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Filosofia da Educação Brasileira

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Filosofia da Educação Brasileira
Aula 1: Filosofia da educação
Para compreendermos os diferentes tipos de conhecimento produzidos historicamente pela humanidade, será necessário partirmos de uma compreensão da relação do homem com a natureza, ou seja, entendermos como a natureza humana é produzida. Segundo o materialismo histórico e materialismodialético de Karl Marx, a relação homem-natureza é mediada pelo trabalho, como ato intencional do homem em produzir as condições materiais e não-materiais (a cultura, o saber, o conhecimento) da sua existência.
A natureza não oferece gratuitamente as condições necessárias para o homem sobreviver, por isso ele necessita retornar à natureza e retirar da mesma as condições necessárias que garantam a sua existência.
Para tanto, o homem antecipa em seu pensamento a sua ação. Assim, retorna à natureza transformando-a segundo seus interesses e necessidades. Tal transformação provoca o fenômeno da humanização da natureza, ou seja, o espaço natural é transformado em espaço artificial, criando o mundo da cultura. Ao transformar intencionalmente a natureza o homem se transforma, ou seja, ocorre o fenômeno da naturalização do homem. Em outras palavras, a natureza, que era algo desconhecido, passa a ser conhecida de diferentes formas. Na próxima tela, vamos ver os diferentes tipos de conhecimento decorrentes dessa relação e produzidos historicamente pela humanidade.
O conhecimento mítico 
É um conhecimento intuitivo da realidade que dispensa argumentos e fundamentações. Decorre da tradição cultural de um povo, não é datado, não tem autoria, não se justifica, não se fundamenta e não se coloca ao 
questionamento. Portanto, pressupõe a adesão e a aceitação por parte do indivíduo.
O Senso Comum
É considerado como a primeira forma de compreensão do mundo resultante da herança cultural de um povo ou de uma civilização. Descreve as crenças e proposições de forma natural sem que haja uma investigação rigorosa para as mesmas. Em outras palavras, é um conhecimento espontâneo do cotidiano sem o crivo da análise crítica. Se expressa geralmente através do ditado popular: “água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”; “aonde há fumaça, há fogo” e etc.
O Conhecimento Científico
É um conhecimento sistemático, lógico, rigoroso e metódico. Para tanto, obedece a um conjunto de princípios, determinados pela razão, na sua forma e no seu conteúdo, a fim de orientar a pesquisa científica acerca de um determinado fenômeno. Em outras palavras, a ciência se esforça para descobrir como a realidade funciona. Assim, pretende oferecer as condições necessárias para o controle racional de um determinado fenômeno, seja ele, natural ou histórico. As verdades gerais ou operações de leis gerais, produzidas pelo conhecimento científico, são obtidas e verificadas pelo método científico utilizado.
O Conhecimento Artístico
É um conhecimento intuitivo da realidade ou do mundo tendo a imaginação  como mediadora entre o percebido e o pensado, ou seja, possibilita outras formas de compreensão da
Origens da filosofia
O pensamento filosófico-científico surgiu na Grécia Antiga por volta do século VI a.C. Os primeirosfilósofos tinham por finalidade explicar racionalmente a natureza a partir dos fenômenos naturais. Ou seja, a explicação da natureza se encontra na própria natureza e não no sobrenatural, como é característico do pensamento mítico-religioso. O período do humanismo clássico na Filosofia é inaugurado por Sócrates por ter introduzido na filosofia questões referentes à natureza humana, tais como: a ética, a política e a problemática do conhecimento. Neste período destacam-se também os filósofos Platão e Aristóteles (séc. IV a.C.), como também, os sofistas.
Áreas de investigação filosófica
Nesta tela, vamos destacar algumas áreas importantes de investigação da filosofia. Vamos lá?
	Lógica
	Investiga as condições da validade dos argumentos e elabora as regras do pensamento correto.
	Metafísica (ou ontologia)
	Estuda o ‘ser enquanto ser’, isto é, o ser independentemente de suas determinações particulares; estudo do ser absoluto e dos principais princípios.
	Teoria do Conhecimento
	Estuda as relações entre sujeito do conhecimento e objeto do conhecimento no ato de conhecer.
	 Epistemologia
	Analisa criticamente a forma e o conteúdo do conhecimento científico.
	Axiologia
	Desenvolve uma reflexão rigorosa sobre a natureza e as características dos valores éticos, estéticos, políticos, religiosos, pragmáticos e etc.
	Ética
	Analisa de forma sistemática e rigorosa as noções, os princípios e os fins que fundamentam a vida moral.
	Estética
	Reflete sobre os princípios, os meios, a produção e a recepção estética da obra da arte.
	 Filosofia Política
	Se propõe a compreender criticamente sobre o poder entre os cidadãos, a sociedade e o estado, como também, avalia as formas dos regimes políticos e as finalidades da política.
	Filosofia da Linguagem
	Reflete sobre a natureza da linguagem, os sentidos dos signos e proposições lingüísticas. Busca compreender a linguagem como elemento estruturador que explica a relação do homem com a natureza.
	Filosofia da Educação
	Analisa criticamente a natureza e a especificidade da educação, os procedimentos utilizados no processo de ensino-aprendizagem, a estrutura e o funcionamento de ensino de um determinado contexto histórico-social.
Partindo do princípio da Filosofia da Educação como sendo a fundamentação teórica e crítica do conhecimento e da prática educativa, podemos afirmar que sua preocupação está em compreender, de forma crítica, a natureza e a especificidade de educação. Assim, teremos como estabelecer o que é, como é e para que é: ensinar, aprender, alfabetizar, avaliar e etc., ou seja, teremos como determinar pelo pensamento quais os princípios que alicerçam determinadas práticas educativas. Tal preocupação visa superar o espontaneísmo pedagógico e assim determinar pelo pensamento um conjunto organizado e coerente com fins a serem alcançados. Portanto, seu trabalho está em avaliar os currículos, as técnicas e os métodos de ensino-aprendizagem, para que seja possível julgar se são ou não adequados aos fins a que se propõem.
A filosofia da Educação se preocupa em compreender, de forma crítica, a natureza e a especificidade da educação. Desta forma, é possível determinar pelo pensamento quais princípios alicerçam determinadas práticas educativas.
	
	
	
	
	Compreendemos a educação como um fenômeno humano. Tal fenômeno decorre da relação que o homem estabelece com a natureza mediada pelo trabalho. O Ser humano ao produzir as condições materiais e não-materiais de sua existência, sente a necessidade de transmitir para as futuras gerações suas experiências e conhecimentos e, o fará, através da educação.
	
	
	
	
	
	
	
	
	 Segundo o educador brasileiro, José Carlos Libâneo, “educar (em latim, educare) é conduzir de um estado a outro, é modificar numa certa direção o que é suscetível de educação. O ato pedagógico pode, então, ser definido como uma atividade sistemática de interação entre seres sociais, tanto no nível intrapessoal como no nível da influência do meio, interação essa que se configura numa ação exercida sobre sujeitos ou grupos de sujeitos visando provocar mudanças tão eficazes que os tornem elementos ativos desta própria ação exercida”.
	
	
	
	
	
	Sendo assim, não podemos compreender a educação como mera transmissão dos conhecimentos historicamente produzidos e acumulados pela humanidade, mas como um instrumento crítico da produção humana, ou seja, deve possibilitar a reflexão crítica da cultura. Do exposto acima, podemos inferir que a Pedagogia é a ciência que tem por finalidade a reflexão, a ordenação, a sistematização e a crítica do processo educativo na sua forma e no seu conteúdo. Na cultura ocidental podemos afirmar que foram quatro as perspectivas que se construíram desde a antiguidade até a atualidade. Veja quais são na próxima tela:a) Pedagogia essencialista - baseia-se em modelos universais do ser humano, como por exemplo: “os homens são essencialmente iguais”;
b) Pedagogia existencialista - baseia-se no princípio universal de que “os homens são essencialmente diferentes”, fazendo uma defesa em torno das diferenças individuais;
c) Pedagogias cientificistas - visam garantir a cientificidade do pensamento e da prática pedagógica com a finalidade de aumentar a produtividade no campo educacional;
d) Pedagogias dialéticas - refletem criticamente sobre as contradições do processo ensino-aprendizagem a partir dos contextos históricos e sociais em que são produzidos a fim de possibilitar a superação das relações de poder e dominação, como também, promover a emancipação do homem em seu conjunto.
As considerações da tela anterior nos permitem apontar para a necessidade de uma formação específica para o educador em nossa sociedade, pois o professor assume um papel político e pedagógico. Primeiro por ter a função de formar o cidadão da sociedade e segundo que seu trabalho deve ser sistematizado e não desenvolvido de forma casual e espontânea.
Para tanto, devemos considerar para o exercício da docência três aspectos:
a) a necessidade de adquirir conhecimento científico e saberes pedagógicos para o ensino de um conteúdo específico;
b) a superação do senso comum compreendendo a atividade educativa como uma atividade sistemática visando à transformação de uma realidade social concreta;
c) a formação ética como um dos pilares centrais da formação e da prática educativa.
Aula 2: Natureza humana, cultura e educação
Natureza humana, cultura e educação
	
	
	
	
	Nesta aula, teremos a preocupação de compreender o processo de formação da natureza humana e evidenciar algumas contradições existentes em nosso cotidiano acerca desta questão. Além disso, estabeleceremos a relação entre cultura e educação, como também, buscaremos compreender as diferenças conceituais e os tipos de cultura. Para tanto, algumas questões são fundamentais para o nosso estudo, tais como:
	
