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EMENTA DIREITO DAS COISAS – DIREITO CIVIL IV Professora: Élida Mamede OBJETIVOS Conceituar o Direito das coisas, estudar os fundamentos da posse, da propriedade, a prescrição aquisitiva em suas espécies, a aquisição e a perda da propriedade; identificar os direitos reais e pessoais. CARGA HORÁRIA: 72h/a EMENTA: Noções gerais. Distinção entre posse, propriedade e detenção. Teorias(subjetiva e objetiva). Posse: conceituação, composse, qualificação da posse,aquisição, transmissão, efeitos, perda e proteção de posse. Propriedade: conceituação, classificação, aquisição e perda, proteção, da propriedade móvel e imóvel: conceitos, modos de aquisição e perda, usucapião. Desapropriação. Direitos de vizinhança. Direitos reais sobre coisas alheias. CONTEÚDO PROGRATICO UNIDADE 1 - ASPECTOS INTRODUTÓRIOS 1.1 Denominação; 1.2 Natureza jurídica dos direitos reais; 1.3 Direitos reais e direitos pessoais; 1.4 Obrigações propter REM 1.5 Características dos direitos reais: eficácia erga omnes e direito de seqüela; 1.6 Classificações dos direitos reais; 1.7 Ações reais. UNIDADE 2 - DA POSSE 2.1 Conceito e teorias sobre a posse. Distinção entre posse e propriedade; 2.2 Natureza jurídica; 2.3 Posse e detenção. Fâmulos da posse; 2.4 Classificações; 2.4.1Continuidade do caráter da posse; 2.4.2 Posse direta e posse indireta; 2.4.3 Possejusta e posse injusta; 2.4.4 Posse de boa-fé e posse de má-fé; 2.4.5 Posse nova eposse velha; 2.4.6 Posse ad interdicta e posse ad usucapionem; 2.4.7 Composse prodiviso e pro indiviso; 2.5 Aquisição, Conservação e Transmissão; 2.6 Perda da posse;2.7 Efeitos da posse; 2.8 Ações possessórias; 2.9 Constituto possessório. UNIDADE 3 - DA PROPRIEDADE 3.1 Conceito e historicidade; 3.2 Natureza jurídica; 3.3 Função social da propriedade; 3.4 Aquisição da propriedade móvel. Tradição. Ocupação, especificação,confusão, comistão e adjunção; 3.5 Aquisição da propriedade imóvel. Transcrição noregistro de imóveis. Acessão; 3.6 Usucapião; 3.7 Perda da propriedade.Desapropriação; 3.8 Propriedade resolúvel; 3.9 Tutela da propriedade e juízo petitório. UNIDADE 4 - DIREITOS DE VIZINHANÇA 4.1 Uso nocivo da propriedade; 4.2 Arvores limítrofes; 4.3 Passagem forçada; 4.4 Passagem de cabos e tubulações; 4.5 Águas; 4.6 Limites entre prédios e direito detapagem; 4.7 Direito de construir. UNIDADE 5 - CONDOMÍNIO 5.1 Condomínio Voluntário; 5.2 Condomínio necessário; 5.3 Condomínio Edilício. UNIDADE 6 - DIREITOS REAIS SOBRE COISAS ALHEIAS 7.1 Usufruto; 7.2 Servidão; 7.3 Enfiteuse e Superfície. UNIDADE 7 - DIREITOS REAIS DE GARANTIA 8.1 Hipoteca; 8.2 Penhor; 8.3 Anticrese. UNIDADE 8 - USO E HABITAÇÃO UNIDADE 9 - RENDAS CONSTITUÍDAS SOBRE IMÓVEIS UNIDADE 10 - PROMESSA DE COMPRA E VENDA COM EFICÁCIA REAL BIBLIOGRAFIA BÁSICA PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. 18.ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004. V.4 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: direitos reais. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2006. GOMES, Orlando. Direitos reais. 19. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito das coisas. 6.ed. São Paulo: Saraiva, 2003. IHERING, Rudolf Von. Teoria simplificada da posse. Tradução Pinto de Aguiar. 2.ed. rev. Bauru: EDIPRO, 2002. NADER, Paulo. Curso de direito civil: direito das coisas. Rio de Janeiro: Forense,2006. v.4 DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. v.4. São Paulo: Saraiva. RODRIGUES, Sílvio. Direito Civil. v.5. São Paulo: Saraiva. VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil. São Paulo: Atlas, 1995. VIANA, Marco Aurélio.Curso de Direito Civil. v.3, Belo Horizonte: Del Rey, 1997. WALD, Arnold. Curso de Direito Civil. São Paulo: R.T., 1997. DIREITO DAS COISAS Arts. 1196-1510, CC 1.1. Nomenclatura: Direito das coisas: ramo do direito civil que tem como conteúdo relações jurídicas entre pessoas e coisas determinadas. - Como coisas, deve-se entender tudo aquilo que não é humano. Bens são coisas com interesse jurídico e/ou econômico. - relação de domínio Direitos reais: As relações jurídicas estabelecidas entre pessoas e coisas determinadas ou determináveis , tendo como fundamento principal o conceito de propriedade. DIREITO DAS COISAS: Silvio Rodrigues, Washington de Barros Monteiro, MHD, Arnaldo Rizzardo, CRG. DIREITOS REAIS: Caio Mário, Orlando Gomes, Silvio Venosa 1.2. Teorias justificadoras dos direitos reais: a) Teoria personalista: os direitos reais são relações jurídicas estabelecidas entre pessoas, exigindo-se determinados comportamentos, mas intermediadas por coisas. b) Teoria realista ou clássica: o direito real é o poder imediato que a pessoa exerce sobre a coisa. 