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O Recurso em Sentido Estrito
Cabimento
O RESE só é cabível quando estiver expressamente previsto em lei. A maior parte das hipóteses 
está no art. 581 do CPP, mas também há previsão no art. 294, parágrafo único, do CTB, no art. 
6º, parágrafo único, da Lei 1.508/51 e no art. 561 do CPPM. Para a peça prática, todavia, 
acredito que o artigo 581 do CPP seja o único relevante. De qualquer forma, caso caia alguma 
hipótese da legislação especial, todas as informações vistas a seguir são aplicáveis, exceto a 
análise individualizada das situações previstas no CPP.
Prazo
Em regra, o prazo é de 5 dias para a interposição, salvo na hipótese do artigo 581, XIV, em que o 
prazo é de vinte dias (art. 586, parágrafo único, do CPP). O prazo para razões é de 2 dias, 
contados da intimação para a apresentação – e não da interposição. Ainda sobre o tema, merece 
menção o enunciado n. 310, da Súmula do STF.
Juízo de retratação
No RESE, o juiz que proferiu a decisão tem a oportunidade de rever o seu posicionamento. Para 
a OAB, não deixe de pedir, na interposição, a retratação. Em quase todas as oportunidades em 
que o RESE foi a peça escolhida, a instituição atribuiu ponto à nota de quem a pediu.
Endereçamento
A interposição deve ser endereçada ao juiz que proferiu a decisão recorrida, enquanto as razões 
devem ter como destinatário o tribunal (TJ/TRF).
Legitimados para interpor o RESE:
• O réu;
• O querelante;
• O Ministério Público;
• O ofendido (em casos específicos - só quando fundamentado nos incisos IV, VIII e XV);
• Qualquer pessoa (mas só pra tirar alguém da lista de jurados);
• O jurado que foi excluído.
Teses e pedidos
O pedido é sempre a razão que ensejou o recurso. Se, por exemplo, o RESE foi interposto contra 
a decisão que negou a ordem de HC, o pedido é a sua concessão. As teses, por outro lado, podem 
ser as mais diversas. Isso porque, ainda que o pedido seja um só, pode o problema trazer mais de 
uma tese de defesa para fundamentá-lo. Exemplo: em um RESE interposto contra a sentença de 
pronúncia (art. 581, IV), pode o enunciado trazer duas teses distintas, uma de inexistência de 
materialidade e outra de negativa de autoria, e o pedido, mesmo assim, será um só: a 
impronúncia.
RESE x Apelação
O RESE é cabível somente quando houver expressa previsão legal, seja a decisão interlocutória 
ou terminativa. A simples menção ao termo “sentença” não faz com que a peça seja, 
automaticamente, a apelação, a exemplo do art. 581, IV, que trata da denominada “sentença de 
pronúncia” - que tem natureza interlocutória -, do rito do júri. Na dúvida, avalie cada uma das 
hipóteses legais de RESE. Caso o problema não se encaixe em nenhuma delas, interponha 
apelação, salvo quando outra peça for cabível.
Obs: impronunciou é RSE
RESE x Agravo em Execução
O agravo em execução está previsto no art. 197 da Lei 7.210/84 (a LEP), e é cabível contra as 
decisões do juiz da execução. Em razão disso, uma porção de hipóteses do art. 581 do CPP não 
mais comporta RESE - incisos XI, XII, XVII, XIX, XX, XXI, XXII e XXIII. Entretanto, não é 
preciso memorizar todos essas situações. Basta ter em mente que, se a decisão foi proferida já em 
fase de execução, a peça será o agravo, e não o RESE. Não tem erro!
OBS: Se a decisão for parte da sentença, cabe apelação. Já se for durante o processo de 
execução, cabe agravo
OBS: O artigo 581 CPP fala do recurso em sentido estrito. O recurso de apelação sempre 
será interposto quando tiver uma sentença definitiva ou com força definitiva. Em recurso 
em sentido estrito falo em sentença, decisões interlocutórias e despachos. O recurso em 
sentido estrito, em seus 24 incisos. O recurso em sentido estrito é o chamado juízo de 
retratação. A apelação, no Artigo 593 CPP, em seus incisos tenho as possibilidades que 
cabem apelação. Os incisos XI, XII, XVII, XIX, XX, XXI, XXII, XXIII, XXIV do Artigo 
581 CPP, estão revogados tacitamente. Despronuncia: reforma da sentença de pronuncia. 
Manter a pronuncia quer dizer que o réu será levado a plenário. No caso de, impronuncia 
ou absolvição sumária caberá recurso de apelação.
