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SEFAZ PE civil lauro Aula 11

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DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL DO TESOURO ESTADUAL (AFTE/PE) 
 AULA 11 – DIREITO DAS SUCESSÕES – REGIME DE BENS 
 Prof. Lauro Escobar 
 
 www.pontodosconcursos.com.br | Prof. LAURO ESCOBAR 
 
1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Itens específicos do edital que serão abordados na aula  
DIREITO DAS SUCESSÕES. Sucessão em geral. Sucessão legítima. Sucessão 
testamentária. Alimentos. Regime de Bens entre Cônjuges. Inventário e 
Partilha. 
Legislação a ser consultada  Código Civil: Sucessão em geral (arts. 
1.784 a 1.828). Sucessão Legítima (arts. 1.829 até 1.856). Sucessão 
Testamentária (arts. 1.857 até 1.990). Inventário e Partilha (arts. 1.991 até 
2.027). Lei n° 11.441/2007 (possibilita a realização de inventário, partilha, 
separação consensual e divórcio consensual por via administrativa). Regime de 
Bens (arts. 1.639 até 1.688). 
 
Sumário 
 
DIREITO DAS SUCESSÕES 
1. Conceito .................................................................................... 03 
2. Conteúdo ................................................................................. 03 
ABERTURA DA SUCESSÃO ................................................................. 04 
Princípio Básico. Saisine ............................................................... 05 
ESPÉCIES DE SUCESSÃO ................................................................... 06 
Herança ........................................................................................ 07 
Transmissão da herança ............................................................... 08 
Capacidade sucessória .................................................................. 09 
Herdeiros ...................................................................................... 10 
Indignidade .................................................................................. 13 
Aceitação e Renúncia .................................................................... 15 
Cessão .......................................................................................... 18 
A) SUCESSÃO LEGÍTIMA ................................................................... 20 
1. Ordem de vocação hereditária .................................................. 20 
Aula 11 
Direito das Sucessões 
 
DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL DO TESOURO ESTADUAL (AFTE/PE) 
 AULA 11 – DIREITO DAS SUCESSÕES – REGIME DE BENS 
 Prof. Lauro Escobar 
 
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2 
2. Direito de representação ........................................................... 34 
B) SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA ........................................................ 36 
1. Capacidade testamentária ......................................................... 38 
2. Deserdação ............................................................................... 41 
3. Espécies de testamentos ........................................................... 44 
4. Inexecução do testamento ........................................................ 53 
5. Legado ..................................................................................... 57 
6. Substituições testamentárias .................................................... 58 
INVENTÁRIO .................................................................................... 61 
PARTILHA ........................................................................................ 66 
REGIME DE BENS ENTRE OS CÔNJUGES ............................................ 68 
RESUMO ESQUEMÁTICO DA AULA ..................................................... 77 
Bibliografia Básica ............................................................................ 84 
EXERCÍCIOS COMENTADOS ............................................................. 85 
 
Meus Amigos e Alunos 
Esta é a nossa última aula. Trata-se da etapa final de nossos estudos. 
Recapitulando... nas primeiras aulas falamos sobre a Parte Geral do Código Civil 
(Pessoas, Bens e Fatos/Atos Jurídicos). Passamos então pelo Direito das 
Obrigações e os Contratos (Parte Geral e Contratos em Espécie). Na aula 
passada vimos o Direito das Coisas. Hoje veremos o Direito das Sucessões, 
elencado no Livro V da Parte Especial do Código Civil, bem como uma parte do 
Direito de Família, relativa ao regime de bens entre os cônjuges. 
Avisos Importantes 
O Direito de Sucessões (a exemplo do Direito de Família) mudou muito 
com o atual Código Civil. Portanto cuidado ao querer completar seus estudos por 
algum livro antigo, ou fazer algum exercício antigo. No entanto, nossas aulas 
estão atualizadas, inclusive quanto aos exercícios, que estão de acordo com o 
atual Código, bem como com a legislação complementar sobre o tema. Sempre 
que uma lei nova altera algo da matéria, faço uma revisão geral das aulas e, em 
especial nos exercícios, para que fiquem de acordo com as novas disposições 
legais. Outra coisa: este tema ficou agora mais complexo. Não diria difícil, mas 
complexo, principalmente em relação aos direitos do cônjuge sobrevivente e do 
convivente (união estável). Por isso, darei muitos exemplos. Finalmente: 
embora esta aula possa ajudar a esclarecer casos particulares, esse curso foi 
dirigido para concurso público. De fato essa aula é atual e muito interessante. 
Tenho certeza que muitos alunos vão se identificar com alguns exemplos dados 
e terão esclarecidas muitas dúvidas pessoais sobre o assunto. Mas cuidado para 
não se dispersar em detalhes que não têm importância para concursos. 
DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL DO TESOURO ESTADUAL (AFTE/PE) 
 AULA 11 – DIREITO DAS SUCESSÕES – REGIME DE BENS 
 Prof. Lauro Escobar 
 
