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O BRINCAR E A CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA

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O BRINCAR E A CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA 
 
Revista da Católica, Uberlândia, v. 1, n. 2, p. 159-168, 2009 – catolicaonline.com.br/revistadacatolica 159 
 
O BRINCAR E A CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA1 
 
Clarita Claupero Almeida* 
Helenice Maria Tavares** 
 
RESUMO 
Como trabalhar com crianças com deficiência? Isto é possível? Neste artigo buscou-se ressaltar o 
brincar para favorecer a interação social com outras crianças. Mediante pesquisa bibliográfica, 
verificou-se que a vivência da brincadeira oportuniza o desenvolvimento integral e a socialização para 
todas as crianças. 
PALAVRAS-CHAVE: Brincar. Crianças. Deficiência. Inclusão. 
 
 
 A educação é um direito humano, sendo assim o deficiente como ser humano tem este 
direito. Acerca disso o brincar é uma forma privilegiada de desenvolvimento e apropriação do 
conhecimento para todas as crianças e, portanto, instrumento indispensável da prática 
pedagógica e componente relevante de propostas curriculares. 
 Como trabalhar com crianças com deficiência? Isto é possível? 
 Através do brincar a criança pode desenvolver sua coordenação motora, suas 
habilidades visuais e auditivas, seu raciocínio criativo e cognitivo o que se torna possível com 
a presença das atividades lúdicas. 
 Este artigo decerto objetiva trabalhar com o brincar para crianças com deficiência, 
possibilitando o contato com a brincadeira não isolada, viabilizando o desenvolvimento 
cognitivo como as outras pessoas. 
 Para realizar este trabalho usou-se a pesquisa bibliográfica, pesquisar significa procurar 
respostas para indagações propostas, é examinar minuciosamente. 
 
A pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado, 
constituíndo principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase 
todos os estudos seja exigido algum tipo de trabalho desta natureza, há 
pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas. 
(GIL, 1999, p. 65) 
 
 Em todos os tempos e épocas, pessoas nascem ou tornam-se deficientes: cegas, surdas, 
com limitações intelectuais ou físicas, etc. em parte pelas representações socioculturais de 
 
1
 Artigo elaborado para conclusão do curso de Licenciatura em Pedagogia da Faculdade Católica de Uberlândia. 
*
 Graduanda do curso de Licenciatura em Pedagogia da Faculdade Católica de Uberlândia. 
**
 Professora orientadora do curso de Licenciatura em Pedagogia da Faculdade Católica de Uberlândia. E-mail: 
tavareshm@netsite.com.br. 
O BRINCAR E A CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA 
 
Revista da Católica, Uberlândia, v. 1, n. 2, p. 159-168, 2009 – catolicaonline.com.br/revistadacatolica 160 
 
