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Resumo de Direito Civil V

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Resumo de Direito Civil V – Direitos Reais I
Direito das coisas
Segundo a clássica definição de Clóvis Beviláqua, direito das coisas “é o complexo de normas reguladoras das relações jurídicas referentes às coisas suscetíveis de apropriação pelo homem. Tais coisas são, ordinariamente, do mundo físico, porque sobre elas é que é possível exercer o poder de domínio”. Coisa é o gênero do qual bem é espécie. É tudo o que existe objetivamente, com exclusão do homem. Segundo o art. 202 do Código Civil português, “diz-se coisa tudo aquilo que pode ser objeto de relações jurídicas”. Coisas são bens corpóreos: existem no mundo físico e hão de ser tangíveis pelo homem (CC alemão, § 90; CC grego, art. 999). Bens são coisas que, por serem úteis e raras, são suscetíveis de apropriação e contêm valor econômico. 
Somente interessam ao direito, coisas suscetíveis de apropriação exclusiva pelo homem, sobre as quais possa existir um vínculo jurídico, que é o domínio. As que existem em abundância no universo, como o ar atmosférico e a água dos oceanos, por exemplo, deixam de ser bens em sentido jurídico2. Obtempera Clóvis que “a palavra coisa, ainda que, sob certas relações, corresponda, na técnica jurídica, ao termo bem, todavia dele se distingue. Há bens jurídicos, que não são coisas: a liberdade, a honra, a vida, por exemplo. E, embora o vocábulo coisa seja, no domínio do direito, tomado em sentido mais ou menos amplo, podemos afirmar que designa, mais particularmente, os bens que são, ou podem ser, objeto de direitos reais. Neste sentido dizemos direito das coisas”.
Em outras palavras, Direito das Coisas é o conjunto das normas que regulam as relações jurídicas entre os homens, em face às coisas corpóreas, lícitas, capazes de satisfazer às suas necessidades, contendo conteúdo econômico e suscetíveis de apropriação.
Direito Pessoal x Direito Real – Teorias
Teoria dualista
Para os dualistas existe diferença. Os Direitos Reais atribuem ao titular poder de senhoria direto e imediato sobre a coisa. No Direito Pessoal, o poder do titular atua sobre uma pessoa, o devedor, que lhe deve fazer uma prestação de dar, fazer, não fazer ou pagar, de conteúdo econômico. Em ambos se configura uma relação jurídica: no Direito Real, ela se estabelece entre seu titular e todas as demais pessoas que, indistintamente, estão obrigadas (obrigação passiva universal) a não praticar ato que o turbe na utilização de seu direito, não dependendo de intermediário para o exercício do direito real; no Direito Pessoal, a relação jurídica é a que existe entre o titular do Direito Subjetivo (o credor) e uma pessoa (o devedor), dependendo do cumprimento da obrigação por este para o exercício do direito obrigacional.
Os Direitos Reais estão protegidos por ações reais (actiones in rem) que se intentam, não contra uma pessoa determinada (devedor),como sucede no Direito Pessoal, mas contra quem quer que tenha turbado a sua utilização (erga omnes).
Os Direitos Reais outorgam ao titular a faculdade de sequela, isto é, de perseguir a coisa nas mãos de quem quer que a detenha e dão ao titular a faculdade de preferência, ou seja, o poder de afastar todos aqueles que reclamem a coisa com base ou em Direito Pessoal ou em Direito Real posterior ao dele. 
Além disso, vigora, em Direito Romano, o princípio de que os Direitos Reais constituem um numerus clausus (número fechado – princípio da tipicidade, art. 1225 CC), isto é, só são Direitos Reais os criados pelas diferentes fontes de Direito, não havendo assim, a possibilidade de os particulares, por acordo de vontade, criarem Direitos Reais de tipo novo.
Cabe ainda ressaltar que no Direito Real o titular pode exercer o abandono ou a renúncia. A perda da propriedade por renúncia ocorre quando o titular do direito, por motivos múltiplos, não deseja mais ser o proprietário da coisa, e através do ato renunciativo com registro no cartório de registro imobiliário exterioriza sua vontade. A perda do direito de propriedade pelo abandono, também se caracteriza pela vontade de não o ter mais em seu poder, o proprietário abre mão do seu direito assim como ocorre na perda da propriedade pela renúncia, porém não há a manifestação expressa e nem registro algum. Indispensável também para se configurar a perda da propriedade pelo abandono, que o proprietário não queira mais a coisa em seu poder, por não mais lhe ser conveniente por motivo qualquer, o simples fato de descuido por parte do proprietário, ou falta de zelo pela coisa não caracteriza o abandono.
	
	DIREITOS REAIS
	DIREITOS PESSOAIS
	Cabimento
	Numerus Clausus
	Numerus apertus
	Quanto ao sujeito de direitos
	Tem apenas sujeito ativo
	Possui sujeito ativo e passivo
	Quanto à ação
	Contra quem detiver a coisa. Possui efeito erga omnes.
	Ação pessoal contra um determinado indivíduo.
	Quanto ao objeto
	Coisas corpóreas e incorpóreas.
	Prestação.
	Quanto ao limite
	limitado
	ilimitado
	Quanto ao modo de gozar o direito
	Supõe exercício direto entre o titular e a coisa.
	Exige intermediário.
	Quanto ao abandono
	Pode haver.
	Não pode haver.
	Quanto ao direito de seqüela e preferência
	Pode haver.
	Não pode haver.
	Quanto à posse
	Pode haver.
	Não pode haver.
	Quanto à extinção
	Conserva-se até que haja uma situação contrária em proveito de outro titular.
	Extingue-se pela inércia.
Teoria unitária
Esta teoria entende que não há diferença entre direito real e direito pessoal. A teoria unitária personalista baseia-se na idéia de um sujeito passivo universal, considerando os direitos reais como obrigações, em que a prestação consistiria em uma abstenção que abrange todas as pessoas. Portanto, a teoria personalista aceita apenas a relação jurídica entre pessoas, pressupondo o sujeito ativo (proprietário, titular do direito real) e os sujeitos passivos (todas as pessoas) os quais não devem interferir contra o direito do titular. Já a teoria unitária realista enxerga a unificação dos direitos reais e pessoais do ponto de vista do patrimônio, considerando que os direitos pessoais não recaem sobre a pessoa do devedor, mas sobre o seu patrimônio.
Classificação do Direito Real
- Direito Real Clássico: é oriundo do direito romano, tendo por objetivo estudar a propriedade, as servidões, a superfície, e enfiteuse, o penhor e a hipoteca.
- Direito Real Científico: compreende normas de novas relações jurídicas de direito real. Ex: condomínio.
- Direito Real Legal: aquele regulado pela legislação, que se preocupa com a situação jurídica da propriedade numa dada época e lugar.
Posse
A posse consiste numa relação de pessoa (física, jurídica, despersonificada) e coisa (qualquer bem q possa ser objeto de propriedade), fundada na vontade do possuidor, criando mera relação de fato, é a exteriorização do direito de propriedade. A propriedade é a relação entre a pessoa e a coisa, que assenta na vontade objetiva da lei, implicando um poder jurídico e criando uma relação de direito. 
