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TCC PSICOPEDAGOGIA APRENDIZAGEM

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ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS FACILITADORAS DA 
APRENDIZAGEM ATRAVÉS DE ENFOQUES PSICOPEDAGÓGICOS 
 
ALUNO1 
 
 
RESUMO: Este trabalho visa mostrar as práticas pedagógicas de aprendizagem sob 
o enfoque psicopedagógico. A escola deve se preparar para lidar com as 
dificuldades de aprendizagem e o psicopedagogo institucional atua no sentido de 
evitar a rotulação precoce de crianças com problemas de aprendizagem, sem 
negligenciar os alunos que podem, de fato, apresentar transtornos que precisem de 
intervenção. Cotidianamente, este profissional presta consultoria e auxílio aos 
demais que trabalham na instituição de ensino visando proporcionar melhores 
condições para a realização do processo ensino-aprendizagem. A realização do 
estudo baseou-se na revisão de literatura de artigos e livros de autores referência no 
assunto, como por exemplo: Libâneo, Scoz, Pain, Freire, Rubinstein, entre outros. 
Conclui-se, que o psicopedagogo poderá contribuir, dentro do âmbito escolar, no 
esclarecimento de dificuldades de aprendizagem que não têm como causa apenas 
deficiências do aluno, mas que são consequências de problemas escolares. 
 
PALAVRAS-CHAVE: Práticas pedagógicas; Psicopedagogo; Aprendizagem. 
 
1 Introdução 
 
Os desafios da escola atual são enormes e, só são superados se a parceria 
com a família estiver baseada em alicerces de confiança mútua. A construção de um 
mundo melhor para os filhos depende de ações baseadas em princípios e valores 
sólidos, cabendo aos pais assumir e exercer seu papel de formadores e educadores, 
juntamente com o professor e a escola. 
Como mediador deste processo, o psicopedagogo institucional tem como 
objetivo prestar consultoria e auxílio aos profissionais que trabalham na instituição 
 
1 Graduação em ............................., Especialização em Psicopedagogia Institucional pelo Centro ------
----------, São Paulo, Brasil. E-mail do autor:. Orientador: 
2 
 
de ensino visando proporcionar melhores condições para a realização do processo 
ensino-aprendizagem. 
A dificuldade de aprendizagem é um tema amplamente discutido na literatura 
científica. Um aspecto a ser considerado, é a importância de se entender a 
aprendizagem ativa (baseada em estratégias criativas, que tenham significado para 
o aluno e que o ajudem a decidir como e o que vai integrar). E, então compreender 
seus principais benefícios para uma educação de qualidade e como uma alternativa 
para evitar o fracasso obtido com a aprendizagem passiva. 
A aprendizagem passiva Paulo Freire (1996), chamou de educação bancária, 
onde o aluno é apenas ouvinte e não participa ativamente do processo de 
construção de conhecimento, apenas assimila (ou não) o que o professor (detentor 
do saber e da verdade) tenta transmitir. 
Em sua Carta aos Professores, Paulo Freire deixa clara a necessidade da 
existência de quem ensina e de quem aprende, como fator importantíssimo no 
processo educacional, pois para ele: “Não existe ensinar sem aprender e com isto 
eu quero dizer mais do que diria se dissesse que o ato de ensinar exige a existência 
de quem ensina e de quem aprende”. (FREIRE, 2001, p. 259). 
A escolha do tema foi motivada por se saber que os educadores que tem uma 
reflexão psicopedagógica, identificam com mais facilidade o porquê do aluno não 
aprender e quais os fatores que levam o mesmo a ter dificuldades no processo de 
aprendizagem. E que, muitas das vezes a falta de conhecimento leva-o a 
estigmatizar o educando contribuindo para o agravamento das dificuldades, 
deixando o aluno cada vez mais desmotivado a apreender. 
Acreditando que o sujeito aprendente necessita se sentir parte do processo 
de construção do conhecimento se ser sujeito ativo e não apenas um ouvinte (como 
sugere Freire); este trabalho visa mostrar as práticas pedagógicas de aprendizagem 
sob o enfoque psicopedagógico, como potenciais instrumentos para ajudar na 
identificação / mediação de escolares com dificuldades de aprendizagem. 
É importante pontuar que não é o papel do psicopedagogo apontar um 
método como o “melhor” ou o “mais correto”, e sim apresentar uma alternativa 
eficiente para uma possível dificuldade de aprendizagem gerada pela própria 
metodologia da instituição educacional e não pelo aluno. 
Centrando-se na contribuição do psicopedagogo no contexto escolar, a 
realização do estudo, baseou-se na revisão de literatura de artigos e livros de 
3 
 