cada comunidade, em diferentes gerações, e pelo nível de desenvolvimento científico, 
político, ético e econômico dessa sociedade. 
 De acordo com Godoy (2000) podemos definir deficiência como a ausência ou a 
disfunção de uma estrutura psíquica, fisiológica ou anatômica. É todo e qualquer 
comprometimento que afeta a integridade das pessoas e traz prejuízos na sua locomoção, na 
coordenação de movimento, na fala, na compreensão de informações, na orientação espacial 
ou na percepção e contato com as outras pessoas. 
 As raízes históricas e culturais do fenômeno deficiência sempre foram marcadas por 
forte rejeição, discriminação e preconceito, os mitos são perpetuados, as contradições 
conceituais prevalecem, em quase todas as culturas. 
 Na antiguidade até os nossos dias, a sociedade demonstra dificuldade em lidar com as 
diferenças entre as pessoas e de aceitar as pessoas com necessidades especiais. 
 A humanidade tem toda uma história que comprova como tem sido difícil a 
sobrevivência social das pessoas com deficiência. 
 Os registros históricos atestam que vem de longo tempo a resistência para a aceitação 
social das pessoas com deficiência e demonstram como as suas vidas eram ameaçadas. 
 Na Antiguidade estas eram educadas em separado com as demais crianças, o que na 
atualidade está alterando. Considera-se hoje que antes de tudo as crianças são crianças em 
ambientes cotidianos. Pode-se perceber sobre a inclusão que muito ainda há a ser solucionado 
em função da criança deficiente. 
 Entretanto, este direito não foi conquistado de imediato, ele reluz de um longo 
processo de intensas batalhas. As primeiras escolas especiais foram criadas nos anos de 1800 
e atendiam somente crianças com necessidades especiais, isolando-as das demais crianças, 
impedindo-as de ter contato com outras crianças. 
 Historicamente, a educação de pessoas com deficiência nasceu de forma solitária, 
segregada e excludente. Ela surgiu com caráter assistencialista e terapêutico pela preocupação 
de religiosos e filantropos na Europa. Mais tarde, nos Estados Unidos e Canadá, surgiram os 
primeiros programas para cuidados básicos de saúde, alimentação, moradia e educação dessa 
parcela da população, até então marginalizada e abandonada pela sociedade. 
 No Brasil, a primeira escola especial foi criada em 1854, o Imperial Instituto de 
Meninos Cegos, no Rio de Janeiro e, em 1857, o Instituto Imperial de Educação de Surdos, 
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também no Rio de Janeiro, que atendiam somente crianças com necessidades especiais, 
isolando-as das demais crianças impedindo-as de ter contato com outras crianças. 
 Diante de tantas mudanças que hoje vimos eclodir na evolução da sociedade, nos 
deparamos com as diferenças. Essa é a nossa condição humana. Pensamos de jeitos diferentes, 
agimos de formas diferentes, sentimos com intensidades diferentes. E tudo isso porque 
vivemos e aprendemos o mundo de forma diferente. 
 Além disto, nos deparamos frente à Inclusão, conseqüência de uma visão social, de um 
mundo democrático, onde pretendemos respeitar direitos e deveres. A limitação da pessoa não 
diminui seus direitos: são cidadãos e fazem parte da sociedade como qualquer outro. É o 
momento da sociedade se preparar para lidar com a diversidade humana. 
 Contudo a Inclusão vem sendo debatida constantemente, pois novas leis foram 
estabelecidas em prol do deficiente, visando que este tenha direito como as crianças sem 
deficiência, o que já é um grande passo. Mas, apesar delas, percebemos que nós excluímos as 
pessoas que consideramos diferentes. 
 Precisamos, então, conhecer e reconhecer essas pessoas que vivem a nossa volta, 
excluídas por nossa própria ação. 
 Desejam realmente uma sociedade democrática, para isso devemos criar uma nova 
ordem social, pela quais todos sejam incluídos no universo dos direitos e deveres. 
 Assim, é preciso saber como vivem as pessoas com deficiência, conhecer suas 
expectativas, necessidades e alternativas. 
 Todas as pessoas devem ser respeitadas, não importa o sexo, a idade, as origens étnicas, 
a opção sexual ou as deficiências. Uma sociedade aberta a todos, que estimula a participação 
de cada um e aprecia as diferentes experiências humanas, e reconhece o potencial de todo 
cidadão, é denominado sociedade inclusiva que tem como objetivo oferecer oportunidades 
iguais para que cada pessoa seja autônoma e auto-determinada. 
 Mas, para que uma sociedade se torne inclusiva, é preciso cooperar no esforço coletivo 
de sujeitos que dialogam em busca do respeito, da liberdade e da igualdade. 
 A Inclusão é um movimento mundial de luta das pessoas com deficiências e seus 
familiares na busca dosseus direitos e lugar na sociedade. 
 Fazendo um resgate da história da Inclusão veremos que ela é bem recente na 
sociedade. E, se no mundo, ela é recente, no Brasil ela é mais ainda. Portanto, a inclusão 
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depende da mudança de valores da sociedade, sendo assim jamais haverá inclusão se a 
sociedade se sentir no direito de escolher quais os deficientes poderão ser incluídos. 
 Segundo Mantoan (2003) surge, dessa forma, uma política nacional de educação, 
ancorada na Lei 4.024/61 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB propõe 
enquadrar os alunos excepcionais na rede regular de ensino (art. 58, parágrafo 3) consta que a 
substituição do ensino regular pelo ensino especial é possível. 
 
