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1 Thiago Henrique Napoleão 2 CONTEÚDO DA AULA: • Considerações sobre a glicose como importante fonte de energia para os processos celulares. • Glicogênio: ocorrência na natureza, localização celular e definição estrutural. • Glicogênio hepático e muscular: quantidade armazenada e principais formas de utilização. • Estrutura do glicogênio. • Glicogenólise: etapas, mecanismos de reações e enzimas envolvidas. • Destinos da glicose 6-fosfato. • Glicogênese: etapas, mecanismos de reações e enzimas envolvidas. • Glicogenoses (doenças de armazenamento do glicogênio). • Controle alostérico do metabolismo do glicogênio. • Controle hormonal do metabolismo do glicogênio. 3 GLICOSE - Monossacarídeo (aldohexose) - A oxidação de glicose até CO2 e água libera -2.840 kJ/mol. - Glicólise, ciclo dos ácidos tricarboxílicos e fosforilação oxidativa. 4 GLICOSE - Principal fonte de energia metabólica para o cérebro e outros tecidos. - É armazenada na forma de polissacarídeos ramificados (amido ou glicogênio) onde os resíduos de glicose estão unidos por tipos específicos de ligações glicosídicas. α1→4 α1→6 GLICOGÊNIO 5 - Principal forma de armazenamento de açúcares em muitos microorganismos e animais. - Homopolissacarídeo de cadeia ramificada constituído por resíduos de glicose (unidos por ligações α1→4 e α1→6). Grânulos de glicogênio (G) em células musculares Grânulos de glicogênio em células do fungo Paracoccidioides brasiliensis h t t p : / / a n a t p a t . u n i c a m p . b r / n p t p a r a c o c o 1 d . h t m l Grânulos de glicogênio (GN) em hepatócitos 6 GLICOGÊNIO HEPÁTICO Armazenado em grandes grânulos citosólicos formando agregados e rosetas. Quantidade armazenada: 90-100 g (aprox. 7% do peso fresco do fígado). Constitui fonte imediata de mobilização de glicose para a manutenção da glicemia em níveis adequados por até 12-18 h de jejum. h t t p : / / w w w . n e t t e r i m a g e s . c o m / i m a g e / 1 3 0 5 6 . h t m 7 GLICOGÊNIO MUSCULAR Mobilizado principalmente para síntese de ATP necessário para a contração. Quantidade armazenada: 300-400 g (aprox. 2% do peso fresco dos músculos esqueléticos). Exaurido em 1 h de atividade vigorosa. Principal fonte de energia em uma corrida de velocidade. O produto final após a glicólise anaeróbia é o lactato. 8 Amilose Amilopectina TIPOS DE CADEIAS DO GLICOGÊNIO 9 10 O processo de quebra da molécula de glicogênio, gerando glicose 6-fosfato é denominado GLICOGENÓLISE. O processo de síntese de glicogênio é denominado GLICOGÊNESE. 11 GLICOGENÓLISE 12 - Remoção de unidades de glicose das pontas não- redutoras do glicogênio. - Envolve três etapas: 1) Fosforólise das ligações α1→4 2) Desramificação 3) Conversão de glicose 1- fosfato em glicose 6-fosfato/ A d a p a t a d o d e : P . S i l v a “ T h e c h e m i c a l l o g i c b e h i n d . . . G l y c o g e n s y n t h e s i s a n d d e g r a d a t i o n ” , U n i v e r s i d a d e F e r n a n d o P e s s o a . h t t p : / / w w w 2 . u f p . p t / ~ p e d r o s / b q / g l y c o g e n . h t m 13 ETAPA 1: FOSFORÓLISE DO GLICOGÊNIO Ponta não-redutora Adaptado de : R.A. Horton, L.A. Moran, G. Scrimgeour, M. Perry, D. Rawn. Principles of Biochemistry 4th ed. ©Pearson/Prentice Hall 14 FOSFORILASE DO GLICOGÊNIO J.M. Berg, J.L. Tymoczko, L. Stryer. Biochemistry. 6th ed. © W.H. Freeman and Company 15 MECANISMO DA FOSFORÓLISE DO GLICOGÊNIO Garrett & Grisham. Biochemistry. Saunders College Publishing 16 ETAPA 2: DESRAMIFICAÇÃO ENZIMA DESRAMIFICADORA 17 ETAPA 3: CONVERSÃO DA GLICOSE 1-FOSFATO EM GLICOSE 6-FOSFATO 18 DESTINOS DA GLICOSE 6-FOSFATO - Músculos: glicólise - Fígado: hidrólise e liberação de glicose livre na corrente sangüínea (GLUT 2) glicose 6-fosfatase 19 GLICOSE 6-FOSFATASE Adaptado de: NELSON, D.L. & COX, M.M. Lehninger Princípios de Bioquímica. 