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SANTO TOMÁS DE AQUINO (DE VERITATE ART VI E VII)

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INSTITUTO SÃO BOAVENTURA (ISB) 
BACHARELADO EM FILOSOFIA 
LEITURA DE OBRAS FILOSÓFICAS II 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÃO TOMÁS DE AQUINO: DE VERITATE 
 
 
 
 
 
 
 
DICENTE: RICARDO RODRIGUES LIMA 
DOCENTE: PROF. ADAIL 
 
 
 
 
 
 
Brasília – DF, Novembro de 2016 
SÃO TOMÁS DE AQUINO 
QUESTOES DISCUTIDAS SOBRE A VERDADE 
 
ARTIGO VI: A verdade criada será imutável? 
Observando a indagação feita, Tomás de Aquino argumenta com a tese: 
pareceria que a verdade criada é imutável. 
De início, ele recorre ao que Anselmo afirma em seu livro Sobre a 
Verdade, no capítulo XVI, referente à verdade permanecer imóvel, e percebe 
que a razão refere-se à significação, concluindo que “a verdade das 
proposições é imutável, e pela mesma razão o é também a verdade da coisa 
criada” (De Veritate, q. 1 a. 6 arg. 1). 
Na sequência, Tomás argumenta que a verdade sendo alterada, não 
poderia acontecer, sem que também se modificasse as coisas nas quais a 
verdade reside. Continua dizendo que ao modificar as coisas verdadeiras, a 
verdade continua a mesma, ela não muda. Ainda que desapareçam as coisas 
verdadeiras, a verdade permanecerá. Com esse argumento, ele entende que “a 
verdade é totalmente imutável” (De Veritate, q. 1 a. 6 arg. 3). 
No término de seus argumentos, Tomás traz um exemplo de três 
proposições (“Sócrates está sentado”, “Sócrates estará sentado”, “Sócrates 
esteve sentado”) para demonstrar que “onde quer que a causa seja a mesma, 
idêntico é também o efeito” (De Veritate, q. 1 a. 6 arg. 6), observando que a 
verdade é a mesma para as três, sendo que se uma entre as três é verdadeira, 
as demais sempre serão verdadeiras também. Com isso, ele conclui na tese 
que a verdade das proposições comportando-se da mesma forma, será 
imutável; pela mesma razão, será imutável a verdade de demais proposições. 
Vendo de forma diferente, Tomás de Aquino desenvolve uma contra 
tese, parecendo, para ele, que a verdade criada não é imutável. Seu 
argumento para esta contra tese é que “ao alterarem-se as causas, alteram-se 
também os efeitos” (De Veritate, q. 1 a. 6 s. c. 1). Ele acredita que as coisas 
que constituem a causa da proposição se alteram; diante disso, entende-se 
também que se alteram a verdade das proposições. 
Dando sua resposta a questão enunciada, Tomás de Aquino diz que ao 
afirmar que a coisa muda, faz-se necessário a compreensão em dois sentidos. 
Primeiro, a coisa sendo o sujeito da mudança; nesta, nenhuma forma é 
passível de mudança, já que a essência é a mesma. No segundo, no sentido 
de que “uma coisa muda quando em relação a ela se opera alguma alteração” 
(De Veritate, q. 1 a. 6 co.Responsio); nesta, pode-se indagar sobre a 
mutabilidade da verdade. 
Outro ponto abordado por Tomás é que a verdade, propriamente, só 
existe no intelecto (humano e divino). Estendendo-se a verdade ao intelecto 
humano, é perceptível, por várias vezes, a mudança da verdade para a 
falsidade, em outras vezes, para outra verdade. 
“De tudo isto se conclui em que sentido se afirma que a verdade é 
mutável, e em que sentido é inalterável” (De Veritate, q. 1 a. 6 co.Responsio). 
 
ARTIGO VII: A verdade se predica, em Deus, da essência ou das 
pessoas? 
Em vista do questionamento proposto, Tomás elabora a seguinte tese: 
pareceria que, em Deus, a verdade se predica das pessoas. Desenvolvendo 
sua tese, ele elabora três argumentos. 
No primeiro, fala que “tudo o que em Deus implica uma relação de 
princípios predica-se das pessoas” (De Veritate, q. 1 a. 7 arg. 1). Trazendo a 
figura de Santo Agostinho que escreve, em seu livro Sobre a Verdadeira 
Religião (capítulo XXXVI), que a verdade divina é a semelhança suprema de 
princípio, sem qualquer semelhança, da qual se origina a falsidade, ele percebe 
que a verdade implica uma relação de princípios e conclui que a verdade, em 
Deus, se predica das pessoas. 
Na sequência de seus argumentos, ele faz uma comparação: “assim 
como nada é semelhante a si próprio, da mesma forma nada é igual a si 
próprio” (De Veritate, q. 1 a. 7 arg. 2); observando a figura de Hilário ao dizer 
que a semelhança, em Deus, implica na distinção das pessoas, pelo fato de 
nada ser semelhante a si mesmo, Tomás acredita que o mesmo acontece com 
a igualdade. Com isso, conclui que a distinção segundo as pessoas é 
implicada, em Deus, pela verdade. 
Concluindo seus argumentos sobre a tese, Tomás de Aquino percebe 
que “tudo o que em Deus implica emanação ou derivação predica-se das 
pessoas” (De Veritate, q. 1 a. 7 arg. 3). Acreditando que a verdade implica 
certa emanação, ele entende que assim como a palavra se predica das 
pessoas, o mesmo fato acontece com a verdade. 
Em seguida, Tomás indicando sua contra tese, ele acredita que, em 
Deus, a verdade não se predica das pessoas, mas da essência. 
Diante do que foi exposto, ele responde a questão enunciada, 
compreendendo que a verdade, predicada em Deus, pode ser entendida com 
duas acepções: uma própria e outra como metafórica. 
Em sentido próprio, “a verdade designa a concordância da inteligência 
divina com a coisa” (De Veritate, q. 1 a. 7 co.Responsio). Entretanto, a 
inteligência divina passa a conhecer as coisas, através de sua essência. Então, 
a verdade, em Deus, significa ter, primeiro, a conformidade da sua inteligência 
com a sua própria essência, e depois da inteligência com a coisa criada. 
“O intelecto e a essência de Deus não concordam entre si, [...] pois um 
não pode ser o principio do outro, mas identificam-se totalmente um com o 
outro” (De Veritate, q. 1 a. 7 co.Responsio). Por consequência, não será 
implicada nenhuma razão de princípio originante, pela verdade; nem por parte 
de sua inteligência cognoscente nem por parte da essência de Deus, que 
constituem uma e mesma coisa. 
 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
AQUINO, Tomás. De Veritate 
Se a Verdade é imutável. Disponível em: 
<http://permanencia.org.br/drupal/node/303>. Acesso em: 11/11/2016 as 16:13.

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