autores referência no assunto, como por exemplo: Libâneo, Scoz, Pain, Freire, 
Rubinstein, entre outros, que tiveram grande contribuição em estudos sobre o tema. 
 
2 Desenvolvimento 
 
A dificuldade de aprendizagem é um tema recorrente e que deve ser 
estudado levando-se em conta todas as esferas sociais em que o aluno está incluso 
(família, escola, sociedade, etc). Sabe-se, que nunca há uma única causa para o 
problema de aprendizagem. E que, o aluno que possui este quadro não é um aluno 
que tem deficiência mental ou distúrbios relativos. 
 
Os problemas de aprendizagem não são restringíveis nem a causas físicas 
ou psicológicas, nem a análises das conjunturas sociais. É preciso 
compreendê-los a partir de um enfoque multidimensional, que amalgame 
fatores orgânicos, cognitivos, afetivos, sociais e pedagógicos, percebidos 
dentro das articulações sociais (...) (SCOZ, 1996, p. 13). 
 
Na verdade, existem aspectos fundamentais que precisam ser trabalhados 
para obter-se um melhor rendimento em todos os níveis de aprendizagem e 
conhecimento. Quando se menciona aprendizagem e conhecimento não se está 
referindo somente a conteúdos disciplinares, mas também a conhecimento e 
desenvolvimento vital que são tão importantes quanto. É como destaca Freire (2001, 
p. 259): 
 
O fato, porém, de que ensinar ensina o ensinante a ensinar um certo 
conteúdo não deve significar, de modo algum, que o ensinante se aventure 
a ensinar sem competência para fazê-lo. Não o autoriza a ensinar o que não 
sabe. 
 
É mérito da escola, ajudar o aluno a desenvolver a capacidade de construir 
relações e conexões entre os vários “EUS” da imensa rede de conhecimento que 
enreda a todos. Porém, o educador enquanto mediador do processo ensino-
aprendizagem, bem como protagonista na resolução e estudo das dificuldades de 
aprendizagem deve obter orientações específicas para que desenvolva um trabalho 
consciente e que promova o sucesso de todos os envolvidos no processo. 
A escola é sim, um espaço privilegiado para o bom desenvolvimento da 
aprendizagem, pois através dela o indivíduo pode ter um convívio direto com novas 
perspectivas de conhecimentos e diferentes contatos com seus pares. Mas, a escola 
não pode ser apenas transmissora de conteúdos e conhecimentos. Muito mais que 
isso, ela tem a tarefa primordial de “reconstruir” o papel e a figura do aprendente, 
4 
 
deixando o mesmo de ser apenas um receptor, proporcionando a este que seja o 
criador e protagonista do seu conhecimento. 
De acordo com Bassedas e cols. (1996, p. 14-15), o indivíduo participa 
ativamente “na construção da realidade que conhece, e que, cada modificação ou 
avanço que realiza no seu desenvolvimento pressupõe uma mudança na estrutura e 
organização dos seus conhecimentos”. Para ele, quando a pessoa enfrenta algumas 
situações específicas, “a sua (...) aprendizagem dependerá, obviamente, das 
características dessa situação, mas será determinada também, em grande parte, 
pelas suas características pessoais e pela organização dos seus conhecimentos”. 
 