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Aproveito a oportunidade para enviar a todos um grande abraço, como se 
eu estivesse aí com vocês, desejando tudo de bom para vocês. Muitas 
ALEGRIAS e SUCESSO nesta empreitada que vocês se propuseram. 
Comecemos então... 
CONCEITO 
Sucessão (do latim sucedere = uns depois dos outros), de uma forma 
geral, significa transmissão de direitos e/ou encargos respeitando-se 
determinadas normas. Na sucessão em geral uma pessoa assume o lugar de 
outra, substituindo-a na titularidade de determinadas situações. Esta 
transmissão pode se dar entre pessoas vivas (inter vivos) ou quando houver o 
falecimento de alguém (causa mortis). 
No entanto, quando se fala em Direito das Sucessões estamos nos 
referindo à transmissão em sentido estrito, ou seja, decorrente do fator morte. 
Daí Sucessão hereditária. Isto é, todas as regras que disciplinam as 
consequências derivadas do falecimento de certa pessoa, seja quanto a seu 
patrimônio, seja quanto a outros fatos ligados ao evento. 
O Direito Sucessório remonta à antiguidade, sempre ligado à ideia de 
continuidade da religião e da família. Em Roma antiga o culto dos 
antepassados se dava diante do altar doméstico e não havia castigo maior do 
que falecer sem deixar alguém que lhe cultuasse a memória, de modo a ficar 
seu túmulo abandonado. 
Pela atual legislação podemos conceituar o Direito das Sucessões como 
sendo o conjunto de normas que disciplinam a transferência do patrimônio 
(ativo e passivo, ou seja, créditos e débitos) de alguém, depois de sua morte, 
em virtude de lei (sucessão legítima) ou disposição de última vontade 
(testamentária). Está regulado nos arts. 1.784 até 2.027 do Código Civil. Além 
disso, o Código de Processo Civiltambém apresenta regras referentes ao 
inventário e à partilha (arts. 982 até 1.045, CPC). E lembrem-se que a 
Constituição Federal assegura o Direito de Herança (art. 5°, XXX); trata-se, 
portanto, de uma garantia constitucional. E o seu fundamento repousa na 
propriedade, conjugada ou não com o Direito de Família (art. 5°, XXII, CF). 
CONTEÚDO 
Pelo atual Código Civil podemos dividir o Direito das Sucessões em quatro 
partes: 
 Sucessão em Geral (arts. 1.784/1.828, CC): trata das regras gerais 
aplicáveis a todas as espécies de sucessões, para que possamos aplicar os 
demais dispositivos (ex: momento de abertura da sucessão, capacidade 
para suceder, aceitação e renúncia da herança, etc.). 
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 Sucessão Legítima (arts. 1.729/1.756, CC): é a hipótese mais comum 
em nossa vida prática; ocorre quando a pessoa morre sem deixar um 
testamento ou quando este é julgado nulo ou ineficaz. 
 Sucessão Testamentária (arts. 1.757/1.990, CC): é a transmissão 
segundo a manifestação de última vontade do falecido. 
 Inventário e Partilha (arts. 1.991/2.027, CC): esta parte envolve 
questões processuais que devem ser analisadas em conjunto com o 
Código de Processo Civil. 
Após esta visão geral da matéria vamos desenvolver e analisar cada um 
destes tópicos de forma pormenorizada. 
ABERTURA DA SUCESSÃO. REGRAS 
A abertura da sucessão se dá no exato momento da constatação da 
morte comprovada do “de cujus”. De cujus é uma expressão latina 
abreviada da frase ‘de cujus successione agitur’ ou ‘de cujus hereditatis agitur’ 
– ou seja, aquele de cuja sucessão se trata. O “de cujus” também é chamado 
de: autor da herança (mais comum), sucedendo, falecido, antecessor, 
inventariado ou finado. Nesta aula vamos usar muito a expressão “de cujus” 
para nos referirmos à pessoa que faleceu. Já a Lei de Introdução ao Código Civil 
(vejam o seu art. 10) usa a expressão “defunto” (pessoalmente - não sei 
explicar o porquê - costumo evitar esta expressão... defunto... não me soa 
bem... prefiro falar em de cujus... mas tecnicamente defunto não está errado). 
O momento da morte precisa ser devidamente comprovado. No plano 
biológico, pelos recursos empregados na medicina legal. No plano jurídico, pela 
certidão passada pelo oficial do Registro Civil. A fixação deste momento é muito 
importante, pois é a partir dele que se estabelece a abertura da sucessão, suas 
regras, a transmissão da herança aos herdeiros legítimos e testamentários, bem 
como se verifica a capacidade para suceder. No dizer de Caio Mário “este é o 
fator genético da aquisição do direito pelos herdeiros”, pois não existe herança 
de pessoa viva (viventis nulla hereditas). Neste sentido, os pactos sucessórios 
são proibidos (reparem que o art. 426, CC proíbe ser objeto de contrato a 
herança de pessoa viva). Trata-se de uma norma de ordem pública. 
Antes da morte biológica comprovada ou da morte presumida (com ou 
sem declaração de ausência) não há direito à herança, mas somente uma 
expectativa de recebê-la. Opera-se o direito somente com a morte. 
Uma pessoa faleceu em determinado momento, mas o inventário somente 
foi aberto posteriormente. Que lei deve se aplicada? Resposta: – A vigente 
no momento da abertura da sucessão, ou seja, a vigente no momento da 
morte do de cujus. Exemplo: Uma pessoa faleceu em meados de dezembro de 
2002. Porém o processo de inventário somente foi aberto em fevereiro de 2003 
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(quando o novo Código Civil já estava vigorando). Neste caso a sucessão será 
regulada pelo Código anterior (de 1916), pois era esta a lei vigente ao tempo 
da morte. É isto o que determina o art. 1.787, CC: “Regula a sucessão e a 
legitimação para suceder a lei vigente ao tempo da abertura daquela”. 
Portanto não devemos confundir abertura da sucessão (que se dá com a 
morte do de cujus) com abertura do inventário (que se dá quando se ingressa 
com o processo, a ação judicial propriamente dita). 
PRINCÍPIO BÁSICO 
O princípio básico do Direito das Sucessões é conhecido como Droit de 
Saisine (trata-se de uma expressão francesa, que pronunciamos “druá dê 
cesíni”). Saisine em francês significa posse de bens; deriva do verbo saisir, que 
significa agarrar, prender, apoderar-se. 
Trata-se do direito de posse imediata (também chamado de “saesina 
juris”). Ou seja, transmite-se automática e imediatamente não só a 
propriedade (situação jurídica definida pelo domínio) como a posse (situação 
de fato protegida pelo direito) dos bens da herança, abrangendo também suas 
dívidas, aos herdeiros legítimos e testamentários do de cujus, sem solução de 
continuidade (ou seja, sem interrupção), independentemente da vontade e do 
conhecimento deles (os herdeiros). Trata-se de uma ficção jurídica que 
impede que as relações patrimoniais travadas pelo falecido fiquem sem titular. 
Na prática não é necessário qualquer outro ato. No entanto, para se 
estabelecer a exata divisão dos bens, deve-se proceder a um inventário (do 
qual falaremos mais adiante, ao final desta aula, em tópico autônomo). Por meio 
deste processo, onde se efetua a descrição dos bens da herança, iremos 
verificar o que exatamente foi deixado pelo de cujus e o que será transmitido 
para os seus herdeiros. A lei também autoriza que os herdeiros do de cujus 
possam defender a posse dos bens da herança, através de medidas protetivas, 
independentemente de abertura de inventário. 
Embora em uma aula preparatória para concursos públicos devemos evitar 
as inúmeras citações de autores, ou fazer comparações com o direito de outros 
países, ou mesmo fornecer a origem histórica de todos os institutos, penso que 
aqui cabe uma exceção. Trata-se de uma importante curiosidade cultural. O 
Princípio da Saisine surgiu na Idade Média como uma reação ao sistema do 
regime feudal. Naquela época todas as terras pertenciam a um senhor feudal. E 
este as “arrendava” a seus servos. Com a morte de um servo, a terra era 
“devolvida” ao senhor, sendo que os herdeiros do falecido deveriam pedir a 
imissão na posse. No entanto, para a consumação disso, era necessário pagar 
uma “contribuição” (ou seja, mais um imposto) ao senhor feudal. Para se evitar 
este pagamento, passou-se a adotar a ficção de que o falecido havia 
transmitido, no momento de sua morte, a posse de todos os seus bens e 
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direitos a seus herdeiros. Assim, os sucessores tomavam posse dos bens sem 
qualquer formalidade (le serf mort saisit le vif, son hoir de plus proche – o servo 
morto transmite a posse ao vivo, por ser seu herdeiro mais próximo). O Brasil 
acolheu tal princípio no art. 1.784, CC: 
“Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos 
herdeiros legítimos e testamentários”. 
Só se abre sucessão se o herdeiro sobrevive ao de cujus. Sobrevivendo, 
ainda que por um só instante, herda os bens por ele deixados e ostransmite aos 
seus sucessores, mesmo que faleça logo em seguida. Daí a importância de se 
nascer com vida, como vimos no início de nosso curso. No entanto há a 
necessidade de apuração da capacidade sucessória, conforme veremos adiante. 
Comoriência. Presunção de simultaneidade de óbitos (art. 8°, CC): “Se 
dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar 
se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão 
simultaneamente mortos”. A presunção é relativa (juris tantum), pois admite 
prova em contrário. A regra é que um não herda do ao outro. Recomendo que 
façam uma recordação desta matéria na aula sobre as Pessoas Naturais. 
ESPÉCIES DE SUCESSÃO 
 Podemos classificar a sucessão em: 
 Legítima (ou ab intestato)  diz legítima, pois decorre da lei (art. 1.789, 
CC); morrendo uma pessoa sem testamento, transmite-se a herança aos 
herdeiros legítimos segundo uma ordem estabelecida na lei (vocação 
hereditária), conforme veremos mais adiante. Também será legítima se o 
testamento for declarado nulo ou caducar. Esta última expressão será muito 
usada na aula de hoje. Por isso vamos defini-la agora, com as palavras de 
Sílvio Rodrigues, como sendo “a perda, por razão superveniente, da razão de 
existir de um ato determinado, que foi feito de maneira válida”. Ex.: testador 
deixa parte de seus bens para “A”; no entanto este falece antes do testador 
 o testamento caducou. 
 Testamentária  ocorre por disposição de última vontade (testamento). 
Havendo herdeiros necessários (descendentes, ascendentes ou cônjuge 
sobrevivente), o testador só poderá dispor de metade da herança (art. 1.789, 
CC). A outra metade constitui a “legítima”, que é assegurada aos herdeiros 
necessários (alguns autores chamam a legítima de “quota reservatária”). Não 
havendo esta categoria de herdeiros, a pessoa poderá deixar todos seus bens 
por testamento livremente. Neste caso ela terá plena liberdade para testar. 
Se o de cujus for casado sob o regime da comunhão universal de bens (art. 
1.667, CC) o patrimônio do casal será dividido em duas meações e a pessoa 
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só poderá dispor da sua meação. Explicaremos isto melhor mais adiante. 
Observem também que havendo herdeiros necessários, a sucessão poderá 
ser mista: uma parte por sucessão testamentária e a outra parte por 
sucessão legítima. 
Como já sabemos, nosso ordenamento proíbe qualquer outra 
forma de sucessão, especialmente a contratual. São proibidos os 
pactos sucessórios, não podendo ser objeto de contrato a herança de 
pessoa viva (art. 426, CC – chamamos isso de pacta corvina – 
“acordo do corvo”). No entanto admite-se a cessão de direitos, como 
veremos mais adiante. 
 A título universal  o herdeiro é chamado para suceder a totalidade da 
herança ou a fração ideal (parte) dela; ele sucede o falecido, representando-
o para todos os efeitos patrimoniais. Ele também assume a responsabilidade 
relativamente ao passivo, dentro dos limites da herança (art. 1.997, CC). 
Ocorre tanto na sucessão legítima como na testamentária. 
 A título singular  o testador deixa ao beneficiário uma coisa ou um direito 
certo e determinado (legado). O legatário sucede o de cujus em bens e 
direitos específicos, mas não responde por eventuais dívidas da herança. 
Porém ele só recebe o legado após verificada a solvência da herança (art. 
1.923, §1°, CC). 
 Resumindo 
 Título universal  herança; título singular  legado. 
 Herança  conjunto patrimonial deixado pelo de cujus e que será 
transmitido causa mortis. É uma universalidade de direito. 
 Legado  disposição testamentária a título particular destinada a 
conceder a alguém uma determinada vantagem econômica (bem 
individualizado). 
HERANÇA 
O objeto da sucessão causa mortis (em razão da morte) é a herança. 
Com a abertura da sucessão (morte do autor da herança), transfere-se o 
conjunto patrimonial do de cujus, aos seus herdeiros. Estes se sub-rogam nas 
relações jurídicas do morto. Lembrando que as relações personalíssimas não se 
transmitem e se extinguem com a morte. 
A herança também é chamada de: espólio, monte, massa ou acervo 
hereditário. Trata-se do conjunto patrimonial transmitido causa mortis, por isso 
ela se constitui em uma universalidade (de direito) de bens sem 
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personalidade jurídica (a doutrina costuma usar a seguinte expressão para se 