4ª ed. Sarvier, 2010. 20 GLICOGENOSES RELACIONADAS COM DEFICIÊNCIAS DAS ENZIMAS ENVOLVIDAS NA DEGRADAÇÃO DO GLICOGÊNIO Nome Enzima envolvida Manifestações clínicas Dextrinose limite, doença de Forbi ou de Cori (III) Doença de Hers (VI) Síndrome de McArdle (V) Enzima desramificadora Fosforilase hepática Fosforilase muscular - Hipoglicemia em jejum; hepatomegalia na infância; acúmulo do polissacarídeo ramificado. - Hepatomegalia; acúmulo hepático de glicogênio; hipoglicemia leve. - Intolerância ao exercício; nível de glicogênio muscular alto (2,5 a 4%), baixo nível de lactato sangüíneo após exercício. In: R.K. Murray, D.K. Granner, V.W Rodwell. Harper – Bioquímica Ilustrada. 27ª ed. McGraw Hill – Lange. 21 Acúmulo de glicogênio em fibras musculares esqueléticas na doença de McArdle (glicogenose tipo V) h t t p : / / v o n t a d e s d o s u b c o n s c i e n t e . b l o g s p o t . c o m / 2 0 1 0 / 0 2 / d o e n c a - d e - m c a r d l e . h t m l 22 Nome Enzima envolvida Manifestações clínicas Doença de Pompe (II) Doença de von Gierke (I) α1→4 e α1→6 glicosidades lisossômicas Glicose 6-fosfatase - Acúmulo de glicogênio nos lisossomos; hipotonia muscular; distrofia muscular; morte por insuficiência cardíaca por volta dos 2 anos (variante juvenil). - Acúmulo de glicogênio nas células hepáticas e no túbulo renal; hipoglicemia; acidemia láctica; cetose; hiperlipemia. In: R.K. Murray, D.K. Granner, V.W Rodwell. Harper – Bioquímica Ilustrada. 27ª ed. McGraw Hill – Lange. OUTRAS DOENÇAS RELACIONADAS COM O ARMAZENAMENTO DE GLICOGÊNIO 23 Lisossomo congestionado com glicogênio em fibra muscular esquelética de bebê com doença de Pompe (glicogenose tipo II) Lisossomo J . M . B e r g , J . L . T y m o c z k o , L . S t r y e r . B i o c h e m i s t r y . 6 t h e d . © W . H . F r e e m a n a n d C o m p a n y GLICOGÊNESE 24 25 ETAPA 1: CONVERSÃO DA GLICOSE LIVRE EM GLICOSE 1-FOSFATO 26 ETAPA 2: CONVERSÃO DA GLICOSE 1-FOSFATO EM UDP-GLICOSE Garrett & Grisham. Biochemistry. Saunders College Publishing 27 ETAPA 3: EXTENSÃO DA CADEIA A PARTIR DAS PONTAS NÃO-REDUTORAS NELSON, D.L. & COX, M.M. Lehninger Princípios de Bioquímica. 4ª ed. Sarvier, 2010. Formação de ligações α1→4 28 A glicogênio sintase necessita de um molde previamente existente. 1) Cadeia pré-formada com no mínimo oito resíduos de glicose unidos por ligações α1→4 2) Glicogenina 29 GLICOGENINA - Possui atividade de hexosiltransferase auto-catalítica. Modelo de auto-glicosilação da glicogenina. 30 GLICOGENINA - Glicogenina 1: expressa nos músculos. - Glicogenina 2: expressa no fígado e músculo cardíaco. 31 Estrutura do glicogênio: um centro protéico constituído pela glicogenina circundado por diversas cadeias ramificadas de glicose K a t c h , V i c t o r L . ; M c A r d l e , W i l l i a m D . ; K a t c h , F r a n k I . ( 2 0 0 7 ) . E x e r c i s e p h y s i o l o g y : e n e r g y , n u t r i t i o n , a n d h u m a n p e r f o r m a n c e . P h i l a d e l p h i a : L i p p i n c o t t W i l l i a m s a n d W i l k i n s . p p . 