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Crimes contra a vida

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DOS CRIMES CONTRA A VIDA
HOMICÍDIO
Conceito:
	Homicídio é a morte de um ser humano provocada por outro ser humano. É a eliminação da vida de uma pessoa praticada por outra. 
	Objeto jurídico
	Objeto jurídico do crime é o bem jurídico, isto é, o interesse protegido pela norma penal. 
	Objeto material
	Genericamente, é a pessoa ou coisa sobre as quais recai a conduta. É o objeto da ação. Não se deve confundi-lo com o objeto jurídico, que é o interesse protegido pela lei penal. Assim, o objeto material do homicídio é a pessoa sobre quem recai a ação ou omissão. O objeto jurídico é o direito à vida. 
	Elementos do tipo
	É aquele que prevê uma infração penal, consiste na descrição abstrata da conduta humana feita pela lei penal e correspondente e um fato criminoso. O tipo é portanto, um molde criado pela lei, no qual está descrito o crime com todos os seus elementos, de modo que as pessoas saibam que só cometerão algum delito se vierem a realizar uma conduta idêntica à constante no modelo legal. 
	Ação física
	O delito de homicídio é crime de ação livre, pois o tipo não descreve nenhuma forma específica de atuação que deva ser observada pelo agente. Desse modo, o agente pode lançar mão de todos os meios, que não só materiais, para realizar o núcleo da figura típica. Pode-se matar:
Por meios físicos (mecânicos, químicos ou patogênicos): dentre os meios mecânicos incluem-se os instrumentos contundentes, perfurantes, cortantes; dentre os meios químicos incluem-se as substâncias corrosivas (como, por ex.: o ácido sulfúrico), que são geralmente utilizadas para causar o envenenamento do indivíduo; finalmente entre os patogênicos incluem-se os vírus letais (como o vírus Marburg, que mata 90% das pessoas)
Por meios morais ou psíquicos: o agente se serve do medo ou da emoção súbita para alcançar seu objetivo. É meio psíquico, por exemplo ô usado pelo personagem de monteiro Lobato, fazendo dolosamente o amigo apoplético explodir em estrondosas gargalhadas e, assim, o matando, por efeito de hábil anedota contada após lauta refeição”. E “podem os meios materiais se associar-se aos morais, como no caso de o marido desalmado que, à custa de sevícias, maus-tratos, etc., vai debilitando o organismo da esposa, tornando-a fraca e enferma, e acabando por lhe dar o golpe de misericórdia com a falsa comunicação da morte do filho”.
Por meio de palavras: o caso de quem diz a um cego para avançar em direção a um despenhadeiro. 
Por meio direto: age-se contra o corpo da vítima, como, por exemplo, desferindo-lhe facadas. 
Por meio indireto: atrair a vítima para lugar onde uma fera a ataque ou fique exposta a descarga de forte corrente elétrica. 
Por ação ou omissão
Ação – é o comportamento positivo, movimentação corpórea, facere. Exemplos: empurrar a vítima para um precipício; desferir tiros com arma de foto, desferir facadas, etc.
Omissão – é o comportamento negativo, a abstenção de movimento, o non facere. A omissão é um nada; logo, não pode causar coisa alguma, quem se omite nada faz, portanto, nada causa. Assim, o omitente não deve responder pelo resultado, pois não o provocou. A omissão penalmente relevante é a constituída de dois elementos: o non facere (não fazer), e o quod debeatur (aquilo que tinha o dever jurídico de fazer). Não basta, portanto, o “não fazer”; é preciso que, no caso concreto, haja uma norma determinando o que devia ser feito. Essa é a chamada teoria normativa, adotada pelo Código Penal.
Exemplos:
Dever legal (imposto por lei): a mãe que, tendo por lei a obrigação de cuidado, vigilância e proteção, deixa de alimentar o filho, morrendo este de inanição. Deverá responder por homicídio doloso, se quis ou assumiu o resultado morte, ou culposo, se agiu com negligência. 
Dever do garantidor (derivado de contrato ou liberalidade do omitente): a babá ou uma amiga que se oferece para tomar conta do bebê, assumindo a responsabilidade de zelar por ele, permite que caia na piscina e morra afogado.