Natureza Humana: uma temática central para a prática educativa
Se pararmos para pensar e observar o comportamento humano em nosso cotidiano, não teremos dificuldades para identificar um conjunto de ideias, normas, valores, princípios e etc., que expressam compreensões contraditórias em nosso cotidiano no que se refere à natureza humana e que orientam a nossa forma de pensar, falar e agir. Vejamos, abaixo, dois exemplos:
É comum afirmarmos que “Rosa é uma mulher desnaturada, por não dedicar o seu tempo e carinho aos seus filhos”, ou então, que “As mulheres são naturalmente frágeis por serem capazes de gerar outro ser”;
é frequente a afirmativa que determinadas funções no mundo do trabalho e da produção são específicas para os homens por serem fortes e guerreiros, enquanto outras tarefas, são específicas para as mulheres por serem frágeis, dóceis, amáveis e sensíveis.
Tais exemplos expressam a ideia de que a natureza humana é algo dado naturalmente ao ser humano, ou seja, que ela é necessária e universal. Vejamos agora algumas contradições expressas nos exemplos citados anteriormente: 
  a) no primeiro exemplo, a afirmativa que é da natureza da mulher cuidar de sua cria não se sustenta. Pois em algumas culturas tal responsabilidade é entregue à irmã do pai ou à irmã da mãe que tem como responsabilidade a vida e a educação da criança.
b) no segundo exemplo, encontraremos culturas que compreendem a mulher como um ser impuro e não deve ocupar-se com a lavoura e os afazeres domésticos (tarefas reservadas ao homem), cabendo-lhes a tarefa de guerrear e comandar a comunidade a que pertence.
Sendo assim, o caráter universal não pode ser aplicado, ou seja, a natureza humana não é algo naturalmente dado ao ser humano, mas decorre de como uma determinada cultura ou povo estabelece princípios para as relações humanas e sociais. Segundo a filósofa Marilena Chauí:
“(...) a natureza teria feito o gênero humano universal e as espécies humanas particulares, de modo que certos sentimentos, comportamentos, idéias e valores seriam os mesmos para todo o gênero humano (seriam naturais para todos os seres humanos) enquanto outros variariam para cada espécie (ou sexo, ou raça, ou tipo, ou grupo, ou classe social)”.
Entendemos que a natureza humana não é algo dado, mas é um produto histórico, social e cultural da humanidade. Portanto, a nossa condição de ser, existir, pensar, falar, agir, valorar e etc., é obra de homens e mulheres produzindo o que denominamos de cultura num sentido amplo. Feitos alguns apontamentos sobre a natureza humana, podemos colocar algumas questões para refletirmos sobre o exercício da nossa profissão na área da educação, tais como: 
Como profissionais da área da educação, nós compreenderemos o aluno como um indivíduo “em-si” ou o veremos como um ser histórico-social e cultural?
b) Se optarmos pela dimensão histórico-social, pergunta-se: que saberes ou conhecimentos serão necessários para dialogarmos com os nossos alunos diante da sua e da nossa capacidade de se expressar e agir diante do mundo em que vivemos?
c) Em que sentido a Filosofia e, mais especificamente falando, a Filosofia da Educação, poderá nos ajudar nessa relação de diálogo com o outro?
d) A questão da natureza humana deve ser considerada para pensarmos e definirmos os conteúdos, as estratégias e a organização dos sistemas de ensino? Justifique sua resposta.
Em busca de uma definição de cultura:
Iniciemos a nossa compreensão pela etimologia da palavra. Cultura vem do verbo “cólere” e exprime a idéia de amanhar, cuidar e revolver a terra, com a finalidade de fertilizá-la e semear a boa semente para que se produza mais e melhor. Em sua origem refere-se à atividade agrícola e compreende o cultivo ao solo e os vegetais no solo. Contudo, ao longo da história da humanidade a palavra cultura foi ganhando outros significados.
Cultura Erudita
Também conhecida como alta cultura ou cultura de elite por resultar da atividade intelectual de pesquisadores nas mais diferentes áreas do conhecimento em nossa sociedade. Sua produção resulta em mudanças ou rupturas significativas na forma de pensar e agir de uma determinada época se constituindo como obras clássicas.
Cultura Popular
Consiste na produção anônima de um conjunto de princípios, normas, valores e expressões de um determinado grupo ou classe em um determinado tempo e espaço.
Cultura de Massa
Resultante dos meios de comunicação na sociedade moderna, tais como: o cinema, o rádio, a televisão, o vídeo, a imprensa, que alcançam um número expressivo de pessoas pertencentes a classes sociais distintas e com formação diferenciada.
Cultura popular individualizada
Se opõe aos três tipos de cultura acima e expressa a produção de escritores, compositores, artistas plásticos e etc. que não habitam e produzem nos centros de pesquisa ou nas universidades.
Etnocentrismo e Multiculturalismo
Para compreendermos o embate entre etnocentrismo e multiculturalismo é importante enfatizarmos que o processo de desenvolvimento do capitalismo comercial, com o desenvolvimento das grandes navegações a partir do século XV, promoveu a dominação política, econômica e cultural do europeu sobre os nativos na América e África, com a implantação dos sistemas coloniais submetidos à metrópole. A dominação e expansão européia e, mais especificamente, do capitalismo como sistema de dominação e exploração, que resultaram em um enriquecimento significativo por parte dos dominantes sobre os dominados, marca profundamente o neocolonialismo dos séculos XIX e XX na Ásia, África e Austrália.
 Esses processos históricos de dominação, acabam revelando a imposição arbitrária de uma cultura sobre a outra, como sendo uma superior e a outra inferior. Estamos nos referindo a doutrina do etnocentrismo, que expressou e expressa a visão de mundo do branco dominante sobre os demais grupos étnicos dominados.
Em oposição a essa visão etnocêntrica, vai se desenvolver no séculoXX a doutrina do multiculturalismo ou pluralismo cultura. Multiculturalismo é um termo que procura descrever a existência de muitas culturais em uma determinada localidade, cidade ou país, sem que haja a dominação de uma sobre a outra. A doutrina multiculturalista defende que as culturas minoritárias (negros, índios, mulheres, homossexuais, entre outras) foram historicamente discriminadas e vistas como movimentos particulares. Sendo assim, o multiculturalismo reivindica que tais culturas tenham reconhecimento tanto na sociedade civil quanto no aparelho do Estado com a proteção legal e a adoção de políticas multiculturais de reconhecimento da diversidade existente.
Multiculturalismo é um termo que
procura descrever a existência de muitas culturais em uma determinada localidade, cidade ou país, sem que haja a dominação de uma sobre a outra.
Em oposição a essa visão etnocêntrica, vai se desenvolver no século XX a doutrina do multiculturalismo ou pluralismo cultura. Multiculturalismo é um termo que procura descrever a existência de muitas culturais em uma determinada localidade, cidade ou país, sem que haja a dominação de uma sobre a outra. A doutrina multiculturalista defende que as culturas minoritárias (negros, índios, mulheres, homossexuais, entre outras) foram historicamente discriminadas e vistas como movimentos particulares. Sendo assim, o multiculturalismo reivindica que tais culturas tenham reconhecimento tanto na sociedade civil quanto no aparelho do Estado com a proteção legal e a adoção de políticas multiculturais de reconhecimento da diversidade existente.
A educação é um fenômeno humano decorrente da relação do homem com a natureza mediada pelo trabalho, portanto, ela é uma exigência do e para o processo do trabalho, como ela própria é um processo de trabalho.
Dessa mediação resulta tanto a produção material quanto a não-material da existência humana, portanto, a educação se situa no plano não-material por ter como finalidade garantir a transmissão/assimilação do acervo cultural produzido historicamente pela humanidade.
De acordo com Dermeval Saviani, a educação enquanto trabalho não-material, tem uma peculiaridade: o ato da produção educativa não se separa do ato do consumo, ou seja, ao mesmo tempo em que a aula é produzida pelo professor ela é consumida pelo aluno.
Além disso, é importante entendermos que o ato educativo tem por finalidade produzir um habitus, ou seja, uma segunda natureza como sendo algo irreversível. Um bom exemplo disto é, que depois sermos alfabetizados, não seremos mais capazes de nos imaginarmos vivendo sem ler e escrever.
Sendo a educação parte da cultura, ela é um dos mecanismos utilizados para a transmissão/assimilação e manutenção/transformação da mesma. Portanto, não é possível falarmos de uma, sem considerarmos a outra.
Dos conceitos de cultura e tipos de cultura trabalhados nessa aula, reflita sobre as seguintes questões:
a) a cultura do aluno é inferior à cultura do professor?
b) qual concepção de cultura está implícita nos livros didáticos que escolhemos para trabalharmos com nossos alunos?
c) qual a concepção de cultura que perpassa as políticas educacionais e os projetos político-pedagógicos das instituições de ensino?
Multiculturalismo/Pluriculturalidade e os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN´s)
Tradicionalmente a história da educação brasileira demonstra que prevaleceu na política educacional, curricular e nos livros didáticos uma perspectiva eurocêntrica e etnocêntrica. Contudo, o desenvolvimento da cultura urbano-industrial em nosso país, a partir da década de 60/70, materializou relações mais complexas de organização social e política, abrindo espaço para uma série de debates que apontam para a necessidade da adoção de políticas multiculturais ou pluriculturais.
A professora e pesquisadora Maria Elena Vieira Souza nos chama a atenção que um dos temas transversais presentes nos Parâmetros Curriculares Nacionais, editado pelo governo brasileiro, diz respeito ao pluralismo cultural e enfatiza que tal temática não pode ser desenvolvida sem que se considere a concepção de alteridade.
Saiba um pouco mais sobre o assunto...
Existe a necessidade de incorporar tal discussão nos cursos de formação dos professores que possibilite uma formação voltada para os aspectos pluriculturais, visto que o Brasil é um país que apresenta uma grade diversidade étnica, portanto, multi/pluricultural.
Aula 3: Educação – Trabalho, Alienação e Ideologia
Na aula anterior conceituamos o trabalho como sendo ato intencional do homem com a finalidade de produzir os bens materiais e não-materiais da existência humana. Portanto, estamos entendendo o trabalho num sentido amplo, ou seja, como atividade prática e teórica. Para entendermos a problemática do trabalho, iremos apresentar brevemente a relação histórica entre trabalho e educação.
Trabalho e Educação: um breve histórico:
No modo de produção comunal, homens e mulheres produziam sua existência em comum e se educavam neste processo. Ao se relacionarem com a terra, com a natureza, estabeleciam relações entre si e se educavam.
A partir do momento em que o homem se fixa na terra, estabelece novas relações de poder e de produção, ou seja, define a terra como propriedade privada e acaba promovendo a divisão social de classes: a dos proprietários e dos não-proprietários de terra.
Esta divisão abriu a possibilidade de se estabelecer uma educação diferenciada, ou seja, uma educação formal para os que viviam doócio – os proprietários de terra – e uma educação que se dava no próprio processo de trabalho manual, com o manuseio físico da matéria, dos objetos, da realidade e da natureza. Este tipo de educação é característico da Grécia e Roma na antiguidade
Na Idade Média, os homens viviam no campo e do campo e o trabalho característico desta época é o trabalho servil. Tendo uma sociedade estratificada em classes sociais composta pelos senhores feudais (clero e nobreza) e pelos trabalhadores (servos ou vassalos), estrutura um modelo de educação diferenciada.
A classe dominante preocupava-se em ocupar o ócio com dignidade através de atividades consideradas nobres e não com atividades consideradas indignas (como é o caso do trabalho manual).
A classe dominante ao se preocupar com as atividades de guerra centrava a educação na formação da cavalaria, envolvendo dois pontos fundamentais: o da arte militar e o da vida aristocrática.
O trabalho como categoria fundante do ser social:
Para compreendermos esta temática, evidenciaremos duas questões fundamentais:
a) o que diferencia o ser social da natureza?
b) qual o conteúdo que constitui a origem do mundo dos homens para além da natureza?
Além disso, vale ressaltar que estamos vivendo um processo de mercantilização das relações humanas em geral, como por exemplo: a mercantilização da fé, da política, do lazer (como é o caso da indústria de entretenimento), do corpo, da vida privada (veja o caso dos realit shows e da exposição de cada um através da internet) e etc.
Atrelado a isto, vivenciamos uma lógica baseada na produtividade do ser humano como um ser eficiente, flexível e condena-se todo e qualquer tipo de ociosidade. Se o ócio era motivo de status na Antigüidade e na Idade Média ele é condenado na sociedade moderna. Tanto que, aquele que não trabalha ou produz é visto como malandro, vagabundo, indolente, preguiçoso, marginal.
Alienação e Ideologia
Conceitos importantes sobre alienação e ideologia...
Alienação: É vista por Marx como o fato econômico principal de sua época, da seguinte forma: “O trabalhador torna-se tanto mais pobre quanto mais riqueza produz, quanto mais a sua produção aumenta em poder e extensão. O trabalhador torna-se uma mercadoria tanto mais barata, quanto maior número de bens produz. Com a valorização do mundo das coisas, aumenta em proporção direta a desvalorização do mundo dos homens. O trabalho não produz apenas mercadoria; produz-se também a si mesmo e ao trabalhador como uma mercadoria, e justamente namesma proporção com que produz bens” (Manuscritos Econômico-Filosóficos, p.111).
Ideologia: Pesquise sobre a obra de Marx: A Ideologia Alemã – teses sobre Feuerbach. O texto aqui apresentado é inspirado no capítulo: Marx e a crítica da Ideologia do livro História da Filosofia – dos pré-socráticos à Wittgenstein de Danilo Marcondes. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor; 1998: págs. 230-31
Alienação vem do latim alienus, que veio dar na palavra “alheio”, significando “o que pertence a um outro”. Tanto que no campo do direito é compreendido como ato de transferência de posse ou do direito de propriedade de alguma coisa para outrem, seja por doação ou por venda.
Já na psiquiatria é sinônimo de doença mental grave, ou seja, a perda da noção quer da identidade pessoal quer da realidade a qual o indivíduo esteja inserido.
Na filosofia o termo Alienação foi introduzido por Hegel e retomado posteriormente por Feuerbach e por Marx no século XIX. Tal temática no século XX foi abordada por pensadores como: Luckács, Marcuse e Sartre.
No sentido que lhe é dado por Marx, a alienação é a ação pela qual um indivíduo, um grupo, uma instituição ou uma sociedade se tornam ou permanecem alheios aos resultados ou produtos de sua própria atividade e da natureza na qual vivem os seres humanos. 
Na sociedade urbano-industrial em que prevalecem as relações de dominação e exploração da força de trabalho, que introduziu o fenômeno da divisão social do trabalho, criando a especialização, o trabalhador se encontra alienado por perder o controle e o domínio daquilo que produz, ou seja, o produto do trabalho encontra-se separado, alienado de quem produziu.
Passemos agora para a compreensão da ideologia. Este termo tem sua origem na obra “Lês élement de l´idéologie”, do francês Antoine Destutt de Tracy, que tinha como proposta formular uma ciência das idéias com a finalidade de examinar a origem e o processo de formação das idéias no homem.
Marx é o primeiro pensador a tratar a problemática da ideologia do ponto de vista filosófico.
 De acordo com ele, a ideologia tem um sentido negativo, ou seja, de mascaramento ou falseamento da realidade, de uma realidade opressora, que faz com que seu caráter negativo seja ocultado -, tornando-se assim mais aceitável a ter uma justificativa aparente. Portanto, se constitui como mais uma forma de dominação e decorre de uma estrutura social desigual.
Sendo assim, a ideologia é uma falsa consciência ou uma consciência ilusória cujo papel é o de criar uma visão aparente da realidade, objetificando as representações da classe dominante como correspondentes à realidade, ou seja, tornar os princípios dominantes como algo natural e impedir a compreensão  histórica de tais princípios no plano da consciência.
Em uma de suas teses Marx afirma: “As idéias da classe dominante são, em cada época, as idéias dominantes, isto é, a classe que é a força dominante da sociedade é, ao mesmo tempo, sua força espiritual dominante. A classe que tem à sua disposição os meios de produção material dispõe, ao mesmo tempo, dos meios de produção espiritual,  o que faz com que a ela sejam submetidas (...) as idéias daqueles aos quais faltam os meios de produção espiritual. As idéias dominantes nada mais são do que a expressão ideal das relações materiais dominantes concebidas como idéias; portanto, a expressão das relações que tornam uma classe a classe dominante; portanto, as idéias de sua dominação”.
Mediante a problemática da ideologia, Marx propõe uma filosofia crítica que tem por finalidade revelar o processo pelo qual a ideologia se produz, ou seja, serviria como desmascaramento da mesma.
Por fim, podemos considerar que: em uma sociedade em que prevalece a divisão social de classes, a divisão do trabalho, as relações de dominação e exploração da força de trabalho, a alienação e a ideologia são fatores que também se fazem presentes em modelos educativos que visam reproduzir tais relações.
É comum em nosso cotidiano afirmações tais como:
- o espaço escolar é neutro e a educação é apolítica;
- ser professor ou um profissional da área da educação é um dom, uma dádiva, uma vocação, ou seja, o professor é alguém provido de uma natureza pré-determinada por um Ser Superior;
- o professor deve ser neutro e objetivo diante do processo de ensino-aprendizagem.
Essas compreensões não se sustentam tanto do ponto de vista histórico quando do ponto de vista filosófico.
Do ponto de vista histórico, sinalizamos que a história da educação na cultura ocidental revelou que, os modelos de educação desenvolvidos da antiguidade até a modernidade se constituíram como privilégio de poucos, ou seja, das classes dominantes de sua época.
Do ponto de vista filosófico, entendemos que o princípio da neutralidade e objetividade é uma crença estabelecida para camuflar as razões do trabalho científico e das práticas sociais modernas a partir de uma visão dominante e naturalizante.
No que diz respeito ao professor, podemos salientar que tanto a sua formação acadêmica quanto a sua prática pedagógica está alicerçada em princípios que expressam determinadas compreensões do mundo, da natureza, do homem, do conhecimento e etc.
Além disso, o pensar e o fazer pedagógico não são obras de um indivíduo isolado, mas sim resultados de um processo histórico, social e cultural em que somos formados, ou seja, o professor, como ser social, ao ser educado, incorporou determinadas verdades construídas pelos seus antepassados ou por pessoas  de sua própria época.Em outras palavras, o pensar e o fazer pedagógico são intencionais e decorrem da conformação, manutenção, modificação ou transformação
Maria Lúcia Arruda Aranha aponta três aspectos sobre a prática educativa e a questão da ideologia: a primeira no que se refere à organização escolar; a segunda, no que diz respeito ao livro didático e; a terceira, a problemática do currículo. Veja a seguir cada uma delas:
A organização escolar pode exercer um papel ideológico em que a hierarquia exige o exercício do autoritarismo e da disciplina estéril, que educam para a passividade e a obediência. A excessiva burocratização desenvolve o “ritual de domesticação”, que vai desde o controle da presença em sala de aula, as provas, até a obtenção do diploma.
b) Entre os recursos utilizados na prática educativa, o livro didático não pode ser considerado um veículo neutro, objetivo, mero transmissor de informações. O risco de sua utilização ideológica ocorre, sobretudo, quando os textos mostram à criança uma realidade esteriotipada, idealizada e deformadora.
c) A abordagem das disciplinas do currículo adquire, muitas vezes, um caráter ideológico. O ensino de história, por exemplo, torna-se ideológico quando se restringe à seqüência cronológica dos fatos, sem a análise da ação das forças contraditórias que agem na sociedade.
Por fim, reflita sobre as seguintes questões:
1 – Qual a concepção de mundo, homem e natureza que perpassam os conteúdos trabalhados nas disciplinas e nas mais diferenciadas práticas pedagógicas?
2 – Qual a finalidade da educação? Educar para autonomia ou para a subserviência?
3 – Como compreendemos o trabalho educativo diante de uma realidade social concreta em que prevalecem as relações de poder e dominação?
Aula 4: Educação, Cidadania e Democracia
	Tratar da relação entre Educação, Cidadania e Democracia é, ao mesmo tempo, um desafio teórico e político.
	