referir a ela: “entidade de personalidade anômala”). 
Trata-se de um patrimônio único (ficção da lei) até que se efetue a 
partilha. É o conjunto de direitos (trata-se da parte ativa, dos bens, dos 
créditos, etc.) e obrigações (trata-se da parte passiva, das dívidas, etc.), 
representado pelo inventariante, até a homologação da partilha. Para os efeitos 
legais a sucessão aberta é tida como um bem imóvel (art. 80, II, CC), ainda 
que composta exclusivamente de bens móveis. Lembrem-se que existem 
direitos que não são transmitidos pela sucessão (como os direitos 
personalíssimos, o usufruto, etc.). No tocante às dívidas, os herdeiros só 
respondem até os limites da herança. 
A herança, considerada abstratamente, é indivisível (art. 1.791, caput e 
parágrafo único, CC). Trata-se, portanto, de um “condomínio forçado”, que 
somente é dissolvido com a sentença de partilha. Por isso qualquer um dos 
herdeiros poderá reclamar a herança das mãos de quem injustamente possua. 
Cada coerdeiro possui uma parte ideal da herança, exercendo os mesmo direitos 
sobre o patrimônio do falecido. Após a partilha os herdeiros podem manter ou 
não eventual indivisibilidade (passa a ser um condomínio voluntário). 
O coerdeiro não pode vender ou hipotecar parte determinada de coisa 
comum ao espólio, mas pode ceder os direitos hereditários concernentes à 
sua parte ideal (veremos isso melhor adiante). No entanto é necessária a prévia 
autorização do Juiz da sucessão (art. 1.793, §3°, CC). Além disso, os demais 
coerdeiros possuem direito de preferência. 
TRANSMISSÃO DA HERANÇA 
 Momento: como vimos, a transmissão ocorre com a abertura da sucessão, 
ou seja, na data da morte física do de cujus (fixação do dia e hora na 
certidão de óbito). É evidente que estamos falando da morte da pessoa 
natural (ser humano) que tenha nascido com vida e não da pessoa jurídica. 
É a partir deste momento que passa existir herança e esta se transfere, 
mesmo que de forma abstrata, aos herdeiros. Estes, ainda que não o 
saibam, já se tornam “donos” da herança, podendo defender estes bens 
como se sempre tivessem sido proprietários. A doutrina costuma citar três 
fases distintas: a) abertura da sucessão (morte do autor da herança); b) 
delação (que é o momento em que se oferece o acervo aos herdeiros, 
operando-se juntamente com a fase anterior); c) aceitação (o fato jurídico 
do ingresso dos bens no patrimônio dos herdeiros). Assim, a aquisição da 
herança não se dá quando da abertura do processo de inventário, nem 
quando o Juiz homologa a partilha de bens, e nem quando o respectivo 
formal é levado a registro, mas sim no momento da morte (lembrem-se: 
Princípio da Saisine). 
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 Lugar (art. 1.785, CC): é o último domicílio do falecido. É neste local que 
deve ser proposto o processo de inventário. Na falta de domicílio certo será 
o da situação dos bens ou do lugar do óbito. Se o falecido tinha mais de um 
domicílio, o inventário será feito em qualquer deles. O prazo é de 30 dias a 
contar da morte do de cujus. Neste tópico as regras do Direito Civil devem 
ser completadas com as normas processuais (art. 96, do Código de 
Processo Civil). 
 Inventariança: é um munus público, submetido ao controle e fiscalização 
judicial, sendo função auxiliar da justiça. O inventariante é a pessoa 
nomeada pelo Juiz a quem cabe a administração e a representação da 
herança. Há uma ordem para sua nomeação, prevista no art. 990, do 
Código de Processo Civil: cônjuge sobrevivente casado sob o regime da 
comunhão, herdeiro que se ache na posse do espólio, ou qualquer outro 
herdeiro. Pode ser até um estranho à sucessão, desde que tenha a 
confiança do Juiz. 
 Regras 
a) na sucessão legítima são chamadas a suceder as pessoas já nascidas 
e as já concebidas no momento da abertura da sucessão. 
b) na sucessão testamentária, ainda podem ser nomeados como 
herdeiros ou legatários: os filhos, ainda que não concebidos, de pessoas 
indicadas pelo testador (prole eventual), desde que vivas estas quando da 
abertura da sucessão; pessoas jurídicas; pessoas jurídicas cuja 
organização for determinada pelo testador, sob forma de fundação, etc. 
CAPACIDADE SUCESSÓRIA 
Capacidade (ou legitimação) sucessória é a capacidade da pessoa 
para receber os bens deixados pelo de cujus no tempo da abertura da 
sucessão (art. 1.787, CC). Não confundir com a capacidade civil. Uma pessoa 
menor de 16 anos é absolutamente incapaz de praticar pessoalmente os atos da 
vida civil (art. 3°, CC); no entanto pode ter capacidade sucessória. 
 São pressupostos para haver capacidade sucessória: morte do autor da 
herança, sobrevivência do sucessor (observada a capacidade sucessória do 
nascituro) e herdeiro humano. A pessoa jurídica de direito privado não herda ab 
intestato (sem testamento), mas tem capacidade para suceder por testamento 
(art. 1.799, I, do CC). 
O nascituro (aquele que está para nascer – revejam a matéria na aula 
referente a Pessoas Físicas ou Naturais), apesar de ainda não ser pessoa física, 
tem direito à herança. Ele tem uma expectativa de vida, portanto também 
tem expectativa de direitos, que estão em estado potencial, sob condição 
suspensiva; só terá eficácia se nascer com vida. Se isso ocorrer adquire a 
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posse e a propriedade da herança, como se já houvesse nascido desde o 
momento da abertura da sucessão. Se nascer morto, deve ser considerado 
“como se nunca tivesse existido” (e, juridicamente, não existiu mesmo). 
Durante a gravidez pode ser nomeado um curador para zelar por seus 
interesses (é chamado de “curador ao ventre” – normalmente a curatela é 
exercida pela própria mãe). Mesmo que a mãe faleça antes do nascimento da 
criança, esta terá legitimidade sucessória. 
É possível a sucessão condicional, subordinada a um evento futuro e 
incerto (prole eventual), desde que tenha sido feita por disposição 
testamentária. 
HERDEIROS 
A) Legítimos  são aqueles que recebem uma herança de acordo com 
uma ordem preferencial disposta pela lei (sucessão legítima). Podem ser 
necessários ou facultativos (art. 1.829, CC). Analisaremos esta ordem, uma a 
uma, com detalhes, logo adiante. 
B) Testamentários  são os que foram contemplados ou nomeados por 
um testamento, ainda que não façam parte do rol do art. 1.829, CC. Pode ser 
a título universal (herdeiro: quando recebe uma parte da totalidade da herança) 
ou a título singular (legatário: quando recebe um ou vários bens determinados). 
Portanto, uma pessoa sem qualquer relação de parentesco com o de cujus pode 
ser instituída como herdeiro testamentário. 
C) Necessários  são aqueles em que a lei lhes assegura uma quota 
certa do monte hereditário. Pela atual legislação são os descendentes (filhos, 
netos, bisnetos, etc.), os ascendentes (pais, avós, bisavós, etc.) e o cônjuge 
sobrevivente (art. 1.845, CC). Os herdeiros necessários também são chamados 
de herdeiros legitimários ou reservatários. Receberão, necessariamente, pelo 
menos a metade dos bens do de cujus com preferência excludente para os 
primeiros (ou seja, se houver descendentes e ascendentes, os primeiros 
excluem os segundos – veremos isso melhor adiante). Essa metade destinada 
aos herdeiros necessários é chamada de legítima (ou quota reservatária). A lei 
assegura aos herdeiros necessários o direito à legítima, ou seja, a metade dos 
bens do testador (salvo se ocorrer a indignidade ou a deserdação). A outra 
parte, denominada parte disponível, pode ser deixada livremente pelo 
testador. 
Só se fala em “parte legítima” quando houver herdeiros necessários 
(descendentes, ascendentes ou cônjuge). Na sua ausência o testador pode 
transmitir todo o seu patrimônio livremente em testamento. Os herdeiros que 
não estão inseridos no conceito de necessários podem ser excluídos da 
sucessão, sem maiores formalidades. Basta o testador dispor do patrimônio sem 
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contemplá-los. Já os herdeiros necessários podem ser declarados indignos e 
também deserdados (também veremos isso melhor logo adiante). 
Indaga-se: um herdeiro necessário só pode receber a legítima? Ou pode 
ser contemplado também com a parte disponível? Pelo art. 1.849, CC um 
herdeiro necessário poderá receber a parte disponível, sem prejuízo de sua 
parte na legítima. 
Cálculo para a Legítima e a Parte Disponível. Para fazer este cálculo 
devemos observar a seguintes regras referentes à pessoa que faleceu: 
1) Inicialmente indagamos se o de cujus era casado. Se a resposta 
for positiva e dependendo do regime de bens que vigorava entre o casal, 
devemos separar a meação. Lembrem-se que a meação se refere ao Direito de 
Família (aula anterior) e não ao Direito das Sucessões. 
 Recordando. Na meação o fato gerador é o casamento. Leva-se em 
consideração a escolha do regime de bens, mais a aquisição dos bens. Os bens 
já pertencem ao cônjuge. Por isso a meação pode ser pedida em vida, com a 
separação judicial ou o divórcio. Na herança o fato gerador é a morte. Os bens 
pertenciam ao autor da herança. A herança só pode ser pedida após a morte. 
Uma pessoa pode ser herdeira e meeira ao mesmo tempo? Sobre o tema 
forneço, mais abaixo, uma tabela muito interessante analisando os Regimes de 
Bens e os eventuais Direitos de Meação, Herança e Direito Real de Habitação. 
Esta tabela será de grande valia. Principalmente para não confundir herança 
com meação. Como já sabemos, a meação não entra na sucessão, pois o 
cônjuge já tem esse direito, mesmo antes da morte do de cujus. Vejamos 
algumas situações: 
a) O de cujus, casado sob o regime da comunhão universal, tinha um 
patrimônio de 100. Meação do cônjuge sobrevivente 50. Herança do de cujus 
a ser partilhada  50. 
b) O de cujus, casado sob o regime da comunhão parcial, tinha um 
patrimônio de 100, sendo que todos os bens foram adquiridos na constância da 
sociedade conjugal – situação idêntica acima. 
c) O de cujus tinha um patrimônio de 100; era casado sob o regime da 
comunhão parcial, sendo que 20 foi adquirido quando solteiro e 80 durante a 
sociedade conjugal. Meação do cônjuge sobrevivente  40 (metade de 80). 
Herança do de cujus a ser partilhada  60 (40+20). 
d) O de cujus tinha um patrimônio de 100; era casado sob o regime da 
separação total de bens. Herança do de cujus a ser partilhada  100 (não há 
meação). 
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2) Separada a meação (se for o caso), devemos abater do monte as 
dívidas do de cujus e as despesas funerárias, que são chamadas de passivo da 
herança. 
3) A parte que sobrou é a herança propriamente dita. Mas ainda 
devemos fazer outro procedimento: dividir este valor ao meio. Metade 
chamamos de legítima (que necessariamente deve pertencer aos herdeiros 
necessários, salvo se ocorrer uma deserdação, etc.). E a outra metade 
chamamos de parte disponível. Exemplo: Vamos aproveitar a situação “a” 
acima. Patrimônio de 100: meação de 50 e herança de 50. Se a pessoa quiser 
elaborar um testamento, somente poderá dispor de 25 (metade da herança), 
pois a outra parte (legítima) será dos herdeiros necessários (se houver). 
Redução das Disposições Testamentárias. Se a quota disponível 
deixada a terceiros ultrapassar o limite de 50%, afetando a legítima, poderão os 
herdeiros necessários, por meio de ação própria, pleitear a redução das 
disposições testamentárias e das doações feitas em vida. Chamamos de 
doações inoficiosas as doações que à época de sua feitura excederam a 
metade dos bens do testador, sendo nula apenas a parte que excedeu. 
Observem: não se anula o testamento ou a doação, mas procede-se a uma 
transferência de bens da quota disponível para a legítima, reintegrando-se o que 
foi desfalcado. Ou seja, haverá um reequilíbrio das doações testamentárias. Isto 
será feito por meio da colação, que também veremos mais adiante. 
É interessante frisar que em relação às doações, o cálculo deve ser 
realizado tendo-se em vista o momento da liberalidade. Exemplo: digamos 
que uma pessoa seja muito rica, possuindo 20 imóveis e por isso resolve doar 
um destes para uma amiga. No decorrer da vida, por algum motivo qualquer, 
acabou perdendo toda a sua fortuna. Quando se abre a sucessão nota-se a 
doação, mas neste caso a doação foi válida, pois na ocasião da doação foi 
respeitada a parte disponível. 
A doutrina suscita um problema: Qual o momento para se propor a Ação 
de Redução? A resposta é controvertida! Não há uma disposição expressa na lei! 
Por isso, parece-me que a posição adotada por Sílvio Rodrigues é a mais 
coerente. Vejamos. Inicialmente ele distingue a ação de redução das doações 
inoficiosas, da ação de redução das disposições testamentárias (ou seja: 
devemos diferenciar doação e testamento). No caso de redução da liberalidade 
testamentária excessiva a ação somente pode ser proposta após a abertura 
da sucessão, uma vez que somente neste instante o testamento é suscetível de 
ser cumprido. No caso de doação inoficiosa (liberalidade feita em vida), a ação 
pode ser proposta desde logo, ainda em vida do doador. 
 
