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CCJ0022-WL-A-LC-ECA - Aula 06 - Da Política de Atendimento

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UNIDADE 2 - RESPONSABILIDADES
AULA 6
DA POLÍTICA DE ATENDIMENTO
A proposta de política de atendimento prevista no Estatuto foi elaborada nos moldes do § 7º do art. 227, c/c art. 204, da CF, ou seja, com base nas diretrizes principais vinculadas à POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL, tendo em vista:
1) A descentralização político-administrativa e
2) A participação popular. 
Esta nova concepção introduz mudanças profundas e amplas no campo das políticas públicas dirigidas à infância e à juventude.
A começar, o legislador, no art. 86, mostra a RESPONSABILIDADE de todos os ENTES DA FEDERAÇÃO E DA SOCIEDADE no tratamento das QUESTÕES INFANTO-JUVENIS. 
Em seguida, no art. 87, indicou o rol das principais ações que compõem esta nova política.
Cumpre ressaltar que o elenco contido nos art. 87 e 88, não se constitui em meras recomendações aos órgãos governamentais e não-governamentais, mas sim em VERDADEIROS COMANDOS NORMATIVOS e, como tal, de execução obrigatória.
Art. 87, incisos:
I - POLÍTICA SOCIAL BÁSICA = Aquelas que REPRESENTAM A SATISFAÇÃO DO MÍNIMO NECESSÁRIO PARA A EXISTÊNCIA DIGNA, exemplo: políticas vinculadas à saúde, educação, habitação, saneamento básico etc. 
II - CRIAÇÃO DE PROGRAMAS DE ASSISTÊNCIA SOCIAL DE CARÁTER SUPLETIVO = Aquelas que visam atender CRIANÇAS E ADOLESCENTES QUE NÃO CONSEGUEM TER ACESSO ÀS POLÍTICAS SOCIAIS BÁSICAS, exemplo: programas que visam à complementação de renda, de aceleração escolar etc.
III a V - POLÍTICA DE PROTEÇÃO ESPECIAL = Aquelas destinadas à POPULAÇÃO INFANTO-JUVENIL cujos DIREITOS FORAM AMEAÇADOS OU VIOLADOS, exemplo: programas voltados para aqueles em situação de rua, usuários de substâncias tóxicas ou drogas, vítimas de exploração sexual e violência doméstica.
Por conta dessa nova postura, o legislador estatutário, no art. 88, tem como ponto central das políticas públicas centrar-se não apenas no menor, mas também nas suas famílias, esta delineou as diretrizes a serem cumpridas dentro dessa nova estrutura de atendimento.
DIRETRIZES DA POLÍTICA DE ATENDIMENTO = Conjunto de INSTRUÇÕES QUE DEVEM SER SEGUIDAS NA ELABORAÇÃO E NA IMPLEMENTAÇÃO DESSAS POLÍTICAS
 1ª diretriz - A primeira diretriz reside na MUNICIPALIZAÇÃO, que surge como conseqüência da descentralização político-administrativa prevista na CRFB, art. 204.
 Municipalizar o atendimento = Consiste em CONCENTRAR A RESPONSABILIDADE PELO ATENDIMENTO NAS MÃOS DO MUNICÍPIO E DA SOCIEDADE. 
 Esta obrigação não exonera os demais entes federativos de qualquer obrigação em relação ao setor infanto-juvenil, cabendo à União e aos Estados a complementação do que ultrapassar a possibilidade financeira e técnica dos Municípios.
 2ª diretriz - IMPÕE A CRIAÇÃO DOS CONSELHOS DE DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE, órgãos paritários, responsáveis pela deliberação e controle das ações relacionadas à política de atendimento nos três níveis da federação.
 Por meio dos CONSELHOS DE DIREITOS, a sociedade participa, conjuntamente com o poder público da GESTÃO DA POLÍTICA DE ATENDIMENTO, deliberando e controlando-a.
 Cabe ao Conselho de Direitos Municipais:
1) Função de deliberar e controlar a execução das políticas públicas
2) O cadastramento das entidades que atuam na área da infância (art. 90 parágrafo único) e
3) A presidência do processo de escolha dos membros dos conselhos tutelares (art. 139).
 3ª diretriz - CRIAÇÃO E MANUTENÇÃO DE PROGRAMAS ESPECÍFICOS, observada a descentralização político-administrativa
 4ª diretriz CRIAÇÃO DOS FUNDOS VINCULADOS aos respectivos CONSELHOS DE DIREITOS, que têm suas normas de funcionamento previstas nos art. 165 a 169 da CF, nos art. 71 a 74 da Lei 4.320/64, Lei 8.666/93 e ainda nos art. 88, IV, 154, 214 e 260 do Estatuto.