2.1 Ensinar e aprender: leitura do mundo e da vida 
 
É senso comum que a aprendizagem é um termo abrangente, que permite 
diversas conceituações. Tornando suadefinição uma tarefa complexa. Sob este 
ponto de vista, neste trabalho optou-se por apresentar conceituações elaboradas por 
investigadores renomados na área, com o propósito de ampliar as possibilidades de 
compreensão desse processo assim como o seu oposto: o processo do não 
aprender. 
Existem muitas teorias sobre a aprendizagem e seus processos. O que se 
observa ser comum entre elas, é o fato de assumirem que indivíduos são agentes 
ativos na busca e construção de conhecimento, dentro de um contexto significativo. 
Na Tabela 01, encontram-se resumidas as características de algumas das principais 
Teorias de Aprendizagem. 
 
Tabela 01. Principais Teorias de Aprendizagem 
TEORIA CARACTERÍSTICAS 
Epistemologia 
Genética de Piaget 
Ponto central: estrutura cognitiva do sujeito. As estruturas cognitivas mudam 
através dos processos de adaptação: assimilação e acomodação. 
A assimilação envolve a interpretação de eventos em termos de estruturas 
cognitivas existentes, enquanto que a acomodação se refere à mudança da 
estrutura cognitiva para compreender o meio. Níveis diferentes de 
desenvolvimento cognitivo. 
Teoria Construtivista 
de Bruner 
 
O aprendizado é um processo ativo, baseado em seus conhecimentos 
prévios e os que estão sendo estudados. O aprendiz filtra e transforma a 
nova informação, infere hipóteses e toma decisões. Aprendiz é participante 
ativo no processo de aquisição de conhecimento. Instrução relacionada a 
contextos e experiências pessoais. 
Teoria Sociocultural 
de Vygotsky 
Desenvolvimento cognitivo é limitado a um determinado potencial para cada 
intervalo de idade (ZPD); o indivíduo deve estar inserido em um grupo social 
e aprende o que seu grupo produz; o conhecimento surge primeiro no grupo, 
para só depois ser interiorizado. A aprendizagem ocorre no relacionamento 
do aluno com o professor e com outros alunos. 
5 
 
Aprendizagem 
baseada em 
Problemas/ 
Instrução ancorada 
(John Bransford & 
the CTGV) 
Aprendizagem se inicia com um problema a ser resolvido. Aprendizado 
baseado em tecnologia. As atividades de aprendizado e ensino devem ser 
criadas em torno de uma "âncora", que deve ser algum tipo de estudo de um 
caso ou uma situação envolvendo um problema. 
Teoria da 
Flexibilidade 
Cognitiva (R. 
Spiro, P. Feltovitch & 
R. Coulson) 
Trata da transferência do conhecimento e das habilidades. É especialmente 
formulada para dar suporte ao uso da tecnologia interativa. As atividades de 
aprendizado precisam fornecer diferentes representações de conteúdo. 
Aprendizado Situado 
(J. Lave) 
Aprendizagem ocorre em função da atividade, contexto e cultura e ambiente 
social na qual está inserida. O aprendizado é fortemente relacionado com a 
prática e não pode ser dissociado dela. 
Gestaltismo 
 
Enfatiza a percepção ao invés da resposta. A resposta é considerada como 
o sinal de que a aprendizagem ocorreu e não como parte integral do 
processo. Não enfatiza a sequência estímulo-resposta, mas o contexto ou 
campo no qual o estímulo ocorre e o insight tem origem, quando a relação 
entre estímulo e o campo é percebida pelo aprendiz. 
Teoria da Inclusão 
(D. Ausubel) 
 
