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Contratos: Fatos humanos que são capazes de gerar obrigação: - Contratos: Instituto mais antigo e que sofreu evoluções. Ele é o negócio jurídico por excelência. Tem duas ou mais partes, sempre credor ou devedor objeto do contrato é o que deve ser cumprido. O contrato tem que ter uma função social e não apenas bom para as partes, mas sim para todos. - Declarações unilaterais da vontade - Atos ilícitos, dolosos e culposos. • Fatos históricos Desde os primórdios de civilização, quando abandonamos o estágio da barbárie, experimentando certo progresso espiritual e material, o contrato passou a servir, enquanto instrumento por excelência de circulação de riquezas, como a justa medida dos interesses contrapostos. Não podemos fixar uma data especifica de surgimento do contrato. Entretanto podemos buscar um período em que sua sistematização jurídica se tornou mais nítida. “Deve-se ao jurisconsulto GAIO o trabalho de sistematização das fontes das obrigações, desenvolvidas posteriormente nas Institutas de Justiniano, que seriam distribuídas em quatro categorias de causas eficientes: a) O contrato – compreendendo as convenções, as avenças firmadas entre duas partes; b) O quase contrato – tratava-se de situações jurídicas assemelhadas ao contratos, atos humanos lícitos equiparáveis aos contratos, como a gestão de negócios; c) O delito – consiste no ilícito dolosamente cometido, causador de prejuízo para outrem d) O quase delito – consistente nos ilícitos em que o agente atuou culposamente, por meio de comportamento carregado de negligência, imprudência e imperícia.” Foi na época clássica que começou-se a introduzir o elemento do acordo contratual no conceito de contractus, assim se alcançado o conceito técnico e mais estrito de contrato, como “contrato obrigacional”. A Tendência individualista, gerou sérios desequilíbrios sociais, somente contornados pelo dirigismo contratual do século XX, reflexo dos movimentos sociais, desencadeados na Europa Ocidental e que recolocou o homem na sociedade, retirando-o do pedestal a que ascendera, após a derrocada do antigo regime quando pretendeu assumir o lugar de Deus. Sem sombra de dúvidas, o contrato sofreu modificações ao longo do século XX, havendo experimentado um inegável processo de solidarização social, adaptando-se à sociedade de massa que se formava. • Visão Estrutural do Contrato a) Conceito tradicional: É um negócio jurídico por meio do qual as partes declarantes, limitadas pelos princípios da função social e da boa-fé objetiva, autodisciplinam os efeitos patrimoniais que pretendem atingir, segundo a autonomia das suas próprias vontades. – Pablo Stolze. Não há o que se falar em negócio jurídico sem manifestação de vontade, e não havendo o negócio jurídico, não há contrato. b) A perspectiva civil-constitucional do contrato: uma (re) conceituação? Em uma perspectiva civil-constitucional devemos ter em conta que o contrato apenas se afirma socialmente se entendido como um instrumento de conciliação de interesses contrapostos, manejado com vistas à pacificação social e ao desenvolvimento econômico. Todo contrato deve observar a uma função social. Na medida em que o processo de constitucionalização do Direito Civil, conduziu-nos a um repensar da função social da propriedade, toda ideologia assentada acerca do contrato passou a ser revista, segundo um panorama de respeito à dignidade da pessoa humana. O Contrato só atenderá à sua função social no momento em que, sem prejuízo ao livre exercício da autonomia privada: 1) respeitar a dignidade da pessoa humana – traduzida sobretudo nos direitos e garantias fundamentais; 2) admitir a relativização do princípio da igualdade das partes contratantes – somente aplicável aos contratos verdadeiramente paritários que atualmente são minoria; 3) consagrar uma cláusula implícita de boa-fé objetiva – ínsita em todo contrato bilateral, e impositiva dos deveres anexos de lealdade, confiança, assistência, confidencialidade e informação; 4) respeitar o meio ambiente 5) respeitar o valor social do trabalho; Essas circunstancias moldam o princípio da função social do contrato, que está disposto no art. 421 do CC. O reconhecimento deste princípio não significa negação da autonomia privada e da livre-iniciativa. Sob a perspectiva civil- constitucional, o contrato deve ser socialmente entendido como um “instrumento de pacificação social, desenvolvimento econômico e de conciliação de interesses”, observando, portanto, a função social, e jamais, pode ser um instrumento de opressão social. Redefinindo o contrato sob essa perspectiva sendo um negócio jurídico bilateral, por meio do qual as partes, visando a atingir determinados interesses patrimoniais convergem a suas vontades, criando um dever jurídico principal (de dar, fazer ou não fazer) e, bem assim, deveres jurídicos anexos, decorrentes da boa-fé objetiva e do superior princípio da função social. c) Natureza Jurídica do Contrato O contrato é uma espécie de negócio jurídico, pois a partir de declarações de vontade há o desencadeamento de efeitos jurídicos. Ou seja, o negócio jurídico é manifestação de vontade com propósito de produzir efeitos admitidos pelo ordenamento jurídico e pretendidos pelo agente, com observância aos pressupostos de existência, validade e eficácia. Há os partidários da teoria da vontade e da teoria da declaração. Para os primeiros, o elemento produtor dos efeitos jurídicos é a vontade real, de forma que a sua declaração seria simplesmente a causa imediata do efeito perseguido. E para os adeptos à segunda teoria que não afasta tanto da corrente voluntarista tradicional, negam a intenção “o caráter de vontade propriamente dita, sustentando que o elemento produtos dos efeitos jurídicos é a declaração. Se o negócio jurídico enquanto manifestação humana destinada a produzir fins tutelados por lei, é fruto de um processo cognitivo que se inicia com a solicitação do mundo exterior, passando pela fase de deliberação e formação da vontade, culminando, ao final, com a declaração da vontade, parece que não há negar-se o fato de que a vontade interna e a vontade declarada são faces da mesma moeda. d) Planos de existência, validade e eficácia aplicáveis ao contrato Precisamos analisar o negócio jurídico em 3 planos: 1) Existência – um negócio jurídico não surge do nada, exigindo-se para que seja considerado como tal, o atendimento a certos requisitos mínimos. 