O art. 1.228 expõe que o proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la (reivindicar) do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha. Nestes termos o art. 1196 do CC dispõe que é considerado possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade, quais sejam: usar, gozar (tirar frutos) e dispor da posse. Há, ainda, a figura do detentor que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome do possuidor e em cumprimento de ordens ou instruções suas (art. 1198 CC).
Teorias
- Teoria subjetiva (clássica): desenvolvida por Savigny, a posse é o poder de dispor fisicamente da coisa, com ânimo de considerá-la sua e defendê-la contra a intervenção de outrem. Encontram-se, assim, na posse dois elementos: um elemento material, o corpus, que é representado pelo poder físico sobre a coisa; e, um elemento intelectual, o animus, ou seja, o propósito de ter a coisa como sua, isto é, o animus rem sibihabendi.
- Teoria objetiva: desenvolvida por Ihering o elemento objetivo, ou seja, o poder de fato sobre a coisa é o que caracteriza a posse. A posse é então a exteriorização de um direito sobre o bem, que importa na sua utilização econômica, ainda que exercida em nome de outrem. Corpus é comportamento de dono, sendo possuidor todo aquele que se comporta como real proprietário. O nosso Novo Código Civil, artigo 1.196, adotou a teoria objetiva. De acordo com a teoria objetiva pode haver a bipartição da posse, a coexistência da posse direta e da posse indireta sobre o mesmo bem, em situações como a do usufruto, do comodato e da locação, entre outros. E, desse modo o possuidor indireto também pode reclamar em juízo a proteção possessória.
- Teoria sociológica: deve dar uma função social para a coisa. 
Natureza jurídica
Para aqueles que defendem a teoria subjetiva, a posse é ao mesmo tempo um fato e um direito, aponta-se que se trata de um acontecimento casual que produz efeitos jurídicos, já para teoria objetiva a posse é simplesmente um direito por representar um interesse juridicamente protegido. A doutrina moderna tem de a considerar a posse um direito.
O professor Caio Mario da Silva Pereira realça que o debate doutrinário desse aspecto não tem hoje grande importância bastando dizer que nascendo a posse de uma relação de fato converte-se desde logo em uma relação jurídica.
Jus possessionis e jus possendendi
O jus possendendi é a relação material entre o homem e a coisa, e consequente de um ato jurídico. Assim, há uma situação de fato que se estabelece entre o homem e a coisa, baseada num direito preexistente. Por exemplo, “A” compra um imóvel, registra o seu título aquisitivo na matricula, torna-se proprietário, consequentemente a posse. É o direito À posse fundada na propriedade. Nesse o possuidor tem a posse e também é proprietário.
O segundo, a ser jus possessionis, deriva de uma relação de fato que é desacompanhada de um direito anterior ou preexistente. É o direito DE posse, ou seja, é o poder sobre a coisa e, a possibilidade de sua defesa por intermédio dos interditos (interdito proibitório, de manutenção da posse ou de reintegração de posse). Por exemplo, Asdrúbal instala-se em terra alheia, e nela se mantém mansa e pacificamente por mais de ano e dia. É o direito fundado no fato da posse, no aspecto externo. O possuidor, nesse caso, pode não ser o proprietário, não obstante essa aparência encontre proteção jurídica.
Aquisição da posse
Segundo art. 1204 CC adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade.
A posse é originária quando não há relação de causalidade entre a posse atual e a anterior (sem vícios anteriores), não havendo translatividade. Ela se dá por ato unilateral, que são os casos de apreensão, de exercício do direito real e de dispor da coisa ou do direito.
Na apropriação do bem, o possuidor passa a ter condições de dispor dele livremente, excluindo a ação de terceiros e exteriorizando assim, o seu domínio. Recai sobre coisas abandonadas (res derelictae), coisas que não pertencem a ninguém (res nullius) ou sobre bens de outrem, porém, sem o consentimento deste, por meio dos vícios de violência e clandestinidade. OBS: bens móveis = ocupação (art. 1.263 do CC), bens imóveis = pelo seu uso.
O exercício do direito (arts. 1.196 e 1.204 do CC) consiste na manifestação externa do direito que pode ser objeto da relação possessória (servidão, uso). Ex: Aqueduto sem oposição do proprietário. Uma pessoa dá em comodato coisa pertencente a outrem, essa circunstância indica que essa pessoa se encontra no exercício de um dos poderes inerentes ao domínio, o de disposição, portanto, fácil é deduzir que adquiriu a posse do bem, uma vez que já desfrutava.
A posse derivada requer a existência de uma pessoa anterior, que é transmitida ao adquirente (vínculo de translatividade), em virtude de um título jurídico, com a anuência do possuidor primitivo, sendo portanto, bilateral. Ocorre pela tradição, que pode ser real/material /efetiva, simbólica/ficta ou consensual. 
Será real quando a coisa for realmente entregue a outra pessoa. Por exemplo: quando a pessoa vai até uma loja, e compra um sapato, e este é entregue à compradora.
Será tradição simbólica quando um ato simbolizar a entrega da coisa. Por exemplo: quando em programa de televisão, ao ganhar um carro, o apresentador entrega as chaves ao ganhador.
Tradição consensual opera quando ninguém detém a coisa cuja posse é transmitida (traditio longa manu) ou quando uma pessoa que já tem a posse direta da coisa, como o locatário, e adquire o seu domínio não precisando que seja repassado ao dono para ser feito a entrega (traditio brevi manu).
Também pode ocorrer pela sucessão e pela união. Aberta a sucessão, a posse da herança passa logo aos herdeiros legítimos ou testamentários, sem que haja necessidade de qualquer ato seu (art. 1.784 do CC). A posse continua a mesma, com vícios do antecessor (art. 1.203 do CC). Esse tipo de posse é imperativo e obrigatório (art. 1,207, 1ª parte do CC). A união se dá na hipótese da sucessão singular (compra e venda, legado etc.) Ou seja, quando o objeto adquirido constitui coisa certa ou determinada. O adquirente constitui uma nova posse, embora receba a posse de outrem. 
A posse subjetiva diz respeito a quem pode ser possuidor. Nesse sentido, determina o art. 1205 que a posse pode ser adquirida: a) pela própria pessoa que a pretende desde que encontre no pleno gozo de sua capacidade de exercício ou de fato e que pratique o ato gerador da relação possessória, instituindo a exteriorização do domínio; b) por representante legal (pais, tutor ou curador) ou procurador (representante convencional, munido de mandato com poderes especiais), caso em que se requer a concorrência de duas vontades: a do representante e a do representado; c) por terceiro sem procuração ou mandato, caso em que a aquisição da posse fica na dependência da ratificação da pessoa em cujo interesse foi praticado o ato.
O fenômeno da extensão da posse é visualizado na presunção da posse dos móveis contidos no imóvel possuído (art. 1209).
Classificação da posse
Direta e Indireta
Posse indireta: Diz-se indireta a posse quando o seu titular, afastando de si por sua própria vontade a detenção da coisa, continua a exercê-la imediatamente após haver transferido a outrem a posse direta. Dessa forma, o proprietário que se desvincula de um dos atributos ligados ao domínio cedendo-o a outrem o seu exercício.