Dever por ingerência na norma (omitente cria o perigo e torna-se obrigado a evitá-lo): quem joga o amigo na piscina, por ter criado o risco do resultado, está obrigado a impedir o seu afogamento.
Em todos esses exemplos, o agente, por ter o dever jurídico de impedir o resultado, de acordo com as hipóteses do art. 13 §2º, do Código Penal, responde pelo resultado morte, a título de dolo ou culpa. São os chamados crimes omissivos impróprios. Cumpre trazer aqui outra espécie de crime omissivo: o denominado omissivo por comissão. Nesse caso há uma ação provocadora da omissão. Exemplo: o chefe de uma repartição impede que sua funcionária, que está passando mal, seja socorrida. Se ela morrer, o chefe responderá pela morte por crime comissivo ou omissivo? Seria por crime omissivo por comissão. Essa categoria não é reconhecida por grande parte da doutrina. Pode-se dar também a participação por omissão. Ocorre quando o omitente, tendo o dever jurídico de evitar o resultado, concorre para ele ao quedar-se inerte. Nesse caso responderá como partícipe. Exemplo: policiais militares que após lograrem capturar o bandido torturam-no até a sua morte, sendo a cena assistida por outros policiais que nada fazem para impedir tal resultado. 
Crime material e prova da materialidade (exame de corpo de delito)
Crime material. O delito de homicídio classifica-se como crime material, que é aquele que se consuma com a produção do resultado naturalístico. O tipo descreve conduta e resultado (naturalístico), sendo certo que o resultado morte da vítima há de se vincular pelo nexo causal à conduta do agente. Nexo causal é o elo de ligação concreto, físico, material e natural que se estabelece entre a conduta do agente e o resultado naturalístico, por meio d qual é possível dizer se aquela deu ou não causa a este. 
Prova de materialidade (exame de corpo de delito). É o meio de prova pelo qual é possível a constatação da materialidade do delito. O Código de Processo Penal prevê duas espécies de exame de corpo de delito, quais sejam: 
Exame de corpo de delito direto: sua realização é imprescindível nas infrações penais que deixam vestígios. Realiza-se mediante a inspeção e autópsia do cadáver, na busca da causa mortis, sendo tal exame devidamente documentado por laudo necroscópico. 
Exame de corpo de delito indireto: desaparecendo os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta (CPP, art. 167). Desse modo, a partir da realidade tanatológica (exame indireto) é possível constatar o resultado naturalístico. 
Sujeito ativo
É o ser humano que pratica a figura típica descrita na lei, isolada ou conjuntamente com outros autores. O conceito abrange não só aquele que pratica o núcleo da figura típica (quem mata), como também o partícipe, que é aquele que, sem praticar o verbo (núcleo) do tipo, concorre de algum modo para a produção do resultado; por exemplo: o agente que vigia o local para que os seus comparsas tranquilamente pratiquem o homicídio, nesse caso sem realizar a conduta principal, ou seja, o verbo (núcleo) da figura típica –matar -, colaborou para que os seus comparsas lograssem a produção do resultado morte. 
Trata-se de crime comum, que pode ser cometido por qualquer pessoa. A lei não exige nenhum requisito especial. Não se trata de crime próprio, que exige legitimidade ativa especial. Porém, o homicídio será considerado crime hediondo quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que executado por um só agente. Nesses termos o §6º do art. 121, cuja pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio.
Se for cometido por intermédio de conduta omissiva, deve o sujeito ativo ter as condições pessoais que o fazem juridicamente obrigado a impedir o resultado, nos termos do art. 13, §2º, do Código Penal. 
Sujeito passivo
É o titular do bem jurídico lesado ou ameaçado. Pode ser direto ou imediato, quando for a pessoa que sofre diretamente a agressão (sujeito passivomaterial), ou indireto ou mediato, pois o Estado (sujeito passivo formal) é sempre atingido em seus interesses, qualquer que seja a infração praticada, visto que a ordem pública e a paz social são violadas. No caso do delito de homicídio, o sujeito passivo é qualquer pessoa com vida. 
