Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CÁLCULO IV Maj Reinaldo Teixeira DELFINO BIBLIOGRAFIA • “Equações Diferenciais Elementares e Problemas de Valores de Contorno”, William E. Boyce & Richard C. DiPrima • “Calculus”, Vol. 2, Tom M. Apostol ASSUNTOS • Transformada de Laplace (Cap. 6) • Séries de Fourier (Cap. 10) • Equações Diferenciais Parciais (Cap. 10) • Problemas de Valores de Contorno e Teoria de Sturm-Liouville (Cap. 11) • (CFG): Sistemas de Equações Diferenciais Ordinárias (Apostol, Vol. 2, Cap. 7) Transformada de Laplace • Uma transformada integral é uma relação que transforma uma função dada f em uma outra função F. • O objetivo desta operação é transformar um problema (em f) em um outro mais simples (em F), resolver este problema mais simples, e então recuperar a função f por intermédio de sua transformada. • As transformadas integrais são relações da forma • Diz-se que F é a transformada de f, e a função K é denominada núcleo da transformação. Diversas transformadas integrais são empregadas para a solução de problemas variados. dttftsKsF )().,()( • DEFINIÇÃO: Seja f(t) uma função definida para t ≥ 0. A transformada de Laplace de f, representada por ℒ{f(t)} ou F(s), é definida pela equação: • para todos os valores de s que tornem a integral convergente. 0 )()()}({ dttfesFtfL st • Exemplo: determine a transformada de Laplace da função f(t) = 1. • Resolução: • A integral imprópria converge para s > 0, e diverge caso contrário. Portanto: 0,lim 0, 1 lim 1.}1{ 00 sa s ss e dtedteL a sa astst 0, 1 }1{ s s L • DEFINIÇÃO: Diz-se que uma função f é contínua por partes (ou seccionalmente contínua) em um intervalo [a,b] se este puder ser dividido em um número finito de pontos a = t0 < t1 < ... < tn = b, de modo que f seja contínua em cada subintervalo (ti-1 , ti), e que tenha um limite finito nas fronteiras de cada um destes subintervalos, quando estas forem aproximadas por pontos no interior do subintervalo. • Em outras palavras, f é contínua por partes no intervalo [a,b] se for contínua no mesmo, exceto em um número finito de pontos, onde há descontinuidades de primeira espécie. • Exemplo: • f(x) não é contínua por partes em [0,1]. 01,/1 10,1 )( 2 xx xx xf xx 1 lim 0 • Se f é contínua por partes em [a,A], então demonstra-se que existe. Logo, se f é contínua por partes para t ≥ a, existe para todo A > a. Porém, a continuidade por partes não garante a convergência da integral imprópria . • Exemplo: converge se c < 0, mas diverge se c ≥ 0. A a dttf )( A a dttf )( a dttf )( 0 dte ct • TEOREMA: Seja f uma função contínua por partes para t ≥ a. Se |f(t)| ≤ g(t) quando t ≥ M (para algum M > 0), e se converge, então • também converge. Por outro lado, se f(t) ≥ g(t) ≥ 0 para t ≥ M, e se diverge, então também diverge. M dttg )( a dttf )( M dttg )( a dttf )( • TEOREMA: seja f uma função contínua por partes no intervalo [0,A] para qualquer A > 0, tal que |f(t)| ≤ Keat quando t ≥ M, onde K, a e M são constantes reais (K e M positivas). Então, a transformada de Laplace F(s) existe para s > a. • OBS: diz-se que f é de ordem exponencial se |f(t)| ≤ Keat para t ≥ M, onde K, a e M são constantes reais (K e M positivas). • Demonstração: • Como f é contínua