O fator mais importante de aprendizagem é o que o aluno já sabe. Para 
ocorrer a aprendizagem, conceitos relevantes e inclusivos devem estar claros 
e disponíveis na estrutura cognitiva do indivíduo. A aprendizagem ocorre 
quando uma nova informação ancora-se em conceitos ou proposições 
relevantes preexistentes. 
Aprendizado 
Experimental (C. 
Rogers) 
Deve-se buscar sempre o aprendizado experimental, pois as pessoas 
aprendem melhor aquilo que é necessário. O interesse e a motivação são 
essenciais para o aprendizado bem sucedido. Enfatiza a importância do 
aspecto interacional do aprendizado. O professor e o aluno aparecem como 
os corresponsáveis pela aprendizagem. 
Inteligências 
múltiplas (Gardner) 
No processo de ensino, deve-se procurar identificar as inteligências mais 
marcantes em cada aprendiz e tentar explorá-las para atingir o objetivo final, 
que é o aprendizado de determinado conteúdo. 
 
Fonte: adaptado de Pozo (1998). 
 
Observa-se no quadro que as teorias de aprendizagem buscam reconhecer a 
dinâmica envolvida nos atos de ensinar e aprender, tentando explicar a relação entre 
o conhecimento preexistente e o novo conhecimento. A aprendizagem não seria 
apenas inteligência e construção de conhecimento. Mas, basicamente, identificação 
pessoal e relação por meio da interação entre as pessoas (pares). 
O caráter processual do conhecimento é fortemente defendido pela Teoria 
Sócio interacionista, que enfatiza a importância do meio social no desenvolvimento 
das estruturas psicológicas superiores, uma vez que “(...) o aprendizado humano 
pressupõe uma natureza social específica e um processo através do qual as 
crianças penetram na vida intelectual daquelas que as cercam”. (VYGOTSKY, 1991, 
p. 99). 
Bossa (2000, p. 11) acrescenta que a aprendizagem se inicia já nos primeiros 
instantes de vida do bebê, quando este aprende o que é necessário para garantir a 
sua sobrevivência, como mamar, andar, falar e pensar. Para a autora “a 
6 
 
aprendizagem e a construção do conhecimento são processos naturais e 
espontâneos na espécie humana”. 
Vygotsky (1991, p. 33), acrescenta que o contexto social exerce grande 
importância no desenvolvimento das funções superiores humanas: 
 
Desde os primeiros dias do desenvolvimento da criança, suas atividades 
adquirem um significado próprio num sistema de comportamento social e, 
sendo dirigidas a objetos definidos, são refratadas através do prisma do 
ambiente da criança. O caminho do objeto até a criança e desta até o objeto 
passa através de outra pessoa. Essa estrutura humana complexa é o 
produto de um processo de desenvolvimento profundamente enraizado nas 
ligações entre história individual e história social. 
 
Tendo a aprendizagem como função “incorporar o indivíduo à espécie 
humana, fazendo-o sujeito de uma cultura” (FERNÁNDEZ, 1991, p. 30). Portanto, a 
criança necessita ser interpretada/traduzida/ensinada por outra pessoa, para que 
assimile e compreenda a cultura em que está inserida. Pois, 
 
O conceito de aprendizagem não restrito somente aos fenômenos que 
ocorrem na escola, o termo tem um sentido muito mais amplo: abrange os 
hábitos que formamos, os aspectos de nossa vida afetiva e a assimilação 
dos valores culturais (DROUET, 1995, p. 11). 
 
