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CCJ0043-WL-A-AMMA-05-O Estoicismo e Direito Natural

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NOME DA DISCIPLINA
AULA 1
1
CURSO DE DIREITO
NOME DA DISCIPLINA
O Estoicismo e o direito natural
Caso concreto da aula:
Caso 1 – A justiça e o direito natural
1. Por que os filósofos do estoicismo buscaram fundamento
na natureza para ordenar a vida humana?
2. No texto acima é possível identificar o sentido dos direitos
naturais na sua versão greco-latina?
AULA 16
CURSO DE DIREITO
NOME DA DISCIPLINA
O Estoicismo e o direito natural
Caso concreto da aula:
Caso 2 – Republicanismo no estoicismo
1. É possível identificar na fala de Cícero a tese
republicana? Justifique sua resposta.
2. Destaque no texto acima a passagem que exemplifica
seus argumentos na questão anterior.
AULA 16
CURSO DE DIREITO
NOME DA DISCIPLINA
O Estoicismo e o direito natural
Vamos conhecer como os estoicos conceberam a teoria do Direito
 natural?
E mais.
Vamos investigar como Cícero, representante do estoicismo
 romano, formulou os fundamentos do republicanismo clássico?
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Breve observação histórica
António Truyol y Serra (1982, p. 145-6) observa que a partir das
 conquistas de Alexandre Magno, a cultura grega vivenciou um
 momento de fusão com o pensamento oriental.
E neste encontro, sob o ponto de visa político, a cidade-estado
 (pólis) se enfraquece diante do império alexandrino e, depois,
 pela ordem romana.
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Breve observação histórica
E a Filosofia?
Truyol y Serra (1982) acrescenta que a filosofia assume um caráter
 prático, diante desta nova situação política, o homem grego
 perdeu seu modelo político, substituído por um poder distante.
Assim, a Filosofia assume três grandes áreas: a Lógica, a Física e a
 Ética. Neste caso, a Ética passa a se ocupar da ação humana
 como ação individual.
Pode-se observar que a Filosofia nos revela, nesse momento, a
 tentativa de restaurar em nível individual o que se desintegrou
 na esfera coletiva. Por isso alguns autores apontam para uma
 fuga no domínio da interioridade.
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Breve observação histórica
Roberto Bolzani Filho ( 2008, p. 166), comenta que:
Perdida a liberdade política, extinto o clássico modelo da pólis como
 cidade-estado autônoma, a especulação filosófica ter-se-ia
 voltado exclusivamente para ação individual; e o efeito disso
 seria a criação da ética entendida exclusivamente como um
 reflexão sobre indivíduo enquanto tal e não mais como
 membro de uma cidade, como cidadão.
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Resumindo o período helenístico...
•
Helenismo – modus vivendi do grego imposto por Alexandre da
Macedônia que marcou a quebra da comunidade político-religiosa da
pólis;
O termo helenismo foi cunhado por J.G. Droysen (1836);
Na ocasião a cidade de Alexandria era o centro cultural do mundo
antigo. Lugar de grande ecletismo;
A biblioteca de Alexandria contava com pelo menos 500 mil escritos
antigos e funcionou durante 600 anos;
Nesta fase, a filosofia perdeu o seu caráter crítico e dialético e a ética
se tornou o tema central;
Aparece o pensamento de escola: epicurismo, estoicismo e
ceticismo.
(MARCONDES, 1997.)
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NOME DA DISCIPLINA
A Escola Estoica
Estoicismo:
Fundado pelo fenício Zenão de Cítio (332-262 a.C.) em 300 a.C. O
 termo deriva de stoá poikilé, pórtico pintado, local das reuniões. Se
 dividiu em três fases: o estoicismo antigo, médio e novo.
 O pórtico das pinturas: local em que Zenão
 ensinava. De suas obras restaram apenas
 fragmentos. O representante mais destacado foi
Crisipo que desenvolveu grande atividade literária.
(MARCONDES, 1997.)
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A Escola Estoica
O pensamento de Zenão marcou o que se denomina de estoicismo
antigo e a sua ética foi resumida em duas fórmulas:
“Vive de acordo contigo mesmo” e “ Vive de acordo com a Natureza”
O que significam?