Posse direta: Tem a posse direta da coisa, aquele que não é o dono dela, mas exerce uma das faculdades inerentes ao domínio. o usufrutuário, o depositário, o credor pignoratício, o locatário e o comodatário são possuidores diretos, pois todos detêm a coisa que lhes foi transferida pelo dono, mas este, ao transferir a coisa, conservou a posse indireta, por força de seu direito dominial.
Assim, a lei reconhecendo o possuidor direto e o possuidor indireto, dá a ambos a possibilidade de recorrer aos interditos (ações) para proteger sua posição ante terceiros, além de conceder-lhes tais remédios possessórios um contra o outro, se necessário for (art. 1197 CC).
Justa e injusta
Posse justa é aquela adquirida em conformidade com o direito. E, posse injusta é adquirida de forma violenta, clandestina ou precária, como prevê os artigos 1.200 e 1.208 do Código Civil.
A posse é clandestina quando alguém ocupa coisa de outro às escondidas, sem ser percebido, ocultando seu comportamento. A rigor, este caso não pode ser caracterizado como posse, pois se opõe à conceituação de exteriorização de domínio, onde a publicidade se faz mister para sua existência.
Apesar disto, o Código Civil admite a convalescência do vício da clandestinidade, onde cessada esta característica, através de atos ostensivos do possuidor, que além de ocupar a terra alheia, ali constrói, planta e vive, e o proprietário deixa de reagir por mais de ano e dia, aquelaposse de início viciada, deixa de o ser, ganhando juridicidade, possibilitando a seu titular a invocação da proteção possessória.
 	A tomada de posse por meio violento é viciada para fins de direito, mas a lei contempla a hipótese da violência cessar e, a posse, originalmente viciada, pode ganhar juridicidade. Isto ocorre quando o esbulhado deixa de reagir durante o período de ano e dia, e o esbulhador exerce a posse pacífica por tal lapso de tempo, o que faz com que este adquira a condição de possuidor, pela cessação da violência.
É precária a posse daquele que, tendo recebido a coisa para depois devolvê-la (como o locatário, o comodatário, o usufrutuário, o depositário, etc.), a retém indevidamente, quando a mesma lhe é reclamada.
A precariedade prejudica a posse, não permitindo que ela gere efeitos jurídicos e, diferentemente da violência e clandestinidade, segundo Silvio Rodrigues, não cessa nunca, não gerando, em tempo algum, posse jurídica.
Boa-fé e má-fé
Se o possuidor ignora o vício ou o obstáculo que o impede de adquirir a coisa possuída, sua posse é de boa-fé. Se ele conhece o vício ou o obstáculo, age de má-fé, como disposto no artigo 1.201 do Novo Código Civil. O possuidor de má-fé tem plena consciência de que não lhe assiste o direito de reter a coisa, ou seja, está ciente da ilegitimidade da sua condição. 
Vemos ainda que o legislador presume posse de boa fé quando o possuidor tem o título hábil para conferir ou transmitir direito à posse, como a convenção, a sucessão, ou a ocupação segundo Clóvis Beviláquia. Tal presunção, entretanto, admite prova em contrário, cabendo o ônus da prova à parte reclamante. 
Para tal aplicação faz-se necessário identificarmos o instante da cessação da boa fé: “a posse de boa fé só perde este caráter, no caso e desde o momento em que as circunstâncias façam presumir que o possuidor não ignora que possui indevidamente” (art. 1202). Portanto a posse de boa fé se transforma em posse de má fé ao tomar o possuidor conhecimento do vício que infirma sua posse, tendo a parte adversa o ônus de demonstrar as circunstâncias externas capazes de provar tal questionamento.
Velha e nova
A posse é considerada velha quando ultrapassar o lapso de tempo de ano e dia (e do contrário, nova será), o que dá ao possuidor a manutenção de sua posse, sumariamente, até que seja convencido pelos meios ordinários.
	Quando uma ação for intentada dentro de um ano e dia da turbação ou do esbulho, ela será considerada ação de força nova e o autor terá direito à liminar; porém, quando intentada depois de ano e dia, a ação será considerada de força velha e, consequentemente, não terá o autor direito a liminar, sem prejuízo de se verificar a possibilidade ou não de antecipação dos efeitos da tutela pretendida, nos termos do art. 273 do CPC.
Desse modo, percebe-se que a vantagem está na concessão ou não da liminar, cuja decisão judicial tem a natureza jurídico-processual interlocutória porque não decide definitivamente a lide, mas apenas antecipa um resultado. E, depois de concedida ou não a liminar, o processo adotará o procedimento comum ordinário, tudo nos termos dos artigos 924 e 931 do CPC.
É importante também lembrar que, mesmo se a ação for intentada depois de um ano e um dia da turbação ou do esbulho, sendo, portanto, ação de força velha, ela não perderá o caráter de ação possessória, de modo que, apesar de o legislador não garantir mais o direito a liminar, ele garantiu o direito de defesa para o possuidor que foi turbado ou esbulhado em sua posse (art. 924 CPC). 
 
Composse
Diz respeito a posse da mesma coisa com mais de um possuidor. O Código Civil, em seu artigo 1199 afirma: “Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada uma exercer sobre ela atos possessórios, contanto que não excluam os dos outros compossuidores”.
Desta forma, os cônjuges no regime de comunhão de bens (compossuidores sobre patrimônio comum) e os condôminos que são compossuidores podem reclamar a proteção possessória caso sejam turbados, esbulhados, ou ameaçados em sua posse, contra terceiros ou mesmo seus consortes.
Efeitos da posse
Os efeitos da posse são as consequências jurídicas por ela produzidas. São eles:
• a proteção possessória;
• a percepção dos frutos; a responsabilidade pela perda ou deterioração da coisa;
• a indenização por benfeitorias e o direito de retenção para garantir seu pagamento;
• o usucapião.
Proteção possessória
Normalmente, a defesa do direito violado ou ameaçado se faz através de recurso ao Poder Judiciário (art. 1210 CC). Contudo, há casos em que a vítima tem a possibilidade de defender-se diretamente (defesa legítima) com seus próprios meios, contanto que obedeça aos requisitos legais (exemplo: desforço imediato – art. 1210 §1º). Porém, a reação deve seguir imediatamente à agressão e deve se limitar ao indispensável, ou seja, os meios empregados devem ser proporcionais à agressão, pois, caso contrário, haverá excesso culposo.
As ações possessórias são fundamentalmente três:
- Ação da manutenção de posse -> concedida ao possuidor que, sem haver sido privado de sua posse, sofre turbação, ou seja, tem o exercício da posse limitado. Através do interdito, pretende obter ordem judicial que ponha termo aos atos perturbadores.
- Ação de reintegração de posse -> concedida diante do esbulho, que é uma agressão que faz cessar a posse do autor, sendo injustamente privado de sua posse.
- Interdito proibitório -> concedido ao possuidor que, tendo justo receio de ser molestado ou esbulhado em sua posse, pretende ser assegurado contra a violência iminente. Pede, portanto, ao Poder Judiciário que comine a quem o ameaça pena pecuniária para o caso de transgressão do preceito.
