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Responsabilidade Civil - Resumo - I Unidade

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RESPONSABILIDADE CIVIL 
										 I UNIDADE
CAPÍTULO - TEORIA GERAL DA RESPONSABILIDADE CIVIL	
Responsabilidade Civil 
Considerações Iniciais
A ideia de responsabilidade civil está relacionada à noção de não prejudicar outro. A responsabilidade pode ser definida como a aplicação de medidas que obriguem alguém a reparar o dano causado a outrem em razão de sua ação ou omissão.
“A responsabilidade civil é a aplicação de medidas que obriguem alguém a reparar dano moral ou patrimonial causado a terceiros em razão de ato do próprio imputado, de pessoa por quem ele responde, ou de fato de coisa ou animal sob sua guarda (responsabilidade subjetiva), ou, ainda, de simples imposição legal (responsabilidade objetiva).”
Responsabilidade Jurídica x Responsabilidade Moral
A responsabilidade pode resultar da violação de normas morais ou jurídicas, separada ou concomitantemente e depende do fato que configura a infração. O campo da moral é muito mais amplo do que o do direito. A responsabilidade jurídica só se revela quando ocorre infração da norma jurídica que acarrete dano ao indivíduo ou à coletividade e o autor da lesão será obrigado a recompor o direito atingido, reparando em espécie ou pecúnia. A responsabilidade moral e a religiosa atuam no campo da consciência individual, o homem sente-se moralmente responsável perante sua consciência ou perante Deus e não há nenhuma preocupação com a existência de prejuízo a terceiro. Sendo assim, não há repercussão na ordem jurídica.
Obrigação x Responsabilidade
Obrigação é sempre um dever jurídico originário e Responsabilidade é um dever jurídico sucessivo, consequente à violação do primeiro. Ou seja, se não cumprir a obrigação, o indivíduo estará violando o dever jurídico originário, surgindo daí a responsabilidade, o dever de compor o prejuízo causado pelo não cumprimento da obrigação.
Espécies Da Responsabilidade Civil
A responsabilidade civil costuma ser classificada pela doutrina em razão da culpa e quanto à natureza jurídica da norma violada.
Quanto ao primeiro critério a responsabilidade é dividida em objetiva e subjetiva. Em razão do segundo critério ela pode ser dividida em responsabilidade contratual e extracontratual.
							 Subjetiva
					Culpa		
Objetiva
Responsabilidade Civil 
Subjetiva (Teoria da Culpa)
								 
 Contratual
Natureza Jurídica
			 Extracontratual 
Responsabilidade Civil
Objetiva (Teoria do Risco) 
1.2.1. Responsabilidade Civil Subjetiva e Objetiva
Denomina-se responsabilidade civil subjetiva aquela causada por conduta culposa lato sensu, que envolve a culpa stricto sensu e o dolo. A culpa (stricto sensu) caracteriza-se quando o agente causador do dano praticar o ato com negligencia ou imprudência. Já o dolo é a vontade conscientemente dirigida à produção do resultado ilícito.
Até determinado momento da história a responsabilidade civil subjetiva foi suficiente para a resolução de todos os casos. Contudo, com o passar do tempo, tanto a doutrina quanto a jurisprudência passaram a entender que este modelo de responsabilidade, baseado na culpa não era suficiente para solucionar todos os casos existentes. Este declínio da responsabilidade civil subjetiva se deu principalmente em função da evolução da sociedade industrial e o consequente aumento dos riscos de acidentes de trabalho. Acerca do tema Rui Stoco assevera:
“A necessidade de maior proteção a vitima fez nascer a culpa presumida, de sorte a inverter o ônus da prova e solucionar a grande dificuldade daquele que sofreu um dano demonstrar a culpa do responsável pela ação ou omissão.
O próximo passo foi desconsiderar a culpa como elemento indispensável, nos casos expressos em lei, surgindo a responsabilidade objetiva, quando então não se indaga se o ato é culpável.” (STOCO, 2007, p. 157).
