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UNINORTE LAUREATE <CENTRO UNIVERSITÁRIO DO NORTE> 
 
UNINORTE-LAUREATE –Página 1 de 68 
 
 
 
 
 
DISCIPLINA: DIREITO CIVIL II - OBRIGAÇÕES 
Professor: Msc. Afrânio Azevedo Pereira 
 
Material produzido pelo Professor Msc. ERIVERTON RESENDE MONTE 
 
 
DIREITO CIVIL – PARTE GERAL DAS OBRIGAÇÕES 
 
Todo direito encerra sempre uma idéia de obrigação. Podemos dizer 
que não existe direito sem obrigação e nem obrigação sem o correspondente direito. 
Vários são os conceitos apresentados pela doutrina acerca do nosso tema de 
estudo. 
 
CONCEITO DE OBRIGAÇÃO: 
 
O Direito é o ordenamento das relações sociais. Só existe Direito 
porque há sociedade (ubi societas, ibi jus). Assim, em princípio, para um único 
homem isolado em uma ilha, existirá Direito, porém, no momento em que esse 
homem receba a visita de semelhante. Isto porque, não mais estando o indivíduo só, 
irá relacionar-se com outro homem, e essa relação poderá ser jurídica (regular fatos 
que interessam para o Direito). 
 
No entanto, essa concepção histórica, pode ser analisada sob outro 
enfoque, quando o ser humano mesmo vivendo sozinho em uma ilha, deve preservar 
os valores e recursos ambientais (meio ambiente). 
 
A obrigação que vamos estudar é uma relação jurídica. 
 
Já sabemos o que é DIREITO. Derivado do latim directum, do verbo 
dirigere, que significa dirigir, ordenar, endireitar. Didaticamente, é compreendido 
como a ciência que estuda as regras obrigatórias, que presidem as relações dos 
homens em sociedade, encaradas, não somente sob seu ponto de vista legal, como 
seu ponto de vista doutrinário. 
 
Assim temos: 
 
DIREITO OBJETIVO – que é a norma de conduta (norma agendi). É 
constituído pela soma de preceitos, regras e leis, com as respectivas sanções, que 
regem as relações do homem em sociedade. 
 
DIREITO SUBJETIVO – que é a faculdade conferida ao indivíduo de 
invocar a norma a seu favor (facultas agendi). É a faculdade que possui o homem de 
utilizar a norma quando um direito seu foi violado por outrem. 
 
Em sentido amplo, voltamos a afirmar que a todo direito corresponde 
uma obrigação: JUS ET OBLIGATIO SUNT CORRELATA. Entretanto, vamos nos 
limitar a estudar as obrigações que têm origem nas declarações de vontade, na lei, 
no ilícito e que têm por objeto uma prestação. 
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OB + LIGATIO = vinculação, liame, cerceamento da liberdade de ação 
(ETIMOLOGIA). 
A todo instante em nossa vida, por mais simples que seja a atividade da 
pessoa: compramos ou vendemos, alugamos ou emprestamos, doamos ou 
recebemos doação. Existe, portanto, um estímulo, gerado por um valor, para que 
seja por nós contraída uma obrigação. Vale ressaltar que podem ser tratadas como 
forma de obrigação as de cunho não jurídico, como as obrigações morais, religiosas 
ou de cortesia. 
 
Todavia, o que diz respeito ao nosso estudo é a obrigação jurídica, 
aquela protegida pelo Estado, que dá a garantia da coerção no cumprimento (não 
confundir com abuso de direito), que depende de uma norma, uma lei, ou um 
contrato ou negócio jurídico. Em toda obrigação existe a submissão a uma regra de 
conduta. A relação obrigacional recebe desse modo à proteção do Direito. 
 
É no Direito Obrigacional que posicionamos um problema fundamental: 
de um lado, a liberdade do indivíduo, sua autonomia em relação aos demais 
membros da sociedade e, de outro lado, a exigência dessa mesma sociedade ao 
entrelaçamento de relações, que devem existir harmonicamente. 
 
É absolutamente clássica a definição das Institutas de Justiniano: 
obligatio est júris vinculum, quo necessitate adstringimur alicujus solvendae rei, 
sucundum nostrae civitatis juris (Liv. 3°, Tít. XIII) - a obrigação é um vínculo jurídico 
que nos obriga a pagar algo (objeto), ou seja, a fazer ou deixar de fazer alguma 
coisa. 
 
Sílvio de Salvo Venosa define obrigação como uma relação jurídica 
transitória de cunho pecuniário, unindo duas (ou mais) pessoas, devendo uma (o 
devedor) realizar uma prestação à outra (o credor). 
 
Podemos também conceituar obrigação como sendo a relação jurídica, 
de caráter transitória, estabelecida entre devedor e credor, e cujo objeto consiste 
numa prestação pessoal econômica, positiva ou negativa, pelo primeiro ao segundo, 
garantindo-lhe o adimplemento (cumprimento) através de seu patrimônio. 
 
Confere-se assim ao sujeito ativo (credor) o direito de exigir do sujeito 
passivo (devedor) o cumprimento de determinada prestação. Vejam que o conceito 
dado é muito longo, possuindo diversos elementos. 
 
Washington de Barros Monteiro: obrigação é a relação jurídica, de 
caráter transitório, estabelecida entre devedor e credor e cujo objeto consiste numa 
prestação pessoal econômica, positiva ou negativa, devida pelo primeiro ao segundo, 
garantindo-lhe o adimplemento de seu patrimônio. 
 
Para Caio Mário da Silva Pereira: Obrigação é o vínculo jurídico em 
virtude do qual uma pessoa pode exigir de outra uma prestação economicamente 
apreciável. 
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Para Coelho da Rocha: Obrigação é o vínculo jurídico pelo qual 
alguém está adstrito a dar, fazer ou não fazer alguma coisa. 
 
 As obrigações são, no geral, apreciáveis em dinheiro. Essas 
modalidades de obrigações são as que nos interessam, uma vez 
que não interessarão ao mundo jurídico as obrigações que não 
possuem valor econômico, pelo menos em nosso estudo de Direito 
Civil II. 
 
 A obrigação é relação jurídica, e tem caráter transitório, porque essa 
relação nasce com a finalidade de extinguir-se, em regra, com o 
seu cumprimento por parte do devedor. Uma vez que o credor é 
satisfeito, quer amigável, quer judicialmente, a obrigação deixa de 
existir, pois o vínculo jurídico desaparece. 
 
Com os conflitos sociais, os interesses econômicos e as diferentes 
valorações dadas ao direito obrigacional e a relação jurídica obrigacional, esta, hoje, 
não é mais entendida como uma relação estática, bipolar, onde temos de um lado o 
credor e do outro o devedor, mas sim como uma relação dinâmica e constante na 
sociedade. 
 
A obrigação, hoje, portanto, é entendida como totalidade, como um 
processo, assim, atualmente, a moderna doutrina examina a relação tanto sob 
o seu aspecto externo (débito e crédito, credor e devedor), como no seu 
aspecto interno (vínculo que liga o credor ao devedor). 
 
 
FIQUE ATENTO: ATENÇÃO PARA ESTUDO REVISIONAL!!!!!!!!!!!!!!!! 
 
LEMBRE-SE QUE O ESTUDO DE DIREITO CIVIL É CONTÍNUO, 
ONDE OS CONTEÚDOS ESTÃO INTERLIGADOS, SENDO 
IMPORTANTE QUE O ALUNO(A) FAÇA SEMPRE UMA REVISÃO DO 
ASSUNTO ESTUDADO NO SEMESTRE ANTERIOR, NESSE CASO O 
ASSUNTO DE DIREITO CIVIL I 
 
 
 
 
 
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS OBRIGAÇÕES: 
 
Embora a parte das obrigações a que nos foi legada do Direito Romano de 
forma mais estável, pois o direito de família e das sucessões, assim também de certa 
forma o direito das coisas, ficaram presos a velhas instituições, precisamos ver que 
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houve profunda evolução dentro das várias fases do Direito que nos serviu de base. 
No Direito Romano, portanto, a teoria das obrigações sofreu profunda evolução. 
 
Devem ser destacados três momentos fundamentais na evolução do direito 
obrigacional: fase pré-romana; fase romana; e fase moderna. 
 
a) Fase pré-romana – A idéia de obrigação tinha caráter coletivo, 
comprometendo o grupo inteiro, pois antes dos romanos não havia direito 
obrigacional, predominando a desconfiança mútua entre os grupos.Logo depois começou a prevalecer o caráter punitivo que acompanhava as 
obrigações, evoluindo para as obrigações individuais, mantendo-se o aspecto 
punitivo de forma extremada, a ponto de o próprio corpo do devedor responder pela 
obrigação. 
 
Era comum nessa fase o devedor se tornar escravo do credor como forma de 
pagamento da prestação devida, e em alguns casos mais extremos o não pagador 
era levado à morte em praça pública. 
 
No final dessa fase começa a surgir à noção de que a vontade individual 
poderia obrigar o indivíduo, ganhando espaço os contratos. “Palavra dada é palavra 
honrada”. 
 
b) Fase romana – Nessa fase o conceito de obrigação já havia evoluído 
bastante, entretanto ainda existia uma exagerada pessoalidade no vínculo, 
continuando ainda o devedor a responder com seu próprio corpo (e não seus bens), 
podendo o mesmo ser reduzido à categoria de escravo, cabendo ao credor, inclusive 
o direito de vender o devedor. 
 
O poder que o credor exercia sobre o corpo do devedor era chamado de 
NEXUM (espécie de empréstimo – do verbo latim nectere, que significa ligar, 
prender, unir, atar). 
 
Lex Poetelia Papiria do século IV a. C. foi a lei que suprimiu esse tipo de 
execução sobre a pessoa do devedor, passando seus bens a garantir o cumprimento 
da obrigação. Dessa forma perdeu prestígio a excessiva personalização da 
obrigação. Mesmo assim, a substituição para fazer recair a execução sobre os bens 
do devedor foi lenta e ditada pelas necessidades da evolução da própria sociedade 
romana. 
 
O formalismo começa a ceder terreno à declaração de vontade. Nessa fase 
acrescenta-se um elemento espiritual: o inadimplemento é pecado. As obrigações 
ganham um maior conteúdo de moralidade, influenciadas pela igreja que pesou 
decisivamente para que os princípios de ordem moral fossem acolhidos pelo Direito. 
 
Ao final dessa fase, ficou mais evidente a regra da força obrigatória dos 
contratos, influenciada pelo princípio do respeito à palavra dada nos contratos. 
 
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c) Fase moderna – direito moderno – Na sua essência foi retomada a 
concepção romana, com algumas atualizações. Pothier ao elaborar o Código 
Napoleônico (França) buscou suas fontes no direito romano. O Código de Napoleão 
de 1804, que até os dias atuais é o Código Civil francês, consagrou expressamente 
essa conquista do Direito Romano, qual seja a de que os bens do devedor são 
uma garantia para os seus credores. 
 
Foi mais aceito a impessoalidade das obrigações, a ponto de alguns autores 
defenderem que a obrigação era uma relação que surge entre credor e o patrimônio 
do devedor. Juridicamente essa colocação é um absurdo, pois o direito cuida das 
relações entre pessoas. 
 
Atualmente é unânime a concepção de que a relação obrigacional se 
estabelece entre pessoas e caso não cumprida é que se projetará sobre o patrimônio 
do devedor, através da execução. Isso porque, passada a fase da Antigüidade na 
qual o vínculo era estritamente pessoal, é sobre o patrimônio do devedor que vai 
recair a satisfação do credor. Essa regra foi fundamental para a construção teórica 
moderna do Direito das Obrigações, inclusive o brasileiro. 
 
FONTES DAS OBRIGAÇÕES NO DIREITO ROMANO: 
 
Fonte é o elemento gerador da obrigação. São aqueles atos ou fatos nos 
quais as obrigações encontram nascedouro. A intenção aqui é demonstrar porque 
uma pessoa se torna credora ou devedora de outra. 
 
Grande parte da doutrina considera como fonte das obrigações: 
 
- CONTRATO 
- QUASE-CONTRATO 
- DELITO 
- QUASE-DELITO 
 
Contrato – Acordo entre as partes. O contrato é considerado fonte de 
obrigação no sentido de que a avença entre as partes faz gerar um liame entre elas, 
de modo de que uma ou ambas se comprometem a realizar uma prestação. 
 
Quase-contrato – Surge para justificar o aparecimento de obrigações 
advindas de atos humanos lícitos, que não provêm de acordo de vontade, mas que 
representam um procedimento parecido com a relação convencional; é quase um 
contrato. 
 
Exemplo: gestão de negócios (administração não autorizada previamente, 
tomada por deliberação e iniciativa do gestor. Para se concretizar é necessário o 
desconhecimento por parte do dono do negócio. Outro exemplo: quando alguém 
morre no estrangeiro e seu companheiro de viagem recolhe a bagagem e remete aos 
herdeiros) ou a repetição do indébito (coisa recebida sem causa ou indevidamente = 
pagamento indevido). 
 
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A relação entre o que pagou (solvens) e o que recebeu (accipiens) não é de 
ordem contratual, assim, o ordenamento jurídico ordena sua devolução. Outro 
exemplo que podemos citar é a promessa de recompensa. 
 
Delito – Todo ato que, mediante dolo (intenção), cause prejuízo ao 
patrimônio de outrem. Também é considerado fonte da obrigação porque toda 
pessoa que intencionalmente causa dano a outra fica obrigado a reparar o dano. 
Consiste no ilícito dolosamente cometido, causador de prejuízo a outrem. Exemplo: 
roubo, furto ou injúria. 
 
Quase-delito – É todo ato que, em decorrência de culpa, imperícia, 
imprudência ou negligência cause dano a outrem. Aproxima-se do delito. O autor não 
queria causar o dano, mas desastradamente causou. Exemplo: aquele de seu 
apartamento deixou cair algum objeto provocando ferimentos em um transeunte. 
Envolve a idéia de culpa, pois o prejuízo causado à vítima decorreu apenas da 
negligência, imperícia ou imprudência do agente. 
 
Essa classificação é considerada muito ampla por alguns doutrinadores. 
Porém, TITO FULGÊNCIO menciona apenas a LEI como fonte das obrigações. Essa 
tese adotada por esse autor é muito rigorosa, pois é do nosso conhecimento que a 
lei é a fonte primária de todas as obrigações, e as fontes citadas acima englobam 
todas as possibilidades de nascedouro das obrigações. 
 
Apesar dessa classificação ter figurado durante muito tempo no campo do 
direito das obrigações como suas fontes, atualmente essa classificação sofreu 
mudança integrante do Código Civil vigente. 
 
 
FONTE DAS OBRIGAÇÕES NO CÓDIGO CIVIL DE 2002 
 
- CONTRATO 
- ATO (DECLARAÇÃO) UNILATERAL DA VONTADE 
- ATO ILÍCITO 
 
- o contrato – os contratos e convenções oriundos da vontade humana; 
 
- a declaração unilateral da vontade – equiparáveis ao contrato, mas 
origina-se exclusivamente pela manifestação unilateral da vontade, como por 
exemplo, a gestão de negócio, a promessa de recompensa; e 
 
- o ato ilícito – os atos praticados com dolo ou culpa. 
 
- vontade da lei – pode-se dizer ainda que a obrigação resulta da vontade 
do Estado, por intermédio da lei (exemplo: obrigação de prestar alimentos, obrigação 
do patrão responder pelo ato do empregado, obrigação do pai responder pelo ato do 
filho. 
 
ATENÇÃO: 
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Boa-fé Objetiva: 
 
Trata-se um novo princípio estabelecido pelo atual Código Civil e por ser 
uma novidade merece toda atenção. Segundo este princípio, as partes devem agir 
com lealdade, probidade e confiança recíprocas, com o dever de cuidado, 
cooperação, informando o conteúdo do negócio e agindo com equidade e 
razoabilidade. 
 
É o óbvio, mas não havia previsão legal sobre isto. Lembrando que a 
expressão “boa-fé” deriva do latim bona fide, que significa boa confiança, ou seja, a 
convicção de alguém que acredita estar agindo de acordo com a lei, isto é, a 
conduta normal esperada pela sociedade (homem médio). 
 
Conforme dispõe o art. 422 CC: “Os contratantes são obrigados a guardar, 
assim na conclusãodo contrato, como em sua execução, os princípios de probidade 
e boa-fé”. 
 
Portanto, a observância deste princípio deve estar presente no momento da 
elaboração, na conclusão e execução de uma obrigação (oriunda de qualquer fonte – 
contrato, ato unilateral, ato ilícito). 
 
Vale ressaltar que um contrato, além de sua função econômica de circulação 
de riquezas, serve, também, de mecanismo para se atingir a justiça social, 
solidariedade, dignidade da pessoa humana, que são objetivos primordiais de 
nossa sociedade, estabelecidos na Constituição. Um contrato deve ser útil e justo. A 
quebra deste dever gera a violação e conseqüentemente a responsabilização. 
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DAS OBRIGAÇÕES: 
 
São os requisitos fundamentais (indispensáveis) das obrigações. São eles: 
 
- sujeitos (ativo e passivo); 
- objeto; e 
- vínculo jurídico. 
 
a) Sujeitos (também chamado de elemento subjetivo ou pessoal) - partes 
na relação obrigatória, determinadas ou determináveis: 
 
Sujeito ativo – é o credor, ou seja, aquele que pode exigir o cumprimento da 
obrigação. É o participante da relação obrigacional que tem a expectativa de receber 
do outro uma prestação, ele tem uma pretensão com relação ao devedor. 
 
Sujeito passivo – é o devedor, ou seja, aquele que tem o dever de colaborar 
com o credor, lhe fornecendo a prestação devida. Espera-se que o devedor 
satisfaça, voluntária ou por força coercitiva da lei, a prestação ajustada entre ele e o 
credor. 
 
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Esta obrigação do devedor colaborar com o credor adveio ou de sua 
vontade, ou de seu comportamento desastrado (hipótese do ato ilícito) ou derivou de 
uma imposição legal. Entretanto, em qualquer das hipóteses, o devedor está 
legalmente vinculado, e em caso de inadimplemento pode o credor recorrer ao Poder 
Judiciário. 
 
A sujeição do patrimônio do devedor só vai aparecer posteriormente, com a 
intervenção do Estado caso o devedor não cumpra com a obrigação 
satisfatoriamente. 
 
Os sujeitos podem ser pessoas naturais (físicas) ou jurídicas, devendo ser 
determinados ou, ao menos, determináveis. Não se considera, como capaz de gerar 
uma obrigação, um contrato em que os sujeitos sejam indeterminados. 
 
Pode haver contrato em que, a princípio, um dos sujeitos seja indeterminado, 
mas no qual existam elementos que permitam determinar o sujeito (exemplo: alguém 
coloca um anúncio prometendo recompensa para quem encontrar um cachorro: de 
imediato não se sabe quem é o credor da obrigação, mas a declaração traz 
elementos que podem determinar o sujeito ativo: quem encontrar o cachorro). 
 
Observação – é possível que os pólos (passivo e/ou ativo) sejam ocupados 
por uma ou várias pessoas (naturais ou jurídicas). Exemplo: “A” pode fazer um 
contrato de locação com “B”. Neste caso há um Sujeito Ativo e um Passivo. Mas “A” 
e “B”, sendo casados, podem fazer um contrato de locação com “C” e “D”, que 
também são casados. Continua havendo dois pólos (Ativo e Passivo), porém em 
cada pólo, há uma pluralidade de pessoas. 
 
b) Objeto (também chamado de elemento objetivo ou material) - É a 
prestação economicamente apreciável que deverá ser cumprida pelo devedor. 
Consiste em dar, fazer ou não fazer alguma coisa. É o ponto material sobre o qual 
incide a obrigação. 
 
A maioria dos juristas entende que a prestação tem sempre um conteúdo 
patrimonial, porque, caso contrário, seria impossível reparar perdas e danos em caso 
de descumprimento pelo devedor. 
 
Alguns autores não incluem a patrimonialidade da prestação como um de 
seus requisitos essenciais, entretanto, como já dito anteriormente, se a obrigação 
não tiver valor patrimonial não será amparada pelo Direito, porque não interessará ao 
mundo jurídico. 
 
É por isso, que mesmo aqueles autores que não mencionam o valor 
econômico como um dos requisitos da prestação, admitem sempre que a obrigação 
deve conter um conteúdo patrimonial, uma vez que o Direito não pode agir sobre 
realidades puramente abstratas, pois, nesse caso, não será jurídica, mas sim moral. 
Deve ser possível (física e juridicamente), lícita, determinada ou determinável e 
economicamente apreciável. 
 
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Pode-se dizer que o objeto imediato da obrigação é a prestação, e o objeto 
mediato da obrigação é aquele que se descobre com a pergunta o quê? 
 
Requisitos essenciais do objeto: 
 
Possibilidade – porque havendo impossibilidade material, 
concomitantemente à formação da relação obrigacional, a obrigação é nula, nem 
chegando a se formar, eis que jamais o devedor poderá ser constrangido a cumprir a 
prestação. Prestação impossível. Exemplo: homem ir à lua, comprar o oceano. 
 
Liceidade – de lícito. O objeto da prestação não pode ser proibido por lei e 
nem repugnar à moral e aos bons costumes. Ressalte-se que a lei não pode 
estabelecer de forma precisa tudo o que é proibido ou permitido. Em muitos casos 
será necessário o uso do bom senso. Exemplo de prestação ilícita: carregamento de 
maconha, vender um filho. 
 
Determinabilidade – O objeto deve ser determinado ou pelo menos 
determinável. A determinação geralmente é pelo gênero, espécie, quantidade e 
caracteres individuais, mas nada obsta que a determinação seja feita posteriormente. 
Exemplo: um carro, um terreno, compra de safra futura. 
 