Outras ações possessórias:
- Imissão na posse -> o proprietário, através da transcrição de seu título, adquire o domínio da coisa que o alienante, ou terceiros, persistem em não lhe entregar;
- Nunciação de obra nova (art. 934 CPC) -> impede que nova obra em prédio vizinho prejudique o confinante;
- Embargos de terceiro senhor e possuidor (art. 1046 CPC) -> o legislador confere a quem, a fim de defender os bens possuídos, não sendo parte no feito, sofre turbação ou esbulho na posse de seus bens, por efeito de penhora, depósito, arresto, sequestro, venda judicial, arrecadação, partilha, ou outro ato de apreensão judicial.
Diante do disposto no artigo 920 do Código de Processo Civil, admite-se a conversibilidade dos interditos, o juiz pode outorgar proteção possessória que seja adequada ao caso concreto, cujos requisitos estejam presentes embora o autor tenha formulado um pedido diverso. A idéia é permitir a concessão da tutela pertinente e idônea diante da possibilidade de alteração do estado de fato no curso da lide.
Tendo por objeto coisa móvel, a ação possessória de vê ser ajuizada no foro do domicílio do réu. Versando sobre imóvel, observa-se a competência do foro da situação da coisa litigiosa como dispõe o artigo 95 do Código de Processo Civil.
Trata-se de competência absoluta, pelo critério objetivo material.
Admite-se ação possessória no Juizado Especial Cível como prevê os artigos 3º, IV e 4º da Lei 9.099/95.
	O possuidor tem maior proteção do que o proprietário. Se há dúvida, o juiz deixa na posse aquele que já está, até que seja apurado posteriormente quem é o legítimo dono.
Percepção dos frutos
O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos (art. 1214), podendo utilizá-los ou consumi-los. 
O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé; tem direito às despesas da produção e custeio (art. 1216).
Responsabilidade pela perda ou deterioração da coisa
Caso o possuidor tenha agido de boa fé, a lei determina que ele não responde pela perda ou deterioração da coisa a menos que tenha sido culpado, ou seja havendo conduta, previsibilidade e falta do dever de cuidado exteriorizada por imprudência,negligencia ou imperícia (art. 1217).
Entretanto, o possuidor de má fé responde pela perda ou deterioração da coisa em todos os casos, mesmo que decorrentes do fortuito ou força maior, só se eximindo com a prova de que se teriam dado do mesmo modo, ainda que a coisa estivesse em mãos do reivindicante (art. 1218). 
Indenização ou retenção de benfeitorias
Ainda quanto às benfeitorias, o legislador discrimina entre o possuidor de boa e má fé. O primeiro tem direito à indenização pelas benfeitorias necessárias e úteis, podendo levantar as voluptuárias que não lhe forem pagas e que admitirem remoção sem detrimento da coisa. Pelo valor das primeiras, poderá exercer o direito da retenção, conservando a coisa alheia além do momento em que a deveria restituir (art. 1219). 
Ao possuidor de má fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias, porque estas deviam ser efetuadas estivesse a coisa nas mãos de quem quer que fosse, sob pena de deterioração ou destruição. Entretanto, ele não adquire o direito de retenção para garantir o pagamento de referida indenização (1220).
Usucapião
É o modo originário de aquisição da propriedade, que exige o preenchimento de certos requisitos, dentre eles: posse justa, mansa e pacífica; posse ad usucapionem (ânimo de dono); tempo de posse; posse contínua e posse ininterrupta.
 
Perda da posse
A perda da posse pelo abandono se dá quando o possuidor, intencionalmente, se afasta do bem com o escopo de se privar de sua disponibilidade física e de não mais exercer sobre ela quaisquer atos possessórios.
A tradição, além de meio de aquisição da posse pode acarretar sua extinção; é uma perda por transferência.
A perda pela inalienabilidade da coisa ocorre por ter sido colocada fora do comércio por motivo de ordem pública, de moralidade, de higiene ou de segurança coletiva, não podendo ser, assim, possuída porque é impossível exercer, com exclusividade, os poderes inerentes ao domínio.
Perda pela posse de outrem se verifica ainda que contra a vontade do possuidor se este não foi mantido ou reintegrado em tempo competente; a inércia do possuidor, turbado ou esbulhado no exercício de sua posse (art. 1224 CC), deixando escoar o prazo de ano e dia, acarreta perda da sua posse, dando lugar a uma nova posse em favor de outrem.
Ocorre também a perda da posse de direitos pela impossibilidade do seu exercício (Art. 1.196 e 1.223 do CC), quando a impossibilidade física ou jurídica de possuir um bem leva à impossibilidade de exercer sobre eles os poderes inerentes ao domínio.
Ocorre ainda pelo desuso (art. 1.389, III do CC), quando a posse de um direito não se exercer dentro do prazo previsto, tem-se por consequência, a sua perda para o titular.
	Também pode se dar pela evicção que consiste numa perda, que pode ser parcial ou total, de um bem por motivo de decisão judicial ou ato administrativo (art. 447 do Código Civil) que se relacione a causa preexistente ao contrato.
Propriedade
Propriedade é o direito real que dá a uma pessoa (denominada então "proprietário") a posse de uma coisa, em todas as suas relações. É também o direito/faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, além do direito de reavê-la de quem injustamente a possua ou detenha (art. 1228 CC). 
	É uma ficção jurídica que visa dar maior proteção as coisas em razão da teoria da subsistência, pois são necessárias determinadas coisas para a nossa sobrevivência.
	A aquisição da propriedade pode ser originária ou derivada; é originária quando a propriedade é adquirida sem vínculo com o dono anterior, de modo que o proprietário sempre vai adquirir propriedade plena, sem nenhuma restrição, sem nenhum ônus (ex: acessão, usucapião e ocupação); a aquisição é derivada quando decorre do relacionamento entre pessoas (ex: contrato registrado para imóveis, contrato com tradição para móveis, sucessão hereditária) e o novo dono vai adquirir nas mesmas condições do anterior (ex: se compra uma casa com hipoteca, vai responder perante o Banco; se herda um apartamento com servidão de vista, vai se beneficiar da vantagem). 
Para os bens imóveis, a propriedade da coisa pode se dar de quatro maneiras: pelo registro, acessão, usucapião e pelo direito sucessório.
Usucapião
Essa espécie de aquisição da propriedade visa transformar uma situação de fato em uma situação de direito, transformando posse em propriedade, mediante alguns requisitos específicos em cada caso.
	Usucapião é modo originário de aquisição de propriedade, através da posse mansa e pacífica, pela prescrição aquisitiva. A prescrição aquisitiva é conferida em favor de quem possuir, com ânimo de dono, o exercício de fato das faculdades inerentes ao domínio ou a outro direito real, no tocante a coisas móveis e imóveis, pelo período de tempo que é fixado pelo legislador. Estas são as espécies de usucapião de imóvel:
Usucapião ordinária - Art. 1.242. Adquire também a propriedade do imóvel aquele que, contínua e incontestadamente, com justo título e boa-fé, o possuir (animus domini) por dez anos. Parágrafo único. Será de cinco anos o prazo previsto neste artigo se o imóvel houver sido adquirido, onerosamente, com base no registro constante do respectivo cartório, cancelada posteriormente, desde que os possuidores nele tiverem estabelecido a sua moradia, ou realizado investimentos de interesse social e econômico.
