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I- IDENTIFICAÇAO DA DISCIPLINA DISCIPLINA: Extinção da Punibilidade PROFESSOR: Mestrando Manoel D. Fernandes Braga Email: fernandes_direito@yahoo.com.br AULA: 01 – Periodo: 4/5° CURSO: Bacharelado em Direito - AULA 11 - I – PRESCRIÇÃO ALTERAÇÕES TRAZIADAS PELA LEI 12.234/10: Em 5 de maio de 2010 entrou em vigor a lei 12.234, que alterou os arts. 109 e 110 do Código Penal. É o conteúdo dessa lei: Art.1º. Esta Lei altera os arts. 109 e 110 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, para excluir a prescrição retroativa. (grifo nosso) Art. 2º. Os arts. 109 e 110 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, passam a vigorar com as seguintes alterações: “Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto no § 1o do art. 110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se: ... VI - em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um) ano. “Art. 110. ... § 1º. A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada, não podendo, em nenhuma hipótese, ter por termo inicial data anterior à da denúncia ou queixa. (grifo nosso) § 2o. (Revogado).” (NR) Art. 3º. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Art. 4º. Revoga-se o § 2o do art. 110 do Código Penal. PRESCRIÇÃO RETROATIVA E A LEI N. 12.234, DE 5 DE MAIO DE 2010 Diante do advento da Lei n. 12.234, de 5 de maio de 2010, que entrou em vigor na data de 06 de maio de 2010, passou-se a questionar se houve a abolição da prescrição retroativa. Segundo o antigo preceito legal, constante do §1º do art.110, “A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação, ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada”. E, consoante seu §2º, “A prescrição, de que trata o parágrafo anterior, pode ter por termo inicial data anterior à do recebimento da denúncia ou da queixa”. Pois bem. O dispositivo em comento trata da chamada prescrição retroativa, modalidade de prescrição da pretensão punitiva. É a calculada pela pena concretamente fixada na sentença condenatória, desde que haja trânsito em julgado para a acusação ou desde que improvido o seu recurso. Calculado de acordo com a pena concreta, não teria ocorrido entre: a) a data do fato e o recebimento da denúncia ou queixa; b) entre o recebimento da denúncia ou queixa e a publicação da sentença condenatória (no caso de crimes não dolosos contra a vida). Exemplo da necessidade de proceder à recontagem retroativa: o prazo prescricional do furto simples calculado pela pena abstrata é de 8 anos (pena máxima = 4 anos de reclusão), mas, se a pena concreta for aplicada no mínimo de um ano, esse prazo despencará para 4 anos. É bem possível que, embora não tendo decorrido 8, tenham-se passado mais de 4 anos entre a data do fato e a do recebimento da denúncia. Assim, na recontagem pela pena concreta, ter-se-á operado a prescrição da pretensão punitiva, pela modalidade prescrição retroativa. E O QUE FOI MODIFICADO???? De acordo com a nova redação do art. 110, §1º, “A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada, não podendo, em nenhuma hipótese, ter por termo inicial data anterior à da denúncia ou queixa.” O § 2o , por sua vez, acabou, sendo REVOGADO pelo aludido Diploma Legal. Com relação ao marco temporal constante (entre o recebimento da denúncia ou queixa e a publicação da sentença condenatória - no caso de crimes não dolosos contra a vida), esse instituto continua a ser aplicável. EFEITOS COM RELAÇÃO A PRESCRIÇÃO ANTECIPADA OU VIRTUAL Surtiu efeitos no instituto da prescrição virtual, perspectiva, projetada ou antecipada, uma das espécies de prescrição da pretensão punitiva. Muito embora a Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça tenha aprovado a SÚMULA 438, que reconhece a sua inadmissibilidade, essa modalidade de prescrição ainda vem sendo aplicada pelos operadores do direito, de onde decorre a necessidade de sua análise. Súmula 438 É inadmissível a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva com fundamento em pena hipotética, independentemente da existência ou sorte do processo penal. PRESTEM A ATENÇÃO: COM RELAÇÃO AS QUESTÕES DA PROVA DA ORDEM OU EM RELAÇÃO A QUESTÕES DE CONCURSOS PÚBLICOS DEVERÃO SER NECESSARIAMENTE CONSIDERADAS AS ALTERAÇÕES DA LEI 12.234/2010 E A SÚMULA 438. Concebe-se que a prescrição virtual é aquela com base na provável pena concreta, que será fixada pelo juiz, no momento futuro da condenação. Fundamenta-se no princípio da economia processual, uma vez que de nada adianta movimentar inutilmente a máquina jurisdicional com processos que já nascem fadados ao insucesso, nos quais, após condenar o réu, reconhece-se que o Estado não tinha mais o direito de puni-lo, devido à prescrição retroativa. Essa modalidade de prescrição, portanto, está atrelada ao instituto da prescrição retroativa. Entretanto, na medida em que a prescrição retroativa não pode, em nenhuma hipótese, ter por termo inicial data anterior à da denúncia ou queixa, por força da Lei n. 12.234/2010, também não há mais se falar em PRESCRIÇÃO VIRTUAL. As modificações legais acabaram por ser desfavoráveis ao réu, de forma que a Lei n. 12.234/2010 não poderá retroagir para alcançar os fatos ocorridos antes de sua entrada em vigor, que se operou em 06/05/2010. Assim, com relação aos crimes ocorridos até o dia 05/05/2010, incide a antiga redação do art. 110, §§1º e 2º, do CP, o qual admitia a prescrição retroativa entre a data do fato e o