Patrimonialidade – (expressão econômica) - A prestação deve ter valor 
econômico, para que, em caso de inadimplemento possa ser convertida em perdas e 
danos. Alguns autores não mencionam a patrimonialidade como um dos requisitos 
do objeto, entretanto, cabe-nos ressaltar que, se a obrigação não representar um 
valor econômico não interessará ao mundo jurídico. 
 
Ressalte-se que todos os requisitos apresentados são essenciais, de forma 
que a ausência de um deles torna nula a obrigação. 
 
c) Vínculo jurídico (também chamado de elemento imaterial ou 
espiritual) – porque disciplinado por lei, e assim sendo vem acompanhado por 
sanção. Se o devedor que legalmente se obrigou, deixar de efetuar o pagamento, a 
lei abre as portas dos pretórios ao credor, para que este, através da execução 
patrimonial do inadimplente, obtenha a satisfação do seu crédito. 
 
Exemplo: podemos dizer que um contrato de locação de uma casa (ou 
qualquer outro contrato) é o vínculo. É este contrato que irá ligar o locador 
(proprietário), o locatário (inquilino) e o bem que está sendo alugado. Vejam que 
locador e locatário fazem parte do Elemento Subjetivo. Já a casa é o Elemento 
Objetivo. E o contrato, propriamente dito é o Vínculo. 
 
É o poder que o sujeito ativo tem de impor ao sujeito passivo uma prestação 
positiva (dar e fazer) ou negativa (não fazer alguma coisa). 
 
O art. 389 do CC diz que o devedor responde por perdas e danos no caso 
de descumprimento da obrigação, mais juros e honorários de advogado. 
 
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O vínculo jurídico possui dois elementos: débito (dívida) e 
responsabilidade. 
 
Dívida – é o elemento espiritual (moral), de foro íntimo do devedor que tem o 
dever de prestar aquilo a que se comprometeu. Pressupõe atividade espontânea. É a 
existência da dívida, da obrigação. 
 
Responsabilidade – é o elemento imaterial. É representado pela 
prerrogativa conferida ao credor de proceder à execução do patrimônio do devedor 
em caso de inadimplência, para satisfação de seu crédito. 
 
Assim, da maneira que o devedor se obriga seu patrimônio responde. 
 
Embora o débito seja o primeiro aspecto que surge na obrigação, ele não 
podeexistir sem a responsabilidade, uma vez que esta garante aquele, porque a 
responsabilidade revela a garantia de execução das obrigações pelo credor. 
 
Esses dois elementos podem surgir em pessoas distintas, como no caso da 
fiança. Nessa espécie de contrato o fiador responsabiliza-se pelo débito de terceiro 
(não é o devedor principal). 
 
Aqui ocorre o contrário, existe a responsabilidade por parte do fiador, mas 
ele não é o devedor principal. A responsabilidade pode surgir posterior ao débito, de 
forma autônoma, como no caso de garantia de dívida preexistente de outrem, que é 
o caso da fiança. 
 
Vale ressaltar que pode haver débito sem responsabilidade, que é o caso 
das obrigações naturais. São as que se mostram desprovidas de qualquer sanção 
legal, pelo que não pode ser exigida por ação judicial. É mero dever moral. Exemplo: 
dívida prescrita ou dívida de jogo. 
 
Essa bipartição do vínculo jurídico, em débito e responsabilidade existente 
na obrigação, fica bem definida nos casos de exceção à regra geral, como no caso 
citado acima, pois nessas obrigações existe o débito, mas o credor não está 
legitimado a exigir seu cumprimento. 
 
A obra de Clóvis do Couto e Silva, reeditada pela Fundação Getúlio Vargas, 
tem como título “A Obrigação como um Processo”. Trata-se de uma das mais 
importantes obras do Direito Obrigacional brasileiro. Segundo o autor, a relação 
obrigacional somente poderia ser compreendia em seu aspecto dinâmico, tal como 
se dá em uma relação processual: 
 
“A obrigação é um processo, vale dizer, dirige-se ao adimplemento, para 
satisfazer o interesse do credor. A relação jurídica, como um todo, é um sistema de 
processos. Não seria possível definir a obrigação como ser dinâmico se não existisse 
separação entre o plano do nascimento e desenvolvimento e o plano do 
adimplemento. A distância que se manifesta, no mundo do pensamento, entre esses 
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dois atos, e a relação funcional entre eles existentes, é que permite definir-se a 
obrigação. 
 
FIQUE ATENTO - INFORMAÇÃO COMPLEMENTAR: consumidor inadimplente 
 
Duas súmulas do STJ tratam da inscrição do consumidor em atraso nos 
serviços de proteção ao crédito (SPC e Serasa). 
 
A Súmula 359 diz que “cabe ao órgão mantenedor do cadastro de proteção 
ao crédito a notificação do devedor antes de proceder à inscrição”. 
 
Alguns recursos julgados a respeito deste assunto foram movidos por 
empresas ou instituições credoras, já que, por vezes, atribuía-se a elas, e não às 
mantenedoras dos cadastros, a responsabilidade pela notificação do consumidor. 
 
Por quanto tempo o nome do consumidor fica no cadastro de inadimplentes? 
 
Outra súmula tratou deste prazo. Em novembro de 2005, a Segunda Seção 
do STJ aprovou a Súmula 323, dizendo que “a inscrição de inadimplente pode ser 
mantida nos serviços de proteção ao crédito por, no máximo, cinco anos”. 
 
 
 
DISTINÇÕES FUNDAMENTAIS ENTRE DIREITOS PESSOAIS E REAIS: 
 
Para adentrarmos com mais eficácia no estudo do direito das obrigações se 
faz necessário precisar a sua amplitude. Cabe-nos ressaltar que somente os direitos 
de conteúdo econômico (direitos de crédito), que são passíveis de circulação jurídica, 
poderão participar de relações obrigacionais, descartando de imediato, por exemplo, 
os chamados direitos da personalidade (direito à vida, ao nome, à honra, à 
privacidade, à imagem). 
 
O fim natural da obrigação, seja qual for a sua modalidade, é o seu 
cumprimento, que representa o meio normal de satisfação do interesse do credor. 
Assim, entende-se que o cumprimento da prestação (atividade do devedor) é que 
interessa ao credor e não a coisa em si (dinheiro, bem móvel ou imóvel) que constitui 
o objeto imediato da obrigação, que é o próprio direito ao crédito. 
 
Assim, podemos afirmar que os direitos de crédito (pessoais, porque 
corresponde o dever de prestar, de natureza pessoal) integram o estudo do direito 
das obrigações, pois o devedor se compromete a dar, fazer ou não fazer alguma 
coisa e os direitos reais são aqueles que se traduzem o poder jurídico de uma 
pessoa sobre uma determinada coisa (propriedade, usufruto, servidão, etc), e serão 
estudados no direito das coisas. 
 
Desse modo o Direito pode ser dividido em dois grandes ramos: direitos não-
patrimoniais (que tratam dos direitos da personalidade, direito a vida, a liberdade, a 
honra etc.) e direitos patrimoniais (que tratam dos direitos que envolvem valores 
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econômicos). O Direito das Obrigações e o Direito das Coisas integram os direitos 
patrimoniais. Entretanto, apesar de integrarem o mesmo ramo, não podem ser 
confundidos, porque o primeiro trata de direitos pessoais e o segundo trata dos 
direitos reais. 
 
Direito pessoal é o direito do credor contra o devedor, tendo por objeto uma 
determinada prestação. Forma-se uma relação de crédito e débito entre as pessoas. 
 
Direito real é o poder, direto e imediato, do titular sobre a coisa, com 
exclusividade e contra todos. Cria um vínculo entre a pessoa e a coisa (direito de 
propriedade), e esse vínculo dá ao titular uma exclusividade em relação ao bem 
(erga omnes). 
 
Outras diferenças entre os direitos pessoais e os direitos reais podem ser 
expressos: 
 
a) Quanto à formação 
 
Direitos reais: têm origem na lei, não podem ser criados em um contrato 
entre duas pessoas, sendo, por esse motivo, limitados. Seguem o princípio do 
numerus clausus (número limitado), encontrando-se elencados no artigo 1.225 do 
Código Civil. 
 
Direitos pessoais: não resultam apenas da lei, nascem de contratos entre 
pessoas. Há vários contratos nominados pela lei, entretanto, é possível a criação de 
contratos inominados, pois, para exsurgir um direito pessoal, basta que estejam 
presentes os requisitos de sua formação. Segue, normalmente, o princípio do 
numerus apertus (número aberto, rol exemplificativo) (artigo 425 do Código Civil). 
 
b) Quanto ao objeto 
 
Direito das coisas: o objeto é sempre um bem corpóreo. Direito pessoal: o 
objeto é a prestação. Sempre que duas pessoas celebram um contrato uma delas 
torna-se devedora de uma obrigação em relação a credora. 
 
c) Quanto aos sujeitos 
 
Direito pessoais: os sujeitos são o credor e o devedor (sujeito ativo e sujeito 
passivo). Direitos reais: costuma-se dizer que o direito real somente possui o sujeito 
ativo porque este é ligado à coisa (de um lado o titular e do outro lado a coisa). A 
explicação, entretanto, é didática. 
 
Nos direitos reais, em princípio, o sujeito passivo é indeterminado porque 
todas as pessoas do universo devem abster-se de molestar o titular (são direitos 
oponíveis erga omnes). No instante em que alguém viola o direito do titular, o sujeito 
passivo se define. 
 
d) Quanto à duração 
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Direitos pessoais: são transitórios, pois nascem, duram um certo tempo e se 
extinguem (pelo cumprimento, pela compensação, pela prescrição, pela novação). 
Direitos reais: são perpétuos, significa dizer que não se extinguem pelo não uso, 
entretanto, extinguem-se pelas causas expressas em lei (por exemplo: 
desapropriação, usucapião em favor de terceiros, perecimento da coisa, renúncia). 
 
 
Resumindo!!!! 
 
Relação Jurídica Obrigacional: 
 
Sujeito Ativo 
(credor) 
Relação Jurídica 
Obrigacional 
Sujeito Passivo 
(devedor) 
 
Relação Jurídica Real: 
 
Titular do Direito Real Relação Jurídica Real Bem/Coisa 
 
 
 
 
 
JURISPRUDÊNCIA: 
 
Julgado do STJ:AÇÃO DE COBRANÇA. COTAS DE CONDOMÍNIO. LEGITIMIDADE PASSIVA. 
PROPRIETÁRIO DO IMÓVEL, PROMISSÁRIO COMPRADOR OU POSSUIDOR. 
PECULIARIDADES DO CASO CONCRETO. OBRIGAÇÃO PROPTER REM. 
DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL. AUSÊNCIA DE SIMILITUDE FÁTICA. RECURSO 
NÃO CONHECIDO. 
1. As cotas condominiais, porque decorrentes da conservação da coisa, situam-se 
como obrigações propter rem, ou seja, obrigações reais, que passam a pesar sobre 
quem é o titular da coisa; se o direito real que a origina é transmitido, as obrigações o 
seguem, de modo que nada obsta que se volte a ação de cobrança dos encargos 
condominiais contra os proprietários. 
2. Em virtude das despesas condominiais incidentes sobre o imóvel, pode vir ele a 
ser penhorado, ainda que gravado como bem de família. 
 
 
OBRIGAÇÕES CIVIS E OBRIGAÇÕES NATURAIS: 
 
Obrigações civis – são as que apresentam os três elementos constitutivos 
já vistos, sujeito, objeto e vínculo jurídico, sendo que o este último se decompõe em 
débito e responsabilidade. 
 
Há um vínculo jurídico que sujeita o devedor a cumprir uma prestação em 
favor do credor. Existe um liame entre o débito e a responsabilidade do devedor no 
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caso de inadimplemento, o que possibilita o credor a recorrer ao judiciário para 
executar o patrimônio do inadimplente. 
 
Obrigações naturais – são aquelas que apresentam os três elementos, 
entretanto o vínculo jurídico é imperfeito, pois existe o débito, mas não existe a 
responsabilidade. São aquelas inexigíveis, uma vez que não existe a garantia 
patrimonial. 
 
O credor tem que esperar que o devedor pague espontaneamente a dívida. 
Isso porque a obrigação natural apresenta todos os elementos da relação creditória, 
exceto a ação, pois o credor é credor e o devedor é devedor. 
 
Entretanto apesar de existir o objeto falta-lhe a ação, pois o sujeito ativo não 
pode tornar efetiva a prestação pelo fato da mesma estar despida da execução 
forçada, ou porque a cobrança dessa dívida repugnaria à consciência da coletividade 
(dívida de jogo) ou porque o credor deixou de cobrar a dívida quando deveria e a 
mesma prescreveu. 
 
As obrigações naturais são também chamadas de obrigações incompletas, 
pois apresentam como característica essencial a particularidade de não serem 
judicialmente exigíveis, contudo se forem cumpridas espontaneamente o pagamento 
é tido por válido e não caberá repetição, ou seja, poderá ser retido pelo credor. 
Exemplos: dívida de jogo e dívida prescrita. 
 Não se deve confundir obrigação natural com dever de consciência. 
Aquele que dá esmola age por solidariedade (dever de consciência), 
entretanto não existia qualquer débito anterior; no caso da 
obrigação natural existia um débito anterior, embora agora ele seja 
inexigível. 
 No direito moderno, a única consequência jurídica das obrigações 
naturais é o direito do credor de reter o que lhe for pago pelo 
devedor (art. 882 do CC). 
 
 
CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES: 
 
A doutrina apresenta diversas classificações no estudo das obrigações. 
Destaca-se a classificação que se segue diante da análise do que seja a mais 
importante. 
 
Quanto ao objeto: 
 
É sempre uma conduta humana - dar, fazer ou não fazer alguma coisa - e se 
chama prestação. Duas delas são positivas (dar e fazer) e uma é negativa (não 
fazer). 
 
Quanto aos elementos constitutivos: 
 
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Leva em conta o número de sujeitos e o número de objetos. As 
obrigações, quanto aos elementos constitutivos, podem ser simples e compostas 
(complexas). 
 
Obrigação simples é aquela que tem um único sujeito ativo, um único 
sujeito passivo e um só objeto. Basta que um desses elementos seja em número 
de dois para que a obrigação seja composta. 
 
Quando possui mais de um objeto, a obrigação é chamada de obrigação 
composta pela multiplicidade de objetos; quando possuir mais de um sujeito, é 
chamada de composta pela multiplicidade de sujeitos. 
 
a) Compostas pela multiplicidade de objetos: 
 
Podem ser cumulativas (também chamadas de conjuntivas) e alternativas 
(também chamadas de disjuntivas). 
 
Nas obrigações cumulativas, os vários objetos estão ligados pela conjunção 
e (exemplo: o devedor obriga-se a entregar ao credor um automóvel e um animal). 
 
Nas obrigações alternativas os vários objetos estão ligados pela disjuntiva 
ou (exemplo: o devedor obriga-se a entregar ao credor um automóvel ou um animal). 
 
Na obrigação alternativa, temos um único vínculo obrigacional, com 
múltiplas prestações, porém efetuada a escolha, em princípio pelo devedor, 
individualiza-se a prestação e as demais ficam liberadas. Caso pereça alguma das 
prestações, sem que tenha havido culpa por parte do obrigado, o direito do credor 
fica circunscrito às coisas restantes, fenômeno este denominado "concentração". 
 
O nosso ordenamento não tratou a respeito de "obrigações facultativas", isto 
é, obrigações que têm por objeto apenas uma obrigação principal, mas que confere 
ao devedor a possibilidade de liberar-se mediante o pagamento de outra prestação 
prevista na avença, com caráter subsidiário. Temos apenas uma prestação principal, 
verdadeiro objeto da obrigação, e uma acessória ou subsidiária, tendo esta última 
apenas caráter liberatório do contrato. 
 
Obrigações facultativas quando, tendo um único objeto, o devedor tem a 
faculdade de substituir a prestação devida por outra de natureza diversa, prevista 
subsidiariamente. 
 
b) Compostas pela multiplicidade de sujeitos: 
 
As obrigações podem ser divisíveis, indivisíveis e solidárias. 
 
São divisíveis quando o objeto da prestação pode ser dividido entre os 
vários credores ou os vários devedores. 
 
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São indivisíveis quando o objeto da prestação não pode ser dividido entre 
os vários credores ou os vários devedores. Quando o objeto é indivisível e um só dos 
devedores é encontrado, embora cada um deva cumprir sua quota-parte, esse terá 
de cumprir integralmente a obrigação, tendo direito de regresso em face dos demais 
devedores. 
 
Nas obrigações solidárias não se toma por base a divisibilidade ou não do 
objeto, devendo-se observar se existe alguma cláusula contratual ou um 
dispositivo de lei que disponha ser a obrigação solidária. 
 
Quando a obrigação é solidária, cada devedor responde sozinho pela dívida 
integral. O artigo 932 do Código Civil dispõe que os pais respondem pelos atos dos 
filhos menores; que o patrão responde pelos atos dos seus empregados. A obrigação 
dessas pessoas é solidária (artigo 942 do Código Civil). 
 
Quanto aos efeitos, há certa semelhança entre a indivisibilidade e a 
solidariedade, pois nas duas, ainda que haja vários devedores, somente de um o 
credor poderá cobrar a obrigação integral. 
 
ATENÇÃO: DAS PERDAS E DANOS 
 
Conceito: 
 
Na terminologia técnica do Direito, perdas e danos exprime a expressão que 
evidencia prejuízos a que uma pessoa tenha causado a outrem, por ato próprio ou 
alheio, mas de sua responsabilidade. 
 
No sentido jurídico, perdas e danos é o prejuízo efetivo e atual que 
promove o desfalque ao patrimônio (dano emergente) mais ainda os lucros ou 
frutos que não possam ser percebidos (lucros cessantes). 
 
Outras classificações: 
 
Obrigações de meio: quando o devedor não se responsabiliza pelo resultado 
e se obriga apenas a empregar todos os meios ao seu alcance para consegui-lo. Se 
não alcançar o resultado, mas for diligente nos meios, o devedor não será 
considerado inadimplente (exemplo: obrigaçõesdos advogados, e dos médicos em 
geral). 
 
Segundo doutrina dominante, a relação entre médico e paciente é contratual 
e encerra, de modo geral (salvo cirurgias plásticas embelezadoras), obrigação de 
meio e não de resultado. 
 
Obrigação de resultado: quando o devedor se responsabiliza por esse 
mesmo resultado. Se o resultado não for obtido, o devedor será considerado 
inadimplente. 
 
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Exemplo: médicos que executam cirurgia plástica de natureza estética 
(embelezadora), o que constitui uma exceção ao exercício desses profissionais, a 
não ser que seja para correção de doença: cirurgia estética reparadora. 
 
Obrigações civis: aquelas cujo cumprimento pode ser exigido porque 
encontra amparo no direito positivo (a todo direito corresponde uma ação que o 
assegura). O ordenamento jurídico dá apoio ao credor. 
 
Obrigações naturais: são as dívidas prescritas, dívidas de jogo e os juros 
não convencionados. Não podem ser cobradas em Juízo. 
 
Obrigações de execução instantânea: as contraídas para serem cumpridas 
instantaneamente (exemplo: compra e venda à vista). 
 
Obrigações de execução diferida: aquelas que devem ser cumpridas em 
momento futuro. É diferida porque transferida para data futura (pagar em 30 dias). 
 
Obrigações de prestações sucessivas: são cumpridas em vários atos, 
como ocorre com as prestações periódicas (compra de um bem para pagar em 30 
parcelas). 
 
Obrigações condicionais: aquelas cuja eficácia está subordinada a um 
evento futuro e incerto; geralmente aparecem com a partícula se (dar um carro se 
passar no vestibular). 
 
Obrigações a termo: aquelas cuja eficácia está subordinada a um evento 
futuro e certo (dar um carro no natal). 
Obrigações com encargo: aquelas sobre as quais pesa um determinado 
encargo (ônus). Verifica-se nas doações e nos testamentos, que são chamados atos 
de liberalidade. 
 
Obrigações híbridas: as que constituem um misto de direito real e de direito 
pessoal (exemplo: obrigação propter rem, que recai sobre uma pessoa em razão de 
sua condição de titular de um determinado direito real). 
 
JURISPRUDÊNCIA: 
 
- STJ: CIVIL E PROCESSUAL - CIRURGIA ESTÉTICA OU PLÁSTICA - 
OBRIGAÇÃO DE RESULTADO (RESPONSABILIDADE CONTRATUAL OU 
OBJETIVA) - INDENIZAÇÃO - INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. I - Contratada a 
realização da cirurgia estética embelezadora, o cirurgião assume obrigação de 
resultado (Responsabilidade contratual ou objetiva), devendo indenizar pelo não 
cumprimento da mesma, decorrente de eventual deformidade ou de alguma 
irregularidade. II - Cabível a inversão do ônus da prova. III - Recurso conhecido e 
provido. 
 