Considerando que os pais representam as primeiras figuras que ensinam e 
que exercem grande influência sobre a criança; percebe-se a importância de uma 
ação tolerante, paciente e amorosa por parte deles no sentido de interpretar e 
traduzir as expressões infantis sem atropelar ou impedir seus esforços em direção à 
autonomia e liberdade de pensar e sentir. 
Entretanto, o processo de aprendizagem acaba por se inscrever “na dinâmica 
da transmissão da cultura, que constitui a definição mais ampla da palavra 
educação” (PAIN, 1992, p. 11). Sobre isso, Snyders (1988, p. 23) já dizia: 
 
Há formas de cultura que são adquiridas fora da escola, fora de toda auto 
formação metódica e teorizada, que não são o fruto do trabalho do esforço, 
nem de nenhum plano: nascem da experiência direta da vida, nós a 
absorvemos sem perceber; vamos em direção a elas seguindo a inclinação 
da curiosidade e dos desejos; eis o que chamarei de cultura primeira. 
 
Desta maneira, a cultura primeira pode ser considerada a matriz da própria 
vida e, por isso, a aprendizagem é um dos principais objetivos da prática 
pedagógica. Dentro deste processo, um dos grandes desafios da escola atual é 
saber conduzir o aluno que apresenta dificuldade na aprendizagem escolar e “levar 
7 
 
em consideração que nãose aprende somente dentro da escola e que o ‘aprender’ 
não é efeito somente da consciência” (OTTEN, 2007). 
Sendo importante que o indivíduo seja autônomo no processo de aprender, 
tornando-o mais independente no processo de viver e definir os rumos de sua vida. 
Segundo Peterson & Fellton-Collins (2002), quando o indivíduo é estimulado e 
encorajado a seguir seus interesses, ele “se envolve no verdadeiro processo do 
conhecimento”, resolvendo os problemas com os quais se depara, sentindo-se 
motivado a buscar soluções. 
Visto que a compreensão do que se entende por aprender é fundamental na 
construção de uma nova proposta de educação mais aberta e dinâmica, originando 
práticas pedagógicas transformadoras; o ato de aprender a aprender é, sem dúvida, 
uma das principais funções da difícil tarefa de educar. 
E quando o educando não aprende? Já que aprendizagem é diariamente 
vivenciada no espaço escolar e no trabalho pedagógico do professor, a vivências de 
situações de não aprendizagem angustiam crianças, pais e professores. 
Pain (1992) considera que as dificuldades de aprendizagem representam 
todas as perturbações que impedem a normalidade do processo de aprender, 
qualquer que seja o status cognitivo do sujeito. 
É, também, no espaço da dimensão das interações sociais que se configura a 
gênese das dificuldades de aprendizagem. Devendo ser relevados os fatores que o 
impeçam de aprender, não permitindo o aproveitamento de suas potencialidades. 
Do ponto de vista de Fernández (1991), não se pode entender um processo 
de aprendizagem a partir do aprendente, sem recorrer ao ensinante. Ao se buscar a 
compreensão do processo de não aprendizagem, deve-se considerar que os 
problemas de aprendizagem podem ser abordados sob dois aspectos, respondendo 
as ordens de causa interna e externa à estrutura familiar e individual do sujeito. 
E, como consequência da falta de conhecimento do professor e/ou da escola, 
podem-se desencadear traumas no aluno, e até mesmo agravar os problemas já 
existentes. Reforçando no educando, uma visão negativa de si mesmo, 
desmotivação, desinteresse e outros mecanismos de defesa (indisciplina, rebeldia 
ou agressão), que pode servir de alicerce para justificar a sua incompetência diante 
da aprendizagem escolar. Fazendo-o acreditar que seja incapaz de internalizar 
esses conhecimentos. 
8 
 
Para compreender essas crianças que possuem dificuldade de aprendizagem, 
é preciso antes de tudo, que se dê um novo significado para o termo aprender, 
compreendendo que ela é um processo. Nesse sentido, entende-se a necessidade 
do trabalho psicopedagógico atuando de forma a acompanhar o aprendiz nos 
processos envolvidos na aquisição e elaboração de conhecimento, estudando 
condições para que isso ocorra; localizando, quando necessário, dificuldades e 
problemas propondo caminhos para que o aprendiz possa superá-los (SOUZA, 
2011). 
 
