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CCJ0033-WL-B-PP-Unidade I -08-Receptação - Renan Marques

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ALUNO: 
MATRÍCULA: 
PROF: RENAN MARQUES – Penal III 
Atenção ! – o presente material foi elaborado com base nos livros de Rogério Sanches 
Cunha(Direito Penal: Parte especial, 3 ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010 e 
Código Penal Para Concursos, 5ª Ed. Salvador: Editora JusPODIVM), Rogério Greco(Código 
Penal Comentado, Ed. Impetus, 2011) e Fernando Capez (Curso de Direito Penal: Parte 
Especial: dos crimes contra os costumes a dos crimes contra a administração pública,Volume 3, 
São Paulo: Ed. Saraiva, 2011) 
UNIDADE I. Crimes contra o Patrimônio. 
8. Receptação 
8.1 Receptação Simples. 
A) Tipo Objetivo. 
- Ela está no Art. 180, caput, do Código Penal e ocorre na seguinte situação: “Art. 180 - Adquirir, 
receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser 
produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: Pena - 
reclusão, de um a quatro anos, e multa.” 
- A doutrina informa que a receptação simples é classificada da seguinte forma: receptação 
própria e receptação imprópria. 
- Nas duas modalidades de receptação o agente deve saber que a coisa era produto de 
crime anterior. O primeiro detalhe é que o crime de receptação pressupõe o cometimento de 
um crime antecedente cometido por outra pessoa. Ou seja, deve-se ter cuidado para NÃO 
confundir o crime de receptação com o concurso de pessoas, já que neste existe o chamado 
liame subjetivo, o acordo de vontades prévio ou concomitante ao cometimento do crime, mas 
sempre antes da consumação do crime anterior, neste caso de concurso de pessoas o agente 
responderia pela coautoria ou pela participação no crime anterior e não pelo crime de 
receptação. Para responder por este crime o agente que comete a receptação NÃO tem 
qualquer participação ou coautoria no crime anterior. 
- O segundo detalhe é que não existe o crime de receptação se o objeto material da 
receptação seja coisa que seja produto de contravenção penal, neste caso o fato será atípico. 
 
- O terceiro detalhe é que a expressão produto de crime tem um sentido amplo, abrangendo 
tudo aquilo que for originário economicamente do crime levado a efeito anteriormente, 
podendo haver o cometimento de qualquer crime anterior, seja ele patrimonial ou não. Ex. 
Sujeito pratica o crime de extorsão mediante sequestro e vem a adquirir, com o valor do 
resgate, um automóvel, vendendo posteriormente a alguém que sabia da origem ilícita de sua 
aquisição, quem adquiriu o bem deverá ser responsabilizado pelo crime de receptação. 
- Pois bem, as peculiaridades das receptações própria e imprópria são as seguintes: 
a) Receptação Própria. 
– É aquela que se amolda a um dos comportamentos previstos na primeira parte do caput do 
Art. 180 do Código Penal, ou seja, quando o agente adquirir, receber, transportar, conduzir ou 
ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime. 
- Adquirir significa obter a propriedade da coisa de forma onerosa (ex. compra) ou gratuita 
(ex.doação). Receber significa que o agente tem a posse ou a detenção da coisa, com a 
finalidade de utilizá-la em proveito próprio ou alheio. Transportar significa colocar o bem 
receptado em algum meio de transporte. Conduzir significa guiar, dirigir e ocorre nos casos em 
que o próprio bem receptado é um meio de transporte. Ocultar tem o sentido de esconder a 
coisa e pressupõe a aquisição ou o recebimento anterior do agente. 
- Sempre o agente cometerá estas condutas em proveito próprio ou alheio. 
- Além disso, na receptação própria o agente sabe que a coisa é produto de crime anterior, 
sendo um crime que tem dolo direito. 
- Vele ressaltar, por fim, que a receptação própria é um crime material. 
OBS: São crimes permanentes a receptações próprias que tem as condutas transportar, 
conduzir ou ocultar, sendo cabível a prisão em flagrante enquanto o agente estiver praticando 
referidas condutas. 
b) Receptação Imprópria. 
- É a que está na segunda parte do Art. 180 do Código Penal e ocorre quando alguém influi 
para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte. 
- Na receptação imprópria o agente age para influenciar que um terceiro de boa-fé adquira, 
receba ou oculte coisa que seja produto de crime anterior, ou seja, incrimina-se a conduta do 
intermediário, isto é, a pessoa que se coloca entre o autor do crime anterior e o terceiro de 
boa-fé, potencialmente adquirente da coisa produto de crime. 
- O terceiro deve obrigatoriamente agir de boa-fé e desconhecer a origem criminosa do bem 
(neste caso a sua conduta é atípica), pois do contrário, se tiver conhecimento da conduta 
criminosa do intermediário também será considerado receptador. 
OBS: Se o agente atuar com o intuito de simplesmente auxiliar o autor de crime antecedente 
para tornar seguro o proveito do crime anterior, SEM a intenção de obter vantagem ilícita 
cometerá o crime favorecimento real previsto no Art. 349 do Código Penal, cometendo um 
crime contra a administração da justiça. 
 