OBS.: Existe, na jurisprudência, entendimento no sentido de que a cirurgia para a 
correção de miopia, por se tratar de procedimento médico, encerra OBRIGAÇÃO DE 
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MEIO, e não de RESULTADO (ou seja, havendo melhora na acuidade visual, a sua 
finalidade foi atingida, não podendo o médico garantir a visão perfeita): “Por 
considerar que uma clínica não foi responsável pelos danos no olho de um paciente, 
a 10ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Minas Gerais reformou o entendimento 
de primeira instância e a dispensou de pagar indenização. Para o relator, Pereira da 
Silva, a cirurgia no olho do paciente, para correção de miopia, “foi realizada com a 
técnica certa, com destreza e zelo, sendo certo que a sequela decorreu por fatores 
pessoais do paciente”. Ainda segundo o relator, “vale registrar que o contrato de 
prestação de serviços médicos é, em geral, considerado de meio, como no presente 
caso, e não de resultado”. Assim, cabe a indenização quando o serviço é prestado 
de forma negligente. Havia “um risco intrínseco ao procedimento adotado, que na 
época era o único existente e adequado à doença”, afirmou. Mas, de acordo com o 
desembargador, houve também uma redução da miopia de 13 para 3,5 graus. A 
cirurgia custou R$ 420. Durante a recuperação, a região central da córnea ficou 
prejudicada e, com isso, houve uma redução da visão do olho operado. O rapaz 
entrou na Justiça contra a clínica. Alegou falha no procedimento cirúrgico. Já a 
clínica alegou ter informado sobre a possibilidade de uma má cicatrização, que 
poderia gerar um corpo opaco no olho. Também argumentou que, após a cirurgia, o 
paciente não compareceu mais ao local para aplicação de colírio. Cabe recurso. Leia 
a decisão: APELAÇÃO CÍVEL 1.0707.01.044481-8/001” (Informação do Consultor 
Jurídico: http://www.conjur.com.br/static/text/56944,1#null, acessado em 20 de 
setembro de 2008) 
 
OBRIGAÇÕES PROPTER REM 
 
No Direito Medieval surgiu uma terceira categoria de obrigações, que são as 
chamadas obrigações propter rem (próprias da coisa). São obrigações no sentido 
estrito, mas sempre vinculadas a um direito real acompanhando a coisa sempre que 
troca de proprietário ou possuidor, ou seja, independente de quem seja: o obrigado é 
sempre o proprietário ou possuidor atual. Exemplo: pagamento da taxa de 
condomínio. 
 
As obrigações decorrem de um direito real, que muitas vezes é o de 
propriedade (principal direito real), mas também pode decorrer da posse. Exemplo: é 
o inquilino quem paga as despesas normais de conservação. 
 
Também chamadas de obrigações reais porque são decorrentes da relação 
(poder) entre o devedor e a coisa. A obrigação propter rem é aquela em que o 
devedor, por ser titular de um direito sobre uma coisa, fica sujeito a determinada 
prestação que, por conseguinte, pode não derivar da manifestação expressa ou 
tácita de sua vontade. 
 
Exemplos de obrigações propter rem: a despesa do condômino de 
contribuir para a conservação da coisa comum, a do proprietário de um apartamento, 
num edifício em condomínio de pagar a taxa condominial, de não alterar a forma 
externa da fachada, a do proprietário de imóvel incorporado ao patrimônio histórico e 
artístico nacional de não destruí-lo ou realizar obras que modifiquem sua aparência, 
etc. 
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Em todos os exemplos citados verifica-se que o devedor está ligado à 
obrigação porque é proprietário ou possuidor de um bem. Podem decorrer da 
comunhão ou co-propriedade, do direito de vizinhança, do usufruto, da servidão e da 
posse. 
 
Características das obrigações propter rem: esta obrigação caracteriza-se 
pela presença de três características básicas: 
 
a) Ela prende o titular de um direito real, seja ele quem for, em virtude de sua 
condição de proprietário ou possuidor da coisa. Não pode existir, portanto, fora das 
relações de direito real; 
 
b) O devedor se livra da obrigação pelo abandono do direito real, ou seja, 
renunciando ao direito de propriedade sobre a coisa o devedor se exonera; e 
 
c) A obrigação se transmite aos sucessores a título singular do devedor, 
ainda que o novo devedor não saiba de sua existência. Exemplo: se alguém recebe 
por herança um bem, que é parte comum num condomínio, será esse novo dono que 
terá obrigação de contribuir para as despesas de conservação da coisa. 
 
Natureza jurídica da obrigação propter rem 
 
É uma obrigação acessória mista, por vincular-se a direito real, objetivando 
uma prestação devida a seu titular. A obrigação propter rem tem por objeto uma 
prestação específica e está incorporada a um direito real. A pessoa do devedor pode 
variar, na dependência da relação da propriedade ou da posse que venha a existir 
entre o sujeito e determinada coisa. 
 
Obrigações Líquidas e Ilíquidas: 
 
Líquida é a obrigação certa quanto à sua existência, e determinadaquanto 
ao seu objeto. A prestação, pois, nesses casos, é certa, individualizada, a exemplo 
do que ocorre quando alguém se obriga a entregar ao credor a quantia de R$100,00. 
A obrigação ilíquida, por sua vez, carece de especificação do seu quantum, para que 
possa ser cumprida. 
 
ATOS UNILATERIAIS (FONTE DAS OBRIGAÇÕES) 
 
 
Como já estudamos, a obrigação não nasce de um contrato, da prática de 
um ato ilícito, da lei1 ou de uma declaração de vontade. 
 
Desta feita, pode uma obrigação nascer em decorrência de uma conduta 
unilateral de alguém, que se obriga ou obriga a outrem. Os atos unilaterais são 
 
1 Há obrigações que resultam diretamente da lei: alimentos, indenizar os danos causados por seus 
empregados, entregar coisa alheia achada. 
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fontes das obrigações, ou seja, para surgir obrigações (devedor e credor) deve-se ter 
uma origem, uma causa no direito. 
 
Cumpre diferenciar os atos unilaterais dos contratos, quanto à sua formação. 
Nos contratos, a obrigação nasce a partir do momento em que for verificado o 
choque ou encontro de vontades entre as partes negociantes, em regra. Nas 
declarações unilaterais de vontade ou atos unilaterais a obrigação nasce da simples 
declaração de uma única parte, formando-se no instante em que o agente se 
manifesta com a intenção de assumir um dever obrigacional. Sendo emitida a 
declaração de vontade, esta se torna plenamente exigível ao chegar ao 
conhecimento a quem foi direcionada. 
 
NATUREZA JURÍDICA: manifestação (ato) unilateral, diferenciando-se dos 
contratos: bilateralidade contratual. 
 
Disciplina do CC/2002: destacados como em título com 04 modalidades: 
 
 
 
 
☺ PROMESSA DE RECOMPENSA: 
arts. 854 a 860, CC 
 
 
☺ GESTÃO DE NEGÓCIOS: 
arts. 861 a 875, CC. 
 
 
☺ PAGAMENTO INDEVIDO: 
arts. 876 a 883, CC. 
 
 
☺ ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA: 
arts. 884 a 886, CC. 
 
 
 
PROMESSA DE RECOMPENSA: 
 
CONCEITO: Aquele que, por anúncios públicos, se comprometer a 
recompensar, ou gratificar, a quem preencha certa condição, ou desempenhe certo 
serviço, contrai obrigação de cumprir o prometido. Conceito este descrito pelo próprio 
legislador (art. 854, CC)2. 
 
2 Recompensa para ser mais bem compreendida é preciso fazer menção ao direito real. Ela é 
atribuída a quem acha COISA ALHEIA MÓVEL PERDIDA, que no CC/16 era chamada de 
INVENÇÃO, que era tratada como forma de aquisição da propriedade de coisa móvel. No atual 
CC/02, não houve a extinção da invenção, mas, sim atribuição de outra nomenclatura para 
DESCOBERTA e colocação em outro lugar dentro do código, agora está tratada no artigo 12332, em 
seção dentro do capítulo DA PROPRIEDADE EM GERAL. 
Quem acha coisa alheia móvel perdida tem direito a uma recompensa, que será arbitrada pelo juiz em 
valor não inferior a 5% do valor da coisa encontrada (artigo 12342). Mas, essa recompensa pode ter 
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Segundo Ricardo Fiúza, a promessa de recompensa pode ser definida como 
o ato obrigacional de alguém que, por anúncio público, se compromete a 
recompensar, ou gratificar, pessoa que preencha certa condição ou desempenhe 
certo serviço. É uma das formas de obrigação resultante de declaração unilateral da 
vontade. Significa a aplicação do princípio da obrigatoriedade da promessa feita a 
pessoa ausente. 
 
NATUREZA JURÍDICA: duas correntes: 
 
- O vínculo obrigatório somente se forma com a manifestação do terceiro 
(pessoa) que preencheu a condição ou desempenhou o serviço, aceitando-a. 
 
- Considera negócio jurídico unilateral: obriga aquele que emite a declaração 
de vontade desde o momento em que ela se torna pública, independentemente de 
qualquer aceitação (CC/2002). 
 
Exemplos: feitas a quem encontrar um objeto (animal, carteira com 
documentos), ou pessoa desaparecida, informações que levem a captura de 
criminosos, professor promete atribuir nota 10 para quem não faltar suas aulas, 
quem levantar 10000 kg (peso). 
 
Situação hipotética: um caso em que alguém perdeu um animal de 
estimação, um cachorro. Para recuperar o animal, o dono coloca uma faixa em uma 
avenida de grande circulação, oferecendo uma recompensa. Alguém que conhece o 
cão e o seu dono, mas que no momento desconhece a promessa, encontra o animal 
e o leva à casa do seu proprietário. Essa pessoa terá direito à recompensa, pois agiu 
conforme os ditames da boa-fé. Também terá direito aos valores gastos com o 
cumprimento da tarefa, como, por exemplo, as despesas feitas para a alimentação 
do animal, cuidados veterinários e transporte. 
 
REQUISITOS: 
 
ESPECÍFICOS: 
 
a) publicidade (pelo menos duas pessoas); 
b) especificação da condição a ser preenchida ou do serviço a ser 
desempenhado; 
c) indicação da recompensa ou gratificação. 
 
GERAIS: para a validade do negócio jurídico (art. 104, CC): sujeito capaz, 
objeto lícito, possível, determinado ou determinável e forma não proibida em lei. 
 
 
sido prometida pelo dono da coisa (não pode a promessa ser inferior ao mínimo que o código 
determina); quando há a promessa de recompensa, o dono estará obrigando-se por ato unilateral. 
 
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A pessoa que cumprir a tarefa prevista na declaração, executando o serviço 
ou satisfazendo a condição, ainda que não esteja movida pelo interesse da 
promessa, poderá exigir a recompensa estipulada (art. 855 do CC). Esse dispositivo 
valoriza a eticidade e a boa-fé objetiva. 
 
A promessa feita com publicidade é dirigida a qualquer pessoa. Se alguém 
apresentar aquilo que foi publicamente pedido, o promitente (aquele que se obriga, 
por promessa, a dar, fazer ou não fazer alguma coisa) vinculado por sua promessa 
tem de aceitar a prestação, ou cumprir o que prometeu. Não é necessário que o 
serviço tenha sido realizado no interesse da recompensa. Basta que corresponda às 
condições do anúncio, a não ser que o promitente haja, de modo expresso, exigido 
um ato que se realize por causa de sua solicitação. 
 
Com efeito, O executor é credor do devedor promitente, em caso de 
inadimplemento (ação de cobrança, efeitos do inadimplemento, obrigação de fazer, 
não fazer). 
 
EXECUTADO POR MAIS DE UMA PESSOA: art. 857, 858, CC. Primeiro 
que executou o serviço (concurso de beleza ou de força), se simultânea a execução 
(quota parte – se indivisível: sorteio e aquele que ficar com a coisa dará ao outro a 
quota parte – quinhão). 
 
Extrai-se que no caso da execução conjunta ou plúrima (vários sujeitos), 
sendo o ato contemplado na promessa praticado por mais de um indivíduo, terá 
direito à recompensa o que primeiro o executou (art. 857 do CC). Entretanto, sendo 
simultânea a execução, a cada um tocará quinhão igual na recompensa, caso seja 
possível a divisão (art. 858 do CC). Se a estipulação tiver como conteúdo um bem 
indivisível, deverá ser realizado um sorteio. 
 
Aquele que obtiver a coisa (vencedor) dará ao outro o valor correspondente 
ao seu quinhão. Esse sorteio deverá ser realizado dentro das regras legais, da 
razoabilidade e do bom senso (mais uma aplicação da eticidade, da boa-fé objetiva). 
 
Exemplo: a recompensa do concurso é um carro no valor de R$ 20.000,00, 
ocorrendo o sorteio, o credor que ficar com o carro, repassará ao outro credor o valor 
deR$ 10.000,00. 
 
 
PUBLICIDADE: não é relevante o meio pelo qual a proposta é veiculada 
(imprensa escrita ou falada, sala, auditório, parque, rua), dirigida a pessoas 
indeterminadas. Caso ocorra a individualização estaremos diante de um contrato 
(acordo entre as partes). 
 
REVOGABILIDADE DA PROMESSA: o art. 856, CC, assim dispõe: antes de 
prestado o serviço ou preenchida a condição, pode o promitente revogar a promessa, 
contanto que o faça com a mesma publicidade; se houver assinado prazo à 
execução da tarefa, entender-se-á que renuncia o arbítrio de retirar, durante ele, a 
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oferta. Parágrafo único. O candidato de boa-fé, que houver feito despesas, terá 
direito a reembolso. 
 
A promessa pode ser revogada antes de prestado o serviço ou cumprida a 
condição, desde que seja dada à revogação a mesma publicidade dispensada à 
promessa. Se, contudo, for fixado prazo para o cumprimento da tarefa, subentende-
se que, durante esse período, o promitente renuncia o direito à revogação. 
 
Fica salvaguardado ao candidato de boa-fé o reembolso das despesas 
eventualmente feitas, antes da revogação. Mais uma vez é valorizado no novo 
Código Civil o princípio da boa-fé, que deve estar sempre presente nas relações 
obrigacionais. 
 
Discute-se se haverá direito à recompensa se o candidato tiver executado a 
tarefa a contento, não sabendo da revogação da estipulação. Pela valorização da 
boa-fé e pelo que consta do art. 855, é forçoso concluir que a resposta não pode ser 
outra que não a positiva. Nesse sentido, vale citar o Código Civil português, que 
estabelece em seu art. 459, (parágrafo) 2: "Na falta de declaração em contrário, o 
promitente fica obrigado mesmo em relação àqueles que se encontrem na situação 
prevista ou tenham praticado o fato sem atender à promessa ou na ignorância dela". 
 
OBJETO: necessário sua especificação, isto é, a condição a ser preenchida 
ou do serviço a ser desempenhado. 
 
RECOMPENSA OU GRATIFICAÇÃO: pode ser entrega de um objeto (dar), 
realização de uma atividade (fazer: realizar um tratamento médico – cirurgião 
plástico). 
 
Observação: quando não indicada a recompensa/gratificação – caso 
concreto dependendo do serviço, despesas, incômodos, dificuldades. 
 
PROMESSA FORMULADA EM CONCURSO PÚBLICO: art. 859, 860, CC. 
Fixação de prazo (trabalhos literários, científicos e artísticos). 
 
No caso de concursos que se abrirem com promessa pública de 
recompensa, é condição essencial, para valerem, a fixação de um prazo, observadas 
também as regras analisadas anteriormente (art. 859 do CC). 
 
Nesses concursos, é comum a nomeação de um juiz (árbitro), que irá avaliar 
os trabalhos. A decisão dessa pessoa nomeada, nos anúncios, como juiz, obriga os 
interessados (art. 859, §1°, do CC). 
 
Na falta dessa pessoa designada para julgar o mérito dos trabalhos que se 
apresentarem, entender-se-á que o promitente da recompensa reservou para si esta 
função (§ 2°). Se os trabalhos tiverem mérito igual, proceder-se-á de acordo com as 
regras vistas para a promessa de recompensa: anterioridade, divisão e sorteio (§3°). 
 
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Por fim, nos concursos públicos, as obras premiadas só ficarão pertencendo 
ao promitente se assim for estipulado na publicação da promessa (art. 860 do CC). 
 
Para exemplificar, em concursos de monografias jurídicas os trabalhos 
pertencem aos seus autores, em geral, aplicando-se as regras de proteção previstas 
na Lei de Direitos Autorais (Lei 9.610/1998). Porém, é possível convencionar que os 
direitos patrimoniais de exploração da obra premiada passarão a pertencer àquele 
que idealizou o concurso. 
 
Explica Ricardo Fiúza que no novo Código Civil, à feição do Código Civil de 
1916, é feita a distinção entre a promessa de recompensa a um ato qualquer ou 
atendimento de condições pedidas por anúncio público, e o concurso, que sendo 
uma variedade dessa espécie, oferece particularidades que reclamam disciplina 
adequada. O concurso a que se refere esse artigo diferencia-se dos serviços de que 
trata o Art. 854, pois, por exemplo, achar objetos perdidos ou mesmo denunciar 
criminosos, exige certo esforço ou alguma astúcia, que difere, evidentemente, do 
certame, que exige além disso, capacidade técnica (vestibular de ingresso a curso 
superior). 
 
Quem se submete ao concurso de que fala esse artigo aceita a decisão da 
pessoa nomeada no anúncio como julgadora do mérito dos trabalhos apresentados 
ou, na falta deste ao julgamento, do anunciante, desde que essa decisão se ajuste 
às condições fixadas no anúncio. 
 
GESTÃO DE NEGÓCIOS (arts. 861 a 875, CC): 
 
CONCEITO: Aquele que, sem autorização do interessado, intervém na 
gestão de negócio alheio, dirigi-lo-á segundo o interesse e a vontade presumível de 
seu dono, ficando responsável a este e às pessoas com que tratar. 
 
Quando uma pessoa, sem autorização do interessado, intervém na 
administração de negócio alheio, dirigindo-o segundo o interesse e a vontade 
presumível de seu dono. 
 
É a administração oficiosa feita sem procuração. 
 
Outro conceito: é a administração oficiosa (sem prévio acordo) de negócio 
alheio (negócio em sentido amplo), ocorre quando alguém unilateralmente se 
apressa a cuidar do negócio alheio, está assim gerando uma obrigação para terceiro 
(titular do interesse que oficiosamente está sendo gerido pelo gestor) e não para si 
próprio. 
 
PARTES: gestor e dono do negócio. 
 
Na gestão de negócios há uma atuação sem poderes, uma hipótese em que 
a parte atua sem ter recebido expressamente a incumbência. Na verdade, há no 
caso em questão um quase contrato. Dessa forma, o gestor, que age sem mandato, 
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fica diretamente responsável perante o dono do negócio e terceiros com quem 
contratou. 
 
A gestão, pela ausência de orientação dada pelo dono, não tem natureza 
contratual, pois está ausente o prévio acordo de vontades. Dessa forma, poderá a 
gestão ser provada de qualquer modo, eis que se trata de negócio jurídico informal 
(art. 107 do CC). 
 
A posição do gestor é delicada, pois, além de não ter direito a qualquer 
remuneração pela atuação (negócio jurídico benévolo), deve agir conforme a vontade 
presumível do dono do negócio, sob pena de responsabilização civil (art. 861 do CC). 
 
Conforme leciona Ricardo Fiúza, Gestão de Negócio é a administração não 
autorizada (espontânea e à revelia) de negócios alheios, feita independentemente de 
mandato. A procuração, na espécie, é espontânea e presumida uma vez que o 
gestor (administrador não autorizado) procura fazer aquilo que o dono do negócio o 
encarregaria, se soubesse da necessidade da providência. 
 
Exemplos: gestor de negócios o herdeiro de uma fazenda, que a administra 
sem oposição dos demais herdeiros, e o condômino de coisa indivisível, que cuida 
do bem em comum como se seu fosse e sem oposição dos demais, apenas 
prestando contas de sua gestão (recebimento de alugueres, arrendamentos etc.). 
 
- Vizinhos que mantém as despesas do vizinho ausente; despesas de funeral 
no exterior, alguém que presenciando estragos em prédio alheio, faz os reparos 
necessários a sua conservação; socorre alguém, levando-a ao hospital e paga as 
despesas. 
 
PARA REFORÇAR A EXEMPLIFICAÇÃO: 
 
EXEMPLO 01: vizinho que percebe que a casa do vizinho, que está viajando, 
não tem como ter contato, está ruindo por um defeito; assim, o vizinho que fica 
providencia o conserto da casa, criando para o dono da casa a obrigaçãode 
indenizá-lo. 
 
EXEMPLO 02: dois amigos estão viajando, quando um deles morre e o outro 
cuida de todas as despesas de traslado e tratamento do corpo; o amigo sobrevivente 
cria a obrigação de indenização para os herdeiros, sob pena de enriquecimento em 
causa. 
 
O artigo é mera repetição do Art. 1.331 do Código Civil de 1916, sem 
qualquer alteração, nem mesmo de ordem redacional. Deve ser-lhe dado, portanto. 
Igual tratamento doutrinário. 
 
A preliminar que mudou do CC/16 para o CC/02 reside no fato de que no 
Código anterior, a gestão estava sendo tratada no capítulo do mandato (espécie 
contratual). Isto não estava adequado, porque na gestão de negócios não há ajuste 
prévio, ao contrário sua principal característica é exatamente a ausência de acerto 
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prévio (ausência de ajuste negocial). O legislador de 16 situou a gestão nesse lugar 
em razão de certo paralelismo entre as consequências da gestão de negócio e do 
mandato. Assim, caminhou bem o legislador de 2002, ao tratar a gestão fora dos 
contratos. 
 
OBJETIVO: evitar o prejuízo ao dono do negócio, com boa-fé. 
 
PRESSUPOSTOS: 
 
a) Negócio alheio (sem sentido técnico jurídico, mas interesse em sentido 
amplo); 
 
b) Ausência de autorização do dono (art. 861, CC), porém deve ser feita 
comunicação do gestor ao dono (art. 864, CC), sendo possível. É um negócio 
espontâneo e improvisado do gestor, procedendo como o faria o próprio dono do 
negócio; 
 
- O dono não deve ter até então, conhecimento do ocorrido, pois caso dê 
autorização: MANDATO TÁCITO (art. 656, CC); 
 
c) Atuação do gestor no interesse e vontade presumida: o gestor faz 
exatamente o que o dono do negócio desejaria, se estivesse presente; 
 
d) Limitar a ação a atos de natureza patrimonial: exclui-se os de natureza 
familiar (pai, filho, cônjuge); 
 
e) Intervenção por necessidade ou utilidade: despachante que paga o 
imposto de cliente de outro negócio, no último dia do prazo. 
 
Deve-se lembrar que se a gestão for iniciada contra a vontade manifesta ou 
presumível do dono, responderá o gestor por caso fortuito (evento totalmente 
imprevisível) e força maior (evento previsível, mas inevitável), conforme a regra 
constante do art. 862 do CC. 
 
