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CCJ0043-WL-A-AMMA-09-AV1

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NOME DA DISCIPLINA
AULA 1
CURSO DE DIREITO
NOME DA DISCIPLINA
Rousseau: o Contrato Social como sentido de
conservação e prosperidade dos membros da
 associação política.
Caso concreto da aula:
Caso 1 – Papa diz que só a "lei de Deus" pode garantir
direitos do homem
1. Na visão contratualista de Rousseau, em que bases se
alicerça a legitimidade do poder estatal? E do direito?
Fundamente sua resposta.
2. Analisando o texto acima, é possível afirmar que a
visão do Papa converge com a visão de Rousseau no que
se refere à vontade das maiorias como possível fonte de
decisões? Justifique sua resposta.
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Rousseau: o Contrato Social como sentido de
conservação e prosperidade dos membros da
 associação política.
Caso 2 – VOTOS NULOS E BRANCOS ASSUSTAM
JUSTIÇA ELEITORAL
Considerando a notícia acima, responda:
1 – A manchete acima se relaciona com o sentido de
vontade geral em Rousseau? Justifique.
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Rousseau: o Contrato Social como sentido de
conservação e prosperidade dos membros da
 associação política.
Segundo Alysson L. Mascaro (2010, p.183), Rousseau foi o
mais popular e crítico dos modernos. Revolucionários fizeram
de suas ideias lemas para a revolução francesa. Pierre
Burgelin(1996) observa que Rousseau realizou uma reflexão
acerca dos princípios de uma sociedade justa, fundada no
sentido de uma vontade geral, uma República. Vamos
conhecê-lo?
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Rousseau: o Contrato Social como sentido de
conservação e prosperidade dos membros da
 associação política.
Jean-Jacques Rousseau (1712- 1778/1801):
Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade
entre os homens
O contrato social
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O Contrato Social como sentido de conservação e
prosperidade dos membros da associação política.
O século de Rousseau foi denominado de século das luzes,
o séc. XVIII. Nesta fase, o movimento iluminista estava
envolvido com o otimismo provocado pelo desenvolvimento
da ciência experimental. Neste horizonte, os pensadores
acreditavam poder estender a todas as dimensões da vida
humana o modelo de racionalidade imposto pelo
pensamento científico (SILVA, 2008, p. 351).
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O Contrato Social como sentido de conservação e
prosperidade dos membros da associação política.
Essa tese não foi compartilhada por Rousseau, cuja vida
fora marcada por muitas privações materiais. Em seu olhar,
a realidade social de sua época estava muito longe de uma
vida emancipada. Apesar dos avanços provocados pela
ciência e técnica, perdia-se na extrema desigualdade.
Assim, considerou em suas críticas que a sociedade
europeia era responsável pela perda progressiva da
liberdade e da moralidade pertencentes à natureza humana
(SILVA, 2008, p. 352).
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O Contrato Social como sentido de conservação e
prosperidade dos membros da associação política.
Observa Felipe Gonçalves Silva (2008, p. 355) que, para
este filósofo, na mesma proporção que a humanidade
desenvolvia graus mais elevados de civilização,
experimentava, a perda de sua independência e integridade
originárias.
Neste ponto, a leitura da obra Discurso é a chave para o
entendimento do contrato social de Rousseau, pois
apresenta o homem original, o bom selvagem.
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O Contrato Social como sentido de conservação e
prosperidade dos membros da associação política.
Como Rousseau compreendeu o homem original?
Para este pensador, o homem original é um ser tranquilo,
com poucas necessidades. Ele experimenta uma existência
feliz, porquegarante a sua subsistência de maneira
independente dos demais. Vive como nômade, não precisa
da palavra, de invenções, sobrevive da natureza e não faz
guerra porque não há motivos para tal. As paixões do
homem natural estão ligadas, apenas, a sua vida na
natureza (SILVA, 2008, p. 358). O bom selvagem!
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O Contrato Social como sentido de conservação e
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E o estado de natureza?
Rousseau não pensou o estado de natureza como
fundamento de direitos inatos, mas para promover uma
reflexão sobre a liberdade humana.
Assim, esse lugar fictício seria um estado de paz, prazeres
fáceis e inofensivos. Nele, o homem original experimentava
uma liberdade natural, ou seja, uma independência em
relação aos demais. Vivia a autossuficiência material que se
caracterizava pela ausência de dominação (SILVA, 2008, p.
358).
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O Contrato Social como sentido de conservação e
prosperidade dos membros da associação política.
Portanto, defendeu que o estado de natureza estaria aquém
de todas as formas de socialização conhecidas naquele
momento (SILVA, 2008, p. 358).