por partes em [0,M], podemos garantir que existe. • Portanto, para provar a existência de F(s), precisamos demonstrar que a integral imprópria converge. M st M stst dttfedttfedttfesF )()()()( 00 M st dttfe 0 )( • |f(t)| ≤ K.eat |e-st.f(t)| ≤ K.e(a – s)t • Como converge quando s > a, temos, pelo teorema anterior, que converge para s > a, o que demonstra o teorema. • OBS: o teorema fornece condições suficientes, mas não necessárias, para a existência da Transformada de Laplace. • OBS: F(s) irá existir ao menos para s > a. M tsa dte )( M st dttfe )( • EXERCÍCIOS: • 1) Determine as transformadas de Laplace das funções eat e sen at, ambas definidas para t≥0. • 2) Mostre que a transformada de Laplace é um operador linear. Resolução de P.V.I. envolvendo E.D.O. Lineares com Coeficientes Constantes • TEOREMA: Sejam f uma função contínua e f’ uma função contínua por partes em qualquer intervalo 0 ≤ t ≤ A. Suponha que existam constantes K, a e M (K e M positivas) tais que |f(t)| ≤ Keat para t ≥ M. Então, ℒ{f’(t)} existe para s > a, e L{f’(t)} = s. ℒ{f(t)} – f(0). • DEMONSTRAÇÃO: Sejam t1, t2, ... , tn os pontos do intervalo 0 ≤ t ≤ A onde f’ é descontínua. Então: • Integrando-se os termos do segundo membro por partes, obtém-se: A t st t t st t st A st n dttfedttfedttfedttfe )(')(')(')(' 2 1 1 00 A t st t t st t st A t st t t st t st A st n n dttfedttfedttfestfetfetfedttfe )()()()()()()(' 2 1 1 2 1 1 0 0 0 • Como f é contínua, os termos integrados em t1, t2, ... ,tn se cancelam. Logo: • Quando A → ∞, e-sA.f(A) → 0 sempre que s > a. Então, para s > a: • ℒ{f’(t)} = s. ℒ{f(t)} – f(0) A stsA A st dttfesfAfedttfe 00 )()0()()(' • TEOREMA: sejam f, f’, f”, ... , f(n – 1) funções contínuas e f(n) uma função contínua por partes em qualquer intervalo [0,A]. Suponha que existam constantes K, a e M tais que |f(t)| ≤ Keat, |f’(t)| ≤ Keat, ... , |f(n – 1)(t)| ≤ Keat, para t ≥ M. Então, L{f(n)(t)} existe para s > a e é dada por: • ℒ{f(n)(t)} = sn. ℒ{f(t)} – sn – 1.f(0) – ... – s.f(n – 2)(0) – f(n – 1)(0) • Exemplo: y’’ – y’ – 2y = 0, y(0) = 1, y’(0) = 0 ℒ{y’’ – y’ – 2y} = L{0} ℒ{y’’} – ℒ{y’} – 2 ℒ{y} = 0 s2.ℒ{y} – s.y(0) – y’(0) – s.ℒ{y} + y(0) – 2ℒ{y} =0 {s2 – s – 2}.Y(s) – s + 1 = 0 y(t) = e2t/3 + 2e-t/3 1 1 3 2 2 1 3 1 )1)(2( 1 2 1 )( 2 ssss s ss s sY 1 1 3 2 2 1 3 1 )()( 111 s L s LsYLty • Principal dificuldade na resolução de P.V.I. por transformadas de Laplace: inversão da transformada de Laplace • Tabelas de Transformadas de Laplace Funções Degrau • Define-se a função degrau unitário (ou função de Heaviside) como: • Exercício: Determine ℒ{uc(t)}. 0, ,1 ,0 )( c ct ct tuc 0,)()( 0 ss e s e dtedttuetuL cs c st c st c st c • A função g(t) = uc(t).f(t – c) representa uma translação da função f, definida para t 0, de uma distância c no sentido do eixo t positivo. • TEOREMA: Se F(s) = ℒ{f(t)} existe para s > a 0 e se c é uma constante positiva, então: L{uc(t).f(t – c)} = e -cs.F(s), s > a Reciprocamente,se f(t) = ℒ-1{F(s)}, então uc(t).f(t – c) = ℒ -1{e-cs.F(s)}. • DEMONSTRAÇÃO: • TEOREMA: Se F(s) = L{f(t)} existe para s > a 0, e se c é uma constante, então: ℒ{ect.f(t)} = F(s – c), s > a + c. Reciprocamente, se f(t) = ℒ-1{F(s)}, então: ectf(t) = ℒ-1{F(s – c)} )()()()()()()().