Artigo 585 do CPP
A exigência de recolhimento à prisão é incompatível com os ditames da CF/88. Portanto, o art. 
585 não pode ser aplicado como condição para recorrer.
Artigo 581 do CPP: Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença:
I - que não receber a denúncia ou a queixa;
Trata-se de decisão terminativa do processo, e não de decisão interlocutória, provando que a 
máxima “o RESE é o agravo do processo penal”, dita, com frequência, em faculdades por aí, não 
é verdadeira. As hipóteses de rejeição da renúncia ou da queixa estão previstas no art. 395 do 
CPP. Da decisão que recebe a inicial, não há recurso previsto. No entanto, nada impede que a 
decisão seja atacada por habeas corpus.
II - que concluir pela incompetência do juízo;
É hipótese de decisão interlocutória, que não põe fim ao processo, mas apenas modifica a 
competência. Quando declarada por exceção, a fundamentação será a do inciso III. No júri, se, 
após terminada a instrução do processo, o juiz desclassificar a conduta para outra que não seja de 
competência do Tribunal do Júri (ex.: de homicídio para lesão corporal), o embasamento legal 
será o inciso II.
III - que julgar procedentes as exceções, salvo a de suspeição;
As exceções estão previstas no art. 95 do CPP. São elas: a) suspeição; b) incompetência de juízo; 
c) litispendência; d) ilegitimidade de parte; e) coisa julgada. Exceto na primeira hipótese, da 
decisão que conceder a exceção cabe RESE. Quanto à incompetência, atenção: se a competência 
ocorrer por força de desclassificação, a fundamentação será a do inciso II.
IV – que pronunciar o réu;
Encerrada a primeira fase do rito do júri, caso o juiz fique convencido da materialidade do fato e 
da existência de indícios suficientes de autoria ou de participação, deverá pronunciar, em decisão 
fundamentada, o réu. A pronúncia faz com que o julgamento seja submetido ao Tribunal do Júri. 
Contra a decisão de pronúncia, cabe RESE. No último Exame de Ordem, a OAB trouxe uma 
situação em que o acusado foi absolvido sumariamente. Neste caso, e na hipótese de 
impronúncia, a peça cabível é a apelação.
V - que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança, indeferir requerimento de 
prisão preventiva ou revogá-la, conceder liberdade provisória ou relaxar a prisão em flagrante; 
VII - que julgar quebrada a fiança ou perdido o seu valor;
Incisos V e VII: decisões interlocutórias, recorríveis por RESE. Como as hipóteses estão bem 
claras, não há motivo para um estudo aprofundado.
VIII - que decretar a prescrição ou julgar, por outro modo, extinta a punibilidade;
IX - que indeferir o pedido de reconhecimento da prescrição ou de outra causa extintiva da 
punibilidade;
As hipóteses de extinção da punibilidade estão previstas no art. 107 do Código Penal. Da decisão 
que as reconhece ou as indefere, cabe RESE.
X - que conceder ou negar a ordem de habeas corpus;
É cabível, somente, quando a decisão for proferida por juiz de primeira instância. Se o HC for 
impetrado diretamente no tribunal, em caso de ordem negada, a peça cabível será o recurso 
ordinário constitucional, e não o RESE.
XI - que conceder, negar ou revogar a suspensão condicional da pena;
Segundo o art. 157 da LEP, a concessão ou não de sursis (art. 77 do CP) deve ser apreciada na 
sentença condenatória, recorrível por apelação, e não por RESE. Entretanto, caso a decisão a 
respeito do assunto seja do juiz da vara de execução, a peça cabível é o agravo em execução. 
Portanto, tanto em uma hipótese quanto em outra, a peça não será o RESE.
XII - que conceder, negar ou revogar livramento condicional;
Trata-se de matéria pertinenteà execução. Como já comentado, qualquer decisão do juiz da 
execução é atacável por agravo, e não RESE.