Nesse contexto surge a denominada responsabilidade civil objetiva, que prescinde da culpa. A teoria do risco é o fundamente dessa espécie de responsabilidade, sendo resumida por Sergio Cavalieri nas seguintes palavras: “Todo prejuízo deve ser atribuído ao seu autor e reparado por quem o causou independente de ter ou não agido com culpa. Resolve-se o problema na relação de nexo de causalidade, dispensável qualquer juízo de valor sobre a culpa” (CAVALIERI FILHO, 2008, p. 137).
O Código Civil brasileiro de 1916 era essencialmente subjetivista. O Código de 2002 ajustou-se a evolução da responsabilidade, e apesar de não ter abandonado por completo a responsabilidade subjetiva, inovou ao estabelecer a responsabilidade objetiva em seu artigo 927: “Haverá obrigação de reparar o dano, independente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem”.
O Código de Defesa do Consumidor, Lei 8.078/90, estabelece a responsabilidade objetiva do fornecedor e do fabricante, desconsiderando o elemento culpa, conforme o constante nos artigos 12 e 14:
“Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.
“Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.”” (BRASIL, 1990)
 	1.2.2. Responsabilidade Civil contratual e extracontratual
A responsabilidade civil pode ser classificada, de acordo com a natureza do dever jurídico violado pelo causador do dano, em contratual ou extracontratual.
Na primeira, configura-se o dano em decorrência da celebração ou da execução de um contrato. O dever violado é oriundo ou de um contrato ou de um negócio jurídico unilateral. Se duas pessoas celebram um contrato, tornam-se responsáveis por cumprir as obrigações que convencionaram. Acerca da responsabilidade por atos unilaterais de vontade Cesar Fiuza leciona:
“A responsabilidade por atos unilaterais de vontade, como a promessa de recompensa é também contratual, por assemelhação, uma vez que os atos unilaterais só geram efeitos e, portanto, responsabilidade, após se bilateralizarem, Se um indivíduo promete pagar uma recompensa a que lhe restitui os documentos perdidos, só será efetivamente responsável, se e quando alguém encontrar e restituir os documentos, ou seja, depois da bilaterização da promessa.” (FIUZA, 2011, p.331).
Já a responsabilidade propriamente dita, a extracontratual, que também é denominada de aquiliana, tem por fonte deveres jurídicos originados da lei ou do ordenamento jurídico considerado como um todo. O dever jurídico violado não está previsto em nenhum contrato e sem existir qualquer relação jurídica anterior entre o lesante e a vítima; o exemplo mais comum na doutrina é o clássico caso da obrigação de reparar os danos oriundos de acidente entre veículos.
Esta categoria de responsabilidade civil - que visa a reparar os danos decorrentes da violação de deveres gerais de respeito pela pessoa e bens alheios – costuma ser denominada de responsabilidade em sentido estrito ou técnico ou, ainda, responsabilidade civil geral.
Na prática, tanto a responsabilidade contratual como a extracontratual dão ensejo à mesma consequência jurídica: a obrigação de reparar o dano. Desta forma, aquele que, mediante conduta voluntária, transgredir um dever jurídico, existindo ou não negócio jurídico, causando dano a outrem, deverá repará-lo.
Pressupostos e Requisitos
Os atos ilícitos são aqueles que contrariam o ordenamento jurídico lesando o direito subjetivo de alguém. É ele que faz nascer à obrigação de reparar o dano e que é imposto pelo ordenamento jurídico.
O Código CivilBrasileiro estabelece a definição de ato ilícito em seu artigo 186: “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.”.
Através da análise deste artigo é possível identificar os elementos da responsabilidade civil, que são: a conduta culposa do agente, nexo causal, dano e culpa. Este artigo é a base fundamental da responsabilidade civil, e consagra o princípio de que a ninguém é dado o direito de causar prejuízo a outrem.
Na lição de Fernando Noronha, para que surja a obrigação de indenizar são necessários os seguintes pressupostos:
1. Que haja um fato (uma ação ou omissão humana, ou um fato humano, mas independente da vontade, ou ainda um fato da natureza), que seja antijurídico, isto é, que não seja permitido pelo direito, em si mesmo ou nas suas consequências;
2. Que o fato possa ser imputado a alguém, seja por dever a atuação culposa da pessoa, seja por simplesmente ter acontecido no decurso de uma atividade realizada no interesse dela;
3. Que tenham sido produzidos danos;
4. Que tais danos possam ser juridicamente considerados como causados pelo ato ou fato praticado, embora em casos excepcionais seja suficiente que o dano constitua risco próprio da atividade do responsável, sem propriamente ter sido causado por esta (NORONHA, 2010, p. 468/469).