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INDIGNIDADE (arts. 1.814 a 1.818, CC) 
Trata-se de uma espécie de incapacidade sucessória que priva uma 
pessoa de receber a herança. A pessoa é afastada, destituída da herança, por 
não ser digna de recebê-la, por ter se portado mal em relação ao falecido. A 
indignidade, na verdade é uma pena (ou sanção) civil, criada pelo legislador, 
atingindo os herdeiros necessários, os legítimos e os testamentários. 
Fundamenta-se esta pena em dois aspectos: a) subjetivo: presume-se 
que o falecido não gostaria que seu patrimônio fosse transferido para quem o 
tenha ofendido; b) objetivo: a indignidade ofende princípios referentes à 
ordem pública, amparada pelo interesse social. 
A pena de indignidade só alcança o indigno (efeitos pessoais), sendo 
que ele será representado por seus sucessores, como se morto fosse antes 
da abertura da sucessão (art. 1.816, CC). 
O art. 1.814, CC enumera três hipóteses taxativas (numerus clausus) de 
indignidade. Somente estes casos previstos na lei autorizam a exclusão. Assim, 
são excluídos por indignidade os herdeiros ou legatários que: 
a) foram autores, coautores ou partícipes em crime de homicídio doloso 
(quando há a intenção de matar), tentado ou consumado, contra a pessoa 
de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge, companheiro, ascendente ou 
descendente. Não é hipótese de indignidade o homicídio culposo (quando 
não há a intenção de matar, mas o evento morte ocorre por imprudência, 
negligência ou imperícia). Dispensa-se a prévia condenação, mas é 
imprescindível prova irrefutável do evento. 
b) acusaram caluniosamente em juízo o autor da herança (trata-se do crime 
de denunciação caluniosa, previsto no art. 339, do Código Penal – crime 
contra a administração da justiça), ou incorreram em crime contra a honra 
(calúnia, difamação e injúria – arts. 138, 139 e 140, do Código Penal), 
contra o autor da herança ou de seu cônjuge ou companheira(o). 
c) empregaram violência ou meios fraudulentos, inibindo ou obstando o 
autor da herança de livremente dispor dos seus bens por ato de última 
vontade – visa preservar a liberdade de testar. 
É importante notar que os efeitos da indignidade são pessoais. 
Portanto não podem passar da pessoa do indigno. Isto quer dizer que se o 
indigno tiver herdeiros, estes receberão a herança como se o indigno fosse 
falecido (trata-se do direito de representação). Assim, uma vez declarada a 
indignidade, afasta-se apenas indigno da sucessão. Porém os sucessores do 
indigno não são afastados. 
Exemplo: A possui dois filhos (B e C) e um acervo hereditário de 100. Digamos 
que A declare C como indigno. C possui dois filhos. Quando A falecer sua 
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herança será dividida em duas partes. A primeira (50) irá para B. A outra iria 
para o outro filho, C. Mas como este foi declarado indigno, a herança irá para os 
filhos de C (que são netos de A: 25 para cada). Assim, para a sucessão de A, é 
como se C (declarado indigno) estivesse morto, mas os herdeiros do indigno 
recebem o acervo. 
Chamamos de bens ereptícios os bens que o indigno deixou de receber 
(do latim ereptus – eripire = tirar, tomar). A princípio a pessoa herda e retém os 
bens (saisine); julgada a indignidade os bens são tomados do herdeiro que se 
declara indigno. Em relação a estes bens o indigno não terá direito ao usufruto 
nem à administração dos bens que seus filhos menores herdaram. E mais: o 
indigno não poderá suceder quanto a estes bens. Exemplo: umapessoa foi 
considerada indigna; os bens irão para seu filho; este falece algum tempo 
depois; os bens não podem retornar ao indigno. 
É interessante acrescentar que se o indigno era herdeiro testamentário ou 
legatário, os seus herdeiros (do indigno) nada receberão (não há direito de 
representação em testamento), sendo que o bem retorna ao monte para ser 
partilhado entre os herdeiros legítimos. 
A exclusão do herdeiro, ou legatário, em qualquer desses casos de 
indignidade, será declarada por sentença judicial em ação ordinária autônoma 
(não pode ser declarada de forma incidental no inventário), movida por quem 
tenha interesse na sucessão (art. 1.815, CC). O Ministério Público não pode 
ingressar com esta ação. O prazo é de 04 (quatro) anos, sob pena de 
decadência, contados da abertura da sucessão. Os efeitos da sentença 
declaratória de indignidade retroagem (ex tunc) à data da abertura da sucessão, 
considerando o indigno como pré-morto ao de cujus. O efeito principal da 
indignidade é que o indigno deve devolver o que recebeu, tendo direito apenas à 
indenização pela sua conservação. 
Reabilitação: o art. 1.818, CC permite ao ofendido reabilitar o indigno, 
desde que o faça de forma expressa (não há perdão tácito) em testamento ou 
outro documento autêntico (ex: escritura pública). Esta reabilitação, na 
verdade, trata-se do perdão fornecido ao indigno. 
Importante  Não confundir 
a) Incapacidade e Indignidade. No primeiro caso ocorre a falta de 
aptidão de uma pessoa para adquirir direitos; no segundo caso a perda desta 
aptidão ocorre por culpa do próprio beneficiário. 
b) Indignidade e Deserdação. Veremos isso mais adiante em item 
específico. 
 
