Buscar

SUICÍDIO – ÈMILE DURKHEIM

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

SUICÍDIO
 ÈMILE DURKHEIM
OBRA SUICÍDIO
Eu interrompi minhas conferências para devotar-me completamente ao livro que estou preparando sobre O Suicídio. Eu espero que quando ele apareça as pessoas terão uma melhor compreensão da realidade do fenômeno social sobre o qual elas não concordam comigo, porque o que aí eu estudo é a disposição social para o suicídio (le courant social au suicide), a tendência dos grupos sociais para o suicídio, isolada de suas manifestações individuais (por abstração certamente, porque a ciência não isola seu objeto de nenhuma outra maneira)." DURKHEIM em carta para Bouglé, datada de 16 de maio de 1896 (Lukes, 1977:193). 
  
2
OBJETO DE ESTUDO
Para Durkheim existe a necessidade de conceituar o SUICÍDIO de forma objetiva, através da comparação, que segundo ele, é a única forma possível de conseguir explicações.
Uma investigação científica só pode atingir o seu fim se se debruçar sobre fatos comparáveis
Que fatos devem ser estudados como suicídio?
Entre as diversas espécies de morte, há as que apresentam o seguinte traço peculiar: o fato de serem obra da própria vítima, de resultarem de um ato de que o paciente é o autor. Essa é a ideia comum que se tem do suicídio.
Daí surge o seguinte conceito: o suicídio é toda morte que resulta mediata ou imediatamente de um ato positivo ou negativo realizado pela própria vítima
CONHECIMENTO DE CAUSA
A vítima, no momento de agir, sabe o vai resultar da sua conduta, seja qual for a razão que a levou a conduzir-se assim. 
Não constitui problema insolúvel saber se previamente o indivíduo conhecia ou não as consequências naturais da sua ação.
Esses óbitos constituem grupo definido, homogêneo, discernível de outro qualquer.
CONCEITO DE SUICÍDIO
Para Durkheim “chama-se SUICÍDIO todo caso de morte que resulta direta ou indiretamente de um ato positivo ou negativo praticado pela própria vítima, ato que a vítima sabia dever produzir esse resultado”
PORQUE O SUICÍDIO INTERESSA AO SOCIÓLOGO?
Se for considerado o conjunto de suicídios cometidos numa dada sociedade, o total assim obtido não é uma soma de unidades independentes, mas constitui em si um fato novo e sui generis, que possui a sua unidade e a sua individualidade, a sua natureza própria por conseguinte, e que, além disso, tal natureza é eminentemente social. 
TAXA DE SUICÍDIOS
Para Durkheim cada sociedade, em cada momento da sua história, tem uma aptidão definida para o suicídio. Mede-se a intensidade relativa desta aptidão tomando a relação entre o número global de mortos voluntários e a população global. A este dado numérico Durkheim chama de TAXA DE MORTALIDADE-SUICÍDIO PRÓPRIA À SOCIEDADE CONSIDERADA. É calculada, em geral, proporcionalmente a um milhão ou a cem mil habitantes“ 
VARIAÇÕES DA TAXA DE SUICÍDIO
Às variações, Durkheim associa alguma crise que atinge passageiramente o estado social, como, por exemplo, o que se deu no ano de 1848. Nesta data ocorre uma brusca diminuição em todos os estados europeus. Em intervalos mais longos de tempo, verifica-se que ocorrem mudanças mais graves, que são bruscas e paulatinas, no sentido de que as taxas elevam-se, afirmam-se, acentuam-se e por fim estabilizam-se.
LIVRO II
CAUSAS SOCIAIS E TIPOS SOCIAIS 
CAPÍTULO PRIMEIRO
MÉTODO PARA OS DETERMINAR
 CLASSIFICAÇÃO ETIOLÓGICA DO SUICÍDIO, o Autor diz ser impossível uma classificação segundo as suas formas ou características morfológicas, pois haveria necessidade de um grande número de casos particulares. O fenômeno será conhecido através DE SUAS CAUSAS E NÃO APENAS DE SUAS CARACTERÍSTICAS.
Se quisermos entender o suicídio como fenômeno coletivo, "teremos de encará-lo desde o início sob a forma coletiva, isto é, através de dados estatísticos. A taxa social é o que temos de tomar diretamente por objeto de análise; é preciso ir do todo às partes”