1.3.1. Conduta (ação)
O elemento primário de todo ato ilícito, e por consequência da responsabilidade civil é uma conduta humana. Entende-se por conduta o comportamento humano voluntário, que se exterioriza através de uma ação ou omissão, produzindo consequências jurídicas.
No entendimento de Maria Helena Diniz a conduta é:
 “A ação, elemento constitutivo da responsabilidade, vem a ser o ato humano, comissivo ou omissivo, ilícito ou licito, voluntario e objetivamente imputável do próprio agente ou de terceiro, ou o fato de animal ou coisa inanimada, que cause dano a outrem, gerando o dever de satisfazer os direitos do lesado.” (DINIZ, 2005, p. 43).
A responsabilidade decorrente do ato ilícito baseia-se na ideia de culpa, enquanto a responsabilidade sem culpa baseia-se no risco. O ato comissivo é aquele que não deveria, enquanto a omissão é a não observância de um dever.
A voluntariedade é qualidade essencial da conduta humana, representando a liberdade de escolha do agente. Sem este elemento não haveria de se falar em ação humana ou responsabilidade civil.
O ato de vontade, em sede de responsabilidade civil, deve ser contrário ao ordenamento jurídico. É importante ressaltar que voluntariedade significa pura e simplesmente o discernimento, a consciência da ação, e não a consciência de causar um resultado danoso sendo este o conceito de dolo. Cabe destacar ainda, que a voluntariedade deve estar presente tanto na responsabilidade civil subjetiva quanto na responsabilidade objetiva.
1.3.2. Dano
A existência de dano é requisito essencial para a responsabilidade civil. Não seria possível se falar em indenização, nem em ressarcimento se não existisse o dano.
Segundo Maria Helena Diniz “o dano pode ser definido como a lesão (diminuição ou destruição) que, devido a um certo evento, sofre uma pessoa, contra a sua vontade, em qualquer bem ou interesse jurídico, patrimonial ou moral” (DINIZ, 2006).
Na abalizada explicação de Rui Stoco:
“O dano é, pois, elemento essencial e indispensável à responsabilização do agente, seja essa obrigação originada de ato ilícito ou de inadimplemento contratual, independente, ainda, de se tratar de responsabilidade objetiva ou subjetiva.” (STOCO, 2007, p. 128).
Para que o dano seja indenizável é necessária à existência de alguns requisitos. Primeiramente é preciso que haja a violação de um interesse jurídico patrimonial ou extrapatrimonial de uma pessoa física ou jurídica.
Desta forma, o dano pode ser dividido em patrimonial e extrapatrimonial. O primeiro também conhecido como material é aquele que causa destruição ou diminuição de um bem de valor econômico. O segundo também chamado de moral é aquele que está afeto a um bem que não tem caráter econômico não é mensurável e não pode retornar ao estado anterior.
Os bens extrapatrimoniais são aqueles inerentes aos direitos da personalidade, quais sejam, direito a vida a integridade moral, física, ou psíquica. Por essa espécie de bem possuir valor imensurável, é difícil valorar a sua reparação.
O dano patrimonial subdivide-se em danos emergentes e lucros cessantes.
O Código Civil Brasileiro estabelece no art. 402: “Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidos ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar.”(BRASIL, 2002, 2002)
Cabe citar Agostinho Alvim: “pode-se dizer que o dano ora produz o efeito de diminuir o patrimônio do credor, ora o de impedir-lhe o aumento, ou acrescentamento, pela cessação de lucros, que poderia esperar.” (ALVIM, 1980, p. 173).
O dano emergente consiste no efetivo prejuízo suportado pela vítima, ou seja, o que ela efetivamente perdeu em razão da lesão. É o dano que vem à tona de imediato, em razão de um desfalque concreto do patrimônio da pessoa lesada, e, por esse motivo, não há grandes dificuldades para a mensuração da indenização.