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ACEITAÇÃO E RENÚNCIA DA HERANÇA (arts. 1.804 a 1.812, CC) 
A) ACEITAÇÃO OU ADIÇÃO 
Ninguém pode ser herdeiro contra a vontade. Portanto, após a abertura da 
sucessão é feita a delação, que é o oferecimento da herança. Aceitação é o ato 
jurídico unilateral pelo qual o herdeiro (legítimo ou testamentário) manifesta 
livremente o desejo de receber a herança que lhe é transmitida. A aceitação 
consolida os direitos do herdeiro, tornando-se definitiva a transmissão dos bens, 
desde a abertura da sucessão (art. 1.804, CC). Na realidade não se pode 
afirmar que o momento da aquisição do patrimônio se verifica com a aceitação. 
A aquisição se dá no momento da abertura da sucessão (é automática). Já a 
aceitação é a confirmação da aquisição. Isto porque os “direitos da 
herança” não nascem com a aceitação, mas sim retroagem à data da morte. A 
aceitação produz um efeito retro-operante, encerrando a situação de pendência 
criada com a abertura da sucessão. 
Com a aceitação o herdeiro está assumindo também os encargos do de 
cujus. Ou seja, para receber a parte ativa (o crédito), o herdeiro deve pagar o 
passivo (as dívidas). No entanto isso somente ocorre até o limite das forças da 
herança. Porém, nada impede que o herdeiro assuma todos os débitos do 
falecido, ainda que superiores ao acervo hereditário. 
A aceitação é indivisível e incondicional porque não se pode aceitar ou 
renunciar a herança em parte (art. 1.808, CC), pois ela é uma 
universalidade. A aceitação também não pode ser feita sob condição ou a termo. 
Isto para se preservar a segurança nas relações jurídicas. Ela deve ser pura e 
simples. Também não pode haver retratação da aceitação da herança. No 
entanto pode ser anulada e revogada, se após a sua ocorrência se verificar que 
o aceitante não era herdeiro. 
Classificação da Aceitação 
a) Quanto à Forma 
 Expressa (art. 1.805, 1ª parte, CC): é aquela em que há uma 
declaração escrita, pública ou particular neste sentido. 
 Tácita (art. 1.805, §§1° e 2°, CC): é aquela que ocorre quando se 
praticam atos compatíveis com a aceitação da qualidade de herdeiro (ex: 
cobrança de dívidas referentes ao espólio, pagamento de impostos 
atrasados, fazer-se representar por advogado no processo de inventário, 
etc.). 
 Presumida (art. 1.807, CC): é aquela em que o herdeiro permanece 
silente, depois que é notificado para que declare se aceita ou não a 
herança (o seu silêncio, a sua omissão é interpretada como uma forma 
de aceitação). 
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b) Quanto à Pessoa 
 Direta: feita pelo próprio herdeiro. 
 Indireta: se alguém aceita a herança em nome do herdeiro. Exemplos: 
se o herdeiro falecer antes de declarar se aceita ou não a herança, o 
direito passa a seus herdeiros; aceitação feita pelo tutor ou curador, etc. 
Outro exemplo é a da aceitação pelo credor (art. 1.813 e §1°, CC). Esta 
hipótese ocorre quando o herdeiro renuncia a herança para prejudicar os 
credores. Portanto os credores podem aceitar em nome do herdeiro. É 
imprescindível autorização judicial para tanto, até o montante do crédito. 
 Observações 
01) No caso de pessoa casada, como não há previsão expressa na lei, a 
aceitação da herança independe da anuência do seu cônjuge. 
02) Há atos que embora praticados pelo herdeiro não revelam a intenção 
de aceitar a herança como os atos meramente conservatórios, o funeral do de 
cujus, a guarda provisória dos bens e a cessão gratuita da herança aos demais 
coerdeiros (art. 1.805, §1° e §2°, CC). 
B) RENÚNCIA DA HERANÇA 
Como vimos, uma pessoa não é obrigada a receber a herança, podendo 
repudiar o que está sendo transmitido. Assim a renúncia consiste no ato jurídico 
unilateral pelo qual o herdeiro declara expressamente que não aceita a 
herança a que tem direito, abrindo mão de sua titularidade. Trata-se de um ato 
solene, devendo ser feito por escritura pública (perante o tabelião) ou por 
termo nos autos (perante o Juiz). 
Se o herdeiro “renunciar em favor de outrem”, isto não se configura em 
uma renúncia propriamente dita. Na verdade trata-se de uma aceitação com 
uma imediata transmissão dos bens, havendo a incidência de tributação causa 
mortis e também inter vivos. Esta hipótese também é chamada de renúncia 
translativa. A renúncia válida e correta como tal é a abdicativa, isto é, a cessão 
gratuita, pura e simples, sem indicar quem irá substituí-lo, ficando os bens para 
quem a lei (sucessão legítima) ou o próprio de cujus determinar (no caso de ter 
sido nomeado um substituto). 
Requisitos da Renúncia 
 Capacidade jurídica do renunciante. Os incapazes não podem renunciar, 
senão por seu representante legal, devidamente autorizado pelo Juiz. 
Entende-se que pode ser feita por mandatário com poderes especiais e 
expressos para isso. 
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 Forma solene prescrita em lei; sempre por escrito (escritura pública ou 
ato judicial); não existe a renúncia tácita nem a presumida. Não é 
necessária a homologação judicial da renúncia. 
 Impossibilidade de repúdio parcial da herança. Como a herança é 
indivisível até a partilha, a renúncia (ou a aceitação) também será 
indivisível:ou se renuncia tudo ou se aceita tudo. 
 Respeito a direitos de eventuais credores. Se a renúncia prejudica 
credores, estes podem aceitar a herança. Exemplo: “A” recebeu uma 
herança; mas ele está muito endividado. Ele sabe que assim que receber a 
sua parte na herança, seus credores irão ficar com seus bens. Desta forma 
ele renuncia à herança (que poderá ir para seus filhos ou irmãos). Esta 
conduta evidentemente prejudica seus credores. Por isso admite-se que os 
próprios credores aceitem a herança em nome do renunciante, com 
autorização judicial (art. 1.813, CC), evitando assim, fraudes e simulações 
maliciosas. Após pagas as dívidas do renunciante, prevalecerá a renúncia 
quanto aos bens remanescentes (se houver), devendo ser devolvidos aos 
demais herdeiros. 
 Se o renunciante for casado, a renúncia depende de outorga (uxória ou 
marital), exceto se foi adotado o regime da separação total de bens (art. 
1.647, CC). Isto porque o direito à sucessão é considerado como um bem 
imóvel (art. 80, II, CC). 
Efeitos da Renúncia 
 O renunciante é tratado como se nunca tivesse sido chamado à 
sucessão; seus efeitos retroagem à data da abertura da sucessão. É 
interessante notar que a pessoa que repudia uma herança não está 
impedida de aceitar um legado (e vice-versa). 
 O quinhão hereditário do repudiante, na sucessão legítima, transmite-se 
de imediato aos outros herdeiros da mesma classe (direito de 
acrescer); sendo ele o único da classe passa-se para a classe seguinte 
(art. 1.810, CC). Os descendentes do renunciante não herdam por 
representação; se o renunciante for o único da classe e tiver filhos, este 
herdarão por direito próprio e por cabeça (art. 1.811, CC). 
 O renunciante não perde o direito ao usufruto e nem a administração dos 
bens que, pelo seu repúdio, foram transmitidos aos seus filhos menores. 
 A renúncia da herança é irretratável e irrevogável (art. 1.812, CC). No 
entanto pode ser anulável quando proveniente de vício de vontade (dolo, 
coação, etc.), como todo e qualquer ato jurídico. 
 