B) Bem Jurídico e Objeto Material. 
- O bem jurídico protegido da receptação é o patrimônio. Por sua vez, o objeto material da 
receptação é a coisa móvel produto de crime anterior. 
 
C) Tipo Subjetivo. 
- Este crime SOMENTE pode ser praticado na forma DOLOSA, devendo o agente ter a certeza 
acerca da origem criminosa do bem, ou seja, existe dolo direto. Além disso, o tipo penal exige 
um fim especial de agir, que é o de obter vantagem ilícita para si ou para outrem, isto é, existe 
a intenção de lucro. 
D) Consumação e Tentativa. 
 
- A consumação do crime receptação própria, por se tratar de crime material, ocorre no 
momento em que a coisa é incluída na esfera de disponibilidade do agente, ou seja, ocorre 
quando o agente adquire, recebe, transporta, conduz ou oculta, em proveito próprio ou 
alheio, coisa que sabe ser produto de crime. 
 
- Por sua vez, a receptação imprópria é considerada, pela maioria da doutrina, crime formal 
vindo o crime a se consumar no momento em que o agente pratica comportamento no 
sentido de influir para que terceiro de boa-fé adquira, receba ou oculte a coisa. 
 
- A tentativa é possível, na receptação própria, pois se trata, como regra, de crime 
plurissubsistente. Por sua vez a tentativa NÃO será possível na receptação imprópria, tendo em 
vista a sua natureza formal. 
 
OBS: Autonomia da Receptação - nos exatos termos do Art. 180, § 4º, do Código Penal, a 
receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor do crime de que 
proveio a coisa. Ou seja, o crime de receptação é autônomo em relação à infração 
antecedente, de modo que basta a prova da existência do anterior crime contra o patrimônio, 
sem desnecessidade da demonstração cabal de sua autoria. 
 
E) Sujeito Ativo e Sujeito Passivo. 
- O sujeito ativo e o sujeito passivo do crime pode ser qualquer pessoa. 
8.2 Figuras Típicas. 
 
a) Receptação Simples – Art. 180, caput, CP. 
 
b) Receptação Qualificada - Art. 180, § 1º e § 2º do CP. 
 
c) Receptação Culposa - Art. 180, § 3º, do CP. 
 
d) Receptação Privilegiada - Art. 180, § 5º, do CP. 
 
e) Receptação Majorada (com causa de aumento de pena) - Art. 180, § 6º, do CP. 
 
