadência sob os mamelucos foi obscurecido ainda por revoltas políticas e econômicas, epidemias, devastação por gafanhotos e terríveis terremotos. O Domínio Otomano (1517-1917) Após a conquista otomana, em 1517, o país foi dividido em quatro distritos, ligados administrativamente à província de Damasco; a sede do governo era em Istambul. No começo da era otomana, cerca de 1000 famílias judias viviam na Terra de Israel, em Jerusalém, Nablus (Sichem), Hebron, Gaza, Safed (Tzfat) e algumas aldeias da Galiléia. A comunidade se compunha de descendentes de judeus que nunca haviam deixado o país, e de imigrantes da África do Norte e da Europa. Um governo eficiente, até a morte do sultão Suleiman, o Magnífico (1566), trouxe melhorias e estimulou a imigração judaica. Alguns dos recém-chegados se estabeleceram em Jerusalém, mas a maioria se dirigiu a Safed aonde, nos meados do século XVI, a população judaica chegava a 10.000 pessoas; a cidade se tornara um próspero centro têxtil, e foco de intensa atividade intelectual. O estudo da Cabala (o misticismo judaico) floresceu durante este período, e novos esclarecimentos da lei judaica, codificados no Shulchan Aruch, espalharam-se por toda a Diáspora, desde as casas de estudo de Safed. À proporção que o governo otomano declinava e perdia sua eficiência, o país foi caindo de novo em estado de abandono geral. No final do século XVIII, a maior parte das terras pertencia a proprietários ausentes, que as arrendavam a agricultores empobrecidos pelos impostos, elevados e arbitrários. As grandes florestas da Galiléia e do monte Carmel estavam desnudas; pântanos e desertos invadiam as terras produtivas. O século XIX testemunhou os primeiros sinais de que o atraso medieval cedia lugar ao progresso. Várias potências ocidentais procuravam alcançar posições na região, freqüentemente através de atividades missionárias. Eruditos ingleses,franceses e americanos iniciavam estudos de arqueologia bíblica; a Inglaterra, a França, a Rússia, a Áustria e os Estados Unidos abriram consulados em Jerusalém. Foram inauguradas rotas marítimas regulares entre a Terra de Israel e a Europa, instaladas conexões postais e telegráficas e construída a primeira estrada, entre Jerusalém e Iafo. O renascimento do país como a encruzilhada comercial de três continentes acelerou-se com a abertura do Canal de Suez. Conseqüentemente, a situação dos judeus do país foi melhorando, e a população judaica aumentou consideravelmente. Em meados do século, a superpopulação dentro das muralhas de Jerusalém levou os judeus a construir o primeiro bairro fora dos muros (1860) e, durante os vinte e cinco anos seguintes, mais outros sete, formando o núcleo da Cidade Nova. Por volta de 1880, os judeus já constituíam a maioria da população de Jerusalém. Terras agrícolas eram compradas em todo o país; novas colônias rurais se estabeleciam; e o hebraico, durante muitos séculos, - 28 - restrito à liturgia e à literatura, era revivido. O cenário estava pronto para a criação do movimento sionista. Sionismo - o movimento de libertação nacional do povo judeu - é uma palavra derivada de 'Sion', o sinônimo tradicional de Jerusalém e da Terra de Israel. O ideal do sionismo - a redenção do povo judeu em sua pátria ancestral - está enraizado na contínua espera pelo retorno e na profunda ligação à Terra de Israel, que foi sempre parte inerente da existência judaica na Diáspora através dos séculos. O sionismo político surgiu em conseqüência da contínua opressão e perseguição dos judeus na Europa Oriental e da desilusão com a emancipação na Europa Ocidental, que não pusera fim à discriminação nem levara à integração dos judeus nas sociedades locais. Sua expressão formal foi o estabelecimento da Organização Sionista (1897), durante o Primeiro Congresso Sionista, reunido por Teodoro Herzl em Basiléia, na Suíça. O programa do movimento sionista continha elementos ideológicos e práticos para a promoção do retorno dos judeus à sua terra, do renascimento social, cultural, econômico e político da vida nacional judaica, procurando também alcançar o reconhecimento internacional para o lar nacional do povo judeu em sua pátria histórica, onde os judeus não fossem perseguidos e pudessem desenvolver suas vidas e identidade. O Domínio Britânico (1918-1948) Em julho de 1922, a Liga das Nações confiou à Grã-Bretanha o Mandato sobre a Palestina (nome pelo qual o país era designado na época). Reconhecendo "a ligação histórica do povo judeu com a Palestina", recomendava que a Grã-Bretanha facilitasse o estabelecimento de um lar nacional judaico na Palestina-Eretz Israel (Terra de Israel). Dois meses depois, em setembro de 1922, o Conselho da Liga das Nações e a Grã-Bretanha decidiram que as estipulações destinadas ao estabelecimento deste lar nacional judaico não seriam aplicadas à região situada a leste do Rio Jordão, cuja área constituía os três quartos do território do Mandato - e que mais tarde tornou-se o Reino Hashemita da Jordânia. Imigração Motivadas pelo sionismo e encorajadas pela "simpatia para com as aspirações sionistas dos judeus", expressas pela Inglaterra, através do Ministro de Relações Exteriores Lord Balfour (1917), chegaram ao país, entre 1919 e 1939, sucessivas levas de imigrantes, cada uma das quais trouxe sua contribuição específica ao desenvolvimento da comunidade judaica. Cerca de 35.000 judeus chegaram entre 1919 e 1923, sobretudo da Rússia, e tiveram influência marcante sobre o caráter e a organização da sociedade nos anos seguintes. Estes pioneiros lançaram os fundamentos de uma infra-estrutura social e econômica abrangente, desenvolveram a agricultura, estabeleceram formas de assentamento rural comunal singulares - o kibutz e o moshav - e forneceram a mão-de-obra para a construção de moradias e estradas. A onda seguinte, entre 1924 e 1932, trouxe uns 60.000 judeus, sobretudo da Polônia, e contribuiu para o desenvolvimento e enriquecimento da vida urbana. - 29 - Estes imigrantes se estabeleceram principalmente em Tel Aviv, Haifa e Jerusalém, onde criaram pequenos negócios, firmas de construção e indústrias leves. A última grande onda imigratória anterior à 2a Guerra Mundial ocorreu na década de 30, após a ascensão de Hitler ao poder, e compôs-se de cerca de 165.000 pessoas. Estes recém-chegados, muitos dos quais eram profissionais e acadêmicos, representaram o primeiro grande influxo proveniente da Europa Central e Ocidental. Por sua educação, habilidades e experiência, eles elevaram os padrões comerciais, refinaram as condições urbanas e rurais e ampliaram a vida cultural da comunidade. Administração As autoridades mandatórias britânicas concederam às comunidades judaica e árabe o direito de gerirem seus próprios assuntos internos. Utilizando-se deste direito, a comunidade judaica, conhecida como o ishuv, elegeu em 1920 um órgão governamental autônomo, baseado em representação partidária, que se reunia anualmente para avaliação das atividades e a eleição do Conselho Nacional, responsável pela implementação de sua política e programas. Este conselho desenvolveu e manteve uma rede nacional de serviços educacionais, religiosos, sociais e de saúde, financiada por recursos locais e por fundos angariados pelo judaísmo mundial. Em 1922, conforme estipulado pelo Mandato, foi constituída a "Agência Judaica", para representar o povo judeu diante das autoridades britânicas, governos estrangeiros e organizações internacionais. Desenvolvimento Econômico Durante as três décadas do mandato, a agricultura expandiu-se, foram criadas fábricas e construíram-se estradas; as águas do Rio Jordão foram represadas para a produção de energia elétrica; e o potencial mineral do Mar Morto passou a ser explorado. Em 1920 foi fundada a Federação Geral de Trabalhadores, para promover o bem-estar dos trabalhadores e criar empregos, através do estabelecimento de empresas de propriedade cooperativa no setor industrial, assim como de serviços de comercialização para as colônias agrícolas comunais. Cultura Aos poucos, ia surgindo uma vida cultural específica da comunidade judaica na Terra de Israel. A arte, a música e a dança desenvolveram-se gradualmente, com o estabelecimento de escolas profissionais e estúdios. Criaram-se galerias e salas de espetáculos onde se apresentavam exposições e espetáculos, freqüentadas por um público exigente. A estréia de uma nova peça, o lançamento de um novo livro ou a retrospectiva de um pintor local eram comentados pela imprensa e tornavam-se o tema de animadas discussões nos cafés e reuniões sociais. O hebraico foi reconhecido como uma das três línguas oficiais do país, ao lado do inglês e árabe, e era usado em documentos, moedas e selos, assim como nas transmissões radiofônicas. A atividade editorial