Viver de acordo consigo mesmo significa viver de acordo com a razão,
pois a virtude se afigura no império da razão sobre os sentidos,
eliminando-se as paixões, consideradas doenças da alma.
Os estoicos caracterizaram a natureza humana pela racionalidade, o
logos, que constitui o elemento divino em nosso ser (TRUYOL Y
SERRA, 1982, p.149).
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NOME DA DISCIPLINA
A Escola Estoica
Qual a relação que os estoicos estabeleceram entre o ser humano e
a natureza?
Os estoicos relacionaram a cidade, lugar da existência humana, ao
universo. Neste modo de ver, observaram que o universo seria uma
civitas habitada por homens e deuses e, dessa forma, contribuíram para
o surgimento de uma visão cosmopolita.
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A Escola Estoica
Qual a relação que os estoicos estabeleceram entre o ser humano e
a natureza? (Continuação)
É interessante perceber que para essa corrente de pensamento o
universo é vivificado por uma Divindade através de um fogo que
configura os objetos singulares, com fins próprios ( concepção
teleológica do universo). Então, todos s integrantes deste universo
experimentam uma conexão, o que nos revela a concepção de um
destino inexorável para cada ser. “O sábio aceita com resignação o
curso inelutável dos fatos, submete-se ao destino” (TRUYOL Y SERRA,
1982, p. 149).
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A Escola Estoica
Qual a implicação desta relação entre homens e logos divino?
Dessa percepção cosmopolita, podemos inferir o sentido de igualdade
que se desvela no pensamento estoico e a repulsa à escravidão. Todos
os homens são livres e, por consequência, a escravidão é fruto da
convenção (TRUYOL Y SERRA, 1982, p. 149).
“À comunidade universal do gênero humano corresponde um direito
 universal (p. 150).”
Do princípio da igualdade, fundado no patrimônio comum, resultará
uma teoria do direito natural no sentido de um conjunto de princípios
éticos que decorrem da natureza, considerada uma razão que rege
 o universo e que governa todos os seres humanos.
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A Escola Estoica
 O universo é um sistema e este é governado por uma razão
 (inteligência) que rege os acontecimentos. Então o mundo é um
 logos, um ser vivo animado e racional. Há uma racionalidade
presente nos acontecimentos naturais (TRUYOL Y SERRA, 1982, p.
 170).
E como fica o ser humano?
O ser humano se reconhece como membro desse sistema e promove a
 ligação da ética com a natureza. Por quê? Porque a ética focaliza a
 conduta humana nesse sistema. E, ao perceber o seu lugar na
 natureza, deve buscar a melhor conduta. Essa é a postura do sábio
 que se reconhece e se associa a esse mecanismo.
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A Escola Estoica
 O homem é o micro (pequena parte) da própria natureza (cosmo).
(...) Uma relação forte entre razão e virtude. A vida em comunidade
 é a forma natural de viver” (TRUYOL Y SERRA, 1982, p. 171-5).
Por que esta corrente de pensamento contribui para a ideia de gênero
 humano?
Segundo Del Vecchio (1963, p. 15), tal ideia se afigura na concepção de
 uma lei natural que domina o mundo e se reflete na consciência
 individual: o ser humano é partícipe por sua natureza de uma lei que
 vale universalmente. Um direito universal para o gênero humano. Há
 entre os homens uma profunda igualdade e todos realizam a ordem
 cósmica.
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A Escola Estoica
Segundo Billier e Maryoli (2006, p. 89-90), o universo estoico é pleno,
harmonioso que liga todos os seres e a doutrina estoica do direito
natural, um laço universal entre os seres. O ser humano é um cidadão
cosmopolita, portador de direitos naturais. A lei natural é a razão do
mundo, é imutável, está em todos os lugares.
 Deste modo, qualquer homem é visto comoum igual por qualquer
outro. (...) ele é como eu e não de um outro gênero diferente do meu
 ( p. 90).