Se os prejuízos da gestão excederem o seu proveito, poderá o dono do 
negócio exigir que o gestor restitua as coisas ao estado anterior, ou que indenize o 
valor correspondente à diferença (art. 863 do CC). 
 
Nesses casos, a gestão perde sua característica de intervenção benevolente 
e de realização da vontade presumida do dono do negócio. É considerada ato 
abusivo, e somente o seu sucesso pode inocentar o gestor, cuja responsabilidade é 
maior. 
 
Diante do princípio da boa-fé objetiva, que valoriza o dever anexo de 
informação, deverá o gestor de negócio, assim que lhe for possível, comunicar ao 
dono a sua atuação, aguardando a resposta se dessa espera não resultar perigo (art. 
864 do CC). 
 
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O gestor de negócio é um gestor oficioso que assume as funções de 
mandatário para atender o dono do negócio, ou pela necessidade urgente de tornar 
uma providencia (judicial ou extrajudicial). Como não tem autorização para assim 
proceder, deve, desde logo, levar o fato ao conhecimento do dono do negócio, que 
pode concordar com a continuidade da gestão ou interrompê-la. 
 
Se for necessária, todavia, uma ação pronta, por estar em perigo de serem 
prejudicados os interesses do dono do negócio, não estará o gestor oficioso obrigado 
a esperar a sua resposta, não aumentando, nessa hipótese, sua responsabilidade. 
 
Exemplo: Pense-se o caso de Lucas viajou para outro país, com sua família, 
permanecendo fora de sua residência por 10 dias. Na prática, quando a pessoa viaja 
não deixa uma procuração (instrumento do contrato de mandato) para o vizinho 
apagar eventual incêndio que acometer a sua casa. No dia seguinte, iniciou-se um 
incêndio da casa de Lucas, e o vizinho, Sr. João agindo como gestor ao perceber o 
incêndio, invade a casa de Lucas arrebentando a porta. Para apagar o fogo que 
começa a consumir um dos dormitórios, o Sr. João pega um tapete e consegue 
abafar as chamas, tendo sucesso em sua empreitada, sem a intervenção do corpo 
de bombeiros. 
 
Algumas regras do Código Civil de 2002 devem ser analisadas, para uma 
conclusão concreta a respeito da atuação do gestor. 
 
Primeiro, deve-se verificar se o gestor agiu da mesma forma como agiria o 
dono da residência, ou seja, se empregou toda a diligência habitual. Em regra, o 
gestor somente deve ser responsabilizado se tiver agido com culpa, havendo 
responsabilidade subjetiva3 (art. 866 do CC). 
 
Mas se na atuação o gestor se fizer substituir por outrem, responderá pelas 
faltas do substituto, ainda que este seja pessoa idônea e sem prejuízo da eventual 
propositura de ação regressiva (art. 867 do CC). 
 
A responsabilidade do gestor por ato de terceiro é objetiva (independente de 
culpa) e solidária, aplicando-se os arts. 932, III, 933 e 942, parágrafo único, do CC, 
por analogia. Se a gestão for conjunta, prestada por várias pessoas, há regra 
específica, prevendo justamente a responsabilidade solidária entre todos os gestores 
(art. 867, parágrafo único, do CC). Na realidade, quando o dono do negócio retoma, 
terá duas opções: 
 
Primeira opção: concordando com a atuação do gestor, o dono deverá 
ratificar a gestão, convertendo-se a atuação em mandato (art. 869 do CC). Nesse 
caso, deverá ressarcir o gestor por todas as despesas necessárias e úteis à atuação, 
com os juros legais desde o reembolso, respondendo ainda pelos prejuízos que o 
administrador tiver sofrido com a gestão. 
 
 
3 Responsabilidade subjetiva quando o sujeito atua com culpa, responde pelo resultado (dano). Este 
assunto será mais explorado no estudo sobre Responsabilidade Civil. 
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A utilidade ou a necessidade das despesas serão apreciadas de acordo com 
as circunstâncias da ocasião em que se fizerem, o que traz a ideia de função social 
obrigacional (art. 869, § 1.°, do CC). 
 
A ratificação do dono do negócio retro age ao dia do começo da gestão, ou 
seja, tem efeitos ex tunc (art. 873 do CC). 
 
Segunda opção: desaprovando a atuação do gestor, o dono poderá pleitear 
perdas e danos havendo, em regra, responsabilidade subjetiva do primeiro (art. 874 
do CC). Em casos tais, responderá o gestor por caso fortuito quando fizer manobras 
arriscadas, ainda que o dono costumasse fazê-las ou quando preterir interesses do 
dono em detrimento de interesses próprios (art. 868 do CC). No entanto, só poderá 
recusar a ratificação se provar que a atuação não foi realizada de acordo com os 
seus interesses diretos. 
 
Falecendo o dono do negócio, as instruções devem ser prestadas aos seus 
herdeiros, devendo o gestor, mesmo assim, agir com a máxima diligência, de acordo 
com as circunstâncias fáticas do caso concreto (art. 865 do CC). 
 
O gestor do negócio assume obrigações de mandatário, devendo velar pelo 
negócio enquanto o dominus negotii não toma providência; se este falecer, deve 
aguardar instruções dos seus herdeiros. Responderá, porém, por perdas e danos se, 
sem motivo, suspender a gestão iniciada acarretando prejuízo a terceiro e ao dono 
do negócio4. 
 
Se o gestor se fizer substituir por outrem (art. 867, CC), ficarão responsáveis 
pela gestão os dois: o gestor e o substituto. Com o rigor da lei, o gestor deve ser 
mais cautelosona escolha do substituto; o substituto mais cuidadoso em aceitar tal 
desiderato; e o dono do negócio ficará mais garantido. No parágrafo único está 
estatuída outra responsabilidade excepcional. No mandato, a solidariedade não é 
presumida, deve resultar de estipulação expressa; na gestão, a solidariedade é 
prescrita em lei. 
 
Com o intuito de fixação do estudo, e visando a melhor didática, observem 
abaixo: 
 
a) OBRIGAÇÕES DO GESTOR: 
 
- Comunicar a gestão ao dono, aguardando a resposta, se da espera não 
resultar perigo (art. 864, CC): cumpre ao gestor aguardar a resposta antes de 
qualquer outra providência, somente poderá agir sem resposta, se a demora puder 
acarretar prejuízo. 
 
Por consequência, o dono: 1. Desaprovará (art. 874, CC); 2. Aprovará 
(expressa ou tacitamente), converterá em mandato; 3. Aprovará na parte já 
 
4 Vale ressaltar que ninguém está obrigado a ser gestor de negócio, no entanto, uma vez iniciada deve 
o gestor dar continuidade (boa-fé). 
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realizada, desaprovando o prosseguimento; 4. Nesta desaprovação, poderá constituir 
procurador/representante que assumirá o negócio no estado em que se encontra, 
extinguindo-se a gestão; 5. Assumirá a gestão. 
 
- Diligência habitual: ressarcindo o dono diante de qualquer prejuízo 
decorrente de culpa (art. 866, CC). 
 
- Não promover operações arriscadas, ainda que o dono costumasse a 
fazê-las (art. 868, CC): não estava obrigado a iniciar a gestão, mas se intervém em 
negócio alheio, tem que agir com máxima diligência, para que não cause prejuízo 
com a sua intromissão. 
 
b) RESPONSABILIDADE DO GESTOR: 
 
- Se o negócio não é bem gerido, pode o gestor ficar responsável 
pessoalmente. 
 
- Se a gestão foi iniciada contra a vontade do dono: responde o gestor até 
mesmo por caso fortuito/força maior (art. 862/868, CC), o que configura ato ilícito. 
 
- Observação: erro do legislador parte final do 862, CC, seria: ainda quando 
se houve abstido (deixado de agir) e não se houvesse abatido. 
 
- art. 866, CC: CULPA. 
 
- Mais de um gestor: responsabilidade solidária (PU do art. 867, CC). 
 
c) OBRIGAÇÕES DO DONO: 
 
- Indenizar o gestor nas despesas necessárias: se o dono quiser 
aproveitar da gestão, será obrigado a ressarcir o gestor. 
 
- Cumprir com obrigações contraídas em seu nome: art. 869, 870, CC. 
 
- Alimentos: art. 871. Exemplo: se os pais abandonaram os filhos, estes 
ficam responsável perante o gestor. 
 
- Despesas do enterro: art. 872. 
 
DIFERENÇA PARA MANDATO TÁCITO: 
 
- Gestão: não tem prévio ajuste entre as partes, por ser sempre gratuita e 
depender de ratificação (aprovação, pelo dono, do comportamento do gestor). 
 
- Mandato: com conhecimento e sem desaprovação do dono. 
 
RATIFICAÇÃO DO NEGÓCIO: ex tunc (art. 873, CC). 
 
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MEDIDA JUDICIAL: ação de cobrança. 
 
 
PAGAMENTO INDEVIDO (arts. 876 a 883, CC): 
 
Para recordar - solvens: que paga / accipiens: que recebe. 
 
Necessário entender o que seja justa causa em qualquer enriquecimento 
sem causa. 
 
JUSTA CAUSA: todo aumento patrimonial tem por base o direito (justiça: dar 
a cada um o que é seu). 
 
CONCEITO: Todo aquele que recebeu o que lhe não era devido fica 
obrigado a restituir; obrigação que incumbe àquele que recebe dívida condicional 
antes de cumprida a condição (art. 876, CC). 
 
Gênero (enriquecimento sem causa) 
 
Espécie (Pagamento indevido). 
 
 
Em havendo o pagamento indevido agirá a pessoa com intuito de 
enriquecimento sem causa, visando ao locupletamento sem razão (AUMENTO 
PATRIMONIAL SEM JUSTIFICATIVA NO DIREITO). 
 
REQUISITOS: 
- Pagamento com ausência de causa; 
- Enriquecimento de um; 
- Empobrecimento do outro. 
 
Espécies: 
 
a) indébito objetivo: quando o erro diz respeito à inexistência da obrigação. 
 
Exemplo: pagamento enquanto condição suspensiva; alguém paga a outro 
pensando ser devedor, mas já está extinta a dívida; a dívida foi paga a mais; 
 
b) indébito subjetivo: dívida existente e o engano é pertinente a quem paga 
ou quem recebe. 
 
Exemplo: pagou a quem não era mais o legítimo credor. 
 
MEDIDA JUDICIAL CABÍVEL: Ação de repetição de indébito (pedir a 
restituição). 
 
Prova (art. 877, CC): Àquele que voluntariamente pagou o indevido incumbe 
a prova de tê-lo feito por erro. 
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- Quem pagou deve provar que o fez de forma indevida e por erro, pois a 
ausência de tal comprovação pode levar a presumir tratar de uma liberalidade 
(doação). 
 
- A jurisprudência começou a dispensar a prova do erro naquelas hipóteses 
em que o solvens era colocado em situação na qual não teria outra saída senão o 
pagamento, como no caso de tributos em que há sanção legal imediata pelo 
inadimplemento: paga e depois basta provar a ilegalidade ou inconstitucionalidade. 
 
- CDC (art. 42): O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à 
repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido 
de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável. Assim, 
prova-se somente que o pagamento foi indevido e que teve fundamento na cobrança 
equivocada do accipiens. 
 
Exemplo: cobrança de taxas imobiliária, estacionamento por perda de ticket. 
 
Exceção - Súmula 322 do STJ: Para a repetição de indébito, nos contratos 
de abertura de crédito em contracorrente, não se exige a prova do erro. 
 
* Contrato de abertura de crédito em contracorrente: de um lado o banco e 
do outro o cliente (partes do contrato). Exemplo: banco cobrou indevidamente 
determinada tarifa. 
 
Obrigação de fazer e de não fazer (art. 881): Se o pagamento indevido 
tiver consistido no desempenho de obrigação de fazer ou para eximir-se da 
obrigação de não fazer, aquele que recebeu a prestação fica na obrigação de 
indenizar o que a cumpriu, na medida do lucro obtido. Exemplo: obrigação de fazer: 
João (pedreiro), por erro, construiu o muro de Lucas, quando deveria ter construído o 
muro para Maria. 
 
Boa-fé e má-fé (art. 878): aos frutos, acessões, benfeitorias e deteriorações 
sobrevindas à coisa dada em pagamento indevido, aplica-se o disposto neste Código 
sobre o possuidor de boa-fé ou de má-fé, conforme o caso. Exemplo: Recebeu 
imóvel alheio de boa-fé, e alugou, terá direito a estes frutos. 
 
Também terá direito de retenção e indenização quanto às benfeitorias 
necessárias e úteis. Já aquele que recebeu o imóvel, estando de má-fé, não terá 
direito a frutos. Quanto às benfeitorias, terá somente direito de indenização quanto 
às necessárias. 
 
Ao contrário do que alguns possam pensar, no caso de pagamento indevido 
não cabe repetição em dobro do valor pago. Na realidade, por meio da actio in rem 
verso poderá o prejudicado, em regra, pleitear o valor pago atualizado, acrescido de 
juros, custas, honorários advocatícios e despesas processuais. Havendo má-fé da 
outra parte, essa induz a culpa, cabendo ainda reparação por perdas e danos 
(prejuízos). 
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Entretanto, a lei consagra alguns casos em que cabe pleitear o valor em 
dobro. Inicialmente, o art. 940 da atual codificação traz a regra pela qual aquele que 
demandar por dívida já paga, no todo ou em parte, sem ressalvar as quantias 
recebidas ou pedir mais do que for devido, ficará obrigado a pagar ao devedor, no 
primeirocaso, o dobro do que houver cobrado e, no segundo, o equivalente do que 
dele exigir, salvo se houver prescrição. 
 
Outra regra importante consta do art. 42, parágrafo único, do CDC (Lei 
8.078/1990), pelo qual, na ação de repetição de indébito, poderá o consumidor 
pleitear o valor pago em dobro. Como exemplo, cite-se a costumeira cobrança 
abusiva de taxas por incorporadoras imobiliárias. Não havendo fundamento para tal 
cobrança, caberá a referida ação de repetição de indébito. 
 
Recebimento de imóvel (art. 879): se o terceiro adquiriu o imóvel a título 
oneroso e de boa-fé, o proprietário que o entregou indevidamente, não obterá 
sucesso na reivindicação. 
 
Resumo: 
- se o pagamento indevido for bem imóvel, o proprietário, provado o erro, terá 
direito a reivindicação: 
a) sem o bem ainda se encontra em poder do accipiens; 
b) se o accipiens o alienou a título gratuito; 
c) se o alienou a título oneroso e o terceiro adquirente agiu de má-fé. 
 
PARA FIXAR O ENTENDIMENTO: 
A – pagou 
B – recebeu 
C – terceiro 
 
- Se A entregou indevidamente imóvel a B, este com boa-fé, este (B) 
transferiu para C onerosamente, estando este com boa-fé, B restituirá para A o que 
recebeu de C, este fica com o imóvel. 
- Se A entregou indevidamente imóvel a B, este com boa-fé, este (B) 
transferiu para C onerosamente, estando este com má-fé, B restituirá para A o que 
recebeu de C, acrescido de perdas e danos. 
- Se A entregou indevidamente imóvel diretamente a C (terceiro), 
oneroso/gratuito, este com má-fé, caberá a A que pagou por erro o direito de 
reivindicação. 
 
NÃO PODE PEDIR DE VOLTA: 
- Art. 880: trata de recebimento de boa-fé de dívida verdadeira, paga por 
quem descobre, posteriormente, não ser o devedor. Exemplo: sócio que paga a 
dívida pensando ser da empresa, quando na realidade era do outro sócio como 
pessoa natural e o credor recebe com boa-fé. 
 
- Art. 882. Não se pode repetir o que se pagou para solver dívida prescrita, 
ou cumprir obrigação judicialmente inexigível. Exemplo: A devedor de B no valor de 
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R$ 500,00, dívida esta de jogo de cartas. Se A paga não pode entra com a ação de 
repetição de indébito (pedir) de volta: dívida natural. 
 
- Art. 883. Não terá direito à repetição aquele que deu alguma coisa para 
obter fim ilícito, imoral, ou proibido por lei. Exemplo: A ajustou com B para que este 
mate C, por 1.000,00. 
 
ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA (arts. 884 a 886, CC): 
 
Conceito: aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, 
será obrigado a restituir o indevidamente auferido, feita a atualização dos valores 
monetários. 
 
Está baseado no princípio da eticidade, visando ao equilíbrio patrimonial e à 
pacificação social. 
 
Princípios: função social, boa-fé objetiva, evitar locupletamento (aumento de 
bens ilegal), valorização do trabalho justo. 
 
De acordo com o Direito Civil Contemporâneo, concebido na pós-
modernidade e a partir dos ditames sociais e éticos, não se admite qualquer conduta 
baseada na especulação, no locupletamento sem razão. 
 
Desse modo, o enriquecimento sem causa constitui fonte obrigacional, ao 
mesmo tempo em que a sua vedação decorre dos princípios da função social das 
obrigações e da boa-fé objetiva. O atual Código Civil brasileiro valoriza aquele que 
trabalha, e não aquele que fica à espreita esperando um golpe de mestre para 
enriquecer-se à custa de outrem. 
 
O CC/2002 é inimigo do especulador, daquele que busca capitalizar-se 
mediante o trabalho alheio. Várias são as ações que têm como objetivo evitar o 
locupletamento sem razão, sendo a principal a de repetição de indébito no caso de 
pagamento indevido, que é espécie de enriquecimento sem causa, conforme 
anteriormente afirmado e explicado em aula. 
 
Consigne-se que toda situação em que alguém recebe algo indevido visa ao 
enriquecimento sem causa. Mas, em algumas situações, poderá haver conduta 
visando ao enriquecimento sem causa, sem que tenha havido pagamento indevido. 
Cite-se a título de exemplo, a invasão de um imóvel com finalidade de adquirir a sua 
propriedade. 
 
MEDIDA JUDICIAL: ação in rem verso (locupletamento ilícito, repetição de 
indébito). 
 
Pressupostos: 
a) o enriquecimento do accipiens (de quem recebe); 
b) o empobrecimento do solvens quem paga); 
c) a relação de causalidade entre o enriquecimento e o empobrecimento; 
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d) a inexistência de causa jurídica prevista por convenção das partes ou pela 
lei; 
e) a inexistência de ação específica. 
 
Parágrafo único do art. 884, CC: se o enriquecimento tiver por objeto coisa 
determinada, quem a recebeu é obrigado a restituí-la, e, se a coisa não mais 
subsistir, a restituição se fará pelo valor do bem na época em que foi exigido. 
 
Todavia, destaque-se que de acordo com o Enunciado 35, aprovado na I 
Jornada de Direito Civil do Conselho da Justiça Federal, "a expressão se enriquecer 
à custa de outrem do art. 884 do novo Código Civil não significa, necessariamente, 
que deverá haver empobrecimento". A doutrina atual vem e será esta a tendência, 
portanto, afastando tal requisito do empobrecimento, mas ainda não é pacífico o 
entendimento. 
 
Quando da III Jornada foi aprovado o Enunciado 188, também aplicável ao 
tema, com a seguinte redação: "A existência de negócio jurídico válido e eficaz é, em 
regra, uma justa causa para o enriquecimento". Pelo enunciado doutrinário, presente 
um contrato válido e gerando efeitos que trazem o enriquecimento de alguém, em 
regra, não se pode falar em locupletamento sem razão. Isso desde que o contrato 
não viole os princípios da função social e da boa-fé objetiva e também não gere 
onerosidade excessiva, desproporção negocial. 
 
Art. 885. A restituição é devida, não só quando não tenha havido causa que 
justifique o enriquecimento, mas também se esta deixou de existir. 
 
- Exemplo: pagamento de uma taxa que deixou de existir por lei, e uma 
parte continua cobrando. 
 
- Exemplo: recebimento de aluguel, quando após o término do contrato de 
locação. 
 
Art. 886. Não caberá a restituição por enriquecimento, se a lei conferir ao 
lesado outros meios para se ressarcir do prejuízo sofrido. 
 
 
JURISPRUDÊNCIA: 
 
Tribunal de Justiça de Minas Gerais: "Ação de cobrança. Pagamento indevido. 
Enriquecimento ilícito. Restituição. Recurso a que se nega provimento. O 
enriquecimento sem causa tem como pressuposto um acréscimo patrimonial 
injustificado e a finalidade de restituição ao patrimônio de quem empobreceu. Ele 
encontra seu fundamento no velho princípio de justiça suum cuique tribuere, dar a 
cada um o que é seu. Nessa toada, em que pesem a alardeada boa-fé e a situação 
econômica precária, com base simplesmente na concepção pura do enriquecimento 
sem causa, constata-se a necessidade de o Apelante restituir os valores recebidos 
indevidamente ao Apelado" (TJMG, Acórdão 1.0024.06.025798-7/001, Belo 
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Horizonte, 13.a Câmara Cível, Rel.a Des.a Cláudia Maia, j. 10.05.2007, DJMG 
25.05.2007). 
 
Tribunal de Justiça de São Paulo: PROMESSA DE RECOMPENSA - Prêmio ao 
vencedor de rodeio promovido pela apelada - Prova de que, antes de sua realização, 
a promessa teria sido alterada, com comunicação aos participantes - Direito de o 
promitente assim proceder, nos termos da Lei Civil - Improcedência bem decretada, 
apelo improvido. 
 
Tribunal de Justiça de São Paulo: Ação de prestação de contas. Improcedência na 
origem. Apelação dos autores Falta de prova demandato, gestão de negócios ou 
atuação do réu em qualquer contrato em nome dos autores. Não veio aos autos 
instrumento de mandato algum; e sem a mínima evidência de que o apelado tenha 
adquirido cotas de consórcio em nome dos apelantes, gerindo seus negócios, por 
força de alegadas "procurações verbais", não se poderia chegar a solução diversas 
daquela dada na origem. Cabia aos apelantes comprovar os fatos constitutivos de 
seu direito (artigo 333, I, do CPC); não faz sentido o pleito de que o juiz se investisse 
em função investigativa para apurar fatos de seu interesse. 
 