Já o lucro cessante corresponde àquilo que a vítima não ganhou em decorrência do dano, ou, segundo a expressão legal, o que razoavelmente deixou de lucrar. É também denominado de lucro frustrado, já que correspondente à frustração daquilo que era razoavelmente esperado se auferir, o lucro cessante corresponde, portanto, a um prejuízo projetado para o futuro. Em razão do seu embasamento em fatos concretos, não se confunde com o lucro meramente hipotético. 
1.3.3. Nexo Causal
O nexo de causalidade é a relação de causa e efeito entre a conduta praticada e o resultado. Para que se possa caracterizar a responsabilidade civil do agente, não basta que o mesmo tenha praticado uma conduta ilícita, e nem mesma que a vítima tenha sofrido o dano. É imprescindível que o dano tenha sido causado pela conduta ilícita do agente e que exista entre ambos uma necessária relação de causa e efeito.
O nexo de causalidade é requisito essencial para qualquer espécie de responsabilidade, ao contrário do que acontece com a culpa, que não estar presente na responsabilidade objetiva. 
Diversas teorias surgiram para tentar explicar o nexo de causalidade, dentre essas teorias é importante citar a dotada pelo código Civil brasileiro de 2002.
Na teoria da causalidade direta ou imediata.
Que também pode ser chamada de teoria da interrupção do nexo causal, a causa pode ser classificada como apenas o antecedente fático que, ligado por um vinculo de necessariedade ao resultado danoso, determinasse esse ultimo como uma consequência sua, direta e imediata.
Carlos Roberto Gonçalves é enfático ao afirmar que:
“Das várias teorias sobre o nexo causal, o nosso Código adotou, indiscutivelmente, a do dano direto e imediato, como está expresso no art. 403; e das varias escolas que explicam o dano direto e imediato, a mais autorizada é a que se reporta à consequência necessária” (GONÇALVES, 2002, p. 524).
Diante de tal discussão doutrinária calha citar as doutas palavras de Rui Stoco:
“Enfim, independente da teoria que se adote, como a questão só se apresenta ao juiz, caberá a este, na análise do caso concreto, sopesar as provas, interpretá-las como conjunto e estabelecer se houve violação do direito alheio, cujo resultado seja danoso, e se existe um nexo causal entre esse comportamento do agente e o dano verificado” (STOCO, 2007, p. 152).
 Abuso de Direito
O abuso de direito se caracteriza exatamente pelo excesso, quando o indivíduo, utilizando-se de determinado direito previsto na legislação, não o utiliza em benefício próprio, mas, sim, visando ao prejuízo alheio, ou até como forma de impossibilitar que outrem exerça determinado direito. Assim, na lição do ilustre doutrinador WASHINGTON DE BARROS MONTEIRO, elucidando o que consiste ser abuso dedireito, alega que:
"para uns, seu elemento caracterizador repousa na intenção de prejudicar. Todas as vezes que o titular exercite um direito movido por esse propósito subalterno, configurado estará o abuso de direito. Para outros, o critério identificador reside na ausência de interesse legítimo. Se o titular exerce o direito de modo contrário ao seu destino, sem impulso de um motivo justificável, verificar-se-á o abuso dele".
Denota-se, portanto, que o abuso de direito agrava-se, principalmente, quando uma pessoa, detentora de um determinado direito, se utiliza deste sem qualquer finalidade legitimamente concebida, visando, única e exclusivamente, a violar direitos de terceiros.
Para melhor ilustrar o nominado abuso de direito, imaginemos um repórter, que em pleno exercício do direito de informar e de manifestar-se, profere ofensas a uma determinada pessoa, imputando-lhe, injustificadamente, citações desonrosas.
CAPÍTULO - CAUSAS EXCLUDENTES DA RESPONSABILIDADE CIVIL
 Existem fatos que interferem na relação entre a vítima e o suposto agente causador do dano que têm o condão de excluir o nexo causal. São os chamados fatos excludentes da responsabilidade. 
A responsabilidade civil existe quando restar comprovado o vínculo entre o dano e a ação ou omissão provocada, ou seja, é imprescindível haver o nexo causal, o liame entre a ação e o dano provocado. As excludentes são exatamente a não existência do nexo causal, como nos ensina Silvio de Salvo Venosa (2003, p. 40):
 “São excludentes de responsabilidade, que impedem que se caracterize o nexo causal, a culpa exclusiva da vítima, o fato de terceiro, o caso fortuito e a força maior e, no campo contratual, a cláusula de não indenizar”.