1.3. Características dos direitos reais: (MHD) - oponibilidade erga omnes - direito de sequela - previsão de usucapião como meio de aquisição - rol taxativo (numerus clausus) – 1225, CC - princípio da publicidade dos atos → entrega da coisa ou tradição (bens móveis) ou registro (bens imóveis) arts. 1226 e 1227 1.4. Diferenças entre direitos reais e direitos pessoais patrimoniais: DIREITOS REAIS DIREITOS PESSOAIS PATRIMONIAIS Um sujeito ativo determinado e o sujeito passivo é a sociedade Sinalagma contratual: sujeitos ativo/passivo determinados Objeto: coisa corpórea Objeto: prestação Eficácia erga omnes (exceção: sumula 308, STJ1) Efeitos inter partes (há uma tendência de ampliação dos efeitos, face à função social do contrato) Rol taxativo, numerus clausus (1225, CC) – princípio da tipicidade Rol exemplificativo, numerus apertus (425, CC), com a possibilidade de criação de contratos atípicos. Direito de sequela (é o de seguir a coisa em poder de qualquer detentor. O direito adere a coisa) Os bens do devedor respondem (perdas e danos) Caráter permanente como regra Caráter transitório como regra Instituto típico: propriedade Instituto típico: contrato 1 SÚMULA 308, STJ: “A hipoteca firmada entre a construtora e o agente financeiro, anterior ou posterior à celebração da promessa de compra e venda, não tem eficácia perante os adquirentes do imóvel” 1.5. Obrigações reais, propter rem, híbridas ou ambulatórias: Obrigações pessoais de um devedor por ele ser titular de um direito real, mas acabam aderindo à mais coisa que ao seu eventual titular. (Art. 1345, CC) 1.6. Abuso de direito de propriedade / ato emulativo: (arts. 187, 1228, §2º, CC) 1.7. A função social da propriedade: CF: art. 5º, caput, XXII, XXIII, XXV, XI art. 6º, caput (direito social de moradia) 170, III Art. 183 (usucapião constitucional ou especial urbano) – pro misero Art. 191 (usucapião constitucional ou especial rural) – pro labore Art. 184, 1ª parte (desapropriação para fins de reforma agrária) CC: Arts. 1228 §1º → POSSE: 1 – DEFINIÇÕES: Ler o CC. uma situação fática, de caráter potestativo, decorrente de uma relação sócio-econômica entre o sujeito e a coisa, e que gera efeitos no mundo jurídico. A palavra posse deriva do latim possessio que provém de potis, radical de potestas, poder; e sessio, da mesma origem de sedere, significa estar firme, assentado. Indica, portanto, um poder que se prende a uma coisa. A Posse portanto não se confunde com a propriedade. Esta é fundada em uma relação de direito (natureza jurídica), enquanto aquela é fundada em uma relação de fato (natureza fática) FACULDADES: USAR OU UTILIZAR ius utendi GOZAR OU FRUIR ius fruendi (retirar os frutos) DISPOR OU ALIENAR ius disponendi (atos inter vivos ou mortis causa) REAVER OU BUSCAR, REIVINDICAR (ius vindicandi) contra quem injustamente a possua. (interditos possessórios) É um fato ou um direito? 2 CORRENTES DE ENTENDIMENTO: FATO: domínio fático que a pessoa exerce sobre a coisa DIREITO: baseada na tríade de Miguel Reale (um direito com natureza jurídica especial). Corrente majoritária. (MHD, Orlando Gomes) Definição de Posse. Correntes:a) Teoria Subjetivista ou Subjetiva: (SAVIGNY) poder direito ou mediato que a pessoa tem de dispor fisicamente de um bem com a intenção de tê-lo para si e defendê-lo contra a intervenção ou agressão de quem quer que seja. CORPUS (ELEMENTO FÍSICO, MATERIAL) + ANIMUS (ANIMUS DOMINI, intenção de ter a coisa para si, de exercer sobre ela direito de propriedade). Para esta teoria, o locatário, comodatário, etc. ao seriam possuidores. Corrente utilizada para fins de usucapião. b) Teoria Objetivista ou Objetiva (de Ihering) basta a disposição física, dispensa a intenção de ser dono. = CORPUS Art. 1196, CC c) Teoria social (Salleiles): considera a função social da posse, sua ingerência sócio-econômica, e por ser a exteriorização da propriedade. Vetores: solidariedade social; erradicação da pobreza, direito à moradia; valorização da posse- trabalho 2 – POSSE E DETENÇÃO: Art. 1198, CC POSSE DETENÇÃO Exercício em nome próprio de um poder de domínio. Há vínculo de subordinação e/ou dependência econômica. Mera custódia; exercício em nome alheio. Uso, gozo, reivindicação Mera permissão ou tolerância. Exemplos: locação, comodato, depositário. Exemplos: ocupação irregular de área pública, entrega de um veículo para venda, relações de trabalho OBS.: espólio, massa falida e sociedade de fato podem ser possuidores. 3 – Principais classificações de posse: 3.1. Quanto à relação coisa-pessoa: Art. 1197 - Posse Direta ou Imediata: Aquela que é exercida por quem tem a coisa materialmente, havendo um poder físico imediato. Ex. locatário, usufrutuário, comodatário, depositário. (ius possessionis) - Posse Indireta ou mediata: exercida por meio de outra pessoa. Geralmente decorrente da propriedade. (ius possidendi – a posse que decorre da propriedade) 3.2. Quanto à presença de Vícios: - Posse Injusta: obtida mediante violência, clandestinidade ou arbitrariedade. a) Posse violenta: obtida por meio de esbulho, por força física ou violência moral (vis) - ROUBO b) Posse clandestina: é obtida às escondidas, na calada da noite (clam) - FURTO c) Posse precária: é obtida por abuso de confiança ou de direito. Esbulho pacífico – APROPRIAÇÃO INDÉBITA - Posse Justa ou limpa: não apresenta vícios de violência, clandestinidade ou precariedade. Obs1: a posse, mesmo injusta, é posse; e portanto, pode ser defendida em relação a terceiros. Obs2: Art. 1208 – posses violentas e clandestinas podem ser convalidadas, passados ano e dia (924, CPC) o que não se aplica à posse precária. Quebra do 1.203, CC. Obs3: CONSEQUÊNCIAS: aquele que tem a posse injusta não tem a posse usucapível (ad usucapionem). 