2) Validade – o fato de um negócio jurídico ser considerado existente não quer dizer que ele seja considerado perfeito, ou seja, com aptidão legal para produzir efeitos, o que exige o atendimento de determinados pressupostos legais. 3) Eficácia – ainda que o negócio jurídico existente seja considerado válido, ou seja, perfeito para o sistema que o concebeu, isto não importa em produção imediata de efeitos, pois estes podem estar limitados por elementos acidentais da declaração. No quadro a seguir estão dispostos os requisitos para cada plano: e) Forma e prova do contrato O princípio da liberdade da forma é regente de todo o nosso sistema regulador do negócio jurídico. Em geral, os negócios têm forma livre, o que dispõe o art. 107 do cc. Observa-se que o negócio jurídico pode ser realizado de acordo com a conveniência da forma preferida pelas partes. Há a exceção dos contratos solenes e formais: aqueles constituem ou transmitem direitos reais sobre imóveis acima de trinta salários mínimos, art.108 do cc. Ao lado dos negócios ad solemnitatem (Formalidadeexigida por lei para validade de um ato ou negócio), figura outra importante categoria a dos negócios ad probationem (O direito exige determinada forma para efeito de prova). Nesses, apesar de a forma não preponderar sobre o fundo, por não ser essencial, deverá, outrossim, ser observada, para efeito de prova do ato jurídico. Assim, a prova escrita é necessária, para efeito probatório, quando o valor do contrato exceder o dépuplo do maior salário mínimo vigente no País, ao tempo em que foi celebrado, nos termos do art. 227 cc. Ou seja, contratos onde o objeto seja de até 10 salários mínimos, admite prova testemunhal (esses contratos podem ser verbais); Contratos onde o objeto seja de valor superior a 10 salários mínimos necessariamente exigem prova escrita, ou seja, documentada. • Principiologia do Direito Contratual Por princípios entendam-se os ditames superiores, fundantes e simultaneamente informadores do conjunto de regras do Direito Positivo. Pairam, pois, por sobre toda a legislação, dando-lhe significado legitimador e validade jurídica. Pela regra geral, os efeitos do contrato são relativos, e o que é relativo não é absoluto (nos direitos reais, em regra, os efeitos são absolutos – erga omnes – contra todos), portanto, os efeitos dos contratos interessam somente às partes que nele consentem. No entanto, percebe-se que há situações que a regra não se aplica, ou seja, o contrato gera efeitos externos, como por exemplo nas estipulações em favor de terceiros e no contrato com pessoa a declarar, situações jurídicas: 1) Princípio da dignidade da pessoa humana; 2) Princípio da autonomia da vontade 3) Princípio do “consensualismo”; 4) Princípio da força obrigatória do contrato; 5) Princípio da relatividade subjetiva dos efeitos do contrato; 6) Princípio da equivalência material; 7) Princípio da função social do contrato; 8) Princípio da boa-fé objetiva; 1) O princípio da dignidade da pessoa humana: jamais pode ser esquecido, pois, indiscutivelmente, servirá de medida para toda a investigação que fizermos a respeito de cada um dos princípios contratuais acima elencos. Dignidade é um valor fundante de respeito à existência humana, segundo suas vontades, expectativas, necessidades e possibilidades, seja no campo do nas relações afetivas e emocionais, seja no campo das relações patrimoniais, visto que, é diante desse conjunto de relações que, cada um poderá alcançar sua realização pessoal/profissional e consequentemente a felicidade, concretizando o direito de ter uma vida plena, e não meramente, sobreviver. 2) O princípio da autonomia da vontade ou do consensualismo: autonomia da vontade, pode ser entendida como um poder conferido ao indivíduo, pelo ordenamento jurídico, para autodisciplinar certos interesses pessoais e patrimoniais. O princípio da autonomia da vontade dos liberalistas da Revolução Francesa, diante do individualismo exacerbado, com o decorrer dos tempos constatou-se de que a igualdade formal entre às partes não era suficiente, então, o Estado, passou a regular determinadas relações jurídicas, fenômeno denominado de Dirigismo Contratual Autonomia da vontade sob 2 ângulos: Liberdade de contratar e liberdade contratual. Liberdade de contratar nada mais é do que a faculdade que toda pessoa tem em realizar ou não um contrato, ou seja, ninguém é forçado a contratar. Como toda regra, há exceções, ex. quando se adquire um veículo e obrigatório contratar um seguro contra terceiros. A liberdade de contratar é também vista como a liberdade de escolher com quem contratar, há exceções, ex. prestadoras de serviço público, Copel, Sanepar, etc. Liberdade contratual surge em um segundo momento, após o sujeito ter decidido por realizar um contrato bem como, com quem irá realizar esse contrato, então exerce a liberdade em fixar e estabelecer o conteúdo do contrato, traçando suas cláusulas, condições, forma de pagamento, etc. Exceção à liberdade contratual é a intervenção estatal em determinados assuntos de relevante valor social – dirigismo contratual – estabelecendo conteúdos mínimos em certas relações jurídicas, por meio da edição de legislação protetiva, ex. CLT, CDC, ECA. A autonomia da vontade deve observar a moral e bons costumes, a lei e os princípios gerais, para não ser exercida de forma absoluta. O individualismo selvagem cedeu lugar para o solidarismo social, característico de uma sociedade globalizada que exige o reconhecimento de normas limitativas do avanço da autonomia privada, em respeito ao princípio maior da dignidade da pessoa humana. 