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CESSÃO DE HERANÇA (art. 1793 e parágrafos, CC) 
É a transferência que o herdeiro (legítimo ou testamentário) faz a 
outrem do quinhão hereditário que lhe compete (no todo ou parte dele), após a 
abertura da sucessão, ou seja, após a morte do autor da herança. Assim, não 
pode haver cessão de herança de pessoa estiver viva, até porque o art. 426, CC 
proíbe que a herança de pessoa viva seja objeto de contrato. Abrindo-se a 
sucessão (morte) a herança transmite-se de imediato aos herdeiros, 
permanecendo em estado de indivisão até a partilha final. Durante este período 
(entre a abertura da sucessão e a partilha final) um herdeiro (cedente) pode 
transferir seus direitos hereditários a outro coerdeiro ou a terceiros 
(cessionários). A cessão de herança pode ser gratuita ou onerosa. É necessária 
a prévia autorização do Juiz da sucessão. 
Regras 
 o cedente deve ter capacidade para alienar. 
 a cessão somente terá validade após a abertura da sucessão e antes da 
partilha. 
 ato solene, formalizado por meio de uma escritura pública (1.793, CC) 
posteriormente registrada no registro imobiliário. 
 se o cedente for casado necessita a outorga conjugal, exceto se o regime 
de bens for o da separação total de bens (como vimos a herança é bem 
imóvel – art. 80, II, CC). Ausente a outorga a cessão é anulável (art. 
1.649, CC). 
 há transferência da parte ideal da massa hereditária, não havendo 
individualização dos bens (pois deve ser anterior à partilha). 
 o cessionário assume a mesma condição jurídica do cedente (1.793, §1°, 
CC). 
 em regra o cedente não responde pela evicção (perda da propriedade em 
virtude de sentença judicial e ato jurídico anterior), nem por eventual vício 
redibitório (defeito oculto na coisa). Se for o caso, reveja a aula sobre 
Contratos – Parte Geral, que melhor disciplina estes temas. 
 o credor do espólio pode acionar o cedente. 
 nos termos do art. 1.805, §2°, CC, não importa em aceitação a cessão 
gratuita, pura e simples da herança aos demais coerdeiros. 
 na cessão onerosa feita a estranhos, deve-se oferecer oportunidade aos 
demais herdeiros para que estes exerçam o direito de preferência. O 
preço será “tanto por tanto” (art. 1.794, CC), ou seja, o mesmo preço que 
o terceiro iria pagar. Caso não seja dado conhecimento da cessão ao 
coerdeiro, ele pode requerer ao Juiz, no prazo de até 180 dias após a 
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transmissão, depositando o preço e haver para si a quota cedida a estranho 
(art. 1.795, CC). 
HERDEIRO APARENTE E PETIÇÃO DE HERANÇA (arts. 1.824 a 1.828, CC) 
Herdeiro aparente é aquele que embora não tenha tal condição, se 
apresenta aos olhos de todos como se fosse herdeiro, criando a impressão de 
ser o sucessor do de cujus. Exemplos em que isto pode ocorrer: 
a) herdeiro testamentário que entrou na posse da herança, sendo que 
posteriormente se descobriu um novo testamento, instituindo outro herdeiro. 
b) testador deixa todos os seus bens a uma pessoa, sendo que 
posteriormente se descobre que ele tinha um herdeiro necessário (ex: um filho 
que teve fora do casamento). 
c) herdeiro legítimo de todos os bens descobre posteriormente que o de 
cujus deixou um testamento beneficiando, também uma terceira pessoa. 
Teoria do Herdeiro Aparente 
Pelo parágrafo único do art. 1.827, CC as alienações feitas, a título 
oneroso, pelo herdeiro aparente a terceiro de boa-fé são eficazes. Nossa 
legislação premia a boa-fé. Evidente que o herdeiro aparente beneficiado na 
transação ficará responsável pelo valor dos bens alienados. 
Petição de Herança 
Se porventura for realizado um inventário e eventualmente um sucessor 
foi deixado de fora, este herdeiro não perde seu direito sucessório. Ele pode 
ingressar com Ação de Petição de Herança. Desta forma, petição de herança é a 
ação pela qual um herdeiro esquecido ou desconhecido (situações descritas 
acima) reclama sua parte da herança, antes ou depois da partilha (os bens já 
estavam na posse de terceiros e deverão ser restituídos). Pode compreender 
todos os bens hereditários. Deve ser instruída com prova da qualidade de 
herdeiro. Pode haver cumulação com outras ações como: investigação de 
paternidade, reconhecimento da condição de companheiro, etc. 
CAROS ALUNOS. Até aqui estamos falando sobre a Sucessão de uma forma 
geral. As regras vistas até aqui se aplicam a qualquer espécie de sucessão. 
Vamos agora fazer uma divisão neste tema entre: Sucessão Legítima e 
Sucessão Testamentária. Vamos analisar cada uma delas, com suas regras e 
particularidades. Comecemos... 
 