proliferou, e o país tornou-se o centro mundial da atividade literária em hebraico. Teatros de vários gêneros abriam - 30 - suas portas a audiências entusiásticas, e apareceram as primeiras peças originais hebraicas. Oposição Árabe e Restrições Britânicas O renascimento nacional judaico e os esforços da comunidade por reconstruir o país encontraram forte oposição por parte dos nacionalistas árabes. Seu ressentimento explodiu em períodos de intensa violência (1920, 1921, 1929, 1936-39), quando os transportes judeus eram molestados, campos e florestas incendiados e a população judaica era atacada sem motivo. As tentativas do movimento sionista de chegar a um diálogo com os árabes foram infrutíferas, e o nacionalismo árabe e judeu se polarizaram em situação explosiva. Reconhecendo os objetivos opostos dos dois movimentos nacionais, a Grã-Bretanha recomendou (1937) que o país fosse dividido em dois estados,um árabe e um judeu. A liderança judaica aceitou a idéia da partilha e encarregou a Agência Judaica de negociar com o governo britânico, num esforço de reformular alguns aspectos da proposta. Os árabes eram absolutamente contra qualquer plano de partilha. Os movimentos clandestinos Três movimentos clandestinos judeus operaram durante o período do Mandato Britânico. O maior era a Haganá, fundado em 1920 pela comunidade judaica como milícia de autodefesa para garantir a segurança da população judaica. A partir dos meados da década de 30, ela também passou a retaliar os ataques árabes e a responder às restrições britânicas contra a imigração judaica com demonstrações de massa e atos de sabotagem. O Etzel, criado em 1931, rejeitou as restrições auto- impostas pela Haganá e iniciou ações independentes contra objetivos árabes e ingleses. O menor e mais militante dos grupos, o Lechi, surgiu em 1940, e sua linha era, sobretudo anti-britânica. Os três grupos foram dissolvidos em maio de 1948, com a criação das Forças de Defesa de Israel. Atos de violência contínuos e em grande escala levaram a Grã-Bretanha a publicar o Livro Branco (maio de 1939), que impunha drásticas restrições à imigração judaica, embora tal restrição significasse negar ao judaísmo europeu um refúgio à perseguição nazista. O início da 2a Guerra Mundial, pouco depois, levou David Ben- Gurion, mais tarde o primeiro chefe de governo israelense, a declarar: "Lutaremos na guerra como se não houvera o Livro Branco, e combateremos o Livro Branco como se não houvesse guerra." Voluntários judeus na 2a Guerra Mundial Mais de 26.000 homens e mulheres da comunidade judaica do país uniram-se às forças britânicas como voluntários no combate à Alemanha nazista e seus aliados do Eixo, servindo no exército, marinha e aeronáutica. Em setembro de 1944, depois de prolongados esforços da Agência Judaica no país e do movimento sionista no exterior pelo reconhecimento da participação dos judeus da Palestina no esforço de - 31 - guerra, foi constituída a Brigada Judaica, unidade militar independente das forças britânicas, com bandeira e emblema próprios. Formada por cerca de 5.000 homens, a Brigada atuou no Egito, no norte da Itália e no noroeste da Europa. Após a vitória dos aliados na Europa (1945), muitos de seus membros uniram-se ao movimento de "imigração ilegal", para trazer sobreviventes do Holocausto à Terra de Israel. O Holocausto Durante a 2a Guerra Mundial (1939-1945), o regime nazista executou, deliberada e sistematicamente, seu plano-mestre de liquidação da comunidade judaica da Europa; durante este período foram assassinados seis milhões de judeus, entre os quais 1,5 milhão de crianças. À proporção que as tropas nazistas varriam a Europa, os judeus eram perseguidos selvagemente, submetidos a torturas e humilhações inconcebíveis e fechados em guetos, onde tentativas de resistência armada trouxeram em conseqüência medidas ainda mais drásticas. Dos guetos eles eram transportados aos campos de concentração onde alguns afortunados eram submetidos a trabalhos forçados, e a maioria era assassinada em fuzilamentos em massa ou nas câmaras de gás. Somente uns poucos escaparam. Alguns fugiram para outros países, outros se uniram aos partisanos e alguns foram escondidos por não-judeus, que o fizeram arriscando suas próprias vidas. Em conseqüência, de uma população de quase nove milhões, que constituíra no passado a maior e mais vibrante comunidade judaica