XIII - que anular o processo da instrução criminal, no todo ou em parte;
Pode ocorrer de uma das partes não ter interesse na anulação do processo, total ou parcial. Sendo 
o caso, a peça cabível é o RESE. As causas de nulidade estão previstas no art. 564 do CPP.
XIV - que incluir jurado na lista geral ou desta o excluir;
Considerada a clareza da redação, não há motivo para análise. A única peculiaridade é o prazo, 
que é de vinte dias.
XV - que denegar a apelação ou a julgar deserta;
A denegação da apelação pode ocorrer quando ausente requisito do recurso (ex.: 
tempestividade). Já a deserção diz respeito à falta de recolhimento de preparo.
XVI - que ordenar a suspensão do processo, em virtude de questão prejudicial;
As questões prejudiciais devem ser analisadas antes do julgamento do mérito da ação penal, pois 
influenciam diretamente na tipicidade (ex.: não há como julgar um caso de bigamia quando 
existir dúvida acerca da existência de casamento anterior). Cabe RESE da decisão que determina 
a suspensão do processo criminal em razão de questão prejudicial.
XVII - que decidir sobre a unificação de penas;
Questão referente à execução da pena. Portanto, hipótese de agravo em execução.
XVIII - que decidir o incidente de falsidade;
Trata-se de decisão interlocutória, pois não põe fim ao processo. Os incidentes de falsidade estão 
previstos nos arts. 145/148 do CPP, e, sobrevindo decisão, o recurso cabível será o RESE.
XIX - que decretar medida de segurança, depois de transitar a sentença em julgado;
XX - que impuser medida de segurança por transgressão de outra;
XXI - que mantiver ou substituir a medida de segurança, nos casos do art. 774;
XXII - que revogar a medida de segurança;
XXIII - que deixar de revogar a medida de segurança, nos casos em que a lei admita a 
revogação;
Todas as questões são pertinentes à execução penal. Portanto, agravo em execução como recurso, 
e não RESE.
XXIV - que converter a multa em detenção ou em prisão simples.
Não é mais possível a conversão de multa em detenção ou prisão simples. Por isso, o inciso 
XXIV não é mais aplicável.
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1º Modelo de recurso em sentido estrito
1ª Peça: interposição.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA … VARA CRIMINAL DA 
COMARCA …
Observação: se o processo for de competência da Justiça Federal, “EXCELENTÍSSIMO 
SENHOR JUIZ FEDERAL DA … VARA CRIMINAL DA JUSTIÇA FEDERAL DA SEÇÃO 
JUDICIÁRIA ...”.
Nome, já qualificado nos autos do processo criminal n..., por seu advogado, que esta subscreve, 
vem, perante Vossa Excelência, dentro do prazo legal, com fundamento no artigo 581, IX, do 
Código de Processo Penal, interpor RECURSO EM SENTIDO ESTRITO.
Requer seja recebido, processado o recurso e, caso Vossa Excelência mantenha a sua decisão, 
encaminhado ao Egrégio Tribunal de Justiça.
Observação: imprescindível a menção ao juízo de retratação, pois se trata de uma das principais 
peculiaridades do RESE.
Pede deferimento.
Comarca, data.
Advogado.
2ª Peça: razões.
Razões de recurso em sentido estrito
Recorrente: Nome.
Recorrida: Justiça Pública.
Processo n.: ….
Egrégio Tribunal de Justiça,
Colenda Câmara,
Douta Procuradoria de Justiça,
A decisão proferida pelo Meritíssimo Juiz de Direito da … Vara Criminal da Comarca … está 
em total discordância com os ditames legais, sendo imperiosa a sua reforma, conforme 
exposição a seguir:
I. DOS FATOS
O recorrente foi denunciado pela prática do crime previsto no artigo 155, “caput” do Código 
Penal, ocorrido no ano de 2001. A denúncia foi oferecida e recebida no ano de 2002.
Com base nisso, e levando em consideração o disposto no artigo 109, IV, do Código Penal, o 
recorrente requereu o reconhecimento da prescrição, o que foi negado pelo juiz.
Observação: não invista muito tempo no tópico “dos fatos”, pois não há atribuição de nota a ele. 