3.3. Quanto à boa-fé: (OBJETIVA E SUBJETIVA) 1201, CC - Posse de Boa-fé: , 1219. O possuidor ignora os vícios ou os obstáculos que lhe impedem a aquisição da coisa; ou ainda quando tem um justo título que fundamente a sua posse (boa-fé resumida). O possuidor de boa-fé tem direito à indenização pelas benfeitorias necessárias e úteis, inclusive com direito de retenção; - Posse de Má-fé: O possuidor sabe do vício que acomete a coisa, mas mesmo assim pretende exercer domínio fáctico sobre a coisa. O possuidor de má-fé tem direito apenas à indenização pelas benfeitorias necessárias, mas sem direito de retenção. 3.4. Quanto à presença de título: (elemento criador da relação jurídica) - Posse com título: há uma causa representativa de transmissão de posse; um documento escrito; um contrato, p. ex. - Posse sem título: Situação em que não há uma causa representativa . ex. alguém que acha um tesouro. 3.5. Quanto ao tempo: - Posse nova: é a que conta com menos de um ano e um dia. - Posse velha: é a que conta com mais de um a no e um dia. 3.6. Quanto aos efeitos: - Posse ad interdicta: é a posse que pode ser defendida pelas ações possessórias diretas ou interditos proibitórios. Esta posse não conduz à usucapião. - Posse ad usucapionem: é a posse usucapível. 4 - Efeitos materiais da Posse: 4.1 – Percepção dos frutos e suas conseqüências: Os PRODUTOS DIMINUEM O BEM PRINCIPAL. FRUTOS: - Naturais - Industriais – material produzido por uma fábrica - Civis – rendimentos: aluguel juros. Pendentes: ainda estão ligados à coisa principal Percebidos Estantes Percipiendos – ainda não foram colhidos, apesar de já estarem em tempo de ser. Consumidos – já foram colhidos e não mais existem Art. 1214: POSSUIDOR DE BOA-FÉ: TEM DIREITO AOS FRUTOS PERCEBIDOS; PENDENTES E COLHIDOS COM ANTECIPAÇÃO DEVEM SER RESTITUÍDOS. Art 1215: Art. 1216:O possuidor de má-fé não tem direito aos frutos colhidos (mas será ressarcido pelas despesas realizadas com a colheita) 4.2. Indenização e retenção de benfeitoras: Benfeitorias são acessórios introduzidos em um bem, visando sua conservação, melhora ou aformoseamento. Art. 1219 – possuidor de boa-fé: - VALOR ATUAL Necessárias Indenização Retenção Úteis Indenização Retenção Voluptuárias Indenização Levantar Art. 1220 – Possuidor de má-fé – OPÇÃO ENTRE VALOR ATUAL E VALOR DE CUSTO Necessárias Indenização - Úteis - - Voluptuárias - - Art. 1222 – 4.3. Responsabilidades: Art. 1217 – O possuidor de boa-fé : responsabilidade subjetiva (238 – res perit domino) Art. 1218 – Possuidor de má-fé: Responsabilidade objetiva (399) CASO FORTUITO (imprevisibilidade) FORÇA MAIOR (inevitabilidade) Art. 1221 – compensação 4.4 – Direito à usucapião → EFEITOS PROCESSUAIS DA POSSE: 1 – Interditos possessórios (ações possessórias diretas): (1210 e ss) Demandas que objetivam manter ou restituir a posse. (Art. 940 e ss, CPC) Ameaça (risco de atentado à posse): AÇÃO DE INTERDITO PROIBITÓRIO. Visa a proteção contra perigo iminente. Turbação (atentados fracionados à posse): AÇÃO DE MANUTENÇÃO DE POSSE. Visa a preservação da posse. (Invasão parcial) Esbulho (atentado consolidado à posse): AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE. Visa a devolução da posse. - Fungibilidade total das ações possessórias (mudanças fáticas e/ou engano quanto ao nomen) - Princípio da instrumentalidade das formas Ação de força nova: ameaça, turbação e esbulho novos (rito especial - 920-932) Ação de força velha: ameaça turbação e esbulho velhos (rito ordinário, sem a liminar) Não cabe o exceptio proprietatis (Art. 1210 §2ª, CC) – divisão entre os juízos possessório (onde se discute a posse) e petitório (onde se discute a propriedade) ius possessioni e ius possidendis Art. 1211, CC – possuidor aparente. Será dada a posse a quem fizer a devida utilização sócio- econômica, além do prazo de ano e dia. Art. 1212 c/c 952, CC 2 – Outras cautelares: 2.1 – Ação de nunciação de obra nova / embargo de obra nova: Essa ação visa impedir a continuação de obra no terreno vizinho que lhe prejudiquem ou desobedeçam regulamentos civis e administrativos. (Arts. 934-940, CPC) No mais das vezes assume a feição de ação petitória “O embargo liminar atua como pressuposto de desenvolvimento da relação processual. Sem que se torne possível a medida liminar, não se cita o réu. Se faltam elementos para a liminar, portanto, o juiz deve conceder prazo para o autor suprir a lacuna e, se não for atendido, outra saída não lhe restará senão a de extinguir o processo” (HTJ) 2.2. Ação de dano infecto: Muito rara atualmente, trata-se de uma medida preventiva baseada no receio de que o vizinho, em demolição ou vício de construção, lhe cause prejuízos. Essa ação, em regra, é fundada no domínio, mas pode o possuidor obter do vizinho a caução por eventuais futuros danos. Segue o rito ordinário. A ação pode ser cumulada com ex. excesso de ruído 2.3. Embargos de terceiro: Remédio processual para a defesa da posse ou da propriedade por aquele que foi turbado ou esbulhado por atos de apreensão judicial. Seguem o rito especial previsto nos artigos 1.046 a 1.054, CPC.2.4 – Ação de imissão de posse: É uma ação petitória; segue o rito ordinário; é fundada em título de propriedade, sem que o interessado tenha tido posse. Ex. o proprietário que arrematou o bem em leilão e quer adentrar no imóvel. 2.5 – Ação publiciana: É uma ação petitória, fundada no domínio. Também vida proteger a posse daquele que adquiriu o bem por usucapião (propriedade de fato). Segue o rito ordinário. 