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REGIMES DE BENS

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REGIMES DE BENS
(Casamento)
Perspectiva Civil-Constitucional;
Visão geral dos regimes de bens;
Pacto antenupcial;
Comunhão parcial;
Comunhão universal;
Separação convencional ou absoluta;
Separação legal ou obrigatória;
Participação final nos aquestos
Material elaborado com base nos autores Maria Berenice Dias (2015), Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald (2010).
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Regime de bens em perspectiva Civil - Constitucional
CASAMENTO
Comunhão de vida
EFEITOS
Pessoais
Sociais
Patrimoniais
Assistência recíproca;
Guarda;
Sustento e educação dos filhos;
Manutenção do lar;
Etc.
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Regime de bens em perspectiva Civil - Constitucional
As restrições à liberdade de dispor dos próprios bens, o direito à administração de bens e a atuação sem autorização do cônjuge são aplicáveis de maneira uniforme ao marido e à esposa
Princípio da autonomia privada: vai permitir a escolha livre das regras que nortearão o casamento, desde a escolha por um regime legal até a adequação de regras para um regime próprio.
Princípio da liberdade de escolha (art. 1.639)
Princípio da variedade de regimes;
Princípio da mutabilidade justificada e submetida ao crivo judicial
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Visão Geral dos Regimes de Bens
Princípios Norteadores dos Regimes de Bens
I - Liberdade de escolha (art. 1.639): podem os nubentes eleger, livremente, o regime de bens que julgar mais adequado, antes da celebração do matrimônio, durante a fase de habilitação. Esta liberdade deve ser exercida pelo modo e pela forma exigidos na legislação (realização de pacto antenupcial por escritura pública registrada no Cartório de Imóveis), sob pena de invalidade;
Não havendo pacto antenupcial, ou sendo ele inválido, aplica-se o regime supletivo de vontade (comunhão parcial) por deliberação imperativa da lei, suprindo a ausência de manifestação válida de vontade das partes;
Regime da separação obrigatória - mitigação à liberdade de escolha (art. 1.641):
Violação de causas suspensivas do art. 1.523;
Quando um dos nubentes tem mais de 70 anos*;
Quando um dos noivos depende de autorização judicial para casar.
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Princípios Norteadores dos Regimes de Bens
II – Variedade do Regime de Bens: o CC/02 estabelece quatro diferentes tipos de regime de bens para o casamento. Porém, o conteúdo deste princípio vai além do texto da lei. É permitido aos nubentes estabelecer novos modelos, criando um regime de bens próprio e particularizado, como bem lhes aprouver (também será necessária a celebração de pacto antenupcial).
Função social do pacto antenupcial: o estabelecimento de disposições ou regimes de bens que atentem contra as regras e princípios de ordem pública não são permitidos (art. 1.655);
III – Mutabilidade justificada e submetida ao crivo judicial (art. 1.639, §2º): o CC/02 admite a alteração do regime de bens, posteriormente à celebração do casamento, desde que atendidas as condições estabelecidas em lei.
Pedido formulado por ambos os cônjuges;
Autorização judicial (juiz da vara de família);
Indicação de motivo relevante;
Inexistência de prejuízo de terceiros e dos próprios cônjuges
Visão Geral dos Regimes de Bens
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OBS (princípio da mutabilidade): 
Mudança de regime de comunhão para regime de separação absoluta: efeitos ex nunc, não retroativos, deve ser feita a partilha;
Mudança de regime separatório para regime de comunhão universal: efeitos ex tunc, eficácia retroativa
Deferido o pedido de alteração do regime, não precisa ser celebrado um novo pacto, bastando a sentença como título para registro cartorário;
Regime de separação obrigatória: é possível realizar a alteração, desde que tenha cessado a causa que lhe impôs (Enunciado 262 CJF);
Art. 2.039 CC/02: é possível a alteração de regime de casamento celebrado sob a vigência do CC/16? SIM, pois o casamento é uma relação jurídica continuativa e seus efeitos estão submetidos à nova legislação (Enunciado 260 CJF).
Visão Geral dos Regimes de Bens
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Visão Geral dos Regimes de Bens
Eficácia do regime de bens no casamento
A eficácia do regime eleito pelos nubentes fica submetida à ocorrência do casamento;
A validade do pacto antenupcial é o primeiro passo para verificar a possibilidade de o regime produzir efeitos;
Ou seja, o regime será INeficaz: 
1) se a vontade dos nubentes ao celebrar o pacto estiver viciada; 
2) se não for observada a forma pública exigida por lei para a celebração do pacto; 
3) se não for celebrado o casamento em seguida à realização do pacto;
A eficácia dura até a dissolução do casamento, por morte, divórcio ou separação de fato, pois, cessada a convivência, também se extingue a colaboração recíproca entre os ex cônjuges.