Tribunal de Justiça de Minas Gerais: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE 
INDENIZAÇÃO - PACOTE DE VIAGEM - LOCAÇÃO DE VEÍCULO - PAGAMENTO 
ANTECIPADO DESCONSIDERADO - NOVA COBRANÇA - PAGAMENTO - 
RESTITUÇÃO EM DOBRO - REQUISITOS - DANOS MORAIS - MEROS 
ABORRECIMENTOS - INDEFERIMENTO MANTIDO. Quem recebe PAGAMENTO 
INDEVIDO deve restituí-lo para obviar o enriquecimento INDEVIDO. O direito à 
repetição em dobro requer a presença de dois requisitos: que a quantia cobrada seja 
indevida e comprovação da má-fé do credor. Configurada a cobrança indevida, bem 
como a má-fé do credor na hipótese sub judice, justifica-se a dobra legal. O mero 
dissabor não pode ser alçado ao patamar do dano moral, mas somente aquela 
agressão que exacerba a naturalidade dos fatos da vida, causando fundadas aflições 
ou angústias no espírito de quem ela se dirige. Precedentes do STJ. 
 
MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES: 
 
OBRIGAÇÕES DE DAR 
 
Conceito – são aquelas onde o devedor se compromete a entregar alguma 
coisa (móvel ou imóvel) ao credor (tradição ou transcrição – transferência de domínio 
– entrega da coisa). Implica na entrega de alguma coisa ao credor, seja transferindo-
lhe a propriedade, a posse ou apenas o uso. 
 
O verbo dar deve ser entendido como o ato de entregar. A obrigação de dar 
se desdobra em obrigação de dar coisa certa ou incerta, e também em obrigação de 
dar propriamente dita e obrigação de restituir. 
 
IMPORTANTE: Há uma fundamental diferença entre ambas, pois na 
obrigação de restituir, a coisa já pertence ao credor, apenas temporariamente está 
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com o devedor. Como seu nome já indica, caracteriza-se por envolver uma 
devolução. Exemplo: obrigação do depositário no contrato de depósito. 
 
Regra básica: art. 313 CC. - identidade da coisa devida – o devedor não se 
exonera com a entrega de outra coisa, ainda que mais valiosa. Em contrapartida o 
credor não pode exigir coisa diversa, ainda que menos valiosa. 
 
Na clássica definição de Clóvis Beviláqua “é aquela cuja prestação consiste 
na entrega de uma coisa móvel ou imóvel, seja para constituir um direito real, seja 
somente para facultar o uso, ou ainda, a simples detenção, seja finalmente, para 
restituí-la ao seu dono”. A definição compreende duas espécies de obrigações: a de 
dar, propriamente dita, e a de restituir. 
 
O conceito pode ser resumido em uma única frase: é a obrigação de 
efetuar a tradição (do latim tradere, que significa entregar; traditio = entrega do 
bem). 
 
 
IMPORTANTÍSSIMO: 
 
Somente com a entrega do bem, adquire-se a propriedade de bem móveis; já 
os bens imóveis são adquiridos com o registro ou transcrição do título da escritura 
pública no Registro de Imóveis. Conclui-se que no direito brasileiro o contrato 
apenas gera obrigação de dar, não transferindo o domínio. 
 
Perecimento e deterioração da coisa: 
Prevalece a regra res perit dornino, ou seja, a coisa perece para o dono; 
portanto, se a coisa desapareceu antes da tradição, quem perde é o alienante. 
 
Perecimento: havendo o perecimento (perda total) da coisa, deve-se 
verificar se houve ou não culpa (IMPORTANTE) do devedor. Não havendo a culpa, 
resolve-se a obrigação (status quo ante), sem qualquer responsabilidade. Se o 
perecimento ocorreu por culpa do devedor, haverá obrigação de pagar o equivalente 
em dinheiro, mais perdas e danos, desde que provado o prejuízo. 
 
Deterioração: é a perda parcial da coisa; também nesse caso deve-se 
observar se houve ou não a culpa do devedor. Não havendo culpa, o credor poderá 
optar por desfazer o negócio, ou ficar com a coisa mediante abatimento do preço 
avençado. Se houve culpa do devedor, as opções continuam as mesmas, acrescidas 
do pedido de perdas e danos, desde que provado o prejuízo. 
 
Obrigação de dar coisa certa (art. 233 a 237 do CC): 
 
Estabelece entre as partes um vínculo, através do qual o devedor se 
compromete a entregar ou restituir ao credor um objeto perfeitamente determinado, 
considerando sua individualidade. Exemplo: um cavalo de corridas, uma joia 
específica, uma determinada tela, etc. 
 
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Pressupõe a lei que nenhuma outra coisa o interessa, ainda que de mais 
valor. Art. 313, CC. O pagamento de qualquer outra coisa, ainda que mais valiosa 
depende de novo acordo entre as partes, pois depende do consentimento do credor. 
 
O intuito do credor é obter aquela coisa, objeto do contrato, que o agrada por 
suas qualidades intrínsecas. Abrange os acessórios da coisa, a menos que 
expressamente se estipule em contrário (art. 233 CC). Exemplo: se “A” vender seu 
carro a “B”, presume-se que todos os acessórios são vendidos juntos (roda de liga 
leve, mp3, dvd), a não ser que vendedor e comprador estipulem o contrário. 
 
a) Perda da coisa antes da tradição (Art. 234 CC): 
 
Sem culpa do devedor: extingue-se a obrigação, voltando às partes à 
situação original. 
 
Com culpa do devedor: responde este pelo equivalente e mais as perdas e 
danos 
 
Observações: Podem as partes estipular (em contrato) que o devedor 
responda por perdas e danos em caso de fortuito ou força maior (expressamente) – 
mandamentos do Art. 393, CC. Se nada for estipulado, o devedor só responde em 
caso de culpa. O não cumprimento da obrigação gera presunção de culpa, devendo 
o inadimplente provar que não houve essa culpa. 
 
b) Deterioração da coisa antes da tradição (Arts. 235 e 236 do CC): 
 
Sem culpa do devedor (art. 235 CC): poderá o credor resolver a obrigação 
ou aceitar a coisa com redução do preço (renegociação do preço). 
 
Com culpa do devedor (art. 236 CC): poderá o credor resolver o contrato, 
exigindo o equivalente, ou aceitar a coisa como se encontra renegociando o preço, 
podendo num ou noutro caso reclamar perdas e danos; 
 
c) Os melhoramentos da coisa (art. 237 CC): 
 
Quem se beneficia é o dono (no caso o devedor) enquanto não houver 
tradição: se houver aumento na coisa por fato que não dependa do devedor. 
 
O devedor poderá exigir aumento no preço, resolvendo a obrigação se o 
credor não concordar; os frutos já percebidos são do devedor, e os pendentes do 
credor; se é um animal que deve ser entregue, e antes da tradição fica prenhe 
(independente da vontade do devedor), cabe o pedido de aumento de preço, pois o 
desdobramento ou dilatação da coisa equivale a melhoramento. 
 
Obrigação de restituir coisa certa (artigos 238 e seguintes do CC): 
 
Como já vimos a coisa já pertencia ao credor e estava na posse do devedor 
apenas temporariamente, devendo ser devolvida a seu dono quando solicitada ou 
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quando chegar o termo do contrato. Os casos mais comuns são os de locação, 
comodato (empréstimo gratuito de determinada coisa) e depósito. 
 
 
a) Perda da coisa antes: 
 
Sem culpa do devedor (art. 238 do CC): a obrigação simplesmente se 
resolve e o credor sofre a perda. 
 
Por culpa do devedor (art. 239 do CC): o devedor responde pelo 
equivalentemais as perdas e danos. 
b) Deterioração da coisa (art. 240 do CC): 
 
Sem culpa do devedor: o credor terá que recebê-la no estado em que se 
encontrar, sem qualquer indenização. 
 
Por culpa do devedor: credor pode optar entre exigir o equivalente ou 
aceitar a coisa como se encontra, em qualquer dos casos com o acréscimo de 
perdas e danos. 
c) Os melhoramentos da coisa: 
 
Sem despesa ou trabalho do devedor (art. 241 do CC): o credor será 
simplesmente beneficiado, não precisando pagar qualquer indenização ao devedor, 
porque ele é o dono da coisa. Exemplo: obra da Prefeitura (asfaltamento) numa 
locação residencial. 
 
Com trabalho ou despesa do devedor (art. 242 do CC): ordena a lei que se 
observem os preceitos relativos à posse. São hipóteses de benfeitorias realizadas 
em bem de terceiro, devendo ser aplicados os art. 1.219 a 1.222 quanto às 
benfeitorias e os Arts. 1.214 e 1.216 quanto aos frutos (matéria de direito das 
coisas). 
As benfeitorias: estando de boa-fé o possuidor – será indenizado pelas 
benfeitorias úteis e necessárias, podendo levantar as voluptuárias que não lhe forem 
pagas e desde que não prejudique a estrutura do bem (art. 1.219 do CC); estando de 
má-fé o possuidor, só será indenizado pelas necessárias, perdendo às úteis e 
voluptuárias. Não tem direito à retenção (art. 1.220 do CC). 
 
Os frutos percebidos: estando de boa-fé o possuidor – terá direito aos 
frutos percebidos (art. 1.214 do CC). Os que estejam pendentes quando cessar a 
boa-fé pertencem ao credor devendo ser restituídos, mas podem ser deduzidas as 
despesas de produção e custeio (§ único do art. 1.214 do CC); estando de má-fé o 
possuidor – terá que indenizar o credor por todos os frutos percebidos e até pelos 
que deixou de perceber, podendo requerer às despesas que efetuou com produção e 
custeio (art. 1.216 do CC). 
 
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Observação: o contratante que ocupa um imóvel em virtude de um contrato 
de locação, por exemplo, está de boa-fé. Ao término da locação, contudo, quando 
deveria devolvê-lo, se não o faz cessa a boa-fé e passa a responder pela má-fé. 
 
A questão dos riscos – res perit domino (a coisa perece para o dono) 
 
A regra geral para os riscos é A COISA PERECE PARA O DONO. 
 
Quando se fala em risco, a questão é determinar quem sofre o prejuízo (de 
quem é o risco) no caso da coisa se perder ou se deteriorar sem culpa do devedor 
(no caso de culpa é sempre o culpado quem sofre o prejuízo). 
 
Resumo das regras para quando a coisa se perde sem culpa do 
devedor: 
 
Nas obrigações de dar (onde o devedor, antes da tradição é o dono), 
quem sofre o prejuízo é o devedor (o dono); e 
 
Nas obrigações de restituir (onde o credor é o dono) o prejuízo é do 
credor (mais uma vez o dono). 
 
Obrigação de dar coisa incerta (arts. 243 a 246 do CC): 
 
Tem por objeto a entrega de coisa não considerada em sua individualidade, 
mas no gênero a que pertence, sendo fixada a quantidade. 
 
Ela será mencionada através de referência a esse gênero e quantidade, 
pressupondo ser indiferente ao credor receber uma ou outra, pois, em tese, todas 
são iguais. Considera-se genericamente e não a coisa em si. 
 
Exemplo: comerciante que vendeu X sacas de café, açúcar. Basta 
determinar a marca, não importando se saiu deste ou daquele depósito. Exemplo: 
500 sacas de arroz tipo 1 ou 2. 
 
O devedor se libera da obrigação desde que entregue a quantidade e a 
qualidade avençada, de acordo com o que foi acertado no contrato; no começo da 
relação obrigacional o objeto é genérico, indeterminado, mas terá que ser 
determinável, indicado pelo gênero e quantidade (art. 243 do CC). 
 
A escolha: 
 
Para que a obrigação possa ser cumprida, a coisa precisará ser 
individualizada, o que é feito através da escolha. O contrato deverá indicar a quem 
pertence o direito de escolha, se nada indicar pertencerá do devedor (art. 244, 1ª 
parte, do CC), pois o cumprimento da obrigação deverá ser menos onerosa possível 
para o devedor. 
 
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O devedor deverá escolher um meio-termo de qualidade (art. 244, in fine); 
segundo Silvio Rodrigues, se for do credor o direito de escolha, este poderá escolher 
o de melhor qualidade que houver; já Gustavo Bierambaum, citado pelo Ministro 
Cezar Peluzo, discorda e sustenta que também credor que tiver a opção de escolha 
não poderá eleger o melhor dos bens disponíveis. 
 
Sendo do credor o direito de escolha, será ele citado para fazê-la, sob pena 
de perder tal direito havendo a inversão, passando o devedor a escolher a coisa a 
ser entregue (art. 342 do CC). A regra é de que o credor, depois de notificado, 
exerça a escolha determinada pelo juiz. 
 
Considera-se a escolha feita quando as unidades a serem entreguem são 
separadas do patrimônio do devedor e colocadas à disposição do credor com o 
conhecimento deste. Se o contrato determinar que a coisa deva ser colocada pelo 
devedor em um local específico, à disposição do credor, estará cumprida a obrigação 
com o simples depósito no local estipulado. 
 
Se a coisa a ser entregue ao comprador precisa ser contada, pesada, 
medida ou assinalada e já estiver a sua disposição, ocorrendo a perda neste 
momento, mesmo que por caso fortuito, correrão por conta deste (art. 492, § 1º do 
CC). Feita à escolha, aplica-se às regras das obrigações de dar coisa certa (art. 245 
do CC), pois uma vez individualizado o bem ou os bens eles se tornam coisa certa, e 
tem que dar aqueles. 
 
Os riscos (art. 246 do CC): 
 
Aqui vale a máxima romana de que o gênero não perece (genus nunquan 
perit). O devedor não pode alegar que a coisa se perdeu, pois ainda que não possua 
coisas do mesmo gênero, terá que consegui-las em outro lugar para entregá-las ao 
credor. 
 
Exemplo: o café que o devedor mantinha em seu depósito para entregar ao 
credor apodreceu, terá o devedor que arranjar outro em lugar diverso para entregar 
ao credor. 
 
O bem pode ser substituído livremente por outro do mesmo gênero, assim 
não há como ser extinta a obrigação por perecimento da coisa, porque o devedor 
poderá encontrar a coisa em outro local. 
 
O gênero limitado: 
 
A regra segundo o qual o gênero nunca perece sofre algumas limitações. 
Exemplo: nas obrigações de entregar coisas oriundas de certo local, ou que sejam 
referentes a uma determinada época. 
 
Qualquer delimitação que restrinja o gênero, como ocorre quando a 
obrigação a ser cumprida seja entregar tantos livros de uma determinada edição, 
admite-se a extinção do gênero, havendo impossibilidade absoluta para o 
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cumprimento. Nesse caso, a obrigação se resolverá. Na impede, é claro, que as 
partes acordem e nova edição seja entregue ao credor, mas isso é um novo ajuste. 
 
Se o gênero se reduz a um número muito restrito de unidades, a obrigação 
deixa de ser de dar coisa incerta e passa a ser alternativa. Exemplo: na obrigação de 
dar (entregar) uma das vacas da fazenda do devedor, em virtude de uma enchente 
restaram apenas quatro vacas, a escolha terá de ser feita entre as que sobraram. 
 
 
OBRIGAÇÃO DE FAZER (Artigos 247 a 249 do CC): 
 
É aquela onde a prestação do devedor consiste na observância de um 
determinado comportamento, que pode ser a prática de um ato positivo ou um 
serviço, uma tarefa, material ou imaterial, donde decorre uma vantagem para o 
credor, que pode ser um trabalho físico ou intelectual, científica ou a prática de um 
ato jurídico. Exemplo: construir um edifício ou escrever um poema ou umamúsica, 
etc. Qualquer atividade humana lícita e possível pode ser objeto, tanto para a 
prestação de um trabalho quanto para a promessa de contratar. 
 
Obrigação de dar X obrigação de fazer: 
 
- Em muitos casos essas duas modalidades se entrelaçam de tal 
forma que fica difícil encontrar a distinção entre elas; o nosso 
Código Civil mantém tratamento diferenciado entre as duas 
espécies. 
 
- Segundo Washington de Barros Monteiro a questão básica consiste 
em verificar se o dar é ou não consequência do fazer. Se o devedor 
primeiro precisa confeccionar a coisa para só depois entregá-la, a 
obrigação é de fazer. Em caso contrário, será de dar. 
 
- Já para Sílvio Rodrigues, a principal diferença é que na obrigação 
de dar existe uma prestação de coisa, enquanto na obrigação de 
fazer encontra-se uma prestação de fato. 
 
- Há uma outra ideia que predomina na doutrina: na obrigação de dar 
é sempre possível recorrer ao Poder Judiciário para penhorar, 
arrestar ou de qualquer forma apreender a coisa in obligatione, a fim 
de entregá-la ao credor, enquanto que na obrigação de fazer é 
impossível alcançar uma execução específica, sem séria ofensa à 
liberdade individual. Exemplo: um profissional que descumpre a 
promessa de pintar o retrato do cliente, este não pode obter na 
justiça ordem capaz de alcançar o resultado avençado, pois é 
impossível ao juiz mandar que um oficial de justiça obrigue o 
devedor a pintar a tela, pois tal procedimento seria um gravame à 
liberdade individual. 
 
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- Segundo a tese tradicional, o inadimplemento da obrigação de fazer 
conduz sempre ao ressarcimento das perdas e danos; essa 
concepção é ultrapassada nos casos em que a obrigação de fazer 
consiste na prestação de prestar uma declaração de vontade, pois 
nesse caso, a pedido do requerente o juiz poderá suprir a 
declaração de vontade (art. 464 do CC). 
 
Espécies: 
 
a) Fungíveis – aquelas onde o devedor pode ser substituído por 
outrem sem qualquer problema. Exemplo: pintura de uma 
parede, o conserto do pneu de um carro, etc. 
 
b) Infungíveis – Também chamadas de personalíssimas ou 
intuitu personae. São aquelas onde ao credor só interessa o 
cumprimento da prestação pessoalmente pelo próprio devedor. 
Uma vez que se levam em conta as qualidades pessoais do 
obrigado. Exemplo: confiar o patrocínio de uma causa a um 
ilustre Advogado sem permitir substabelecimento. 
 
Observações: 
 
A infungibilidade deve ser ajustada pelas partes, mas esse ajuste pode ser 
tácito, dependendo das circunstâncias do caso. No caso concreto, havendo dúvida, o 
juiz deverá decidir pela fungibilidade, para atender ao princípio da execução menos 
onerosa para o devedor. 
 
O Código Civil não contemplou claramente esta ideia de infungibilidade, no 
entanto, no art. 247 dispôs essa ideia. A infungibilidade é estipulada em favor do 
credor. A obrigação de fazer infungível se extingue com a morte do devedor, 
enquanto a fungível se transmite por sucessão hereditária. 
 
Descumprimento da Obrigação de fazer: 
 
Duas situações distintas: descumprimento em virtude de impossibilidade e 
recusa do devedor ao cumprimento. 
 
a) IMPOSSIBILIDADE (art. 248 do CC): Sem culpa do devedor ou por 
culpa do devedor: 
- Sem culpa do devedor – a obrigação simplesmente se resolve, 
retornando às partes a situação anterior (status quo ante). Há a 
devolução do valor pago. Exemplo: cantor que perde a voz em 
razão de doença grave. 
 
- Por culpa do devedor – responderá este por perdas e danos. A 
impossibilidade deve ser absoluta. Em se tratando de mera 
dificuldade, a obrigação persiste (art. 106 do CC). Exemplo: 
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construtora que não constrói um prédio após receber o dinheiro dos 
compradores, sem justificativa. 
 
b) RECUSA DO DEVEDOR (art. 247 e 249 do CC): 
 
- Infungível a prestação – responderá o devedor por perdas e danos 
(art. 247 do CC). Exemplo: caso do cantor que não quer fazer o 
show. Não se admite o constrangimento manu militari. A sanção 
ocorre sobre o patrimônio do devedor, pois a sua liberdade 
individual sempre será respeitada. 
 
- Fungível a prestação (art. 249 do CC) – poderá o credor optar 
entre resolver em perdas e danos ou mandar realizar o fato por 
terceiro, às custas do devedor. 
 
 A execução por terceiro deve ser solicitada por intermédio do 
Judiciário. A opção é do credor, não podendo ser alterada pelo Juiz. 
 A realização por terceiro é uma flexibilização da regra de que 
ninguém pode ser coagido a praticar um ato (nemo praecise cogi 
potest ad factum). 
 Na obrigação de pintar um carro, por exemplo, pode o credor 
escolher entre as perdas e danos ou mandar pintar o carro em outra 
oficina, às custas do devedor. 
 
Observações: 
 
Não se admite o constrangimento físico para o cumprimento da obrigação 
quando a recusa for infungível, por isso resolve-se com perdas e danos, pois o que 
se quer é que o devedor cumpra a obrigação; quando a obrigação for fungível é 
possível fazer uso da multa diária (astreinte), e no final, além da astreinte o devedor 
deverá cumprir com a obrigação ajustada. 
 
Obrigação de prestar declaração de vontade: 
 
Possível a execução específica, sem qualquer constrangimento do devedor; 
é a sentença (decisão judicial) que funciona como substituta da declaração de 
vontade (art. 641 do CPC). 
Exemplo ocorre nos casos em que existe um contrato preliminar, com todos 
os requisitos necessários ao contrato definitivo de compra e venda e a parte se 
recusa a assinar o contrato definitivo. 
 
O Código Civil não cogitou deste problema ao tratar das obrigações de fazer, 
no entanto ficou consignado no capítulo destinado aos contratos preliminares em 
seus artigos 463 e seu parágrafo único e art. 464 a possibilidade de suprimento da 
vontade. Só será possível essa substituição da vontade pela sentença se o contrato 
preliminar já trouxer todos os requisitos do contrato definitivo. 
 