3) Princípio do Consensualismo conforme o doutrinador Carlos Roberto Gonçalves, pelo princípio do consensualismo, basta o consenso entre as partes para que o contrato torne-se perfeito quando acordado e definido o objeto e preço (ex. compra e venda), mesmo que a coisa não tenha sido entregue ainda, sendo que o pagamento e a entrega da coisa, fazem parte do cumprimento do contrato. Como visto, vigora em regra no Direito Brasileiro a liberdade da forma em se contratar, sendo que, a solenidade é exceção. 4) Princípio da força obrigatória do Contrato: denominado de pacta sunt servanda traz segurança jurídica para todas as relações negociais, visto que representa a força que surge da relação consensual e vincula às partes ao seu cumprimento. Isso em razão de que o Código Civil adota a teoria da imprevisão ou a da onerosidade excessiva- antiga cláusula rebus sic standibus –, expressamente prevista nos art. 478 a 480, bem como, tratou dos institutos do estado de perigo (art. 156) e da lesão (art. 157), as quais permitem a intervenção judicial no campo contratual. Sendo possível que uma das partes pode invoca-la quando acontecimentos supervenientes e imprevisíveis, tornarem excessivamente onerosa a prestação a ela imposta, em face da outra parte que pode estar se enriquecendo à custa daquela, ilicitamente. 5) Princípio da relatividade subjetiva dos efeitos do contrato – em regra geral, os contratos só geram efeitos entre as próprias partes, razão por que se pode afirmar que a sua oponibilidade não é absoluta ou erga omnes, mas tão somente relativa. No negócio jurídico em que há a manifestação espontânea da vontade para assumir livremente obrigações, as disposições do contrato, a priori, somente interessam às partes, não dizendo respeito a terceiros estranhos à relação jurídica obrigacional. Todavia, existem figuras jurídicas que podem excepcional esta regra. Ainda, Esse princípio também pode ser mitigado, relativizado, pois, o contrato não é mais visto como um mero instrumento de satisfação pessoal, pois o ordenamento lhe imprime e reconhece a necessidade do atendimento da função social, assim, em situações em que um contrato afronta regras de interesse social ou de ordem pública, isso pode afetar direta ou indiretamente terceiros. 6) Princípio da equivalência material busca realizar e preservar o equilíbrio real de direitos e deveres no contrato, antes, durante e após sua execução, para harmonização dos interesses. Esse princípio preserva a equação e o justo equilíbrio contratual, seja para manter a proporcionalidade inicial dos direitos e obrigações, seja para corrigir os desequilíbrios supervenientes, pouco importando que as mudanças de circunstâncias pudessem ser previsíveis. O que interessa não é mais a exigência cega de cumprimento do contrato, da forma como foi assinado ou celebrado, mas se sua execução não acarreta vantagem excessiva para uma das partes e desvantagem excessiva para outra, aferível objetivamente, segundo as regras da experiência ordinária.O princípio clássico pacta sunt servanda passou a ser entendido no sentido de que o contrato obriga as partes contratantes nos limites do equilíbrio dos direitos e deveres entre elas. Esse princípio pode ser visto sob duas óticas pelo aspecto objetivo e subjetivo. O aspecto subjetivo leva-se em consideração os sujeitos contratuais, ou seja, há partes que são presumidamente vulneráveis, ex: o trabalhador, o inquilino, o consumidor, etc. Já o aspecto objetivo considera o efetivo e real desiquilíbrio entre deveres e direitos contratuais, tanto no momento da celebração do contrato, quanto após, a celebração se caso surgir circunstâncias que afetem o real equilíbrio e que acarretem uma eventual onerosidade excessiva. 7) Princípio da função social do contrato é necessário que o contrato seja útil entre as partes, mas também à sociedade. Esse princípio se manifesta em dois aspectos: Intrínseco (o contrato visto como relação jurídica entre as partes negociais, impondo-se o respeito à lealdade negocial e a boa-fé objetiva, buscando-se uma equivalência material entre os contratantes); Extrínseco (o contrato em face da coletividade, ou seja, visto sob o aspecto de seu impacto eficacial na sociedade em que fora celebrado.) O princípio da função social do contrato é um princípio jurídico de conteúdo indeterminado, que se compreende na medida em que lhe reconhecemos o precípuo efeito de impor limites à liberdade de contratar, em prol do bem comum. O princípio está disposto no art. 420 do Código Civil. 