recebimento da denúncia ou queixa, e, por conseguinte, a prescrição virtual nesse período, muito embora, quanto a este instituto, a jurisprudência do Supremo Tribunal já o tenha rechaçado e o Superior Tribunal de Justiça aprovado a Súmula 438 no sentido de sua inadmissibilidade. MODALIDADES DA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA RETROATIVA NOS CRIMES DE COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DO JÚRI: a) Entre o recebimento da denúncia ou queixa e a Pronúncia; b) Entre a pronúncia ou e a confirmação por acórdão; c) Entre a pronúncia ou seu acórdão confirmatório e a sentença condenatória; CAUSAS SUSPENSIVAS OU IMPEDITIVAS DA PRESCRIÇÃO Causas suspensivas da prescrição: são aquelas que sustam o prazo prescricional, fazendo com que este recomece a correr apenas pelo tempo que restar, sendo computado o período decorrido, ao contrário do que sucede com as causas interruptivas. O art. 116 do CP, dispõe que antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre: I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da existência do crime (ver art. 92 e 93 do CPP). Ex.: no crime de furto, onde o réu tenta, na esfera cível, provar que é proprietário do bem subtraído. II - enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro (salvo se o fato for atípico no Brasil) Parágrafo único - Depois de passada em julgado a sentença condenatória, a prescrição não corre durante o tempo em que o condenado está preso por outro motivo. Nos arts. 366 e 368 do CPP existem mais duas hipóteses de suspensão do prazo prescricional: A primeira hipótese é no caso do acusado citado por edital, não comparecer para ser interrogado nem constituir advogado, fica suspenso o processo e o prazo prescricional, estendendo-se a suspensão até que intervenha ele ou seu procurador nos autos do processo, sendo que o referido dispositivo não prevê o prazo máximo dessa suspensão, tendo a doutrina passado a se manifestar no sentido de que a suspensão não poderia ser maior do que o prazo prescricional da pena máximacominada para o crime. Sendo assim, coteja-se o máximo da pena abstratamente cominada ao delito, com os prazos prescricionais do art. 109 do CP, obtém-se o prazo máximo da suspensão, voltando a prescrição a correr, enquanto o processo continua suspenso. O STJ com o enunciado n° 415 de sua súmula dispôs: “O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo máximo da pena cominada”. OUTRAS CAUSAS DE IMPEDITIVAS DA PRESCRIÇÃO: a) Se for suspenso o processo contra parlamentar, atento a imunidade processual (Art. 53, § 5°, CF) b) Durante o período de cumprimento da suspensão condicional do processo (Art. 89, § 6°, Lei 9099/95); c) Enquanto o processo está suspenso em virtude da citação por edital do réu (art. 366, CPP). d) Enquanto cumpre carta rogatória; (art. 368,CPP) CAUSAS INTERRUPTIVAS DA PRESCRIÇÃO Causas interruptivas (art. 117): obsta o curso da prescrição, fazendo com que reinicie do zero, desprezando-se o tempo até então decorrido: I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa (por juiz competente): Na hipótese de co-autor ou partícipe não identificado, a interrupção se estende a todos. O recebimento do aditamento da queixa ou da denúncia não interrompe o prazo, a não ser que seja incluído um novo crime; II - pela pronúncia: nos crimes dolosos contra a vida e nos crimes conexos. Súmula 191 do STJ - A pronúncia é causa interruptiva da prescrição, ainda que o tribunal do júri venha a desclassificar o crime. III - pela decisão confirmatória da pronúncia: pelo tribunal, ou seja, acórdão. IV - pela publicação da sentença ou acórdão condenatório recorríveis, redação dada pela Lei nº 11.596/07. Neste caso o prazo a ser contado será da data do recebimento da denúncia à publicação da sentença condenatória em primeira instância, bem como a publicação do acórdão condenatório pelo Tribunal, sendo que o STF vem entendendo que o acordão confirmatório de condenação, também interrompe a prescrição (mas isso não é ponto pacífico): Ver STF - HC 92340/SC - A A sentença que concede o perdão judicial não interrompe a prescrição, pois segundo a Súmula 18 do STJ, é sentença declaratória de extinção da punibilidade. A sentença que reconhece a semi-imputabilidade é condenatória, portanto interrompe a prescrição. V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena: haverá a interrupção, mas será levado em conta somente o restante da pena, ou seja, a pena cumprida será considerada extinta. VI - pela reincidência: A prescrição interrompida será do delito anterior e deverá ser considerada a data do novo crime e não a data da sentença que reconheceu a reincidência. Comunicabilidade das causas de interrupção (art. 117, §1º, CP): Excetuados os casos dos incisos V e VI deste artigo (art. 117), a interrupção da prescrição produz efeitos relativamente a todos os autores do crime. Nos crimes conexos, que sejam objeto do mesmo processo, estende-se aos demais a interrupção relativa a qualquer deles. Assim, a pronúncia de um réu estende o efeito da interrupção ao co-réu no processo ainda que acusado de crime que, em regra, não seria julgado pelo Júri. § 2º art. 117, CP - Interrompida a prescrição, salvo a hipótese do inciso V deste artigo, todo o prazo começa a correr novamente do dia da interrupção. LEIA-SE CRIME CONEXO COMO: Crime que é pressuposto, elemento constitutivo ou agravante de outro. Art. 108 CP.
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