“O que a tradição da filosofia política jusnaturalista encontrou no estado
de natureza, Rousseau encontrou na sociedade civil, porque descobre
uma condição anterior, já que para ele o verdadeiro homem natural não
é mal, nem movido por fortes desejos. O estado de natureza para
Rousseau é uma condição de ausência de relações permanentes; desta
maneira o homem é um ser inocente” (SANTILLÁN, 1992, p. 60).
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O Contrato Social como sentido de conservação e
prosperidade dos membros da associação política.
Rousseau não propõe um retorno ao estado de natureza,
mas apresenta a sua crítica a um tipo de civilização que
corrompe o homem ao invés de emancipá-lo (SANTILLÁN,
1992, p. 60).
“Os filósofos (...) sentiram todos as necessidades de voltar até ao
estado de natureza mas nenhum deles chegou até lá (...). Enfim, todos,
falando incessantemente de necessidades, avidez, opressão, desejos e
orgulho, transferiram para o estado de natureza ideias que tinham
adquirido em sociedade; falavam do homem selvagem mas descreviam
o homem civil “(Discurso , p.45)
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O Contrato Social como sentido de conservação e
prosperidade dos membros da associação política.
“Os filósofos que examinaram os fundamentos da sociedade
 sentiram todos a necessidade de remontar ao estado de
 natureza, mas nenhum deles o atingiu. (...) Enfim, todos,
 falando incessantemente de necessidade, de avidez, de
 opressão, de desejos e de orgulho, transportaram para o
 estado de natureza ideias que haviam tirado da sociedade:
 falavam do homem selvagem, mas descreviam o homem
 civil” (Discurso , p.144)
“O homem nasceu livre e por toda a parte ele está
 agrilhoado” (O contrato social, Livro I, Cap. 1)
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O Contrato Social como sentido de conservação e
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O seu contrato social não foi pensado no sentido de
legitimar a submissão a uma autoridade, mas para
assegurar a cada um a condição de criador e participante da
autoridade política – uma cidadania ativa (SILVA, 2008, p.
355).
Busca-se um contrato legítimo!
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O Contrato Social como sentido de conservação e
prosperidade dos membros da associação política.
Se a condição civil é incompatível com a independência
natural, por que abandonar o estado de natureza?
Para Rousseau, novas condições de vida propiciaram o
advento de redes interligadas de desigualdade e
dependência entre os homens. Isto significa dizer que há
um enfraquecimento progressivo do estado de natureza
devido aos acasos naturais, tais como: inundações,
tremores de terra, invernos rudes etc. que contribuíram para
a formação de laços coletivos (SILVA, 2008, p. 362).
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prosperidade dos membros da associação política.
Tais laços coletivos configuraram, inicialmente, cooperações
ocasionais, permitindo a fruição de uma relação de
dependência. Nessas novas relações, surgem as condições
para a superação do “amor de si” ligado á sobrevivência
para o sentido do “amor próprio” que se configura em
detrimento do outro e propicia o aparecimento da ganância,
ambição e inveja (SILVA, 2008, p. 364).
Um corpo coletivo que contribui para a
 usurpação econômica.
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Nesse processo, os homens passam de uma vida solitária e
nômade para uma experiência de vida comunitária e
sedentária.
Em sua análise indica como etapas significativas do
processo de civilização o nascimento da divisão do trabalho,
da agricultura e da metalurgia. Todavia, o mais importante é
o reconhecimento da propriedade. Neste ponto, sua
observação se aproxima do pensamento de Locke ao
derivar a propriedade do trabalho(SANTILLÁN, 1992, p.74-
5).
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Como pensar num contrato sem vício, legítimo?
Rousseau compreendeu o pacto social como proteção da
pessoa e seus bens a partir do sentido de associação. Neste
contrato, o homem é um associado, ou seja parte integrante
da comunidade e comprometido com ela. Não há
submissão, mas associação que configura uma autoridade
coletiva nas mãos de todos os contratantes(SILVA, 2008, p.
367).
Para Rousseau, nenhum contrato é legítimo se não resolver
o problema da corrupção e da desigualdade(SANTILLÁN,
1992, p. 78).
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Surge, assim, a figura do cidadão, ou seja, aquele que
participaeintegraaautoridade,assumindo
simultaneamente os papéis de autor e destinatário. Nesta
figura, a liberdade natural se afigura como autogoverno em
que cada um se submete às leis de sua própria autoria
(SILVA, 2008, p. 367).
Forma-se o corpo político!
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Como Rousseau compreendeu o corpo político?
