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P.A 02 Teoria Geral e Fundamentos da Constituição

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INSTITUIÇÃO: UNAMA
CURSO: DIREITO
DISCIPLINA: TEORIA GERAL E FUNDAMENTOS DA CONSTITUIÇÃO
PROFESSOR: IAN PIMENTEL 
PLANO DE ENSINO 
Conteúdo:
Unidade I – Aula 2:
A teoria do poder constituinte: poder constituinte e poder constituído 
A teoria do poder constituinte: titularidade e exercício do poder constituinte 
A teoria do poder constituinte: poder constituinte originário 
ROTEIRO DE ESTUDO
2 Poder Constituinte:
2.1 Conceito: “autoridade política” ou categoria pré-constitucional que está em condições de, numa determinada situação concreta, criar, garantir ou eliminar uma Constituição.
PODER CONSTITUINTE ≠ PODER CONSTITUÍDO
		 (é o primeiro, cria a Const.) (é o segundo, reforma a Const.)
2.2 Natureza: Sua natureza é política ou extrajurídica (originário), e jurídica (decorrente).
2.3 Titularidade: Duas Teorias: i) Nação (Sieyès) (expressão dos interesses permanentes da comunidade política); ii) Povo (conjunto de indivíduos reconhecidos como cidadãos e dotados de direitos políticos. Na CF1988: Os integrantes do povo são aqueles catalogados no art. 12 da CF/88.
2.4 Exercício: Quatro maneiras (exemplos): a) Revolução ou Hiato Constitucional Democrático (rompimento com a Constituição anterior da Assembleia Nacional Constituinte para elaboração de nova Constituição); b) Revolução ou Hiato Constitucional Autoritário (rompimento com a Constituição anterior e outorga de nova Constituição); c) Reforma Constitucional (momento de reforma da Constituição por meio das emendas constitucionais); d) Mutação Constitucional (mudança no sentido interpretativo da norma posta, ou seja, a “letra fria” do texto é mantida, mas se atribui um novo sentido interpretativo).
3 Poder Constituinte Originário (Genuíno ou de 1º Grau): inaugura uma nova ordem jurídica. Seu objetivo é fundar um novo Estado, diverso do que vigorava.
3.1 Características: a) inicial: instaura uma nova ordem jurídica; b) autônomo: a nova constituição será determinada, autonomamente por quem exerce o poder constituinte originário; c) ilimitado juridicamente, no sentido de que não tem de respeitar os limites postos “pela ordem anterior”; d) incondicionado: não tem de submeter-se a qualquer forma prefixada de manifestação; e) poder de fato e poder político: tem natureza pré-jurídica; f) permanente: não se esgota com a edição da nova Constituição, sobrevivendo a ela e fora dela.
3.2 Poder constituinte originário formal e material: Material é o lado substancial do poder constituinte originário. Formal é o ato de criação ou convocação propriamente dito do poder constituinte.
3.3 Formas de expressão: a) Outorga (declaração unilateral do agente revolucionário. Ex.: Constituições de 1824, 1937, 1967); b) Assembleia Nacional Constituinte (nasce da deliberação da representação popular. Ex.: CF88).
4 Consequências da Nova Constituição criada pelo Poder Constituinte Originário (Aplicabilidade das Normas Constitucionais no Tempo):
4.1 Supremacia da Nova Constituição: O conflito de leis com a Constituição encontrará solução na prevalência desta. 
4.2 Recepção e Revogação das Leis do Ordenamento Anterior: as normas anteriores à Constituição, que são com ela compatíveis no seu conteúdo, continuam em vigor, pouco importando a forma que possuíam (Decreto-Lei, etc). Diz-se que, nesse caso, opera o fenômeno da recepção (revalidação das normas). Poder ser expressa, mas quase sempre é implícita. As normas anteriores à Constituição que são com ela incompatíveis serão revogadas; não serão inconstitucionais.