Um ano após a aprovação da Constituição Brasileira (1988) respalda os que 
propõem avanços significativos pra a educação escolar de pessoas com 
deficiência, quando elege como fundamentos da República a cidadania e a 
dignidade da pessoa humana ( art. 1, incisos II e III) e, como um dos seus 
objetivos fundamentais, a promoção do bem de todos, sem preconceitos de 
origem, raça, cor, sexo, idade e quaisquer outras formas de discriminação à 
igualdade (art. 5) e trata, no artigo 205 e seguintes, do direito de todos à 
educação. No Capítulo III – Da Educação, da Cultura e do Desporto – 
Artigo 205 que o dever do Estado com a educação será efetivado mediante a 
garantia de [...] atendimento educacional especializado aos portadores de 
deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino. (MANTOAN, 
2003) 
 
 
 Com isso surge a Lei 9394/96 – garante a educação e o atendimento especializado, na 
rede regular de ensino, com apoios necessários. (BRASIL, 1996) 
 O marco histórico da Inclusão foi em Junho de 1994, com o surgimento da Declaração 
de Salamanca (BRASIL, 1994) Espanha, na Conferência Mundial sobre Necessidades 
Educativas Especiais, um movimento a favor da inclusão, estabelecendo aos órgãos federais e 
estaduais diretrizes educacionais e decretos oficiais para matricular as crianças com 
deficiência nas escolas regulares, tendo como princípio fundamental: todos os alunos devem 
aprender juntos, sempre que possível independente das dificuldades e diferenças que 
apresentam. 
 Sob o patrocínio da UNESCO, cujas linhas de ação visam ao seguinte universo 
conceitual: 
 
O termo necessidades educacionais especiais refere-se a todas aquelas 
crianças ou jovens cujas necessidades se originam em função de deficiências 
ou dificuldades de aprendizagem. As escolas têm de encontrar maneira de 
educar com êxito todas as crianças, inclusive as que têm deficiências graves. 
(BRASIL, 1994, p. 17-18). 
 
 
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 Mazzotta (1973) ao abordar a relação entre a Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional e a Constituição Federal, comenta: 
 
 
Os propósitos da educação de qualquer brasileiro seja ele considerado 
“deficiente” ou não, decorrem dos pressupostos da sociedade brasileira e 
estão na Constituição Federal e nas leis de educação. A educação básica que 
se pretende para todos está voltada para a formação integral do educando, 
em seu tríplice aspecto: um, individual, de ‘auto-realização’; outro, 
individual e social, de qualificação par ao trabalho; e um terceiro, 
predominantemente social, de preparo para o exercício de uma cidadania 
consciente (p.20-21). 
 