Usucapião extraordinária – Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um imóvel (animus domini), adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis. Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo.
Usucapião Especial/Constitucional Rural – Art. 191 CF e 1239 CC. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade. Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.
Usucapião Especial/Constitucional Urbana – Art. 183 CF e 1240 CC. Aquele que possuir como sua (animus domini) área urbana de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. § 1º - O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil. § 2º - Esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez. § 3º - Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.
	Usucapião Familiar – Art. 1.240-A. Aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente e sem oposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m² (duzentos e cinquenta metros quadrados) cuja propriedade divida com ex-cônjuge ou ex-companheiro que abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. (Incluído pela Lei nº 12.424, de 2011) §1º O direito previsto no caput não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.
	Usucapião Especial Coletiva – Estatuto da Cidade (Lei 10.257/01): Art. 10. As áreas urbanas com mais de duzentos e cinqüenta metros quadrados, ocupadas por população de baixa renda para sua moradia, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, onde não for possível identificar os terrenos ocupados por cada possuidor, são susceptíveis de serem usucapidas coletivamente, desde que os possuidores não sejam proprietários de outro imóvel urbano ou rural. §1º O possuidor pode, para o fim de contaro prazo exigido por este artigo, acrescentar sua posse à de seu antecessor, contanto que ambas sejam contínuas. §2º A usucapião especial coletiva de imóvel urbano será declarada pelo juiz, mediante sentença, a qual servirá de título para registro no cartório de registro de imóveis. §3º Na sentença, o juiz atribuirá igual fração ideal de terreno a cada possuidor, independentemente da dimensão do terreno que cada um ocupe, salvo hipótese de acordo escrito entre os condôminos, estabelecendo frações ideais diferenciadas. §4º O condomínio especial constituído é indivisível, não sendo passível de extinção, salvo deliberação favorável tomada por, no mínimo, dois terços dos condôminos, no caso de execução de urbanização posterior à constituição do condomínio. §5º As deliberações relativas à administração do condomínio especial serão tomadas por maioria de votos dos condôminos presentes, obrigando também os demais, discordantes ou ausentes.
	Usucapião Indígena – Lei 6001/73, art. 33: O índio, integrado ou não, que ocupe como próprio, por dez anos consecutivos, trecho de terra inferior a cinquenta hectares, adquirir-lhe-á a propriedade plena. Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica às terras do domínio da União, ocupadas por grupos tribais, às áreas reservadas de que trata esta Lei, nem às terras de propriedade coletiva de grupo tribal.
	Usucapião Administrativa – Art. 1084 NCPC. O possuidor reúne alguns documentos comprobatórios da posse, de suas circunstâncias e extensão no tempo, bem como da ausência de ação reivindicando o imóvel. Esses documentos também devem declarar que o possuidor não possui outro imóvel urbano ou rural; declaração de que o imóvel é utilizado para sua moradia ou de sua família; e declaração de que não teve reconhecido anteriormente o direito à usucapião de imóveis em áreas urbanas. Apresenta a documentação ao tabelião da localidade, que, após examiná-la, lavra uma ata notarial, documento pelo qual atesta publicamente a existência da posse e suas características. A ata notarial e a documentação são apresentados ao registrador imobiliário, que expedirá editais e notificações, realizando, se necessário, diligências para certificar-se da exatidão do pedido de usucapião. Estando tudo em ordem e não havendo impugnação de terceiros, a usucapião é registrada.
Usucapião de bem móvel
Prevista no Código Civil, art. 1260, a usucapião de bem móvel de boa-fé e justo título, deve ocorrer de maneira incontestável, ininterruptamente e por prazo igual ou superior a 3 anos.
	A segunda espécie de usucapião vem no art. 1261, CC, que trata sobre a posse de má-fé e sem justo título por prazo de 5 anos.
	Se a posse do bem advier de um delito, não se admitirá a invocação da usucapião. Vale também ressaltar que não corre prazo de prescrição se o proprietário do bem móvel ou imóvel é incapaz.
Aquisição do direito de propriedade de bem imóvel pelo registro do título (art. 1245 a 1247 CC; Lei 6015/73)
Art. 1.245: Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do título translativo no Registro de Imóveis. § 1º Enquanto não se registrar o título translativo, o alienante continua a ser havido como dono do imóvel.
Art. 1.246: O registro é eficaz desde o momento em que se apresentar o título ao oficial do registro, e este o prenotar no protocolo.
Art. 1.247: Se o teor do registro não exprimir a verdade, poderá o interessado reclamar que se retifique ou anule. Parágrafo único. Cancelado o registro, poderá o proprietário reivindicar o imóvel, independentemente da boa-fé ou do título do terceiro adquirente.
	Os artigos que tratam sobre os 5 livros do Registro de Imóveis são o art. 173 a 181, ficando o processo de registro do art. 182 a 216.
Princípios que regem o Registro de Imóvel
P. da Publicidade – todos os atos registrais são públicos, em que todos podem requerer a informação sem motivar o requerimento (art. 17 da Lei 6015/73).
	P. da Instância – qualquer alteração na matrícula do imóvel deve ser requerida pelo interessado, pelo MP ou por ordem do juiz. O tabelião não faz alteração de ofício, elas devem ser provocadas (art. 13 da Lei 6015/73).
	P. da Especialidade – exige minuciosa individualização no título o bem a ser registrado, ou seja, o título de translatividade da propriedade deve conter as mesmas especificações do imóvel constante no registro (art. 225 da Lei 6015/73).
	P. da Força Probante ou Presunção de fé – Art. 1245 da Lei 6015/73. Gozam de veracidade os atos registrais da matrícula do imóvel. A fé pública é relativa pois pode ser contestada. 
P. da Territorialidade – objetiva segurança aos registros e publicidade por determinar qual será o Cartório competente àquela circunscrição (art. 169 da Lei 6015/73). 
P. da Continuidade – o transmitente deve ser o último proprietário quando se leva um título a registro (art. 195 da Lei 6015/73). Quando se há promessa de compra e venda com escritura de cessão de direito, havendo adjudicação compulsória (art. 1417, 1418, CC), todos os promitentes compradores que cederam seus direitos integrarão o pólo passivo em litisconsórcio necessário com o proprietário do imóvel. 
P. da Prioridade – art. 191, 192 da Lei 6015/73.
Aquisição da propriedade imóvel por acessão
É modo originário de aquisição do domínio, através dos acréscimos ou incorporação, natural ou artificial, de bem inesperadamente. Assim, são acréscimos que a coisa sofre no seu valor ou no volume em razão de elemento externo, normalmente pela natureza.
	Existem duas modalidades: a natural, que ocorre quando a modificação ao bem advém de acontecimento natural; e a industrial ou artificial, quando tal modificação é resultado de trabalho do homem.
	São quatro os tipos de acessão natural: a formação de ilhas; a aluvião; a avulsão; e o abandono de álveo, expostas no art. 1248, I ao IV, CC.
	Acessão por formação de ilhas - é o aparecimento de terra descoberta em local onde existia um curso de água. Aponta Maria Helena Diniz que somente interessam ao Direito Civil as ilhas formadas em rios não navegáveis ou particulares (de não interesse público), por pertencerem ao domínio particular. Deve se identificar o álveo, estender-se a testada de cada terreno e dividir proporcionalmente conforme demonstra art. 1249. Por álveo entende-se a superfície de uma margem à outra que as águas cobrem sem transbordar para o solo natural e ordinariamente enxuto.