do mundo, sobreviveu apenas um terço, incluindo aqueles que haviam deixado a Europa antes da guerra. Após a guerra, os britânicos intensificaram suas restrições ao número de judeus que tinham permissão de entrar e se estabelecer no país. A comunidade judaica reagiu, instituindo uma ampla rede de atividades de "imigração ilegal", para salvar os sobreviventes do Holocausto. Entre 1945 e 1948, cerca de 85.000 judeus ingressaram no país, através de rotas secretas e muitas vezes perigosas, apesar do bloqueio naval britânico e do patrulhamento nas fronteiras para interceptar os refugiados antes que eles chegassem ao país. Os que eram capturados eram internados em campos de detenção na ilha de Chipre. O Caminho para a Independência A inabilidade da Grã-Bretanha em conciliar as exigências opostas das comunidades judaica e árabe levou o governo inglês a requerer que a "Questão da Palestina" fosse inscrita na agenda da Assembléia Geral das Nações Unidas (abril de 1947). Em conseqüência, foi constituído um comitê especial para preparar propostas relativas ao futuro do país. Em 29 de novembro de 1947, a Assembléia votou pela adoção da recomendação do comitê propondo a partilha do país em dois estados, um judeu e outro árabe. A comunidade judaica aceitou o plano; os árabes o rejeitaram. Após a decisão da ONU, os militantes árabes locais, ajudados por forças voluntárias irregulares dos países árabes, desfecharam violentos ataques contra a comunidade judaica, num esforço por frustrar a resolução da partilha e impedir o - 32 - estabelecimento do estado judeu. Após vários revezes, as organizações de defesa judaicas expulsaram a maior parte das forças atacantes, tomando posse de toda a área que tinha sido destinada ao estado judeu. Em 14 de maio de 1948, data em que o Mandato Britânico terminou, a população judaica na Terra de Israel era de 650.000 pessoas, formando uma comunidade organizada, com instituições políticas, sociais e econômicas bem desenvolvidas. Após 1942, com a rejeição do Livro Branco de 1939 por parte dos líderes sionistas, o Reino Unido tornou-se cada vez mais envolvido num conflito violento com os judeus. Vários ataques armados foram levados a cabo pelos sionistas contra alvos britânicos, dos quais se destacam o assassinato do ministro de estado britânico Lord Moyne no Cairo em novembro de 1944 pelo Stern Gang, liderado por Yitzhak Shamir, e a explosão do Hotel King David pelo Irgun, liderado por Menachem Begin, em 1946. No início de 1947, o governo britânico, percebendo o encargo político e económico que estava a ser o conflito na Palestina, decidiu acabar com o Mandato, declarando que era incapaz de chegar a uma solução aceitável para ambos os lados, árabes e judeus. A recém-criada Organização das Nações Unidas recomendou a aplicação do Plano de partição da Palestina, aprovado pela Assembleia Geral das Nações Unidas através da Resolução 181, de 29 de novembro de 1947, propondo a divisão do país em dois Estados, um árabe e um judeu. Segundo esta proposta, a cidade de Jerusalém teria um estatuto de cidade internacional - um corpus separatum - administrada pelas Nações Unidas para evitar um possível conflito sobre o seu estatuto. A Agência Judaica aceitou o plano, embora nunca tivesse afirmado que limitaria o futuro Estado judaico à área proposta pela Resolução 181. A 30 de novembro de 1947 a Alta Comissão Árabe rejeitou o plano, na esperança de que o assunto fosse revisto e uma proposta alternativa apresentada. Nesta altura, a Liga Árabe não considerava ainda uma intervenção armada na Palestina, à qual se opunha a Alta Comissão Árabe. http://pt.wikipedia.org/wiki/Israel - cite_note-69#cite_note-69 No dia seguinte à rejeição do plano, o conflito armado estendeu-se a toda a Palestina. As organizações paramilitares sionistas, em especial o Haganah e os voluntários internacionais que se lhes juntaram, iniciaram o que David Ben Gurion chamou de "defesa agressiva", na qual qualquer ataque árabe seria respondido de forma decisiva, com destruição do lugar, expulsão dos seus moradores e captura da posição. Em março de 1948 foi colocado em prática o Plano Dalet, com o objetivo de capturar aldeias, bairros e cidades árabes. No mês seguinte, dois importantes acontecimentos geraram ondas de choque através da Palestina e de todo o mundo árabe: A morte
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