Elemento subjetivo
A parte objetiva consiste na correspondência externa entre o que foi feito e o que está descrito na lei, e uma parte subjetiva, que é o dolo e a culpa. Por essa razão, o caso fortuito a força maior excluem a conduta, dado que eliminam a parte subjetiva da infração, excluindo dolo e culpa, o mesmo ocorrendo com a coação física, ou com os atos derivados de puro reflexo. O elemento subjetivo do homicídio doloso é o dolo. 
Dolo. É o elemento psicológico da conduta. E a vontade e a consciência de realizar os elementos constantes do tipo legal, isto é, de praticar o verbo do tipo e produzir o resultado. Mais amplamente, é a vontade manifestada pela pessoa humana de realizar a conduta. Há diversas espécies de dolo:
Direto ou determinado: o agente quer realizar a conduta e produzir o resultado. Exemplo: o sujeito atira contra o corpo da vítima, desejando matá-la.
Indireto ou indeterminado: divide-se em dolo eventual e alternativo. Na primeira espécie o agente não quer diretamente o resultado mas aceita a possibilidade de produzi-lo, como no caso do sujeito que dispara em seu adversário prevendo e aceitando que os projéteis venham a alcançar também quem está por detrás; já na segunda espécie o agente não se importa em produzir este ou aquele resultado (quer ferir ou matar). 
Difere o dolo eventual da culpa consciente ou com previsão. Nessa modalidade de culpa o agente prevê o resultado criminoso, embora não o aceite, pois confia que o resultado não sobrevirá, ao contrário do dolo eventual, em que o agente prevê o resultado, e não se importa que ele ocorra. Exemplo de dolo eventual: “se eu continuar dirigindo assim, posso vir a matar alguém, mas não importa, se acontecer, tudo bem, eu vou prosseguir”. Exemplo de culpa consciente: “se eu continuar dirigindo assim, posso vir a matar alguém, mas estou certo de que isso, embora possível, não ocorrerá”. No primeiro exemplo o agente responderá pelo homicídio na modalidade dolosa, ao passo que nos segundo responderá pelo homicídio na modalidade culposa. 
Dolo geral ou erro sucessivo, ou “aberratio causae”. O agente após realizar a conduta, supondo já ter produzido o resultado, pratica o que entende ser um exaurimento, e nesse momento atinge a consumação. Por exemplo: “A” esfaqueia a vítima e pensa que a matou. Ao tentar ocultar o cadáver, jogando-a ao mar, vem efetivamente a matá-la por afogamento. Haveria tentativa de homicídio (pelas facadas) em concurso com homicídio culposo (foi praticar a ocultação de cadáver e acabou matando), ou homicídio doloso? Respondera por homicídio doloso, pelo dolo geral. 
MOMENTO CONSUMATIVO E PERÍCIAS MÉDICO-LEGAIS REALIZADAS PARA CONSTATAÇÃO DA “CAUSA MORTIS”
Crime consumado
É aquele que foram realizados todos os elementos constantes de sua definição legal (CP, art. 14, I). A consumação do delito nada mais é que a última fase das várias pelas quais passa o crime. No caso dos crimes materiais, como o homicídio, a consumação se dá com a produção do resultado naturalístico morte. Trata-se de crime instantâneo de efeitos permanentes. É instantâneo porque a consumação se opera em um dado momento, e de efeitos permanentes na medida em que, uma vez consumado, não há como fazer desaparecer seus efeitos, em que momento é possível dizer que ocorreu o evento morte, e, portanto, a consumação do crime de homicídio? A morte é decorrente da cessação do funcionamento cerebral, circulatório e respiratório. Distinguem-se a morte clínica - que ocorre com a paralisação da função cardíaca e da respiratória -, a morte biológica – que resulta da destruição molecular – e a morte cerebral - que ocorre com a paralisação das funções cerebrais. A morte cerebral consiste “na parada das funções neurológicas segundo os critérios da inconsciência profunda sem reação a estímulos dolorosos, ausência de respiração espontânea, pupilas rígidas, pronunciada hipotermia espontânea (temperatura excessivamente baixa), e abolição de reflexos”. O critério legal proposto pela medicina é a chamada morte encefálica
TENTATIVA
Crime doloso – Considera-se tentado o crime quando, iniciada a sua execução, não se verifica o resultado naturalístico por circunstâncias alheias à vontade do agente (CP, art. 14, II). Tratando-se de crime material, o homicídio admite tentativa, que ocorrerá quando, iniciada a execução do homicídio, este não se consumar por circunstâncias alheias à vontade do agente. Para tentativa, é necessário que o crime saia de sua fase preparatória e comece a ser executado, pois somente quando se inicia a execução é que haverá início de fato típico. O crime percorre quatro etapas (inter criminis) até realizar-se integralmente: 
Cogitação - nessa fase o agente apenas mentaliza, idealiza, planeja, representa mentalmente a prática do crime;
Preparação – são os atos anteriores necessários ao início da execução, mas que ainda não configuram início de ataque ao bem jurídico, já que o agente ainda não começou a realizar o verbo constante da definição legal (núcleo do tipo);
Execução - aqui o bem jurídico começa a ser atacado. Nessa fase o agente inicia a realização do verbo do tipo e o crime já se torna punível, ao contrário das fases anteriores. 