OBRIGAÇÕES DE NÃO FAZER: 
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Conceito: é aquela onde o devedor assume o compromisso de se abster de 
um fato, que poderia praticar livremente, não fosse o vínculo que o prende. Exemplo: 
proprietário que se compromete a não construir seu muro além de uma certa altura, 
ou quando uma pessoa se compromete a não vender determinado imóvel, a não ser 
para determinado credor. 
 
Também conhecida como obrigação negativa, enquanto que a obrigação 
de fazer é conhecida como obrigação positiva. O devedor se abstém de fazer porque 
contraiu uma obrigação. Enquanto está em vigor a obrigação de não fazer o devedor 
não poderá fazer o que acordou. Chama-se obrigação CONTÍNUA; 
 
O devedor concorda em restringir a própria liberdade, assumindo o 
compromisso de não praticar um ato que, normalmente, poderia praticar. O 
cumprimento ou adimplemento dessa modalidade de obrigação ocorre de forma toda 
especial, ou seja, pela abstenção mais ou menos prolongada de um fato ou de um 
ato jurídico. A abstenção pode ser limitada ou ilimitada no tempo, sempre se levando 
em conta, é claro, a licitude da situação no campo da moral e dos bons costumes. 
 
 
Condição para sua validade: 
 
A obrigação de não fazer será lícita e, portanto, válida, sempre que não 
envolver restrição sensível à liberdade individual, porque o Estado repugna valorizar 
um vínculo quando seu objeto é alcançar resultado que contrarie com os fins da 
sociedade, porque são imorais ou antissociais, e assim sendo, o direito não lhes 
empresta força coercitiva.Assim, seriam inválidas as obrigações de não casar, não 
trabalhar, não cultuar determinada religião. 
 
Inadimplemento das obrigações de não fazer: 
 
Os princípios aplicáveis aqui são semelhantes aos do descumprimento das 
obrigações de fazer: 
 
Sem culpa do devedor – simplesmente extingue-se a obrigação (art. 250 do 
CC). Se o devedor havia recebido algum adiantamento do credor deverá fazer a 
restituição. 
 
Com culpa do devedor – terá o credor duas opções: 
 
a) Exigir que o devedor o desfaça, sob pena de ser desfeito a sua custa (art. 
251 do CC). Num e noutro caso, cabe as perdas e danos. Esta execução que é a 
específica será sempre a preferida; e 
 
b) Perdas e danos – (art. 389 do CC) - Esta solução somente será utilizada 
se for impossível desfazer o ato. Exemplo: se a obrigação consistia em não cortar 
uma árvore e esta foi cortada pelo devedor. Nessa hipótese não há meios para o 
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desfazimento da obrigação negativa não restando outra alternativa ao credor senão 
pleitear o pagamento das perdas e danos. 
 
Observação: O art. 389 do CC prevê além das perdas e danos o pagamento 
de juros e atualização monetária mais honorários de advogado. 
 
 
EM SUMA: 
 
MODALIDADE ADIMPLEMENTO 
(CUMPRIMENTO) 
INADIMPLEMENTO 
(NÃO CUMPRIMENTO) 
 
POSITIVA: 
DAR (ENTREGAR) 
FAZER 
 
+ 
 
_ 
 
NEGATIVA: 
NÃO FAZER 
 
 
_ 
 
+ 
 
 
OBRIGAÇOES ALTERNATIVAS E CUMULATIVAS (Art. 252 a 256, CC): 
 
A obrigação pode ter apenas uma ou várias prestações. No primeiro caso 
tem-se a obrigação simples. No segundo caso, as obrigações complexas, e dentre 
estas as obrigações podem ser cumulativas (ou conjuntivas) e alternativas (ou 
disjuntivas). 
 
Cumulativas ou conjuntivas: são aquelas onde todas as prestações devem 
ser cumpridas pelo devedor. Na verdade é como se existissem tantas obrigações 
quantas forem as prestações a serem cumpridas, e a cada uma das prestações são 
aplicáveis as regras já estudadas, sendo desnecessário o Código Civil estabelecer 
uma seção com essa modalidade. 
 
Exemplo: em razão da compra de uma casa tenho que pagar R$ 10.000,00 
+ um cavalo + um automóvel. O objeto é composto pela partícula e. 
 
Alternativas ou disjuntivas (ou facultativas) – são aquelas onde o devedor 
se libera cumprindo apenas uma das múltiplas prestações possíveis. 
 
Exemplo: o vendedor que se obriga a substituir a televisão defeituosa ou a 
devolver o dinheiro ao comprador. Cumprindo qualquer uma das duas estará livre o 
devedor. Exemplo: em razão da compra de um automóvel pago R$ 10.000,00 ou um 
cavalo. O objeto composto pela partícula ou. 
 
Para Caio Mário da Silva Pereira é conceituada como “tipo obrigacional em 
que existe unidade de vínculo e pluralidade de prestações, liberando-se, contudo o 
devedor mediante o pagamento de uma só delas” (grifo nosso). 
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Traços fundamentais das obrigações alternativas: 
 
a) A pluralidade de prestações; e 
b) A liberação do devedor pelo cumprimento de apenas uma delas. 
 
Vantagens das Obrigações alternativas: 
 
- Para o devedor – permite optar pela prestação que lhe for menos 
onerosa; 
 
- Para o credor – dá maior segurança de que a prestação será 
efetivamente cumprida; 
 
- Nada obsta que uma das prestações alternativas seja de dar e a 
outra seja de fazer, ou de não-fazer. Enfim, as diversas 
modalidades de prestações podem ser combinadas entre si. 
 
A concentração (a escolha) 
 
A concentração implica numa escolha, através da qual ficará perfeitamente 
delineada a obrigação a ser cumprida. As partes podem livremente estipular a quem 
caberá o direito de escolha. Se outra coisa não se estipulou a escolha caberá ao 
devedor (art. 252 CC). 
 
O motivo é o mesmo das obrigações genéricas (de dar coisa incerta): é para 
o atendimento ao princípio de que a execução possa ser a menos onerosa possível 
para o devedor (supõe-se que este escolherá a prestação menos onerosa). Uma vez 
feita a escolha, somente a prestação escolhida é devida, e a obrigação deixa de ser 
complexa e passa a ser simples. 
 
O devedor não pode obrigar o credor a receber parte em uma prestação e 
parte em outra (art. 252 §1º CC). A mesma regra vale para o credor: se for este 
quem tiver o direito de escolha, não poderá exigir que o devedor lhe pague parte em 
uma prestação e parte em outra. Mas nada impede que as partes acertem 
(transijam). 
 
A parte a quem cabe a escolha pode livremente mudar a prestação 
escolhida, desde que a outra parte ainda não tenha tido conhecimento da escolha 
feita. Comunicada a escolha, contudo, a mesma será irretratável unilateralmente. 
 
Nada impede também que as partes entrem em acordo. Por isso é que se diz 
que a escolha é uma declaração receptícia de vontade, isto é, é uma manifestação 
de vontade destinada à outra parte. O direito de escolha transmite-se, em caso de 
morte, aos herdeiros do credor ou do devedor. 
 
Em se tratando de prestações periódicas, a escolha poderá ser realizada em 
cada período, no momento do cumprimento da prestação (art. 252, § 2º do CC). 
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Exemplo: se o devedor se obriga a pagar ao credor, anualmente 100 sacas 
de feijão ou R$ 1.000,00, a cada ano que passa ele poderá optar a forma que 
cumprirá a sua prestação, ora pela entrega das 100 sacas de feijão ora pelo 
pagamento da quantia de R$ 1.000,00, pois a escolha que fez num ano não o obriga 
a mantê-la no ano seguinte. 
 
Sendo alternativa a obrigação e havendo pluralidade de optantes, se não 
houver unanimidade entre eles, caberá ao juiz decidir a coisa a ser escolhida, se 
assinalar prazo para que o façam e estes não o fizerem no termo estabelecido (art. 
252, § 3º do CC); se ficar estipulado no contrato que caberá a terceiro realizar a 
escolha, se este não o fizer caberá ao juiz fazê-lo caso não haja acordo entre as 
partes (art. 252, § 4º do CC). 
 
A impossibilidade de uma das prestações: 
 
Se a escolha competir ao devedor: é irrelevante saber se houve culpa ou 
não pela impossibilidade. De qualquer forma, concentra-se a obrigação na prestação 
remanescente (art. 253 do CC); e Sendo várias as prestações possíveis, persiste a 
alternatividade quanto às remanescentes. 
 
Se a escolha competir ao credor: importante saber se houve ou não culpa 
do devedor: 
 
Não havendo culpa do devedor – o credor simplesmente terá que se 
contentar com uma das prestações remanescentes; e 
 
Havendo culpa do devedor – o credor poderá escolher ou a prestação 
subsistente ou o valor de qualquer das obrigações, além das perdas e danos (art. 
255, 1ª parte do CC). 
 
A impossibilidade de todas as prestações: 
Se não houve culpa do devedor: simplesmente extingue-se a obrigação 
(art. 256 do CC). Isto se o devedor não estava em mora. Havendo essa mora, não há 
tal efeito liberatório (art. 399 do CC), porque já deveria ter cumprido a obrigação e 
não o fez. Paga pelas perdas e danos. 
 
Se houve culpa do devedor: a solução varia conforme a parte que detém o 
direito de escolha: 
 
Se a escolha pertencer ao devedor: ficará ele obrigado a pagar o valor da 
prestação que por último se impossibilitou, acrescido de perdas e danos (art. 254 do 
CC). 
Se a escolha for do credor: este poderá reclamar o valor de qualquer das 
prestações, acrescido de perdas e danos (art. 255, 2ª parte do CC). 
 
UNINORTE LAUREATE <CENTRO UNIVERSITÁRIO DO NORTE> 
 
UNINORTE-LAUREATE –Página 48 de 68JUSRISPRUDÊNCIA: 
 
- TJSP: Os acessórios de bem alienado fiduciariamente deve ser restituídos ao 
banco por ocasião do cumprimento da liminar concedida em ação de busca e 
apreensão. 
 
- TJSP: A ação de dar coisa certa é inadequada se o bem não foi identificado quanto 
a sua quantidade e gênero. 
 
- TJSC: A partir da tradição da mercadoria, sofre o comprador as consequências de 
sua perda ou deterioração, tal como exprime o velho brocardo jurídico, res perit 
domino. Na comercialização de açúcar para o mercado externo, o domínio 
aperfeiçoa-se, em termos de transferência, através de sua entrega a bordo. A partir 
desse momento, os defeitos que apresentar por força do transporte, da descarga e 
do armazenamento, não mais podem ser imputados ao vendedor. 
 
- TJSP: Obrigação de fazer. Pedido judicial objetivando restabelecer o fornecimento 
de água na unidade condominial do autor. Condomínio que, possuindo meios 
processuais e legais para a cobrança das cotas em atraso, não está legalmente 
autorizado a proceder a interrupção de serviço essencial (fornecimento de água) ao 
condômino inadimplente. 
 
- TJRS: Contrato. Obrigação de escritura de compra e venda de imóvel financiado. 
Tendo o adquirente (comprador) satisfeito todas as suas obrigações – pagamento do 
preço e de prestações atrasadas do financiamento – e faltando o alienante 
(vendedor) cumprir a transferência do financiamento quando veio a falecer, resulta 
em benefício do primeiro a quitação pelo seguro do saldo devedor do financiamento. 
Dever do espólio outorgar a escritura definitiva. 
 
- TJSP: Alienação fiduciária. Obrigação de devolver o bem em 24 horas ou o 
equivalente em dinheiro. Veículo roubado. Uma vez perecido o bem, mantém-se a 
obrigação do pagamento do equivalente. Perecimento do bem não extingue a 
obrigação, que é alternativa. 
 
OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS, INDIVISÍVEIS E SOLIDÁRIAS (artigos 257 a 285 do 
CC) 
 
OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS: 
 
Nesses tipos de obrigações somente interessa quando há multiplicidade de 
sujeitos (obrigação composta); portanto, quando temos apenas um credor e um 
devedor, sua distinção é irrelevante (obrigação simples). 
 
Obrigação divisível é aquela cuja prestação é suscetível de cumprimento 
parcial, sem prejuízo de sua substância e de seu valor. Assim, o que pode ser 
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fracionado em partes homogêneas e distintas, sem alteração das suas qualidades 
essenciais e sem desvalorização é considerado coisa divisível. 
 
Havendo pluralidade de credores ou de devedores, e sendo divisível a 
obrigação, esta se divide em tantas obrigações autônomas quantas forem às partes 
(credores ou devedores) – concursu partes fiunt -, e cada credor só poderá exigir a 
sua quota-parte, assim como cada devedor só estará obrigado a pagar a sua quota, 
art. 257 do CC. 
 
EXEMPLO: Se três devedores se comprometem a entregar ao credor 03 mil 
tijolos, cada um deles irá se desobrigar entregando cada um o milheiro que lhe 
compete, porque se nada for estipulado em contrário, a lei presume que as partes 
dos devedores eram iguais: 
 
DEVEDORES 
 
OBJETO (PRESTAÇÃO) CREDOR 
MARCOS (1.000 tijolos) Entregar: 
LUIZ (1.000 tijolos) 3.OOO tijolos TÍCIO 
ANA (1.000 tijolos) 
 
CREDORES OBJETO (PRESTAÇÃO) DEVEDOR 
 
MARCOS (1.000 tijolos) Entregar: 
LUIZ (1.000 tijolos) 3.OOO tijolos TÍCIO 
ANA (1.000 tijolos) 
 
Para Ricardo Fiúza: 
 
“São divisíveis as obrigações cujas prestações podem ser cumpridas 
parcialmente e cada um dos devedores só estará obrigado a pagar a sua parte da 
dívida, assim como cada credor só poderá exigir a sua porção do crédito”. 
 
Complementa: “Diferentemente do que ocorre com as obrigações 
alternativas, aqui a prestação é uma só, a pluralidade é dos sujeitos da obrigação; 
por fim, se houver um só credor e um só devedor, a obrigação será sempre 
indivisível, já que nem o credor estaria obrigado a receber pagamentos parciais, nem 
o devedor estaria compelido a fazê-los˝. 
 
JURISPRUDÊNCIA: Embargos do devedor (recurso processual). 
Solidariedade. Obrigação divisível. A decisão no processo de conhecimento apenas 
condenou as rés ao pagamento da quantia em dinheiro. Não é possível presumir a 
solidariedade, esta resulta da lei ou do contrato. Obrigação em dinheiro é divisível. 
Recurso provido (TJRS). 
 
OBRIGAÇÕES INDIVISÍVEIS: 
 
Diz-se indivisível a obrigação caracterizada pela impossibilidade natural ou 
jurídica de fracionar a prestação, na qual cada devedor é obrigado pela totalidade da 
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prestação e cada credor só pode exigi-la por inteiro (Ricardo Fiuza). Também 
ocorre nas obrigações compostas pela multiplicidade de sujeitos. 
 
O novo Código inova o direito anterior, não, somente pelo acréscimo do 
conceito de obrigação indivisível, como, sobretudo por deixar claro que a 
indivisibilidade não decorre apenas da natureza da prestação (indivisibilidade 
física) ou da lei (indivisibilidade legal), mas também por motivo de ordem 
econômica, posição que já era trilhada pela doutrina. Ou seja, é também indivisível 
a prestação cujo cumprimento parcial implique a perda de sua viabilidade econômica. 
 
Em suma: 
Segundo Sílvio Rodrigues, a obrigação é indivisível quando indivisível for seu 
objeto. Seu fracionamento alterará sua substância ou representa sensível diminuição 
de seu valor, e neste caso, as obrigações de entregar tais objetos são 
consequentemente indivisíveis. Exemplos: um quadro, uma espingarda, um animal. 
VALE RELEMBRAR O ESTUDO SOBRE BENS (CIVIL – PARTE GERAL): 
Dos Bens Divisíveis (Código Civil) 
Art. 87. Bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na sua 
substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam. 
Art. 88. Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por 
determinação da lei ou por vontade das partes. 
 
ESPÉCIES DE INDIVISIBILIDADE: 
 
Natural ou física – decorre da própria natureza do bem, pois a sua divisão 
implica considerável perda de seu valor ou o bem se perde (Art. 87 do CC). 
 
Exemplo: pedra preciosa (perde o valor), pistola (deixa de ser uma pistola). 
 
Convencional – por convenção das partes. Normalmente é estabelecida em 
benefício do credor, uma vez que poderá cobrar a totalidade da prestação de 
qualquer um dos devedores. Podendo ser uma vantagem para os devedores, em 
relação às obrigações solidárias, se perder a qualidade de indivisível que se 
resolverá em perdas e danos, transformando-se então em obrigação divisível (Art. 
263, CC). 
 
Legal – decorre da lei, pouco importa que a prestação seja naturalmente 
divisível (Art. 88 do CC). 
 
Exemplos: servidão (Art. 1.386 do CC); herança antes da partilha (Art. 
1.791, parágrafo único). 
 
Observação: a indivisibilidade da obrigação seja qual for sua origem, 
representa sempre vantagem para o credor, que podendo cobrar a dívida de 
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qualquer dos coobrigados, certamente cobrará do devedor com mais condições de 
saldar a dívida. 
 
Exemplo: dois negociantes se comprometem a entregar um quadro para o 
credor, é claro que satisfaz a obrigação receber de um deles uma parte ideal de cada 
negociante. Ao negociante (credor) somente interessa a tela inteira e por esse motivo 
que esta obrigação é considerada indivisível, permitindo ao credor demandar contra 
qualquer dos negociantes devedores para receber sua tela. 
 
DEVEDORES 
 
OBJETO (PRESTAÇÃO) CREDOR 
 Entregar: 
LUIZ 01 QUADRO TÍCIO 
ANA 
 
AS MODALIDADES DE OBRIGAÇÕESQUE PODEM SER DIVISÍVEIS OU 
INDIVISÍVEIS: 
 
- Tanto as obrigações de dar quanto às de fazer podem ser divisíveis; 
- As obrigações de restituir são normalmente indivisíveis, porque o credor 
não está obrigado a receber em partes a coisa que se achava em mãos do devedor, 
mas que sempre lhe pertence; 
- As obrigações de fazer são indivisíveis quando forem infungíveis ou tiverem 
por objeto um trabalho completo. Exemplo: construção de uma casa ou confecção de 
uma estátua (estes trabalhos podem ser compostos de partes, mas cada parte não é 
autônoma, somente existindo em função do todo); 
- As de fazer fungível podem ser divisíveis. Ex.: 1000 camisas em 5 parcelas; 
- As obrigações de não-fazer, via de regra, são indivisíveis: ou o devedor se 
abstém de praticar o ato ou não. 
 
CONSEQÜÊNCIAS DA INDIVISIBILIDADE: 
 
Na pluralidade de devedores: 
 
Cada codevedor responde pelo total da obrigação, embora só deva parte 
dela (art. 259 do CC). Não esqueça que dentro de cada polo ativo e passivo 
persiste a divisibilidade. O devedor que paga o total da dívida, sub-roga-se 
(substitui) nos direitos do credor contra os demais codevedores, descontada a sua 
própria parte (art. 259, parágrafo único do CC). 
 
Convertendo-se a obrigação em perdas e danos, cessa a 
indivisibilidade, passando cada devedor a responder só pela sua parte (art. 263 do 
CC), sendo em partes iguais se houver culpa de todos (art. 263, § 1º), ou só o 
devedor culpado, se apenas de um deles for a culpa pelo inadimplemento, ficando os 
demais exonerados (art. 263, § 2º) pelo acréscimo em relação ao prejuízo, isto é, o 
devedor sem culpa deve pagar apenas sua quota (equivalente sem o acréscimo das 
perdas e danos). 
 
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Se um dos devedores se tornar insolvente (quando as dívidas excederem ao 
valor dos bens que possui), o credor poderá demandar qualquer dos outros pela 
dívida integral, e os devedores sofrerão o prejuízo, dividindo entre si a quota do 
insolvente. 
 
Em suma: Não pode o codevedor de prestação indivisível quitar 
parcialmente a dívida, ou seja, mesmo não estando obrigado pela dívida toda, deve 
pagá-la integralmente, pois não pode dividir a obrigação. Não se trata de 
solidariedade, como veremos mais adiante, em que o devedor deve o todo. 
 
Na pluralidade de credores: 
 
Cada credor pode exigir a dívida inteira. Mas o devedor só se exonera se 
pagar a todos os credores em conjunto ou a um se este estiver autorizado pelos 
demais, ou se o credor que recebeu prestar caução (garantia) de ratificação dos 
demais (art. 260 do CC). 
 
Na falta de caução, o devedor não pagará a apenas um dos credores, e só 
oferecerá a coisa devida a todos, conjuntamente. E se um só dos credores se 
recusar a receber, todos os credores incorrerão em mora accipiendi (mora dos 
credores). 
 
Essa caução nada mais é do que uma garantia oferecida pelo credor que 
recebe o pagamento de que os outros cocredores o reputam válido e não cobrarão 
posteriormente do devedor as suas quotas no crédito. 
 
Os demais credores podem exigir sua parte em dinheiro daquele que 
recebeu o pagamento integral (art. 261 do CC). O credor não pode recusar o 
pagamento por inteiro, sob pena de ser constituído em mora. 
 
A remissão (perdão) do débito por parte de um dos credores não atingirá o 
direito dos demais, pois a dívida não se extinguirá com relação aos outros. 
Entretanto os credores somente poderão exigir a dívida do devedor descontada a 
quota do credor remitente (art. 262 do CC), transformando a obrigação em divisível. 
 
Ocorrendo indivisibilidade o credor pode exigir de qualquer dos devedores o 
pagamento integral da prestação, apesar de, a rigor, estes somente deverem parte 
da prestação. Entretanto, em razão da indivisibilidade são obrigados a pagar a 
integralidade da prestação, podendo, este devedor que pagar integralmente a dívida 
sub-rogar (substituir) contra o outro devedor e receber a outra parte da prestação. 
 
