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RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ENGENHARIA CIVIL Prof. Sandro Kakuda Itajaí, 17 de abril de 2017. AULA 5 SUMÁRIO - TORÇÃO - Introdução; - Análise Preliminar das Tensões em um Eixo; - Deformação nos Eixos Circulares; - Tensões no Regime Elástico; - Corpo de Prova; - Ângulo de Torção; - Eixos Maciços não Circulares; - Tubos de Parede Fina com Seções Transversais Fechadas; - Exercícios. TORÇÃO Introdução - Especificamente, estudaremos as tensões e deformações produzidas em peças de seção transversal circular, sujeitas à ação de conjugados que tendem a torcer essas peças. - Tais conjugados são chamados momentos de torção, momento torcionais ou torque, T e T’. Esses conjugados têm a mesma intensidade T e sentidos opostos. São então grandezas vetoriais e podem ser representados de duas maneiras: setas curvas ou vetores conjugados. TORÇÃO Análise Preliminar das Tensões em um Eixo - Consideremos o eixo AB sujeito à ação dos momentos de torção T e T’, iguais e de sentidos opostos, nos pontos A e B. Cortamos o eixo por uma seção perpendicular ao eixo longitudinal em um ponto qualquer C. - O diagrama de corpo livre da parte BC deve incluir as forças elementares de cisalhamento , perpendiculares ao raio do eixo, que a parte AC exerce sobre a parte BC quando o eixo é torcido. - Vamos denominar de a distância de cada força elementar ao centro da seção circular. Para expressar que a soma dos momentos das forças em relação ao centro tem a mesma intensidade do torque T, escrevemos: Lembrando que TORÇÃO Análise Preliminar das Tensões em um Eixo - A existência dessas tensões pode ser demonstrada ao analisarmos um “eixo” constituído de lâminas finas, ligadas à extremidades do eixo por pinos presos a discos. Podemos fazer várias marcas em duas lâminas contíguas, e aplicar momentos de torção de mesma intensidade e sentidos contrários nas extremidades da peça. - Tomemos um pequeno elemento da barra circular. Sabemos que o momento de torção produz tensões de cisalhamento nas faces perpendiculares ao eixo da barra circular. TORÇÃO Deformação nos Eixos Circulares - Devemos mostrar uma propriedade importante dos eixos circulares: quando um eixo circular fica submetido à torção, todas as seções transversais se mantêm planas e conservam sua forma. - Em outras palavras, enquanto as várias seções transversais, ao longo do eixo, apresentam ângulos de torção diferentes, cada seção gira como uma placa rígida. - Essa propriedade é característica de eixos circulares, maciços ou vazados; ela não se apresenta em peças que têm seção transversal diferente da circular. Por exemplo, quando uma barra quadrada é submetida a momento de torção, suas várias seções transversais não se mantêm planas, perdendo a forma inicial. TORÇÃO Deformação nos Eixos Circulares - Tomando agora um eixo circular de comprimento L e raio c, que foi torcido em um ângulo de torção , passamos à determinação da distribuição de tensões de cisalhamento na seção transversal. - Após a aplicação de um momento de torção o elemento se transforma em um losango. Sabendo que a deformação de cisalhamento em um certo elemento é medida pela variação do ângulo formado pelos lados do elemento. - Dessas observações concluímos que a deformação de cisalhamento em uma barra circular varia linearmente com a distância ao eixo da barra. - A deformação de cisalhamento máxima na superfície da barra circular, onde , pode ser expressa: ௫ ௫ TORÇÃO Tensões no Regime Elástico - Vamos considerar agora o caso em que o momento de torção T tem um valor tal que as tensões no material se mantêm abaixo da tensão de cisalhamento de escoamento . Nesse caso, as tensões no material permanecem abaixo do limite de proporcionalidade e do limite de elasticidade. Podemos aplicar a Lei de Hooke e sabemos que não haverá deformação permanente. Onde é o módulo de elasticidade