 
 As crianças com qualquer deficiência, independentemente de suas condições físicas, 
sensoriais, cognitivas ou emocionais, são aquelas que necessitam de afeto, cuidado, proteção e 
os mesmos desejos e sentimentos de crianças que não tem deficiência. Elas têm a 
possibilidade de conviver, interagir, trocar, aprender, brincar e serem felizes, embora, algumas 
vezes, de forma diferente. 
 Elas devem ser olhadas não como defeito, mas como pessoas com possibilidades 
diferentes, com algumas dificuldades, que, muitas vezes, se tornam desafios com os quais 
podemos aprender e crescer, como pessoas e profissionais que buscam ajudar o outro. 
Decerto, estas necessitam do brincar da mesma forma que as outras crianças que não 
apresentam deficiência. 
 A educação é para todos, não importa a idade, a cor, religião todos tem o direito de se 
preparar para a vida. 
 No ano de 2007, o Ministério da Educação/Secretaria de Educação Especial apresenta o 
documento Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva 
propondo diretrizes que devem se traduzir em políticas educacionais que produzam o 
deslocamento de ações e que possam atingir os diferentes níveis de ensino, constituindo 
políticas públicas promotoras do amplo acesso à escolarização. Com o objetivo de assegurar a 
inclusão escolar de alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento, altas 
habilidades/superdotação, orientando os sistemas de ensino para garantir ao aluno com 
deficiência o acesso com participação e aprendizagem no ensino comum, a oferta de 
atendimento educacional especializado, continuidade dos estudos e acesso a níveis mais 
elevados de ensino, promoção da acessibilidade universal, transversalidade da modalidade 
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educação especial desde a educação infantil até a educação superior, e articulação intersetorial 
na implementação das políticas públicas. (BRASIL, 2007) 
 Entretanto, todo aprendizado que o brincar permite é fundamental para a formação da 
criança em todas as etapas da vida. 
 Bruner (1959, apud. KISHIMOTO, 2002) investiga os paradigmas da linguagem e 
capta que as brincadeiras interativas contribuem ao desenvolvimento cognitivo. Esse 
cognitivo está estreitamente relacionado com a cultura e a educação. 
 A idéia é a de que, o brincar é a fase mais importante e indispensável da infância, a 
criança desenvolve uma linguagem que utiliza para compreender e interagir consigo, com o 
outro e com o mundo. Com isto, o brincar faz com que a criança desenvolva percepções 
como: visual, auditiva, tátil, corporal, do tempo e do espaço e, ainda exercita suas 
potencialidades. 
 A criança descobre o prazer de brincar é com suas mãos, com seus pés, depois com 
todos os outros segmentos. 
 
[...] por meio da brincadeira, a criança pequena exercita as capacidades 
nascentes, como as de representar o mundo e de distinguir entre pessoas, 
possibilitando especialmente pelos jogos de faz-de-conta e os de alternância, 
respectivamente. Ao brincar, a criança passa a compreender a características 
dos objetos, seu funcionamento, os elementos da natureza e os 
acontecimentos sociais. Ao mesmo tempo, do tornar o papel do outro na 
brincadeira, começa a perceber as diferenças. (OLIVEIRA, 2002, p. 160) 
 
 
 Brincar sempre foi e sempre será uma atividade espontânea, acessível a todo ser 
humana, de qualquer faixa etária, classe social ou condição econômica. Brincar é 
comunicação e expressão ajuda, às crianças no seu desenvolvimento físico, mental, 
econômico e social. 
 Segundo Mantoan (2003), o brincar tem hoje, sua importância reconhecida por 
estudiosos, educadores, organismos governamentais nacionais e internacionais. A Declaração 
Universal dos Direitos da Criança (aprovada na Assembléia geral das Nações Unidas em 
1959), no artigo 7, conforme ressalta Mantoan (2003) “ao lado do direito à educação, enfatiza 
o direito ao brincar: Toda criança terá direito a brincar e a divertir-se cabendoà sociedade e às 
autoridades públicas garantir a ela o exercício pleno desse direito.” 
 O brincar desenvolve a imaginação, estimula a atividade motora, faz criar cumplicidade 
entre aqueles que jogam e dançam juntos favorecendo a socialização, independente de seus 
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graus de habilidades/capacidades e das necessidades educacionais especiais. O brincar é 
indispensável para o desenvolvimento do potencial de todas as crianças. É brincando que a 
criança experimenta situações e emoções da sua realidade. 
 Na brincadeira infantil, a criança vive suas alegrias, seus medos, seus conflitos, 
resolvendo-os à sua maneira e modificando sua realidade, criando suas próprias regras, assim 
desenvolvendo valores que orientarão seus comportamentos, a brincadeira é a melhor forma 
da criança se comunicar, sendo um meio que ela possui para conviver com outras crianças; ela 
aprende sobre o mundo que a cerca, integrando-se com outros; supera ações impulsivas. 
Porém, temos consciência de que as crianças pequenas não têm uma visão ampla do que deve 
fazer, tendo que ser estimulada para desenvolver a atividade. 
 