Basta resumir o enunciado da questão, com menção aos pontos de interesse.
II. DO DIREITO
Portanto, a reforma da decisão é necessária, haja vista que o recebimento da denúncia ocorreu 
há 10 (dez) anos, e o prazo prescricional previsto para o delito é de 08 (oito) anos, segundo 
previsão do artigo 109, IV, do Código Penal.
Por essa razão, com fundamento nos artigos 109, IV, e 107, IV, ambos do Código Penal, deve 
ser reconhecida a prescrição e a consequente extinção da punibilidade.
Observação: na prova, procure ser conciso em sua manifestação. Para o examinador, o que 
importa é a presença da tese e a devida fundamentação. Não basta, é claro, mencionar o artigo, 
mas também não é preciso prolongar por diversos parágrafos o que pode ser dito em poucas 
linhas. Na segunda fase, o tempo é o bem mais precioso.
III. DO PEDIDO
Diante do exposto, requer seja conhecido e provido o recurso, para que se reconheça a 
prescrição, nos termos do art. 109, IV, e a consequente extinção da punibilidade, com fulcro no 
art. 107, IV, ambos do Código Penal.
Observação: como já comentado, ainda que o enunciado traga uma série de teses, o pedido é 
sempre um só: a concessão do que foi negado na decisão recorrida.
Pede deferimento.
Comarca, data.
Advogado.
2º Modelo de recurso em sentido estrito
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da nº Vara do Júri da Comarca de especificar, 
Autos do processo nº 
Nome completo do recorrente, já qualificado nos autos de nº em epígrafe, que lhe move a Justiça 
Pública, por seu advogado signatário, inconformado com a r. decisão, que o pronunciou, vem, 
respeitosamente, dentro do prazo legal, perante Vossa Excelência, interpor RECURSO EM 
SENTIDO ESTRITO, com fulcro no art. 581, inciso IV, do CPP.
Requer seja recebido e processado o presente recurso e, caso Vossa Excelência entenda que deva 
ser mantida a respeitável decisão, que seja encaminhado ao Egrégio Tribunal de Justiça com as 
inclusas razões.
Nesses Termos,
Pede Deferimento.
Local, dia de mês de ano.
Assinatura do Advogado
Nome do Advogado
OAB/UF
RAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO (impresso em folha separada)
RECORRENTE: Nome do recorrente
RECORRIDA: Justiça Pública
Autos do processo nº
Egrégio Tribunal,
Colenda Câmara, 
Douto Procurador de Justiça, 
Em que pese o indiscutível saber jurídico do MM. juiz "a quo", impõe-se a reforma de 
respeitável sentença que pronunciou o Recorrente, pelas seguintes razões de fato e fundamentos 
a seguir expostas:
Dos Fatos
O Recorrente foi denunciado, processo e pronunciado como incurso no art. 121, "caput", do CP.
Do Direito
Consta dos autos que o Recorrente foi abordado pela vítima, possuidora de vasta folha de 
antecedentes criminais, que exigiu do primeiro a entrega de dinheiro.
Segundo o depoimento das testemunhas "A" e "B", o Recorrente se atracou com a vítima, 
oportunidade em que tomou a arma de fogo desta.
 Todavia, mesmo após ter sido desarmado, a vítima ainda sacou um estilete que portava e atacou 
o Recorrente.
 Assim, verifica-se que o Recorrente, em situação de iminente perigo, agiu repelindo injusta e 
iminente agressão, tendo usado moderadamente os meios próprios em reação imediata, buscando 
defender e proteger seu patrimônio e sua própria vida.
As testemunhas dos fatos corroboram e não deixam dúvidas sobre a veracidade da alegação de 
que o Recorrente agiu em legítima defesa.
Dispõem os artigos 23 e 25, ambos do CP, respectivamente:
"Não há crime quando o agente pratica o fato:
(...)
II - em legítima defesa;".
"Entende-se legítima defesa, quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta 
agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem".
Portanto, presentes os requisitos que autorizam a aplicação da exclusão da ilicitude pela legítima 
defesa.Nesse sentido, citar doutrina e jurisprudência. 
Do Pedido 
Ante o exposto, requer seja conhecido e provido o presente recurso, impronunciando-se o 
Recorrente, como medida de Justiça.