transversal do material ௫ ௫ ௫ - A tensão de cisalhamento na barra circular varia linearmente com a distância do eixo da barra. TORÇÃO Tensões no Regime Elástico - Tensões de cisalhamento em um eixo circular vazado, de raio interno ଵ, e raio externo ଶ, temos: ଵ ଶ ௫ Lembrando que ௫ ଶ ௫ Onde é o momento de inércia polar da seção transversal. ௫ para uma distância qualquer do eixo da barra circular, temos: TORÇÃO Corpo de Prova - Os materiais dúcteis geralmente se rompem por cisalhamento. Desse modo, um corpo de prova feito de material dúctil, quando sujeito a torção, se quebra em um plano perpendicular ao eixo longitudinal. - O aspecto da fratura dos corpos de prova submetidos ao ensaio de torção é o inverso do aspecto observado no ensaio de tração. TORÇÃO Exercício 1 Um eixo circular vazado de aço tem comprimento L = 1,5 m e diâmetro interno e externo respectivamente de 40 a 60 mm. Qual o maior momento de torção que pode ser aplicado ao eixo, para que as tensões de cisalhamento não excedam 120 MPa? Qual é o valor mínimo da tensão de cisalhamento para esse caso? O maior momento de torção que pode ser aplicado no eixo é de 4,08 kNm. O valor mínimo da tensão de cisalhamento no diâmetro interno é de 80 MPa. TORÇÃO Exercício 2 O conjunto é composto por duas seções de tubo de aço galvanizado interligadas por uma redução em B. O tubo menor tem diâmetro externo de 18,75 mm e diâmetro interno de 17 mm, enquanto o tubo maior tem diâmetro externo de 25 mm e diâmetro interno de 21,5 mm. Se o tubo estiver firmemente preso à parede em C, determine a tensão de cisalhamento máxima desenvolvida em cada seção do tubo quando o conjugado for aplicado ao cabo da chave. 150 ݉݉ 200 ݉݉ 75 ܰ 75 ܰ A tensão de cisalhamento máxima da seção AB é de 62,55 MPa e na seção BC é de 18,89 MPa TORÇÃO Ângulo de Torção - Às vezes, o projeto de um eixo depende de restrições à quantidade de rotação ou torção que pode ocorrer quando o eixo é submetido a um torque. Além do mais, saber calcular o ângulo de torção para um eixo é importante quando analisamos as reações em eixos estaticamente indeterminados. - O resultado é que um elemento de material localizado em um raio arbitrário no interior do disco sofrerá uma deformação por cisalhamento . Os valores de e são relacionados por: - Visto que a lei de Hooke se aplica e que a tensão de cisalhamento pode ser expressa em termos do torque: TORÇÃO Ângulo de Torção - Na prática de engenharia, normalmente, o material é homogêneo, de modo que G é constante e o resultado é expresso por: é o ângulo de torção de uma extremidade do eixo em relação à outra extremidade, medidos em radianos; T é o torque interno na posição arbitrária x, determinado pelo método das seções e pela equação de equilíbrio; G é o módulo de elasticidade ao cisalhamento do material; J é o momento polar de inércia do eixo; L é o comprimento de referência. TORÇÃO Ângulo de Torção - O ângulo de torção de uma extremidade do eixo em relação à outra é determinado pela soma vetorial dos ângulos de torção de cada segmento. Para esse caso, temos: Convenção de Sinais - Para aplicar a equação acima, temos de desenvolver uma convenção de sinal para o torque interno e para o ângulo de torção de uma extremidade do eixo em relação à outra extremidade. - Para tal, usaremos a regra da mão direita, pela qual o torque e o ângulo serão positivos desde que o polegar esteja direcionado para fora do eixo quando os dedos o envolverem para dar a tendência da rotação. TORÇÃO Exercício 3 Para o exercício anterior, se o módulo de elasticidade ao cisalhamento for de determinar o ângulo de torção no ponto A. 150 ݉݉ 200 ݉݉ 75 ܰ 75 ܰ O ângulo de torção no ponto A é de 6,40°. TORÇÃO Exercício 4 As engrenagens acopladas à extremidade fixa do eixo de aço estão sujeitas aostorques mostrados. Se o módulo de elasticidade ao cisalhamento for 80 GPa e o eixo tiver diâmetro de 14 mm, determine o deslocamento