Em contrapartida, sendo vários credores e apenas um devedor, este, na 
hipótese de indivisibilidade, se libera da dívida pagando integralmente a dívida a 
apenas um dos credores. Em rigor, a pessoa que recebe o pagamento é credora 
apenas de uma parte, mas que em razão dessas circunstâncias recebe a prestação 
por inteiro. 
 
CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES: 
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- Na obrigação divisível, cada devedor se exonera pagando apenas a sua 
quota-parte, e cada credor não tem direito a receber nada além de sua parcela. 
 
- Já na obrigação indivisível, cada credor pode exigir o total e cada devedor 
está obrigado a pagar esse total a um dos credores. Isso é em razão da natureza de 
seu objeto da convenção ou da lei, insuscetível de ser repartido. 
 
No caso de solidariedade, ao contrário, a possibilidade da prestação ser 
prestada ou exigida por inteiro vem da própria lei, que assim que o determina, ou de 
convenção existente entre as partes, como veremos em seguida. 
 
Ressalta-se, que a questão da indivisibilidade da prestação somente é 
possível na hipótese de haver pluralidade de credores ou de devedores, ou de 
ambos, porque, havendo um só credor e um só devedor, é irrelevante indagar se a 
prestação é indivisível ou não. 
 
 
OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS: 
 
CONCEITO 
 
O conceito de solidariedade pode ser encontrado no artigo 264 do CC, senão 
vejamos: 
 
“Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um credor 
(ativa), ou mais de um devedor (passiva), cada um com direito, ou obrigado, à dívida 
toda”. 
 
Assim: 
 
Na solidariedade ativa cada um dos credores pode exigir do devedor comum 
o pagamento integral da dívida. 
 
 
SOLIDARIEDADE ATIVA: 
 
Na solidariedade ativa cada credor pode exigir do devedor o pagamento 
integral ou parcial da dívida. 
 
SOLIDARIEDADE PASSIVA: 
 
Na solidariedade passiva o credor pode escolher um ou alguns dos 
devedores para dele exigir o pagamento integral ou parcial da dívida. 
 
SOLIDARIEDADE MISTA: 
 
Na solidariedade mista existem vários credores e vários devedores, e 
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qualquer dos credores pode cobrar a dívida de qualquer um dos devedores. 
 
Ricardo Fiuza nos ensina que: 
 
Obrigação solidária: é a obrigação quando a totalidade da prestação puder 
ser exigida indiferentemente por qualquer dos credores de quaisquer dos devedores. 
Cada devedor deve o todo e não apenas sua fração ideal, como ocorre nas 
obrigações indivisíveis. Diferencia-se da indivisibilidade, visto que esta se relaciona 
ao objeto da prestação (objetiva), enquanto a solidariedade se funda em relação 
jurídica subjetiva. Tanto é assim que, convertida a obrigação em perdas e danos, 
desaparece a indivisibilidade, permanecendo, no entanto, a solidariedade (art. 271, 
CC). 
 
CARACTERÍSTICAS DA OBRIGAÇÃO SOLIDÁRIA: 
 
São os seguintes elementos que caracterizam a obrigação solidária: 
 
Multiplicidade de credores, ou de devedores, ou de ambos. 
Corresponsabilidade dos interessados (sujeitos ativo e passivo) – no sentido 
de que o devedor que paga a dívida por inteiro pode buscar junto aos demais 
devedores a quota de cada um. O mesmo acontece com os sujeitos ativos. O credor 
que recebe o pagamento integral fica obrigado a repassar a cota de cada um dos 
demais credores. 
 
PRINCÍPIOS (REGRAS) COMUNS À SOLIDARIEDADE: 
 
A) DA NÃO PRESUNÇÃO DE SOLIDARIEDADE: 
 
O nosso ordenamento não admite a solidariedade presumida, pois ela 
somente resulta da lei ou da vontade das partes, tendo em vista que a solidariedadeimporta um agravamento da responsabilidade dos devedores, que passarão a serem 
obrigados ao pagamento total da dívida. 
 
Assim, se a lei não impuser ou o contrato não estipular não se terá 
solidariedade, em observação ao que dispõe o art. 265 do Código Civil (importante). 
 
JURISPRUDÊNCIA: 
 
Processual civil. Recurso especial. Custas e honorários advocatícios. O 
Superior Tribunal de Justiça (STJ) vem entendo ser inaplicável, em honorários 
advocatícios, o princípio da solidariedade, salvo se expressamente consignado na 
sentença exequenda. Caso não haja menção expressa no título executivo quanto à 
solidariedade das partes que sucumbiram (perderam) no mesmo polo da demanda, 
vige o princípio da proporcionalidade, isto é, cada sucumbente somente deve sua 
quota-parte (obrigação divisível). Assim, inaplicável o princípio da solidariedade na 
condenação de custas e honorários advocatícios, pois o artigo 23 do CÓDIGO DE 
PROCESSO CIVIL (CPC) é taxativo: 
 
UNINORTE LAUREATE <CENTRO UNIVERSITÁRIO DO NORTE> 
 
UNINORTE-LAUREATE –Página 55 de 68 
 
 
 
 
 
“Art. 23. Concorrendo diversos autores ou diversos réus, os vencidos 
respondem pelas despesas e honorários em proporção”. 
 
B) DA VARIABILIDADE DO MODO DE SER DA OBRIGAÇÃO NA 
SOLIDARIEDADE: 
 
Desde que esteja estabelecida no contrato, a solidariedade pode ser 
estipulada como condicional ou a prazo para um dos cocredores ou codevedores, e 
pura e simples para outro, ou ainda, pagável em local diverso para outro. Isso porque 
a solidariedade diz respeito à prestação e não à maneira pela qual ela é devida: art. 
266 do CC. 
 
O modo de ser da obrigação solidária pode variar de um codevedor ou 
cocredor para outro. A obrigação pode até ser válida para um e nula para o outro, 
sem afetar a solidariedade. 
 
Observa a Professora Maria Helena Diniz não ser “incompatível com a sua 
natureza jurídica a possibilidade de estipulá-la como condicional ou a prazo para um 
dos cocredores ou codevedores, e pura e simples para outro, desde que 
estabelecido no título originário. 
 
Assim, o codevedor condicional não pode ser demandado (acionado) senão 
depois da ocorrência do evento futuro e incerto, e o devedor solidário puro e simples 
somente poderá reclamar reembolso do codevedor condicional se ocorrer a 
condição. “Como se vê, não há prejuízo algum à solidariedade, visto que o credor 
pode cobrar a dívida do devedor cuja prestação contenha número menor de óbices, 
ou seja, reclamar o débito todo do devedor não atingido pelas cláusulas apostas na 
obrigação” (Curso de Direito Civil Brasileiro, p. 131). 
 
Importante ressaltar, ainda, que esses diferentes modos de obrigações 
solidárias não são de forma taxativa, mas meramente exemplificativa. Outras regras 
particulares podem ser estabelecidas entre os credores e devedores. Dessa maneira, 
foi aprovado o seguinte Enunciado na IV Jornada de Direito Civil: a solidariedade 
admite outras disposições de conteúdo particular além do rol previsto no art. 266 do 
Código Civil. 
 
Observação: essas Jornadas visam unificar o entendimento jurisprudencial. 
 
CONSEQÜÊNCIAS JURÍDICAS DA SOLIDARIEDADE: 
 
O pagamento parcial feito por um dos codevedores deverá ser rateado entre 
todos os cocredores. A insolvência de um ou de alguns dos devedores em nada 
afetará os credores, se ainda restar pelo menos um devedor em condições de pagar 
a dívida toda. 
 
Pesquisa: conceito de DEVEDOR INSOLVENTE !!!!! 
 
AS FONTES E AS FORMAS DA SOLIDARIEDADE: 
UNINORTE LAUREATE <CENTRO UNIVERSITÁRIO DO NORTE> 
 
UNINORTE-LAUREATE –Página 56 de 68 
 
 
 
 
 
 
Solidariedade legal – Quando surgir de um comando normativo expresso. 
Exemplos: artigos 585 (comodato), 680 (mandato), 829 (fiança: com mais de um 
fiador), 942, parágrafo único (ato ilícito praticado por mais de um autor), todos do 
Código Civil. 
 
Solidariedade convencional - A solidariedade convencional pode surgir 
simultaneamente com a obrigação, mas também pode surgir posteriormente, através 
de ato em separado. Deve ser inequívoca (sem dúvidas), não pode ser presumida a 
partir de indícios e conjecturas. Deve ser pactuada em contrato (um por todos, todos 
por um) ou em negócio jurídico unilateral, como, por exemplo, disposição 
testamentária. 
 
ATENÇÃO: 
 
SEMPRE A SOLIDARIEDADE RESULTA DA LEI OU DA VONTADE DAS 
PARTES, NUNCA HÁ PRESUNÇÃO !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! 
 
SOLIDARIEDADE ATIVA (ARTIGOS 267 E SS DO CC): 
 
Existem vários credores e cada um deles pode exigir do devedor comum a 
prestação integral e o devedor se exonera pagando a qualquer um dos credores (art. 
267 do CC). Uma vez estabelecida a solidariedade, não pode qualquer dos credores, 
unilateralmente, voltar atrás, revogando ou suprimindo a solidariedade. Somente com 
a concordância de todos os envolvidos é que isso seria possível. 
 
A Lei 8.245/91 (Lei de locações) criou no seu art. 2º um caso de 
solidariedade ativa legal: havendo mais de um locador ou mais de um locatário, 
entende-se que são solidários se o contrário não se estipulou. 
 
O devedor pode pagar a qualquer dos credores, a menos que um deles já 
tenha ajuizado Ação de Cobrança (importante). Neste caso, o direito de escolha do 
devedor de escolher a qual dos credores ele vai pagar cessa com o ajuizamento da 
ação. 
 
É que, iniciada a demanda judicial ocorre o que chamamos de prevenção 
judicial, e o devedor somente se libera pagando ao credor que é o autor da ação. 
Por outro lado, só a medida judicial da ação de cobrança é que retira o direito de 
escolha do devedor. Não serve qualquer outra manifestação do credor, seja amigável 
ou judicial (art. 268 do CC). 
 
Exemplo de solidariedade ativa: conta bancária conjunta (casal-credores) 
por permitir que cada correntista saque todo o dinheiro depositado, todos podem 
movimentar livremente a conta. Cada correntista pode sacar (credor), sem que o 
banco (devedor) possa recusar-se a permitir o saque. 
 
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF): tem decidido no sentido de que, 
falecendo um dos titulares de conta bancária conjunta, pode o outro ou um dos 
UNINORTE LAUREATE <CENTRO UNIVERSITÁRIO DO NORTE> 
 
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outros levantar o depósito a título de credor exclusivo e direto e não a título de 
sucessor. 
 
SUPERIOR TRIBUNAL FEDERAL DE JUSTIÇA (STJ): “a solidariedade 
decorrente da abertura de conta bancária conjunta é solidariedade ativa, pois cada 
um dos titulares está autorizado a movimentar livremente a conta; são, pois, credores 
solidários perante o banco. Porém, ainda que marido e mulher, os co-titulares não 
são devedores solidários perante o portador de cheque emitido por algum deles 
(marido e mulher) sem provisão de fundos”. Conclui-se que se o marido emitir um 
cheque sem provisão de fundo, somente ele deverá ser inscrito no cadastro de 
inadimplentes. 
 
O pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida, liberando 
até o montante pago (art. 269 do CC). Se um dos credores recebeu parte da dívida, 
esta parte deverá ser rateada entre todos. O dispositivo inova de forma substancial o 
direito anterior ao estabelecer que o devedor poderá pagar parcialmente o débito, 
visto que a extinção da obrigação se dará na proporção do que foi pago. O artigo 
avançou em relação ao seu correspondente no Código Civil de 1916 (Art. 900), em 
que só havia previsão para o pagamento total da dívida. 
 
O devedor, se não houver sido cobrado pelo todo, pode pagar apenas uma 
parcela da dívida a qualquer dos cocredores, uma vez que permanece a obrigação 
solidária em relação ao remanescente. Qualquer dos demais cocredores poderá 
exigir do devedor o restante da dívida, abatendo o que foi pago. 
 
O credor que recebe passa a ser devedordos demais credores, 
relativamente à parte de cada um. A presunção é de que as partes têm quotas 
iguais, cabendo ao credor interessado provar que sua quota-parte é maior do que a 
dos demais. 
 
Falecendo um dos credores solidários, seus herdeiros somente poderão 
exigir e receber a quota que lhe cabe no quinhão hereditário, exceto se a obrigação 
for indivisível (art. 270 do CC). A solidariedade desaparece para os herdeiros, mas 
permanece em relação aos demais cocredores sobreviventes. 
 
Ressalta Washington de Barros Monteiro que “os herdeiros do credor 
falecido não podem exigir, por conseguinte, a totalidade do crédito e sim apenas o 
respectivo quinhão hereditário, isto é, a própria quota no crédito solidário de que o de 
cujus era titular, juntamente com os outros credores”. Assim não acontecerá, todavia, 
nas hipóteses seguintes: 
 
a) se o credor falecido só deixou um herdeiro; 
b) se todos os herdeiros agem conjuntamente; e 
c) se indivisível a prestação. 
 
Complementa: em qualquer desses casos, pode ser reclamada a prestação 
por inteiro. Para os demais credores, nenhuma inovação acarreta o óbito do 
consorte; para eles permanece intacto, em toda a plenitude e em qualquer hipótese, 
UNINORTE LAUREATE <CENTRO UNIVERSITÁRIO DO NORTE> 
 
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o vínculo de solidariedade, com todos os seus consectários. (Curso de direito civil, 
cit., p. 170). 
 
Parece, no entanto, ser desnecessária a referência feita à obrigação 
indivisível. Qualquer dos herdeiros do credor solidário poderá exigir a totalidade do 
crédito, não em decorrência da solidariedade, mas pelo fato de ser indivisível a 
obrigação. Aplicar-se-iam, portanto, as regras dos arts. 258 a 263, CC. 
 
A conversão da obrigação solidária em perdas e danos em nada afeta a 
solidariedade em proveito de todos os cocredores, podendo qualquer dos credores 
exigir do inadimplente o pagamento da obrigação (art. 271 do CC). 
 
Se um dos credores perdoar a dívida, extinta estará a obrigação (art. 272 do 
CC), entretanto esse credor responderá aos demais cocredores. Se o credor perdoou 
parte da dívida deverá ser o primeiro a ficar com o prejuízo, pois os outros credores 
têm direito às quotas integrais. 
 
Quando o credor solidário, por ato pessoal, libera o devedor do cumprimento 
da obrigação, assume responsabilidade perante os demais cocredores, que poderão 
exigir do que recebeu ou remitiu (perdoou) a parte que lhes caiba. 
 
Só que aí cada um só poderá exigir a sua quota e não mais a dívida toda, 
uma vez que a solidariedade se estabelece apenas entre credor e devedor (ENTRE 
OS PÓLOS) e não entre os diversos credores ou diversos devedores entre si. Nas 
relações dos credores solidários entre si, há tantos créditos quantos são os credores, 
e a responsabilidade entre eles é sempre pro parte. 
 
O devedor não poderá apresentar a um dos credores solidários as exceções 
(defesas) pessoais que sejam oponíveis aos demais, como, por exemplo, 
incapacidade ou vício de consentimento (art. 273 do CC). O dispositivo vem deixar 
expressa a regra de que as defesas que o devedor possa alegar contra um só dos 
credores solidários não podem prejudicar aos demais. 
 
Vale dizer, se a defesa do devedor diz respeito apenas a um dos credores 
solidários, só contra esse credor poderá o vício ser imputado, não atingindo o vínculo 
do devedor com os demais credores, em harmonia com o art. 274, CC. 
 
 
Observa, ainda, o Prof. Álvaro Vilaça Azevedo a impropriedade de utilizar a 
palavra “exceção”, que tem significado técnico específico, previsto na lei processual. 
O melhor seria, na opinião do mestre, utilizar o vocábulo genérico “defesa”. Existe 
um Projeto de Lei (PL 276/2207) com o objetivo de substituir a expressão exceção 
por defesa. 
 
Se houver decisão contrária a um dos credores solidários, esta não atingirá 
os demais. Mas se houver julgamento favorável esta aproveitará a todos, exceto se 
esse julgamento se fundar em exceção pessoal ao credor que a obteve (art. 274 do 
CC). 
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LEIA COM BASTANTE ATENÇÃO !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! 
 
Isso significa dizer que, em regra, o julgamento favorável beneficiará a todos 
os credores. Entretanto, se o devedor tiver exceção (defesa) pessoal contra um dos 
credores (que não participou da demanda), esta defesa pode ser arguida em ação 
autônoma de cobrança. A regra tem lógica, pois se a exceção era pessoal a um dos 
credores, não poderia ter sido ela arguida em face do credor solidário que propôs a 
demanda. 
 
SOLIDARIEDADE PASSIVA (ARTIGOS 275 A 285 DO CC): 
 
O credor é livre para cobrar toda a dívida ou parte dela de um único ou de 
alguns devedores. Neste último caso, continua credor em relação ao remanescente 
da dívida. Este é o próprio princípio geral que domina a solidariedade passiva, é a 
própria essência do instituto. Se o pagamento foi parcial os demais devedores 
continuam solidários (art. 275 do CC). 
 
A escolha de quem vai ser ou não acionado é do credor. 
 
Lembre-se: sempre acionar o devedor em condições de solver o débito 
(COM PATRIMÔNIO). 
 
Se um dos devedores for acionado isoladamente, não pode requerer a 
citação dos demais codevedores para se defenderem conjuntamente, apenas 
podendo fazê-lo para o exercício do direito de regresso. A execução da sentença, no 
entanto, será apenas contra o devedor escolhido para a ação de cobrança. 
 
JURISPRUDÊNCIA: 
 
O credor de devedores solidários tem a faculdade de escolher um deles para 
cobrança parcial ou total do débito, restando ao que pagou a totalidade o direito de 
regresso contra os demais devedores. (TJSC, 13.02.2006). 
 
Na solidariedade passiva, cada um dos devedores está obrigado ao 
cumprimento integral da obrigação, que pode ser exigida de todos conjuntamente ou 
apenas de algum deles. 
 
Como a solidariedade passiva é constituída em benefício do credor, pode ele 
abrir mão da faculdade que tem de exigir a prestação por inteiro de um só devedor, 
podendo exigi-la, parcialmente, de um ou de alguns. Só que nesta última hipótese 
permanece a solidariedade dos devedores quanto ao remanescente da dívida. Nesse 
sentido é a doutrina consolidada. 
 
Não importa se o credor escolheu apenas um dos devedores para acionar, 
pois isto não libera os demais codevedores. Estes somente serão liberados por 
ocasião do pagamento integral da dívida (art. 275, parágrafo único). 
 
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Nada impede também que posteriormente o credor intente nova ação contra 
os demais devedores. Mas se receber numa das ações deverá informar na outra 
ação, sob pena de responder por litigância de má-fé. Isso porque, enquanto não for 
integralmente paga a dívida, mantém-se íntegro o direito do credor em relação a 
todos e a qualquer dos outros devedores, não se podendo, mesmo, presumir a 
renunciar de tais direitos do fato de já ter sido iniciada a ação contra um dos 
devedores. 
 
Cada herdeiro do devedor solidário só estará obrigado pela quota que 
corresponder ao seu quinhão hereditário, exceto se indivisível a obrigação. Mas 
todos esses herdeiros reunidos são considerados como um devedor solidário (art. 
276 do CC). Se quem morrer for o credor, em nada se altera a situação dos 
devedores, que solidariamente continuam obrigados para com os herdeiros do de 
cujus que, reunidos, o representam. 
 
Se um dos devedores pagar parcialmente ou obtiver o perdão do credor, só 
será extinta a dívida na parte correspondente à do devedor que pagou ou foi 
perdoado, assim no caso de pagamento parcial somente poderá ser cobradoa dívida 
o valor debitando-se o valor já recebido ou perdoado (art. 277 do CC). O credor pode 
reservar solidariedade contra os demais devedores, mas só poderá demandá-los 
abatendo do total da dívida a quota do credor remitido (ou que pagou). 
 
ATENÇÃO: o credor ao perdoar deve tomar o cuidado para perdoar somente 
um ou aqueles devedores que deseja perdoar, pois se informar que perdoa a dívida 
toda, consequentemente, a dívida estará extinta. 
 
O devedor que paga a dívida não está obrigado a dar ciência aos demais 
devedores. O credor é que tem a obrigação de ressalvar o recebido, sob pena de lhe 
se aplicado a sanção do art. 940 do CC (pagamento em dobro como indenização). 
 
Cada um dos devedores não pode fazer com o credor qualquer estipulação 
que agrave a situação dos demais devedores (art. 278 do CC). A regra é que apenas 
os fatos favoráveis se comunicam aos demais devedores, e não os atos prejudiciais, 
mas essa regra comporta exceção: a interrupção da prescrição operada contra um 
dos devedores estende-se aos demais. E não só a interrupção operada por iniciativa 
do credor, mas também aquela que deriva de iniciativa do próprio devedor (art. 202, 
VI do CC). 
 
Se a prestação se impossibilitou por culpa de um dos devedores todos 
respondem pelo equivalente, contudo, pelo valor das perdas e danos somente o 
devedor culpado responderá; isso porque se as perdas e danos fossem suportadas 
por todos estar-se-ia admitindo que um dos devedores, sozinho, pudesse agravar a 
situação dos demais (art. 279 do CC). ATENÇÃO: questão cobrada no exame de 
ordem de setembro/2010. 
 
Se a impossibilidade for sem culpa, extingue-se a obrigação. 
 
Pela mora responde todos os devedores perante o credor, mesmo que 
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apenas um seja o culpado. Contudo, este culpado, responderá aos outros 
codevedores pelo acréscimo da obrigação (art. 280 do CC). 
 
O devedor solidário que for demandado judicialmente poderá opor ao credor 
as exceções pessoais e as comuns a todos. Entretanto não se aproveitará as 
pessoais a outro codevedor. 
 