 
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SUCESSÃO LEGÍTIMA 
(arts. 1.829 a 1.856, CC) 
 
Sucessão Legítima é aquela em que o de cujus faleceu sem 
testamento (ab intestato), ou o testamento deixado caducou,ou ainda foi 
julgado ineficaz. Neste caso os bens serão distribuídos seguindo uma ordem 
estabelecida pela lei. Baseia-se no vínculo de família (sangue e afinidade). 
Embora a Sucessão Legítima seja mais comum no Brasil, na verdade a 
Sucessão Testamentária é a principal. Isto porque a Sucessão Legítima é 
subsidiária, somente sendo aplicada se não houver um testamento válido. Há, 
também a possibilidade de ocorrerem as duas espécies de sucessão 
(testamentária e legítima) de forma simultânea em relação a uma pessoa, como 
a existência de um testamento para parte dos bens, ficando os demais a cargo 
das regras da Sucessão Legítima. 
Há uma relação preferencial prevista na lei das pessoas que são 
chamadas a suceder o finado, como se esta fosse a sua última vontade. Se ele 
deixou testamento, mas havia herdeiro necessário, é possível que ocorra uma 
redução das disposições testamentárias para que seja respeitada a quota dos 
mesmos, prevista em lei. 
É importante reforçar que segundo o art. 2.041, CC (disposições finais e 
transitórias), as disposições relativas à ordem de sucessão não se aplicam à 
sucessão aberta antes de sua vigência (ou seja, se uma pessoa morreu antes da 
vigência do atual Código, mesmo que o processo de inventário seja aberto 
agora, as regras que serão aplicadas para a divisão dos bens será a do Código 
Civil de 1916). 
ORDEM DE SUCESSÃO LEGÍTIMA (art. 1.829, CC) 
O chamamento dos sucessores é feito de acordo com uma sequência 
denominada ordem de vocação hereditária, que é uma relação preferencial, 
estabelecida pela lei, das pessoas que são chamadas para suceder o de cujus. 
Trata-se de uma vontade presumida do falecido. 
De início, vamos apenas fornecer a ordem estabelecida na lei (art. 1.829, 
CC). Depois vamos analisar item por item desta ordem. Vejamos: 
01) Descendentes (filhos, netos, bisnetos, etc.): em concorrência com o 
cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da 
comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens; ou se, no 
regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens 
particulares. 
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02) Ascendentes (pai, avô, bisavô, etc.): também em concorrência com 
eventual cônjuge sobrevivente. 
03) Cônjuge Sobrevivente (ou cônjuge supérstite). 
04) Colaterais (somente até o 4° grau). Ordem preferencial: 
 irmãos: 2° grau 
 sobrinhos: 3° grau 
 tios: 3° grau 
 sobrinhos-netos: 4° grau 
 tios-avôs: 4° grau 
 primos-irmãos: 4° grau 
 Observações Importantes 
1. Não há limitação de grau na linha reta (descendentes e ascendentes). 
Neste caso o grau de parentesco é “infinito”. 
2. Uma classe só será chamada quando faltarem herdeiros da classe 
precedente. os ascendentes só serão chamados na sucessão se não 
houver descendentes; os colaterais somente serão chamados se não 
houver descendentes, ascendentes e cônjuge, etc. 
3. Dentro de uma classe, o grau mais próximo, em princípio, exclui o mais 
remoto. Ex: o de cujus deixou um filho vivo e este, por sua vez, possui 
dois filhos (que são netos do de cujus). Tanto o filho, como os netos estão 
na mesma classe – são descendentes. No entanto, neste caso a herança 
irá somente para o filho, pois embora estejam na mesma classe (dos 
descendentes) o filho está no primeiro grau e os netos estão no segundo 
grau (portanto os filhos estão mais próximos). 
4. Os descendentes, os ascendentes e o cônjuge sobrevivente são 
considerados herdeiros necessários; neste caso o testador só poderá 
dispor por testamento de metade da herança. Isto é, metade de seus 
bens (já descontada eventual meação do cônjuge) irá obrigatoriamente 
para os herdeiros necessários (salvo alguma hipótese de deserdação). 
5. Todos os filhos herdam em igualdade de condições (art. 227, §6°, 
CF/88: “Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por 
adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer 
designações discriminatórias relativas à filiação”). Assim, um filho não 
pode ser chamado de adulterino ou bastardo. São expressões 
consideradas preconceituosas. Para efeitos sucessórios, tanto faz que o 
filho seja proveniente de um casamento ou de uma relação extraconjugal: 
é filho do mesmo jeito e terá direito a herança. 
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6. Se houver um testamento essa ordem pode não prevalecer exatamente 
desta forma, ou seja, pode haver algumas modificações, conforme 
veremos adiante. 
7. Notem que a Administração Pública (Município, Distrito Federal e União) e 
o convivente não constam da relação do art. 1.829, CC, embora tenham 
direitos sucessórios. Há regras especiais sobre eles que também veremos 
adiante. 
8. A afinidade (sogro/sogra, genro/nora, cunhada) não gera direitos 
sucessórios. A simples dependência econômica de uma pessoa também 
não gera direitos sucessórios. 
A) SUCESSÃO DOS DESCENDENTES 
 Com a abertura da sucessão, os descendentes do de cujus são chamados 
para receber a herança em primeiro lugar, adquirindo os bens por direito 
próprio. Os filhos são chamados à sucessão do pai, recebendo cada um 
(sucessão por cabeça – in capita) quota igual da herança (art. 1.834, CC), 
excluindo-se os demais descendentes (embora possa haver o direito de 
representação, conforme veremos adiante). 
Reforçando: não se pode fazer qualquer distinção entre os 
filhos, sejam eles havidos ou não durante o casamento, adotivos, 
etc., sendo que todos eles possuem os mesmos direitos. 
 Se todos os descendentes estiverem no mesmo grau, a sucessão será 
por direito próprio e por cabeça; a herança é dividida em tantas partes 
iguais quantos forem os herdeiros. Exemplos: pessoa faleceu e deixou dois 
filhos  a herança será dividida em duas partes iguais; pessoa faleceu e não 
deixou filhos vivos (todos eles eram pré-mortos), porém deixou cinco netos  o 
acervo será dividido em cinco partes iguais, não importando se eram filhos do 
mesmo pai ou pais diferentes. 
 Se à herança concorrem descendentes de graus diferentes (descendente 
de grau inferior – neto – concorrendo com o de grau superior - filho) a sucessão 
se dá por cabeça e por representação (também chamada por estirpe). 
Exemplo: o de cujus tinha dois filhos vivos e três netos, sendo que estes são 
filhos de um terceiro filho pré-morto  neste caso a herança será dividida em 
três partes iguais: as duas primeiras serão destinadas aos filhos vivos e a 
terceira (que pertenceria ao outro filho) será destinada aos três netos que 
dividirão o quinhão entre si – neste caso chamamos de sucessão por 
representação ou por estirpe. Os netos (filhos do filho pré-morto) recebem o 
que o pai (filho do de cujus) receberia. Falaremos mais sobre a representação 
em um tópico específico, logo adiante. 
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IMPORTANTE 
Havendo cônjuge sobrevivente, este, em algumas situações, podeconcorrer com seus descendentes. Mas em primeiro lugar este cônjuge não 
pode estar separado judicialmente e nem separado de fato há mais de dois anos 
do de cujus. Se estiver em alguma destas situações não terá direito à herança. 
Até aí sem problemas. Não há dificuldades. Resolvida esta questão, devemos 
saber agora qual o regime de bens que vigorava entre o casal. Segundo a 
lei o cônjuge concorrerá com o descendente se: a) não for casado sob o regime 
da comunhão universal ou da separação obrigatória de bens; b) haja bens 
particulares do de cujus, se casado sob o regime da comunhão parcial. 
É possível que a matéria agora tenha ficado um pouco confusa. Por isso 
elaboramos um quadro que visa facilitar o estudo desta matéria. Tenho 
certeza que depois de ser lido, a matéria ficará muito mais fácil. Ele serve, não 
só para concursos, mas também em situações particulares, que pode ocorrer 
com qualquer um de nós. 
REGIME DE BENS HÁ DIREITO À MEAÇÃO? HÁ DIREITO À HERANÇA? HÁ DIREITO REAL DE 
HABITAÇÃO? 
COMUNHÃO UNIVERSAL 
(TOTAL) DE BENS 
SIM NÃO SIM 
COMUNHÃO PARCIAL 
COM BENS 
PARTICULARES 
SIM SIM 
(sobre os bens 
particulares) 
SIM 
COMUNHÃO PARCIAL 
SEM BENS PARTICULARES 
SIM NÃO SIM 
PARTICIPAÇÃO FINAL NOS 
AQUESTOS 
SIM SIM SIM 
SEPARAÇÃO TOTAL 
(CONVENCIONAL) 
 NÃO SIM SIM 
SEPARAÇÃO 
OBRIGATÓRIA (LEGAL) DE 
BENS 
NÃO 
(SÚMULA 377 STF = SIM) 
NÃO SIM 
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Observem que o quadro também fala sobre o direito real de habitação 
(falaremos sobre ele mais abaixo). 
Depois de analisar o quadro acima que informa em que hipóteses 
(trata-se do “quando”) o cônjuge concorre com o descendente, há uma outra 
indagação: qual a parte do cônjuge nesta herança (trata-se do “quanto”)? 
Segundo o atual Código Civil, o cônjuge sobrevivente terá direito a um 
quinhão igual aos dos que sucederem por cabeça, não podendo sua quota ser 
inferior à quarta parte (25%) da herança se for ascendente dos herdeiros com 
que concorre (art. 1.832, CC). Isto também é um pouco confuso. Por isso é 
interessante analisar diversas situações: 
Situação 01 – Pessoa faleceu deixando cônjuge e um filho que teve com ele 
(filho comum)  neste caso o cônjuge recebe metade da herança e o filho a 
outra metade (notem que estamos falando somente da herança; a meação já 
é um fato superado, que vai depender do regime de bens). 
Situação 02 – Pessoa faleceu deixando cônjuge e dois filhos que teve com 
ele (filhos comuns)  cônjuge recebe um terço, o primeiro filho um terço e o 
outro filho o outro terço da herança. 
Situação 03 – Pessoa faleceu deixando cônjuge e cinco filhos que teve com 
ele (filhos comuns)  cônjuge recebe um quarto e os filhos repartirão os 
outros três quartos da herança. 
Situação 04 – Pessoa faleceu deixando cônjuge e dez filhos que teve com ele 
(filhos comuns)  o cônjuge recebe o mesmo um quarto e os dez filhos 
repartirão os outros três quartos da herança. 
Situação 05 – Pessoa faleceu deixando cônjuge e três filhos tidos em outra 
relação matrimonial (não são do cônjuge sobrevivente – filhos exclusivos)  
aplica-se a regra geral; divide-se a herança em quatro partes iguais. Cônjuge 
e filhos terão direito à mesma porcentagem. 
Situação 06 – Pessoa faleceu deixando cônjuge e nove filhos de outra 
relação matrimonial (filhos exclusivos)  aplica-se a regra geral; divide-se a 
herança em dez partes iguais. Cônjuge e filhos terão direito à mesma 
porcentagem. 
Não havendo cônjuge, mas um companheiro ou convivente (ou 