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Pacto Antenupcial
Se os nubentes optarem por um regime distinto do regime legal supletivo (comunhão parcial), ou se, ao optarem pelo regime legal, desejarem adequá-lo conforme lhes aprouver, exige-se a lavratura de pacto antenupcial.
Além de disciplinar o regime de bens, o pacto pode também conter cláusulas diversas (baseado na autonomia privada), de diferentes origens e finalidades, disciplinando inúmeras questões privadas, inclusive domésticas, desde que não afrontem direitos e garantias fundamentais de cada pessoa humana nem disposições de ordem pública, como:
Dispensa do dever de mútua assistência;
Renúncia ao direito de pleitear a dissolução do casamento;
Direito à herança
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Pacto Antenupcial
Art. 1.653 – É nulo o pacto antenupcial se não for feito por escritura pública, e ineficaz se não lhe seguir o casamento.
Deve ser celebrado por escritura pública e registrado no Cartório de Imóveis, para que produza os regulares efeitos perante terceiros (ERGA OMNES);
Se não registrado em cartório imobiliário, valerá entre as partes, sendo inoponível, apenas, aos terceiros.
Casamento de adolescentes em idade núbil: precisa de autorização para ser realizado e, caso haja celebração de pacto antenupcial, este deverá ser aprovado pelos pais ou representantes legais para que tenha eficácia. Essa aprovação não se confunde com a autorização para casar.
Casamento que precisa de autorização judicial (suprimento de idade ou de consentimento) sempre será submetido ao regime de separação obrigatória, não admitindo celebração de pacto antenupcial.
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Comunhão Parcial de Bens
Trata-se do regime supletivo de vontade, ou seja, prevalecerá diante do silêncio das partes quanto à manifestação de escolha do regime de bens do casamento. Dispensa a celebração de pacto antenupcial.
O que é meu, é meu;
O que é seu, é seu;
O que é nosso, metade é de cada um.
Reserva a titularidade exclusiva dos bens particulares e estabelece comunhão dos bens adquiridos, onerosamente, durante a convivência. Existe aqui uma presunção absoluta (juris et de jure) de colaboração conjunta pela aquisição onerosa de bens na constância do casamento.
Arts. 1.658 a 1.666
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Comunhão Parcial de Bens
Bens que integram a comunhão (Art. 1.660):
Bens adquiridos na constância do casamento por título oneroso, ainda que em nome de um só cônjuge;
Bens adquiridos por fato eventual, com ou sem concurso de trabalho ou despesa anterior (Exemplo: prêmio de loteria);
Frutos decorrentes de bens particulares de cada um (Exemplo: aluguéis de um bem anterior ao casamento) e as benfeitorias realizadas nestes bens particulares (presume-se esforço comum para o melhoramento do bem);
Bens adquiridos por doação, herança ou legado, em favor de AMBOS os cônjuges.
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Comunhão Parcial de Bens
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Bens que não integram a comunhão (Art. 1.659):
Comunhão Parcial de Bens
Os bens adquiridos por cada um antes das núpcias e os que se sub-rogaram (substituíram) em seus lugares*;
Os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um dos cônjuges em sub-rogação dos bens particulares*;
As obrigações assumidas antes do casamento, inclusive com os preparativos para o casamento (aprestos);
Obrigações
decorrentes de ato ilícito, salvo se reverteram em proveito do casal;
Bens de uso pessoal, livros e instrumentos de profissão;
Proventos do trabalho pessoal do cônjuge*;
Pensões, meio-soldos, montepios e outras rendas de igual natureza.
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Comunhão Parcial de Bens
*Os bens adquiridos por cada um antes das núpcias e os que se sub-rogaram (substituíram) em seus lugares:
Se um dos cônjuges possui um imóvel anterior ao casamento, esse bem não se comunica. Se, na constância do casamento, ele vende esse imóvel e adquire outro, ele deve incluir na escritura do imóvel uma cláusula de sub-rogação, indicando que aquele bem permanecerá incomunicável por ter sido adquirido com valor comunicável (por ser anterior ao casamento).
Sub-rogação parcial: se o imóvel anterior ao casamento foi vendido por 70 mil reais e o novo imóvel foi comprado por 100 mil, haverá sub-rogação parcial, ou seja, apenas os 30 mil vão se comunicar
*Os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um dos cônjuges em sub-rogação dos bens particulares:
Tem de existir a cláusula de sub-rogação para manter a incomunicabilidade.
*Proventos do trabalho pessoal do cônjuge:
Se tudo que é adquirido na constância do casamento se comunica, como aquilo que advém do trabalho dos cônjuges não vai se comunicar?
O que não se comunica é o direito de receber o salário. Dinheiro na conta ou convertido em bens, se comunica.
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Comunhão Universal de Bens
O que é meu, é nosso;
O que é seu, é nosso;
É tudo nosso.