9) O princípio da boa-fé é uma diretiz principiológica de fundo ético e espectro eficacial jurídico. Divide-se em boa-fé objetiva e boa-fé subjetiva. A boa- fé subjetiva (prevista no código Anterior) consiste em uma situação psicológica, um estado de ânimo ou de espírito do agente que realiza determinado ato ou vivencia dada situação sem ter ciência do vício que a inquina. O psicológico acredita estar agindo conforme a lei. A boa-fé objetiva natureza consiste em uma verdadeira regra de comportamento, de fundo ético e exigibilidade jurídica. Disposto no art. 422 do cc. Não se opõe a má-fé. A função da boa-fé é: -Função interpretativa e de colmatação: o art. 113 do cc dá preferência aos negócios jurídicos para fixas as diretrizes hermenêuticas da eticidade e da solidariedade. E ne mesma linha a boa-fé serve como suporte de colmatação para orientar o magistrado em caso de integração de lacunas. - função criadora de deveres jurídicos anexos ou de proteção: a boa-fé objetiva tem importante função criadora de deveres anexos ou de proteção. - função delimitadora do exercício de direitos subjetivos: por meio da boa-fé objetiva, visa-se a evitar o exercício abusivo dos direitos subjetivos. O art. 187 cc dispõe sobre. Alguns desdobramentos da boa-fé objetiva: -Venire contra factum proprium: que significa vir contra um fato próprio. Ou seja, não é razoável admitir-se que uma pessoa pratique determinado ato ou conjunto de atos e, em seguida, realize conduta diametralmente oposta. Exemplos: 973 do cc, 320 do cc e 175 do cc. - Supressio: consiste na perda (supressão) de um direito pela falta de seu exercício razoável lapso temporal. Não é a prescrição, é um “silêncio ensurdecedor” ou seja, um comportamento omissivo tal para o exercício de um direito que o movimentar-se posterior soa incompatível com as legitimas expectativas até então geradas. -Surrectio: a perda de um direito pela sua não atuação evidente, o instituto da surrectio se configura no surgimento de um direito exigível, como decorrência lógica do comportamento de uma das partes. - Tu quoque: em situações em que se verifica um comportamento que, rompendo com o valor da confiança, surpreende uma das partes da relação negocial, colocando-a em situação de injusta desvantagem. Exemplo disso está no 180 do código civil. - Exceptio doli: consiste em um desdobramento da boa-fé objetiva que visa sancionar condutas em que o exercício do direito tenha sido realizado com o intuito, não de preservar legítimos interesses, mas, sim, de prejudicar a parte contrária. - Inalegabilidade das nulidades formais: em uma aplicação específica do venire contra factum proprium, vedando o comportamento contraditório em matéria de nulidade. - Desequilíbrio no exercício jurídico: reconhecimento da função delimitadora do exercício de direitos subjetivos, exercida pela boa-fé objetiva. - Cláusula de Stoppel: busca preservar a boa-fé e com isso a segurança das relações jurídicas no campo internacional. • Classificações do contrato UNILATERAIS: são os contratos que criam obrigações unicamente para uma das partes, como a doação pura, por exemplo. É o momento em que se forma, origina obrigação tão somente para uma das partes. EX: o comodato, o mútuo, o depósito, a fiança, etc. BILATERAIS: são aqueles contratos que geram obrigação para ambos dos contratantes. Essas obrigações são reciprocas. Ou seja, um dos contraentes se obriga a transferir o domínio de certa coisa e o outro, a pagar-lhe certo preço, em dinheiro. Ex: compra e venda. O contrato bilateral imperfeito subordina-se ao regime dos contratos unilaterais porque aquelas contraprestações não nascem com a avença, mas de fato eventual, posterior à sua formação, não sendo, assim, consequência necessária de sua celebração. PLURILATERAIS: são aqueles que possuem mais de duas partes. Na compra e venda, mesmo que haja vários vendedores e compradores, agrupam- se eles em apenas dois polos: o ativo e o passivo. Se um imóvel é locado a um grupo de pessoas, a avença continua sendo bilateral, porque todos os inquilinos encontram-se no mesmo grau. Nos contratos plurilaterais ou plúrimos, temos várias partes, como ocorre no contrato de sociedade, em que cada sócio é uma parte. Assim também nos contratos de consórcio. Uma característica dos contratos plurilaterais é a rotatividade de seus membros. GRATUITOS OU BENÉFICOS: são aqueles que só uma das partes aufere benefício ou vantagem, como sucede na doação pura, no comodato, no reconhecimento de filho etc. Para a outra há a obrigação só de sacrifício. Nesse módulo, outorgam-se vantagens a uma das partes sem exigir contraprestação da outra. ONEROSOS: Ambos dos contraentes obtêm proveito, ao qual, porém corresponde um sacrifício. São dessa espécie quando impõe um ônus e, ao mesmo tempo acarretam vantagens a ambas as partes, ou seja, sacrifícios e benefícios recíprocos. Ex: compra e venda. Um recebe a coisa e seu sacrifício seria o pagamento da coisa. COMUTATIVOS: são os de prestações certas e determinadas. As partes podem antever as vantagens e os sacríficos, que geralmente se equivalem, decorrentes de sua celebração, porque não envolvem nenhum risco. ALEATÓRIOS: é o bilateral e o oneroso em que pelo menos um dos contraentes não pode antever a vantagem que receberá, em troca da prestação fornecida. É o contrário do Comutativo, pela incerteza, para as duas partes, sobre as vantagens e sacrifícios que dele pode advir. É a perda ou lucro, depende de um fato futuro e imprevisível Significa sorte, risco, acaso. Exemplo: JOGO, APOSTA. Ps: O contrato de seguro é comutativo, porque o segurado celebra para se acobertar contra qualquer risco. É sempre aleatório, pois o pagamento ou não da indenização depende de um fato eventual. ACIDENTALMENTE ALEATÓRIOS: SÃO TIPICAMENTE COMUTATIVOS MAS EM RAZÃO DE CERTAS CIRCUNSTANCIAS SÃO ALEATÓRIOS. Tem duas espécies a) venda de coisas futuras e b) venda de coisas existentes, mas expostas ao risco. No que têm por objeto coisas futuras, o risco pode referir-se;a) a própria existência da coisa; b) à sua quantidade. PARITÁRIOS: São aqueles do tipo tradicional, em que as partes discutem livremente as condições, porque se encontram situação de igualdade (par a par). ADESÃO: são os que não permitem essa liberdade devido à preponderância da vontade de um dos contratantes, que elabora todas as cláusulas. O outro adere ao modelo de contrato previamente confeccionado, não podendo modifica-las: aceita-las ou rejeita-las, de forma pura e simples e em bloco, afastada