Consumação – todos os elementos que se encontram descritos no tipo penal foram realizados. Tendo-se em vista o homicídio, serão atos preparatórios: a aquisição da arma ou do veneno, a procura do local propício, o ajuste de auxiliares, o encalço do adversário, a emboscada, o fazer pontaria com a arma de fogo, o sacar o punhal; serão atos executivos: o disparo do tiro, o deitar o veneno no alimento destinado à vítima iludida, o brandir o punhal para atingir o adversário. 
O conceito de tentativa não se estende aos atos preparatórios. O crime tentado exige o começo de execução.
Há quatro espécies de tentativa: 
Tentativa imperfeita (ou propriamente dita) - trata-se da hipótese em que o processo executivo foi interrompido ao meio, sem que o agente pudesse esgotar suas potencialidades de hostilização, como, por exemplo: após desferir um tiro no braço da vítima o agente é surpreendido por terceiro, que retira a arma de suas mãos impedindo-o de deflagrar o restante das balas contra aquele e, portanto, de realizar o intento homicida.
Tentativa perfeita ou acabada (também denominada crime falho) – assim será considerada quando o agente esgotar o processo de execução do crime, fazendo tudo o que podia para matar, exaurindo a sua capacidade de vulneração da vítima, que, não obstante, é salva: por exemplo: embora o agente deflagre todas as balas do revólver contra a vítima, esta sobrevive. 
Tentativa branca (ou incruenta) – é aquela que não resulta qualquer ferimento na vítima. Ocorre na hipótese em que o agente, por ausência de conhecimento no manuseio da arma, por exemplo, desfere vários tiros contra a vítima, mas por erro de pontaria atinge a parede da casa, é a chamada tentativa branca de homicídio. 
Tentativa cruenta: quando a vítima sofre ferimentos.
Tentativa e crime culposo – não combinam, isto é, não cabe tentativa em crime culposo, na medida em que a vontade do agente não está dirigida para a produção do evento criminoso, nem mesmo assume o risco de produzi-lo. Tentativa é iniciar a execução de um crime querendo a produção do resultado, mas não o realizando por circunstâncias alheias à sua vontade. Pressupõe, portanto, ação dolosa. 
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E AREEPENDIMENTO EFICAZ
São espécies de tentativa abandonada ou qualificada. Nelas o resultado não se produz por força da vontade do agente, ao contrário da tentativa, em que atuam as circunstâncias alheias a essa vontade. São incompatíveis com os crimes culposos, uma vez que se trata de tentativa que foi abandonada. Pressupõe um resultado que o agentepretendia produzir mas que, num segundo momento, desistiu ou se arrependeu. O agente só responderá pelos atos até então praticados como delitos autônomos. 
Desistência voluntária – trata-se de voluntária interrupção do inter criminis; o agente interrompe voluntariamente a execução do crime, impedindo a sua consumação. Por exemplo: o agente tem um revólver municiado com seis projéteis. Efetua dois disparos contra a vítima, não a acerta e, podendo prosseguir atirando, desiste por vontade própria e vai embora. Não ocorrerá, contudo, a desistência voluntária nas hipóteses em que o agente deixa de prosseguir no intento criminoso por supor que a arma já não contém cápsulas a serem deflagradas ou então por achar que logrou produzir o evento morte. 