 
Teórico, por termos várias definições para cada uma delas, como também, da relação entre ambas. Portanto, nossa opção será a de oferecer uma compreensão crítica desta relação em sua materialidade e historicidade.
Político, por compreendermos que estamos diante de um mundo em que cada vez mais se ampliam controles racionais sobre a vida social – em suas dimensões públicas e privadas - como um todo, regida pelo discurso da democracia restrita, que é a perspectiva teórico-ideológica expressa pelo pensamento liberal burguês.
Nas aulas anteriores, tivemos o cuidado de conceituar a educação como sendo um fenômeno eminentementehumano e decorrente da relação que o homem estabelece, de forma intencional, através do trabalho com a natureza para produzir as condições materiais enão-materiais de nossa existência.
Sendo assim, estaremos, nesta aula, nos dedicando mais a temática da Democracia e da Cidadania e, ao final, faremos considerações da relação dessas com a educação.
Para cumprirmos tal trajetória estaremos recorrendo às Ciências Políticas buscando as conceituações necessárias para compreendermos melhor a dimensão política e social da educação.
Conceitos Fundamentais
a) Estado
Em geral, a organização jurídica coercitiva de determinada comunidade. O uso da palavra Estado deve-se a Maquiavel em sua obra ‘O Príncipe’. Podem ser distinguidas três concepções fundamentais:
Concepção organicista - segundo a qual o Estado é independente dos indivíduos e anterior a eles. Tal concepção funda-se na analogia entre Estado e um organismo vivo. O Estado é um homem em grandes dimensões, suas partes ou membros não ser separados da totalidade. A totalidade precede, portanto, as partes (os indivíduos, ou grupos de indivíduos) de que resulta; a unidade, a dignidade e o caráter que possui não podem derivar de nenhuma de suas partes nem do seu conjunto. Esta concepção foi elaborada pelos gregos.
Concepção atomista ou contratualista - segundo a qual o Estado é uma criação dos indivíduos, ou seja, é obra humana: não tem dignidade e nem caracteres que não lhe tenham sido conferidos pelos indivíduos que o produziram. Foi essa a concepção dos estóicos, que consideravam o Estado como res populi.
Concepção formalista: segundo a qual o Estado é uma criação jurídica. O Estado é considerado em primeiro lugar, como comunidade, como um grupo social residente em determinado território e tem três elementos ou propriedades características:soberania ou poder preponderante ou supremo, povo e território.
b) Formação do Estado Moderno ou Estado-Nação
A formação do Estado Moderno, Estado-Nação ou Estado Liberal Burguês aparece no vocabulário político em meados do século XIX (1830). De acordo com a periodização proposta pelo historiado inglês Eric Hobsbawm passou por três etapas, são elas:
Princípio de nacionalidade (1830-1880): vincula nação e território e o discurso da nacionalidade provém da economia política liberal burguesa.
Idéia Nacional (1880-1918): articulada à língua, à religião e à raça e seu discurso provém dos intelectuais pequeno-burgueses.
Questão Nacional (1918-1950-60): enfatiza a consciência nacional, defendida por um conjunto de lealdades políticas e seu discurso provém dos partidos políticos e do Estado.
Decorre desses problemas a ideologia do nacionalismo, ou seja, a estratégia ideológica da burguesia foi desenvolver no cidadão do novo modelo de sociedade o sentimento de pertencimento à nação, ou seja, de uma religião cívica do patriotismo. Essa foi a tentativa de se criar uma unidade em uma sociedade dividida em classes sociais.
c) Teses do Liberalismo Político e Liberalismo Econômico
Tomemos por base a definição presente no Dicionário de Filosofia de Nicolas Abbagnano:
“Liberalismo. Doutrina que tomou para si a defesa e a realização da liberdade no campo político. Nasceu e afirmou-se na Idade Moderna e pode ser dividida em duas fases: 1ª do século XVIII, caracterizada pelo individualismo; 2ª do séc. XIX, caracterizada pelo estatismo”.
O pressuposto filosófico do liberalismo político centra-se na defesa de que os seres humanos têm, por natureza, direitos fundamentaise que cabe ao Estado respeitá-los. Em outras palavras, o liberalismo limita as funções do Estado e este teria os poderes públicos regulados por normas gerais subordinadas às leis.
D) Democracia:
Vem do grego demo = povo e cracia = governo, ou seja, governo do povo. Portanto é um sistema em que os cidadãos de um país podem participar da vida política. Tal participação pode ocorrer através de eleições, plebiscitos e referendos. Além disso, é dado o direito a cada cidadão de ser expressarem livremente.
Contudo, vale ressaltar que na Grécia Antiga a democracia era restrita por se constituir como privilégio de poucos, ou seja, era reservada apenas os que eram considerados cidadãos (os proprietários de terra que correspondiam a apenas 10% da população).
Na sociedade moderna prevalece o modelo de democracia representativa em que os cidadãos elegem representantes, em intervalos regulares através das eleições, que votam os assuntos em seu favor.
E) Cidadania:
O conceito de cidadania tem origem na Grécia Antiga, da noção de polis ou cidade-estado, sendo usado para designar os direitos relativos ao cidadão. Portanto, o indivíduo que vivia na cidade e ali participava ativamente das decisões políticas.
Por este conceito estar vinculado à noção de direitos, principalmente de direitos políticos, permitem aos cidadãos participarem direta ou indiretamente na formação do governo e na sua administração através do voto ou do concurso público. Contudo, o cidadão além de terem direitos tem deveres, uma vez que em uma coletividade seus direitos são garantidos mediante deveres dos demais componentes de uma estrutura social.
Os ideais socialistas
Os processos revolucionários burgueses nos séculos XVII, XVIII e XIX tiveram participação efetiva dos trabalhadores (servos, vassalos e camponeses) nos frontes de guerra, principalmente na Revolução Francesa que tinha como lema: liberdade, igualdade e fraternidade.
Embora os ideais burgueses criticam severamente os privilégios do clero e da nobreza e pregavam que os benefícios da sociedade capitalista deveriam ser estender a todos, eles acabaram restringindo tais privilégios somente à burguesia capitalista. Diante de tal fato, o proletariado começa a se organizar e a reivindicar seus direitos.
De acordo com o marxismo, os dois níveis de realidades existentes, que decorrem da relação do homem com a natureza e com os demais seres humanas se explicam através dos conceitos de infra-estrutura econômica e superstrutura econômica.
Infra-estrutura ou estrutura material da sociedade é a base econômica, isto é, as formas pelas quais são produzidas os bens materiais que atendam as necessidades do humanas.
Superestrutura corresponde a estrutura jurídico-política (Estado, direito etc.) e à estrutura ideológica (formas de consciência social).
         De acordo com esta vertente, a educação se situa no campo da superestrutura econômica com a finalidade de garantir a objetificação das representações da burguesa no plano da consciência como correspondentes à realidade concreta.
         A perspectiva do materialismo histórico e do materialismo dialético de Karl Marx e Friederich Engels é a base para o desenvolvimento das teorias críticas e progressistas no campo da educação.
Aula 5: As teorias liberais em educação
Nesta aula, teremos a preocupação de compreender as bases teórico-metodológicas, o papel da escola e o problema da marginalidade contida nas teorias liberais em educação: Pedagogia Tradicional, Pedagogia Nova e Pedagogia Tecnicista.
Dermeval Saviani, em seu livro Escola e Democracia, considera as teorias liberais em educação como teorias não-críticas por entenderem “ser a educação um instrumento de equalização social, portanto, de superação da marginalidade”.
Pedagogia Tradicional – Escola Tradicional:
Tendência Liberal Tradicional – Perspectiva Tradicional ou Conservadora
	PRESSUPOSTOS TEÓRICOS
	Ensino humanístico de cultura geral, tradicional, verbalista, autoritário inibindo a participação do aluno.
Do ponto de vista filosófico, parte de uma concepção essencialista baseada no princípio de que “os homens são essencialmente iguais”, ou seja, de um natureza essencialmente boa, como afirmara Rousseau.
Os conteúdos trabalhados são enciclopédicos e descontextualizados.
Valorização do conteúdo, da disciplina, do diretivismo.
Perspectiva magistrocêntrica – centrada no professor.
Ensinar é repassar os conteúdos cabendo à criança a assimilação dos mesmos.
Os programas de ensino são organizadosnuma progressão lógica.
	PAPEL DA ESCOLA
	Formar o cidadão que domine a arte e a retórica.
Transmitir os conhecimentos acumulados e sistematizados historicamente pela humanidade.
Preparar intelectualmente e moralmente o indivíduo para assumir seu papel na sociedade.
	CONTEÚDOS DE ENSINO
	Conteúdos compreendidos como verdades absolutas e separados da experiência dos alunos e da realidade social concreta.
Valorização do conteúdo científico, cumulativo e quantitativo.
	PROPOSTA DE AVALIAÇÃO
	Ênfase na memorização.
Verificação dos resultados através de provas orais e escritas, como também, de exercícios e trabalhos em casa.
O aluno deve reproduzir o que foi ensinado pelo professor.
 Avaliação classificatória.
	RELAÇÃO PROFESSORALUNO
	O professor é o centro do processo ensino-aprendizagem.
Professor autoritário que transmite o conhecimento.
O aluno se encontra numa condição passiva de mero receptor do conhecimento e sujeito à castigos quanto não cumprir suas tarefas.
	MÉTODO DE ENSINO
	Formulado por Herbart que se baseou no método indutivo de Francis Bacon.
Método expositivo organizado em cinco passos que constituem a ordem psicológica mais adequada para a assimilação de novas idéias e experiências.
Exige raciocínio indutivo (observação dos fatos)
	TÉCNICAS DE ENSINO
	Aulas expositivas.
Ênfase em exercícios, cópias, leituras, repetição e memorização de conceitos e fórmulas.
Envolvem três etapas: introdução, desenvolvimento e conclusão.
