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Aula 3: Educação – Trabalho, Alienação e Ideologia Na aula anterior conceituamos o trabalho como sendo ato intencional do homem com a finalidade de produzir os bens materiais e não-materiais da existência humana. Portanto, estamos entendendo o trabalho num sentido amplo, ou seja, como atividade prática e teórica. Para entendermos a problemática do trabalho, iremos apresentar brevemente a relação histórica entre trabalho e educação. Trabalho e Educação: um breve histórico Visite o site da Associação Nacional de Pós-Graduação em Educação: http://www.anped.org.br e veja os artigos de pesquisadores (as) brasileiros (as) sobre a temática no Grupo de Trabalho (GT): Trabalho e Educação. No modo de produção comunal, homens e mulheres produziam sua existência em comum e se ducavam neste processo. Ao se relacionarem com a terra, com a natureza, estabeleciam relações entre si e se educavam. A partir do momento em que o homem se fixa na terra, estabelece novas relações de poder e de produção, ou seja, define a terra como propriedade privada e acaba promovendo a divisão social de classes: a dos proprietários e dos não-proprietários de terra. Esta divisão abriu a possibilidade de se estabelecer uma educação diferenciada, ou seja, uma educação formal para os que viviam do ócio – os proprietários de terra – e uma educação que se dava no próprio processo de trabalho manual, com o manuseio físico da matéria, dos objetos, da realidade e da natureza. Este tipo de Na Idade Média, os homens viviam no campo e do campo e o trabalho característico desta época é o trabalho servil. Tendo uma sociedade estratificada em classes sociais composta pelos senhores feudais (clero e nobreza) e pelos trabalhadores (servos ou vassalos), estrutura um modelo de educação diferenciada. A classe dominante preocupava-se em ocupar o ócio com dignidade através de atividades consideradas nobres e não com atividades consideradas indignas (como é o caso do trabalho manual). A classe dominante ao se preocupar com as atividades de guerra centrava a educação na formação da cavalaria, envolvendo dois pontos fundamentais: o da arte militar e o da vida aristocrática. O trabalho como categoria fundante do ser social Para compreendermos esta temática, evidenciaremos duas questões fundamentais: a) o que diferencia o ser social da natureza? b) qual o conteúdo que constitui a origem do mundo dos homens para além da natureza? Além disso, vale ressaltar que estamos vivendo um processo de mercantilização das relações humanas em geral, como por exemplo: a mercantilização da fé, da política, do lazer (como é o caso da indústria de entretenimento), do corpo, da vida privada (veja o caso dos realit shows e da exposição de cada um através da internet) e etc. Atrelado a isto, vivenciamos uma lógica baseada na produtividade do ser humano como um ser produtivo, eficiente, flexível e condena-se todo e qualquer tipo de ociosidade. Se o ócio era motivo de status na Antiguidade e na Idade Média ele é condenado na sociedade moderna. Tanto que, aquele que não trabalha ou produz é visto como malandro, vagabundo, indolente, preguiçoso, marginal. Aproveite para refletir sobre as seguintes frases: a) “O trabalho enobrece o homem”. b) “Desde que o mundo é mundo sempre houve ricos e pobres”. Para aprofundarmos nosso entendimento sobre estas questões e suas implicações no campo educacional, trataremos, agora, da problemática da alienação e da Ideologia na sociedade moderna. Alienação e Ideologia Conceitos importantes sobre alienação e ideologia... Alienação: É vista por Marx como o fato econômico principal de sua época, da seguinte forma: “O trabalhador torna-se tanto mais pobre quanto mais riqueza produz, quanto mais a sua produção aumenta em poder e extensão. O trabalhador torna-se uma mercadoria tanto mais barata, quanto maior número de bens produz. Com a valorização do mundo das coisas, aumenta em proporção direta a desvalorização do mundo dos homens. O trabalho não produz apenas mercadoria; produz-se também a si mesmo e ao trabalhador como uma mercadoria, e justamente na mesma proporção com que produz bens” (Manuscritos Econômico-Filosóficos, p.111). Ideologia: Pesquise sobre a obra de Marx: A Ideologia Alemã – teses sobre Feuerbach. O texto aqui apresentado é inspirado no capítulo: Marx e a crítica da Ideologia do livro História da Filosofia – dos pré-socráticos à Wittgenstein de Danilo Marcondes. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor; 1998: págs. 230-31 Educação, Alienação e Ideologia É comum em nosso cotidiano afirmações tais como: - o espaço escolar é neutro e a educação é apolítica; - ser professor ou um profissional da área da educação é um dom, uma dádiva, uma vocação, ou seja, o professor é alguém provido de uma natureza pré-determinada por um Ser Superior; - o professor deve ser neutro e objetivo diante do processo de ensino-aprendizagem. Essas compreensões não se sustentam tanto do ponto de vista histórico quando do ponto de vista filosófico. Do ponto de vista histórico, sinalizamos que a história da educação na cultura ocidental revelou que, os modelos de educação desenvolvidos da antiguidade até a modernidade se constituíram como privilégio de poucos, ou seja, das classes dominantes de sua época. Do ponto de vista filosófico, entendemos que o princípio da neutralidade e objetividade é uma crença estabelecida para camuflar as razões do trabalho científico e das práticas sociais modernas a partir de uma visão dominante e naturalizante. Maria Lúcia Arruda Aranha aponta três aspectos sobre a prática educativa e a questão da ideologia: a primeira no que se refere à organização escolar; a segunda, no que diz respeito ao livro didático e; a terceira, a problemática do currículo. Veja a seguir cada uma delas: a) A organização escolar pode exercer um papel ideológico em que a hierarquia exige o exercício do autoritarismo e da disciplina estéril, que educam para a passividade e a obediência. A excessiva burocratização desenvolve o “ritual de domesticação”, que vai desde o controle da presença em sala de aula, as provas, até a obtenção do diploma. b) Entre os recursos utilizados na prática educativa, o livro didático não pode ser considerado um veículo neutro, objetivo, mero transmissor de informações. O risco de sua utilização ideológica ocorre, sobretudo, quando os textos mostram à criança uma realidade esteriotipada, idealizada e deformadora. c) A abordagem das disciplinas do currículo adquire, muitas vezes, um caráter ideológico. O ensino de história, por exemplo, torna-se ideológico quando se restringe à sequência cronológica dos fatos, sem a análise da ação das forças contraditórias que agem na sociedade. Por fim, reflita sobre as seguintes questões: 1 – Qual a concepção de mundo, homem e natureza que perpassam os conteúdos trabalhados nas disciplinas e nas mais diferenciadas práticas pedagógicas? 2 – Qual a finalidade da educação? Educar para autonomia ou para a subserviência? 3 – Como compreendemos o trabalho educativo diante de uma realidade social concreta em que prevalecem as relações de poder e dominação? 1. No que se refere à ideologia, segundo Marx, é correto afirmar que: I – É a ciência das idéias que tem por finalidade examinar a origem e o processo de formação das idéias do homem. II – Mascaramento e falseamento de uma realidade, de uma realidade opressora, se constituindo como mais uma forma de dominação. III - Toda ideologia dominante é a ideologia da classe dominante. Assinale a alternativa correta: Parte superior do formulário 1) Apenas os enunciados I e II estão corretos 2) Apenas os enunciados II e III estão corretos 3) Apenas os enunciados I e III estão corretos 4) Todos os enunciados estão corretos Parte inferior doformulário 2. De acordo com Dermeval Saviani, podemos afirmar que contrato social, estabelecido na sociedade moderna entre Estado e Sociedade Civil, se estrutura a partir: Parte superior do formulário 1) Do direito natural e com a defesa da liberdade e da propriedade privada 2) Do direito positivo estabelecido por convenção contratual, da liberdade restrita aos que exercem o poder político no Estado Moderno e do fim da propriedade privada. 3) Do direito positivo estabelecido por convenção contratual, da noção de liberdade (significando que cada é livre para dispor de sua propriedade) e da defesa de uma sociedade de proprietários livres. 4) Do direito natural, da noção de liberdade (significando que cada é livre para dispor de sua propriedade) e da defesa de uma sociedade de proprietários livres. Parte inferior do formulário 3. Maria Lúcia Arruda Aranha, ao analisar a problemática da ideologia na prática educativa, afirma que: Parte superior do formulário 1) A organização escolar pode exercer um papel ideológico em que a hierarquia exige o exercício do autoritarismo e da disciplina estéril, que educam para a passividade e a obediência. 2) O livro didático é estruturado a partir do princípio da neutralidade e objetividade. 3) O currículo é um instrumento técnico desprovido de intenções e estrutura-se de forma neutra e objetiva. 4) A organização escolar exercer um papel pacificador e não hierárquico. Parte inferior do formulário 4. Diante da problemática da Ideologia, Marx propõe: Parte superior do formulário 1) Uma Filosofia Crítica que analise e reforce a ideologia dominante. 2) Uma Filosofia Crítica que atenda aos interesses e necessidades da classe dominante. 3) Uma Filosofia Crítica que desmascare a ideologia e revele o processo pelo qual esta se produz. 4) Uma Filosofia Idealista que desmascare a ideologia e revele o processo pela qual esta se produz.
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