 
8.2.1 Receptação Qualificada. 
 
- Ela está no Art. 180, § 1º, do Código Penal e ocorre na seguinte situação: “Adquirir, receber, 
transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, vender, expor à 
venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade 
comercial ou industrial, coisa que deve saber ser produto de crime: Pena - reclusão, de três a 
oito anos, e multa.” 
- Esta receptação é um crime próprio, pois só pode ser praticado por quem exerça atividade 
comercial ou industrial incluindo comércio irregular ou clandestino, inclusiveaquele exercido 
em residência, como prevê o Art. 180, § 2º, do Código Penal. 
- Além disso, discute-se na doutrina se a expressão “deva saber ser produto de crime” 
abrangeria apenas o dolo eventual ou também incluiria o dolo direto. A orientação que 
seguimos e que deve ser adotada em provas de promotoria e delegado civil é de que a 
expressão “deva saber” indica a existência de dolo eventual, mas NÃO elimina a possibilidade 
de ocorrência do dolo direto. 
- Por fim, quanto a este artigo também existe discussão se a figura qualificada de receptação 
ofenderia o princípio da proporcionalidade, haja vista que pune o agente que atua com dolo 
eventual (Art. 180, § 1º,CP) de forma mais severa do que aquele que pratica receptação com 
dolo direto (Art. 180, caput, CP). A Terceira Seção do STJ pacificou o entendimento, neste 
Tribunal Superior, de que NÃO existe ofensa ao princípio da proporcionalidade tendo em vista 
que as figuras qualificadas previstas pelo legislador justificam a imposição de uma pena mais 
elevada em virtude de maior reprovabilidade da conduta do agente. 
 
Processo 
EREsp 879539 / SP 
EMBARGOS DE DIVERGENCIA EM RECURSO ESPECIAL 
2010/0023163-9 
Relator(a) 
Ministro JORGE MUSSI (1138) 
Órgão Julgador 
S3 - TERCEIRA SEÇÃO 
Data do Julgamento 
13/10/2010 
Data da Publicação/Fonte 
DJe 11/04/2011 
Ementa 
 
EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. RECEPTAÇÃO QUALIFICADA. FIXAÇÃO DA PENA DA 
RECEPTAÇÃO SIMPLES. IMPOSSIBILIDADE. CRIME AUTÔNOMO. MAIOR GRAVIDADE 
E REPROVABILIDADE DA CONDUTA. OFENSA AO PRINCÍPIO DA 
PROPORCIONALIDADE. NÃO OCORRÊNCIA. 
1. A definição das formas qualificadas para algumas espécies de delitos, as 
quais via de regra acompanham um apenamento mais gravoso, se justifica pela 
necessidade de se impor um maior juízo de reprovabilidade às condutas que 
afetem de forma mais intensa os bens penalmente protegidos. 
2. In casu, o réu foi condenado na forma qualificada do delito em comento, 
tendo o tribunal a quo reformado a sentença a fim de aplicar a reprimenda 
 
prevista para a receptação simples, declarando a extinção da punibilidade do 
agente, no que foi acompanhado quando do julgamento do recurso especial. 
3. Não se mostra prudente a imposição da pena prevista para a receptação 
simples em condenação pela prática de receptação qualificada, pois a 
distinção feita pelo próprio legislador atende aos reclamos da sociedade que 
representa, no seio da qual é mais reprovável a conduta praticada no exercício 
de atividade comercial. 
Precedentes deste Superior Tribunal de Justiça e da Corte Suprema. 
4. Embargos acolhidos a fim de reformar o acórdão embargado e restabelecer 
a condenação nos moldes estabelecidos na sentença 
 