Atenção: a jurisprudência do STF não admite a teoria da inconstitucionalidade superveniente. Ou ter-se-á uma compatibilidade e aí haverá recepção, ou em revogação por inexistência de recepção. Norma do antigo ordenamento formalmente inconstitucional não pode ser recepcionada pela atual ordem constitucional, embora com ela compatível, porque na altura em que editada já nasceu nula pelo vício de inconstitucionalidade formal (caso, por exemplo, da lei do PIS julgada não recepcionada pelo STF).
4.3 Desconstitucionalização: fenômeno pelo qual as normas da Constituição anterior, desde que compatíveis com a nova ordem, permanecem em vigor com status de lei infraconstitucional. Para a doutrina geral e para a jurisprudência do STF, prevalece a tese de que a antiga Constituição fica globalmente revogada, salvo se a nova Constituição expressamente assim estabelecer acerca de alguma norma específica. 
4.4 Repristinação: fenômeno pelo qual a norma revogadora de uma lei, quando revogada, traz de volta a vigência daquela que revogada originariamente. A doutrina e jurisprudência do STF também adotaram a sua impossibilidade, salvo se a nova Constituição expressamente se pronunciar.
 LEI X LEI X REVOGADA LEI X RECEPCIONADA
Constituição X Constituição Y Constituição Z
									Só se Z se pronunciar
4.5 Nova Constituição e Direitos Adquiridos: para a doutrina e jurisprudência do STF, não se admite a invocação de direitos adquiridos contra a Constituição. Entretanto, a nova Constituição pela jurisprudência do STF não retroage para atacar fatos consumados (retroatividade máxima) ou efeitos pendentes de fatos passados (retroatividade média), mas, tão somente, os efeitos futuros de atos passados (retroatividade mínima). 
Ex.: se a nova Constituição proíbe a participação – até então admitida – de funcionários na arrecadação tributária, não estão estes obrigados a devolver percentagens recebidas antes de o novo texto constitucional entrar em vigor, mas não podem recebê-las depois da vigência do preceito constitucional proibitivo, ainda que alegando a existência de direito adquirido. 
5 Poder Constituinte de Reforma: É o poder constituinte que opera reformas, ou que tem a capacidade de modificar a Constituição Federal, no caso brasileiro, de editar emendas constitucionais. O poder constituinte derivado tem limites, instituídos pelo poder constituinte originário. Tais limites são assim classificados: formais, materiais, circunstanciais e implícitos. 
5.1 Limites Formais: a Constituição somente pode ser modificada de acordo com o processo por ela própria definido. 
5.2 Limites Materiais: certos dispositivos da Constituição não podem ser abolidos, apenas conformados. No caso brasileiro as chamadas “cláusulas pétreas” ─ a forma federativa de Estado; o voto direito, secreto, universal e periódico; a separação dos poderes; e os direitos e garantias individuais. 
5.3 Limites Circunstanciais: a Constituição não pode ser modificada em momentos de grave crise institucional. No Brasil, esses momentos são caracterizados pelos institutos jurídicos da intervenção federal, do estado de defesa e do estado de sítio.
5.4 Limites Implícitos: a Constituição não pode ser desnaturada; seus princípios norteadores devem ser preservados.
6 Poder Constituinte Derivado Decorrente: O poder constituinte derivado decorrente é encontrado nos Estados Federais, como é o caso do Brasil. Refere a capacidade de criar e modificar a Constituição dos estados-membros. Obedece às regras e, consequentemente, aos limites estatuídos na Constituição da República.
7 Mutações Constitucionais: é entendido como o processo informal de mudança da Constituição, por meio do qual são atribuídos novos sentidos, conteúdos até então não ressaltados na letra da CF, seja por meio da interpretação, em suas diversas modalidades e métodos, seja via usos e costumes constitucionais. Nesse contexto, as mutações constitucionais seriam processos indiretos, processos não formais ou processos informais por meio dos quais ocorrem todas e quaisquer mudanças constitucionais não produzidas pelas modalidades organizadas de exercício do Poder Constituinte derivado.

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