Estímulo ao individualismo e à competição.
	PRINCIPAIS TEÓRICO
	Johann Friederich Herbart (1776-1841)
Tendência Liberal DIRETIVA – ESCOLA NOVA
	PRESSUPOSTOS TEÓRICOS
	Crítica à Pedagogia Tradicional.
Visão pedocêntrica.
Aprender a aprender (auto-aprendizagem).
Valorização do aspecto psicológico (testes de inteligência), do sentimento e da subjetividade.
Biopsicologização da educação e do indivíduo.
“Os homens são essencialmente diferentes”. Defesa em torno das diferenças individuais.
Os problemas sociais pertencem à sociedade.
	PAPEL DA
ESCOLA
	Escola Democrática, proclamada para todos.
Valorizar o conhecimento do aluno.
Estimular alunos que são diferentes e necessitam de estímulos diferentes.
Adequar as necessidades individuais ao meio social.
Ajustamento social por meio de experiências, em que a escola deve retratar a vida.
	CONTEÚDOS 
DE ENSINO
	Os conteúdos são selecionados a partir dos interesses e experiências vividas pelos alunos.
A aquisição do saber é mais importante do que o próprio saber.
Ênfase nos processos de desenvolvimento das relações sociais, da convivência em grupo e do saber fazer.
	PROPOSTA
DE AVALIAÇÃO
	Valorização da atividade do aluno pela descoberta pessoal que passa a compor a estrutura cognitiva.
Preocupação com a participação, interesse, socialização e conduta.
Avaliação para o desenvolvimento pessoal do aluno.
Ênfase na auto-avaliação, a partir de critérios internos do organismo.
Valorização dos aspectos afetivos (atitudes).
	RELAÇÃO
PROFESSOR 
ALUNO
	O professor é o facilitador do processo ensino-aprendizagem, que auxilia o desenvolvimento livre e espontâneo do aluno.
O professor não deve ensinar, mas criar as devidas condições para que os alunos aprendam.
O aluno é um ser ativo.
	MÉTODO
DE ENSINO
	O ensino é uma espécie de projeto de pesquisa. Se estrutura em cinco passos: a) a pesquisa seria uma atividade; b) que suscita um problema; c)  provocando o levantamento dos dados; d) levantamento de hipóteses; e) experimentação.
	TÉCNICAS
DE ENSINO
	Centros de interesses; estudo dirigido.
Fichas didáticas.
As técnicas e os métodos são orientados por três princípios: individualização, liberdade e espontaneidade.
Utilização de diversos recursos didáticos
	PRINCIPAIS TEÓRICOS
	John Dewey (1859-1952)
Montessory (1870-1940)
Claparéde (1873-1940
Piaget (1896-1980)
Brasil: Anísio Teixeira, Lourenço Filho, Fernando Azevedo.
Tendência Liberal NÃO-DIRETIVA – ESCOLA NOVA
	PRESSUPOSTOS TEÓRICOS
	Biopsicologização da educação, da sociedade e do indivíduo.
Educação centrada no estudante.
Prática pedagógica anti-autoritária.
Favorece o amadurecimento emocional, a autonomia e as possibilidades de auto-realização do aluno pelo desenvolvimento do seu “eu”.
Aprender significa modificar as próprias percepções.
As atividades decorrem de acordo com as experiências individuais.
A motivação da aprendizagem é o desejo de adequação pessoal na busca de auto-realização.
Prioriza os problemas psicológicos.
Enfoque na formação individual.
Aprender a fazer.
	PAPEL DA
ESCOLA
	Preparar os indivíduos para desempenhar papéis sociais.
Promover o auto-desenvolvimento e a realização pessoal.
Privilegiar situações problemáticas que correspondam aos interesses dos alunos.
	CONTEÚDOS 
DE ENSINO
	São selecionados a partir das experiências dos alunos.
Os conhecimentos são dispensáveis, são apenas meios para o auto-desenvolvimento.
Consistem em experiências que o aluno reconstrói.
	PROPOSTA
DE AVALIAÇÃO
	Auto-avaliação.
Atividades avaliativas: debates, seminários com exposição individual ou em grupo.
Relatórios de pesquisas experimentais e estudos do meio.
Trabalho em grupos.
	RELAÇÃO
PROFESSOR 
ALUNO
	Professor é um especialista em relações humanas.
O relacionamento entre professor e aluno deve ser autêntico e pessoal.
O professor tem que ter a capacidade de ser confiável, receptivo e intervir o mínimo possível na aprendizagem do aluno.
	MÉTODO
DE ENSINO
	Não-diretivo – concepção terapêutica e aconselhamento com a finalidade de eliminação da inconsciência entre auto-conceito e experiência pessoal.
	TÉCNICAS
DE ENSINO
	Trabalho em grupo.
Entrevistas, pesquisas, jogos/criatividade, experiências dinâmicas de grupos.
	Principal
Teórico
	Carl Rogers (1902-1987)
Pedagogia Tecnicista – Escola Tecnicista:
Tendência Liberal TECNICISTA – ESCOLA TECNICISTA
	PRESSUPOSTOS TEÓRICOS
	Decorre da teoria do capital humano a partir da década de 50.
É introduzida efetivamente no Brasil na década de 60 (leis 5.540/68 e 5.692/71).
Aprendizagem é modificação de desempenho.
Processos de controles racionais do comportamento, com a finalidade de levar o indivíduo atingir objetivos previamente estabelecidos.
Processo de condicionamento/reforço da resposta que se quer obter e acontece através da: operacionalização dos objetivos e mecanização do processo.
Busca-se a eficiência, a qualidade, a racionalidade, a produtividade e a neutralidade na escola que deve funcionar como uma empresa.
Behaviorismo, comportamentalismo, instrumentalismo, ambientalismo.
	PAPEL DA
ESCOLA
	Aperfeiçoamento do sistema capitalista.
Preparar para o mercado de trabalho.
Modelar o comportamento humano
	CONTEÚDOS 
DE ENSINO
	Baseados nos princípios científicos, manuais e módulos de auto-instrução que visam objetivos e habilidades que levam à competência técnica.
Informações, princípios e leis, organizados em uma sequência lógica e psicológica, estabelecida e ordenada por especialistas.
Material instrucional sistematizado nos manuais, livros didáticos, apostilas, etc.
	PROPOSTA
DE AVALIAÇÃO
	Ênfase na produtividade do aluno com uso de testes objetivos.
Realização de exercícios programados.
Ocorre no final do processo com a finalidade de constatar se os alunos adquirem os comportamentos desejados.
	RELAÇÃO
PROFESSOR 
ALUNO
	Professor é um técnico responsável pela eficiência do ensino.
Aluno é um ser fragmentado, espectador que está sendo preparado para o mercado de trabalho, para aprender a fazer, ou seja, executar tarefas com eficiência.
	MÉTODO
DE ENSINO
	Procedimentos e técnicas para a transmissão e recepção de informações.
	TÉCNICAS
DE ENSINO
	Instrução programada.
Pacotes de Ensino.
Módulos instrucionais.
Técnicas de microensino.
	PRINCIPAIS TEÓRICOS
	Skinner, Gagné, Bloom.
No Brasil: Cossete Ramos.
Aula 6: Críticas à escola
As pedagogias liberais (tradicional, nova e tecnicista) fundaramo mito salvacionista da escola moderna, ou seja, de que através da educação teremos a superação da marginalidade social ou das desigualdades sociais.
Contudo, cerca de dois séculos se passaram e a escola se demonstrou ineficiente em sua função, pois, os teóricos do liberalismo partem do princípio de que o problema não é da sociedade, mas sim da escola. O equívoco de tal pensamento está em compreender a educação como fator determinante da estrutura social e não como um fator determinado por esta.
Em outras palavras, significa afirmar que se o problema da marginalidade não foi solucionado, a culpa é da escola e não de relações de poder e dominação de uma estrutura social desigual em sua natureza: uma sociedade dividida em classes sociais.
Vale lembrar a frase emblemática de Adam Smith (principal teórico do liberalismo): “Educação sim, desde que em doses homeopáticas”. Pois, umas das artimanhas das relações de poder na sociedade moderna, foi o de oferecer uma escola e uma educação diferenciada, ou seja, uma modelo para as elites e outro para as massas.
Nesta aula, veremos as críticas realizadas no século XX à escola moderna. Trata-se das teorias crítico-reprodutivistas elaboradas na França na década de setenta, como também, a proposta de desescolarização da sociedade de Ivam Illich.
Teorias crítico – reprodutivistas:
Para Dermeval Saviani, as teorias crítico-reprodutivistas postulam não ser possível compreender a educação senão a partir dos seus condicionantes sociais. Em outras palavras, evidencia-se a total dependência da educação em relação à sociedade, sendo a marginalidade algo inerente à mesma.Tais teorias apontam, em última instância, que o papel da escola é a reprodução social, ou seja, a reprodução das relações de poder e de dominação típica de uma sociedade dividida em classes sociais.Contudo, se o mérito de tais teorias foi desmistificar o caráter de equalização social da educação, as mesmas não oferecem uma alternativa às propostas pedagógicas de caráter liberal.
Teoria do Sistema de Ensino Enquanto Violência Simbólica Bourdieu e Passeron:
Demerval Saviani salienta que esta teoria se caracteriza por tentar uma espécie de “explicitação das condições lógicas” pertencentes a todo e qualquer processo educacional, problematizando os fundamentos ideológicos da Escola a partir das relações simbólicas estabelecidas por esta em diversos níveis.
Bourdieu e Passeron tomam, como princípio, o pressuposto de que a sociedade se constrói a partir de relações de "força material" entre grupos ou classes sociais dominantes e dominadas. Nesse contexto, o sistema de ensino, como se encontra estruturado, na contemporaneidade, é um mecanismo fundamental para mascarar tais relações de poder, ou seja,exerce assim a questão da "violência simbólica" ao coadunar com a manutenção do sistema de poder. Segundo eles:
Teoria da Escola como Aparelho Ideológico do Estado (AIE) – Louis Althusser:
Althusser ao se propor analisar as relações de produção existentes na sociedade capitalista, compreende que o Estado é composto por dois aparelhos: os Aparelhos Repressivos do Estado (ARE) e os Aparelhos Ideológicos do Estado (AIE).
Os ARE´s agem massivamente pela força e secundariamente pela ideologia, enquanto que os AIE´s agem massivamente pela ideologia e secundariamente pela força, são eles: religioso, familiar, escolar, jurídico, político, sindical, da informação e cultural.
Para Althusser, a ideologia tem uma existência material, ou seja, ela existe a partir de determinadas práticas materiais reguladas por instituições materiais.
Tanto que, considera o AIE escolar como 