2.6 – AUTODEFESA: legítima defesa da posse e desforço imediato São defesas diretas, independente de ação judicial, cabível ao possuidor direto ou indireto, contra as agressões de terceiros. Ameaça e turbação → desforço imediato Esbulho → desforço imediato (imediaƟdade, razoabilidade, função social, fim econômico, boa-fé objeƟva, bons costumes) Pode haver o uso de empregados ou prepostos (responsabilidade objetiva indireta, desde que comprovada a culpa do empregado) 3 -AQUISIÇÃO DE POSSE: Art. 1204, CC – numerus apertus / cláusulas gerais ORIGINÁRIA: contato direto entre pessoa e coisa (res nullius / res derelicta) DERIVADA: intermediação pessoal – tradição TRADIÇÃO REAL: entrega efetiva ou material da coisa. ex. Entrega de um veículo pela concessionária TRADIÇÃO SIMBÓLICA (traditio longa manu): ocorre um ato representativo de transferência da coisa, p. ex., as chaves de um imóvel, venda sobre documentos. TRADIÇÃO FICTA (traditio brevi manu): o possuidor possuia em nome alheio e passa a possuir em nome próprio e no Constituto possessório (o possuidor possuia em nome próprio e passa a possuir em nome alheio – Orlando Gomes a denomina de tradição consensual) Art. 1205, CC Art. 1206, CC – princípio da continuidade dos efeitos da posse Art. 1209, CC – princípio da gravitação jurídica – o acessório segue a sorte do principal 4 – PERDA DA POSSE: Art. 1223, CC (abandono, tradição, perda ou deterioração, constituto possessório ou cláusula constituti) SUPRESSIO: não exercício no tempo VENIRE CONTRA FACTUM PROPRIUM NON POTEST: Vedação de comportamento contraditório 5 – COMPOSSE: (1199) Ocorre quando duas ou mais pessoas exercem simultaneamente posse sobre o mesmo bem, havendo um condomínio de posse. ex. doação conjuntiva; situação dos herdeiros antes da partilha dos bens; cônjuges, companheiros Qualquer um dos possuidores poderá fazer uso das ações possessórias e das medidas de autotutela. Composse indivisível ou pro indiviso: há para cada compossuidor uma fração ideal, não sendo possível determinar, no plano fático e corpóreo, qual a parte de cada um. Composse divisível ou pro diviso: cada compossuidor sabe qual a sua parte, que é determinável no plano fático e corpóreo, havendo fração real da posse. Nesse caso, cada compossuidor só pdoerá defender a sua fração real da posse. → PROPRIEDADE: 1 – Definições: “poder assegurado pelo grupo social à utilização dos bens da vida física” - Beviláqua “O direito de propriedade abrange todos os direitos que formam o patrimônio, ou seja, todos os direitos que podem ser reduzidos a valor pecuniário”- Lafayette Pereira “A propriedade é o direito de usar, gozar e dispor da coisa, e reivindicá-la de quem injustamente a detenha” Caio Mário Orlando Gomes: CRITÉRIOS: SINTÉTICO: é a submissão de uma coisa a uma pessoa ANALÍTICO: 4 faculdades DESCRITIVO: a propriedade é um direito complexo, onde uma coisa está submetida à vontade de uma pessoa, sob os limites da lei. Art. 1228, CC Conteúdo interno Não qualifica como relação jurídica - PROPRIEDADE PLENA ou ALODIAL: todas as faculdades estão nas mãos do proprietário. - PROPRIEDADE LIMITADA OU RESTRITA: a propriedade sofre alguns ônus (servidão, usufruto, hipoteca, etc.) ou for resolúvel. a) nua-propriedade: despida dos atributos de uso e gozo b) domínio útil: atributos de uso e gozo (superficiário, usufrutuário, habitante, etc) DOMÍNIO: propriedade corpórea; conceito estático; absoluto; DIREITO DE PROPRIEDADE: soma de direitos patrimoniais (atributos/faculdades); conceito dinâmico; relativo 2 – Principais Características da propriedade: A) DIREITO ABSOLUTO (ERGA OMNES), mas que pode ser relativizado em certas situações B) DIREITO EXCLUSIVO, salvo os casos de condomínio ou copropriedade (Art. 1231, CC) C) DIREITO PERPÉTUO: o direito de propriedade permanece independentemente de seu exercício, enquanto não houver causa modificativa ou extintiva. A propriedade, via de regra, não pode ser extinta pelo uso, a não se nos casos de usucapião. D) DIREITO ELÁSTICO – propriedade plena – máximo grau de elasticidade E) DIREITO FUNDAMENTAL (ART. 5º, XXII E XXIII, CF/88) F) DIREITO COMPLEXO 3 - PROPRIEDADE RESOLÚVEL: constitui aquela que pode ser extinta quer pelo advento de condição, termo ou pela superveniência de uma causa capaz de destruir a relação jurídica. ex. cláusula de retrovenda; doação com cláusula de reversão, propriedade fiduciária (Art. 1361,Art. 1359) 4 – Propriedade Aparente: É a situação na qual existe suposição de que uma pessoa tenha relação de domínio sobre o qual não recaem ônus que possam restringir os direitos decorrentes da relação de domínio. REQUISITOS: a) subjetivos: adquirente de boa-fé (subjetiva) e alienação por quem aparenta ser o dono da coisa. b) objetivos: presença de justo título e validade formal do título. 