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A Escola Estoica
Segundo preleciona Luc Ferry (2007, p. 41-42),
Para os estoicos, de fato, a estrutura do mundo, ou, se você preferir, a
 ordem cósmica, não é apenas uma organização magnífica, mas
 também uma ordem análoga à de um ser vivo. (...) É essa ordem,
 esse cosmos como tal, essa estrutura ordenada do universo todo que
 os gregos chamam de “divino” (theion), e não, como para os judeus
 ou os cristãos, um Ser exterior ao Universo, que existiria antes dele e
 que o teria criado.(...) Pode-se portanto dizer que a estrutura do
 universo não é apenas “divina”, perfeita, mas também “racional”, de
 acordo com o que os gregos chamam de logos (termo que dará a
 palavra lógica) e que designa justamente essa ordenação admirável
 das coisas.
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A Escola Estoica
Assim, o famoso imperativo segundo o qual é preciso imitá-la em tudo vai
 poder se aplicar não apenas ao plano estético, da arte, mas também ao
 da moral e o da política. (...) Marco Aurélio pensa que a natureza, pelo
 menos em seu funcionamento normal, excetuando-se os acidentes ou
 catástrofes que às vezes nos submergem, faz justiça a cada um, tendo
 em vista que ela nos dota, quanto ao essencial, daquilo de que
 precisamos (...). De modo que, nessa grande partilha cósmica, cada um
 recebe o que lhe é devido.
Essa teoria do justo anuncia uma fórmula que servirá de princípio a todo o
 direito romano: “dar a cada um o que é seu”, colocar cada um no seu
 lugar.
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A Escola Estoica
Esclarece Kauffmann e Hassemer ( 2002) que o estoicismo operou a
 transição filosófica do direito natural da Antiguidade para o direito
 natural medieval-cristão. (...) a lei única e divina que os estoicos
 designavam, por nomos, existe, por natureza, para todos os homens,
 em contraste com a norma humana, que não pertence à natureza e só
 é válida para um campo de aplicação limitado. Cícero (106-43 a.C.)
 terá conferido a esta ideia estoica, totalmente abrangente, do direito
 natural a sua expressão mais eloquente: “A verdadeira lei representa-
 se, pois, na recta razão, que está em harmonia com a natureza, que é
 comum a todos os homens”.
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A Escola Estoica
O que isso significa?
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Foi por meio do estoicismo que se iniciou o contato entre as filosofias
grega e romana;
A lei natural seria inata ao homem;
O espírito do estoicismo se desvela na expressão de Ulpiano:
Honeste vivere, alterum non laedere, suum cuique tribure;
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Cícero e o Direito Natural
E Cícero? Qual a sua contribuição
 para a teoria do Direito natural?
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Cícero e o Direito Natural
Marco Túlio Cícero ( 106-43 a.C.):
• Senador romano e recebeu influencia do estoicismo médio;
• Viveu na época clássica do direito romano (150 a.C. a 284 a.C.)
• Na ocasião a principal fonte deste direito era a jurisprudência, os
 éditos dos magistrados, o costume e a legislação;
• Foi um pensador eclético, tornou o latim língua filosófica e organizou
 diversas teorias filosóficas;
• Elaborou um estudo profundo sobre a lei, sua natureza e as leis
 naturais.
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Cícero e o Direito Natural
Marco Túlio Cícero ( 106-43 a.C.): ( cont.)
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Recebeu influência socrática, sofística, platônica, aristotélica e
estoica;
Para ele, o direito é um decorrência natural para a organização justa
e reta dos homens;
O parâmetro da conduta humana deverá ser a observância da lei
natural que é anterior ao homem:
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Cícero e o Direito Natural
Segundo Truyol Y Serra (1982, p. 158), não se pode incluir Cícero em
qualquer escola em particular, pois que nele se notam vestígios de
quase todas as do período pós-aristotélico. No entanto, o maior de todos
é o influxo estoico, principalmente recebido através de Possidônio, de
quem foi discípulo.
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Cícero e o Direito Natural
Acrescente-se que a sua ciência do direito não surgiu dos éditos ou da
Lei das Doze Tábuas, mas é resultado de uma filosofia. Foram as
concepções filosóficas que observaram a existência de uma razão
comum a todos os homens e que é lei em si. Por isso, “todos aqueles a
quem a Natureza concedeu razão, foi recta razão que lhes concedeu, e
com ela a lei, que não é senão a recta razão enquanto ordena ou
proíbe” (TRUYOL Y SERRA, 1982, p. 159).