	Acessão por aluvião - é o acréscimo de terra às margens de um rio não navegável e de não interesse público, por movimento lento e imperceptível; ou o desvio natural das águas, descobrindo uma parte do terreno marginal (art. 1250). A propriedade pertencerá a quem se estende a testada do terreno.
	Acessão por avulsão - é o repentino deslocamento de uma porção de terra por força natural violenta, agregando-se a terreno ribeirinho. O novo proprietário será aquele que tiver a parte agregada, mas só será assim considerado, se o antigo permanecer inerte por mais de ano e dia ou se indenizá-lo caso ele se manifeste (art. 1251). Demais objetos (acessórios) porventura destacados de um imóvel e lavados a força violenta a outro terreno, sem aderência ao prédio, são considerados coisas perdidas, devendo o proprietário restituí-las, sob pena de apropriação indébita.
	Acessão por álveo abandonado - é o rio que seca ou que se desvia em virtude de fenômeno natural. A propriedade será dividida conforme extensão da testada do terreno (art. 1252).
	A acessão artificial se dá pelo trabalho humano através de plantações ou construções de obras que, por seu caráter acessório, passam a propriedade do dono do terreno aonde foram realizadas (art. 1248, V). Desta forma, tudo que for plantando ou construído no terreno de alguém será considerado dele, porém, para evitar enriquecimento sem causa, o proprietário deverá indenizar quem construiu ou plantou de boa-fé (art. 1253, 1254, 1255).
Se de ambas as partes houve má-fé, adquirirá o proprietário as sementes, plantas e construções, devendo ressarcir o valor das acessões. Presume-se má-féno proprietário, quando o trabalho de construção, ou lavoura, se fez em sua presença e sem impugnação sua. A má-fé também se aplica ao caso de não pertencerem as sementes, plantas ou materiais a quem de boa-fé os empregou em solo alheio. (art. 1256 caput e parágrafo único, art. 1257).
	Se a construção ou plantação tiver valor superior ao terreno, o construtor de boa-fé adquirá a propriedade do solo, devendo indenizar o antigo proprietário (art. 1255, parágrafo único – hipótese de desapropriação privada).
	Dispõe o art. 1258 e art. 1259 que se a construção, feita parcialmente em solo próprio, invade solo alheio em proporção não superior à vigésima parte deste, adquire o construtor de boa-fé a propriedade da parte do solo invadido. Se o valor da construção exceder à vigésima parte, responderá por indenização que represente, também, o valor da área perdida e a desvalorização da área remanescente. Pagando em décuplo as perdas e danos previstos neste artigo, o construtor de má-fé adquire a propriedade da parte do solo que invadiu, se em proporção à vigésima parte deste e o valor da construção exceder consideravelmente à vigésima parte e não se puder demolir a porção invasora sem grave prejuízo para a construção. Caso o construtor de má-fé invada mais da vigésima parte, será obrigado a demolir o que nele construiu, pagando as perdas e danos apurados, que serão devidos em dobro.
	Diferença entre acessões artificiais e benfeitorias reside no fato de que as acessões artificiais são obras que criam uma coisa nova e que se aderem à propriedade anteriormente existente e as benfeitorias são as despesas feitas com a coisa, ou obras feitas na coisa, com o fito de conservá-la, melhorá-la ou embelezá-la. A acessão artificial é a aquisição de uma coisa nova pelo proprietário dela. Não constitui uma acessão a conservação de plantações já existentes, pela substituição de algumas plantas mortas. Esse caso é uma benfeitoria, por não haver nenhuma alteração na substância e na destinação da coisa. Se fizermos um pomar em terreno alheio, onde nada havia anteriormente, teremos uma acessão por plantação, que se caracteriza pela circunstância de produzir uma mudança, ainda que vantajosa, no destino econômico do imóvel, alterando sua substância.
	Além disso, na acessão, a boa-fé é elemento imprescindível para que haja indenização; na benfeitoria ela é irrelevante, quando se trata de benfeitoria necessária. O art. 1.219, do CC, admite a retenção para as benfeitorias necessárias ou úteis, tendo por fundamento a posse jurídica. Nada há em nosso sistema jurídico que permita o direito de retenção por acessão, em razão de ressarcimento.
Aquisição da propriedade móvel
Ocupação - Carlos Roberto Gonçalves define ocupação como sendo o modo originário de aquisição de bem móvel que consiste na tomada de posse de uma coisa sem dono, com a intenção de se tornar seu proprietário. Através da definição dada por Gonçalves, é importante saber o que são coisas sem dono. De acordo com ele, coisas sem dono são as coisas de ninguém (res nullius) ou as abandonadas (res derelicta).
	Achado do tesouro - O Código Civil denomina tesouro o depósito antigo de coisas preciosas, oculto e de cujo dono não haja memória. O art. 1264 deixa claro que caso seja achado em prédio alheio, o tesouro deverá ser dividido entre o proprietário deste e o que achar casualmente (descobridor). Caso o dono da propriedade tenha ordenado a busca pelo tesouro ou este seja achado por terceiro não autorizado, ficará o dono da propriedade com a totalidade do tesouro (art. 1265).
	Tradição - Para Carlos Roberto Gonçalves, tradição consiste na entrega da coisa do alienante ao adquirente, com a intenção de lhe transferir o domínio, em complementação do contrato. Com essa entrega, torna-se pública a transferência. A tradição pode ser real, simbólica ou ficta. Será real quando a coisa for realmente entregue a outra pessoa. Será tradição simbólica quando um ato simbolizar a entrega da coisa. A tradição ficta é aquela que a pessoa que já tinha a posse direta da coisa torna-se proprietário. 
	Especificação - Especificação constitui forma de aquisição da propriedade móvel, que ocorre mediante atividade de uma pessoa em determinada matéria prima, obtendo, por seu trabalho, espécie nova. Esta será do especificador, se matéria era sua, ainda que só em parte, e não se puder restituir à forma anterior (art. 1269). Quando a matéria não for do especificador, e não for possível restituir à forma anterior, a solução dependerá da boa ou má-fé do mesmo, sendo sua a coisa nova se de boa-fé, ou do dono da matéria-prima se de má-fé (art. 1270). Todavia, quando a coisa exceder consideravelmente o valor da matéria prima, ainda que de má-fé, a propriedade pertencerá ao especificador, que deverá indenizar o valor da matéria prima e pagar eventuais perdas e danos.
	Confusão, Comistão e Adjunção – Maria Helena Diniz diz que quando as coisas pertencentes a pessoas diversas se mesclarem de tal forma que seria impossível separá-las, tem-se: a confusão, se a mistura se der entre coisas liquidas (p.ex., gasolina e álcool, vinho e guaraná); a comistão, se der entre coisas secas ou sólidas (p.ex., mistura de grãos de café tipo A com os do tipo B ou de trigo com glúten). Quando, tão-somente, houver uma justaposição de uma coisa a outra (p.ex., vaso contendo decalque alheio; peça de roupa de um com estampa de outrem) que não mais se torne possível destacar a acessória da principal, sem deterioração, dá-se adjunção. A espécie nova pertencerá aos donos da matéria-prima, cada qual com sua parte proporcional ao valor do seu material.