5 - Ação reivindicatória: - ação real (direito de propriedade e sequela) - visa à restituição da coisa por quem injustamente a perdeu - prova da propriedade e da posse molestada - rito ordinário - detentor (nomeação à autoria – art. 62, CPC) DD: 1ª) prazo 10 anos (art. 205, CC) 2ª) Imprescritibilidade, por ter caráter essencialmente declaratório 6 – Outras Limitações à Propriedade: Art. 1228, §1º – função social da propriedade (caráter inafastável de acompanhamento) §3º – desapropriação por: - Necessidade pública - Utilidade pública - Interesse social Art. 5º, XXIV - requisição em caso de perigo público iminente Art. 5º, XXV 7 – Formas de aquisição de propriedade imóvel: FORMAS ORIGINÁRIAS:(não adquire as características anteriores) ACESSÕES NATURAIS (ilhas, aluvião, avulsão, álveo abandonado) ACESSÕES ARTIFICIAIS (construções e plantações) USUCAPIÃO - Código de águas (Decreto-Lei 24.643/1934) 7.1 Formação de Ilhas: ILHA é uma faixa de terra cercada de água por todos os lados. •Ilhas formadas em rios não navegáveis ou particulares. •Ilhas fluviais e lacustres de zonas de fronteira, ilhas oceânicas ou costeiras pertencem à União, aos Municípios (Art. 20, IV, CF) ou aos Estados Federados (Art. 26, II e II, CF) Art. 1249 4.5Aluvião: •ALUVIÃO PRÓPRIA (TERRA VEM): um movimento de águas traz terra para sua margem. •ALUVIÃO IMPRÓPRIA (ÁGUA VAI): partes descobertas pelo afastamento das águas. •Art. 1250, CC 4.6Avulsão: •Por força natural violenta, uma porção de terra se destaca de um prédio e se junta a outro. •AVULSÃO é uma faixa de terra avulsa, que se desloca de um terreno, por força naturam de corrente, para se juntar a outro. •O novo dono indenizará o que perdeu, salvo se em um ano, ninguém reclamar. •Art. 1251, CC 4.7Álveo Abandonado: •ÁLVEO é a superfície que as águas cobrem sem transbordar para o solo natural e ordinariamente enxuto. •Álveo abandonado é a parte do rio que desaparece. •Art. 1252, CC •Se voltar, o álveo volta aos antigos donos. 4.8Plantações e construções (arts. 1253 e 1254) TERRENO PRÓPRIO / MATERIAL ALHEIO = ADQUIRE A PROPRIEDADE •BOA-FÉ: EQUIVALENTE •MÁ-FE: EQUIVALENTE + PERDAS E DANOS Art. 1255 TERRENO ALHEIO / MATERIAIS PROPRIOS = •BOA-FÉ: INDENIZAÇÃO •MÁ-FÉ: PERDE OS MATERIAIS •SE EXCEDE CONSIDERAVELMENTE O VALOR DO TERRENO → ADQUIRE A PROPRIEDADE MEDIANTE PAGAMENTO DE INDENIZAÇÃO, SE AGIU DE BOA-FÉ Art. 1258 •INVASÃO DE SOLO ALHEIO (-5% OU 1/20) BOA-FÉ: Adquire propriedade se o valor da construção / plantação exceder o valor da área +INDENIZAÇÃO MÁ-FÉ: paga 10 X o valor da indenização e adquire a propriedade (se o valor da construção/plantação exceder o valor da área), se não puder demolir Art. 1259 •Invasão de solo alheio (+5% ou 1/20) boa-fé: adquire a propriedade → perdas e danos má-fé: demolição + perdas e danos 4.9Usucapião: tomar pelo uso; adquirir pelo uso Prescrição extintiva Prescrição aquisitiva Posse ad usucapionem: -Animus domini -Posse mansa e pacífica e sem oposição -Posse contínua e duradoura -Posse justa 1ª) Usucapião Ordinária ou Regular: Art. 1242, caput, CC -Posse mansa, pacífica, contínua -Sem oposição -Animus domini -10 anos -Justo título -Boa-fé “Justo título abrange todo e qualquer ato jurídico hábil, em tese, a adquirir a propriedade, independentemente de registro” (Enunciado n.º 86 CJF/STJ) Ex. instrumento particular de compromisso de compra e venda (STJ, RESP 171.204/GO. Rel. min. Aldir passarinho Junior, 4ª turma, j. 26.06.2003, DJ 01.03.2004, p. 186) AÇÃO REIVINDICATÓRIA - JUÍZO PETITÓRIO - CARACTERÍSTICAS - EXCEÇÃO DE USUCAPIÃO ORDINÁRIA - MATÉRIA DE DEFESA - POSSIBILIDADE - POSSE AD USUCAPIONEM - POSSE CONTÍNUA, INCONTESTADA E COM ÂNIMO DE AQUISIÇÃO - INOCORRÊNCIA - SOLUÇÃO DE CONTINUIDADE - SUPOSTA TRANSMISSÃO A TÍTULO SINGULAR POR ATO INTER VIVOS - AUSÊNCIA DE PROVA - ACESSIO POSSESSIONIS - SOMA DAS POSSES - IMPOSSIBILIDADE NA ESPÉCIE - NÃO CONFIGURAÇÃO DO LAPSO TEMPORAL - EXCEÇÃO NÃO COMPROVADA - SENTENÇA REFORMADA - PLEITO REIVINDICATÓRIO PROCEDENTE - RECLAMO PROVIDO. A ação reivindicatória é ação real ou petitória, que compete ao proprietário não possuidor da coisa para reavê-la do poder de terceiro, possuidor não proprietário, que injustamente a detenha. O sucesso da demanda exige a reunião de dois elementos, quais sejam, o domínio do autor e a posse injusta do réu. A usucapião ordinária, no juízo petitório, pode ser oposta como matéria de defesa. A posse ad usucapionem tem de ser contínua, incontestada e com animus domini, ensejando solução de continuidade a transmissão a título singular, por ato inter vivos, não comprovada nos autos. O possuidor não pode, para fins de contagem do tempo exigido para a usucapião, acrescentar a sua suposta posse à do seu antecessor, se não comprovou a transmissão a título singular, o que acarreta a não configuração do lapso temporal permissivo. Não comprovada a exceção de usucapião e dispondo o reivindicante de melhor título, colhe êxito o pleito petitório manejado. TJSC - Apelacao Civel: AC 125430 SC 1998.012543-0 2ª) Usucapião Ordinária por posse trabalho: Art. 1242, p. ú., CC Posse qualificada pelo cumprimento de uma função social Documento hábil que foi registrado e cancelado posteriormente 5 anos 3ª) usucapião Extraordinária: Art. 1238, CC Posse mansa, pacífica Ininterrupta Animus domini 15 anos 10 anos: moradia / serviços produtivos OBS.: Não há necessidade de justo título e boa-fé (presunção absoluta da presença desses elementos) APELAÇÃO CÍVEL Nº2007.300.7422-2 APELANTE BENÍCIA DE SOUZA UMBELINO APELADA CONSTRUÇÕES DO NORTE LTDA. (CONORTE) ORIGEM COMARCA DE SANTARÉM JUIZO 1ª VARA CÍVEL RELATORA DESA. ELIANA RITA DAHER ABUFAIAD REVISOR DES. RICARDO FERREIRA NUNES DIREITO CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIO. CUMPRIMENTO DOS REQUISITOS OBJETIVOS E SUBJETIVOS. SENTENÇA REFORMADA. I Basta ao possuidor comprovar que a sua posse é qualificada para aquisição ordinária, isto é, que possua o imóvel como seu, com o estado anímico de dono, e pelo decurso de 15 anos ininterruptos e sem oposição. Não é necessário nenhuma outra prova. Não precisa de título algum. Não precisa comprovar a sua boa fé. Não precisa residir no imóvel. II Este prazo de 15 anos pode ser minimizado para 10 anos, desde que o possuidor comprove que deu ao imóvel destinação capaz de atender à função social da propriedade, isto é, que possua como seu, pelo lapso ininterrupto de dez anos, e que sobre o imóvel tenha construído sua moradia habitual, ou que nele tenha realizado obras ou serviços de caráter produtivo e mantê-la pelo espaço de dez anos. III Não há qualquer litigiosidade sobre o imóvel usucapiendo. A autora-apelante possui o requisito subjetivo genérico que a doutrina denomina animus domini, ou seja, vontade de ser dono, exigível em todas as modalidades de usucapião. 4ª) Usucapião constitucional ou especial rural (pro labore) Art.191, caput, CF Art. 1239, CC Lei 6969/73 Requisitos: -Área não superior a 50 ha, localizada na zona rural -Posse de 5 anos ininterruptos -Sem oposição -Animus domini -Pro labore -Não pode ser proprietário de outro imóvel, seja rural ou urbano -Não há previsão para justo título e boa-fé (presunção absoluta) Lei 6969/73 Art. 1º - Todo aquele que, não sendo proprietário rural nem urbano, possuir como sua, por 5 (cinco) anos ininterruptos, sem oposição, área rural contínua, não excedente de 25 (vinte e cinco) hectares, e a houver tornado produtiva com seu trabalho e nela tiver sua morada, adquirir-lhe-á o domínio, independentemente de justo título e boa-fé, podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para transcrição no Registro de Imóveis. Art. 3º - A usucapião especial não ocorrerá nas áreas indispensáveis à segurança nacional, nas terras habitadas por silvícolas, nem nas áreas de interesse ecológico, consideradas como tais as reservas biológicas ou florestais e os parques nacionais, estaduais ou municipais, assim declarados pelo Poder Executivo, assegurada aos atuais ocupantes a preferência para assentamento em outras regiões, pelo órgão competente. 5ª) Usucapião constitucional ou especial urbana (pro misero) Art. 183, caput CF/88 Art. 1240, CC Lei 10.257/2001 Art. 9o Aquele que possuir como sua área ou edificação urbana de até duzentos e cinqüenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. § 1o O título de domínio será conferido ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil. § 2o O direito de que trata este artigo não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez. § 3o Para os efeitos deste artigo, o herdeiro legítimo continua, de pleno direito, a posse de seu antecessor, desde que já resida no imóvel por ocasião da abertura da sucessão. REQUISITOS: -Área urbana não superior a 250 m² -Posse mansa e pacífica -5 anos -Sem oposição -Animus domini -Moradia -Não ser proprietário de outro imóvel OBS.: Não há previsão de justo título e boa-fé (presunção absoluta) 6ª) usucapião especial urbana coletiva (Lei 10.257/2001) Art. 10. As áreas urbanas com mais de duzentos e cinqüenta metros quadrados, ocupadas por população de baixa renda para sua moradia, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, onde não for possível identificar os terrenos ocupados por cada possuidor, são susceptíveis de serem usucapidas coletivamente, desde que os possuidores não sejam proprietários de outro imóvel urbano ou rural. § 1o O possuidor pode, para o fim de contar o prazo exigido por este artigo, acrescentar sua posse à de seu antecessor, contanto que ambas sejam contínuas. § 2o A usucapião especial coletiva de imóvel urbano será declarada pelo juiz, mediante sentença, a qual servirá de título para registro no cartório de registro de imóveis. § 3o Na sentença, o juiz atribuirá igual fração ideal de terreno a cada possuidor, independentemente da dimensão do terreno que cada um ocupe, salvo hipótese de acordo escrito entre os condôminos, estabelecendofrações ideais diferenciadas. REQUISITOS: -Área urbana superior a 250m² -Posse de 5 anos, sem oposição -Animus domini -Moradia para famílias de baixa renda -Ausência da possibilidade de identificação da área de cada possuidor -Não podem ser proprietários de outro imóvel 7ª) Usucapião especial indígena Lei n.º 6001/73, art. 33 -Área de no mínimo 50ha -Posse mansa e pacífica por 10 anos, exercida por indígenas Art 4º Os índios são considerados: I - Isolados - Quando vivem em grupos desconhecidos ou de que se possuem poucos e vagos informes através de contatos eventuais com elementos da comunhão nacional; II - Em vias de integração - Quando, em contato intermitente ou permanente com grupos estranhos, conservam menor ou maior parte das condições de sua vida nativa, mas aceitam algumas práticas e modos de existência comuns aos demais setores da comunhão nacional, da qual vão necessitando cada vez mais para o próprio sustento; III - Integrados - Quando incorporados à comunhão nacional e reconhecidos no pleno exercício dos direitos civis, ainda que conservem usos, costumes e tradições característicos da sua cultura. 