Local, dia de mês de ano.
Assinatura do Advogado
Nome do Advogado
OAB/UF
3º Modelo de recurso nos casos dos incisos XI, XII, XVII, XIX, XX, XXI, XXII, XXIII, 
XXIV do Artigo 581 CPP
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DR. JUIZ DE DIREITO DA VARA DAS EXECUÇÕES 
CRIMINAIS DA COMARCA DE VIANA – ES.
Execução Penal nº.
João Felício, já qualificado nos autos do processo em epígrafe, atualmente recolhido no Presídio 
de Segurança Máxima da Comarca de Viana-ES, onde cumpre pena, não se conformando com a 
respeitável decisão denegatória de sua progressão do regime prisional fechado para o regime 
semi-aberto de cumprimento de pena, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, por 
meio de seu advogado, que esta subscreve, interpor o presente recurso de
Agravo em Execução
com fulcro no artigo 197 da Lei 7.210/84. Requer seja este recebido e processado, para que, a 
partir das razões desde já inclusas, possa Vossa Excelência exercer, caso assim entenda, juízo de 
retratação, concedendo o direito pleiteado.
Caso Vossa Excelência entenda por manter a decisão denegatória, após ouvido o ilustre 
representante do Ministério Público, requer seja encaminhado o presente recurso ao Egrégio 
Tribunal de Justiça do Estado do Espírito Santo, para julgamento.
Nestes termos, pede deferimento.
Vitória/ES, 18 de maio de 2011.
Advogado – OAB
Razões de Agravo em Execução
Agravante: ____.
Execução Penal nº ____.
Egrégio Tribunal,
Colenda Câmara,
1. Dos Fatos
Trata-se de processo penal no qual o Agravante foi condenado à pena de 6 anos de reclusão por 
violação ao artigo 12 da lei nº 6.368/76, estando a sentença condenatória já transitada em julgado 
e o agravante recolhido no Presídio de Segurança Máxima da Comarca de Viana-ES.
O Agravante cumpre a pena em regime fechado, no qual já se encontra há 1 ano e 3 meses 
ininterruptos. Conforme consta na guia de execução penal, o mesmo possui bom comportamento 
carcerário, não possui nenhum outro processo em andamento e já conta com proposta de 
emprego para quando estiver em liberdade.
Diante de tal situação, o Dr. Defensor Público com atuação no aludido presídio requereu ao Juízo 
da Vara de Execução da Comarca de Viana-ES a progressão de regime prisional do Agravante, 
do fechado, em que atualmente se encontra, para o semi-aberto, com fundamento na decisão do 
Supremo Tribunal Federal que julgou inconstitucional a vedação de progressão de regime para 
os crimes definidos como hediondos, como é o crime cometido pelo Agravante, e ainda sob o 
fundamento de que o réu já teria cumprido mais de 1/6 (um sexto) da condenação.
Foi proferida, pelo eminente magistrado da Vara de Execuções Criminais da Comarca de Viana-
ES, decisão denegatória do benefício de progressão do regime fechado para o regime semi-
aberto, sob o fundamento de que após a decisão do STF, o legislador editou lei regulamentando a 
progressão do regime para os crimes classificados como hediondos, definindo que a progressão 
será permitida desde que o réu tenha cumprido no mínimo 2/5 (dois quintos) da pena em regime 
fechado.
A decisão recorrida indeferiu o pedido de progressão do regime considerando que o Agravante 
ainda não havia cumprido os 2/5 (dois quintos) da pena em regime fechado, como determina o 
artigo 2º da Lei nº 8.072/1990, com a redação que lhe deu a Lei nº 11.464/2007.
Entretanto, a respeitável decisão não deve prosperar, face aos argumentos a seguir expostos.
2. Do Direito
Muito embora o artigo 2º da Lei nº 8.072/1990, com a redação que lhe deu a Lei nº 11.464/2007, 
estabeleça que o tempo mínimo de cumprimento da pena em regime fechado seja de 2/5 (dois 
quintos) para os condenados por crimes hediondos, o dispositivo legal acima não pode ser 
aplicado ao presente caso.