Quando uma das coisas puder ser considerada principal em relação a outra, a propriedade da espécie nova será atribuída ao dono da coisa principal, tendo este a obrigação de indenizar os outros. Se a confusão, a comistão ou a adjunção se derem devido a má-fé de uma das partes, pode a outra escolher entre guardar o todo, pagando a porção que não for sua, ou então renunciar a parte que lhe pertence, mediante indenização completa.
	Sucessão - A propriedade móvel ainda pode ser adquirida pela transmissão hereditária. Consoante estabelece o art. 1.784 do CC, com a abertura da sucessão a herança se transmite desde logo aos herdeiros. Trata-se de meio derivado de aquisição de propriedade.
Perda da Propriedade
No Código Civil de 2002, perde-se a propriedade voluntariamente por alienação, abandono e renúncia (artigo 1275, I, II e III do CC) e, perde-se a propriedade involuntariamente, pelo perecimento e pela desapropriação (artigo 1275, IV e V, do CC). 
O legislador não exaure as possibilidades de perda da propriedade. Nesse sentido a usucapião e a acessão não são apenas modos originários de aquisição da propriedade, mas também modos de perda da propriedade para aquele proprietário desidioso que não cuidou de resguardar a sua posse, como também para aquele que teve o seu bem acessório unido e incorporado à propriedade do titular do bem principal. O casamento pela comunhão universal, a seu turno, é modo imediato de perda da propriedade imobiliária para aquele que antes das núpcias possuía algum patrimônio.
A arrematação e adjudicação, efeitos de um processo executivo, são formas de perda da propriedade, os bens são penhorados e levados em hasta pública. No primeiro caso, terceira pessoa adquire-os; no segundo, o próprio exequente incorpora-os ao patrimônio. Nos dois casos, o ato judicial impõe o início da passagem coativa do bem. Com base na carta de arrematação ou adjudicação, o particular efetuará o registro na circunscrição imobiliária competente, adquirindo, então, a propriedade.
Outro modo de perda da propriedade é verificado no artigo 1359 do CC, ao cuidar da propriedade resolúvel. Há propriedade resolúvel, quando o negócio jurídico que a constituiu subordina expressamente sua duração ao implemento de condição resolutiva ou advento do termo. Sendo verificado o evento futuro, o proprietário perde o domínio.
	Alienação - É uma forma de extinção subjetiva do domínio, em queo titular desse direito, por vontade própria, transmite a outrem seu direito sobre a coisa. É a transmissão de um direito de um patrimônio a outro. Essa transmissão pode ser a título gratuito (doação) ou oneroso (compra e venda). A alienação, como ato bilateral transmissivo de direito real, requer a solenidade da escritura pública para o seu aperfeiçoamento, nos casos em que o valor do bem seja superior a trinta salários mínimos (artigo 108 do CC). Sabe-se que o efeito da perda da propriedade pela alienação sempre será subordinado à tradição, para bens móveis, como ao registro do título aquisitivo para os imóveis.
Renúncia – A renúncia é ato jurídico pelo qual alguém abandona um direito, sem transferi-lo a outrem. Em razão da gravidade de suas consequências, a renúncia requer ato expresso devidamente formalizado por escritura pública nos mesmos moldes descritos pelo artigo 108 do CC, para a alienação. Além disso, de acordo com o parágrafo único do artigo 1275 do CC, o ato de renúncia para ter validade é subordinado ao exame do registro imobiliário do local do imóvel, provocando o cancelamento do registro.
Abandono - Ato material pelo qual o proprietário desfaz-se da coisa porque não quer mais ser seu dono. Por não ser um ato expresso como a renúncia, o abandono deve resultar de atos exteriores que atestem a manifesta intenção de abandonar, sendo insuficiente o mero desprezo físico pela coisa, se não acompanhado de sinais evidentes do ânimo de abdicar da propriedade. Em outras palavras, o mero desuso não importa em abandono.
Perecimento - Desaparecendo o objeto da propriedade, por força natural ou atividade humana, não existe mais direito, por lhe faltar objeto. Trata-se de modalidade involuntária de perda da propriedade. O campo tomado definitivamente pelas águas ou o móvel destruído pelo incêndio desaparecem para realidade e para a vida negocial. Não há direito sem objeto.
Desapropriação - A desapropriação é um ato do poder público fundado em lei, por força do qual se retira total ou parcialmente um direito ou um bem inerente ao patrimônio individual em beneficio de um empreendimento público. É a transformação dos direitos privados em públicos, sob o princípio fundamental de estar o interesse particular subordinado ao da coletividade. Não constitui ela um negócio jurídico, mas um ato unilateral de direito público que cessa a relação jurídica dominial para o proprietário e gera a transferência do imóvel para o patrimônio público. Distingue-se do confisco em que existe a ocupação da propriedade sem indenização. A iniciativa de desapropriação pode emanar da União, dos Estados e dos Municípios, como, também, mediante autorização legal, dos concessionários de serviços públicos.
Com a decretação da desapropriação, o expropriante oferece pelo bem um preço. Se o interessado aceitar essa oferta, concluída estará a expropriação. Contudo, se a recusar, esse preço será fixado em juízo através de parecer técnico de perito nomeado pelo magistrado, sendo livres às partes indicar seus assistentes técnicos. Determinado o valor do bem, o expropriante deposita-o em juízo, passando a adquirir o bem.
É possível a imissão provisória da posse, ou seja, a transferência da posse do imóvel para o expropriante, já no início da demanda, se o Poder Público declarar urgência e depositar em juízo, em favor do proprietário, o quantum estabelecido em lei. Porém, o expropriante só adquire a propriedade do imóvel desapropriado mediante o pagamento da justa indenização fixada pelo órgão judicante.
A Administração Pública tem a obrigação de utilizar o imóvel para atender à finalidade especifica pela qual se deu a desapropriação. De modo que se desviar da destinação declarada dá-se a retrocessão.
8. Do Direito de Vizinhança (art. 1277 a 1281)
São regras que limitam o direito de propriedade a fim de evitar conflitos entre proprietários de prédios contíguos, respeitando, assim, o convívio social e assegurando a segurança, o sossego e a saúde. 
Os atos prejudiciais à propriedade podem ser ilegais, quando configurar ato ilícito; abusivos, aqueles atos legais que causam incômodo ao vizinho, mas estão nos limites da propriedade (barulho excessivo, por exemplo); lesivos, os legais que causam dano ao vizinho, porém não decorre de uso anormal da propriedade (indústria cuja fuligem polui o ambiente, por exemplo).
Os atos ilegais e abusivos decorrem do uso anormal de propriedade, posto que ultrapassam os limites toleráveis da propriedade (assim, deve identificar-se o ato e a lesão). Outro ponto a ser analisado para verificar a normalidade de uso é a zona de conflito, somados aos costumes locais, já que são diferentes num bairro residencial e industrial, por exemplo. Além disso, deve-se considerar a anterioridade da posse, pois a pessoa que comprou o imóvel próximo de estabelecimentos barulhentos não tem razão de reclamar.