8 – Aspectos processuais da usucapião: -Pode ser alegado em petição inicial ou defesa -Em ação reivindicatória ou possessória -Sentença declaratória -Ação de usucapião Imprescritível -Intervenção do MP, sob pena de nulidade do processo (944, CPC; art. 5º §5º, Lei 6969/73) -Foro da situação do imóvel (art. 4º Lei 6969/73) -Procedimento sumário Lei n.º 6969/73: Art. 5º§ 1º - O autor, expondo o fundamento do pedido e individualizando o imóvel, com dispensa da juntada da respectiva planta, poderá requerer, na petição inicial, designação de audiência preliminar, a fim de justificar a posse, e, se comprovada esta, será nela mantido, liminarmente, até a decisão final da causa. Art. 6º - O autor da ação de usucapião especial terá, se o pedir, o benefício da assistência judiciária gratuita, inclusive para o Registro de Imóveis. Lei n.º 10.257/2001 Art. 11. Na pendência da ação de usucapião especial urbana, ficarão sobrestadas quaisquer outras ações, petitórias ou possessórias, que venham a ser propostas relativamente ao imóvel usucapiendo. Art. 12. São partes legítimas para a propositura da ação de usucapião especial urbana: I – o possuidor, isoladamente ou em litisconsórcio originário ou superveniente; II – os possuidores, em estado de composse; III – como substituto processual, a associação de moradores da comunidade, regularmente constituída, com personalidade jurídica, desde que explicitamente autorizada pelos representados. § 1o Na ação de usucapião especial urbana é obrigatória a intervenção do Ministério Público. § 2o O autor terá os benefícios da justiça e da assistência judiciária gratuita, inclusive perante o cartório de registro de imóveis. TABELA COMPARATIVA: Critérios Ord. Posse- trab. Extra. Rural Urbana Urbana Coletiva Indígena Mansa e pacífica Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Animus Domini Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Contínua Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Prazo 10 anos 5 anos 15/ 10 anos 5 anos 5 anos 10 anos 10 anos Justo Título Sim Sim Não não não não não Boa-Fé Sim Sim Não não não não não Função Social Não Sim Sim sim sim sim sim Área - - - Até 50 ha Até 250m² Maior 250m² Mínimo 50 ha Ter outra propr. - - - não não não - Legisl. 1242, caput, CC 1242, P.Ú. CC 1238, CC Art.191, caput, CF Art. 1239, CC Lei 6969/73 Art. 183, caput CF/88 Art. 1240, CC Lei 10.257/01 Lei 10.257/20 01, art. 10 Lei 6001/ FORMAS DE AQUISIÇÃO DERIVADA DE PROPRIEDADE IMÓVEL: 1 – REGISTRO DO TÍTULO (TRANSCRIÇÃO) – Arts. 1245-1247, CC, Lei 6.015/75, LRP, arts. 172, 173, 176, 188, 195. 1ª) O imóvel deve ser matriculado. Requisitos da matrícula: a) a indicação do bem mediante suas características e confrontações, localização área e denominação, se rural; logradouro e número, se urbano; b) o nome, domicílio e nacionalidade do proprietário Registro do título translativo (titulus adquirendi) – negócio causal (escrutiras particulares e públicas) se escritura pública, é lavrada no tabelionato de notas de qualquer local do país, não importando a localização do imóvel. Art. 108, CC a) compra e venda b) troca ou permuta c) transação d) dação e) doação f) carta de sentença G) promessa de compra e venda devidamente quitada Obs.: segundo Orlando Gomes, o vício do título contamina o registro. outros direitos reais sobre o imóvel também devem ser registrados CARTÓRIO DE REGISTRO DE IMÓVEL – LOCAL DA SITUAÇÃO DA COISA - depois de protocolado o título translativo e estando o imóvel matriculado, procede-se ao registro nos 30 dias seguintes à prenotação, assentando, no Livro 2 (Registro geral): a data, o nome, o domicílio e nacionalidade do transmitente e do adquirente, o título de transmissão, sua forma, procedência e caracterização, valor do contrato. Prenotação é a anotação prévia e provisória no protocolo, feita por oficial de registro público de um título apresentado para registro. Temos então que todo título protocolado está automaticamente prenotado, passando a gozar de prioridade no registro em relação àquele protocolado posteriormente (art. 186 da Lei 6.015). A prenotação tem validade de 30 dias, incluído o dia do lançamento no protocolo. Princípios: - Publicidade - Obrigatoriedade - fè pública (presunção relativa) - Possibilidade de retificação / Mutabilidade 1.1. Ação de retificação: processo contencioso o MP é ouvido 1.2. Ação de nulidade do registro: 2 – SUCESSÃO HEREDITÁRIA: deve ser registrado o formal da partilha, para manter a continuidade da matrícula e para que o herdeiro possa alienar o imóvel. A transmissão ocorre no momento da morte. FORMAS DE AQUISIÇÃO DE PROPRIEDADE MÓVEL: - ORIGINÁRIAS: Usucapião, ocupação, achado de tesouro - DERIVADAS: especificação, confusão, comistão, adjunção, tradição, sucessão a) Ocupação: adquire um bem que não pertence a ninguém. ex. Caça, pesca, res derelicta (cão abandonado). Art. 1263 Não ocorre ocupação de coisa perdida. b)Achado de tesouro: Tesouro: depósito antigo de coisas preciosas, oculto e de cujo dono não haja memória. Art. 1264, 1265 Art. 1170-1176, CPC – autoridade judiciária ou policial do lugar em que a coisa foi achada (foro da situação da coisa) CAPÍTULO VII DAS COISAS VAGAS Art. 1.170. Aquele que achar coisa alheia perdida, não Ihe conhecendo o dono ou