A partir da declaração, pela Corte Suprema, da inconstitucionalidade do parágrafo 1º do artigo 2º 
da Lei nº 8.072, que vedava a progressão de regime no caso de crimes hediondos, passou a ser 
aplicável à matéria o artigo 112 da Lei de Execução Penal, que estabelece o cumprimento de 1/6 
da pena como requisito para progressão de regime.
A Lei nº 11.464/2007, que trouxe, no caso de crimes hediondos, a exigência do cumprimento de 
2/5 da pena para progressão de regime, se o apenado for primário, e 3/5 se reincidente, constitui 
norma penal mais gravosa, estando submetida à garantia constitucional que determina que a lei 
penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu, nos termos do artigo 5º, inciso XL da 
Constituição.
Acerca do tema, Fernando Capez afirma que possuem caráter penal as normas relativas ao 
cumprimento da pena, como as que proíbem ou permitem a progressão de regime, as que 
dificultam ou facilitam o livramento condicional, as que permitem a substituição da pena 
privativa de liberdade por restritiva de direitos, etc. Para o autor, tais normas alcançam o próprio 
jus puniendi, tornando-o mais ou menos intenso:
O Estado estará exercendo de forma muito mais intensa sua pretensão executória, quando 
submete o condenado ao regime integral fechado, do que quando substitui a pena por multa.[1]
Em se tratando de lei penal mais gravosa e posterior à prática do fato, não pode incidir em 
prejuízo do Agravante, devendo a execução sua pena reger-se de acordo com Lei de Execução 
Penal.
Esse é o entendimento que vem sendo adotado pelo Superior Tribunal de Justiça, conforme se vê 
da ementa abaixo transcrita, de Acórdão proferido pela Quinta Turma do Superior Tribunal de 
Justiça no julgamento do Habeas Corpus nº 184892 – SP.
CRIMINAL. HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE ENTORPECENTES.PROGRESSÃO DE 
REGIME. DELITO PRATICADO ANTES DO ADVENTO DA LEI 11.464/07. 
IRRETROATIVIDADE DA LEI PENAL MAIS GRAVOSA. IMPOSSIBILIDADE DE 
EXIGÊNCIA DO DESCONTO DE 2/5 DA PENA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL 
EVIDENCIADO. ORDEM CONCEDIDA. I. O requisito objetivo necessário para a progressão 
de regime prisional dos crimes hediondos e equiparados, praticados antes do advento da Lei n.º 
11.464/07, deve ser o previsto no art. 112 da Lei de Execução Penal, qual seja, - 1/6 (um sexto). 
II. A exigência do cumprimento de 2/5 (dois quintos) ou de 3/5 (três quintos) da pena imposta, 
como requisito objetivo para a progressão de regime aos condenados por crimes hediondos, 
trazida pela Lei n.º 11.464/07, por ser evidentemente mais gravosa, não pode retroagir para 
prejudicar o réu.III. Deve ser reformado o acórdão combatido, tão somente para afastar a 
aplicação da Lei 11.464/07 e determinar que o Juízo da Vara de Execuções adote como critério 
objetivo temporal para a progressão do regime o previsto no art. 112 da LEP, mantendo-se, no 
mais, a condenação imposta ao réu.
Sobre o tema, já existe até mesmo súmula da jurisprudência do STJ. 
Súmula nº 471: Os condenados por crimes hediondos ou assemelhados cometidos antes da 
vigência da Lei n. 11.464/2007 sujeitam-se ao disposto no art. 112 da Lei n. 7.210/1984 (Lei de 
Execução Penal) para a progressão de regime prisional.
3. Dos Pedidos
Diante de todo o exposto, e considerando que o Agravante já cumpriu o requisito temporal 
mínimo de 1/6 (um sexto) exigido para ver progredido o regime de execução de sua pena, bem 
como atende aos demais requisitos exigidos pela legislação aplicável, requer seja conhecido e 
provido o presente recurso, tornando sem efeito a decisão contra a qual se insurge, para que seja 
concedido o benefício à progressão de regime prisional do agravante para o semi-aberto, nos 
termos do art. 112 da Lei de Execução Penal.
Nestes termos, pede deferimento.
Vitória – ES, 24 de maio de 2011.
Advogado – OAB.
	O Recurso em Sentido Estrito

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