Através deste regime, forma-se uma massa patrimonial única para o casal, estabelecendo uma unicidade de bens, atingindo créditos e débitos e comunicando os bens pretéritos e futuros.
É uma verdadeira fusão de acervos patrimoniais, constituindo uma única massa que pertence igualmente a ambos os cônjuges. Cada um terá direito à meação sobre todos os bens desta universalidade formada, independente de terem sido adquiridos antes ou depois das núpcias, a título oneroso ou gratuito.
Arts. 1.667 a 1.671
Como regra geral, a comunhão universal é a plena comunhão patrimonial. Entretanto, NÃO é absoluta. O art. 1.668 traz um rol restrito, que deve ser entendido em caráter excepcional, de bens próprios e particulares que não integram a comunhão.
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Comunhão Universal de Bens
Bens que não integram a comunhão (art. 1.668):
Bens adquiridos por doação ou herança com cláusula de incomunicabilidade e os sub-rogados em seu lugar*;
Bens gravados com fideicomisso, bem como o direito do fideicomissário antes de realizada a condição suspensiva*;
Dívidas assumidas antes de casar, exceto as decorrentes da realização do casamento (aprestos);
Doações feitas por um cônjuge ao outro com cláusula de incomunicabilidade;
Bens de uso pessoal, livros, instrumentos de profissão, proventos do trabalho de cada um*, pensões, meio-soldos, montepios e rendas semelhantes.
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Comunhão Universal de Bens
*Bens adquiridos por doação ou herança com cláusula de incomunicabilidade e os sub-rogados em seu lugar:
Os frutos decorrentes desses bens (que não se comunicam) entrarão regularmente na comunhão patrimonial, pertencendo à universalidade formada (art. 1.669)
*Bens gravados com fideicomisso, bem como o direito do fideicomissário antes de realizada a condição suspensiva:
Quando o testador deixa um determinado bem para uma pessoa que terá a obrigação de repassá-lo para outra, que ainda não foi concebida ou não for nascida quando da abertura da sucessão
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Comunhão Universal de Bens
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Separação Convencional ou Absoluta de Bens
O que é meu, é meu;
O que é seu, é seu;
Nada é nosso.
A separação convencional de bens é o regime que promove uma absoluta diáspora patrimonial, obstando a comunhão de todo e qualquer bem adquirido por cada cônjuge, antes ou depois do casamento, seja a título oneroso ou gratuito. Outorga-se a cada esposo uma independência absoluta quanto aos seus bens e obrigações, no presente e no futuro. Cada um mantém um patrimônio particular, inexistindo qualquer ponto de interseção de bens.
Separação Convencional ou Absoluta Separação Obrigatória ou Legal
A separação obrigatória é aquela imposta pela lei nos casos elencados no art. 1.641. Este tipo de regime, por força da Súmula 377 STF, estipula que haverá comunhão dos aquestos, ou seja, dos bens que forem adquiridos onerosamente na constância do casamento. Sendo assim, não há uma separação total de bens, diferentemente da separação convencional.
Arts. 1.687 e 1.688
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Separação Convencional ou Absoluta de Bens
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Participação Final nos Aquestos
O que é meu, é meu;
O que é seu é seu;
(durante o casamento)
Metade do que é meu é seu; metade do que é seu é meu e o que é nosso, metade de cada um.
 (ao final do casamento)
A participação final nos aquestos é um regime patrimonial misto, híbrido, decorrendo de um mix entre as regras da separação convencional e da comunhão parcial de bens.
Prevê que, durante a convivência, o casamento será regido pelas regras da separação convencional. Porém, quando da dissolução matrimonial, incidem as normas atinentes à comunhão parcial – comunicando-se os bens adquiridos onerosamente por cada cônjuge durante o casamento.
Arts. 
1.672 
a
1.686
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Participação Final nos Aquestos
Durante o casamento:
Cada cônjuge mantém a titularidade e a livre administração do seu patrimônio próprio (bens anteriores ao casamento + bens adquiridos a qualquer título durante o casamento);
Os bens imóveis são de propriedade do cônjuge cujo nome consta do registro (art. 1.681), mas, para serem alienados, precisam da concordância do outro cônjuge (vênia conjugal);
Os bens móveis podem ser alienados, ainda que se presumam adquiridos por esforço comum dos cônjuges.
No fim do casamento:
Surge uma universalidade comunicável dos bens comuns;
Surgem duas universalidades dos bens próprios de cada consorte;
Cada cônjuge ficará:
Com a totalidade de seus bens particulares (anteriores ao casamento);
Com metade dos bens comuns, adquiridos em conjunto;
Com metade dos bens próprios adquiridos onerosamente na constância do casamento;
Com metade dos bens do consorte adquiridos onerosamente na constância do casamento;
Com a totalidade dos bens adquiridos a título gratuito (doação ou sucessão)
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Participação Final nos Aquestos

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