 “A lei é a razão suprema da Natureza”
Uma lei primogênita, que nasce para todos!
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Cícero e o Direito Natural
Truyol Y Serra (1982, p. 159) observa que decorre desta lei primeira e
anterior a toda lei escrita, um Direito que nos leva ao justo da Natureza.
E neste ponto, as leis humanas devem participar desta Natureza.
Apoiando-se na tese estoica leva às últimas consequências a separação
entre lei da natureza e lei positiva, bem como a tese da igualdade social,
não de um modo absoluto, mas a partir da ideia de razão presente em
todos os seres. Daí resulta sua generosa confiança na natureza
humana.
A realização da justiça, vida humana ordenada, é
 o fim de qualquer sociedade política.
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Cícero e o Direito Natural
Marco Túlio Cícero ( 106-43 a.C.): (cont.)
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Formulou uma teoria da lei natural que afirmou a tese segundo a qual
a Ciência do Direito decorre da Filosofia;
A Filosofia nos ensina, diz Cícero, que há nos homens uma razão
comum que é lei em si mesma;
No âmbito político: reafirmou a natureza social e política do homem e
compreendeu a justiça como convivência humana ordenada;
Res publica: sociedade humana unida a partir da noção do justo –
uma sociedade política.
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Cícero e o Direito Natural
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A felicidade depende do grau evolutivo de organização da República;
esta organização depende da ética.
O direito é fundamental enquanto estiver de acordo com a natureza.
É uma decorrência natural para a organização justa e reta dos
homens em sociedade.
A justiça significa não fazer o mal injusto a outrem, nem utilizar-se do
que é comum sem que seja para a finalidade comum. Respeito aos
direitos privados: dar a cada um o que é seu.
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Cícero e o Direito Natural
Como compreendeu o princípio do bem comum?
Neste ponto Cícero buscou apoio no pensamento aristotélico, pois o
 bem comum se traduz no exercício do poder segundo o Direito.
 Assim, a lei é o princípio informador da vida política, por isso a
 sociedade tem como sua fonte o povo, embora de modos diversos.
 Então, o governo tem por finalidade o bem do povo em geral. E neste
 ponto, Cícero, defende a forma mista de governo.
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NOME DA DISCIPLINA
Cícero e o Direito Natural
O que Cícero quis dizer?
 “Se Roma existe, é por seus homens e seus hábitos. A brevidade e a
 verdade desse verso fazem com que seja, para mim, um verdadeiro
 oráculo. Com efeito: sem nossas instituições antigas, sem nossas
 tradições venerandas, sem nossos singulares heróis, teria sido
 impossível aos mais ilustres cidadãos fundar e manter, durante tão
 longo tempo, o império de nossa República. (...) Em suma, não há
 felicidade sem uma boa constituição política; não há paz, não há
 felicidade possível, sem uma sábia e bem organizada República.”
 (CÍCERO, 1988, p.175-176.)
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Cícero e o Direito Natural
O Republicanismo encontra raízes na Grécia, mas apresenta aspectos
 neorromanos. Seuspontos importantes são:
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A liberdade
A participação do cidadão ( envolvimento com a esfera pública)
Características:
Desenvolvimento das virtudes cívicas;
Fortalecimento da res publica.
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Cícero e o Direito Natural
•
O ponto comum que identifica uma tese republicana é: a
preocupação com a sobrevivência das instituições políticas.
Preocupação com a salvação da República.
Temos duas variantes da tradição Republicana: 1. democrática
(governo popular ilimitado); 2. aristocrática ( teme as decisões de
uma maioria plebeia – facilmente manipulável e corruptível, por vezes
incapaz de reconhecer o bem comum).
Lema: uma República precisa de leis eficazes e cidadãos virtuosos
(virtudes cívicas – marca do pensamento político antigo).
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Cícero e o Direito Natural
Que tipo de virtudes?