COMO ATINGIR ESSAS CAUSAS?
“deixando de lado, por assim dizer, o indivíduo enquanto indivíduo, seus motivos e suas ideias, indagaremos imediatamente quais são os estados dos diferentes meios sociais (credos religiosos, família, sociedade política, grupos profissionais etc.), em função dos quais o suicídio varia. Só depois, voltando aos indivíduos, estudaremos de que modo essas causas gerais se individualizam para produzir os efeitos homicidas por elas implicados”
CAPÍTULO SEXTO
FORMAS INDIVIDUAIS DOS DIFERENTES TIPOS DE SUICÍDIO
DURKHEIM coloca em evidência que os tipos sociais que propõe correspondem aproximadamente a tipos psicológicos. 
SUICÍDIO EGOÍSTA
É aquele cujos interesses do indivíduo estão acima da sociedade. Isto acontece, segundo o sociólogo, especialmente em sociedades “superiores”, mas com determinadas carências de integração entre sociedade e indivíduo (baixo grau de integração social).
é preciso salientar aqui que DURKHEIM chama de “superiores” as sociedades ocidentais modernas em contraposição às sociedades “primitivas”, tribais ou indígenas.
 DURKHEIM diz que o homem é um ser duplo, possui uma personalidade individual e uma coletiva, esta última representa um padrão comum entre todos os indivíduos. Quando a sociedade, por alguma falha, não consegue penetrar seus valores coletivos de pertencimento e de existência no indivíduo, este pode causar sua própria morte caso algo relacionado apenas à sua vida particular tenha originado uma decepção, uma desilusão, uma descrença; tendo em vista que os valores individuais são, nesta situação, maiores do que o sentido de existência ligado ao coletivo.
SUICÍDIO ALTRUÍSTA
aqui o grau acentuado de integração entre sociedade e indivíduo, pode desencadear o suicídio altruísta. Neste caso, o suicida não encontra valores em sua existência individual para continuar vivo, pois os valores da sociedade estão muito acima dos pessoais. 
Este fenômeno ocorre com maior frequência nas sociedades “inferiores”, onde existe uma integração demasiada, sobretudo demonstrada pela religião (crença, rituais comuns) que dá o significado de existência para os membros que compõem a comunidade.
DURKHEIM cita como exemplo o suicídio da mulher após a morte do marido. Primeiro, os indivíduos são tratados como membros, como braços de um corpo do qual não teriam existência fora dele. A mulher, em alguns casos, é somente uma extensão do marido, portanto, não há mais sentido que ela viva após a morte do esposo.
Outro exemplo ilustrativo é o suicídio provocado depois da morte de um líder religioso que norteava a direção de existência dos seguidores, deste modo, é preferível acompanhar o mestre no além-túmulo de que viver uma vida sem direção. Portanto, o suicídio altruísta caracteriza-se PELO FATO DE EXISTIR ALGO MAIOR QUE O INDIVÍDUO, fazendo com que, de acordo com o acontecimento, o sentido de continuar existindo não esteja mais nesta vida.
SUICÍDIO ANÔMICO
 Entende-se por anomia um afrouxamento nos laços sociais, mas diferentemente do fator individual, que caracteriza o suicídio egoísta, este tem a causa na própria sociedade. Temos assim, épocas de crises econômicas densas e abruptas, que alteram de maneira significativa os valores sociais do coletivo e afetam com relevância o cotidiano do indivíduo e causam o suicídio anômico.
Durkheim explica que o suicídio anômico é causado quando o indivíduo não reconhece mais sua função e utilidade em uma sociedade por causa de uma transformação gestada por ela própria, que suprime os valores que davam sentido a existência individual dos membros em integração nesse organismo. Outro fator, em sociedades avançadas, é quando o indivíduo possui um padrão de vida econômica muito alta, e então, não reconhece seus limites, não consegue satisfazer-se com coisas simples e sempre aparenta descontentamento.

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Outros materiais