sendo dominante, por se constituir como o instrumento mais acabado de reprodução das relações de produção de tipo capitalista. Para tanto, a escola inculca “saberes práticos” da ideologia dominante a todas as crianças de todas as classes sociais durante anos a fio.
Portanto, esta teoria se caracteriza por advogar que a educação é um processo de 
ideologização da sociedade.
Na análise de Saviani, esta teoria compreende que a escola ao invés de promover a equalização social acaba por se constituir como um mecanismo para garantir e perpetuar os interesses burgueses. Ressalta ainda que, marginalizada é, pois, a classe trabalhadora.
Teoria da Escola Dualista – Baudelot e Establet
Esses teóricos apontam para o caráter ilusório da “unidade escolar” e formulam seis proposições fundamentais. São elas:
 “Existe uma rede de escolarização que chamaremos rede secundária-superior (rede S.S.)
1. Existe uma rede de escolarização que chamaremos de rede primária-profissional (rede P.P.).
2. Não existe terceira rede.
3. Estas duas redes constituem, pelas relações que as definem, o aparelho escolar capitalista. Esse aparelho é um aparelho ideológico do Estado capitalista.
4. Enquanto tal, este aparelho contribui, pela parte que lhe cabe, a reproduzir as relações de produção capitalistas, quer dizer, em definitivo a divisão da sociedade em classes, em proveito da classe dominante.
“É a divisão da sociedade em classes antagonistas que explica em última instância não somente a existência das duas redes, mas ainda (o que as define como tais) os mecanismos de seu funcionamento, suas causas e seus efeitos”.
Os autores retomam o conceito de Aparelho Ideológico do Estado de Althusser que o define como “unidade contraditória de duas redes de escolarização”.
Portanto, advogam que a educação se processa mediante escolas subdivididas em dois grandes eixos que reproduzem a divisão social de classes da sociedade capitalista: a burguesia e o proletariado. Além do que, um sistema dualista de ensino, como o nosso, qualifica o trabalho intelectual e desqualifica o trabalho manual, sujeitando o proletariado à ideologia dominante. 
         Sendo assim, compreende-se que a escola exerce uma dupla função: a formação da força de trabalho e a inculcação da ideologia dominante. Cabe ressaltar que a inculcação ideológica se dá de duas formas concomitantes: difundir e inculcar a ideologia burguesa e impedir a organização e a difusão da ideologia proletária.
         Sendo assim, o papel da escola é o de reforçar e legitimar a marginalidade própria de uma sociedade dividida em classes sociais desiguais e, o marginal aqui, é o proletariado.
Desescolarização da Sociedade – A proposta de Ivan Illich:
  Além das teorias crítico-reprodutivistas tivemos o projeto de desescolarização da sociedade aprensentada por Ivan Illich.
         Em “Sociedade sem escolas”, Illich faz uma crítica severa à institucionalização da educação nas sociedades contemporâneas. Em contraposição à educação institucionalizada, como algo ineficaz, defende à auto-aprendizagem. Esta se apóia em relações intencionais de nossa estrutura social, da seguinte forma:
No trecho acima, fica evidente a seguinte tese: a desinstitucionalização da educação pode ser o ponto de partida para a desinstitucionalização da sociedade. Diante disto, cabe-nos a seguinte pergunta: de que sociedade Illich está falando? Vejamos alguns aspectos desta sociedade:
1 – Aprofundou a divisão social de classes e criou a divisão social do trabalho, ou seja, a divisão entre os que pensam (especialistas) e os que executam (executores de tarefas).
2 -  Inplantou a racionalidade científica e tecnológica no mundo do trabalho e da produção tornando a ciência uma força produtiva, ativa, aplicada. Portanto, como mais uma forma de dominação.
3 -  Instituiu um novo modelo de Estado, o Estado Moderno ou Estado-Nação, com uma dupla tarefa: a de criar uma unidade em uma sociedade dividida em classes sociais e, para tanto, difundiu a ideologia da religião cívica do patriotrismo, e, a de regular as relações políticas, econômicas e sociais segundo os interesses do sistema capitalista de produção.
4 – Difundiu, através do Estado e da Sociedade Civil, a ideologia da liberdade e do individualismo. Afirmando que somos seres livres para ir e vir, se expressar e etc., mas, ao mesmo tempo, desenvolveu mecanismos de controle racionalda vida humana. Tanto é, que a qualquer momento, sob uma determinada justificativa, quebra-se o sigilo bancário e telefônico em 
nome de uma ordem estabelecida.
Sobre este ítem cabem dois comentários:
No século XXI é comum ouvirmos dos especialistas das diversas áreas, principalmente da área de administração e, mais especificamente, dos “Recursos Humanos”, termos que camuflam as relações entre capital e trabalho na atualidade. Um bom exemplo disto é o uso do termo colaborador ao invés de trabalhador e que a razão deste exitir é o mercado de trabalho.
Sobre este ítem cabem dois comentários:
Tanto é que difunde-se a ideologia do individualismo com novas roupagens, tais como: sucesso pessoal e marcketing pessoal, entre outros. Contraditoriamente, afirmam que o trabalhador de hoje, para ter espaço no mercado de trabalho, tem que ser flexível, participativo, saber trabalhar em equipe e tomar decisões, como também, de vestir a camisa da empresa.
5 – Desenvolveu uma lógica de racionalidade no mundo do trabalho e da produção que muito das suas consequências são conhecidas: guerras, fomes, desastres ambientais e etc. Tanto que atualmente fala-se em desenvolvimento sustentável. Cabe-nos perguntar: Para quem? Para que? Como? É possível numa lógica em que a finalidade da relação do homem com a natureza é a reprodução do capital um desenvolvimento sustentável para todos?
6 – Difundiu a ideologia da luta do bem contra o mal, proclamando a guerra do Iraque, em nome dos interesses econômicos dos produtores de petróleo.
Illich critica o modo de vida das sociedades industrializadas avançadas e deposita suas esperanças nos países em via de desenvolvimento. Além disso, admite que a vida em sociedade não seria possível sem as instituições, mas faz a seguinte distinção: as instituições manipulativas (instituições vigentes) não estão a serviço das pessoas, mas contra elas e defende as instituições conviviais, que seriam interativas, por permitirem o intercâmbio entre as pessoas com a condição de que todas mantenham sua autonomia. Illich coloca a escola em dúvida no que se refere a sua tarefa: a de educar, pois, o modelo de escola de nossa sociedade é manipulativa e, portanto, totalmente dispensável.
Críticas à Illich:
a) não reconhece a contribuição das teorias progressistas no século XX no campo da educação;
b) sua crítica não é propriamente política, já que não questiona as causas das divisões sociais que tornam perversas a técnica e as instituições;
c) não reflete sobre o conteúdo das instituiições;
d) à dimensão idealista de seu projeto, que despreza análise mais profunda dos conflitos sociais.
Teorias anarquistas:
Aula 7: Tendências libertária e libertadora em educação
Tendência libertária em educação:
Pressuposto teórico:
Tem como base a corrente do anarquismo que defende que “o caminho da liberdade é a própria liberdade”. 
Sendo assim, questiona a ordem social existente e preocupa-se com a educação política dos indivíduos e com o desenvolvimento de pessoas mais livres.
Por rejeitarem toda forma de governo, como também a burocracia como instrumento de ação dominadora e controladora do Estado, o anarquismo defende a auto-gestão. Sendo assim, estabelece uma profunda ligação entre a educação e os processos de mudanças sociais.
Portanto, sustentam a finalidade social e política da educação e a compreendem como instrumento de luta de professores ao lado de outras práticas sociais.
Papel da escola:
Seu papel é o de desenvolver mecanismos de mudanças institucionais e de mudanças nos alunos com base na participação grupal, onde ocorre a prática de todo processo de aprendizagem, ou seja, deve exercer uma transformação na personalidade, no sentido libertário e autogestionário.
Conteudos de ensino:
O conhecimento considerado mais importante é o que resulta das experiências vividas no grupo, sendo assim, os conteúdos são colocados à disposição dos alunos, porém não são exigidos.Portanto, o conhecimento é a descoberta de respostas às necessidades e exigências vividas pelo grupo. Assim, a apropriação dos conteúdos só tem sentido quando convertidos em práticas sociais libertárias.
Avaliação:
Não prevê nenhum tipo de avaliação dos conteúdos, mas a avaliação ocorre em situações vivenciadas, experimentadas pelos alunos e devem ser incorporadas para serem utilizadas em novas situações.
Relação professor e aluno;
Professores e alunos são seres livres e desenvolvem uma relação baseada na auto-gestão e no anti-autoriarismo.
O professor é um orientador, ou seja, um catalisador que realiza reflexões em comum com os alunos cabendo-lhe: ajudar o grupo a se desenvolver na autogestão; auxiliar o desenvolvimento de um clima grupal em que seja possível aprender e superar os obstáculos; ajudar o coletivo a descobrir e utilizar os diferentes métodos de pesquisa, ação e observação; liberar as forças instituintes do grupo, que funcionam como analisadores das instituições.
O exercício da liberdade pelo aluno tem que ser efetivo e real desde o início, com caráter progressivo, manifestando-se plenamente nos últimos anos escolares.
Metodos de ensino:
Por defender que a participação grupal deve ser obtida através de assembléias, conselhos, eleições, reuniões, associações, de tal forma que o aluno leve para a escola e para a vida cotidiana tudo o que aprendeu, compreende que seu método deve resumir tanto objetivo pedagógico quanto o político.
Tem por base o método indutivo, racional, experimental e científico estimula a curiosidade, favorece a atividade cerebral, coloca a razão e a memória no seu devido lugar e se afasta de toda e qualquer credulidade.
Seu método faz o movimento do composto ao simples, do geral ao particular, do número à unidade, da harmonia ao som, da regra ao fato, do princípio à aplicação, do observado ao não-observado e do conhecido ao desconhecido. Portanto, estimula à pesquisa independente.