2.2 O Psicopedagogo no contexto escolar 
 
Como já foi intrinsecamente abordado, a psicopedagogia é a ciência que 
estuda o processo de aprendizagem e dificuldades, muito tem contribuído para 
explicar a causa das dificuldades de aprendizagem, pois tem como objetivo central 
de estudo o processo humano do conhecimento: seus padrões evolutivos normais e 
patologias bem como a influência (família, escola, sociedade) no seu 
desenvolvimento (SCOZ, 1992). 
No contexto escolar, o trabalho psicopedagógico acontece na forma 
terapêutica e preventiva. Ou seja, sua atuação não se configura apenas no 
atendimento e tratamento de problemas já instalados, mas atua também em 
pesquisa sobre a aprendizagem e desenvolvimento, no diagnóstico de alunos, 
individualmente, ou diagnóstico de situações escolares, atendimento individual e 
atendimento em grupo (FINI, 2000). 
Colaborando com a escola em relação a determinados alunos que 
apresentam dificuldades no seu processo educativo, seja em nível de aprendizagem 
ou de relacionamento (BASSEDAS et al., 1996). 
Acompanhando junto aos professores e coordenadores o aprendizado de 
seus educandos, orientando-os e revendo essas relações (BOSSA, 1994, p 23). 
Discutindo conteúdos, formas de aprender e ensinar, as avaliações, relação família e 
escola e, ainda, intermediando diálogo entre profissionais que atuam de forma 
multidisciplinar no acompanhamento do desenvolvimento humano (neurologistas, 
fonoaudiólogos, psicólogos e fisioterapeutas). O comprometimento de todos os 
envolvidos no processo de construção de conhecimento embasa decisões da ação 
9 
 
psicopedagógica para o sucesso do acompanhamento as dificuldades de 
aprendizagem. 
Na visão de Gasparin (2007) é necessário trabalhar com o profissional que 
está atuando com indivíduos que não estão conseguindo aprender, os quais estão 
com dificuldades de aprender. 
Os recursos apontados por Rubinstein (1996) constituem-se em instrumentos 
para a realização do diagnóstico e intervenção psicopedagógica: a entrevista com a 
família; investigar o motivo da consulta; realizar procurar a história de vida da 
criança realizando Anamnese; entrevistar o cliente; fazer contato com a escola e 
outros profissionais que atendam a criança; manter os pais informados do estado da 
criança e da intervenção que está sendo realizada; realizar encaminhamento para 
outros profissionais, quando necessário. 
Fernández (1991) e Pain (1992) sugerem, ainda, para diagnóstico, o uso de 
jogos considerando que o sujeito através deles pode manifestar, sem mecanismos 
de defesa, os desejos contidos em seu inconsciente. Apresentando desafios e 
possibilitando observar como o sujeito age frente a eles, qual sua estrutura de 
pensamento, como reage diante de dificuldades. 
Visca (1987) elaborou instrumento diagnóstico baseado em princípios 
interacionistas, construtivistas e propôs as seguintes etapas na avaliação e 
intervenção da psicopedagogia institucional: a análise do contexto em que se 
desenvolve o processo de aprendizagem; a leitura do sintoma; a explicação das 
causas que estão engendrando o sintoma; a explicação da origem dessas causas; a 
análise do fenômeno (dificuldade de aprendizagem); Levantamento de hipóteses e 
sugestões de intervenções e atividades. 
A intervenção psicopedagógica, abre possibilidades de mudança a partir da 
diferenciação, resgatando o prazer de aprender no aluno e tornando-o único ao seu 
modo de ver, aos olhos de sua família e da escola (RUBINSTEIN, 1993, p. 38). 
Construindo estratégias para um melhor desempenho, segundo suas 
potencialidades e interesses. 
Possibilitando a interação entre as pessoas envolvidas no processo de 
ensino-aprendizagem das crianças, agregando a equipe pedagógica para o 
“aprimoramento dos processos e práticas de ensino numa perspectiva mediadora, 
compartilhando o pensar e o agir frente a um aluno com dificuldades para aprender”. 
(FONSECA et al., 2012, p. 331) 
10 
 