Exemplo: O devedor pode alegar que o objeto é impossível ou ilícito, ou que 
houve a compensação (espécie de pagamento) da dívida, mas jamais poderá alegar 
que outro devedor era relativamente incapaz, porque essa exceção é pessoal 
daquele devedor que é incapaz (art. 281 do CC). 
 
A solidariedade é um benefício instituído em favor do credor. Assim, este 
poderá lançar mão a qualquer tempo desta solidariedade, mesmo quando se tratar 
de solidariedade legal (art. 282 do CC). A dívida permanece, entretanto despida da 
vantagem da solidariedade entre um, uns ou todos os devedores. 
 
Se apenas um ou uns devedores ficarem excluídos da solidariedade, se o 
credor acionar os que não ficaram excluídos dela terá que abater do total do débito a 
parte devida destes que se liberaram, sendo que estes deverão ser acionados 
separadamente (art. 282, parágrafo único). 
 
Se o devedor pagou a obrigação integralmente poderá demandar os demais 
devedores para exigir-lhes as respectivas quotas, ou seja, este devedor que pagou 
sub-roga-se no crédito, passando a ser credor dos demais devedores. Entretanto, a 
solidariedade não subsiste entre os devedores (art. 283 do CC). 
 
A cobrança se faz por meio de ação regressiva, e se algum devedor ficar 
insolvente, a respectiva cota deste será dividida igualmente entre todos os demais 
codevedores, mesmo que este codevedor tenha efetuado o pagamento da sua quota 
ou foi exonerado pelo credor, terá que participar do rateio da quota do insolvente. 
Isto porque ele foi liberado pelo credor, diz respeito a sua relação pessoal com ele. 
No entanto, o credor não pode ter ingerência nas relações internas entre devedores 
(art. 284 do CC). 
 
ATENÇÃO: 
 
► O DEVEDOR QUE FOI EXONERADO (LIBERADO) DA 
SOLIDARIEDADE, VOLTA PARA CONTRIBUIR NA QUOTA DO DEVEDOR 
INSOLVENTE, PORÉM AQUELE DEVEDOR QUE OBTEVE A REMISSÃO 
(PERDÃO), NÃO VOLTA PARA DIVIDIR A QUOTA DO DEVEDOR INSOLVENTE; 
SENDO ASSIM, NESTE CASO, O CREDOR SUPORTARÁ O PREJUÍZO. 
 
O codevedor solidário que pagou a dívida que interessava somente ao outro 
buscará junto a este interessado o valor da dívida integral. Exemplo: fiança locatícia 
(art. 285 do CC). No caso de serem vários os coobrigados (vários fiadores), e um 
deles pagar integralmente, ao acionar um outro codevedor, este poderá defender-se 
na ação de regresso alegando que só há um outro codevedor interessado na dívida, 
UNINORTE LAUREATE <CENTRO UNIVERSITÁRIO DO NORTE> 
 
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no caso o locatário, por exemplo, que pode ser até mesmo este codevedor que 
pagou a dívida. 
 
 
Se o fiador for cobrado judicialmente antes do locatário poderá invocar o 
benefício de ordem e desde já indicar bens do devedor (locatário). Mas se o fiador for 
solidário, o credor poderá cobrar diretamente dele e depois este vai atrás do devedor 
interessado com ação de regresso. 
 
INDIVISIBILIDADE X SOLIDARIEDADE 
 
- Na solidariedade, cada devedor é de fato devedor do total (DÍVIDA); 
 
- Na indivisibilidade, pode ser cobrado de cada devedor o total, não porque 
há solidariedade entre os devedores, mas porque a prestação devida não comporta 
execução fracionada; 
 
- Se a obrigação solidária se converter em perdas e danos, a solidariedade 
persistirá (art. 271 do CC); 
 
- Na obrigação indivisível, a conversão em perdas e danos extingue a 
indivisibilidade (art. 263 do CC); 
 
- Na obrigação solidária, falecendo um dos credores, poderá acabar a 
solidariedade, pois seus herdeiros somente poderão cobrar a quota do crédito que 
corresponder ao seu quinhão hereditário (art. 270 CC); e 
 
- A obrigação indivisível em nada é afetada pela transmissão hereditária. 
 
Importante fazer o estudo das obrigações indivisíveis e solidárias com 
relação as causas de suspensão e interrupção da prescrição (Direito Civil I – 
Parte Geral): 
 
SUSPENSÃO: 
Art. 201. Suspensa a prescrição em favor de um dos credores solidários 
(ATIVA), só aproveitam os outros se a obrigação for indivisível. 
INTERRUPÇÃO: 
Art. 203. A prescrição pode ser interrompida por qualquer interessado. 
Art. 204. A interrupção da prescrição por um credor não aproveita aos outros 
(DIVISÍVEL COM VÁRIOS CREDORES); semelhantemente, a interrupção operada 
contra o codevedor, ou seu herdeiro, não prejudica aos demais coobrigados 
(DIVISÍVEL COM VÁRIOS DEVEDORES). 
UNINORTE LAUREATE <CENTRO UNIVERSITÁRIO DO NORTE> 
 
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§ 1o A interrupção por um dos credores solidários aproveita aos outros 
(SOLIDARIEDADE ATIVA); assim como a interrupção efetuada contra o devedor 
solidário envolve os demais e seus herdeiros (SOLIDARIEDADE PASSIVA). 
§ 2o A interrupção operada contra um dos herdeiros do devedor solidário 
(SOLIDARIEDADE PASSIVA) não prejudica os outros herdeiros ou devedores, 
senão quando se trate de obrigações e direitos indivisíveis. 
§ 3o A interrupção produzida contra o principal devedor prejudica o fiador. 
 
PRESCRIÇÃO: 
 
A) Obrigação indivisível: 
 
Vários devedores: 
 
- Havendo prescrição da dívida, esta aproveita a todos os devedores; 
 
- A suspensão ou interrupção da prescrição contra um dos devedores afetará 
todos os demais. 
 
Vários credores: 
 
- Se um dos cocredores interromper a prescrição, esta a todos aproveitará. 
 
B) Solidariedade: 
 
- Se um dos credores solidários interromper a prescrição, tal interrupção 
aproveitará aos outros. O mesmo ocorre com relação aos devedores solidários (art. 
204, § 1º do CC); e 
 
- Ocorrendo suspensão da prescrição em favor de um dos cocredoresesta 
não beneficiará os demais, exceto se tratar de obrigação indivisível (art. 201 do CC). 
 
Se se tratar de obrigação solidária passiva ou ativa, a interrupção efetuada 
contra o devedor solidário envolverá os demais, e a interrupção aberta por um dos 
credores solidários aproveitará aos outros, em razão de consequência da 
solidariedade prevista nos arts. 264 a 285 do Código Civil, pela qual os vários 
credores solidários são considerados como um só credor, da mesma forma que os 
vários devedores solidários são tidos como um só devedor. 
 
Além disso, a interrupção operada contra um dos herdeiros do devedor 
solidário não lesará os outros herdeiros ou devedores, senão quando se tratar de 
obrigação ou de defeito indivisível. Isto é assim porque a solidariedade ativa ou 
passiva não passa aos herdeiros (CC, arts. 270 e 276); logo, apenas serão atingidos 
os demais co-herdeiros pela interrupção se houver indivisibilidade da obrigação. 
 
E, finalmente, a interrupção produzida pelo credor contra o principal devedor 
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prejudicará o fiador, independentemente de notificação especial, pelo simples fato de 
ser a fiança uma obrigação acessória. Desaparecendo a responsabilidade do 
afiançado, não mais a terá o fiador; igualmente, se o credor interrompe a prescrição 
contra o devedor, esta se interromperá também relativamente ao fiador. 
 
Portanto, fique atento: por óbvio, qualquer que seja a natureza da 
indivisibilidade (natural, ordem econômica, legal ou convencional), se 
concorrerem dois ou mais devedores, cada um deles estará obrigado pela 
dívida toda (art. 259, CC-02, art. 891, CC-16), eis que não se admite o 
fracionamento do objeto da obrigação. Note-se, todavia, que o dever imposto a 
cada devedor de pagar toda a dívida não significa que exista solidariedade 
entre eles, uma vez que, no caso, é o objeto da própria obrigação que 
determina o cumprimento integral do débito. Por óbvio, se A, B e C obrigam-se 
a entregar um cavalo, qualquer deles, demandado, deverá entregar todo o 
animal. E isso ocorre não necessariamente por força de um vínculo de 
solidariedade passiva, mas sim, pelo simples fato de que não se poderá cortar 
o cavalo em três, para dar apenas um terço do animal ao credor. 
 
 
Com a sua peculiar erudição, CAIO MÁRIO DA SILVA PEREIRA enumera os 
caracteres distintivos das duas espécies de obrigação (indivisível e solidária): 
 
a) a causa da solidariedade é o título, e a da indivisibilidade é, normalmente, 
a natureza da obrigação; 
 
b) na solidariedade, cada devedor paga por inteiro, porque deve 
integralmente, enquanto na indivisibilidade, solve a totalidade, em razão da 
impossibilidade jurídica de se repartir em quotas a coisa devida; 
 
c) a solidariedade é uma relação subjetiva, e a indivisibilidade objetiva, em 
razão de que, enquanto a indivisibilidade assegura a unidade da prestação, a 
solidariedade visa a facilitar a satisfação do crédito; 
 
d) a indivisibilidade justifica-se com a própria natureza da prestação, quando 
o objeto é, em si mesmo, insuscetível de fracionamento, enquanto a solidariedade é 
sempre de origem técnica, resultando da lei ou da vontade das partes; 
 
e) a solidariedade cessa com a morte dos devedores, enquanto a 
indivisibilidade subsiste enquanto a prestação suportar; 
 
f) a indivisibilidade termina quando a obrigação se converte em perdas e 
danos, enquanto a solidariedade conserva este atributo. 
 
JURISPRUDÊNCIA – STJ: 
 
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NOTA PROMISSORIA/PROTOCOLO. AÇÃO DE COBRANÇA. 
1. Obrigação é divisível, quando o objeto da prestação é soma de dinheiro, suscetível 
de cumprimento parcial. 
2. Correção monetária. Incide a partir da data do vencimento do título. Súmula 43 
(STJ). 
3. Honorários advocatícios: são distribuídos e compensados, se cada litigante foi em 
parte vencedor e vencido. CPC, art. 21. 
 
CIVIL. ALIMENTOS. RESPONSABILIDADE DOS AVÓS. OBRIGAÇÃO 
COMPLEMENTAR E SUCESSIVA. LITISCONSÓRCIO. SOLIDARIEDADE. 
AUSÊNCIA. 
1 - A obrigação alimentar não tem caráter de solidariedade, no sentido que "sendo 
várias pessoas obrigadas a prestar alimentos todos devem concorrer na proporção 
dos respectivos recursos." 
2 - O demandado, no entanto, terá direito de chamar ao processo os corresponsáveis 
da obrigação alimentar, caso não consiga suportar sozinho o encargo, para que se 
defina quanto caberá a cada um contribuir de acordo com as suas possibilidades 
financeiras. 
3 - Neste contexto, à luz do novo Código Civil, frustrada a obrigação alimentar 
principal, de responsabilidade dos pais, a obrigação subsidiária deve ser diluída entre 
os avós paternos e maternos na medida de seus recursos, diante de sua 
divisibilidade e possibilidade de fracionamento. A necessidade alimentar não deve 
ser pautada por quem paga, mas sim por quem recebe, representando para o 
alimentado maior provisionamento tantos quantos coobrigados houver no polo 
passivo da demanda. 
 
CONTA CONJUNTA E NATUREZA JURÍDICA DO DÉBITO. 
CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO 
POR DANO MORAL. INCLUSÃO INDEVIDA DO NOME DO CO-TITULAR DE 
CONTA CONJUNTA EM REGISTRO DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. CHEQUE 
SEM PROVISÃO DE FUNDO EMITIDO PELA ESPOSA DO AUTOR. DANOS 
MORAIS CONFIGURADOS. FIXAÇÃO DA INDENIZAÇÃO. 
1. No pleito em questão, o recorrente mantinha conta conjunta com sua esposa, 
sendo que esta emitiu um cheque sem provisão de fundos, acarretando a inclusão do 
nome do autor-recorrente no cadastro de inadimplentes - CCF/Serasa. 
2. A orientação jurisprudencial desta Corte é no sentido de que, em se tratando de 
conta conjunta, o co-titular detém apenas solidariedade ativa dos créditos junto à 
instituição financeira, sem responsabilidade pelos cheques emitidos pela outra 
correntista. "A co-titularidade da conta limita-se à propriedade dos fundos comuns à 
sua movimentação, porém não tem o condão de transformar o outro correntista em 
codevedor pelas dívidas assumidas pela emitente, ainda que cônjuge, pelas quais 
ela deve responder escoteiramente" (Resp. 336.632/ES, Rel. Min. ALDIR 
PASSARINHO JÚNIOR, DJ. 31.03.2003). 
3. Precedentes: REsp. 602.401/RS, Rel. Min. CÉSAR ASFOR ROCHA, DJ. 
28.06.2004; REsp. 13.680/SP, Rel. Min. ATHOS CARNEIRO, DJ. 15.09.1992; REsp. 
3.507/ES, Rel. Min. WALDEMAR ZVEITER, DJ. 10.09.90. 
4. Destarte, constatada a conduta ilícita do banco-recorrido e configurado o dano 
moral sofrido pelo autor, em razão da indevida inclusão de seu nome no rol de 
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inadimplentes, deve-se fixar o valor do ressarcimento. Verifica-se, conforme 
comprovado nas instâncias ordinárias, que o recorrente restou indevidamente inscrito 
no CCF/Serasa durante 21 dias, ou seja, entre 20.12.00 a 09.01.01 (documentos de 
fls. 101/102). Quanto à repercussão do fato danoso, esta se limita aos danos 
presumidos, vale dizer, in re ipsa, decorrentes do indevido registro. 
5. Assim, consideradas as peculiaridades do caso em questão, e em atenção aos 
princípios de proporcionalidade e moderação que informam os parâmetros 
avaliadores desta Corte em casos assemelhados a este, fixo o valor indenizatório a 
título de danos morais em R$1.000,00 (um mil reais). 
 
SÚMULA 26 DO STJ: O avalista do título de credito vinculado a contrato de mutuo 
(empréstimo de dinheiro com juros) também responde pelas obrigações pactuadas, 
quando no contrato figurar como devedor solidário. 
 
STJ - DIRIETO CIVIL. SOLIDARIEDADE PASSIVA. TRANSAÇÃO COM UM DOS 
CO-DEVEDORDES. OUTORGA DE QUITAÇÃO PLENA. PRESUNÇÃO DE 
RENÚNCIA À SOLIDARIEDADE. DIREITOCIVIL. INDENIZAÇÃO. DANO 
EFETIVO. DANOS MORAIS. ALTERAÇÃO PELO STJ. VALOR EXORBITANTE OU 
ÍNIFMO. POSSIBILIDADE. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. SUCUMBÊNCIA. 
FIXAÇÃO. PEDIDOS FORMULADOS E PEDIDOS EFETIVAMENTE 
PROCEDENTES. - Na solidariedade passiva o credor tem a faculdade de exigir e 
receber, de qualquer dos codevedores, parcial ou totalmente, a dívida comum. 
Havendo pagamento parcial, todos os demais codevedores continuam obrigados 
solidariamente pelo valor remanescente. O pagamento parcial efetivado por um dos 
codevedores e a remissão a ele concedida, não alcança os demais, senão até a 
concorrência da quantia paga ou relevada. 
- Na presente lide, contudo, a sobrevivência da solidariedade não é possível, pois 
resta apenas um devedor, o qual permaneceu responsável por metade da obrigação. 
Diante disso, a consequência lógica é que apenas a recorrida permaneça no polo 
passivo da obrigação, visto que a relação solidária era constituída de tão-somente 
dois codevedores. - O acolhimento da tese da recorrente, no sentido de que a 
recorrida respondesse pela integralidade do valor remanescente da dívida, implicaria, 
a rigor, na burla da transação firmada com a outra devedora. Isso porque, na 
hipótese da recorrida se ver obrigada a satisfazer o resto do débito, lhe caberia, a 
teor do que estipula o art. 283 do CC/02, o direito de exigir da outra devedora a sua 
quota, não obstante, nos termos da transação, esta já tenha obtido plena quitação 
em relação à sua parte na dívida. A transação implica em concessões recíprocas, 
não cabendo dúvida de que a recorrente, ao firmá-la, aceitou receber da outra 
devedora, pelos prejuízos sofridos (correspondentes a metade do débito total), a 
quantia prevista no acordo. Assim, não seria razoável que a outra devedora, ainda 
que por via indireta, se visse obrigada a despender qualquer outro valor por conta do 
evento em relação ao qual transigiu e obteve quitação plena. - Os arts. 1.059 e 1.060 
do CC/02 exigem dano material efetivo como pressuposto do dever de indenizar. O 
dano deve, por isso, ser certo, atual e subsistente. Precedentes. - A intervenção do 
STJ, para alterar valor fixado a título de danos morais, é sempre excepcional e 
justifica-se tão-somente nas hipóteses em que o quantum seja ínfimo ou exorbitante, 
diante do quadro delimitado pelas instâncias ordinárias. Precedentes. - A 
proporcionalidade da sucumbência deve levar em consideração o número de pedidos 
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formulados na inicial e o número de pedidos efetivamente julgados procedentes ao 
final da demanda. Precedentes. Recurso especial parcialmente conhecido e, nesse 
ponto, provido. (REsp 1089444/PR, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA 
TURMA, julgado em 09/12/2008, DJe 03/02/2009) 
 
Se os alimentandos (credores) forem idosos, para ampliar a sua tutela, o STJ, 
aplicando o Estatuto do Idoso, já entendeu haver inequívoca solidariedade 
passiva entre os devedores (legitimados passivos): 
Direito civil e processo civil. Ação de alimentos proposta pelos pais idosos em face 
de um dos filhos. Chamamento da outra filha para integrar a lide. Definição da 
natureza solidária da obrigação de prestar alimentos à luz do Estatuto do Idoso. - A 
doutrina é uníssona, sob o prisma do Código Civil, em afirmar que o dever de prestar 
alimentos recíprocos entre pais e filhos não tem natureza solidária, porque é 
conjunta. - A Lei 10.741/2003, atribuiu natureza solidária à obrigação de prestar 
alimentos quando os credores forem idosos, que por força da sua natureza especial 
prevalece sobre as disposições específicas do Código Civil. - O Estatuto do Idoso, 
cumprindo política pública (art. 3º), assegura celeridade no processo, impedindo 
intervenção de outros eventuais devedores de alimentos. - A solidariedade da 
obrigação alimentar devida ao idoso lhe garante a opção entre os prestadores (art. 
12). Recurso especial não conhecido. (REsp 775.565/SP, Rel. Ministra NANCY 
ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 13.06.2006, DJ 26.06.2006 p. 143). 
 
SOLIDARIEDADE ENTRE O CONSTRUTOR E FINANCIADOR DO IMÓVEL. 
Responsabilidade civil. Agente financeiro. Defeitos na obra financiada. Precedente 
da Corte. 
1. Como já decidiu esta Terceira Turma, a "obra iniciada mediante financiamento do 
Sistema Financeiro da Habitação acarreta a solidariedade do agente financeiro pela 
respectiva solidez e segurança" (REsp nº 51.169/RS, Relator o Ministro Ari 
Pargendler, DJ de 28/2/2000). 
 
PROCESSO CIVIL. EMBARGOS À EXECUÇÃO. BENEFÍCIO DE ORDEM. 
PENHORA. MULTA POR LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ. 
Não há benefício de ordem entre devedores solidários, pela própria natureza da 
obrigação. 
 
SOLIDARIEDADE ATIVA. 
Direito Civil e Direito Processual Civil. Mandado judicial. Instrumento de procuração 
em que consta autorização para dois advogados agirem em conjunto ou 
separadamente. Procuração solidária. Legitimidade ativa de cada procurador para a 
cautelar de arbitramento e para a ação de execução dos honorários. 
Constando do instrumento da procuração autorização para que os advogados 
possam agir em conjunto ou separadamente, qualquer deles é parte legítima para 
pleitear o arbitramento dos honorários, bem como para ajuizar a ação de execução 
da verba incluída na condenação por arbitramento ou sucumbência. 
Solidariedade e prescrição. 
 
AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR ATO ILICITO. INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO. 
DEVEDORES SOLIDARIOS. 
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CUIDANDO-SE DE OBRIGAÇÃO SOLIDÁRIA, A INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO 
EFETUADA CONTRA UM DOS DEVEDORES ENVOLVE OS DEMAIS E SEUS 
HERDEIROS. RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E PROVIDO. 
ACIDENTE DE TRÂNSITO. TRANSPORTE BENÉVOLO. VEÍCULO CONDUZIDO 
POR UM DOS COMPANHEIROS DE VIAGEM DA VÍTIMA, DEVIDAMENTE 
HABILITADO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DO PROPRIETÁRIO DO 
AUTOMÓVEL. RESPONSABILIDADE PELO FATO DA COISA. - Em matéria de 
acidente automobilístico, o proprietário do veículo responde objetiva e solidariamente 
pelos atos culposos de terceiro que o conduz e que provoca o acidente, pouco 
importando que o motorista não seja seu empregado ou preposto, ou que o 
transporte seja gratuito ou oneroso, uma vez que sendo o automóvel um veículo 
perigoso, o seu mau uso cria a responsabilidade pelos danos causados a terceiros. - 
Provada a responsabilidade do condutor, o proprietário do veículo fica solidariamente 
responsável pela reparação do dano, como criador do risco para os seus 
semelhantes. Recurso especial provido. (REsp 577.902/DF, Rel. Ministro ANTÔNIO 
DE PÁDUA RIBEIRO, Rel. p/ Acórdão Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA 
TURMA, julgado em 13.06.2006, DJ 28.08.2006 p. 279). 
 
Bom estudo e sucesso...

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