Tecnicas de Ensino:
Suas técnicas de ensino estão baseadas na experiência grupal, nas assembléias, nos conselhos e nas reuniões onde professores e alunos problematizam, discutem e constroem soluções.
Principais representantes:
•Freinet (1896-1966) – Educação pelo trabalho e pedagogia do bom senso.
•Lobrat (discípulo de Freinet) – Pedagogia institucional e auto-gestão pedagógica.
•Maurício Tragtemberg – auto-gestão institucional.
O legado de Paulo Freire:
Considerado como um dos pensadores mais notáveis na história da pedagogia mundial, Freire nasceu em Recife (1921) e faleceu na cidade de São Paulo no dia 02 de maio de 1997. Seus trabalhos destacaram-se na área da educação popular voltada para a escolarização dos mais pobres através de uma formação da consciência. Embora tenha origem em uma família de classe média, enfrentou na infância a pobreza e a fome decorrentes da depressão econômica de 1929, o que o levou a se preocupar com os mais pobres. Por seu empenho em ajudá-los tornou-se inspiração para as gerações de professores, em especial, da América Latina e da África. Esta opção o levou à perseguição do Regime Militar no Brasil (1964-1985), sendo preso e forçado ao exílio.
Enquanto estudioso e teórico procurou construir uma síntese de algumas correntes do pensamento filosófico de sua época. Tais como: o existencialismo cristão, a fenomenologia, a dialética hegeliana e o materialismo histórico. Sua produção conquistou um amplo público de pedagogos, cientistas sociais, teólogos (influenciando inclusive as comunidades eclesiais de base – CEB – da Igreja Católica vinculada à teologia da libertação) e militantes políticos.
         Suas primeiras experiências no Rio Grande do Norte, em 1963, quando ensinou 300 adultos a ler e a escrever em 45 dias, através de um método inovador de alfabetização de jovens e adultos. Tal projeto estava vinculado ao nacionalismo desenvolvimentista do governo de João Goulart.
         Foi professor de História e Filosofia da Educação na Escola de Belas Artes da Universidade de Recife e após a publicação do livro Educação como Práticada Liberdade foi convidado para ser professor visitante da Universidade de Havard em 1969.
         Seu mais famoso livro foi Pedagogia do Oprimido, lançado em 1968 e publicado em várias línguas como o espanhol, o inglês e até em hebraico. Foi consultor educacional do Conselho Mundial de Igrejas na Suíça. Neste mesmo período atuou como consultor em reformas educacionais em colônias portuguesas na África (Guiné-Bissau e Moçambique).
Em 1991, foi criado o Instituto Paulo Freire com o objetivo de estender e elaborar as idéias deste filósofo, pedagogo e educador brasileiro.
A pedagogia do oprimido:
Para Freire a educação bancária está fundamentada numa concepção autoritária em que há a predominância de uma prática verbalista dirigida para a transmissão e avaliação de conhecimentos abstratos, numa relação vertical, onde o saber é dado como sendo algo natural e não historicamente construído. Sendo, assim, o educando encontra-se numa condição passiva, ou seja, torna-se um objeto receptor da doação do saber do educador, ou seja, não atua sobre o que aprende e, consequentemente, não solidifica por experiências aquilo que aprende. Na contramão desse esquema negativo, propõe um método em que não se ensina a mera repetição de palavras, entretanto coloca o alfabetizando em condições de vivenciar de forma crítica as palavras de seu mundo, ou seja, de reescrever a vida como autor e testemunha de sua própria história.
Segundo Freire a alfabetização não deve ser compreendida como um jogo de palavras, mas como consciência reflexiva da cultura, da reconstrução crítica do mundo humano. Portanto, é expressar-se expressando o mundo e aprender a ler é aprender a dizer a palavra.
De acordo com Freire, a luta do oprimido pela sua humanização somente tem sentido quando homens e mulheres buscarem recuperar a humanidade tanto dos opressores quantos dos oprimidos. Salienta que esta tarefa só será possível ser construída por aquele que sofre a opressão de um processo de desumanização.
Paulo Freire alerta que o processo de libertação do homem é doloroso por depender do próprio indivíduo expulsar ou não o opressor que existe dentro de si mesmo. Um dos problemas que se coloca à libertação é que opressores e oprimidos precisam ganhar consciência crítica da opressão e esta se dará através da práxis autêntica como ação-reflexão-ação, visando transformar o mundo.
         Para tanto, compreende que a prática problematizadora propõe aos homens e as mulheres sua situação como foco do problema. Nesse sentido, o diálogo assume uma exigência existencial para que se possa construir uma prática libertadora, pois será através deste que o sujeito poderá reconstruir o sentido de sua própria existência.
Pedagogia da Autonomia:
Aula 8: Pedagogia Histórico Crítico-Social dos Conteúdos
Marxismo e Educação – alguns apontamentos
    A escolha deste fragmento deve-se ao referencial teórico de análise que estamos utilizando em nosso curso, ou seja, buscamos compreender as questões trabalhadas a partir das condições materiais de uma determinada realidade social concreta e, para tanto, deve-se considerar os aspectos políticos, econômicos e sociais.
         Contraditoriamente, o sistema capitalista de produção ao aprofundar as relações de dominação e exploração do trabalho, como também, da divisão social do mesmo, acabou por possibilitar, na cultura urbano-industrial, a organização da classe trabalhadora comprometida com a construção de um projeto que superasse as bases de uma sociedade dividida em classes sociais.
Leia o texto para entender um pouco mais sobre Marx:
  Segundo Marx, a existência de seres humanos reais, que vivem em sociedade e estabelecem relações entre si, é o ponto de partida para a compreensão da história. O processo de humanização se constitui na e pelas relações sociais.
         Em outras palavras, é compreender que a natureza humana não é algo dado naturalmente ao ser, mas decorre de um processo de tornar-se homem a partir de duas condições básicas:
a) a partir da ação humana sobre a natureza , este atua como ser social, histórico, político, econômico: cultural como lhe é característico. Constituindo-se como um ser em transformação, ou seja, como ser da práxis, o humano produz cultura;
b) o processo de produção só se dá historicamente de forma intencional e consciente.
 Para Marx, o que diferencia o homem dos outros animais é o fato de produzir os seus próprios meios de existência através do trabalho e, o que o ser humano é, coincide com “o que” e “como” produz. Segundo ele, “O que os indivíduos são, portanto, depende das condições materiais de sua produção”.
 Portanto, para compreendermos o fenômeno educativo e seu processo deve-se considerar o modo pelo qual o ser humano produz a sua existência (processo produtivo, mundo do trabalho e o âmbito de suas relações). Para tanto, deve-se recorrer à situação da divisão social do trabalho, o que possibilitará considerar o grau de desenvolvimento das forças produtivas de uma determinada estrutura social.
         Sendo assim, podemos tomar como exemplo a divisão entre trabalho comercial e industrial e entre cidade e campo. A divisão social do trabalho conduziu os homens a diferentes interesses ocasionando até mesmo interesses opostos entre-classes e intra-classes
Antônio Gramsci: os intelectuais e a educação:
“Não há actividade humana da qual se possa excluir de toda intervenção intelectual, não se pode separar o ‘homo faber’ do ‘homo sapiens’ enquanto, independentemente de sua profissão específica, cada um é a seu modo ‘um filósofo’, um artista, um homem de gosto, participa de uma concepção do mundo, tem uma consciente linha moral” 
(Antônio Gramsci)
Gramsci considera que o grupo social emergente, o qual luta para conquistar a sua hegemonia política, aspira a elaboração de sua própria ideologia intelectual, ou seja, forma seus intelectuais orgânicos. Essa organicidade do intelectual se mede pela maior ou menor conexão que mantém com o grupo social com o qual se relaciona. Este atua tanto em âmbito civil quanto em âmbito político (ou de Estado de direito). O primeiro representa o conjunto dos organismos privados nos quais se debatem e se difundem as ideologias necessárias para a aquisição do consenso que, aparentemente, surge de modo espontâneo, das grandes massas da população, em torno às decisões do grupo social dominante. O segundo é onde se exerce o “domínio direto do comando que se expressa no Estado e no regime jurídico”
Gramsci considera que o grupo social emergente, o qual luta para consquistar a sua hegemonia política, aspira a elaboração de sua própria ideologia intelectual, ou seja, forma seus intelectuais orgânicos. Essa organicidade do intelectual se mede pela maior ou menor conexão que mantém com o grupo social com o qual se relaciona. Este atua tanto em ambito civil quanto em ambito político (ou de Estado de direito). O primeiro representa o conjunto dos organismos privados nos quais se debatem e se difundem as ideologias necessárias para a aquisição do consenso que, aparentemente, surge de modo espontâneo, das grandes massas da população, em torno às decisões do grupo social dominante. O segundo é onde se exerce o "domínio directo do comando que se expressa no Estado e no regime jurídico".
Sendo assim, Gramsci aponta para a necessidade de se criar uma cultura própria dos trabalhadores. Para tanto, é fundamental uma educação que permita o surgimento de intelectuais que partilhem as paixões das massas trabalhadoras. Para ele, a educação tem um papel central na construção do consenso, das formas de pensar e de agir nas culturas ocidentais, ou seja, um instrumento de transformação social que possa conduzir as massas à revolução cultural. Preocupado em romper com os modelos de escolas vigentes em sua época, Gramsci propõe uma escola unitária contendo duas direções:
 