 
2.1. Imputabilidade e Culpa
2.2. Causas que Afastam a Culpa
Menoridade
Demência
Estado de Necessidade
O estado de necessidade consiste na situação de agressão a um direito alheio, de valor jurídico igual ou inferior àquele que se pretende proteger, para remover perigo iminente (que ameaça acontecer breve), quando as circunstâncias do fato não autorizarem outra forma de atuação.
O estado de necessidade tem assento legal no art. 188 CC/02:
“Art. 188. Não constituem atos ilícitos:
I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido;
II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente.
Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo.”
Perceba-se que o parágrafo único do referido artigo de lei prevê que o estado de necessidade “somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo”.
Com isso, quer-se dizer que o agente, atuando em estado de necessidade, não está isento do dever de atuar nos estritos limites de sua necessidade, para a remoção da situação de perigo. Será responsabilizado, pois, por qualquer excesso que venha a cometer.
Legitima defesa 
Diferentemente do estado de necessidade, na legítima defesa o indivíduo encontra-se diante de uma situação atual ou iminente (que ameaça acontecer breve) de injusta agressão, dirigida a si ou a terceiro, que não é obrigado a suportar. A legítima defesa real (art. 188, I, 1ª parte CC/02) pressupõe a reação proporcional a uma injusta agressão, atual e iminente, utilizando-se moderadamente dos meios de defesa postos à disposição do ofendido.
2.3. Causas que Afastam o Nexo de Causalidade
Culpa exclusiva da vitima
A culpa exclusiva da vítima - pondera Silvio Rodrigues – é a causa de exclusão do próprio nexo causal, porque o agente, aparente causador direto do dano, é mero instrumento do acidente.
Assim se um pedestre “A” se joga na frente do veículo dirigido por “B”, não se poderá falar em liame (liga uma coisa a outra) de causalidade entre o ato deste e o prejuízo por aquele experimentado. O veículo atropelador foi simples instrumento do acidente, erigindo-se a conduta da vítima em causa única do evento, afastando o próprio nexo causal em relação ao motorista, e não apenas a sua culpa.
Washington de Barros Monteiro afirma que o nexo desaparece ou se interrompe quando o procedimento da vítima é a causa única do evento.
Aguiar Dias – Admite-se como causa de isenção de responsabilidade o que se chama de culpa exclusiva da vítima. Com isso, na realidade, se alude ao ato ou fato exclusivo da vítima, pelo qual fica eliminado a causalidade em relação ao terceiro interveniente no ato danoso.
Culpa de terceiro
Definição de Aguiar Dias – é qualquer pessoa além da vítima e o responsável, alguém que não tem nenhuma ligação com o causador aparente do dano e o lesado. Pois, não raro, acontece que o ato de terceiro é a causa exclusiva do evento, afastando qualquer relação de causalidade entre a conduta do autor aparente e a vítima.
Exemplo1: Mulher de ciclista ajuíza uma ação de indenização em face de uma empresa de ônibus por ter sido atropelado pelo ônibus. Mas a prova demonstrou que o ciclista bateu num buraco em sua pista e em seguida foi atingido pela roda traseira do ônibus. O buraco na pista do ciclista tinha sido aberto por uma empresa prestadora de serviços públicos. A ação foi mal endereçada.
Caso fortuito e força maior
O Código Civil de 2002, art. 393 manteve a mesma redação do anterior:
“Art. 393. o devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado.
Parágrafo único. o caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir.”
Já se discutiu sobre a diferença entre o caso fortuito e força maior, mas até hoje não se chegou a um entendimento uniforme. O que é indiscutível é que tanto um como o outro estão fora dos limites da culpa.
Caso fortuito 
Tratar de evento imprevisível e, por isso inevitável.
Força Maior 
O evento for inevitável, ainda que previsível, por se tratar de fato superior às forças da natureza, como tempestades, enchentes etc.
Exercício regular do direito/ Estrito cumprimento do dever legal.