8.2.2 Receptação Culposa. 
- Ela está no Art. 180, § 3º, do Código Penal e ocorre na seguinte situação: “Adquirir ou receber 
coisa que, por sua natureza ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição 
de quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso: Pena - detenção, de um mês 
a um ano, ou multa, ou ambas as penas.” 
- Os comportamentos trazidos pelo crime em estudo são indicativos da inobservância do dever 
de cuidado objetivo daí porque entende-se que trata-se de modalidade culposa do crime de 
receptação. 
- As condutas do agente são as de adquirir ou receber coisa que deva presumir-se obtida por 
meio criminoso: 
a) Por sua natureza – neste caso a coisa em si, com suas características peculiares fazem 
presumir que foi obtida por meio criminoso. Ex. venda de objetos de valor histórico, veículo 
automotor vendido sem documentação. 
b) Pela desproporção entre o valor e o preço – existe uma grande disparidade entre o valor 
real da coisa e aquele que é ofertado, devendo o agente ter desconfiado daquilo que lhe 
estava sendo oferecido. Ex. Venda de carro importado por um preço muito abaixo do 
mercado. 
c) Pela condição de quem a oferece – deve ser levada todas as características da pessoa que 
oferece o bem, como a aparência (ex. um mendigo vendendo um aparelho de som de alta 
qualidade), a idade (ex. uma pessoa de 18 anos vendendo joias valiosas na porta de 
residências) ou até a conduta social (ex. pessoa SEM profissão definida e com má fama que 
vende bens valiosos). 
OBS: É cabível o Perdão Judicial no caso da receptação culposa, nos termos do Art. 180, § 5º, 
do Código Penal: “na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode o juiz, tendo em 
consideração as circunstâncias, deixar de aplicar a pena.” 
 
8.2.3 Receptação Privilegiada 
 
- No caso de o criminoso ser primário de pequeno valor a coisa receptada, nos termos do Art. 
180, § 5º, do Código Penal, o juiz poderá substituir a pena de reclusão pela de detenção, 
diminuí-la de um a dois terços ou aplicar somente a pena de multa, tendo em vista que este 
artigo faz referencia à possibilidade de aplicação do Art. 155, § 2º Código Penal. 
 
 
8.2.4 Receptação Majorada (com causa de aumento de pena). 
 – Nos exatos termos do Art. 180, § 6º, do Código Penal: “Tratando-se de bens e instalações do 
patrimônio da União, Estado, Município, empresa concessionária de serviços públicos ou 
sociedade de economia mista, a pena prevista no caput deste artigo aplica-se em dobro. 
 
8.3 Destaques. 
1º) Receptação de talão de cheques é conduta atípica. 
 
- A jurisprudência do STJ é pacífica no sentido de considerar atípica a receptação de talão de 
cheques, tendo em vista a ausência de valor econômica deste objeto. Neste sentido o 
seguinte julgado: 
Processo 
HC 222503 / SP 
HABEAS CORPUS 
2011/0252288-4 
Relator(a) 
Ministro JORGE MUSSI (1138) 
Órgão Julgador 
T5 - QUINTA TURMA 
Data do Julgamento 
15/03/2012 
Data da Publicação/Fonte 
DJe 29/03/2012 
Ementa 
HABEAS CORPUS. RECEPTAÇÃO DE FOLHAS DE CHEQUE EM BRANCO. AUSÊNCIA DE 
EXPRESSÃO ECONÔMICA. ATIPICIDADE DA CONDUTA. FALTA DE JUSTA CAUSA. 
CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO. 
1. De acordo com a jurisprudência desta Corte Superior de Justiça, folhas de 
cheque não podem ser objeto material do crime de receptação, uma vez que 
desprovidos de valor econômico, indispensável à caracterização do delito 
contra o patrimônio. 
Precedentes. 
2. In casu, a conduta atribuída ao paciente consistiu na receptação de um talão 
de cheques, objeto que não traz em si qualquer valoração econômica, não 
havendo ofensa, portanto, ao bem jurídico tutelado pela norma penal invocada. 
 
2º) É possível a aplicação do princípio da insignificância ao crime de receptação. 
 