Arrependimento eficaz – o agente, após encerrar a execução do crime, impede a produção do resultado naturalístico. Aqui a execução do crime é realizada inteiramente, e o resultado é que vem a ser impedido, ao contrário da desistência voluntária. Por exemplo: o agente descarrega sua arma de fogo na vítima, ferindo-a gravemente, mas, arrependendo-se, presta-lhe imediato e exitoso socorro, impedindo o evento letal. 
Tanto na desistência voluntária quanto no arrependimento eficaz o agente impede que sobrevenha o resultado por vontade própria. Dessa forma, afasta-se a possibilidade de se aplicar a pena a título de tentativa, e o agente só responde pelos atos até então praticados como delitos autônomos. No exemplo da desistência voluntária o agente responderá pelo delito de disparo de arma de foto (art. 15 da lei n. 10.826/2003). No exemplo do arrependimento eficaz, responderá pelo delito de lesões corporais de natureza grave (CP, art. 129, §1º).
CRIME IMPOSSÍVEL 
Crime impossível (também chamado de tentativa inidônea, tentativa inadequada ou quase-crime) é aquele que, pele ineficácia absoluta do meio empregado ou pela impropriedade absoluta do objeto material, é impossível de consumar-se (CP, art. 17). Ninguém pode pretender um homicídio perfurando o tórax de um adulto com um palito de fósforo. Seria ridículo. A consumação é impossível porque o meio é absolutamente ineficaz. Por outro lado, quem metralha um morto, pensando que se trata de uma pessoa dormindo, não pode praticar homicídio, pois o objeto material é totalmente inapto a receber a agressão. Nesses casos, o fato será atípico, em face da impossibilidade de o crime se realizar. 
CONCURSO DE PESSOAS
O Código Penal prevê em seu art. 29, ao tratar do concurso de pessoas, as figuras de autor, coautor e partícipe. Conceitua-se o autor como aquele que realiza o verbo da figura típica (teoria restritiva, que adotamos). No homicídio, autor é aquele que mata, importante observar que, segundo essa concepção, o mandante do crime não pode ser considerado autor, na medida em que não realizou materialmente o núcleo da figura típica: quem manda matar, não mata. O mandante, no caso, será considerado partícipe. 
O concurso de pessoas se perfaz pelo cometimento de um crime em coautoria ou participação. A coautoria ocorre quando dois ou mais agentes, conjuntamente, realizam o verbo (núcleo) do tipo. Por exemplo: três agentes golpeiam sucessivamente a vítima, que vem a falecer. Os três realizaram materialmente o verbo da figura típica: matar. Partícipe é aquele que, sem realizar o núcleo (verbo) da figura típica, concorre de alguma maneira para a produção do resultado.
FORMAS
O Código Penal distingue várias modalidades de homicídio: homicídio simples (art. 121, caput), homicídio privilegiado (§1º), homicídio qualificado (§2º) e homicídio culposo (§3º)
Homicídio simples doloso (caput): constitui o tipo básico fundamental, é o que contém os componentes essenciais do crime.
Homicídio privilegiado (§1º): tendo em conta as circunstancias de caráter subjetivo, o legislador cuidou de dar tratamento diverso ao homicídio cujos motivos determinantes conduziriam a uma menor reprovação moral do agente, para tanto, inseriu essa causa de diminuição de pena, que possui fator de redução estabelecido em quantidade variável (1/6 a 1/3).
Homicídio qualificado (§2º): em face de certas circunstâncias agravantes que demonstram maior grau de criminalidade da conduta do agente, o legislador criou o tipo qualificado, que nada mais é que um tipo derivado de homicídio simples, com novos limites, mínimo e máximo, de pena (reclusão, de 12 a 30 anos). 
Homicídio culposo (§3º): constitui a modalidade culposa do delito de homicídio. Diz-se o crime culposo quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia (CP, ART. 18, II).
Causa de aumento de pena (§§4º,6º,e7º): O § 4º contém causas de aumento de pena aplicáveis respectivamente às modalidade culposa e dolosa do delito de homicídio: o §6º contém causa de aumento de pena para as situações em que o homicídio é praticado em atividade típica de grupo de extermínio: o §7º contém as causas de aumento para o feminicídio que é o homicídio qualificado praticado contra a mulher por razões da condição de sexo feminino (art. 121, §2º, V, CP).

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