Não poderá haver responsabilidade civil se o agente atuar no exercício regular de um direito reconhecido (art. 188, I, 2ª parte CC/02). O abuso do direito é o contraponto (apresentar em oposição) do seu exercício regular.
Exemplo1: Quando empreendemos algumas atividades desportivas, como o futebol e o boxe, podem surgir violações à integridade física de terceiros, que são admitidas, se não houver excesso (exageros).
CAPÍTULO - RESPONSABILIDADE CIVIL E A INTERAÇÃO ENTRE A JURISDIÇÃO CIVIL E PENAL.
Ilícito Penal x Ilícito Civil
A diferenciação existente entre os ilícitos penais e civis verifica-se em desde sua definição, entendendo-se como ato ilícito civil, toda ação ou omissão antijurídica, em princípio, culpável e lesiva, gerando responsabilidade, conforme dispõe o art. 186 do Código Civil "Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito".
Já ato ilícito penal, tem-se como ação ou omissão antijurídica, típica e culpável, portanto, na configuração dos atos ilícitos, a culpabilidade e a tipicidade são elementos essenciais.
A diferença essencial que se pode observar entre o delito civil e o penal é a existência de uma pena. O ilícito civil tem como pressuposto a violação de norma que tutela o interesse privado, de forma que o direito privado busca restabelecer o equilíbrio jurídico desestabilizado pelo ato ilícito, com a reparação do dano enquanto o direito penal busca este restabelecimento da ordem social, via de regra, aplicando uma pena.
 3.2. Interação entre a jurisdição civil e a jurisdição penal. 
Art. 935. A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar maissobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal.
Da análise de tal artigo, verifica-se que, ao dizer que não se poderá mais questionar no juízo acerca da existência do fato ou a sua autoria, caso já estejam decididas no juízo criminal, se estabelece uma certa dependência da jurisdição cível em relação à criminal, o que dá ensejo a uma polêmica questão: existe realmente independência entre as jurisdições civil e penal.
Na prática, é simples verificar que essa divisão não pode ser absoluta, posto que, um único fato pode originar múltipla incidência em normas dentro do ordenamento vigente, consequentemente, um fato poderá ter reflexos em ambas as esferas, penal e civil, verbi gratia é o caso da responsabilidade civil advinda da prática de crime.
O delito pode originar dois tipos de responsabilidade: a penal, ou seja, a possibilidade de que se aplique ao agente uma sanção prevista em lei, e a civil que consistirá na reparação dos danos advindos do ato ilícito praticado.
Assim, a questão da independência das jurisdições frente à repercussão das decisões proferidas nas jurisdições penal sobre o juízo cível torne-se questionável, posto que, a subordinação tem caráter obrigatório, vez que, é dever do estado o provimento jurisdicional de forma adequada e justa, sem produzir julgados conflitantes.
Sentença penal condenatória transitado em julgado.
Nesse caso, o ofendido, seu representante legal ou herdeiros poderá promover a execução na jurisdição civil, visando à reparação do dano. 
Se a parte interessada não quiser aguardar o processo penal.
Nesse caso, em fase de inadimplência entre a jurisdição civil em penal, poderá promover ação de indenização. 
Se for proposta a ação civil e ela estiver em curso na ação penal.
Nesse caso em que pese à independência de jurisdição, poderá o juiz civil promover o sobe estabelecimento do feito que aguarda a decisão do juiz penal. 
Se o juiz penal absolveu o réu por inexistência do fato ou por exclusão da autoria, Art. 66 CPP.
Nesse caso, somente a decisão criminal que tenha categoricamente afirmado a inexistência do fato ou não ter sido o réu, o autor do crime, impede a discursão a cerca da responsabilidade civil.
Nesses dois casos, a sentença penal absolutória faz coisa julgada na jurisdição civil.
E se o juiz penal absorve o réu por insuficiência de provas, Art. 386, §2,7 do CPP.
Nesse caso, nenhum efeito desta decisão penal produzirá nenhum efeito na espera civil. 
Se o fato não constitui crime, Art. 386§3 do CPP.
Nesse caso, absolvição penal que não reconhece crime, não produzirá nenhum efeito na esfera civil, embora não seja ilícito penal, pode ser ilícito civil.

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