( 00 )( 0 sFedfeedfedtctfedtctftuectftuL csscssc c st c st c • OBS: embora não esteja escrito no Boyce, o teorema pressupõe que f é de ordem exponencial. • DEMONSTRAÇÃO: Como f é de ordem exponencial: |f(t)| ≤ Keat |ectf(t)| ≤ Ke(a+c)t s > a + c )()()()(. 0 )( 0 csFdttfedttfeetfeL tcsctstct • Método do Completamento dos Quadrados Exemplo: • Método da Decomposição em Frações Parciais Exemplo: te s s L ss s L t 2cos 43 3 136 3 3 2 1 2 1 221 1 2 1 3 1 2 1 34 1 311 2 1 tt ee s L s L ss L • Exercício: determine a transformada de Laplace inversa de 1/(s2 – 4s +5). Resolução: tsene s L ss L t2 2 1 2 1 12 1 54 1 Equações Diferenciais com Funções de Entrada Descontínuas • Exercício: Determine a solução do problema de valor inicial 2y” + y’ + 2y = g(t), onde g(t) = u5(t) – u20(t) e y(0) = y’(0) = 0 Resolução: ver Exemplo 1 da Seção 6.4 do Boyce. Funções Impulso • Relacionadas a fenômenos de natureza impulsiva (de grande valor, que atuam durante curtos intervalos de tempo). • Ideia intuitiva: Seja g(t) uma função de grande valor em um intervalo (t0 – τ, t0 +τ) e nula em todos os outros pontos. Considere a integral: dttgdttgI t t )()()( 0 0 Se g(t) é uma força, então I(τ) é o impulso desta força no intervalo (t0 – τ, t0 +τ). Em particular, suponha que t0 = 0 e que: Observe que I(τ) = 1, ∀ 𝜏 ∈ |𝑅 (exceto 0). Observe também que . Assim, estas equações podem ser usadas para “definir” a função impulso. t t tg ,0 ,)2/(1 )( 1)(lim 0 I • Função impulso unitário (ou função delta de Dirac): • OBS: estritamente falando, 𝛿(t) não é uma função! • A função acima corresponde a um impulso unitário em t = 0. Para um impulso em t = t0: 1)( ;0,0)( dtt tt • Embora a função delta não satisfaça as condições do teorema que garante a existência da transformada de Laplace, é possível definir uma transformada para ela (ver Boyce): ℒ{𝛿(t – t0)} = 𝑒 −𝑠𝑡0 1)( ;,0)( 0 00 dttt tttt • Também é possível definir a integral do produto da função delta por qualquer função contínua f: • Exercício: Determine a solução do problema de valor inicial 2y” + y’ + 2y = 𝛿(𝑡 − 5), y(0) = = y’(0) = 0 Resolução: ver Exemplo 1 da Seção 6.5 do Boyce. )()()( 00 tfdttftt Integral de Convolução • A transformada de Laplace não pode ser comutada com a operação de multiplicação ordinária, isto é, H(s) = F(s).G(s) ≠ ℒ{f(t).g(t)}. Porém, a transformada de Laplace comuta com uma operação conhecida como convolução. • TEOREMA: Se F(s) = ℒ{f(t)} e G(s) = ℒ{g(t)} existem para s > a ≥ 0, então H(s) = F(s).G(s) = L{h(t)}, s > a, onde h(t) = . A função h é conhecida como a convolução de f e g, e as integrais são denominadas integrais de convolução. • Assim, a transformada da convolução de duas funções é o produto das transformadas de cada função. tt dtgfdgtf 00 )()()()( • Indica-se que h(t) é a convolução de f e g com a simbologia h(t) = (f*g)(t). • É fácil demonstrar que: – f*g = g*f; – f*(g1 + g2) = f*g1 + f*g2; – (f*g)*h = f*(g*h); e – f*0 = 0*f = 0. • Ache a solução do problema de valor inicial y” + 4y = g(t), y(0) = 3, y’(0) = – 1 • Resolução: ℒ{y’’} + 4ℒ{y} = ℒ{g(t)} s2.Y(s) – sy(0) – y’(0) + 4Y(s) = G(s) (s2 + 4).Y(s) = G(s) + 3s – 1 Y(s) = (3s – 1)/(s2 + 4) + G(s)/(s2 + 4) y(t) = 0 2).( 2 1 2 2 1 2cos3 dsentgtsent
Compartilhar