 
[...] A brincadeira é a atividade espiritual mais pura do homem neste estágio e, 
ao mesmo tempo, típica da vida humana enquanto um todo – da vida natural 
interna no homem e de todas as coisas. Ela dá alegria, liberdade, 
contentamento, descanso externo e interno, paz com o mundo [...] Acriança 
que brinca sempre, com determinação auto-ativa, perseverando, esquecendo 
sua fadiga física, pode certamente tornar-se um homem determinado, capaz de 
auto-sacrifício para a promoção do seu bem e de outros... Como sempre 
indicamos o brincar em qualquer tempo não é trivial, é altamente sério e de 
profunda significação. (FROEBEL, 1912, p. 55 apud KISHIMOTO, 2002,68) 
 
 
 O brincar permite que a criança aprenda a lidar com as emoções. Pelo brincar ela 
equilibra as tensões provenientes de seu mundo cultural, na construção de sua personalidade, 
crianças de diferentes idades com características específicas, em formas diferenciadas de 
brincadeiras, têm uma forma especial de se desenvolver. 
 Através da brincadeira, os corpos expressam a ordem interna da vivência lúdica, cujo 
ritmo e a harmonia são construídos por jogadores em clima envolvente que desafia a todos 
como parceiros. O educador deve usar as brincadeiras como recursos didáticos, pois fazer a 
junção entre a criança e o seu eu, relacionando a mesma com o que está aprendendo na escola 
com outras experiências fora da mesma. 
 Logo, oferecer as crianças ambientes de aprendizagem coletiva, priorizando o brincar, o 
que promove o relacionamento desde cedo com outras crianças, evitando que estas 
desenvolvam individualidades no sentido de serem egoístas. 
 Devem-se propor situações de diversidade e variáveis com respeito ao número de 
pessoas que delas participam. Propor grupos de crianças na mesma faixa etária que propicia a 
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criança a controlar seus impulsos e, é através destes trabalhos em grupos que elas aprendem a 
interagir com outras pessoas. 
 Para vários pensadores o brincar é um espaço da criação cultural por excelência. De 
acordo com Winnicott (1975, p. 73), psicanalista inglês, estudioso do crescimento e 
desenvolvimento infantil, considera que: 
 
[...] O ato de brincar é mais que a simples satisfação de desejos. O brincar é 
o fazer em si, um fazer que requeira tempo e espaço próprios; um fazer que 
se constitui de experiências culturais, que é universal e próprio da saúde, 
porque facilita o crescimento, conduz aos relacionamentos grupais, podendo 
ser uma forma de comunicação consigo mesmo e com os outros. 
 