qualquer alternativa de discussão. Exemplo: contrato de seguro, de banco, celebrados com as concessionárias de serviços públicos. Estão previamente estipuladas as cláusulas. CONTRATO TIPO: Quando uma das partes estipula as cláusulas e a outra diz se aceita os termos ou não. Podendo modifica-las/ adequá-las também. SÃO DE EXECUÇÃO INSTANTANEA OU IMEDIATA: de execução única os que se consumam num só ato, sendo cumpridos imediatamente após a sua celebração, como a compra e venda à vista, por exemplo. Cumprida a obrigação, exaurem-se. A solução se efetua de uma só vez e por prestação única, tendo por efeito a extinção cabal da obrigação DE EXECUÇÃO DIFERIDA OU RETARDADA: são os que devem ser cumpridos também em um ato só, mas em momento futuro: a entrega, em determinada data, do objeto alienado. A prestação de uma das partes não se dá imediatamente após a formação do vínculo, mas a termo. TRATO SUCESSIVO OU DE EXECUÇÃO: São os que cumprem por meio de atos reiterados. EX: compra e venda a prazo, prestação de serviços, fornecimento periódico de mercadorias, entre outros. a) Teoria da imprevisão: que permite a resolução do contrato por onerosidade excessiva, disciplinadas no art. 478 a 480, só se aplica aos contratos de execução diferida e continuada. b) Principio da simultaneidade das prestações: só se aplica aos de execução instantânea. c) Contrato de execução instantânea a nulidade ou resolução por inadimplemento reconduz as partes ao estado anterior, enquanto nos de execução continuada são respeitados os efeitos produzidos: não sendo possível coloca-los no statu quo ante d) Prescrição da ação para exigir o cumprimento das obrigações das prestações vencidas, nos contratos de trato sucessivo, começa a fluir da data de vencimento de cada prestação. PERSONALISSIMOS: são os que são celebrados em atenção às qualidades pessoais de um dos contraentes. Por essa razão, o obrigado não pode fazer-se substituir por outrem, pois essas qualidades, sejam culturais profissionais ou artísticas ou de outra espécie, tiveram influência decisiva no consentimento do outro contratante. IMPESSOAIS: são aqueles cuja prestação pode ser cumprida, indiferentemente, pelo obrigado ou por terceiro. O importante é ser realizada, pouco importando quem a executa, pois o seu objeto não requer qualidades especiais do devedor. INDIVIDUAIS: as vontades são individualmente consideradas, ainda que envolva várias pessoas. Na compra e venda, por exemplo pode uma pessoa contratar com outra ou com um grupo de pessoas. COLETIVOS: perfazem-se pelo acordo de vontades entre duas pessoas jurídicas de direito privado, representativas de categorias profissionais, sendo denominadas de convenções coletivas PRINCIPAIS: são os que têm existência própria, autônoma e não dependem, pois de qualquer outro como a compra e venda e a locação por exemplo. ACESSÓRIOS: são os que tem sua existência subordinada à do contrato principal, como a clausula penal, a fiança etc. CONTRATOS DERIVADOS: são os que têm por objeto, direitos estabelecidos em outro contrato, denominado básico ou principal (sublocação p.ex.). Têm em comum com os acessórios o fato de ambos serem dependentes de outros. SOLENES: são os contratos que devem obedecer à forma prescrita em lei para se aperfeiçoar. NÃO SOLENES: são os de forma livre. Basta consentimento para a sua formação. CONSENSUAIS: são aqueles que se formam unicamente pelo acordo de vontades, independentemente da entrega da coisa e da observância de determinada forma. Por isso, são também considerados contratos não solenes. REAIS: são os que exigem, para se aperfeiçoar, além do consentimento, a entrega da coisa que lhe serve de objeto, como os de depósito, comodato, o mutuo. Esses contratos não se formam sem a tradição da coisa. A efetiva entrega do objeto não é fase executória, porém requisito da própria constituição do ato. PRELIMINARES: é aquele que tem por objeto a celebração de um contrato definitivo. Ostenta um único objeto. DEFINITIVO: tem objetos diversos, de acordo com a natureza de cada avença. Cada contrato tem um objeto peculiar. Na compra e venda, por exemplo, as prestações que constituem o seu objeto são a entrega da coisa, por parte do vendedor e o pagamento do preço, pelo adquirente. NOMINADOS: são aqueles que tem designação própria. INOMINADOS: são aqueles que não tem denominação própria. Aqueles que não tem um nome no ordenamento jurídico. TIPICOS: são os regulados por lei, os que têm o seu perfil nela traçado. ATIPICOS: são os que resultam de um acordo de vontades, não tendo, porém as suas características e requisitos definidos regulados por leis. MISTO: resulta na combinação de um contrato típico com cláusulas criadas pela vontade dos contratantes. COLEGIADOS: não se confunde com o misto, pois constitui uma pluralidade, em que vários contratos celebrados pelas partes apresentam-se interligados. Contratos coligados são, pois, os que, embora distintos, estão ligados por uma cláusula acessória, implícita ou explícita Como exemplos de contrato coligado são também citados o celebrado pelas distribuidoras de petróleo com os exploradores de postos de gasolina, que engloba, em geral, várias avenças interligadas, como fornecimento de combustíveis, arrendamento das bombas, locação de prédios, financiamento etc.; e o contrato de transporte aéreo com concomitante seguro do passageiro. UNIÃO DE CONTRATOS: quando há contratos distintos e autônomos, apenas são realizados ao mesmo tempo ou no mesmo documento. O vínculo é meramente externo (compra da moradia e reparação de outro prédio). • Formação dos Contratos O contrato é negócio jurídico bilateral decorrente da convergência de manifestações de vontade contraposta. Exemplo: Caio manifestando o seu sério propósito de contratar, apresenta uma proposta ou oferta a Tício que após analisa-la, aquiesce ou não com ela. Caso haja aceitação, as manifestações de vontade fazem surgir o consentimento, consistente no núcleo volitivo contratual. Sempre há convergência de interesses, pois o vendedor que vender pelo preço mais alto e o comprador, comprar pelo preço mais baixo. Analisa-se que o nascimento de um contrato segue um verdadeiro iter ou processo de formação, cujo início é caracterizado pelas negociações ou tratativas preliminares – denominada fase de pontuação – até que as partes chegam a uma proposta definitiva, seguida da imprescindível aceitação. 