Brincar é aprender. Entretanto, os recursos utilizados pelos psicopedagogos 
são, geralmente, jogos, atividades de expressão artística, linguagem oral e escrita, 
dramatização, criação de maquetes simbólicas e todo tipo de recursos que facilitem 
o desenvolvimento da capacidade de aprender com autonomia e prazer. Ao se abrir 
um espaço de brincar durante o diagnóstico e o tratamento psicopedagógico, já se 
está possibilitando um movimento na direção da melhora. O brincar como espaço de 
criação, de invenção, de produção é um espaço constituinte da operação psíquica e 
isto é indispensável na intervenção das dificuldades de aprendizagem. 
 
2.2.1 Estratégias pedagógicas de intervenção psicopedagógica em sala de aula 
 
A estratégia de ensino escolhida de forma equivocada provoca um 
desestímulo na busca do conhecimento(WEISS, 2007). 
Para Rossini (2005, p. 216) “há uma contribuição das próprias práticas 
educacionais na produção do fracasso escolar”. Assim, considera-se que cabe ao 
psicopedagogo juntamente com uma equipe interdisciplinar da escola intervir de 
forma preventiva ou corretiva para criar um ambiente propício a aprendizagem e 
eleger estratégias para contribuir com o sucesso escolar. 
Sob o olhar psicopedagógico, as mudanças de estratégias de ensino podem 
contribuir para que todos aprendam. Em alguns casos, as estratégias de ensino não 
estão de acordo com a realidade do aluno. Em sua prática, o professor precisa rever 
a metodologia utilizada para ensinar, através de outros métodos ou atividades ele 
poderá detectar quem realmente está com dificuldade de aprendizagem, evitando os 
estigmas, que muitas vezes, prejudicam a criança trazendo-lhe várias 
consequências, como a baixa-estima e até mesmo a evasão escolar. Pois, como 
enfatiza Coelho (1999 p.12): “O que é ensinado e aprendido inconscientemente tem 
mais probabilidade de permanecer”. 
Aprender é uma agradável aventura, onde desafios surgem diariamente e 
com o lúdico, com os jogos e outras tantas possibilidades nas práticas pedagógicas, 
pode-se criar significados e sentidos novos ao sujeito que aprende e ensina. 
Para Fernàndez (1991, p. 48), “a aprendizagem é um processo cuja matriz é 
vincular e lúdica e sua raiz corporal; seu desdobramento criativo põe-se em jogo 
através da articulação inteligência-desejo e do equilíbrio assimilação-acomodação”. 
 
11 
 
A característica lúdica dos jogos permite que a criança tenha uma atitude 
mais livre de exploração e entendimento das situações problema, o que nas 
situações mais formais da sala de aula nem sempre ocorre. Os jogos 
permitem o diagnóstico dos modos de pensar da criança, bem como podem 
ser um bom instrumento de intervenção para a compreensão e superação 
de dificuldades de aprendizagem (SOUZA, 2000, p. 122-123). 
 
