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INICIAL ALIMENTOS

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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA ... VARA DE FAMÍLIA DA COMARCA DE GUAIAQUI ESTADO DE ...
JOÃO DA SILVA, brasileiro, viúvo, do lar, portador do documento de identidade nº 12345, inscrito no Cadastro de Pessoa Física – CPF sob o nº 54321, residente e domiciliado na rua José Inácio, cidade de Daluz, sem endereço eletrônico, vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, por seu advogado que esta subscreve, com fulcro no artigo 1º e seguintes da Lei no. 5.478 /68, propor a presente
	AÇÃO DE ALIMENTOS COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA
Em face de ARLINDO DA SILVA, brasileiro, solteiro, empresário, portador do documento de identidade nº 987987, inscrito no Cadastro de Pessoa Física – CPF sob o nº 5757, residente e domiciliado na cidade de Italquise, sem endereço eletrônico conhecido, pelas razões de fato e de direito a seguir aduzidas.
					DOS FATOS
O requerente fora casado por mais de 40 (quarenta) anos com Lourdes, sendo que desta relação estável e duradoura o casal teve um único filho, que se apresenta na presente ação como requerido, qual seja, o senhor Arlindo, empresário bem sucedido no ramo hoteleiro.
Ocorre que recentemente, veio o requerente a perder sua esposa em virtude do óbito da mesma. Acometido de imensa tristeza, o autor da presente ação deixou de trabalhar e por este motivo, começou a passar por dificuldades financeiras, sendo que atualmente sobrevive da ajuda de parentes e vizinhos.
Ciente dos direitos garantidos constitucionalmente em razão de sua idade avançada e diante de imensa injustiça e extrema necessidade, não restou ao Requerente alternativa, senão buscar amparo judicial para ver atendidas suas solicitações.
DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA E DA PREFERÊNCIA NA TRAMITAÇÃO
Inicialmente, requer à Vossa Excelência sejam deferidos os benefícios da gratuidade da Justiça, com fulcro no §2º. do artigo 1º. da Lei nº 5.478/68, combinado com a Lei nº. 1.060/50, em razão de não possuir condições financeiras de arcar com as custas processuais e honorários advocatícios sem prejuízo de seu próprio sustento, conforme atestado de pobreza que instrui a presente demanda.
O requerente, por ser maior de 60 anos, requer ainda, prioridade na tramitação do feito, em razão de determinação legal prevista no artigo nº 71, caput, do Estatuto do Idoso (Lei no. 10.741/03), bem como no artigo nº. 1.048, do vigente Código de Processo Civil.
Por fim, deve o presente feito ser recebido pelo procedimento especial, em razão do que determina o artigo primeiro da Lei de Alimentos.
					DO DIREITO 
É sabido que a Lei no. 5.478/68 ampara o pedido do autor em seu artigo 2º, bem como o vigente Código Civil dispõe o seguinte em seus artigos:
Art. 11. Os alimentos serão prestados ao idoso na forma da lei civil.
Art. 12. A obrigação alimentar é solidária, podendo o idoso optar entre os prestadores.
Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação.
Pela simples e breve interpretação literária destes artigos, percebe-se que o instituto dos alimentos transcende à simplória ideia de que estes seriam apenas, à grosso modo, arroz, feijão e carne, por exemplo.
A doutrina é praticamente consolidada ao estabelecer o conceito de alimentos. Carvalho (2009), Rosenvald (2010) e Gonçalves (2014) são categóricos ao citar o conceito de acordo com os dizeres de Orlando Gomes, que disserta: “alimentos são prestações para satisfação das necessidades vitais de quem não pode provê-las por si”.
Esse conceito, todavia, deve ser visualizado de forma mais ampla possível, pois abrange não só o necessário à subsistência de quem pleiteia como também o lazer, a cultura, as vestimentas, medicamentos, instrução educacional, habitação, etc. (ROSENVALD, 2010, p. 668). 
De forma bastante clara ao já disposto sobre o conceito de alimentos, Carvalho (2009, p. 389), aduz que:
É a prestação fornecida a uma pessoa, em dinheiro ou em espécie, para que possa atender às necessidades de sobrevivência, tratando-se não só de sustento, como também de vestuário, habitação, assistência médica em caso de doença, enfim, de todo o necessário para atender às necessidades da vida.
Nesse diapasão, tem-se o vocábulo “alimentos” como aquilo que se faz, em tudo, essencial a uma vida com dignidade, de forma a ultrapassar qualquer entendimento que diminua sua amplitude ou abrangência, posto ser de inenarrável importância para o desenvolvimento digno e saudável de qualquer ser humano.
Não bastassem todos os atos normativos bem como a Doutrina passamos a análise da jurisprudência:
TJ-DF - Inteiro Teor. Apelacao Civel: APC 20120110321900 DF 0009392-72.2012.8.07.0001
Data de publicação: 16/07/2013
Decisão: como voto. O Senhor Desembargador JAIR SOARES - Revisor A obrigação de prestar alimentos é recíproca... à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo a todos os ascendentes... recaindo a obrigação nos mais próximos (...).
Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE ALIMENTOS. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. ALIMENTOS PROVISÓRIOS ALCANÇADOS PELAS FILHAS AO PAI IDOSO E DOENTE. Diante do contexto retratado aos autos, readéquo a verba alimentar a ser alcançada pelas filhas ao genitor, em 1 (um) salário mínimo nacional. RECURSO PROVIDO EM PARTE. (Agravo de Instrumento Nº 70057210742, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Liselena Schifino Robles Ribeiro, Julgado em 28/10/2013)
Tal pedido encontra guarida na latente impossibilidade de prover seu próprio sustento em razão da extrema tristeza que acometeu o requerente após a morte de sua esposa, e que veio a ocasionar a interrupção de seus afazeres profissionais.
Ademais, o requerido possui totais condições de arcar com tal responsabilidade, uma vez que é empresário bem sucedido e de muitas posses na região.
Ora, evidentemente estamos diante de uma obrigação que recai sobre o filho único do requerente, e que se não fossem suficientes os artigos supracitados, é cristalino e evidente que a Constituição Federal, em seu artigo 229, também determina aos filhos que estes devem amparar e ajudar os pais na velhice, exatamente como ocorre no caso em tela.
					DOS PEDIDOS 
Diante dos fatos acima demonstrados vem a parte autora requerer:
1 – A prioridade na tramitação do presente feito por força do artigo 71 do Estatuto do Idoso;
2 – A fixação imediata de alimentos provisórios, conforme determina o artigo 4º. da Lei no. 5.478/68, observando, também, o disposto no artigo 529, §3º do vigente Código de Processo Civil, em valor não inferior à 1 (um) salário mínimo;
3 – A citação do requerido para comparecer a audiência de conciliação e mediação a ser designada por V. Exe. bem como para oferecer defesa quanto aos fatos e pedidos apresentados sob pena de revelia e confissão da matéria de fato;
4 – Ao fim da lide, ao considerar como vencido o requerido, que se digne Vossa Excelência a condená-lo ao pagamento dos alimentos definitivos em valor à ser fixado posteriormente.
5 – Sejam deferidos ao autor os benefícios da Justiça Gratuita;
6 – A intimação do representante do Ministério Público, para que atue no feito;
7 – A condenação da parte contrária ao pagamento das custas processuais, bem como os honorários advocatícios;
8 – Provar o alegado por todos os meios admitidos em direito.
	Atribui-se à causa o valor de R$ 10.560,00.
			 Nestes termos,
			 Pede-se deferimento.
		 Guaiaqui, 18 de novembro de 2016.

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