1) Fase de pontuação (negociações preliminares) Essa fase consiste na período de negociações preliminares, antes da formação do contrato. É nesta fase que as partes discutem, ponderam e refletem, até chegar a uma proposta final e definitiva. Ninguém é obrigado a contratar. Porém, se dar início a um procedimento negociatório, é preciso observar sempre se, a depender das circunstancias do caso concreto, já não se formou uma legítima expectativa de contratar. A promessa de contrato, também denominada de pré-contrato ou contrato preliminar é aquele negócio jurídico que tem por objeto a obrigação de fazer um contrato definitivo. Exemplo:compromisso de compra e venda. Os requisitos essenciais para o contrato definitivo está nos artigos 462 à 466 do cc. 2) Proposta de contratar Consiste na oferta de contratar que uma parte faz à outra, com vistas à celebração de determinado negócio (daí, aquele que apresenta a oferta é chamado de proponente, ofertante ou policiante). Trata-se de uma declaração receptícia de vontade que, para valer e ter força vinculante, deverá ser séria e concreta, ainda que verbal. O art. 427 do cc dispõe sobre. A proposta obriga o proponente ou policiante, que não poderá voltar atrás, ressalvadas apenas exceções capituladas na própria lei (arts. 427 e 428 do cc.) O legislador reconhece a perda da eficácia cogente da oferta: a) Se o contrário (a não obrigatoriedade) resultar nos termos dela mesma: é o caso de o proponente salientar, quando a sua declaração de vontade (oferta), que reserva o direito de retratar-se ou arrepender-se de concluir o negócio. Tal possibilidade não existirá nas ofertas feitas ao consumidor, na forma da lei nº. 8.078/90 cdc. b) Se o contrário (a não obrigatoriedade) resultar da natureza do negócio: “Das chamadas propostas abertas ao público, que se consideram limitadas ao estoque existente”. Ex: quando se oferece carona, em sua moto, a pessoas de um grupo (contrato de transporte gratuito), em que a oferta somente pode ser considerada válida ao primeiro que aceitar, pela impossibilidade fática de carregar mais de um no veículo. c) Se o contrário (a não obrigatoriedade) resultar das circunstâncias do caso: optou o legislador por adotar uma dicção genérica, senão abstrata, que dará ao juiz a liberdade necessária para aferir, no caso concreto, e respeitado o princípio da razoabilidade, situação em que a proposta não poderia ser considerada obrigatória. 3) Prazo de validade da proposta O art. 428 do cc dispõe sobre o prazo e para entender precisamos definir o que se entende por pessoa presente e pessoa ausente. A pessoa presente são as que mantêm contato direto e simultâneo uma com a outra, por exemplo aquelas que negociam pessoalmente. Já as ausentes são aquelas que não mantêm contato direto e imediato entre si, aquelas que contratam por meio de carta ou telegrama. a) Se, feita sem prazo à pessoa presente, não foi imediatamente aceita – se trata de pessoas presentes, infere-se daí que a resposta ou aceitação deve ser imediata, sob pena de perda de eficácia da oferta. Nota-se que o legislador salienta considerar também presente a pessoa que contrata por telefone ou outro meio de comunicação semelhante. b) Se, feita sem prazo à pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente – a proposta é enviada, sem referência a prazo, e decorre tempo suficiente para a manifestação do aceitante, que o deixa transcorrer in albis. Interessante notar que o legislador, ao referir-se a tempo suficiente, consagrou uma expressão que encerra conceito aberto ou indeterminado, cabendo, portanto ao julgador sempre de acordo com o princípio da razoabilidade, aplicar da melhor forma a norma ao caso concreto. Como parâmetro pode o juiz, considerar suficiente o período de tempo dentro do qual, habitualmente em contratos daquela natureza, costuma-se emitir a resposta; c) Se, feita à pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado – a proposta é feira a pessoa ausente, com definição de prazo, e a aceitação não é expedida dentro do prazo dado. Ex: caio envia correspondência a ticio propondo celebração no prazo de 6 meses e se não for respondida perde a sua obrigatoriedade. d) Se antes dela (a proposta) ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do proponente – antes da proposta, ou junto com ela, chega ao conhecimento da outra parte a retratação ou o arrependimento do proponente, caso em que a oferta perderá também a sua obrigatoriedade. 4) A oferta ao público O art. 429 do cc regula a oferta ao público, consiste na proposta de contratar feita a uma coletividade. A oferta ao público equivale a proposta quando encerra os requisitos essenciais ao contrato, salvo se o contrário resultar das circunstâncias ou dos usos. 5) Consequências jurídicas da morte do proponente Se a proposta feita poder ser cumprida a posteriori, por não se tratar de prestação infungível, a sua obrigatoriedade perdurará, refletindo-se nos bens componentes do espólio desde que seja plenamente válida. 