do dente P na engrenagem A. O eixo gira livremente dentro do mancal em B. O deslocamento do dente P na engrenagem A é de 21,2 mm. TORÇÃO Exercício 5 O eixo de aço A-36 é composto pelos tubos AB e CD e uma seção maciça BC. Está apoiado em mancais lisos que permitem que ele gire livremente. Se as engrenagens, presas às extremidades do eixo, forem submetidas a torques de 85 Nm, determine o ângulo de torção da engrenagem A em relação à engrenagem D. Os tubos têm diâmetro externo de 30 mm e diâmetro interno de 20 mm. A seção maciça tem diâmetro de 40 mm. O ângulo de torção da engrenagem A é de 0,879° TORÇÃO Eixos Maciços não Circulares - Eixos cujas seções transversais não são circulares, não são simétricos em relação às respectivas linhas centrais e, como a tensão de cisalhamento é distribuída de um modo muito complexo nas seções transversais, elas ficarão abauladas ou entortarão quando o eixo sofrer torção. TORÇÃO Eixos Maciços não Circulares - Os resultados da análise para seções transversais quadradas, juntamente com outros resultados da teoria da elasticidade para eixos com seções transversais triangulares e elípticas são representados na tabela abaixo: - Em todos os casos, a tensão de cisalhamento máxima ocorre em um ponto na borda da seção transversal mais próxima da linha central do eixo. - Esses pontos mais próximos da linha central do eixo são indicados pelos pontos em negrito da tabela. ܮ TORÇÃO Exercício 6 O eixo de alumínio 6061-T6 mostrado na figura tem área de seção transversal na forma de um triângulo equilátero. Determine o maior torque T que pode ser aplicado à extremidade do eixo se a tensão de cisalhamento admissível for ௗ e o ângulo de torção na extremidade estiver restrito a ௗ O torque máximo está limitado ao ângulo de torção, portanto o torque máximo é de 24,12 Nm. TORÇÃO Tubos de Parede Fina com Seções Transversais Fechadas - Tubos de parede fina de forma não circular são usados frequentemente para construir estruturas leves como as utilizadas em aviões. Em algumas aplicações, elas podem ser submetidas a um carregamento de torção. - Como as paredes são finas, poderemos obter uma solução aproximada para a tensão de cisalhamento considerando que essa tensão é uniformemente distribuída pela espessura do tubo. - Em outras palavras, poderemos determinar a tensão de cisalhamento média no tubo em qualquer ponto dado. - A tensão de cisalhamento média é dada pela expressão: ௗ ௗୀ tensão de cisalhamento média que age sobre a espessura do tubo; torque interno resultante na seção transversal; espessura do tubo no local onde ௗ deve ser determinada; área média contida no contorno da linha central da espessura do tubo. TORÇÃO Tubos de Parede Fina com Seções Transversais Fechadas - O ângulo de torção de um tubo de parede fina de comprimento L pode ser determinado pelos métodos de energia. Se o material se comporta de modo linear elástico e G for o módulo de cisalhamento, então esse ângulo , dado em radianos, pode ser expresso como: ଶ Nessa expressão, a integração deve ser executada em torno da área de seção transversal do tubo. TORÇÃO Exercício 7 Um tubo quadrado de alumínio tem as dimensões mostradas na figura. Determine a tensão de cisalhamento médio no tubo no ponto A se ele for submetido a um torque de . Calcule também o ângulo de torção devido a esse carregamento. Considere 50 ݉݉ 50 ݉݉ 10 ݉݉ 85 ܰ݉ 1,5 ݉ A tensão de cisalhamento média no ponto A é de 1,7 MPa e o ângulo de torção de , ૢ࢞ି࢘ࢇࢊ. TORÇÃO Exercício 8 Um tubo fino é composto por três chapas de aço A-36 de 5 mm de espessura, de tal modo que sua seção transversal é triangular. Determine o torque máximo T ao qual ele pode ser submetido se a tensão de cisalhamento admissível for ௗ e a torção no tubo estiver restrita a não mais do que O torque máximo admissível é de 499 Nm devido à restrição do ângulo de torção.
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