 Com as crianças que não tem deficiência este processo é muito mais rápido, mas com as 
que têm deficiência, ele se revela mais claramente, refletindo o processo duplo de implantação 
da aprendizagem: a do desejo de aprender e o desejo de não aprender. 
 É nosso dever fornecer mecanismos para que todos possam ser incluídos. 
 Trazendo como eixo do trabalho o brincar como forma particular de expressão, 
pensamento, interação e comunicação infantil e a socialização das crianças por meio de sua 
participação e inserção nas mais diversificadas práticas sociais, sem discriminação de espécie 
alguma. Portanto, é uma forma de descobrir o mundo, organizar as emoções, iniciar os 
primeiros relacionamentos. 
 Por meio da brincadeira a criança processa as informações e experiências da dia-a-dia, 
desenvolve a coragem para arriscar, a iniciativa e a autonomia para agir. 
 Isso significa assegurar o atendimento às necessidades básicas de desenvolvimento 
socioafetivo, físico, intelectual e, ao mesmo tempo, garantir o avanço na construção do 
conhecimento, mediante procedimentos didáticos e estratégias metodológicas adequadas às 
necessidades de todas as crianças. 
 Aos poucos as brincadeiras vão possibilitando às crianças a experiência buscando a 
coerência e a lógica. Ela é importante para o desenvolvimento especialmente nos primeiros 
anos de vida. 
 É brincando que a criança exercita e desenvolve suas potencialidades. O desafio contido 
nesse brincar provoca o funcionamento de pensamento e leva à criança a alcançar níveis de 
desempenho. 
 O brincar deve ser sempre o modo preferencial de interação com a criança garantindo 
um ambiente prazeroso. 
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 Ao brincar a criança retrata a realidade permitida para aprender, viabiliza o prazer e o 
movimento com a finalidade de ampliar o nível de experiências para a criança apropriar-se da 
brincadeira. 
 Dessa maneira, as ações da criança sobre o meio: fazer coisas, brincar e resolver 
problemas pode produzir formas de conhecer e pensar mais complexas, combinando novos 
esquemas, possibilitando novas formas de fazer, compreender e interpretar o mundo que a 
cerca. 
 Torna-se necessário, que os alunos com deficiências, independente do tipo, devem 
sempre ser estimulados, para que assim possam se desenvolver. 
 Assim, durante o processo de desenvolvimento da criança, o brincar é inerente à 
criança, independente de suas limitações. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 A partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (BRASIL,1996) houve um grande 
avanço conceitual, tendo como finalidade o desenvolvimento integral de todas as crianças, 
inclusive as com deficiências, promovendo seus aspectos físicos, psicológico, social, 
intelectual e cultural. Através da inclusão é que as crianças especiais aprendem a: gostar da 
diversidade, adquirir experiência direta com a variedade das capacidades humanas, 
demonstrar crescentes responsabilidades, melhorar a aprendizagem através do trabalho em 
grupo — com outros deficientes ou não —, ficar mais preparados para a vida adulta em uma 
sociedade diversificada, entendendo que são diferentes, mas não inferiores 
 Dessa forma, enfrentamos hoje um grande desafio, a inclusão de crianças com 
deficiência na rede regular de ensino. A educação inclusiva constitui uma proposta 
educacional que reconhece e garante o direito de todos os alunos de compartilhar um mesmo 
espaço escolar, sem discriminação de qualquer natureza. 
 O brincar é a maneira mais prazerosa de aprender. Ela experimenta, descobre, inventa, 
exercita e confere suas habilidades. É importante compreendertodas as possibilidades destas 
crianças, para proporcioná-las melhores formas de interação, socialização e adaptação do 
sujeito ao grupo. 
 
 
O BRINCAR E A CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA 
 
Revista da Católica, Uberlândia, v. 1, n. 2, p. 159-168, 2009 – catolicaonline.com.br/revistadacatolica 168 
 
REFERÊNCIAS 
 
BRASIL. Coordenadoria Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência. Declaração 
de Salamanca e Linha de Ação sobre Necessidades Educativas Especiais. Brasília: CORDE, 1994. 
 
 
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Lei de 
Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Brasília: 
MEC/SEF, 1996. 
 
 
BRASIL. Ministerio da Educação e do Desporto. Secretaria da Educação Especial. Ensaios 
Pedagógicos. Brasília: MEC/SEESP, 2006. 
 
 
BRASIL. Ministerio da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Especial. Documento 
Subsidiário à Política de Inclusão. Brasília: SEESP, 2007 
 
 
GIL, A.C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1999. 
 
 
GODOY, Andréa et.al. Cartilha da Inclusão. Nov.2000. Disponível em: < http:// 
www.sociedadeinclusiva.pucminas.br/cart def. php>. Acesso em: 20 set. 2009. 
 
 
KISHIMOTO, Tizuko Morchida. Froebel e a concepção de jogo infantil. In: (org), O brincar e suas 
teorias. 1. ed. São Paulo: Pioneira, 2002, p. 57-78. 
 
 
KISHIMOTO, Tizuko Moschida. Bruner e a Brincadeira. In: KISHIMOTO, Tizuko Morchida (org). O 
Brincar e suas teorias. 1. ed. São Paulo: Pioneira, 2002, p. 139 – 153. 
 
 
MANTOAN, Maria Teresa Eglér. Inclusão escolar? O que é? por quê? Como fazer? São Paulo: 
Moderna, 2003. 
 
 
MAZZOTTA, M. J. S. Trabalho docente formação de professor especial. São Paulo: E. P. U. 1973. 
 
 
OLIVEIRA, Z. R. Educação Infantil: fundamentos e métodos. São Paulo. Editora Cortez, 2002. 
 
 
WINNICOTT, D. W. O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Imago, 1975.

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