6) A aceitação A aceitação é a aquiescência a uma proposta formulada. Trata-se de uma manifestação de vontade concordante do aceitante ou oblato que adere à proposta que lhe fora apresentada. É a atuação da vontade humana que deverá ser externada sem vícios (como erro, dolo, lesão ou coação) sob pena de o negócio vir a ser anulado. Se caso a aceitação for feita fora do prazo, com adições, modificações ou restrições importará em nova proposta. O Art. 432 do cc dispõe que a aceitação poderá ser expressa ou tacitamente. 7) Formação dos contratos entre ausentes A doutrina criou 2 teorias: a) teoria da cognição (o contrato entre ausentes somente se consideraria formado quando a resposta do aceitante chegasse ao conhecimento do proponente); b) teoria da agnição (dispensa-se que a resposta chegue ao conhecimento do proponente) Esta segunda teoria se subdivide em 3: b.1- Declaração propriamente dita (contrato se formaria no momento em que o aceitante redige ou digita a sua resposta). b.2- Expedição – considera formado o contrato, no momento em que a resposta é expedida. b.3- recepção – reputa celebrado o negócio no instante em que o proponente recebe a resposta. O art. 434 do cc trata da subteoria da expedição. 8) A proposta no código de defesa do consumidor 9) Lugar da formação do contrato No art. 435 do cc dispõe que o contrato reputa-se celebrado no lugar em que foi proposto. Essa regra não cabe no caso da contratação eletrônica por exemplo, nem sempre esta regra poderá ser aplicada com a devida segurança, considerando- se a frequente dificuldade de se precisar o local de onde partiu a proposta. A partir disso que os sites de contratação passam um formulário para o consumidor preencher. A lei modelo da UNCITRAL estabelece em seu art. 15, parágrafo 4º que uma declaração eletrônica considerará expedida e recebida no lugar onde o remetente e o destinatário tenham seu estabelecimento. • Interpretação dos contratos “É buscar qual é alcance/objetivo do contrato entendendo seus efeitos.” As cláusulas claras também são interpretadas de forma literária. Analisa-se todo o contexto entre as partes. “É pela interpretação que se determina o alcance, o sentido da atuação e a reconstrução do âmbito da regra que os particulares realizam. É com base nos resultados interpretativos que se produzirão os efeitos do negócio jurídico.” O art. 112 do cc a expressão nelas significa nas declarações. Há uma divergência entre o que é pensado (subjetivo) e o que é exteriorizado (objetivo). (são ao mesmo tempo declarante e declaratário). Assim, surgiram algumas teses da interpretação. 1) Teoria da vontade – SAVIGNY Essa teoria enaltece a vontade interna, sendo a declaração da vontade é apenas um reflexo daquela intenção. Na discordância entre o querido e o declarado, prevalece a intenção. PREVALECE O INTERIOR. 2) Teoria da declaração A vontade psicológica não pode ser constatada, por se encontrar na esfera intima de cada um. A declaração torna-se a única realidade objetiva posta na relação e essa declaração é a única possível de ser captadapor todos. O QUE É DECLARADO, O SUBJETIVO NÃO CONTA. 3) Teoria da responsabilidade Para esta teoria permanece a ideia da prevalência da intenção do declarante, no entanto, impõe-se ao declarante a responsabilidade de ser honesto, seria na hora de emitir sua vontade, sendo que em havendo a violação desse dever de diligência pelo declarante acarretará a validade do ato mesmo que a declaração não reflita o seu querer verdadeiro. ELA PONDERA A TEORIA DA VONTADE. 4) Teoria da confiança Para essa teoria não se leva em consideração o comportamento do declarante, mas o comportamento e expectativa do declaratário. A declaração permanece como elemento decisivo no confronto com a vontade do declarante. Mas a novidade, consiste no fato de que a validade do negócio jurídico exigir a boa-fé do destinatário que ignora a situação psicológica do declarante e confia na declaração pelo comportamento exteriorizado pelo declarante e pelo significado social da sua conduta. Pode até gerar a invalidade do Negócio, se tiver a má-fé. Elementos Fundantes: vontade = aspecto subjetivo (interno) Declaração = aspecto objetivo (externo) O ideal é que a vontade de declarar corresponda com a vontade declarada. - A posição que foi adotada pelo CC/02 é a teoria da confiança (não importa só o literal mas sim olhar para o contexto social). Há a interpretação declaratória e a interpretação integrativa. a) A declaratória: temos nas hipóteses representadas por clausulas. O que está no contrato declarado, principalmente, aplica-se o art. 112 cc – interpretação. As partes pensam nas possibilidades e colocam no contrato. Se caso o contrato for omisso, as partes buscam no judiciário e juiz busca uma INTERPRETAÇÃO INTEGRATIVA (previsto no art. 113 cc, baseando-se na boa- fé e nos bons constumes) e determina um novo índice de contratação. USuS (costume nasce da reiteração espontânea de um comportamento e que, de um modo ou de outro acaba por influenciar e até mesmo vincular as condutas de cada uma das partes envolvidas no meio sócio –cultural em um dado momento histórico. Tendo que ser OPE LEGIS – conforme a lei) Os negócios jurídicos benéficos – negócios gratuitos sem contraprestação. Fiança se enquadra aqui. Contrato + renúncia. Interpretação Restritiva vai ser restritiva à vontade do autor. Contrato de renúncia - Na doação pura e simples se não renunciar entende- se que aceitou tacitamente. Comportamento compludente – não se dá através da linguagem, mas sim uma conduta/comportamento. Através das maneiras tácitas exemplos: pagar boleto Como que se interpreta o contrato de adesão? Art. 423 do cc – sempre interpretação mais benéfica para o consumidor A interpretação dos contratos de trabalho também se utiliza-se da interpretação mais benéfica para a classe social, com o fito de se obter melhores condições de vida, orientando-se pelo princípio da hipossuficiência. “Regras