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Solidariedade;
Respeito às leis;
Tolerância religiosa;
Respeito às diferenças;
Moderação;
Justiça;
Patriotismo;
Sacrifício do interesse individual pelo bem comum;
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Cícero e o Direito Natural
O que está na base do surgimento de teorias como a do
republicanismo é:
“De que tipo de conhecimento precisam os governantes e governados
para que a paz e a estabilidade sejam mantidas.”
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Cícero e o Direito Natural
Cícero, na obra Sobre a República, enaltece a vida prática quando
 afirma a tese segundo a qual o homem existe para servir o outro e se
 aperfeiçoar na virtude. Assim, afirma:
 A coisa pública é o que pertence ao povo;
 Mas o povo não é todo o conjunto de homens
 Reunidos de qualquer maneira, mas sim
 o conjunto de uma multidão associada por
um mesmo direito, que serve a todos por igual (§ 25/39).
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Cícero e o Direito Natural
Por que Roma e não Grécia?
•
Na Grécia, predominava a idéia de unicidade como o lugar da
perfeição;
Em Roma, devido ao Império, o diferente, a integração, configurou a
aceitação do diverso, do heterogêneo; teremos o consulado, o
senado e o tribunado (plebe);
Síntese histórica: na transformação da antiga Roma de cidade-estado
em Império, com a expulsão do último rei romano Tarquínio, o
soberbo ( 509 a.C.), a república é fundada com a substituição do
Monarca pelo Magistério. O governo se tornou res publica e não mais
questão régia.
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Cícero e o Direito Natural
Na República clássica a característica central é a convicção de que a
 liberdade individual não pode ser dissociada da liberdade do Estado,
 de modo que a participação ativa dos cidadãos nos afazeres cívicos
 se torna um exigência, assim como a organização de um espaço em
 que o poder será exercido pelos membros da comunidade política.
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Cícero e o Direito Natural
Enfim, Cícero foi a fonte mais importante para os Padres da Igreja
 Ocidental (de Lactâncio a Santo Agostinho), patrística e escolástica.
 O seu estilo foi profundamente admirado no renascimento, o que
 perdurou até o século XIX. E como acrescenta Truyol Y Serra (1982,
 p. 165), “Assim, o direito romano se tornou, ao lado da filosofia grega
 e da religião cristã, pedra angular da construção do mundo
 ocidental”.
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Cícero e o Direito Natural
Qual a mensagem que podemos extrair do estoicismo e
de Cícero?
 “Em vez de exigir que os eventos do mundo ocorram segundo nossos
 desígnios, e sofrer uma frustração paralisante sempre que os fatos não
correspondam aos nossos desejos, convém aceitá-los do modo como se
 apresentam e desejar, positivamente, que operem conforme o exigem
 seus processos naturais; a paz de espírito e uma serena felicidade
 podem ser obtidas mediante a aceitação do mundo como ele é”
 (MORRISON, 2006, p. 61).
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Referências
ARANHA, M. l. A.; MARTINS, M. H. P. Filosofando: introdução à
filosofia. 3.ed.,São Paulo: Moderna, 2003.
BOLZANI FILHO, R. Estoicismo e ceticismo. In: MACEDO JR. (Coord.).
Curso de filosofia política. São Paulo: Atlas, 2008.
CÍCERO, M. T. Da República. In: Col. Os Pensadores. São Paulo:
Abril Cultural, 1988.
DEL VECCHIO, G. Lezioni di filosofia del diritto. Milano: Dott A.
Giuffré, 1963.
FERRY, Luc. Aprender a viver. Filosofia para os novos tempos. Rio
de Janeiro: Objetiva, 2007.
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Referências
KAUFMANN, A.; HASSEMER, W. Introdução à filosofia do direito e
à teoria do direito contemporâneo. Lisboa: Calouste Gulbenkian,
2002.
MARCONDES, D. Iniciação á história da Filosofia. Rio de Janeiro:
Zahar, 1997.
MORRISON, W. Filosofia do direito: dos gregos ao pós-modernismo.
São Paulo: Martins Fontes, 2006.
TRUYOL Y SERRA, A. História da filosofia do direito e do estado.
Lisboa: Instituto de Novas profissões, 1982.
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