Trata-se de um corpo moral, coletivo, integrado por todos os
participantes, cuja vontade denominou de vontade geral, ou
seja, o conjunto da vontade de seu membros e que não se
confunde com a soma de interesses pessoais, mas o bem
comum (SILVA, 2008, p. 369).
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 “Essa soma de forças só pode nascer do concurso de
 muitos (...). Encontrar uma forma de associação que
defenda e proteja com toda a força comum a pessoa e os
bens de cada associado, e pela qual cada um, unindo-se a
todos, só obedeça, contudo, a si mesmo e permaneça tão
 livre quanto antes” (O contrato social, Livro, I, Cap. VI, p.
 20).
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Felipe Gonçalves Silva (2008, p. 369), esclarece que:
“A vontade do corpo político, chamado por Rousseau de
vontade geral, é de fato resultante do conjunto das vontades
de seus membros; entretanto, ela não é constituída pela
soma dos interesses pessoais de cada um deles, mas
somente por aquela parcela das vontades dos associados
imbuída do interesse coletivo”.
Essa vontade geral precisa de um instrumento para
 ter eficácia.
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“Cada um de nós põe em comum sua pessoa e todo o seu
 poder sob a suprema direção da vontade geral; e
 recebemos, coletivamente, cada membro como parte
 indivisível do todo” (O contrato social, Livro, I, Cap. VI, p.
 22).
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A vontade geral relaciona-se com a Lei!
A Lei se configura em Rousseau um instrumento específico
para que a vontade geral seja fixada.
Por quê?
Porque expressa a declaração pública e solene da vontade
geral (ato de todo o povo que estatui algo para todos). A lei
expressa universalidade da vontade, ou seja, uma vontade
soberana do povo(SILVA, 2008, p. 370).
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O que significa essa universalidade da Lei?
Significa que possui uma forma geral e abstrata. Geral
quando visa a uma classe e não ao indivíduo. Abstrata
porque regula ações que podem ocorrer no futuro e não um
acontecimento isolado e único (SILVA, 2008, p. 370).
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Estado de natureza – Sociedade civil (corrupta) –
República:
Na passagem em favor do coletivo, a justiça substitui a
força, o compromisso o egoísmo. A liberdade natural é
substituída pela liberdade civil e a igualdade é a base da
convivência. Ser livre e igual significa participar ativamente
das decisões em busca do bem comum, sem qualquer tipo
deopressão.Asujeiçãoésubstituídapela
associação(SANTILLÁN, 1992, p. 86-7).
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 “O que o homem perde pelo contrato social é a liberdade
 natural e um direito ilimitado a tudo quanto deseja e pode
 alcançar; o que com ele ganha é a liberdade civil e a
 propriedade de tudo o que possui. Para que não haja
engano a respeito dessas compensações, importa distinguir
 entre a liberdade natural, que tem por limites apenas as
 forças do indivíduo, e a liberdade civil, que é limitada pela
 vontade geral” (O contrato social, Livro, I, Cap. VIII, p. 26).
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O núcleo do sistema republicano de Rousseau repousa
sobre a relação entre o indivíduo e o coletivo, em que cada
um é soberano enquanto membro do corpo político.
A vontade geral tem como objetivo o bem comum e os bens
fundamentais que são a liberdade e igualdade de todos os
associados(SANTILLÁN, 1992, p. 90).
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prosperidade dos membros da associação política.
Assim, a única forma válida de Estado é a República que
corresponde a forma de Estado Democrático, já que o corpo
político deve estar constituído por cidadãos que participam
diretamente do poder(SANTILLÁN, 1992, p. 94).
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Concluindo Rousseau...
O homem nasceu bom, mas o convívio social o fez decair. A
tarefa é encontrar uma forma de associação que proteja e
defenda com toda a força a pessoa e os bens.
O Estado é a expressão da vontade geral, espírito do povo
orientado pelo bem comum que deve produzir leis que
garantam o bem estar. O estado não deve favorecer as
desigualdades.
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Referências
MASCARO, A. L. Filosofia do direito. São Paulo: Atlas, 2010.
ROUSSEAU, J-J. O contrato social. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes,
1996.
___________. Discurso sobre a origem e os fundamentos da
desigualdade entre os homens. São Paulo: Martins Fontes, 1993.
SANTILLÁN, José F. Fernández. Hobbesy Rousseau. Entre la
autocracia y la democracia. México: Fondo de Cultura económica,
1992.
SILVA, F. G. Rousseau e a soberania da vontade popular. In: MACEDO
JR., R. P. (Org.). Curso de Filosofia Política. Do nascimento da
filosofia a Kant. São Paulo: Atlas, 2008. p. 351-384.
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