seja, o de cujus não era casado, porém vivia em uma união estável) este 
participará da sucessão apenas no que concerne aos bens adquiridos na vigência 
da união estável. Se concorrer com filhos comuns, terá direito a uma quota 
equivalente à que por lei for atribuída ao filho. Se concorrer com descendentes 
só do autor da herança terá direito à metade do que couber a cada um 
daqueles. Veremos isso melhor adiante. 
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B) SUCESSÃO DOS ASCENDENTES 
 Não havendo descendentes, serão chamados os ascendentes do de cujus. 
Se houver cônjuge sobrevivente, estes também concorrerão com os 
ascendentes. Novamente o grau mais próximo exclui o mais remoto. Exemplo: 
Se o de cujus deixou pai e mãe vivos (sem cônjuge), a herança será entregue a 
eles em partes iguais (50% para o pai e 50% para a mãe). 
Se apenas um dos genitores for vivo a ele será transmitida toda a 
herança, ainda que sobrevivam os ascendentes do outro. Exemplo: o de cujus 
deixou mãe e dois avós, que eram pais de seu pai. A herança toda irá para a 
mãe, excluindo-se os avós paternos. Observem que os avós paternos não 
herdam por representação. 
Na falta de ambos os pais do autor da herança, herdarão os avós. 
Exemplo: o de cujus deixou três avós – dois maternos e um paterno – a 
herança será dividida em duas partes, metade para os avós maternos e a outra 
metade para o avô paterno (neste caso a divisão da herança será feita por 
linha e não por cabeça). 
É muito importante reforçar que, diferentemente da sucessão dos 
descendentes, em relação aos ascendentes não há direito de 
representação. O ascendente de grau mais próximo afasta (exclui) o de grau 
mais remoto (art. 1.836, §1°, CC). 
 Se o de cujus deixou ascendentes e cônjuge, a situação também difere 
um pouco. Primeiramente porque nesta situação independe o regime de 
bens. Ou seja, não havendo descendentes, qualquer que seja o regime de bens 
o cônjuge sobrevivente tem o direito de receber a herança juntamente com os 
ascendentes. O problema é saber o quanto fará jus. Vejamos: 
Situação 01 – Pessoa faleceu deixando ascendentes de primeiro grau (pai e 
mãe) e cônjuge  o pai terá direito a um terço da herança, a mãe terá direito 
a um terço e o cônjuge o outro terço. 
Situação 02 – Pessoa faleceu deixando mãe (somente um ascendente de 
primeiro grau) e o cônjuge  a mãe terá direito a metade da herança e o 
cônjuge a outra metade. 
Situação 03 – Pessoa faleceu deixando ascendentes de segundo ou mais 
graus (avós, bisavós) e cônjuge  os ascendentes terão direito à metade da 
herança (que deverá ser partilhada entre todos os sobreviventes do mesmo 
grau) e o cônjuge a outra metade. 
 C) SUCESSÃO DO CÔNJUGE SOBREVIVENTE (SUPÉRSTITE) 
Como vimos no gráfico mais acima, se o regime de bens for o da 
comunhão universal ou da comunhão parcial, o cônjuge terá metade dos bens 
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comuns do casal. Trata-se da meação, que (vamos reforçar) não pode ser 
confundida com a herança. Na meação os bens comuns são divididos; a porção 
ideal dos bens já lhe pertencia mesmo antes da morte do de cujus. Chamamos 
de herança somente a parte de seu cônjuge falecido. Lembrando que a pessoa 
é afastada da sucessão (herança) se estiver separada judicialmente ou separada 
de fato há mais de dois anos (salvo prova deque essa convivência se tornara 
impossível sem culpa do sobrevivente – art. 1.830, CC). A doutrina critica muito 
a parte referente à separação de fato, pois esta situação não extingue a 
sociedade conjugal e, portanto, não deveria ser causa de extinção dos direitos 
conjugais. 
Hipóteses Interessantes: 
1) Homem está se separando de sua esposa e durante o processo ele 
morre. Neste caso a mulher herda? Sim, porque no caso concreto ainda não 
houve a decisão final com trânsito em julgado. 
2) Uma pessoa casada de boa-fé (casamento putativo) que teve o 
casamento anulado pode herdar? Depende... para herdar deveria ser cônjuge 
ainda no tempo da morte do autor da herança. Se a anulação se deu após a 
morte ela herda. Se a anulação se deu antes da morte ela não herdará. 
Além da meação (que, repita-se já era dele, mesmo antes da morte do de 
cujus), o cônjuge ainda terá direito à herança, que pode se dar: 
1. Sucessão Testamentária (ou legitimária) – por ser herdeiro necessário, 
tem direito à metade da herança, se não houver descendentes ou ascendentes; 
o testador só poderá dispor de metade dos bens da herança. Assim, além de 
receber a meação, se o de cujus não tiver descendentes ou ascendentes, o 
cônjuge receberá a totalidade dos bens. Além disso, mesmo o de cujus tendo 
outros herdeiros, o cônjuge sobrevivente ainda pode receber mais alguma coisa 
por testamento. 
2. Sucessão Legal ou Legítima 
a) Em concorrência com descendentes: neste caso aplica-se o art. 
1.829, inciso I, CC. Convém reforçar a análise deste dispositivo. Vejamos as 
situações: 1) Se o regime for da comunhão universal, o consorte não será 
herdeiro em concorrência com os descendentes, mas tem assegurada a sua 
meação (recebendo metade de tudo, o cônjuge não teria motivos para concorrer 
à sucessão dos descendentes). 2) O mesmo ocorre se o casamento se der sob o 
regime da comunhão parcial e o falecido não possuía bens particulares (também 
neste caso o cônjuge sobrevivente terá direito à meação de tudo). 3) Se o 
regime for da comunhão parcial, mas havendo patrimônio particular, o cônjuge 
sobrevivente receberá sua meação, mais uma parcela sobre todo o acervo 
hereditário. O cônjuge sobrevivente terá direito a um quinhão igual aos dos que 
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sucederem por cabeça, não podendo sua quota ser inferior à quarta parte da 
herança se for ascendente dos herdeiros com que concorre (art. 1.832, CC). 
Exemplo: A faleceu deixando esposa e cinco filhos que não são do cônjuge 
sobrevivente; neste caso a herança será dividida em seis partes iguais, cada um 
dos filhos e a esposa receberão um sexto da herança. Se estes filhos forem 
também do cônjuge sobrevivo, a participação deles ficará reduzida diante do 
limite da quota mínima estabelecida pela lei: o cônjuge ficará com um quarto e 
os demais três quartos serão partilhados entre os seus cinco filhos. 4) Se o 
cônjuge for casado sob o regime da participação final nos aquestos também terá 
direito à herança (além de eventual meação) em concorrência com os 
descendentes. 5) Se o cônjuge for casado sob o regime da separação total 
(convencional) de bens não terá direito à meação, mas fará jus à herança em 
concorrência com os descendentes. 6) Finalmente, se o casamento for sob o 
regime da separação total (legal) de bens, não haverá direito à herança, nem à 
meação (embora a Súmula 377 STF permita a meação). 
b) Em concorrência com os ascendentes: neste tópico a lei não faz 
qualquer distinção em relação ao regime de bens adotado pelo casal; o cônjuge 
sobrevivente tem direito à concorrência, qualquer que seja o regime adotado. 
Situações: 1) Reserva-se um terço da herança se concorrer com pai e mãe do 
finado (ascendentes em primeiro grau), ficando estes com dois terços. 2) Se 
concorrer com apenas um dos genitores, receberá metade da herança. 3) Se 
concorrer com ascendentes de segundo grau (avós) ou graus superiores, 
independentemente da quantidade, também lhe tocará metade da herança 
(reparem que já analisamos esta situação mais acima). 
c) Pura e simples: na falta de descendentes e ascendentes, será 
chamado, por inteiro, o cônjuge sobrevivente, desde que ao tempo da morte 
não estivesse separado judicialmente nem de fato há mais de dois anos. 
Lembrando e reforçando que o cônjuge é herdeiro necessário, não podendo 
mais ser afastado de uma sucessão por mero capricho do de cujus. 
Anteriormente, não tendo descendentes e ascendentes, o testador poderia 
deixar todos os seus bens a um terceiro. Agora tal situação não é mais possível. 
Mas agora surge um problema. Os herdeiros necessários somente 
podem ser afastados da sucessão na hipótese de uma deserdação. Pergunta-se: 
o cônjuge pode ser deserdado? A posição majoritária da doutrina tem 
entendido que não pode! Isto porque os artigos que tratam do assunto (1.962 e 
1.963 CC) mencionam apenas a deserdação de descendentes e ascendentes, 
nada se referindo as causas de deserdação do cônjuge. E não é possível a 
aplicação de analogia em matéria restritiva de direitos. Portanto o cônjuge, 
mesmo sendo herdeiro necessário não pode ser deserdado, ao menos até que a 
lei seja modificada. Foi um “cochilo” do legislador? Têm-se entendido que não. 
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Isto porque se a pessoa quisesse “deserdar” o cônjuge, bastaria se separar 
judicialmente do mesmo. 
3. Sucessão no Direito Real de Habitação – Direito Real de Habitação 
é o direito que uma pessoa tem em relação ao imóvel destinado à residência, se 
este for o único do gênero a inventariar. Na sucessão esse direito ocorre, 
qualquer que seja o regime de bens adotado entre os cônjuges e sem 
prejuízo da participação que lhe caiba na herança (art. 1.831, CC). 
Exemplo: Pessoa morreu deixando um filho de outro casamento e a atual 
esposa. Esta pessoa era casada pelo regime da separação parcial e possuía 
apenas a casa onde moravam, sendo que a mesma foi comprada antes do 
casamento (bem particular do de cujus). O filho (descendente) terá direito à 
metade da casa e a esposa a outra metade (vejam o gráfico inicial). Porém, 
além da propriedade de 50% da casa, o cônjuge sobrevivente ainda terá direito 
real de habitação; isto é, terá o direito de morar nesta casa. Morrendo o de 
cujus, transmite-se a nua propriedade do imóvel aos sucessores legítimos de 
classe preferencial (no caso o descendente e o cônjuge), mas ao cônjuge 
sobrevivente ainda outorga-se o direito real de habitação. 
O direito real de habitação só existe enquanto viver o cônjuge beneficiário, 
não sendo transmissível com sua morte. Mas há um problema: e se este se 
casar novamente? O direito real de habitação permanece? O Código atual é 
omisso, daí parte da doutrina entender que o mesmo continua. Mas outra 
corrente doutrinária pondera que este instituto tem um caráter assistencial. E se 
o beneficiado se casou novamente, é inconveniente que o imóvel permaneça 
gravado, onerando os herdeiros. 
4. Sucessão no Usufruto – se o casamento foi com cônjuge 
estrangeiro em regime que exclua a comunhão universal: terá direito à quarta 
parte dos bens em usufruto se houver filhos brasileiros do casal ou do outro 
consorte;

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