As reclamações serão atendidas apenas se danos forem intoleráveis. Sendo assim, deve o juiz primeiro determinar a sua redução, de modo a torná-lo suportável pelo homem normal (art. 1.279 do CC). Porém, se não for possível que o dano seja reduzido a um nível normal de tolerância, determinará o juiz a cessação da atividade causadora do incômodo (fechamento da indústria, p.ex.). Deve-se observar, no entanto, que se a atividade for de interesse social, determina-se que o causador do dano pague indenização ao vizinho (art. 1.278 do CC).
A ação que deve ser interposta nestes casos é a cominatória (pretensão de dano infecto), que pode ser ajuizada pelo proprietário, pelo possuidor ou pelo compromissário comprador. Porém, se o dano for consumado, caberá ação de ressarcimento de danos.
Estabelece ainda o art. 1.280 do CC que "o proprietário ou o possuidor tem direito a exigir do dono do prédio vizinho a demolição, ou a reparação deste, quando ameace ruína, bem como que lhe preste caução pelo dano iminente".
	Quando a obra for irregular, há que se falar em nunciação de obra nova (art. 934 CPC); quando for regular e puder causar dano, há dano infecto.
	Dispõe o art. 1.282 do CC que "a árvore, cujo o tronco estiver na linha divisória, presume-se pertencer em comum aos donos dos prédios confinantes". 
Pode ainda, conforme previsto no art. 1.283, o proprietário do terreno invadido pelas raízes ou ramos de árvore que ultrapassarem a estrema do prédio, cortá-los até o plano divisório.
Tem direito, também, o vizinho aos frutos que caírem naturalmente no solo de seu imóvel, se este for particular. Já se cair em propriedade pública, o proprietário continuará sendo seu dono. 
Cabe lembrar que, sendo comum a árvore, os frutos e o tronco, pertencem a ambos os proprietários e, por isso, não pode um deles arrancá-lo sem o consentimento do outro.
Argui o art. 1.285 do CC o instituto da passagem forçada, dispondo que "o dono do prédio que não tiver acesso a via pública, nascente ou porto, ode, mediante pagamento de indenização cabal, constranger o vizinho a lhe dar passagem, cujo rumo será judicialmente fixado, se necessário".
Este direito só será válido se o encravamento for natural e absoluto, portanto, se houver uma saída mesmo que penosa, não pode o proprietário exigir do vizinho outra passagem.
Cabe ressaltar ainda que se houver alienação parcial do prédio e uma das partes ficar sem acesso à via pública, cabe a outra parte tolerar a passagem (art. 1.285, § 2º do CC).
Se não houver acordo, o juiz determinará a passagem pelo imóvel que mais facilmente prestá-la.
Não se confunde passagem forçada com servidão de passagem, já que esta constitui direito real sobre coisa alheia e provém geralmente de um contrato. Também não se confunde com servidão predial (art. 1378), que é a utilização de um prédio por outro, impondo um voluntariamente a um prédio, chamado de serviente, em favor de outro (o dominante), em virtude do qual o proprietário do prédio serviente perde o exercício de algum de seus direitos dominiais sobre ele, ou tolera que o proprietário do prédio dominante se utilize dele, tornando seu prédio mais útil.
9.Instituto da Descoberta (art. 1233 a 1237 CC)
Quem quer que ache coisa alheia perdida há de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor. Não o conhecendo, o descobridor fará por encontrá-lo, e, se não o encontrar, entregará a coisa achada à autoridade competente.
Aquele que restituir a coisa achada, nos termos do artigo antecedente, terá direito a uma recompensa não inferior a cinco por cento do seu valor, e à indenização pelas despesas que houver feito com a conservação e transporte da coisa, se o dono não preferir abandoná-la. Na determinação do montante da recompensa, considerar-se-á o esforço desenvolvido pelo descobridor para encontrar o dono, ou o legítimo possuidor, as possibilidades que teria este de encontrar a coisa e a situação econômica de ambos.
O descobridor responde pelos prejuízos causados ao proprietário ou possuidor legítimo, quando tiver procedido com dolo.
A autoridade competente dará conhecimento da descoberta através da imprensa e outros meios de informação, somente expedindo editais se o seu valor os comportar.
Decorridos sessenta dias da divulgação da notícia pela imprensa, ou do edital, não se apresentando quem comprove a propriedade sobre a coisa, será esta vendida em hasta pública e, deduzidas do preço as despesas, mais a recompensa do descobridor, pertencerá o remanescente ao Município em cuja circunscrição se deparou o objeto perdido. Sendo de diminuto valor, poderá o Município abandonar a coisa em favor de quem a achou.
10. Cabos e Tubulações (art. 1286 e 1287 CC)
Nessa modalidade o vizinho é obrigado a permitir que sob seu imóvel passem cabos, canos, tubulações, salvo quando os proprietários destes, sendo imposto ao dono das instalações, o pagamento ao proprietário que se sentiu incomodado, uma indenização que irá abrangem também a desvalorização da área remanescente. Em algumas situações que oferecem grave risco, será imposto ao proprietário realizador da obra, medidas de segurança.
Se há duas passagens, uma menos onerosa que passe pela casa do vizinho e outra mais onerosa que não interfira na mesma, a opção escolhida será a menos onerosa, conforme decisão do STJ, uma vez que o proprietário já terá indenização pertinente ao desconforto (visualização objetiva dos imóveis).
11. Águas (art. 1288 a 1296 CC)
O artigo 1288 retrata que o morador que se instalou no prédio inferior, será obrigado a receber o fluxo normal das águas que correm naturalmente do prédio superior, não podendo o morador do prédio inferior, realizar obras que atrapalhem o curso natural das águas, como também o morador do prédio inferior não poderá ser prejudicado pelas obras feitas pelo morador do prédio superior. As águas que provem de fluxo artificial não precisam ser suportadas pelo prédio inferior.
	O art. 1290 dispõe que proprietário de nascente, ou do solo onde caem águas pluviais, satisfeitas as necessidades de seu consumo, não pode impedir, ou desviar o curso natural das águas remanescentes pelos prédios inferiores.
De acordo com o art. 103 do código das águas (Decreto 24643/34), as que procedem imediatamente das chuvas, ou seja, as águas pluviais irão pertencer ao dono do prédio onde elas caírem diretamente, com isso o seu dono poderá dispor delas a vontade, salvo existindo direito de outrem em sentido contrário.
12. Limites entre Prédios e Direito de Tapagem (art. 1297 e 1298 CC)
O vizinho que possuir animal de pequeno ou grande porte deverá construir um tapume para impedir que estes passem para o terreno vizinho.
	A ação cabível em caso de dúvida sobre os rumos entre vizinhos é a ação demarcatória cumulada com reintegração de posse. A reintegração, por si só, só cabe quando já se sabe os limites da propriedade.
13. Direito de Construir (art. 1299 e 1313 CC)
	Direito de travejar – utilizar a parede do vizinho para a realização de obras devendo indenizá-lo em meia espessura dessa parede e sem prejudicar a sustentação da mesma.
	Direito de penetração – art. 1313, adentrar no terreno vizinho, mediante aviso prévio, para realizar limpeza, manutenção ou buscar bens que lhe pertençam que ali estejam.

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