legítimo possuidor, a entregará à autoridade judiciária ou policial, que a arrecadará, mandando lavrar o respectivo auto, dele constando a sua descrição e as declarações do inventor. Parágrafo único. A coisa, com o auto, será logo remetida ao juiz competente, quando a entrega tiver sido feita à autoridade policial ou a outro juiz. Art. 1.171. Depositada a coisa, o juiz mandará publicar edital, por duas vezes, no órgão oficial, com intervalo de 10 (dez) dias, para que o dono ou legítimo possuidor a reclame. § 1o O edital conterá a descrição da coisa e as circunstâncias em que foi encontrada. § 2o Tratando-se de coisa de pequeno valor, o edital será apenas afixado no átrio do edifício do forum. Art. 1.172. Comparecendo o dono ou o legítimo possuidor dentro do prazo do edital e provando o seu direito, o juiz, ouvido o órgão do Ministério Público e o representante da Fazenda Pública, mandará entregar-lhe a coisa. Art. 1.173. Se não for reclamada, será a coisa avaliada e alienada em hasta pública e, deduzidas do preço as despesas e a recompensa do inventor, o saldo pertencerá, na forma da lei, à União, ao Estado ou ao Distrito Federal. Art. 1.174. Se o dono preferir abandonar a coisa, poderá o inventor requerer que lhe seja adjudicada. Art. 1.175.O procedimento estabelecido neste Capítulo aplica-se aos objetos deixados nos hotéis, oficinas e outros estabelecimentos, não sendo reclamados dentro de 1 (um) mês. Art. 1.176. Havendo fundada suspeita de que a coisa foi criminosamente subtraída, a autoridade policial converterá a arrecadação em inquérito; caso em que competirá ao juiz criminal mandar entregar a coisa a quem provar que é o dono ou legítimo possuidor. c) descoberta ou invenção: art. 1233 e ss 1236, 1237, 1234 – a recompensa é denominada achádego c) Usucapião: Ordinária: 1260, CC REQUISITOS: - Posse mansa, pacífica - animus domini - Prazo: 3 anos - Justo título e boa-fé Extraordinária: - Posse mansa e pacífica - animus domini - prazo: 5 anos EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE USUCAPIÃO. POSSE ORDINÁRIA DE BEM MÓVEL. ARRENDAMENTO MERCANTIL. POSSE PRECÁRIA. NÃO PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS DO ART. 1260 DO CC. Em que pese ter o apelante a posse do veículo por mais de três anos, não passa de uma posse precária, porquanto existente contrato de arrendamento mercantil entre as partes e inadimplido. De modo que não teria ele como exercer a posse com animus domini, porquanto possui apenas e tão-somente a posse direta do veículo por força do contrato de arrendamento mercantil, na simples condição de arrendatário. Donde se conclui que não se pode reconhecer o usucapião. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. UNÂNIME. (Apelação Cível Nº 70013344296, Décima Terceira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Sergio Luiz Grassi Beck, Julgado em 08/06/2006) EMENTA: APELAÇÃO. AÇÃO DE USUCAPIÃO DE BEM MÓVEL. ARTIGO 1261 DO CÓDIGO CIVIL. Independentemente de justo título e boa-fé é possível deferir pretensão de aquisição originária da propriedade quando já implementado o prazo de cinco anos de posse direta decorrente de contrato de alienação fiduciária. A inércia da instituição financeira em reaver o bem de sua propriedade enseja o reconhecimento da posse ad usucapionem. APELAÇÃO DESPROVIDA. UNÂNIME. (Apelação Cível Nº 70009337395, Décima Terceira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Walda Maria Melo Pierro, Julgado em 23/05/2006) d) Especificação: Arts. 1269-1271 Especificar é transformar uma matéria-prima em espécie nova. Exs. Pintura em relação á tela; escultura em relação ao barro; poesia em relação ao papel; etc. Matéria-prima alheia Boa-fé: não sendo possível o retorno ao estado anterior, pertencerá a espécie nova ao especificador (parte ou todo) Má-fé: pertencerá ao proprietário da matéria-prima (todo) Se o valor da espécie nova exceder ao da matéria-prima, será sempre do especificador e) Confusão, comistão, adjunção: arts. 1272-1274 Confusão: mistura entre coisas líquidas ou gases em que não é possível a separação (confusão real). Podem ser da mesma espécie ou não. Ex.: água e vinho; álcool e gasolina; biodiesel e gasolina Comistão: mistura de coisas sólidas ou secas, não sendo possível a separação. Ex.: areia e cimento; grãos. Adjunção: justaposição ou sobreposição de uma coisa em relação a outra. Junção de um corpo a outro. Tinta em relação á parede; selo em relação ao álbum. SE PERTENCENTES A DIVERSOS DONOS: - DIVISÍVEL: continuam a pertencer-lhes - INDIVISÍVEL: quinhão proporcional - INDIVISÍVEL COM COISA PRINCIPAL: pertence ao dono da coisa principal (ou mais valiosa), devendo indenizar os outros - MÁ-FÉ: caberá ao outro optar entre ficar com a coisa, ou ser indenizado - SE SE FORMAR COISA DE ESPÉCIE DIFERENTE, aplicam-se as regras da especificação f) Tradição: Arts. 1267 caput Tradição real, simbólica e ficta Art. 1268 – transferência por non domino. Ineficácia do negócio jurídico, prevalecendo a boa-fé (objetiva) e a teoria da aparência. §1º – se o alienante adquirir posteriormente a propriedade, efeito ex-tunc da tradição §2º – negócio jurídico nulo g) sucessão hereditária: 1784, CC PERDA DA PROPRIEDADE MÓVEL E IMÓVEL: Art. 1275, 1276, CC
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