eliminar a dicotomia entre trabalho intelectual e trabalho manual através de um currículo que privilegiasse tanto as matérias escolares clássicas(língua nacional, matemática, ciências, história, geografia e etc.) quanto os conteúdos ligados à preparação para o mundo do trabalho e;
trabalhar a dimensão política da sociedade onde todos tivessem o direito real à mesma cultura independente de sua origem social.
A pedagogia histórico crítico-social dos conteúdos – Dermeval Saviani:
Saviani, no livro Escola e Democracia, ao analisar as bases das teorias liberais em educação aponta para a crença ilusória em torno da escola, ou seja, de que esta vai redimir ou salvar a sociedade das desigualdades sociais. Além disso, evidencia os limites das teorias crítico-reprodutivistas ao se restringirem à crítica da escola moderna capitalista sem apresentarem uma alternativa a mesma.
Diante de tais limites, propõe uma escola revolucionária na ótica das camadas populares, comprometida com a igualdade real entre os homens na construção de uma nova sociedade.
A seguir, evidenciaremos a sua proposta que, mais tarde, foi denomiada de Pedagogia Histórico Crítico-Social dos Conteúdos.
O legado de Dermeval Saviani:
   Formado em filosofia pela PUC-SP (1966), é doutor em filosofia da educação (PUC-SP, 1971) e livre-docente em história da educação (UNICAMP, 1986), tendo realizado “estágio sênior” na Itália em 1994-1995. De 1967 a 1970, lecionou nos cursos colegial e normal.
         Desde 1967, é professor no ensino superior. Foi membro do Conselho Estadual de Educação de São Paulo, coordenador do Comitê de Educação do CNPq, coordenador de pós-graduação na UFSCAR, PUC-SP e UNICAMP, diretor associado da Faculdade de Educação da UNICAMP, professor titular colaborador da USP (campus de Ribeirão Preto) e sócio-fundador da ANPED, CEDES, ANDE, CEDEC e SBHE (Sociedade Brasileira de História da Educação), da qual foi o primeiro presidente.
         Foi condecorado com a medalha do mérito educacional do Ministério da Educação e recebeu da UNICAMP o prêmio Zeferino Vaz de produção científica. Autor de grande número de trabalhos publicados, atualmente é professor emérito da UNICAMP e coordenador geral do Grupo Nacional de Estudos e Pesquisas “História, Sociedade e Educação no Brasil” (HISTEDBR). Em 2008 venceu o Prêmio Jabuti na categoria educação, psicologia e psicanálise com o livro História das idéias pedagógicas no Brasil.
Aula 9: Crises do capitalismo no século XX
A crise cria situações imediatas perigosas (...) A classe dirigente tradicional, que tem um numeroso pessoal preparado muda homens e programas e retoma o controle que lhe fugia, com uma rapidez maior do que a que se verifica entre as classes subalternas. Talvez faça sacrifícios, exponha-se a um futuro sombrio com promessas demagógicas, mas mantém o poder, reforça-o momentaneamente e serve-se dele para esmagar o adversário e desbaratar os seus dirigentes, que não podem ser muitos e adequadamente preparados”. (Gramsci, 1991: 54-55) 
 