Após leitura sobre a aplicação ferramentas pedagógicas para obter êxito no 
processo ensino-aprendizagem, pode-se confirmar que a estratégia de 
aprendizagem ativa, significativa e colaborativa é mais eficiente. Pois nesta proposta 
o professor faz a mediação das discussões dos grupos, corrigindo equívocos com 
novos questionamentos aos alunos, buscando que eles, em interação com seus 
pares, encontrem a solução. 
Cabe ao professor instigar, estimular os alunos para construírem junto um 
novo conhecimento, valorizando e colocando em primeiro plano as discussões dos 
alunos nas atividades realizadas em equipes. Desta forma, o conhecimento tende a 
ser tomado como importante para a vida e não só para fazer a prova. 
 O desenvolvimento do autoconceito positivo das crianças deve ser uma outra 
preocupação central do professor. Se tiver uma autoimagem positiva a criança terá a 
necessária motivação para aprender e poderá ir adquirindo um comportamento 
independente. Essa é a melhor forma de preparar o aluno para sair-se bem nas 
situações novas com que se defronta. 
Já Candido (2010), refere como sendo práticas pedagógicas inovadoras de 
aprendizagem sob o enfoque psicopedagógico, as seguintes atividades: 
relacionamento com os pais; relacionamento com as escolas de origem; o olhar das 
professoras com relação às queixas das famílias sobre os filhos; o olhar das 
professoras quanto às queixas das crianças sobre os pais; planejamento das 
atividades pedagógicas; práticas educativas com relação à questão disciplinar e 
dificuldades de aprendizagem e práticas pedagógicas nas salas de reforço: inovação 
pela diversidade. 
 
3 Conclusão 
 
Ao refletir sobre a aprendizagem, de a maneira como ela se concebe, pode-se 
dizer que, desde o momento em o indivíduo nasce, inicia-se o processo de 
aprendizagem. Neste processo, o ser humano constroi sua estrutura de 
personalidade de acordo com as relações sociais na qual está inserido. 
12 
 
A aprendizagem ocorre através da estimulação do ambiente sobre o indivíduo 
maturo, onde, diante de uma situação/problema, se expressa uma mudança de 
comportamento, recebendo interferência de vários fatores – intelectual, psicomotor, 
físico, social e emocional. 
Desde o nascimento, o indivíduo faz parte de uma instituição social 
organizada – a família - e depois, ao longo da vida, integra outras instituições. Nessa 
interação vai se construindo uma rede de saberes, onde todos os membros da 
sociedade são parceiros possíveis, contribuindo cada um com seus conhecimentos, 
suas práticas, valores e crenças. 
Quando o caminho é o oposto da aprendizagem, existe o desafio de 
compreender a complexidade dos múltiplos fatores envolvidos neste processo. 
A escola deve se preparar para lidar com as dificuldades de aprendizagem e 
o psicopedagogo é um profissional apto a auxiliar a instituição escolar e a família 
nesse sentido. É importante que o trabalho psicopedagógico institucional atue no 
sentido de evitar a rotulação precoce de crianças com problemas de aprendizagem, 
mas também não negligencie a pequena parcela de alunos que podem, de fato, 
apresentar transtornos que vão demandar ajuda especializada. 
Na escola, o psicopedagogo poderá contribuir no esclarecimento de 
dificuldades de aprendizagem que não têm como causa apenas deficiências do 
aluno, mas que são consequências de problemas escolares, tais como: Organização 
da instituição; Métodos de ensino; Relação professor/aluno; Linguagem do 
professor, dentre outros. 
 Ele poderá atuar preventivamente junto aos professores: Explicitando sobre 
habilidades, conceitos e princípios para que ocorra a aprendizagem; Trabalhando 
com a formação continuada dos professores; Na reflexão sobre currículos e projetos 
junto com a coordenação pedagógica; Atuando junto com a família/alunos que 
apresentam dificuldades de aprendizagem, apoiado em uma visão holística, 
levando-o a aprender a lidar com seu próprio modelo de aprendizagem, 
considerando que esses problemas podem ser derivados: das suas estruturas 
cognitivas; de suas questões emocionais; da sua resistência em lidar com o novo ou 
outra derivação que possa se apresentar. 
O psicopedagogo tem a sua disposição várias práticas pedagógicas para 
detectar/acompanhar os problemas de aprendizagem. Para que isso ocorra, é 
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essencial como psicopedagoga desenvolver uma compreensão acerca do aluno 
enquanto sujeito singular, desvencilhando-o de rótulos e patologias. 
 
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