1 2 . I S B N 0 - 7 8 1 7 - 4 9 9 0 - 5 32 - Causa: mutações no gene GYG1 (glicogenina 1), resultando na inativação da atividade de autoglicosilação necessária para iniciar a síntese de glicogênio no músculo. - Manifestações: Fraqueza muscular, presença de glicogenina 1 não glicosilada nos músculos esqueléticos e coração. DEFEITOS GENÉTICOS DA GLICOGENINA 1 33 ETAPA 4: RAMIFICAÇÃO Formação de ligações α1→6 ENZIMA RAMIFICADORA (Amilo α(1,4→1,6) transglicosidase) Garrett & Grisham. Biochemistry. Saunders College Publishing 34 GLICOGENOSES RELACIONADAS COM DISFUNÇÕES NA GLICOGÊNESE Nome Enzima envolvida Manifestações clínicas Amilopectinose (Doença deAndersen) (IV) Enzima ramificadora Hepatosplenomegalia; acúmulo de polissacarídeo de glicose com poucos pontos de ramificação; morte por insuficiência cardíaca ou hepática no primeiro ano de vida. Nome Enzima envolvida Manifestações clínicas Deficiência grave de glicogênio sintase Glicogênio sintase Hipoglicemia; hipercetonemia; morte precoce. CONTROLE DO METABOLISMO DO GLICOGÊNIO 35 A fosforilase do glicogênio e a glicogênio sintase são reguladas por: A) interações alostéricas B) modificação covalente (fosforilação), em resposta a: - insulina - glucagon - epinefrina 36 FOSFORILASE ATP Glicose 6-fosfato Glicose AMP - - - + INTERAÇÕES ALOSTÉRICAS 1) Fosforilase do glicogênio 37 GLICOGÊNIO SINTASE ADP Glicose 6-fosfato Pi - - + INTERAÇÕES ALOSTÉRICAS 2) Glicogênio sintase 38 Fosforilase b INATIVA Ser14 Fosforilase a ATIVA Ser14 P Proteína fosfatase 1 Fosforilase quinase FOSFORILAÇÃO 1) Fosforilase do glicogênio 39 Glicogênio sintase a ATIVA Glicogênio sintase b INATIVA P Proteína fosfatase 1 Glicogênio sintase quinase FOSFORILAÇÃO 2) Glicogênio sintase Ativação da glicogênio sintase EFEITO DA INSULINA SOBRE O METABOLISMO DO GLICOGÊNIO 40 ↑ Glicogênese ↓ Glicogenólise 41 EFEITO DO GLUCAGON SOBRE O METABOLISMO DO GLICOGÊNIO ↑ Glicogenólise 42 β-adrenégico EFEITO DA EPINEFRINA SOBRE O METABOLISMO DO GLICOGÊNIO NO FÍGADO ↑ Glicogenólise 43 EFEITO DA EPINEFRINA SOBRE O METABOLISMO DO GLICOGÊNIO NO MÚSCULO ↑ Glicogenólise REVISÃO 44 • A glicose é uma das principais fontes de energia para os seres vivos, sendo armazenada na forma de homopolissacarídeos em que os resíduos de glicose estão unidos por ligações glicosídicas α1→4 e α1→6. • O glicogênio é um homopolissacarídeo de glicose contendo vários pontos de ramificação (uma a cada 8 – 12 resíduos de glicose) e muitas pontas não-redutoras. • É a principal forma de armazenamento de glicose em animais e vários microorganismos, sendo estocado em grânulos presentes no citoplasma das células. Em vertebrados, o glicogênio é estocado em grande quantidade nos hepatócitos e nos músculos. • O glicogênio hepático é mobilizado para o controle da hipoglicemia e o glicogênio muscular para a geração de ATP para a contração. REVISÃO 45 • A degradação do glicogênio (glicogenólise) envolve três etapas: 1) Fosforólise do glicogênio 2) Desramificação 3) Conversão de glicose 1-fosfato em glicose 6-fosfato •A glicose 6-fosfato pode ter diferentes destinos. • A síntese do glicogênio (glicogênese) envolve as etapas de: 1) Conversão da glicose livre ou da glicose 6-fosfato em glicose 1- fosfato. 2) Formação de moléculas de UDP-glicose, que funcionam como doadores dos resíduos de glicose. 3) Extensão da cadeia por adição de resíduos α1→4 ligados 4) Ramificação REVISÃO 46 • Deficiências no metabolismo de glicogênio resultam em disfunções/doenças conhecidas como glicogenoses ou doenças do armazenamento de glicogênio, as quais, dentre outras manifestações, são caracterizadas por acúmulo do glicogênio, hepatomegalia e hipoglicemia em jejum. • O controle do metabolismo do glicogênio é feito através de interferências alostéricas sobre as enzimas que catalisam os passos limitantes das vias de degradação (fosforilase do glicogênio) e síntese (glicogênio sintase). • O controle hormonal está relacionado principalmente aos efeitos de: 1) Insulina: estímulo da glicogênese e inibição da glicogenólise 2) Glucagon: estímulo da glicogenólise 3) Epinefrina: estímulo da glicogenólise no fígado e músculo.