Vivenciamos os anos oitenta, do século passado, bombardeados por um festival de pronunciamentos alarmantes, no que diz respeito à sociedade como um todo. Falas estas, que proclamaram e proclamam pelos quatro cantos do mundo uma sociedade em crise. Crise do homem moderno, crise dos paradigmas científicos, crise do socialismo real, crise do marxismo, crise do Estado do Bem-Estar Social, etc. Em meio a tantas crises, divulga-se e proclama-se o discurso do “novo deus’, do “novo herói”, para a solução de todos os males. O “novo” se revela como a autoridade acima do bem e do mal, exigindo, até mesmo, a perda da memória, o esquecimento de um passado e a impossibilidade de se pensar em outra alternativa de sociedade.
A reorganização do sistema capitalista no século XX:
As últimas décadas do século XX, no plano internacional foram marcadas por um movimento de reorganização do capitalismo no plano político-econômico-social e ideológico, frente a sua crise de acumulação da riqueza socialmente produzida.
Entenda como esta mudança se deu em cada um dos planos...
Os pilares de sustentação do Estado do Bem-Estar - do ponto de vista descritivo - compreendem dois conjuntos de atividades sociais:
“a) fornecimento estatal de serviços sociais a indivíduos ou famílias (seguridade social, saúde, beneficiência, educação e habitação), e b) a regulamentação estatal das atividades privadas de indivíduos e de empresas que alteram as condições de vida”. (Gough, citado por Finkel, 1990: 5)
    Por outro lado, após a Segunda Guerra Mundial, a prática adotada pelo stalinismo na União Soviética, na primeira metade do século passado, em estruturar a aparelhagem estatal com base na composição de um Estado centralizador, controlado por um partido único, com a adoção de estratégias de dominação de territórios, no Leste Europeu, para a imposição do sistema comunista, tornava transparente a incoerência deste tipo de organização estatal, não só com os pressupostos da proposta socialista consubstanciada no pluralismo, autonomia e na liberdade de definição dos rumos a serem tomados pela coletividade, mas também para os olhares dos cidadãos locais e do mundo como um todo.
Contudo, o espírito revolucionário, cujo rompimento com a lógica capitalista, esteve presente em lugares diferentes e de formas distintas, surge em consequência, tanto de fatores internos como externos. Os primeiros mediante a dominação de classes tradicionais locais e o segundo frente ao domínio exercido pelo imperialismo norte-americano.
O avanço do regime comunista preocupou, significativamente, os líderes dos países de capitalismo avançado. Principalmente os Estados Unidos que, na luta pela garantia de sua hegemonia nas relações internacionais, dedicaram-se a constantes ataques aos seus opositores, tanto em nível interno, quanto externo.
Por outro lado, a proposta comunista, liderada pelos soviéticos, tinha como preocupação básica, o enfrentamento ao sistema capitalista, na tentativa de enfraquecer sua estrutura de organização societal. Instaura-se, a partir daí (paralelo aos anos áureos da história de acumulação capitalista), a guerra fria entre capitalistas e comunistas, durante mais ou menos quatro décadas. Colocando como novo elemento de propaganda ideológica de suas propostas como forma de dominação, a ser divulgado pelos dois pólos: o aparato militar.
 Salvo os conflitos, a história acaba por revelar novas contradições dessas disputas de poder, frente à fragilidade das verdades defendidas e impostas por esses dois projetos de sociedade. 
    Contudo, tanto um quanto outro sistema, mediante suas crises colocam-se frente a novos rumos a serem tomados pela humanidade. De um lado, os capitalistas apostam no determinismo do livre mercado para regular as relações sociais na construção da eqüidade social, de outro, os socialistas retomam seus referenciais de análise na tentativa de consolidarem uma proposta de democracia de massas com o mesmo objetivo.
A década de setenta, para a “surpresa” dos senhores do mundo, apresenta-se, do lado capitalista, como o período de crise do modelo de desenvolvimento fordista, abrindo espaços a críticas ao Estado do Bem-Estar Social ou Estado Bem-Feitor, por parte dos defensores de uma política monetarista, e, do outro, começa a transparecer os sinais de debilidade do comunismo, nos aspectos econômico, político e social, decorrentes de seu poder centralizador.
Precisamente, a partir deste momento, os defensores do ideário neoliberal, como Friedrich Von Hayeck - Prêmio Nobel de economia em 1974 -, Milton Friedman - Prêmio Nobel de economia em 1976 -, Karl Popper e outros se reúnem para retomar o combate às teorias keynesianas, que fundamentaram a política do Estado do Bem-Estar Social, no processo de refuncionalização do capitalismo, frente a sua crise de acumulação de capital. Segundo eles, as raízes da crise centram-se nas políticas sociais, desenvolvidas desde a Segunda Guerra Mundial, que possibilitaram o fortalecimento das bases sindicais, que cada vez mais lutavam para garantir, no âmbito do Estado estrito senso, o aumento de subsídios públicos para

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