- A 5ª e a 6ª Turma do STJ já reconheceu ser possível aplicar o princípio da insignificância ao 
crime de receptação quando estiverem presentes os seus requisitos, sendo excluída a 
tipicidade material da conduta, neste sentido: 
Processo 
HC 223832 / MG 
HABEAS CORPUS 
2011/0262905-5 
Relator(a) 
 
Ministra LAURITA VAZ (1120) 
Órgão Julgador 
T5 - QUINTA TURMA 
Data do Julgamento 
16/02/2012 
Data da Publicação/Fonte 
DJe 02/03/2012 
Ementa 
HABEAS CORPUS. PENAL. FURTO E RECEPTAÇÃO. PRINCÍPIO DA 
INSIGNIFICÂNCIA. APLICABILIDADE. MÍNIMO DESVALOR DA AÇÃO. VALOR 
ÍNFIMO DA RES FURTIVAE. IRRELEVÂNCIA DA CONDUTA NA ESFERA PENAL. 
PRECEDENTES DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL E DESTA CORTE. ORDEM 
CONCEDIDA. 
1. As condutas perpetradas pelos Pacientes - respectivamente, furto e 
receptação de um botijão de gás avaliado em R$ 35,00 - insere-se na 
concepção doutrinária e jurisprudencial de crime de bagatela. 
2. O fato não lesionou o bem jurídico tutelado pelo ordenamento positivo, 
excluindo a tipicidade penal, dado o reduzido grau de reprovabilidade do 
comportamento do agente, o mínimo desvalor da ação e por não ter causado 
maiores consequências danosas. 
3. Ordem concedida para, cassando o acórdão impugnado, absolver os 
Pacientes dos crimes imputados, por atipicidade da conduta. 
 
Informativo nº 0475 
Período: 30 de maio a 3 de junhode 2011. 
Sexta Turma 
PRINCÍPIO. INSIGNIFICÂNCIA. RECEPTAÇÃO. CELULAR. 
A Turma aplicou o princípio da insignificância na hipótese de 
receptação de um celular avaliado em R$ 55,00, mas adquirido 
pelo paciente por R$ 10,00. Ressalvou seu entendimento a Min. 
Maria Thereza de Assis Moura. Precedentes citados do STF: HC 
91.920-RS, DJe 12/3/2010; HC 84.412-SP, DJ 19/11/2004; do STJ: HC 
142.586-SP, DJe 1º/7/2010, e HC 153.757-MG, DJe 3/5/2010. HC 
191.067-MS, Rel. Min. Haroldo Rodrigues (Desembargador 
convocado do TJ-CE), julgado em 2/6/2011. 
 
3º) Receptação em cadeia. 
 
- A doutrina entende que é possível haver a chamada receptação em cadeia, bastando que 
o agente que adquiriu posteriormente o bem tenha conhecimento da origem ilícita do bem. 
 
4º) A prescrição do crime anterior NÃO interfere no reconhecimento da receptação. 
 
- A conclusão acima se dá em virtude da previsão do Art. 108 do Código Penal que prevê que 
a extinção da punibilidade de crime que é pressuposto, elemento constitutivo ou circunstância 
agravante de outro não se estende a este. 
 
5º) Para o CESPE o proprietário do bem pode ser sujeito ativo do crime de receptação. 
 
 
- O CESPE filia-se a corrente de que o proprietário do bem poderá ser sujeito ativo do crime de 
receptação, neste sentido a seguinte questão: 
 
.(CESPE/ Escrivão PC PB/ 2009) Júnior, advogado, teve o seu relógio furtado. Dias 
depois, ao visitar uma feira popular, percebeu que o referido bem estava à 
venda por R$ 30,00. Como pagou R$ 2.000,00 pelo relógio e não queria se dar 
ao trabalho de acionar as autoridades policiais, Júnior desembolsou a quantia 
pedida pelo suposto comerciante e recuperou o objeto. Nessa situação 
hipotética, Júnior: 
(A) agiu em exercício regular de direito e não deve responder por nenhum 
delito. 
(B) não praticou delito, pois o bem adquirido já era de sua propriedade. 
(C) praticou o delito de receptação. 
(D) praticou o delito de estelionato. 
(E) praticou o delito de exercício arbitrário das próprias razões. 
RESP. C

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