de interpretação de contratos e convenções: a) Nas convenções deve se indagar qual foi a vontade objetiva consensual dos contratantes; b) Quando uma clausula for suscetível de 2 sentidos deve-se interpretá-la da maneira que possa gerar alguns efeitos com atendimento do princípio da conservação do negócio jurídico/ contratos; c) Quando em um contrato os termos utilizados são suscetíveis a 2 sentidos realizáveis deve se interpretar no sentido que mais se amolda à natureza do contrato; d) Quando um contrato se mostra ambíguo ou omisso deve ser interpretado de acordo com os usos e costumes do local; e) Uma cláusula deve ser interpretada pelas outras do mesmo instrumento; f) Quando for objeto do contrato uma universalidade de coisas compreende-se que todas as coisas particulares que compõe aquela universalidade estão abrangidas naquele contrato.” • Das Estipulações contratuais em relação a terceiros A regra geral é que os contratos só geram efeitos entre as partes contratantes, porém há exceções. Há 3 modalidades de estipulações contratuais que afetam terceiros: - estipulação em favor de terceiro; - promessa de fato de terceiro; - contrato com a pessoa a declarar. 1) Estipulação em favor de terceiro Os artigos 436 a 438 do cc dispõe sobre. A estipulação em favor de terceiro origina-se da declaração acorde do estipulante (pessoa que estabelece uma obrigação) e do promitente (aquele que se compromete em realizar uma prestação em favor/ beneficio de um terceiro indicado pelo estipulante) com a finalidade de instituir um iuris vinculum mas com a peculiaridade de estabelecer obrigação de o devedor prestar em benefício (patrimonial) de uma terceira pessoa, a qual não obstante ser estranha ao contrato, se torna credora do promitente. a) Efeitos: o principal efeito desta modalidade é a possibilidade de exigibilidade da obrigação tanto pelo estipulante quanto pelo terceiro. Somente se o terceiro anuir que será valido (art. 436 do cc). b) Há dois requisitos: 1º existência de terceiros; 2º que exista um benefício patrimonial para terceiro. O BENEFICIARIO NÃO É PARTE, PORTANTO NÃO É NECESSÁRIA SUA CAPACIDADE, PODENDO SER UM NASCITURO, CRIANÇA, ETC. Art. 437 cc – se torna irretratável, a partir do momento que aceitar; Art. 438 cc – pode ser alterado o beneficiário antes de ocorrer o sinistro. Antes da aceitação, pode alterar valor e beneficiário. 2) Promessa de fato de terceiro Trata-se de um negócio jurídico em que a prestação acertada não é exigida do estipulante, mas sim de um terceiro, estranho à relação jurídica obrigacional, o que também flexibiliza o princípio da relatividade subjetiva dos efeitos do contrato. Quando alguém promete que o 3º cumprirá a obrigação. Partes: promitente – é aquele que garante um fato alheio, ou seja, o promitente assume uma obrigação de fazer, consistente na obtenção de concordância do terceiro; promissário – é aquela que irá receber os benefícios do fato praticado pelo terceiro, caso esse terceiro concorde e vincule-se. Caso o 3º não concorde e não se vincule com o que foi prometido pelo promitente, promissário terá direito a ser indenizado por perdas e danos. Exemplo: Caio promete a tício que irá trazer um cantor famoso para tocar na formatura. Caso ele não trazer, caio irá pagar a indenização, art. Base 439 do cc. Porém se caso os cantores aceitarem tocar na formatura, Caio não irá pagar indenização, base art. 440 do cc. Pois, são duas relações jurídicas. Há a exclusão de responsabilidade do 439 do cc, que fala “responsabilidade não existirá se o terceiro for cônjuge do promitente, dependendo da sua anuência o ato a ser praticado, e desde que, pelo regime do casamente, a indenização, de algum modo, venha a recair sobre os seus bens.” Seria o exemplo: Caio promete a Tício que sua esposa (esposa de caio) cantará na formatura. 3) Contrato com a pessoa a declarar Trata-se de figura contratual onde uma das partes se reserva a faculdade de designar uma outra pessoa (3º) que assume a sua posição na relação contratual, como se o contrato tivesse sido celebrado com esta ultima pessoa. Partes: - estipulante – pactua a sua eventual e futura substituição, reservando para si a indicação de um nome (3º) e o promitente; - promitente - é a parte que se compromete com o estipulante em reconhecer o nome que foi então indicado. O prazo para estipular o 3º é de cinco dias. (art. 468 cc). Exigindo uma aceitação do terceiro da mesma forma (expressamente ou tacitamente) que as partes usaram para o contrato. Uma promessa de prestação de fato de terceiro, que titularizará os direitos e obrigações decorrentesdo negócio, caso aceite a indicação realizada, o que se dará ex tunc à celebração do negócio (art. 469 cc) A própria lei ressalva hipóteses em que o contrato será eficaz apenas entre os contratantes originários (art. 470 e 471 do cc): a) Se não houver indicação de pessoa, ou se o nomeado se recusar a aceita- la; b) Se a pessoa nomeada era insolvente, e a outra pessoa o desconhecia no momento da aceitação c) Se a pessoa a nomear era incapaz ou insolvente no momento da nomeação. . Há dois requisitos: a) requisito de validade – capacidade e legitimidade das partes; b) a nomeação desse 3º deve ser pura e simples de forma que este indicado integre o contrato em iguais condições que estipulante integrava. O 3º ingressa em direitos e obrigações. Não se pode confundir o contrato com pessoa a declarar com a figura jurídica da cessão de posição contratual. Visto que o contrato com a pessoa a declarar, a faculdade de indicação já vem prevista originariamente, podendo, inclusive, nunca ser exercida; na cessão da posição de contrato, por sua vez, não ocorre necessariamente estipulação prévia da faculdade de substituição.
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