 5ª diretriz - Também constitui diretriz à INTEGRAÇÃO OPERACIONAL DOS ÓRGÃOS RESPONSÁVEIS PELO ADOLESCENTE INFRATOR, prevista no inciso V, com objetivo de fazer com que todos os órgãos atuem de forma eficiente para uma pronta recuperação do adolescente. 
 6ª diretriz - MOBILIZAÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA, no inciso VI: sem ela, as mudanças constantes do ECA dificilmente se concretizarão.
ENTIDADES DE ATENDIMENTO
- Estão reguladas no Estatuto logo após as normas gerais que norteiam a política de atendimento. 
- O legislador, nesse tópico, mais precisamente no art. 90, preocupou-se em:
a) DETERMINAR O OBJETO DAS ENTIDADES, englobando planejamento e execução dos programas
b) Apresentou um rol exemplificativo das várias POSSIBILIDADES DE ATUAÇÃO: 
1) A 1ª possibilidade consiste na CRIAÇÃO DE ENTIDADE que vise o atendimento do menor e sua respectiva família em regime de ORIENTAÇÃO e APOIO FAMILIAR.
 Esta entidade tem por fim:
I) Identificar as fragilidades daquele grupo familiar
II) Apontar os caminhos para superação do problema. 
2) A 2ª alternativa de atendimento apresentado pela lei consiste no APOIO SOCIOEDUCATIVO EM MEIO ABERTO, exemplo: visa o oferecimento de reforço escolar, oferta de cursos de profissionalização, promoção de atividades artísticas e culturais. 
3) A 3ª alternativa consiste em PROGRAMA DESTINADO À COLOCAÇÃO FAMILIAR, através da formação de cadastro de famílias acolhedoras. 
4) A 4ª alternativa trata da FORMAÇÃO DE UM ABRIGO para atender em caráter provisório e excepcional crianças e adolescentes em situação de RISCO PESSOAL OU SOCIAL.
 As entidades destinadas a desenvolver o programa de abrigo apesar de serem livres para definir o público-alvo que pretendem trabalhar, sua capacidade de atendimento e sua proposta pedagógica, estão vinculadas aos princípios e regras contidas nos art. 92 a 94.
5) As 3 últimas sugestões de entidade de atendimento, contidas no art. 90, funcionam como RETAGUARDA PARA A APLICAÇÃO DE MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS.
DAS ENTIDADES DE ATENDIMENTO (art. 90 a 97)
- CONTROLE DAS ENTIDADES NÃO-GOVERNAMENTAIS: Para um maior controle das entidades não-governamentais, a lei, no § único do art. 90, condicionou o seu funcionamento ao PRÉVIO CADASTRAMENTO DE SEUS PROGRAMAS JUNTO AO CONSELHO MUNICIPAL DE DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE, sendo que, essa regra NÃO SE APLICA ÀS ENTIDADES GOVERNAMENTAIS, pois ESSAS SÃO CRIADAS POR LEI.
 Arts. 92 a 94
Da análise destes artigos, conclui-se que o legislador objetivou romper com a lógica do antigo regime de institucionalização, muito utilizado pelo sistema anterior vigente, onde os menores eram institucionalizados pelo simples fato de se enquadrarem na situação irregular do código de menores revogado.
Daí porque, a medida protetiva de abrigo hoje tem natureza excepcional e provisória. Como conseqüência dessa nova conjectura, além do legislador enumerar uma série de regras e princípios a serem seguidos pelos abrigos, ainda EQUIPAROU OS DIRIGENTES DO ABRIGO AO GUARDIÃO, para todos os efeitos de direito (art. 92 § único).
Art. 93: Permitiu aos dirigentes de abrigo, em caráter excepcional e de urgência, abrigar criança ou adolescente, tendo apenas que comunicar o fato até o segundo dia útil subseqüente ao Juiz da Infância e Juventude e Conselho Tutelar.
Observe-se que a preocupação do legislador em fazer essa ressalva, também demonstra que a tendência nos dias de hoje é pela não-aplicação do abrigo, tanto que somente três órgãos podem abrigar segundo as normas do ECA, ou seja, o Juiz da Infância e Juventude, o Conselho Tutelar e os dirigentes de abrigo em casos excepcionais.
 Art. 97
No art. 97, o legislador, previu que o DESCUMPRIMENTO DE QUALQUER OBRIGAÇÃO por ele indicada importará na RESPONSABILIZAÇÃO DA ENTIDADE DE ATENDIMENTO, sem prejuízo das demais penalidades aplicáveis aos seus dirigentes.
Veja o artigo da Dra. Patrícia Silveira Tavares, que se inicia na pág. 279 do livro: MACIEL, Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade (Coord.). Curso de Direito da Criança e do Adolescente - aspectos teóricos e práticos. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2006.